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Direito Internacional - matéria

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Direito Internacional
Conceito – O Direito Internacional pode ser conceituado como o conjunto de principios e regras juridicas ( costumeiras e convencionais ) que disciplinam e regem a atuação e a conduta da sociedade internacional ( formada pelos Estados, pelas organizações internacionais e também pelos individuos) visando alcançar as metas comuns da humaninada e, em ultima analise, a paz, a segurança e a estabilidade das relações internacionais.
Como o direito internacionao não será diferente. Ao regular a sociedade internacional, ele reflete as grandes preocupações da humanidade: proteção ao meio ambiente, segurança climatica, manutenção da paz e segurança internacionais, crimes transnacionais, relaçoes economicas internacionais ( comércio internacional, cooperação monetária), dentre outras.
O direito internacional se ocupará de todas essas questões, as quais, em virtude de sua complexidade, não podem ser enfrentadas por nenhum Estado, isoladamente considerado. Desse modo, além de buscar a convivencia harmoniosa entre os membros da sociedade internacional, o Direito internacional regulará os temas de interesse comum da humanidade.
Exemplo: imaginemos um pequeno agrupamento humano vivendo isoladamente do mundo em situação primitiva. Seguinto a máxima “ubis societas, ibi jus”, surgem normas que regulam as relações sociais, economicas e políticas entre esses individuos. Entretanto, nesse mesmo mundo imaginario, há outros agrupamento humanos que viem isoladamente, os quais também são regulados por ordenamentos juridicos proprios.
Aí é que nós nos perguntamos: o que ocorrerá quando for rompida a situação de isolamento em que vive cada um desses agrupamentos humanos? O que ocorrerá quando um tiver contato com o outro?
Quando for rompida a situação de isolamento, esses grupos precisarão conviver em harmonia. Assim, haverá a necessidade de que seja criada uma ordem jurídica destinada a regular a relação entre eles, sem a qual estaríamos diante de uma situação em que imperaria o desequilíbrio e o caos.
Transpondo esse exemplo para a sociedade internacional, percebe-se que cada Estado possui seu ordenamento jurídico próprio, sem prejuízo de um ordenamento jurídico internacional, competente para regular a sociedade internacional
A criação das normas internacionais
 	A criação das normas internacionais, obrigatórias para os Estados, é explicada a partir de duas grandes teorias: o jusnaturalismo e o positivismo.
Os primeiros pensadores do direito internacional, Francisco de Vitória (1480-1546) e Francisco Suárez (1548-1617) eram jusnaturalista. Assim também era o Hugo Grócio (1583-1645), considerado por muitos o ‘’pai’’ do direito internacional que escreveu obra sobre a guerra e a paz entre as nações.
No pensamento jusnaturalista, havia limites a vontade do Estado (‘’soberania limitada’’). Num primeiro momento, as limitações estavam na ‘’ lei divina’’; posteriormente, na razão humana ou em considerações de justiça. Desse modo, para os jusnaturalista, existia algo acima da vontade dos Estados: o ‘’ direito natural’’
O positivismo no direito internacional ganha força com Bynkershoek (1673-1743), que abandonou a ideia de direito natural de Hugo Grócio. Do início do século XVIII até o início do século XX, o positivismo prevaleceu como explicação para a criação das normas internacionais.
Segundo os positivistas, apenas seriam relevantes aqueles fenômenos que pudessem ser empiricamente comprovados em uma investigação tal como ocorriam e discutir os problemas que surgisse. Nesse sentido, para os positivistas, apenas as normas criadas pelo Estados eram reais. O direito internacional, na visão positivista, seria o conjunto de normas criadas pelos Estados para reger suas relações.
Atores internacionais:
- Estados 
¬ corporações privadas
¬ organizações internacionais 
- Organizações não governamentais 
- Indivíduos
sujeitos de direito internacional: - identifica 2 elementos: 1 personalidade jurídica e capacidade. 
- Estados – sujeitos originários 
- Organizações internacionais – sujeitos derivados – criadas pelo próprio estados com o propósito de ajudar a cumprir determinadas finalidades para quais foram criadas. 
As organizações internacionais nasce através dos Estados por meio de um tratado, é o tratado que dá a personalidade jurídica, mas não tem plena capacidade, tem capacidade limitada, ou seja, só pode fazer aquilo que estiver escrito nos tratados. 
- Indivíduos – podem ser considerados sujeitos internacional? Existe um debate, somente na literatura há uma divisão.
Autores que não consideram os indivíduos como sujeitos internacional, porque os indivíduos não têm, Capacidade para agir na capacidade internacional, pois os indivíduos por exemplo depende dos estados para adquirir nacionalidade. – h. Accioly; m. Varella; f. Rezex
Autores que consideram os individuo sujeitos de direito internacional, porque a declaração universal dos direitos humanos, e tratados e convenções, as determinadas populações humanas, ou aqueles que sofrem pela perseguição política, os indivíduos são destinatários do direito internacional possuem personalidade internacional, tem capacidade de exercício. Para esses autores os tratados de direitos humanos qualifica que os indivíduos reivindique, dão personalidade jurídica ao indivíduo – s. Guerra; V. Mazzoul.
Obs.: Há uma capacidade, porém, essa capacidade é limitada. A corrente majoritária defende que os indivíduos são sujeitos de direito internacional. Pode exercer seus direitos subjetivos perante tratados e convenções 
Obs. Os interesses é o que sustenta toda relação de direito internacional, podem ser econômicos, culturais etc.
Comunidade Internacional X Sociedade Internacional 
Será que existe alguma diferença entre sociedade internacional e comunidade internacional?
Sim. A doutrina aponta que há diferenças relevantes entre sociedade internacional e comunidade internacional. Quando se diz ‘ comunidade internacional’, a referência que se faz é a existências de laços espontâneos que ligam os estados em torno de objetivos em comum. Em uma comunidade internacional, o comprometimento entre seus membros é profundo e sua origem é natural. Eles permanecem unidos apesar de tudo aquilo que os separa.
Já a expressão ‘’ sociedade internacional’’ se refere a uma ligação entre os Estados que encontra fundamento na vontade de cada um deles. Não há um vínculo espontâneo que os liga; é a necessidade de cooperação que os une em torno de objetivos comuns. 
Na sociedade internacional, o comprometimento entre os seus membros é superficial (existe uma ‘’relação de suportabilidade’’ entre eles). Sua formação é voluntaria e refletida, ou seja, é produção da vontade dos seus membros, que se unem com uma finalidade específica, os membros de uma sociedade internacional permanecem separados apesar de tudo o que os une.
Características da Sociedade internacional
A atual sociedade internacional tem como uma de suas principais características a complexidade. A globalização levou a um aprofundamento das relações internacionais e, com isso, aumentou a dinâmica da sociedade internacional, tendo surgido diversos novos atores no plano global.
Até o início do século XX, a sociedade internacional era meramente interestatal; hoje, há ampla atuação, no cenário internacional, de Organizações Internacionais, Organizações não-governamentais, empresas transnacionais e até mesmo indivíduos. 
Os Estados são dotados de soberania, isto é, não encontram nenhum poder acima de si mesmos. A soberania está intimamente relacionada ao princípio da igualdade formal ente os Estados. Por estarem todos os Estados em pé de igualdade (ainda que apenas formal) no plano internacional, diz-se que a sociedade internacional é descentralizada e horizontal, marcada pela coordenação de interesses.
Percebe-se nitidamente que essa realidade é diametralmente oposta àquela do direito interno, em que predomina uma relação verticalidade do Estado para com seus “súditos”, marcada pelasubordinação de interesses.
