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1 Farmacologia da glândula tireoide Farmacoterapia da glândula tireoide Histologia da glândula tireoide A tireoide é composta de milhares de folículos tireoidianos, cujo epitélio é composto de células endoteliais denominadas tirócitos. A cavidade dos folículos contém uma substância gelatinosa chamada coloide. O coloide tireoidiano é constituído principalmente por uma glicoproteína denominada tireoglobulina, a qual contém os hormônios da tireoide T3 e T4. O coloide armazena essas substâncias, tornando a tireoide a única glândula endócrina que acumula o seu produto em grande quantidade .Frente a estímulos, como o TSH, o coloide libera seu conteúdo que irá agir sobre todos os tecidos. As células C produzem calcitonina Coloide: • Tireoglobulina • T4 e T3 • Enzimas: peroxidase tireoidiana Hormônios tireoidianos: Arcabouço de 2 moléculas de tirosina iodadas e unidas por uma ligação éter. T3: • 3 átomos de Iodo • Hormônio ativo, possuindo afinidade por receptores dos hormônios tireoidianos; forma biologicamente ativa 2 Farmacologia da glândula tireoide • 4x mais potente • Menor concentração: (9%) • Menor t ½ (1d): armazenamento mais difícil em relação ao T4 • Antigamente o tratamento do hipotireoidismo era feito com T3. No entanto, esse tratamento pode levar à tireotoxicose T4 • 4 átomos de Iodo • Pró-hormônio → convertida em T3 o Possui alguma atividade biológica, mas é reduzida. As enzimas responsáveis pela conversão são as chamadas deiodinase • Menos potente • Maior concentração: cerca de 90% dos hormônios tireoidianos são T4 • Maior tempo de meia-vida (6d): pode ser armazenado, sendo que possuímos grandes reservas no corpo T3r (reverso): • 3 átomos de I • Hormônio inativo • Menor concentração (1%) e menor tempo de meia-vida (1d) • O Iodo se liga numa conformação que não gera afinidade aos receptores de hormônios tireoidianos (di-iodotirosina + monoiodotirosina) Síntese e secreção dos hormônios tireoidianos O primeiro estágio para a formação dos hormônios tireoidianos é o transporte de iodeto do sangue para as células e folículos glandulares da tireoide. A membrana basal das células tireoidianas tem a capacidade de bombear ativamente, iodeto para o interior da célula. Isso é realizado pela ação de simporte de sódio-iodeto (NIS), que cotransporta um íon iodeto junto com dois íons sódio, através da membrana basolateral (plasma) para a célula. A captação, ou concentração de iodo, é influenciada por diversos fatores, dos quais o mais importante é o TSH. Depois de entrar na célula, o iodeto é transportado para a luz do folículo por um transportador iodeto/cloreto (antiporte), a pendrina. Em seguida, o iodeto precisa ser convertido para a forma oxidada de iodo, ou iodo nascente (I0) ou I3-, que é, então, capaz de se combinar diretamente com o aminoácido tirosina. O processo é realizado pela enzima tireoide peroxidase. Como dito, essa reação de oxidação produz um iodeto reativo intermediário, que se acopla a resíduos de tirosina específicos na tireoglobulina. O processo de iodação da tireoglobulina é conhecido como organificação. A organificação resulta em moléculas de tireoglobulina que contêm resíduos de monoiodotirosina (MIT) e diiodotirosina (DIT); esses resíduos de tirosina possuem um ou dois iodos ligados de forma covalente, respectivamente. Após a geração das MIT e das DIT no interior da tireoglobulina, a tireoide peroxidase também catalisa o acoplamento entre esses resíduos. A ligação de uma MIT com a DIT gera T3, enquanto a ligação de duas DIT dá origem à T4. 