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DAVI FRAGOSO BUENO – C468CA-8 RONEY NERI BOTURA – C635GE-3 APS 2019/2 - DIREITO DAS SUCESSÕES UNIP/SP 2019 1 – O PROBLEMA Trata-se de discussão a respeito das alterações feitas no Código Civil, implementadas pela Lei 13.532/2017, que dispõe acerca da legitimidade do Ministério Público em intervir nos casos de exclusão dos herdeiros necessários, em se tratando de indignidade prevista nos artigos 1.814, I. Este breve estudo abordará a questão em dois vieses: a) É legítima a intervenção do Ministério Público na exclusão de herdeiro necessário quando indigno? b) O instituto da legítima deve ser mantido dada a atual conjuntura da sociedade brasileira e do ordenamento jurídico? 2 – DISCUSSÃO 2.1 – NA ANÁLISE DO GRUPO, O MINISTÉRIO PÚBLICO PODE AGIR PARA IMPEDIR ALGUÉM DE RECEBER A LEGÍTIMA DA QUAL É HERDEIRO? POR QUÊ? A legitimidade do Ministério Público advém da Lei, portanto, inquestionável em relação às normas vigentes. Sob o viés social, moral e constitucional, certos aspectos devem ser ponderados. À luz da coerção preventiva sobre homicídios dolosos ou tentativas contra autor da herança, cônjuge, ascendente ou descendente, visando o proveito econômico que o fato delitivo traria, pensamos ser eficaz a atuação do Ministério Público, uma vez, seu dever advém do princípio do custos legis. Por outro lado, analisando princípios Constitucionais, tais como, autonomia de vontade, propriedade privada, intervenção mínima do Estado sobre as relações entre particulares, entendemos que não é cabível a atuação do Ministério Público, nos casos de que trata o inciso I do artigo 1814, do CC. Isso porque, tal como implementado pela lei (artigo 1.815, §2°, CC), a atuação do MP é ineficaz teleologicamente, pois os demais herdeiros podem, querendo, devolver o quinhão excluído pela atuação do MP ao herdeiro considerado indigno, através da doação. 2.2 - NA OPINIÃO DO GRUPO, A LEGÍTIMA É UM DIREITO QUE DEVE SER MANTIDO OU, NA ATUALIDADE, É POSSÍVEL PENSAR NA HIPÓTESE DE SER RESPEITADA INTEGRALMENTE A LIBERDADE DO PROPRIETÁRIO DOS BENS PARA DEFINIR QUEM SÃO SEUS HERDEIROS? Pensamos que a legítima deve ser mantida no atual ordenamento brasileiro, isso porque a entidade do núcleo familiar, tal como instituído pela Constituição Federal, engloba princípios tutelados pelo Estado e pela sociedade, com conceitos morais, éticos e de defesa do progresso, que não podem ser separados. Ou seja, a família, ente maior do estado social democrático de direito, está intimamente ligada à imagem, honra, dignidade da pessoa humana, entre outros direitos fundamentais que não podem ser cerceados pelo direito de propriedade. Ora, entendemos que não há dignidade no fato de um pai ou mãe, tendo patrimônio capaz de oferecer vida digna aos filhos, pós-morte, deixar o filho sem sustento, educação, moradia, isso à título de exemplo, para exercer seu direito de propriedade e se desfazer de todos os seus bens como bem queira, haja vista que durante toda a sua vida de labor, houve apoio social, moral e emocional por parte de todos os entes familiares. Por fim, entendemos que não é razoável o exercício, sem restrições, do direito de propriedade e da autonomia de vontade, por aquele a quem pertence o patrimônio, dilacerando-o, sem que haja proteção legal aos herdeiros. 3 – CONCLUSÃO Concluímos, então, que a atuação do Ministério Público, nos casos previstos no artigo 1.814, I do CC, apesar de legítima, dado o advento do §2° do artigo 1.815, do mesmo diploma, torna-se ineficaz haja vista que por outros meios, é possível que os herdeiros restituam ao indigno o quinhão que lhe foi tirado. A respeito da legítima, entendemos que é um instituto necessário perante a atual sociedade, para proteção dos herdeiros, sobretudo, àqueles que são incapazes. Bem como, que o direito de propriedade e autonomia da vontade, não deve prevalecer sobre a entidade familiar e suas proteções. 4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Constituição Federal de 1988, site: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>, acessado em: <04 de setembro de 2019> Código Civil de 2002, site: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>, acessado em: <04 de setembro de 2019> MELO, Nehemias Domingos de, Lições de Direito Civil, 4ª Edição, V. 5, Editora Rumo Legal, 2018.
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