A sociedade internacional é também universal e heterogênea. Ela abrange o mundo todo, sendo composta por atores com características bem diversas uns dos outros (aspectos econômicos, políticos, sociais). Há Estados soberanos, percebe-se que impera uma desigualdade de fato entre eles.
Uma interessante reflexão feita pelo Prof. Valério Mazzuoli ao estudar as características da ordem jurídica internacional foi se perguntar como é possível falar em ordem jurídica em um sistema de normas incapaz de centralizar o poder. Será que, mesmo a sociedade internacional sendo descentralizada, existe um ordenamento jurídico internacional? 
A resposta é positiva. Uma sociedade internacional descentralizada e horizontal, na qual predominam as relações de coordenação, não impede a existência de princípio e normas de conduta no relacionamento entre os atores internacionais. Portando, é possível afirmar que existe sim uma ordem jurídica internacional, embora dotada de certas peculiaridades que a diferenciam da ordem jurídica interna dos Estados.
Mas quais seriam essas características peculiares da ordem jurídica internacional?
A primeira delas é que não existe um Poder Legislativo universal. Ao contrário, são os próprios Estados e Organizações Internacionais que, por meio do consentimento, elaboram as normas internacionais (tratados). Veja só: no ordenamento jurídico internacional, os mesmos sujeitos que criam as normas são os destinatários destas.
No atual contexto internacional, percebe-se, ainda, que há uma multiplicação de fontes normativas, com diversas instâncias internacionais com capacidade para a elaboração de normas jurídicas. Tal fenômeno é decorrência da institucionalização do direito internacional, que encontra nas organizações internacionais o ambiente ideal para o relacionamento interestatal.
A segunda característica é a inexistência de um poder judiciário universal, com jurisdição automática sobre os Estados. Nesse sentido, é correto afirmar que um Estado somente irá se submeter à jurisdição de uma Corte Internacional ou mesmo de um tribunal arbitral caso manifeste favoravelmente seu consentimento. Nas palavras de Rezek, “o Estado soberano, no plano internacional, não é originalmente jurisdicionável perante corte alguma.” 
Em que pese a impossibilidade de um Estado se submeter compulsoriamente a um tribunal internacional sem ter manifestado seu prévio consentimento, verifica-se, na atualidade, que uma das tendências do direito internacional contemporâneo é a multiplicação das instâncias de solução de conflitos.
Com efeito, existem hoje diversas cortes internacionais, seja em âmbito global ou regional, dentre as quais citamos a Corte Internacional de Justiça, o Tribunal sobre o Direito do Mar, o Órgão de Apelação da OMC, a Corte Interamericana de direitos Humanos. A multiplicação de instâncias de solução de conflitos revela um grau crescente de jurisdicionalização do direito internacional.
Ainda quanto a tribunais internacionais, é importante assinalar que, modernamente, existe a possibilidade de que indivíduos possam peticionar perante algumas cortes internacionais, assim como serem julgados. É possível, por exemplo, que um indivíduo possa apresentar uma petição diretamente à Corte Europeia de Direitos Humanos. Ou, então, o indivíduo pode ser julgado pelo Tribunal Pleno Internacional (corte com caráter permanente) em virtude de haver praticado crimes de guerra, crimes contra a humanidade, crime de genocídio ou crime de agressão. Trata-se da possibilidade de criminalização supranacional de condutas que violam gravemente valores essenciais à sociedade internacional.
A terceira característica da ordem jurídica internacional é que está se reveste de caráter obrigatório. Como veremos mais à frente, há quem argumente que o direito internacional não se reveste de caráter obrigatório, não possuindo meios efetivos de sanção. 
Trata-se de um argumento usado por aqueles que negam o caráter jurídico de direito internacional, os quais também advogam que a inexistência de um poder Legislativo universal e de um poder Judiciário com jurisdição compulsória impedem a existência de uma ordem jurídica internacional. De forma alguma podemos concordar com os que pensam dessa maneira. O direito internacional possui, sim, meios de sanção.
Diferenças entre a ordem jurídica interna e a ordem jurídica internacional
	Ordem interna - 
	Ordem internacional
	
	
	Centralizada – uma autoridade central que representa o estado, no por exemplo Brasil são os: PE, PL e PJ
	Descentralizada - 
	Hierarquia normativa – há uma constituição regulamentando. 
	Não hierarquização – não há uma “constituição” para regular. Não há hierarquia entre os tratados. Os tratados e os costumes têm igual tratamento, não existindo hierarquia entre eles. 
	Verticalidade da estrutura estatal – há instâncias que corresponde determinada abrangência com suas atribuições. 
	Horizontalidade das relações entre os sujeitos de direito internacional – todas as normas têm igual valor, se produz em interesse dos estados. 
	Relações de mando e subordinação entre estado, grupos sociais e indivíduos – o estado aparecera como estância que em razão de sua legitimidade obrigar, fazer com que os indivíduos obedeçam. 
	Coordenação interestatal – nenhum estado está obrigado a aceitar, obedecer a um acordo que ele não N tenha participado, ou não tenha expressado o seu consentimento. Os Estados negociam permanentemente e entram em acordo. 
	Poder jurisdicional do estado – o estado se atribui para si a capacidade de dirimir, harbitra os conflitos. O estado é o único que tem o poder legitimo
	Os Estados não são originalmente jurisdicionáveis – os Estados a priori não pode impor qualquer medida internacional. Os Estados somente serão submetidos a priori se consentir que determinada corte venha intervir no problema. Uma jurisdição facultativa. 
	Coercitividade do estado – este tem uma capacidade de impor suas decisões contra alguém que resista. 
	Sistema precário de sanções – se uma corte internacional emite uma sentença os Estados são obrigados a cumprirem a sentença, pois aceitaram que a corte a fizesse. Não há qualquer instrumento para obrigar um estado que não se manifestou antes, a aceitar essa sentença. 
Fundamento do Direito Internacional
1º corrente: 
A doutrina voluntarista (de índole subjetivista) defende que o fundamento do direito internacional é a vontade dos Estados. Assim, a ordem jurídica internacional é obrigatória porque os Estados manifestam livremente sua vontade em a ela se submeter.
2º corrente:
A doutrina objetivista defende que há princípios e normas superiores à vontade dos Estados, de importância tão elevada que de seu cumprimento depende o regular funcionamento da sociedade internacional. Assim, há valores e normas que são superiores ao ordenamento jurídico estatal e que se impõem aos Estados independentemente de sua vontade.
3º corrente
Denominada mista ou objetivista temperada, foi criada por Dionisio Anzilotti e defende que o fundamento maior das normas de direito internacional público seria o princípio do pacta sunt servanda, pelo qual os Estados celebrariam os tratados a depender de sua vontade, mas que uma vez criada a norma de direito internacional público através do consentimento, os Estados teriam a obrigação de obedece-la de boa-fé. Logo, o Estado se compromete perante a sociedade internacional por sua livre vontade, mas, quando vinculado à obrigação de DIP, deve cumpri-la sob pena de responsabilidade internacional. Essa doutrina foi consagrada no art. 26 da convenção de Viena sobre tratados, de 1969, que aduz: “ todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido de boa-fé”
Visão Moderna: conciliação das doutrinas voluntarista e objetivista
A convenção de Viena de 1969, sobre direito dos tratados, consagrou a regra ‘’pacta sunt servanda’’, mas, ao mesmo tempo, reconheceu a existência de normas imperativas de direitointernacional geral qual nenhuma derrogação é possível, a não ser por normas de igual natureza.
Essas normas imperativas são chamadas de normas jus cogens, que não pode ser violadas por nenhum tratado internacional, sob pena de nulidade. Trata-se de normas que, pela sua importância para o funcionamento da sociedade internacional, tem o condão de limitar a vontade dos Estados.
