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INTRODUÇÃO A fibromialgia (FM) é uma síndrome dolorosa crônica caracterizada pela distribuição generalizada das queixas álgicas, não inflamatória, de etiologia desconhecida. É caracterizada por dor musculoesquelética difusa e crônica, além de sítios anatômicos específicos dolorosos à palpação, chamados de tender points (figura 1). Frequentemente associa-se à fadiga, ao déficit de memória, cefaléia, distúrbios do sono, rigidez matinal e distúrbios psicológicos, como a ansiedade e depressão (HELFENSTEIN JUNIOR et al; 2012). Figura 1 – Tender points A etiologia e a fisiopatologia da FM permanecem ainda obscuras. As hipóteses são que a fibromialgia seria uma alteração em algum mecanismo central de controle da dor, o qual poderia resultar de uma disfunção de neurotransmissores (HELFENSTEIN JUNIOR et al; 2012). Tal disfunção neuro-hormonal incluiria uma deficiência de neurotransmissores inibitórios em níveis espinhais ou supraespinhais (serotonina, encefalina, norepinefrina e outros), ou uma hiperatividade de neurotransmissores excitatórios (substância P, glutamato, bradicinina e outros peptídeos). Possivelmente, ainda, ambas as condições poderiam estar presentes. Tais disfunções poderiam ser geneticamente predeterminadas e desencadeadas por algum estresse não específico como, por exemplo, uma infecção viral, estresse psicológico ou trauma físico (MARCELO et al; 2009). O eixo hipófise-hipotálamo-adrenal e o sistema nervoso simpático, que compreendem os principais sistemas de resposta ao estresse, juntamente com suas interações com as disfunções neuro-hormonais, também são implicados na fisiopatologia (MARCELO et al; 2009) Um estudo brasileiro determinou a prevalência de 2,5% na população, sendo a maioria do sexo feminino, das quais 40,8% entre 35 e 44 anos de idade. Já em alguns países da Europa os índices de FM encontrados chegam até 10,5% na população adulta. A FM é uma condição comumente observada na prática clínica diária e uma das principais causas de consultas referentes ao sistema musculoesquelético, sendo ainda considerada o segundo distúrbio reumatológico mais encontrado, superada apenas pela osteoartrite (PERCA, 2010). Os critérios de diagnostico para a patologia: 1) História de dor difusa: presentes em todas as regiões do aparelho locomotor incluindo o componente axial. 2) Dor em 11 de 18 pontos dolorosos a serem pesquisados: ➢ Occipitais; ➢ Coluna cervical; ➢ Trapézios; ➢ Supra-espinhosos; ➢ 2° espaços intercostais; ➢ Epicôndilos laterais; ➢ Glúteos; ➢ Grande trocânteres; ➢ Interlinha média do joelho. (PERCA, 2010) São considerados paciente com fibromialgia aqueles que preenchem ambos os critérios por um período mínimo de 3 meses. A presença de outras doenças associadas não exclui o diagnóstico (PERCA, 2010). Um sistema de identificação criado pelo Congresso Americano de Reumatologia (ACR) (figura 2) em 1990, quando a doença foi classificada, consistia em um exame de contagem de tender points. Exames físicos, neurológicos e laboratoriais são recomendados para se comprovar a ausência de demais sintomas. Desta forma, se exclui qualquer possibilidade de uma investigação imprecisa, que não identifique doenças sistêmicas concomitantes (PERCA et al; 2010). Figura 2 – índice de dor generalizada A partir da negativa nos demais exames, a história clínica confirmará (ou não) a presença de fibromialgia. Em geral, sintomatologia estável há pelo menos três meses é o primeiro forte indicativo. Caso o paciente apresente índice de dor difusa ≥ 7/19 e escala de gravidade ≥ 5 ou, ainda, índice de dor difusa entre 3 e 6 e escala de gravidade ≥ 9, está feito o diagnóstico: trata-se de fibromialgia. A partir daí, uma série de tratamentos poderão ser indicados, de acordo com o estilo de vida e quadro clínico do paciente, variando desde exercícios físicos à fisioterapia. (PERCA et al; 2010). Inúmeros tratamentos têm sido propostos visando a remissão do quadro clínico. O objetivo desses tratamentos é a “eliminação dos tender points”, restauração da amplitude de movimento e força muscular normais e sem dor (PERCA et al; 2010). A fisioterapia tem sido indicada no tratamento da FM, pois possibilita a análise e a intervenção na mobilidade humana, reintegrando o paciente ao meio onde vive e, promovendo assim, uma melhora na qualidade de vida. A dor é o principal sintoma da fibromialgia e o seu controle é um dos grandes objetivos do tratamento fisioterapêutico. Além do benefício dos exercícios, outros recursos fisioterapêuticos também são citados na literatura (VITORINO et al; 2009). A estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) aplicada no local da dor mais intensa, associada com injeção de anestésico, relatando diminuição da dor e melhora da função. A crioterapia é um recurso fisioterapêutico também utilizado para analgesia (MARQES et al; 2010). O biofeedback tem sido um recurso utilizado para ensinar técnicas de relaxamento para os pacientes com fibromialgia. A eletroacupuntura é eficaz a curto prazo no alívio dos sintomas. A terapia manual pode ser um recurso importante no tratamento da fibromialgia, dadas as propriedades fisiológicas e psicológicas e maior interação entre o fisioterapeuta e o paciente, foi avaliada a efetividade da quiropraxia – uma técnica de terapia manual – no tratamento de pacientes (MARQES et al; 2010). Os recursos fisioterapêuticos utilizados são, em sua maioria, eficientes a curto prazo, estando sua utilização mais voltada para o auxílio do tratamento da fibromialgia. Porém, associados a programas de exercícios podem contribuir para a melhora da sintomatologia dos fibromiálgicos (MARQES et al; 2010). REFÊRENCIAS MARQUES, Amélia Pasqual, et al. A fisioterapia no tratamento de pacientes com fibromialgia: uma revisão de literatura. Rev. Bras. Reumatol. Vol 42 – N° 1 – Jan/Fev 2010 VITORINO, Débora Fernandes de Melo, et al. Intervenções fisioterapêuticas para pacientes com fibromialgia: Atualização. Rev. Neurociencias Vol 12 – N°3 - JUL/SET, 2009 PERCA, Daniela Cristina Bianchini Nogueira Moreno. Fibromialgia: epidemiologia, diagnostico, fisiopatologia e tratamento fisioterápico. Fisioterapia Brasil. Vol 4 – N° 4 – Jul 2010 HELFENSTEIN JUNIOR, Milton, et al. Fibromialgia: aspectos clínicos e ocupacionais. Rev. Assoc. Med. Bras. 58(3):358-365 – Fev 2012 MARCELO, Riberto, et al. Fisiopatologia da fibromialgia. Acta. Fisiatr. 11(2): 78-81 - Out 2009
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