3 Farmacologia da glândula tireoide A seguir, essas moléculas de tireoglobulina são armazenadas na luz do folículo, sob a forma de coloide. Quando o hormônio tireoestimulante estimula a secreção de hormônio tireoidiano pela glândula tireoide, ocorre endocitose do coloide pelas células foliculares. A tireoglobulina ingerida penetra em lisossomos, onde é digerida por proteases. A digestão proteolítica libera T3, T4, MIT e DIT livres. A T3 e a T4 são transportadas através da membrana basolateral da célula folicular e penetram no sangue. A MIT e a DIT livres sofrem rápida desiodação no interior da célula, permitindo a reciclagem do iodeto para a síntese de novo hormônio tireoidiano. De acordo com a necessidade do tecido, há a conversão de T4 em T3, a forma metabolicamente ativa. A transformação é feita pela enzima deiodinase, sintetizada pelo fígado. O T4 também pode ser convertido em T3r, se sofrer ação deiodinase 3, já o T3 é convertido pela deiodinase tipo 1 e 2. Cerca de 25% do T3 vem diretamente da tireoide e 75% do T4. Já em relação ao T3r tem origem de 5% da tireoide e 95% do T4 A função da deiodinase é retirar iodo da molécula. 4 Farmacologia da glândula tireoide Estímulos para a liberação de hormônios tireoidianos: • Situações de estresse em que o corpo precisa de energia o Variação circadiana: pela manhã há maior liberação de T3 e T4 o Infecção, jejum prolongado, baixas temperaturas Efeitos gerias dos hormônios tireoidianos Há receptores de T3 e T4 em todas as células. Ao se ligar aos seus receptores intracelulares, os hormônios tireoidianos ativam a transcrição nuclear de grande número de genes (enzimas, proteínas estruturais, transporte de proteínas e etc.). Os genes modulados e ativados são os responsáveis pelas ações catabólicas no organismo (os anabólicos são inibidos). TRα e TRβ: são receptores intracelulares de hormônios tireoidianos; NÃO estão na membrana • Domínio de ligação de T3 • Domínio de ligação de DNA • Domínio de ligação de dimerização Efeitos gerais dos hormônios tireoidianos: • Participa do crescimento e maturação óssea • Maturação do SNC • Aumento do metabolismo basal, aumento proteínas transportadoras • Todas as vias catabólicas são aumentadas • Aumenta absorção de glicose • Efeito positivo sobre o SCV o Aumento do fluxo sanguíneo, do DC e da FC o Aumento da força cardíaca Manifestações das alterações dos hormônios tireoidianos Hipertireoidismo Hipotireoidismo • Disfunções orgânicas: taxa metabólica basal FR FC peso corporal, fraqueza muscular, tremores, fadiga extrema, aumento? da sudorese, intolerância ao calor, hiperexcitabilidade neuronal, nervosismo, insônia e exoftalmia • Diagnóstico: medida direta da concentração de T4 no plasma por RIE, metabolismo basal (+30 - +60) • Tratamento: remoção cirúrgica, injeção de iodeto ou terapia farmacológica • Disfunções orgânicas: taxa metabólica basal FR FC peso corporal, intolerância ao frio, lentidão dos movimentos, letargia, sonolência, fadiga, aparência edematosa (mixedema), desenvolvimento de rouquidão, aterosclerose e constipação • Diagnóstico: medida direta da concentração de T4 por RIE, metabolismo basal (-30 a -50) • Tratamento: terapia farmacológica 5 Farmacologia da glândula tireoide Fisiopatologia associadas aos distúrbios da tireoide Doença de Graves: um anticorpo ativa o receptor de TSH. Será encontrado altos níveis de T3 e T4 e baixos níveis de TSH e TRH. Na Doença de Hashimoto os anticorpos destruirão a glândula, resultando em baixo T3 e T4 e alto TSH e TRH. Hipertireoidismo no adulto: Doença de graves • Forma mais comum de hipertireoidismo • Doença autoimune que estimula a tireoide • Pode haver hiperplasia da glândula • Farmacoterapia Adenoma tireoidiano: é um tumor • Forma menos comum • Não associado a nenhuma doença autoimune • Aumento de 2 a 3x acima do normal,com hiperplasia e aumento da secreção • Enquanto ocorrer secreção de hormônios tireoidianos, a função secretória de quase todo o restante da tireoide é quase totalmente inibida em virtude da supressão pelo TSH • O tratamento é basicamente retirar a glândula Hipotireoidismo no adulto: Doença de Hashimoto: • Doença autoimune contra a tireoide • Tireoide autoimune → deterioração progressiva → fibrose glandular → alta secreção de TSH → diminuição ou ausência da secreção hormonal • Diagnóstico: T3 e T4 baixos e TSH e TRH altos • Tratamento: reposição com hormônio sintético oral 6 Farmacologia da glândula tireoide Bócio endêmico • Deficiência de iodo mínima necessária na alimentação • Produção reduzida de T3 e T4 → estimulação da adeno-hipófise → alta secreção de TSH → Hipertrofia da tireoide → não ocorrência do feedback negativo o A glândula cresce porque há muita estimulação, mas pouca produção • Os folículos adquirem enorme tamanho e a tireoide pode aumentar até 20x Hipotireoidismo no início da infância - Cretinismo • Ausência congênita da tireoide (cretinismo congênito) • Incapacidade da tireoide em produzir hormônios • Falta de iodo na dieta (cretinismo) QC: retardo mental, letargia, atraso no crescimento, baixa estatura, má formação óssea, aparência de criança obesa, pequena, robusta (crescimento esquelético mais inibido do que os tecidos moles, o que leva a uma velocidade desproporcional de crescimento) Farmacoterapia do hipotireoidismo Objetivos • Restaurar as concentrações teciduais de hormônio tireoidiano • Aliviar os sintomas • Prevenir os déficits neurológicos em RN e crianças • Reverter as anormalidades bioquímicas do hipotireoidismo Basicamente, o tratamento será com levotiroxina,T4 exógeno, as outras duas não tem no Brasil. Levotiroxina (T4) Liotiroxina (T3) Liotrix (T4/T3 – 4:1) Levotiroxina: • L-isômero de T4 (sintético) • Tratamento de escolha para reposição de hormônio tireoidiano e terapia supressora • Quimicamente estável, custo baixo, desprovida de antigenicidade • Mecanismo de ação: Formação de um reservatório de hormônio tireoidiano para a conversão subsequente em T3 (hormônio ativo) quando o tecido precisar • Principais representantes comerciais: o Syntroid, Puran T4, Euthyrox, Levoid ▪ Princípio ativo: Levotiroxina sódica ▪ Comprimido de 25, 38, 50, 75, 88, 100, 112, 115, 137, 150, 175, 200 e 300 mcg 7 Farmacologia da glândula tireoide É administrado 1x ao dia. Incialmente dosar o TSH do paciente e iniciar com a menor dose possível. Concomitantemente com a evolução do tratamento e aumento de dose, dosar o TSH. Quando o TSH alcançar os níveis fisiológicos tem-se a dose ideal. Farmacocinética: • Administração: via oral • Absorção: variável e incompleta: 50 a 80% da dose administrada é absorvida o Taxa de absorção aumenta na ausência de alimentos • Distribuição: alta taxa de ligação às globulinas ligadoras de tiroxina (TBG) e albumina • Metabolismo: hepático → Conjugação com ácido glicurônico • Eliminação: o Fecal o Sofre reabsorção pela circulação entero-hepática Indicações: • Terapia de reposição ou suplementação hormonal em pacientes com hipotireoidismo o Cretinismo o Mixedema o Hipotireoidismo primária (da glândula tireoide): redução da função; diminuição do tamanho ou remoção total ou parcial da glândula tireoide o Hipotireoidismo secundário (da glândula hipófise) o Hipotireoidismo terciário (do hipótalamo) • Supressão do TSH hipofisário no tratamento ou prevenção de bócio decorrente do aumento de TSH (como em casos de tumores) • Diagnóstico nos testes de supressão: Como saber qual o problema do paciente? Podemos administrar levotiroxina endovenosa. Esperamos que os níveis de TSH fiquem reduzidos, mas se esses valores permanecem altos, então é provável que o problema seja na hipófise e hipotálamo, como um tumor. Esquema terapêutico: • As doses administradas de levotiroxina variam de acordo com o grau de hipotireoidismo, a idade do paciente e a tolerabilidade individual • Recomendações: o Dose inicial: doses baixas de 50 mcg/dia, aumentando-se em 25 mcg a cada 2 ou 3 semanas até que o efeito desejado seja alcançado, ou seja, normalização fisiológica do TSH ▪ Pacientes idosos ou com doença cardíaca: aconselhável iniciar dose de 25 mcg/dia e aumentar 25mcg em intervalos mensais para evitar qualquer estresse sobre o SCV. Isso porque os hormônios tireoidianos podem causar taquicardia o Dose de manutenção: recomenda-se entre 75 a 125 mcg diários ▪ Individualizar o tratamento e efetuar o monitoramento do TSH para determinar a dose ▪ A maioria dos pacientes não exige doses superiores a 150 mcg/dia ▪ A falta de resposta às doses de 200 mcg/dia sugere má absorção, não obediência ao tratamento ou erro diagnóstico 8 Farmacologia da glândula tireoide Gravidez e amamentação: • Não há