Fontes do Direito Internacional
Fontes materiais –são os elementos profundos que influenciam na produção do direito – os fatos históricos, sociais, políticos e econômicos.
Fontes formais – seriam o reflexo das fontes materiais. São as normas aceitas e positivadas cuja autoridade é pelos sujeitos de direito internacional, em especial, pelos tratados.
Já as fontes formais do direito internacional são apresentadas formalmente no art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça.
Art. 38
A Corte, cuja função é decidir conforme o direito internacional as controvérsias que lhe sejam submetidas, deverá aplicar:
As convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos estados litigantes;
O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito;
Os princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas;
As decisões judiciais e as doutrinas dos publicistas de maior competência das distintas nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sem prejuízo do disposto no artículo 59.
A presente disposição não restringe à faculdade da corte para decidir um litígio ex aequo et bono, se para as pastes assim o convier.
Princípios gerais de Direito
Os Estados reconhecem a validade de princípios gerais de direito como norma internacional e que constituem a moral internacional. Essa perspectiva corresponde à posição de que estes princípios se fundamentam em valores morais compartilhados pelos Estados e não que têm seu fundamento nas suas simples vontades soberanas. Dentre eles, destacamos o princípio da boa-fé, da pacta sunt servanda, do respeito aos direitos humanos, dentre vários outros. A tenência se mostra no sentido de que estes princípios não formais, sejam postos pelos Estados como conteúdo dos tratados internacionais. No direito internacional do meio ambiente, isso se tornou a regra. Hoje se reconhece que as normas internacionais cada vez mais se fundamentam em valores e isto é reflexo das insuficiências do positivismo.
 
Declaração do Rio sobre meio ambiente e desenvolvimento
Princípio 1: Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza.
Princípio 2: Os estados, de acordo com a Carta das Nações Unidas e com os princípios do direito internacional, têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas próprias políticas de meio ambiente e de desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que atividades sob sua jurisdição ou seu controle não causem danos ao meio ambiente de outros estados ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional.
Exemplos de princípios reconhecidos por diversos sistemas jurídicos nacionais: ampla defesa e contraditório, boa-fé, respeito à coisa julgada e direito adquirido. 
Tratados internacionais
Os tratados internacionais são fontes do direito internacional público que, atualmente, se reveste de maior importância na sociedade internacional.
Por hora, podemos defini-los como acordos formais celebrados por escrito entre Estados, entre Estados e organizações internacionais.
O fundamento de validade dos tratados internacionais é regra “pacta sunt servanda”, segundo a qual os compromissos livremente assumidos devem ser cumpridos de boa-fé. Tal regra faz com que os tratados sejam juridicamente obrigatórios para os Estados e organizações internacionais que manifestam seu consentimento em a eles se obrigar.
Costumes
Nos termos do art. 38 do estatuto CIJ, costume é uma prática geral aceita como sendo o direito. Nessas definições, percebe-se que o costume possui um elemento objetivo (material) e uma elemento subjetivo (psicológico).
O elemento objetivo ou material é a prática geram, uniforme e constante dos sujeitos de direito internacional público. Destaque-se que o costume pode ser uma prática comissiva (ação) ou omissão (omissão). 
Embora os costumes sejam marcados pelo atributo da generalidade, isso não quer dizer que devam ser uma prática global. É possível a existência de um costume simplesmente regional, ou seja, que se aplique a um grupo restrito de Estados. É o caso, por exemplo, do asilo diplomático, que é um costume regional plenamente reconhecido na América latina.
Segundo Varella, é possível. Ainda, que dentro de um contexto de multiplicação de subsistemas normativos, um costume seja reconhecido por determinado ambiente jurídico e não o seja por outro. 
O elemento subjetivo ou psicológico é a convicção de uma determinada prática é generalizada e reiterada porque ela é juridicamente obrigatória, ou seja, ela reflete o direito, sendo juridicamente elegível. Segundo Rezek, para que surja a norma costumeira, além do exemplo material (objetivo), é necessário que a prática determinada pela ‘’opinio juris’’, ou seja, pela convicção de que assim se procede por necessário, correto, justo, e, pois, de bom direito. A falta do elemento subjetivo impede a formação de um costume, fazendo com que a prática reiterada, uniforme e constante se configure tão-somente como um uso, desprovido, portanto, de caráter jurídico.
Ao contrário dos tratados internacionais, os costumes não possuem regras precisas para interpretação.
Os costumes podem extinguir-se de três formar diferentes:
Pelo desuso: o decurso do tempo faz com que o costume deixe de ser uma prática generalizada e reiterada dos sujeitos de direito internacional público.
Pela adoção de um novo costume: surge um novo costume contrário àquele anteriormente empregado. Aqui opera-se uma regra clássica do direito, segundo a qual a norma posterior revoga a anterior.
Substituição por um tratado internacional: trata-se de um processo muito comum atualmente. É o processo de codificação do direito consuetudinário (direito costumeiro). Nessa forma de extinção do costume, fica claro que não há hierarquia entre tratados e costumes, aplicando-se também a regra de que o posterior revoga o anterior.
Jurisprudência e doutrina
A jurisprudência e a doutrina são, nos termos do art. 38 do Estatuto da CIJ, meios auxiliares, para a determinação das regras do direito. Segundo essa interpretação, elas não criam normas jurídicas, mas apenas auxiliam na determinação das regras jurídicas. Isso leva parte da doutrina a considerar a doutrina e a jurisprudência fontes secundárias do direito internacional.
	O art. 38 do Estatuto da CIJ faz referência à jurisprudência internacional ou à jurisprudência dos tribunais internos?
R: se refere às decisões judiciárias dos tribunais internacionais, isto é, à jurisprudência internacional. Cabe ressaltar que a jurisprudência internacional não tem efeito vinculante, ou seja, a existência de inúmeras decisões no mesmo sentido não tem o condão de vincular a uma decisão de uma corte internacional.
Nesse sentido, uma decisão de um tribunal internacional, em que pese servir como fonte de consulta (meio auxiliar) para decisões futuras, somente vincula as partes em litígio e em relação ao caso concreto. Esse é o entendimento que se pode depreender, inclusive do art. 59 do Estatuto da CIJ, que dispõe que ‘’ a decisão da corte só será obrigatória para as partes litigante e a respeito do caso em questão.’’ pode-se dizer, portanto, que as decisões de tribunais internacionais não constituem ‘’stare decisis’’.
Outras fontes de Direito Internacional Público
Atos unilaterais:
Os atos unilaterais não estão relacionados no art. 38 do Estatuto CIJ, mas atualmente são amplamente considerados pela doutrina como fontesdo direito internacional público. Podemos dizer que atos unilaterais são aqueles que dependem da manifestação exclusiva de um Estado. Diferem, nesse aspecto, dos tratados, que são fruto da vontade convergente de sujeitos de direito internacional.
	Há um princípio em direito internacional determinado ‘’princípio do estoppel.’’ Segundo a doutrina, o estoppel é um princípio geral de direito que prevê a impossibilidade de que uma pessoa tome atitude contraria a comportamento assumido anteriormente. O princípio do estoppel dá fundamento à obrigatoriedade dos atos unilaterais. Com efeito, de um Estado assume unilateralmente um compromisso, este se torna obrigatório e deve ser cumprido de boa-fé.
Soft Law 
	A evolução do direito internacional trouxe à tona uma nova categoria de normas jurídicas, as quais receberam o nome de ‘’soft law’’. Fazendo a tradução dessa expressão inglesa, é possível entender, por intuição, o seu significado.
	‘’Soft law’’ quer se referir a um ‘’direito suave’’, em contraposição ao ‘’hard law’’ (direito rígido). Trata-se, portanto, de normas de eficácia jurídica limitada que não trazem compromissos vinculantes. São de ampla utilização no âmbito do direito internacional do meio ambiente.
