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Trabalho - Ética e Sexualidade

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Daniela do Monte Eugênio (N476893) 
Larissa Silva Santos (D9594A-6) 
Natalia Fernandes de Oliveira Silva (D98631-7) 
Raissa de Moura Zanatto Mafra (N490GA-9) 
Yasmim da Silva Bueno (D85536-0) 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÉTICA E SEXUALIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Daniela do Monte Eugênio N476893 
Larissa Silva Santos D9594A-6 
Natalia Fernandes de Oliveira Silva D98631-7 
Raissa de Moura Zanatto Mafra N490GA-9 
Yasmim da Silva Bueno D85536-0 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÉTICA E SEXUALIDADE 
 
 
 
 
Trabalho apresentado ao curso de 
Psicologia, abordando a disciplina de 
Ética Profissional, como requisito 
parcial para obtenção da nota 
semestral. 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Sumário 
1. INTRODUÇÃO 7 
2. DESENVOLVIMENTO 9 
SEXO EM VÁRIAS CULTURAS 10 
RELAÇÕES ENTRE MESMO SEXO 20 
RELIGIÃO E SEXO 21 
TECNOLOGIA E SEXO 25 
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS 27 
PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO PARA DISFUNÇÃO SEXUAL FEMININA 30 
O POSICIONAMENTO DO CFP/CRP 33 
RESOLUÇÃO Nº 1, DE 29 DE JANEIRO DE 2018 33 
RESOLUÇÃO CFP Nº 1, DE 22 DE MARÇO DE 1999 35 
3. CONCLUSÃO 37 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
1. INTRODUÇÃO 
As curiosidades sobre a sexualidade e os sentimentos que ela desperta sempre 
esteve presente ao longo da história. Podemos verificar diversas obras de arte da 
Antiguidade, ou até mesmo desenhos pré-históricos que retratam o corpo humano; 
e muitos com ênfase nos órgãos genitais. O pênis, por exemplo, conhecido como 
"falo" ao estar ereto, já foi idolatrado como o símbolo de fertilidade, de sorte, de 
proteção, de poder e de liderança pelas mais diversas culturas do globo terrestre e, 
ainda, tem vital importância simbólica na atualidade. Referências sobre esse estudo 
podem ser encontradas desde a Idade Antiga, nos escritos do filósofo Platão, onde 
ele identificava o deus Eros como o deus do amor e dos apetites sexuais, deus do 
instinto básico da vida e responsável pela atração entre os corpos.[nota 1] Em 
contrapartida, ao analisarmos os discursos a partir do século XVII, percebemos que 
o ato sexual passou a ser colocado pela burguesia e principalmente pela Igreja em 
outro patamar, retirando-lhe a centralidade. Alguns autores analisam que, apesar 
de marcada por relações de poder, a sexualidade não pode ser vista como uma 
mera extensão de conflitos marcados pela luta de classes. Se para a aristocracia a 
“pureza” estava no sangue, para a burguesia ela se encontraria apenas na busca 
de uma sexualidade garantidora da diferenciação frente aos demais componentes 
da sociedade. Somente quando se colocam problemas econômicos, como, por 
exemplo, o controle das populações, que a sexualidade do trabalhador passará a 
constituir problema. Assim é que a burguesia desempenha papel significativo na 
evolução de uma nova visão de sexualidade, mas não necessariamente sob a forma 
de “censura”. Quanto à Igreja, sobretudo a Católica, que dominava de uma certa 
forma a mentalidade da sociedade da época, a sexualidade ficou restringida à ideia 
de procriação donde qualquer tipo de controle de natalidade, ao contrário do 
propagado pelos especialistas da demografia, é visto como pecado. Entretanto, com 
a difusão dos estudos e princípios da Revolução Científica, a medicina se tornou 
um ator fundamental neste processo, ao instaurar uma série de procedimentos 
pelos quais as práticas sexuais passaram a ser analisadas, a partir de uma visão 
“científica”. Tal discurso se torna poderoso à medida que não fala em nome de 
especulações e de falsas crenças determinadas pela Igreja, dando um lugar central 
à objetividade junto as observações criteriosas baseadas nos métodos científicos 
 
 
 