contraindicação ao uso da levotiroxina durante a gravidez e amamentação. Se a gestante apresenta hipotireoidismo, ela precisa ser tratada. • A levotiroxina atravessa a barreira placentária em quantidade limitada, mas seu uso na prática médica não mostrou efeitos adversos ao feto • A amamentação pode continuar durante o tratamento com levotiroxina. A quantidade de levotiroxina eliminada no leite é mínima e não está associada a nenhum efeito colateral ou potencial para geração de tumores Reações adversas: em geral, estão associadas a dosagem excessiva de levotiroxina e correspondem aos sintomas do hipertireoidismo. Os efeitos tendem a desaparecer com a redução da dosagem ou interrupção temporária do tratamento. • Desordens cardíacas: palpitação, taquicardia, arritmias cardíacas e dor de angina • Desordens da pele e subcutânea: rash, urticária e sudorese • Desordens psiquiátricas: insônia, nervosismo e excitabilidade • Desordens musculoesqueléticas e dos tecidos conjuntivos: fraqueza muscular, cãibras e osteoporose • Desordens gastrintestinais: diarreia e vômitos • Desordens do SNC: dor de cabeça, tremores, hipertensão intracraniana • Outros: fogachos, irregularidades menstruais, perda de peso, intolerância ao calor, febre Contraindicações: • Em caso de intolerância aos componentes da formula • Pacientes com IAM recente • Pacientes com tireotoxicose não tratada: síndrome clínica, não tratada, resultante de níveis elevados de hormônio da tireoide Liotironina: • T3 sintético, biologicamente ativo • É um fármaco utilizado na emergência • Potência uniforme, porém, custo mais elevado e dificuldade no monitoramento com exames laboratoriais convencionais • Resumindo: não usa • Não recomendado para tratamento de rotina, de uso crônico (alto custo, baixo tempo de meia-vida e grande potencial cardiotóxico) • Principais representantes comerciais: o Cynomel, Triyotex ▪ Liotironina sódica ▪ Comprimidos de 5, 25 e 30 mcg Indicações: • Terapia de reposição hormonal do hipotireoidismo quando se precisa de: o Ação de início rápido e curta duração (mixedema) o Supressão a curto prazo do TSH (bócio simples e preparo de doentes com câncer de tireoide para terapia com iodo radioativo) • Síndrome de Wilsons, em que o paciente não tem deiodinase 9 Farmacologia da glândula tireoide Esquema terapêutico: • Hipotireoidismo leve: o 0,0125 a 0,025 mg/dia, com aumento de 0,025mg a cada 1 a 2 semanas até obter-se resultado o Manutenção: 0,025 a 0,05mg/dia • Mixedema o 0,025mg a 0,005mg/dia o Manutenção: 0,025 a 0,05mg/dia • Bócio simples o 0,005mg/dia o Manutenção: ,05mg/dia a 0,01mg/dia • Doses pediátricas – cretinismoo Não se aconselha uso em crianças, pois é questionável se a T3 atravessa a BHE Reações adversas: em geral, estão associadas a dosagem excessiva de levotiroxina e correspondem aos sintomas do hipertireoidismo. Os efeitos tendem a desaparecer com a redução da dosagem ou interrupção temporária do tratamento. • Taquicardia, palpitações, arritmias cardíacas • Cefaleias, agitação, excitabilidade e insônia • Tremores, fraqueza muscular e câimbras • Sudorese, rubor e febre • Perda de peso • Transtorno menstruais • Diarreias e vômitos Contraindicações: • Em caso de intolerância aos componentes da formula • Utilizar com precauções em pacientes com IAM recente, angina de peito, ICC e HAS • Pacientes com tireotoxicose não tratada: síndrome clínica, não tratada, resultante de níveis elevados de hormônio da tireoide Liotrix: • T4:T3 sintético na razão de 4:1 • Quimicamente estável, puro e apresenta potência previsível, mas de alto custo • Carece de justificativa terapêutica, visto que cerca de 35% do T4 são convertidos em T3 perifericamente • Princiapis representantes comerciais: o Novotiral ▪ Levotiroxina sódica/Liotironina ▪ Comprimidos de 100 a 20 mcg Farmacoterapia do hipertireoidismo Objetivos: 10 Farmacologia da glândula tireoide • Eliminar o excesso de hormônios tireoidianos • Minimizar os sintomas e as consequências a longo prazo • Fornecer um tratamento individualizado com base no tipo e na gravidade da