Analogia e Equidade
	A analogia e a equidade não são consideradas, pela doutrina majoritária, como fontes do direito internacional, mas sim formas de integração das regras jurídicas, ou seja, a analogia e a equidade são meios que um juiz tem a sua disposição para suprir a inexistência de norma jurídica regulamentadora. Em outras palavras, são usadas diante das ‘’ lacunas juridicas’’.
	 A analogia é a aplicação, a um caso concreto, de uma norma jurídica criada para regular uma situação semelhante. A equidade, por sua vez, é a aplicação de considerações de justiça a um caso concreto. Por isso, é possível afirmar que a equidade é uma fonte condicionada de direito internacional, somente poderá decidir com base na equidade (ex aequo et bono) caso as partes litigantes concordem.
Conceito de Tratados Internacionais 
É um acordo celebrado por escrito entre Estados, entre Estados ou organizações internacionais ou entre organizações internacionais, sendo regido pelo direito internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos específicos, qualquer que seja sua denominação particular.
Acordo celebrado por escrito: os tratados são acordos formais, isto é, são celebrados por escrito. 
Capacidade contratante dos Estados e organizações internacionais: podem celebrar tratados apenas os Estados e organizações internacionais.
Acordo regido pelo direito internacional: os tratados diferenciam-se dos contratos internacionais em virtude juntamente da regência. Enquanto os contratos são regidos pelo direito interno de algum Estado, os tratados são regidos pelo direito internacional.
Concluído em instrumento único ou dois ou mais instrumentos específicos: essa parte do conceito pode ser entendida de duas formas. A primeira refere a situação em que um tratado é acompanhado de diversos anexos. Tem-se ai diversos documentos produzidos ao mesmo tempo. A segunda se refere à possibilidade de quem um tratado seja celebrado por meio de troca de notas.
A troca de notas é um processo de produção de um texto convencional (método de negociação) por meio do qual uma parte envia a outra uma proposta de texto de um tratado, recebendo, em seguida, uma contraproposta. Haverá, nesse caso, uma pluralidade de instrumentos.
e) Inexistência de denominação específica : não interessa a denominação dada ao acordo para que ele seja considerado um tratado. Basta que ele cumpra os requisitos essenciais para que seja considerado um tratado.
Devemos destacar que a nomenclatura dada aos tratados é bastante ampla. Com efeito, vários são os termos usualmente empregados (acordo, convenção, estatuto, pacto, carta, declaração, protocolo etc.). casa um desses termos é usado para designar certo tipode tratado, embora não haja imposição quanto ao uso de uma outra nomenclatura. Assim, temos:
Convenção – utilizada para designar acordos multilaterais que estabelecem normas gerais para regular determinados temas de interessa da sociedade internacional como um todo.
Acordo – utilizado para nomear tratados de natureza econômico comercial. É o caso, por exemplo, do acordo geral sobre tarifas e comércio (GATT).
Carta – termo utilizado para designar tratados constitutivos de certas organizações internacionais. Ex.: carta da ONU 
Estatuto – utilizado para designar tratados constitutivos de tribunais interno. Ex.: estatuto da corte internacional de justiça (CIJ)
Pacto – tratados de grande importância política, mas que regulamentam uma matéria específica. Ex.: pacto internacional dos direitos civis e políticos etc.
Declaração – utilizada para tratados que estabelecem princípios ou regras que traduzem uma posição comum dos Estados sobre determinadas questões.
Protocolo – utilizado para designar tratados que mantem uma relação com um tratado anterior. Ex.: protocolo de Kyoto, que está ligado à convenção -quadro das nações unidas sobre mudanças climáticas.
Há dois tipos de tratados que recebem uma nomenclatura específica e invariável: os acordos de sede e as concordatas. Os acordos de sede são acordos bilaterais celebrado entre um estado e uma organização internacional, por meio do qual fica autorizada a estabelecer sua sede no território daquele. As concordatas, por sua vez, são os tratados pela Santa Sé. 
Terminologia da Convenção de Viena de 1969
O art. 2ª traz as definições dos termos mais importantes do direito dos tratados.
Art. 2º - Expressões Empregadas:
1- Para os fins da presente convenção:
A) ‘’tratado’’ significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica;
B) ‘’ratificação’’, ‘’aceitação’’, ‘’aprovação’’ e ‘’adesão’’ significam, conforme o caso, o ato internacional denominado pelo qual um Estado estabelece no plano internacional o seu consentimento em obrigar-se por um tratado;
C) ‘’plenos poderes’’ significa um documento expedido pela autoridade competente de um Estado na negociação, adoção ou autenticação do texto de um tratado, para manifestar o consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado, para manifestar o consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado ou para praticar qualquer outro ato relativo a um tratado;
D) ‘’ reserva’’ significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, como o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado;
E) ‘’ Estado negociador ‘’ significa um Estado que participou na elaboração e na adoção do texto do tratado;
F) ‘’ Estado contratante” significa um Estado que consentiu em se obrigar pelo tratado, e tenha ou não o tratado entrado em vigor;
G) ‘’parte’’ significa um Estado que consentiu em se obrigar pelo tratado e em relação ao qual esteja em vigor;
H) ‘’ terceiro Estado’’ significa um Estado que não é parte no tratado;
I) ‘’organização internacional’’ significa uma organização intergovernamental.
Ratificação x Aceitação x Adesão x Aprovação 
Todos esses atos são manifestações definidas do consentimento de um Estado em obrigar-se ao texto de um tratado.
A ratificação é o ato unilateral de um Estado por meio do qual ele se compromete definitivamente, no plano internacional a vincular-se ao texto de um tratado. Para que um tratado seja ratificado, pressupõe que ele já deva ter sido objeto de consentimento provisório, isto é, tenha sido assinado anteriormente. 
A adesão e a aceitação são sinônimos e se referem aos atos internacionais por meio dos quais um Estado que não participou das negociações, tampoucoassinou o tratado, se vincula definitivamente a este. Quando um Estado adere a um tratado, não há que se falar em ratificação, uma vez que a adesão já representa o compromisso estatal definitivo.
 
Ex.: Em 1992, foi celebrado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai o tratado de Assunção, que estabeleceu o MERCOSUL. A Venezuela não participou das negociações do tratado de Assunção, tampouco o assinou. Entretanto, o tratado de assunção está aberto ao ingresso dos demais membros da ALADI (Associação Latino-Americana de Integração), motivo pelo qual é possível a adesão da Venezuela ao tratado de Assunção.
Por último, aprovação é um termo que, na prática jurídica brasileira, se refere ao ato por meio do qual o Congresso Nacional autoriza que o Presidente da República proceda à ratificação de um tratado. Quando a esse ponto, destaque-se que, no Brasil, os tratados somente poderão ser ratificados após a aprovação do Congresso Nacional.
Classificação dos Tratados 
A) Quanto ao número de partes:
Tradados bilaterais - são os tratados que possuem apenas duas partes contratantes, que podem ser Estados ou organizações internacionais.
Tratados plurilaterais ou multilaterais: são os tratados que possuem mais de duas partes contratantes.
B) Quanto ao procedimento de conclusão:
Acordos do tipo ‘’modus vivendi’’ (são acordos que estabelecem as bases para negociação futuras, como por exemplo, um acordo que determina de um Grupo de Trabalho para monitorar as relações comerciais bilaterais entre Brasil e Argentina).
C) quanto à natureza das normas:
 
Tratados – lei: são produto da vontade convergente dos estados, que os celebram com o intuito de estabelecer normas de direito internacional de aplicação geral. Ex.: tratados de direitos humanos.