8 
 
que garantem uma “verdade” irretocável e, por isso mesmo, que se coloca na 
condição de guia para o estudo e prática sexual. 
O estudo da sexualidade hoje nos tempos atuais, destacou-se no estudo da 
sexualidade o surgimento da psicanálise. Sigmund Freud se referiu ao deus Eros 
como a libido, força vital de amor. O tema da sexualidade foi primeiro abordado por 
Michel Foucault, que problematiza essa questão confrontando-a com a moral 
contemporânea. De acordo com o contexto social do mundo moderno, o papel do 
homem e da mulher na sociedade seria paralelo aos papéis dos dois gêneros no 
mundo greco-romano. Neste caso, os gêneros não são caracterizados em um 
aspecto biológico, mas sim pelo caráter social. Para os estudiosos de cultura 
contemporânea, o sexo não seria uma ação natural, e sim uma construção de cada 
época. Portanto, significa que o conceito de sexo muda de acordo com a convenção 
de cada sociedade. Sendo assim, o que é convenção seria considerado natural e 
adequado porque "praticamente toda configuração imaginável de prazer pode ser 
institucionalizada como convenção." O interesse pelo estudo da Sexualidade é 
crescente pelo mundo inteiro. Verifica-se um avanço na tentativa de melhor 
capacitar os profissionais de diferentes áreas visando aumentar seus desempenhos 
em suas diferentes funções. Além de médicos, temos psicólogos, enfermeiros e 
educadores investindo nessa área através do desenvolvimento de trabalhos de 
pesquisa aprofundados no tema. É importante ressaltar que, para uma melhor 
compreensão da dinâmica da sexualidade, é necessária uma desvinculação de 
valores próprios que podem trazer conclusões preconceituosas de uma 
determinada sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
 
O trabalho do jurista suíço Johann Bachofen teve um grande impacto no estudo da 
história da sexualidade. Muitos autores, notavelmente Lewis Henry Morgan e 
Friedrich Engels, foram influenciados por Bachofen e criticaram as ideias de 
Bachofen sobre o assunto, que foram quase inteiramente extraídas de uma leitura 
atenta da mitologia antiga. Em seu livro de 1861, Mother Right: Uma Investigação 
do Caráter Religioso e Jurídico do Matriarcado no Mundo Antigo, Bachofen escreve 
que, no início, a sexualidade humana era caótica e promíscua. Esse estágio 
"afrodítico" foi substituído por um estágio "deméterico" matriarcal, que resultou da 
mãe sendo a única maneira confiável de estabelecer descendentes. Somente após 
a mudança para a monogamia imposta pelos homens, a certeza da paternidade era 
possível, dando origem ao patriarcado - o estágio final "apolíneo" da humanidade. 
Embora os pontos de vista de Bachofen não sejam baseados em evidências 
empíricas, eles são importantes por causa do impacto que causaram nos 
pensadores, especialmente no campo da antropologia cultural. Explicações 
modernas sobre as origens da sexualidade humana baseiam-se na biologia 
evolutiva e, especificamente, no campo da ecologia comportamental humana. A 
biologia evolutiva mostra que o genótipo humano, como o de todos os outros 
organismos, é o resultado daqueles ancestrais que se reproduziram com maior 
frequência do que outros. As adaptações resultantes do comportamento sexual não 
são, portanto, uma "tentativa" por parte do indivíduo de maximizar a reprodução em 
uma dada situação - a seleção natural não "enxerga" no futuro. Em vez disso, o 
comportamento atual é provavelmente o resultado de forças seletivas que 
ocorreram no Pleistoceno. Por exemplo, um homem que tenta fazer sexo com 
muitas mulheres, evitando o investimento dos pais, não o faz não porque quer 
"aumentar a sua forma física", mas sim porque a estrutura psicológicaque evoluiu 
e prosperou no Pleistoceno nunca foi embora. 
O discurso sexual - e por extensão, a escrita - tem estado sujeito a padrões variados 
de decoro desde o começo da história. Durante a maior parte do tempo histórico, a 
escrita não foi usada por mais que uma pequena parte da população total de 
qualquer sociedade. A autocensura resultante e as formas eufemísticas traduzem-
se hoje em uma escassez de evidências explícitas e precisas sobre as quais basear 
 
 
 
10 
 
uma história. Há várias fontes primárias que podem ser coletadas em uma ampla 
variedade de épocas e culturas, incluindo as seguintes: 
 
• Registros da legislação indicando encorajamento ou proibição. 
• Textos religiosos e filosóficos recomendando, condenando ou debatendo o 
tema. 
• Fontes literárias, talvez inéditas durante a vida de seus autores, incluindo 
diários e correspondência pessoal. 
• Livros médicos que tratam várias formas como uma condição patológica 
Desenvolvimentos linguísticos, particularmente em gírias. 
• Mais recentemente, estudos de sexualidade. 
 