doença, idade e sexo do paciente, na presença de patologias não tireoidianas e na resposta ao tratamento prévio As opções são: - Agentes antitireoidianos → redução da síntese/liberação hormonal de T3 e T4 - Iodo radioativo → destruição da glândula - Tireoidectomia cirúrgica → remoção da glândula em situação de adenoma Alvos farmacológicos • Inibidores iônicos: bloqueiam o simportador Na+/I • Tioaminas: Influenciam na organificação e na conversão de T4 em T3 • Iodeto inorgânico: inibição do acoplamento • Iodo radioativo: destruição da glândula Inibidores iônicos: não são mais utilizados na clínica Inibidores da captação de iodeto São ânions com raio atômico aproximado do iodeto e que, por isso, competem pelo canal NIS (simportador Na+/I) Principais representantes: Perclorato, Tiocianato e Pertecnetato Uso obsoleto: • Substituídos pelas tioaminas que são mais eficazes • Reação adversa grave: anemia aplásica • Os efeitos não são imediatos, devido a grande reserva de hormônio pré-formado pelo hipertireoidismo Tioaminas: principal classe Interferem na organificação e acoplamento da tireoglobulina. Inibem a tireoide peroxidase, não deixando o iodo radioativo e bloqueando o acoplamento • Competem com a tireoglobulina pelo I2 (Tiamazol e propiltiouracil) • Inibem a tireoide peroxidase (tiamazol, propiltiouracil) • Inibem a conversão periférica de T4 em T3, ou seja, inibe a deiodinase (Propiltiouracil) 11 Farmacologia da glândula tireoide 1. Propiltiouracila (PTU): • Principal representante comercial: o Propilracil o Comprimido de 100mg • Indicação: o Tratamento do hipertireoidismo • Esquema terapêutico o Administração: via oral o Dose: (em adultos) – Como fazer o tratamento: primeiro uma fase de indução e outra de manutenção ▪ Indução (4 a 8 semanas): 300mg para o hipertireoidismo leve; 600mg para hipertireoidismo grave. Doses divididas em3x/dia (8/8h). É como se fosse uma dose de ataque ▪ Manutenção (12 a 24 meses): 100 a 200 mg/dia (2 cp em doses fracionadas) ▪ O paciente vai seguir esse esquema de manutenção por dois anos, ai depois analisar se houve remissão mesmo. ▪ Depois da remissão, os pacientes devem ser monitorados a cada 6 a 12 meses. Se houver recidiva, prefere-se alternar o tratamento com ablação da glândula em lugar de um segundo ciclo de fármacos antitireoidianos, já que os ciclos subsequentes têm menos tendência a induzir remissão 2.Tiamazol (metimazol): • Principal representante comercial: o Tapazol o Comprimidos de 5 ou 10mg • Indicação: tratamento do hipertireoidismo • Esquema terapêutico o Administração via oral o Dose (em adultos) ▪ Indução 15mg para o hipertireoidismo leve, 30 a 40mg para o hipertireoidismo moderado a grave e 60mg para o hipertireoidismo grave. Doses divididas em3x/dia (8/8h) ▪ Manutenção: 5 a 15mg/dia (tratar também durante 2 anos) ▪ De novo: se não houver remissão, fazer ablação da glândula Gravidez e amamentação • A PTU é a tioamina mais indicada para o uso durante a gestação • Atravessam a barreira placentária e pode induzir bócio e cretinismo no feto em desenvolvimento • São contraindicados na lactação uma vez que ocorre excreção pelo leite materno Reações adversas: De menor importância • Exantema, urticária e prurido • Náusea, vômitos, dor epigástrica, parestesia e perda do paladar • Perda anormal do cabelo • Mialgia e dor de cabeça • Leucopenia transitória benigna (leucócitos < 4000/mm3) • Formação de bócio → suprarregução do TSH 12 Farmacologia da glândula tireoide De maior importância: • Mielossupressão: o Agranulocitose (<250/mm3): monitorar sintomas de febre, dor de garganta, infecção orofaríngea, erupções cutâneas, dor de cabeça e mal-estar geral o Leucopenia, trombocitopenia e anemia aplásica: monitorar a função da medula óssea • Hipoprotrombinemia e hemorragia: monitorar o tempo de protrombina e evitar a associação com anticoagulantes • Anormalidades da função hepática: monitorar a transaminase hepática Contraindicações: • Em casos de intolerância aos componentes da fórmula • Mulheres que estão amamentando Iodeto radioativo – I131 Induz necrose