Tratados – contrato: são produto da vontade divergente dos Estados, que os celebram com o ânimo de realizar uma operação jurídica. Ex. Tratado de cessão territorial onerosa
D) Quanto à possibilidade de adesão:
Tratados abertos: são os tratados que permitem a adesão de Estados que não participaram de seu processo de conclusão. Um exemplo é o acordo constitutivo da OMC, o qual está aberto à adesão de novos Estados.
Tratados fechados: são os tratados que não participaram de seu processo de conclusão.
Requisitos de Validade dos Tratados
Um tratado, para que tenha validade, deve possuir alguns requisitos, quais sejam: habilitação dos agentes signatários; objeto lícito e possível; capacidade das partes contratantes e; consentimento livre.
Habilitação dos agentes signatários
Art. 7º - Plenos Poderes:
Uma pessoa é considerada representante de um Estado para a adoção ou autenticação do texto de um tratado ou para expressar o consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado se:
A) apresentar plenos poderes apropriados; ou
B) a prática dos Estados interessados ou outras circunstâncias indicarem que a intenção do Estado era considerar essa pessoa seu representante para esses fins e dispensar os plenos poderes.
2.em virtude de suas funções e independentemente da apresentação de plenos poderes, são considerados representantes do seu Estado:
A) os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros das relações Exteriores, para a realização de todos os atos relativos à conclusão de um tratado;
B) os Chefes de missão diplomática, para a adoção do texto de um tratado entre o Estado acreditaste e o Estado junto ao qual estão acreditados;
C) os representantes acreditados pelos Estados perante uma conferência ou organização ou um dos órgãos, para a adoção do texto de um tratado em tal conferência, organização ou órgão.
Objeto lícito e possível
Os tratados internacionais devem ter um objeto lícito e possível, isto é, seu conteúdo não pode violar normas jus cogens.
As normas jus cogens são normas que, pela sua importância, gozam de valor superior na ordem jurídica internacional, prevalecendo sobre as demais. Não se admite, portanto, sua derrogação, a não ser por norma de mesma natureza. Hoje em dia, por exemplo, não se admite de forma alguma que exista o tráfico de escravos ou mesmo a escravidão. A proibição da escravidão é, portanto, uma norma jus cogens.
O art. 53 regula o conflito entre um tratado internacional e uma norma jus cogens que lhe seja anterior. Segundo o referido dispositivo, um tratado que, no momento de sua conclusão, conflitar com uma norma jus cogens, será nulo. Trata-se de hipótese de nulidade absoluta, ocorrida em virtude da ilicitude do objeto do tratado. Hoje, a proibição da escravidão é considerada uma norma jus cogens. Se for celebrado um tratado que regulamente o tráfico de escravos, será nulo de pleno direito desde o momento de sua conclusão.
A arguição de nulidade de um tratado com o fundamento na violação de norma jus cogens deve obedecer ao procedimento previsto no art. 65 da CV/69. Uma vez submetida a questão à Corte Internacional de justiça (CIJ), esta poderá declarar a nulidade do tratado. Destaque-se que a nulidade do tratado será considerado nulo desde momento de sua entrada em vigor. 
O art.64, por sua vez, regula o conflito entre um tratado internacional e uma norma jus cogens que lhe é posterior (norma jus cogens superveniente). Nos termos desse dispositivo, caso sobrevenha uma norma jus cogens, qualquer tratado que estiver em conflito com essa norma, torna-se nulo e extingue-se. Entende a doutrina mais abalizada, todavia, que se trata de hipótese de extinção de tratado internacional e não de nulidade. Esse entendimento é o que prevalece em razão de serem distintos os efeitos da nulidade e da extinção, sendo incongruente, portanto, que o art, 64 se refira, simultaneamente, à extinção e à nulidade. Com efeito, a extinção de um tratado não retroage, é dizer, opera efeitos ‘’ ex nunc ‘’.
Consentimento Regular
O consentimento é o fundamento de validade dos tratados internacionais, o que foi expressamente reconhecido pelo art. 26 da CV/69, ao dispor que todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser por elas cumprido de boa-fé. Essa é conhecida regra ‘’pacta sunt servanda’’, segundo a qual os compromissos assumidos devem ser honrados.
Ora, se o consentimento estatal é o fundamento de validade dos tratados, este não poderá ser eivado de vícios, sob pena de o tratado ser considerado nulo.
Os vícios de consentimento ocorrem nas hipóteses definidas pela CV/69, quais sejam: erro, dolo, coação do Estado ou do representante do Estado e corrupção de representante do Estado.
 Conclusão e Entrada em vigor dos Tratados
Processualística dos Tratados
Para entender a processualista dos tratados, analisaremos o processo convencional sob a ótica brasileira. No brasil, a celebração de um tratado envolve diversas fases, algumas internacionais e outras internas. São elas: negociações; adoção do texto; assinatura; autorização pelo congresso nacional; ratificação; publicação e promulgação.
Negociação - é a fase inicial do processo de celebração de um tratado. Em regra, as negociações ocorrem no âmbito de uma organização internacional ou de uma conferência especialmente convocada para esse mister. Em virtude da pluralidade de idiomas dos Estados envolvidos em uma negociação, é necessário que sejam escolhidos os idiomas em que esta será desenvolvida, assim como aqueles em que será produzida a versão autêntica do texto convencional. 
Adoção do texto - é o momento final da fase de negociações, quando se tem um texto convencional produzido pelas partes contratantes. O texto adotado é aquele que seguirá para a assinatura.
Pela regra do art. 9º da CV/69, a adoção do texto do tratado ocorrerá prioritariamente, pelo consentimento de todos os Estados envolvidos na negociação. Entretanto, caso não seja possível o consentimento unânime, admite-se a adoção do texto do tratado pelo quórum de 2/3 dos Estados presentes e votantes em uma conferência internacional, salvo se esses Estados, pela mesma maioria, decidirem aplicar uma regra diversa.
Assinatura – a assinatura representa,em regra, o consentimento provisório de um Estado em se obrigar ao texto de um tratado. Nos acordos em forma simplificada, a assinatura poderá, todavia, representar o consentimento definitivo.
No Brasil, a assinatura de um tratado é responsabilidade do Presidente da República, conforme art. 84, VIII da CF. As competências privativas do Presidente não podem ser delegadas, salvo em algumas exceções, dentre as quais não está relacionado ao inciso VIII.
Autorização pelo Congresso Nacional – a participação do Poder Legislativo na processualística dos tratados como objetivo permitir que o povo faça parte da formação da vontade do Estado ao atuar no plano internacional. Ao mesmo tempo, representa um controle parlamentar sobre a atuação internacional do Poder Executivo, o que está em plena consonância com o moderno sistema de tripartição dos poderes.
Após a assinatura do tratado pelo Presidente, este poderá submete-lo à apreciação do Congresso Nacional. A comunicação se dará mediante mensagem Presidencial.
A mensagem Presidencial é enviada juntamente com uma exposição de motivos à Câmaras dos Deputados. Uma vez aprovado o tratado na câmara, ele seguirá para a aprovação do Senado Federal. Caso o Senado aprove o tratado, será promulgado, então, um decreto legislativo pelo Presidente do Senado. 
Esse decreto representa uma autorização para que o Presidente da República ratifique o tratado no plano internacional. O Congresso Nacional apenas autoriza o chefe do Poder Executivo a proceder à ratificação 
Ratificação - é o ato internacional pelo qual o Estado se compromete definitivamente a vincular-se ao texto de um tratado. Por ser um ato internacional, é o Poder executivo o competente para realizá-la. No caso do Brasil, o congresso Nacional apenas autoriza a ratificação, que é feita pelo Presidente da República.
