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Trabalho GENERO E SEXUALIDADE UNISUL

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ACADÊMICA: EMANUELLY FARIAS THIESEN
CURSO: PSICOLOGIA
DISCIPLINA: GÊNERO E SEXUALIDADE
TRABALHO FINAL
Os temas que envolvem as discussões sobre gênero e sexualidade são bastante significativos para a formação de diversas profissões e principalmente a profissão de psicólogo. Saber corretamente do que se trata quando falado cada termo me fez compreender melhor a totalidade das discussões que vejo em torno deste tema atualmente.
Hoje entendo a ampla diferença entre os termos gênero e sexualidade. Gênero sendo aquilo com o qual o individuo se identifica, sendo como homem e mulher, e sexualidade sendo a orientação sexual referente a atração afetiva e sexual do individuo por alguém de algum gênero ou alguns gêneros (JESUS, 2012). 
Se identificar com algum gênero é algo importante para todos e ter um gênero que te acolhe é algo ainda mais importante, visto que quando não se nasce no “corpo certo” se tem um enorme desafio a enfrentar por toda a vida, considerando a atual sociedade.
Acredito que se sentir ou não pertencente a algum grupo de gênero ou de orientação sexual não deveria ser algo tão importante mas é. Quando penso sob o ângulo de esses grupos podem ser uns dos únicos grupos ao qual o sujeito se sente pertencido. Todos nós, seres humanos, deveríamos nos sentir bem em todos os lugares independe de quem sejamos e do que gostamos em qualquer questão.
A minha ideia de que isso tudo não deveria ser tão importante surge quando penso que se não fossemos uma sociedade tão preconceituosa e recriminadora tudo seria muito diferente. O pré-conceito criado pelas pessoas ao verem algo diferente daquilo que estão acostumados é algo que deveria ser inverso. Ao invés de criar conceitos sobre algo, deveríamos ter curiosidade sobre o diferente e a partir dele descobrir novas possibilidades.
E quanto pensamos nessa possibilidade de novas possibilidades para os temas de gênero e sexualidade pode-se ajudar pessoas que muitas vezes vivem uma vida inteira sem se entender (se achando “esquisito”, se achando doente, pois é isso que o seu contexto social lhe passa) pois não enxergam que elas podem ser aquilo que o seu ambiente considera errado.
O dia em que for possível não precisar pertencer a um grupo para se sentir acolhido será o dia em que a humanidade alcançará seu melhor potencial. É necessário que cada vez mais se aprenda a se colocar no lugar do outro. Será que eu me sentiria bem se me olhassem assim? Será que eu me sentiria bem se falassem dessa maneira com qual eu falo? E ao invés de julgar sempre ajudar. A ajuda pode se dá de diversas maneiras.
Tratar uma pessoa bem independente de seu gênero e sexualidade pode ser uma grande ajuda quando se trata desse tema. Pude vivenciar isso em meu local de trabalho algumas vezes. Há uma semana atrás estava na recepção da Unidade Básica de Saúde aonde eu trabalho e chegou um sujeito e me perguntou como ele poderia fazer um cadastro para atendimento na unidade. Pela sua maneira de se expressar percebi que ele era diferente, com uma fala mais delicada e calma. Eu não sabia sua sexualidade, mas o gênero que aparentava era o de um homem. Mas como não cabe a mim saber o que ele é, o que ele faz e o que ele gosta, lhe tratei como devo tratar qualquer paciente que me aborda para um atendimento. Disse a ele de maneira gentil que ele precisava de um documento de identificação e um comprovante de residência para iniciamos o cadastro. Ele sorriu - e eu percebi que o sorriso foi porque eu fui gentil com ele, e disse que então iria no carro pegar o comprovante para fazer o cadastro e eu disse que aguardaria ele. Cerca de 2 minutos depois ele voltou sorridente novamente com o documento e o comprovante de residente. Então abri o cadastro dele e verifiquei que ele era de Porto Alegre – RS, que havia se mudado para a cidade então perguntei se ele estava gostando do bairro e ele disse “Sim! Aqui eu posso andar na rua com um celular na mão sem ser roubado.” então rimos juntos e comentamos sobre a diferença entre a segurança nas duas cidades. O expliquei como era o funcionamento da unidade e como ele deveria fazer para passar por uma consulta com o médico da família. Ele me disse que era soro positivo e me perguntou se ele precisava trazer o seu prontuário da cidade antiga, expliquei para ele como era o procedimento de maneira gentil e sem julgamentos. Finalizei o cadastro e ele que já estava a vontade com a conversa, me perguntou se eu poderia fazer o cadastro do seu namorado que também morava na mesma residência e eu afirmei que poderíamos fazer. Novamente mis um sorriso me foi dado. Fiz o cadastro do namorado e então ele me disse que nunca tinha sido tão bem tratado em um posto de saúde, que na sua cidade anterior os atendentes apenas diziam “não tem”, “não pode”, “hoje está em falta”. Sei que o local onde eu trabalho tem muitos problemas, mas com certeza pude tornar a experiencia desse sujeito com uma unidade de saúde um pouco melhor. Com certeza muitas pessoas já lhe trataram mal só pela observação da maneira de se expressar dele, que é considerada “coisa de gay”. Um simples e bom atendimento pode mudar toda a experiência de uma pessoa que já sofreu com muitos preconceitos. 
Outro aspecto que eu considero importante e que foi visto em discussões na sala foi a questão das escolas, que sendo o principal lugar de formação de indivíduos, deveria ser um meio de exploração desses conceitos com a intenção de fazer com que todos entendam as multis possibilidades de gêneros e sexualidades que existem na atualidade. Mas sabe-se que as escolas ainda são dominadas por forças maiores que impossibilitam a discussão de temas tão relevantes e esclarecedores. Os professores ficam contornando temas que estão no plano/base escolar para poder abordar de maneira muito cuidadosa temas que envolvam sexualidade e gênero.
A escola poderia ser um grande auxiliar na atenuação de todos os preconceitos, se ela fosse um local onde não houvesse a exclusão (NETO, MACEDO E BICALHO, 2016). Porém muitos fatores contribuem para que isso não aconteça, desde a formação de profissionais que trabalham na escola até aos órgãos superiores de educação. A escola deveria ser um ambiente onde se pudessem entender a diversidade que iremos encontrar na vida em sociedade.
A escola é um bom potencial para mostrar aos indivíduos que aquilo que ele sinte não é errado, possibilitando assim que os indivíduos cresçam e se descubram sem preconceitos. Porém, sei que esse seria o modelo ideal, do qual estamos muito longe, principalmente quando se pensa em Brasil.
Um ponto importante a ser refletido que encontrei no texto de Neto, Macedo e Bicalho (2016) é: “como um indivíduo pode suportar ficar em um local onde não é respeitado?”. Acho que essa é uma importante reflexão a ser feita. Se o sujeito não é respeitado na escola como ele vai se desenvolver para ter um estudar e alcançar um bom emprego? 
O respeito as diferenças deve ser a base da sociedade, mas infelizmente não é. Para que isso mude só existe uma maneira, que é a mudança começando por cada um de nós. É importante repensar nossos preconceitos e atitudes sempre!

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