celular e fibrose do tecido intersticial Partículas de radiação causam destruição progressiva da glândula. O grande problema é que a deterioração é progressiva, então não tem como prever se haverá evolução para níveis normais de hormônios tireoidianos ou para hipotireoidismo Agudo: concentra-se na glândula tireoide e interrompe inicialmente a síntese de hormônio por meio da sua incorporação aos hormônios tireoidianos e à tireoglobulina Crônico: em algumas semanas, evidencia-se destruição local e seletiva da glândula tireoide, em virtude da emissão de partículas β da RAI. Indicações e contraindicações: • Indicações: o Hipertireoidismo o Agente de escolha para a doença de Graves, nódulos tóxicos autônomos e os bócios multinodulares tóxicos • Contraindicação: Gestação por conta da radiação Esquema terapêutico: • Administração: via oral, em dose única. Dose total aprox. de 10 a 15 mCi • Pacientes com doença cardíaca e pacientes idosos são frequentemente tratados com tioaminas antes da ablação com RAI, uma vez que os níveis de hormônios tireoidianos aumentam transitoriamente após o tratamento com RAI, devido à liberação de hormônio tireoidiano pré-formado • Fármacos antitireoidianos não são rotineiramente usados após RAI • Se forem utilizados iodetos, eles devem ser administrados dentre de 3 a 7 dias após o RAI, a fim de evitar a interferência da captação da RAI pela glândula • Resumindo: não usar iodeto e nem tioaminas Reações adversas: • Comum a ocorrência de hipotireoidismo dentro de vários meses a anos após a RAI • Efeito agudos de curto prazo: náuseas, vômitos, dor e irritação estomacal 13 Farmacologia da glândula tireoide Iodeto inorgânico Bloqueia agudamente a organificação e a síntese e liberação de hormônios tireoidianos (Efeito de Wolff-Cjaikoff) Alta dose de iodo que nem o que adquire através da dieta. Quando a tireoide recebe iodo em altas doses,pode haver o efeito de Wolff-Cjaikoff, que leva à redução da atividade da glândula, como se fosse um feedback negativo mediado pelo iodo. Representantes: • Iodeto de potássio: solução saturada (SSKI – 38mg de iodeto por gota) o 3 a 10 gotas ao dia (120 a 400mg) em água ou suco • Solução de Lugol (6,3mg de iodeto por gota) Indicações: • Terapia adjuvante na preparação de paciente com doença de Graves para cirurgia → Inibe agudamente a liberação de hormônios tireoidianos diminui e a vascularização da glândula, ou seja, diminui o tamanho da glândula, facilitando o procedimento cirúrgico o Administrar 7 a 14 dias antes do procedimento cirúrgico • Terapia adjuvante do RAI o Utilizar 3 a 7 dias após o tratamento com RAI, de modo que a RAI possa se concentrar na tireoide • Pode ser usado como prevenção em casos de acidentes (acidente de Chernobyl) • Não deve ser administrado em monoterapia pois a sobrecarga de iodo pode aumentar o substrato para formação de T3 e T4 (pode haver até tireotoxicose). Então utilizar antes as tioaminas ▪ Escape glandular em 2 a 8 semanas e a suspensão pode provocar exacerbação na tireotoxicose em glândula com quantidade abundante de iodo. o Devem ser iniciados após a instituição da terapia com tioaminas Reações adversas: • Reações de hipersensibilidade: exantemas cutâneos, febre medicamentosa, rinite, conjuntivite • Edema das glândulas salivares e ginecomastia • Iodismo: gosto metálico, sensação de queimação na boca e na garganta, hipersensibilidade dos dentes e gengivas, sintomas de resfriado, desconforto gástrico e diarreia Bloqueadores adrenérgicos: é um tratamento sintomático frente aos efeitos da tireotoxicose • Terapia adjuvante com antitireoidianos, RAI ou iodetos o β- bloqueadores: aliviam os sintomas de tireooxicose: palpitações, ansiedade, tremor e intolerância ao calor • Não exercem nenhum efeito sobre a tireotoxicose • Podem bloquear parcialmente a conversão de T4 em T3 (contribuição para o efeito global é pequena) • Efeitos colaterais: náuseas, vômitos, insônia, tontura e bradicardia • Principal representante: propranolol de 20 a 40mg v.o. 4x/dia
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