A ratificação é um ato unilateral e discricionário. Nesse sentido, pode o Presidente da República, mesmo após autorizado pelo Congresso Nacional, deixar de proceder a ratificação. Ou indo ainda mais longe, após ter assinado o tratado, o Presidente pode simplesmente deixar de enviá-lo à apreciação do Congresso Nacional, frustrando todo o procedimento da processualística convencional. Por ser um ato discricionário, não há, em regra, um prazo para que o Estado ratifique o tratado
A ratificação é ato irretratável, mesmo antes de o tratado ter entrado em vigor. Para desfazer o seu vínculo com o tratado, o Estado teria como instrumento a denúncia unilateral, nas hipóteses em que esta for autorizada.
A ratificação é também um ato expresso. Assim, não há que se falar em ratificação tácita, perfazendo – se está apenas por meio de documento escrito.
Os tratados bilaterais, para que entrem em vigor e passem a produzir efeitos jurídicos, deveram ser ratificados pelas duas partes contratantes. A troca dos instrumentos de ratificação e a notificação de ratificação
Já nos tratados multilaterais, são muitas partes envolvidas, o que toma complicado que cada Estado, ao ratificar o tratado, comunique o efeito a todos os outros. Surge, então, a figura do depositário, que pode ser um Estado ou até mesmo uma organização internacional. O depositário é o responsável por receber e manter sob sua guarda todos os instrumentos de ratificação mantendo os Estados contratantes informais sobre o status das ratificações. Quando o tratado estiver apto para entrar em vigor, quer por ter atingindo um número mínimo de ratificações, quer por tecido ratificado por todos os estados, o depositário irá informar sobre condição aos Estados contratantes. 
Publicação e Promulgação
A entrada em vigor do tratado no ordenamento jurídico interno dependerá, no caso brasileiro, de um procedimento adicional do chefe do Poder Executivo. Após proceder a ratificação, o Presidente deverá expedir um decreto executivo, por meio do qual irá promulgar e publicar o texto do tratado no Diário Oficial da União. A partir da publicação do decreto executivo, considera-se que o tratado foi internalizado no ordenamento jurídico brasileiro, estando apto a entrar em vigor. Destaque-se que uma condição para que um tratado entre em vigor no plano interno é que ele já esteja em vigor no plano internacional. Com efeito, não há sentido em aplicar um tratado internamente sem que tenha entrado em vigo internacional.
	
Reservas
Segundo a cv/ 69, ‘’ reserva é uma declaração unilateral qualquer que seja a sua redação ou denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado.’’
As reservas não são admissíveis em todos os casos. O art. 19 da CV/69 estabelece as situações em que as reservas não poderão ser formuladas. Vejamos:
Art. 19 – Formulação de Reservas:
Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular uma reserva, a não ser que:
A reservar seja proibida pelo tratado;
O tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as quais não figure a reserva em questão; ou
Nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e a finalidade do tratado.
Uma controvérsia jurídica bastante importante é acerca da competência para a formulação de reservas. Trata-se de competência limitada ao poder executivo? Ou o poder legislativo também pode apresentar reservas a um tratado?
A doutrina não é unanime na resposta a essas perguntas.
Para Rezek, apenas o Poder Executivo pode apresentar reservas a um tratado internacional. O Poder Legislativo, na visão do autor, poderia apenas aprovar com restrições um tratado, o que seria, a posteriori, traduzido em reservas pelo Poder Executivo no momento da ratificação
O Congresso Nacional poderia, em seu exame, recomendar o abandono de reserva feita pelo governo por ocasião da assinatura do tratado. Entretanto, outros autores, como João Hermes Pereira de Araújo, citado por Mazzuoli, entendem que, uma vez apresentadas as reservas pelo governo no momento da assinatura, não cabe ao Congresso Nacional suprimi-las. Em outras palavras, se o tratado for assinado com reservas, o Congresso Nacional não poderá adotá-lo na integra. 
O processo das reservas
Segundo o art. 19 da CV, quando o tratado não disser nada a respeito das reservas, estas serão possíveis, desde que não sejam incompatíveis com o objeto e a finalidade do tratado.
Mas como saber se uma reserva é ou não incompatível com o objeto e a finalidade do tratado?
Na verdade, quando o tratado for silente a respeito das reservas e uma reserva for apresentada, abre-se a possibilidade para que todos os demais Estados – parte no acordo manifestem sua aceitação ou objeção às reservas.
A aceitação de uma reserva poderá ser expressa ou tácita. Desde que o tratado não disponha diversamente, uma reserva é tida como aceita tacitamente por um Estado se este não formulou a objeção à reserva no prazo de 12 meses da data da notificação ou, caso o Estado tenha ratificado ou aderido ao acordo após a reserva, não tenha formulado, nessa data, uma objeção.
Se todos os Estados – parte aceitarem a reserva, não teremos grandes problemas. Estes só começam a aparecer quando algum Estado apresentar objeção à reserva. Temos várias situações reguladas pela CV:
Se o tratado for o ato constitutivo de uma organização internacional: a reserva exigirá a aceitação do órgão competente da organização, a não ser que o tratado disponha diversamente.
Se há um número limitado de Estados negociadores e isso nos levar a crer que o tratado deve ser aplicado na integra entre todas as partes: a reserva irá requerer a aceitação de todas as partes. É o caso, por exemplo, de tratados bilaterais, em que uma reserva, a princípio, representa um convite à negociação do texto convencional.
Se as reservas forem incompatíveis com o objeto e a finalidade do tratado e isso nos leva a crer que o tratado deve ser aplicado na integra entre todasas partes: será necessário que todas as partes aceitem a reserva.
Se alguns Estados apresentaram objeções e outros aceitaram a reserva: nesse caso, haverá uma duplicidade de regime jurídico. Entre o Estado autor da reserva e aqueles que apresentaram objeções, vigora o tratado sem as disposições da reserva. Já entre o estado autor da reserva e aqueles que aceitaram, vigora o tratado com as disposições modificadas pela reserva. Percebe-se que, mesmo tendo sido apresentadas objeções à reserva, isso não impede que o tratado entre em vigor entre o Estado que formulou a reserva e o estado que formulou a objeção.
As reservas, assim como as objeções às reservas, podem ser retiradas a qualquer tempo, a não ser que o tratado disponha de maneira diversa. Todos esses atos ( reservas, aceitação expressa e objeções às reservas) devem ser formuladas por escritos e comunicados aos Estados contratantes e aos outros Estados que tenham o direito de se tornar partes do tratado.
Entrada em Vigor
O art. 24 da CV dispõe expressamente que, em regra um tratado entra em vigor na forma e na data nele previstas ou acordadas pelos Estados negociadores. Em outras palavras, a entrada em vigor de um tratado será determinada pelo próprio texto do tratado
A vigência do tratado pode ser de dois tipos:
- Vigência contemporânea: são os tratados que passam a produzir efeitos jurídicos no exato momento em que as partes manifestam seu consentimento definitivo. Ex.: tratado entra em vigor após ser ratificado por 5 Estados.
- Vigência diferida: são os tratados que começam a produzir efeitos jurídicos somente após um lapso temporal posterior ao momento em que foi expresso o consentimento definitivo pelas partes. Em outras palavras, são os tratados que começam a operas efeitos apenas depois de uma vacatio legis. Ex. tratado entra em vigor 60 dias após a ratificação por 5 Estados.
Caso o tratado não possua qualquer clausula relativa à sua vigência, este entrará em vigor no momento em que todos os Estados negociadores houverem manifestado seu consentimento definitivo em obrigar-se pelo tratado. Em outras palavras, o tratado somente entrara em vigor após ter sido ratificado por todos os Estados contratantes.
Aplicação Provisória de tratados
Art. 25 CV – aplicação provisória:
Um tratado ou uma parte do tratado aplica-se provisoriamente enquanto não entra em vigor, se:
O próprio tratado assim dispuser; ou
Os Estados negociadores assim acordarem por outra forma.
A não ser que o tratado disponha ou os Estados negociadores acordem de outra forma, a aplicação provisória de um tratado ou parte de um tratado, em relação a um Estado, termina se esse Estado notificar aos outros Estados, entre os quais o tratado é aplicado provisoriamente, sua intenção de não se tornar parte no tratado.
Cabe destacar que o Brasil não reconhece a aplicação provisória de tratados, tento ratificado a CV com reservas ao at. 25. Mas por que o Brasil não reconhece a aplicação provisória de tratados?
O Brasil formulou reservas ao art.25 da CV em virtude da incompatibilidade desse dispositivo com o art.49, inciso I da CF/88, segundo o qual o Congresso Nacional é competente para resolver definitivamente sobre tratados internacionais. Assim, salvo raras exceções (acordo executivos), para que o Brasil possa se comprometer em nível internacional, é fundamental a manifestação do poder Legislativo.
Observância, Aplicação e Interpretação dos Tratados
O fundamento de validade dos tratados internacionais é a regra ‘’pacta sunt servanda’’, que foi expressamente reconhecida pelo art. 26 da CV, ao dispor que ‘’ todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé’’. Trata-se de princípio fundamental do direito dos tratados, sem o qual não haveria qualquer segurança nas relações internacionais.
O descumprimento de um tratado viola, portanto, a regra fundamental do direito internacional, qual seja, a de que os compromissos assumidos devem ser cumpridos. E aqui cabe ressaltar que não interessa ao direito internacional público o porquê do descumprimento de um tratado. Em geral, não há razões para um Estado descumprir um tratado, sob pena de ser responsabilizado internamente. Tampouco interessa ao direito internacional se o responsável pela violação do tratado foi um ato do Poder Executivo, uma lei editada pelo Poder legislativo ou uma decisão do Poder judiciário. Os atos dos três poderes, caso incompatíveis com um tratado, configurarão ilícito internacional e darão ensejo à responsabilização do Estado.
Nulidade, Extinção e Suspensão dos Tratados 
Vícios do Consentimento
São vícios do consentimento: manifestação do consentimento estatal sem respaldo do direito interno (ratificação imperfeita); erro; dolo; corrupção de representante do Estado e; coação de representante do Estado.
Erro 
O artigo 48 da CV dispõe sobre a possibilidade de que um Estado invoque o erro no tratado invalidando seu consentimento.
Art. 48 – Erro:
Um estado pode invocar erro no tratado como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado se o erro se referir a um fato ou situação que esse Estados supunha existir no momento em que o tratado foi concluído e que constituía uma base essencial de seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
O paragrafo 1 não se aplica se o referido Estado contribui para tal erro pela sua conduta ou se as circunstâncias foram tais que o Estado devia ter-se apercebido da possibilidade de erro.
Um erro relativo à redação do texto de um tratado não prejudicará sua validade; neste caso, aplicar-se-á o artigo 79]
O erro é uma hipótese de anulabilidade do tratado por vicio no consentimento estatal. Para que o Estado possa invocá-lo, o erro deve se referir a um fato ou situação essencial que o Estado supunha existir no momento da conclusão do tratado e que o levou a consentir em obrigar-se a este. Destaque-se, que não cabe falar em erro de direito, mas apenas em erro de fato.
Não pode ser invocado o erro como causa para a anulação do tratado se o Estado contribuiu para tal erro ou se as circunstâncias foram tais que o Estado deveria ter percebido da possibilidade de erro.
Um exemplo de erro em um tratado internacional é aquele que envolve questões relativas à delimitação territorial. Suponha que seja celebrado um tratado entre os Estados A e B, definindo suas fronteiras com base em certas coordenadas geográficas. O Estado A acreditava, ao celebrar o tratado, que certa porção de terra estaria em seu território. Entretanto, na verdade as coordenadas geográficas previstas no tratado atribuíam aquela parcela de terra ao Estado B. o Estado A cometeu um erro, poderá invocá-lo como causa para a anulabilidade do tratado.
Dolo 
Outra hipótese de anulabilidade de um tratado é o dolo, que esta prevista no art. 49 da CV
Art. 49 – dolo
Se um estado foi levado a concluir um tratado pela conduta fraudulenta de outro Estado negociador, o Estado pode invocar a fraude como tento invalidado seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
O dolo se diferencia-se do erro pela presença de uma conduta fraudulenta de outro Estado negociador que, por meio de um ardil, cria uma situação fictícia que leva outro Estado a manifestar seu consentimento com uma visão deturbada da realidade. O Estado prejudicado pela fraude, poderá, então, invocar o dolo como tento invalidado seu consentimento.
Ex.: suponha que dois estados (A e B) concluam um tratado de limites definindo suas fronteiras. O Estado B, com o intuito de ludibriar o Estado A, mostra a este um mapa com as coordenadas geográficas erradas, com base no qual é, então, concluído o acordo. Nesse caso, o Estado A manifesta o seu consentimento com base em uma situação fictícia criada pelo Estado B, motivo pela qual poderá invocar a existência de dolo. 
Corrupção de representantes do Estado
A corrupção de representante do Estado, prevista no art. 50 da CV, também poderá dar ensejo à anulação do tratado. Trata-se de mais uma hipótese de anulabilidade.
Art. 50 – coação de representante de um Estado.Se a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado foi obtida por meio da corrupção de seu representante, pela ação direta ou indireta de outro Estado negociador, o Estado pode alegar tal corrupção como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
A característica marcante dessa hipótese de anulabilidade é a presença de vantagem direta ou indireta auferida pelo representante do Estado, o que levou a concluir um tratado.
Coação de representante do Estado
Quando um tratado é concluído mediante coação de representante do Estado, o tratado será nulo de pleno direito, não sendo possível a convalidação. Trata-se de hipótese de nulidade absoluta, prevista no art. 51 da CV.
Art. 51 – coação de representante de um Estado.
Não produzirá qualquer efeito jurídico a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado que tenha sido obtida pela coação de seu representante, por meio de atos ou ameaças dirigidas contra ele.
Coação de um Estado pela ameaça ou emprego de força
Segundo o art. 52 da CV ‘’ é nulo um tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou emprego de força em violação dos princípios do direito internacional incorporados na carta das Nações Unidas’’. Trata-se de dispositivo derivado do princípio internacional aceito de proibição de guerra de agressão, que configura-se, atualmente, em ilícito internacional.
 A coação de um Estado pela ameaça ou emprego de força é hipótese de nulidade absoluta do tratado, o que quer dizer que ela invalida o tratado desde o momento da sua entrada em vigor (ab initio).
Questão controversa é saber qual o alcance da expressão ‘força’ do art. 52, uma vez que não foi precisamente delimitada. Certo é que não se pode querer que essa expressão atinja todas as espécies de ‘’forca’’, mas apenas aquelas manifestações que se configurem ilícito internacional. Sob essa ótica, os tratados de paz, que são sempre acordos celebrados entre vencedores e vencidos, não podem ser considerados como obtidos sob coação.
Exemplo histórico de tratado concluído mediante coação de um Estado foi o tratado Alemanha-Tchecoslováquia (1938). Na oportunidade, a Alemanha ameaçou bombardear praga caso a Tchecoslováquia não ratificasse o tratado que garantia à Alemanha o domínio sobre a Boêmia e a Morávia.
Extinção dos Tratados
Predeterminação ab-rogatória:
Segundo o art. 54 da CV, um tratado internacional poderá ser extinto em conformidade com as disposições do tratado ou, a qualquer momento, pelo consentimento de todas as partes. No primeiro caso, estamos diante do que se chama predeterminação ab-rogatória, que é quanto o texto do tratado prevê uma data ou uma condição para a extinção do tratado.
Ad-rogação superveniente
A ad-rogação superveniente fica caracterizada quando o tratado não tinha qualquer disposição relativa à sua extinção e as partes, por unanimidade, decidem extingui-lo.
Execução integral
Um tratado é extinto quando seu objeto é integralmente executado. Com efeito, se o tratado já alcançou os objetivos a que as partes se propuseram por ocasião de sua celebração, não há mais necessidade de que a existência do tratado persista.
Um tratado entre Brasil e Haiti, por meio do qual o Brasil se compromete a fazer uma contribuição financeira em virtude de um terremoto ocorrido naquele país, será extinto tão logo o Brasil faça a transferência de divisas. 
Impossibilidade superveniente de cumprimento 
O art. 61 da CV permite que uma parte invoque a impossibilidade de cumprimento de um tratado como causa para extingui-lo, se esta impossibilidade resultar da destruição ou desaparecimento definitivo de um objeto indispensável ao cumprimento de um tratado. Trata-se de situação em que o tratado se torna inexequível em virtude de um fato posterior à sua celebração. Tal impossibilidade de cumprimento deverá ser definitiva, pois, caso seja temporária, somente poderá ser invocada como causa para suspender a execução do tratado.
Ex.: imagine um tratado celebrado entre o estado X e o Estado Y, por meio do qual o Estado X fica autorizado a realizar testes nucleares em uma ilha localizada no território do estado Y. Entretanto, por estar localizada em região de instabilidade sísmica, a ilha em questão desaparece em virtude de um tsunami. O tratado celebrado entre o Estado X e o Estado Y torna-se inexequível, pois o lugar em que seriam realizados os testes nucleares desapareceu. 
Artigo 61.º Impossibilidade superveniente de cumprimento 
1 - Uma Parte pode invocar a impossibilidade de cumprir um tratado como motivo para fazer cessar a sua vigência ou para dele se retirar se essa impossibilidade resultar do desaparecimento ou destruição definitivos de um objeto indispensável ao cumprimento do tratado. Se a impossibilidade for temporária, apenas pode ser invocada como motivo de suspensão da aplicação do tratado. 
2 - A impossibilidade de cumprimento não pode ser invocada por uma Parte como motivo para fazer cessar a vigência do tratado, para dele se retirar ou para suspender a sua aplicação se essa impossibilidade resultar de uma violação, pela Parte que a invoca, de uma obrigação decorrente do tratado ou de qualquer outra obrigação internacional relativa a qualquer outra Parte no tratado.
Mudança fundamental das circunstâncias 
O art. 62 da CV consagra a aplicação da cláusula ‘’rebus sic stantibus’’ ao prever que, atendidos certos requisitos, uma mudança fundamental das circunstâncias poderá motivar a extinção de um tratado. Com efeito, quando um tratado é celebrado, as partes levam em consideração internacional daquele momento. É possível, todavia, que a alteração do quadro internacional modifique o equilíbrio convencional, fazendo com que o tratado deixe de ser equitativo para as partes.
Mas quando é que a mudança fundamental das circunstâncias poderá ser alegada?
Para responder essa questão, vejamos o que nos diz o art. 62.
Artigo 62.º Alteração fundamental das circunstâncias 
1 - Uma alteração fundamental das circunstâncias relativamente às que existiam no momento da conclusão de um tratado e que não fora prevista pelas Partes não pode ser invocada como motivo para fazer cessar a vigência de um tratado ou para dele se retirar, salvo se: 
A existência dessas circunstâncias tiver constituído uma base essencial do consentimento das Partes em ficarem vinculadas pelo tratado; 
e b) Essa alteração tiver por efeito a modificação radical da natureza das obrigações assumidas no tratado. 
2 - Uma alteração fundamental das circunstâncias não pode ser invocada como motivo para fazer cessar a vigência de um tratado ou para dele se retirar: 
a) Se se tratar de um tratado que estabeleça uma fronteira; ou 
b) Se a alteração fundamental resultar de uma violação, pela Parte que a invoca, de uma obrigação decorrente do tratado ou de qualquer outra obrigação internacional relativa a qualquer outra Parte no tratado. 
3 - Se uma Parte puder, nos termos dos números anteriores, invocar uma alteração fundamental das circunstâncias como motivo para fazer cessar a vigência de um tratado ou para dele se retirar, pode também invocá-la apenas para suspender a aplicação do tratado.
De acordo com o entendimento expresso no art. 62, uma mudança fundamental nas circunstâncias não poderá ser invocada como causa para extinguir um tratado, a menos que cumpra três condições:
a mudança das circunstâncias foi imprevisível.
As circunstâncias que se modificaram foram essenciais para a expressão do consentimento das partes em se obrigarem pelo tratado.
A mudança das circunstâncias foi radical, ou seja, de grandes dimensões.
Note-se que a alegação de uma mudança fundamental nas circunstâncias como causa para extinguir um tratado é medida de natureza excepcional. A CV tomou bastante cautela ao inserir em seu corpo a teoria ‘’rebus sic stantibus’’, o que se justifica em razão da facilidade de se modificarem as circunstâncias da vida internacional. Dessa forma, não é qualquer mudança de circunstância que motiva a extinção de um tratado, mas apenasaquelas que sejam imprevisíveis, radicais e quem digam respeito a uma circunstância essencial no consentimento das partes contratantes.
A inovação da cláusula ‘’rebus sic standibus’’ por um Estado-parte não é oponível às demais partes. Em outras palavras, um Estado não poderá invocar essa cláusula para romper unilateralmente o tratado. Ao contrário, é necessário um acordo entre as partes que reconheça a mudança fundamental nas circunstâncias ou, na falta desse acordo, uma decisão arbitral ou judiciária.
Denúncia unilateral 
A denúncia é ato unilateral por meio do qual um Estado manifesta sua vontade em desvincular-se de um tratado internacional. Nem sempre a denúncia leva à extinção do tratado, embora possa fazê-lo em situações específicos. 
Um tratado bilateral, é imperativo que as duas partes estejam comprometidas mutuamente. Não haverá sentido, portanto, que apenas um Estado esteja vinculado ao tratado bilateral. Nesse sentido, a denúncia unilateral será hipótese de extinção dos tratados bilaterais. 
Um tratado multilateral, por sua vez, somente será extinto pela denuncia unilateral quando sobrevier uma condição resolutória que não admite mais a sobrevivência do tratado. A título de exemplo, suponha que um tratado determine, em um de seus dispositivos, que será extinto caso o número de partes seja reduzido a 7 Estados. Considerando que a denuncia de um estado X possa levar a essa situação de 7 Estado-parte, é possível afirmar que ela extinguiu o tratado. 
Questão controversa acerca da denúncia é saber quem tem competência, no ordenamento jurídico brasileiro, para realizá-la. Será a denúncia um ato de competência exclusiva do Presidente da República ou o Congresso Nacional também poderá efetuá-la? 
Não há consenso doutrinário a respeito do tema. Para Mazzuoli, a denúncia, da mesma forma que a ratificação, depende da aprovação do Congresso Nacional.
Já Rezek, entende que, no Brasil, tanto o Presidente da República quanto o Congresso Nacional poderão denunciar um tratado internacional. A posição do autor se fundamenta no princípio da ‘tábua rasa’, segundo o qual, para a formulação da vontade estatal, foi necessária a manifestação do Presidente e do Poder Legislativo, apenas uma das vontades será suficiente para desobrigar o Estado no plano internacional.

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