 
SEXO EM VÁRIAS CULTURAS 
 
ÍNDIA 
 
A Índia desempenhou um papel significativo na história do sexo, escrevendo uma 
das primeiras literaturas que tratavam as relações sexuais como ciência, sendo nos 
tempos modernos a origem do enfoque filosófico das atitudes dos grupos da nova 
era sobre o sexo. Pode-se argumentar que a Índia foi pioneira no uso da educação 
sexual através da arte e da literatura. Como em muitas sociedades, havia uma 
diferença nas práticas sexuais na Índia entre pessoas comuns e governantes 
poderosos, com pessoas no poder muitas vezes se entregando a estilos de vida 
hedonistas que não representavam atitudes morais comuns. Muitas das práticas 
sexuais comuns (e não tão comuns) no mundo hoje, como o costume e a arte de 
beijar, surgiram na Índia, proliferando com as primeiras formas de globalização. 
A primeira evidência de atitudes em relação ao sexo vem dos antigos textos do 
hinduísmo, do budismo e do jainismo, os primeiros dos quais talvez sejam a mais 
antiga literatura sobrevivente do mundo. Esses textos mais antigos, os Vedas, 
revelam perspectivas morais sobre as orações de sexualidade, casamento e 
fertilidade. A magia do sexo apareceu em vários rituais védicos, mais 
 
 
 
11 
 
significativamente no Asvamedha Yajna, onde o ritual culminou com a rainha 
principal deitada com o cavalo morto em um ato sexual simulado; claramente um 
rito de fertilidade destinado a salvaguardar e aumentar a produtividade do reino e 
as proezas marciais. As epopeias da antiga Índia, o Ramayana e o Mahabharata, 
que podem ter sido originalmente compostas em 1400 a.C., tiveram um efeito 
enorme na cultura da Ásia, influenciando posteriormente a cultura chinesa, 
japonesa, tibetana e do sudeste asiático. Esses textos apoiam a visão de que, na 
Índia antiga, o sexo era considerado um dever mútuo entre um casal, onde marido 
e mulher davam prazer um ao outro igualmente, mas onde o sexo era considerado 
um assunto privado, pelo menos pelos seguidores das religiões indianas 
mencionadas. Parece que a poligamia foi permitida durante os tempos antigos. Na 
prática, isso parece ter sido praticado apenas por governantes, com pessoas 
comuns mantendo um casamento monogâmico. É comum em muitas culturas que 
uma classe dominante pratique a poligamia como uma forma de preservar a 
sucessão dinástica. 
A literatura sexual mais conhecida publicamente da Índia são os textos do Kama 
Sutra. Estes textos foram escritos para e mantidos pelo filósofo, guerreiro e nobreza 
castas, seus servos e concubinas e aqueles em certas ordens religiosas. Estas 
eram pessoas que também podiam ler e escrever e tinham instrução e educação. 
As sessenta e quatro artes do amor-paixão-prazer começaram na Índia. Há muitas 
versões diferentes das artes que começaram em sânscrito e foram traduzidas para 
outras línguas, como persa ou tibetano. Muitos dos textos originais estão faltando e 
a única pista para sua existência está em outros textos. O Kama Sutra, a versão de 
Vatsyayana, é um dos sobreviventes conhecidos e foi traduzido pela primeira vez 
para o inglês por Sir Richard Burton e F. F. Arbuthnot. O Kama Sutra é agora talvez 
o texto secular mais lido no mundo. Ele detalha as maneiras pelas quais os 
parceiros devem se satisfazer em um relacionamento conjugal. 
Quando a cultura islâmica e vitoriana inglesa chegou à Índia, eles geralmente 
tiveram um impacto adverso no liberalismo sexual na Índia. No contexto das 
religiões indianas, ou dharmas, como o hinduísmo, o budismo, o jainismo e o 
sikhismo, o sexo é geralmente visto como um dever moral de cada parceiro em um 
relacionamento de casamento de longo prazo com o outro, ou é visto como um 
desejo que impede o desapego espiritual e, portanto, deve ser renunciado. Na Índia 
 
 
 
12 
 
moderna, um renascimento do liberalismo sexual ocorreu entre a população urbana 
bem-educada, mas ainda há discriminação e incidentes de casamento forçado entre 
os pobres. 
Dentro de certas escolas de filosofia indiana, como o Tantra, a ênfase no sexo como 
um dever sagrado, ou mesmo um caminho para a iluminação espiritual ou equilíbrio 
yoguico é grandemente enfatizada. A relação sexual real não faz parte de todas as 
formas de prática tântrica, mas é a característica definitiva do Tantra esquerdo. Ao 
contrário da crença popular, o "sexo tântrico" nem sempre é lento e sustentado, e 
pode terminar no orgasmo. Por exemplo, o Yoni Tantra afirma: "deve haver cópula 
vigorosa". No entanto, todo o tantra afirma que havia certos grupos de 
personalidades que não se encaixavam em certas práticas. O Tantra era específico 
da personalidade e insistia em que aqueles com pashubhava, que são pessoas de 
natureza desonesta, promíscua, gananciosa ou violenta que comiam carne e se 
entregam à intoxicação, só incorrem em karma ruim seguindo caminhos tântricos 
sem a ajuda de um guru que poderia instruí-los no caminho correto. No tantra 
budista, a ejaculação real é muito mais um tabu, já que o objetivo principal da prática 
sexual é usar a energia sexual para alcançar a iluminação plena, ao invés do prazer 
comum. O sexo tântrico é considerado uma experiência prazerosa na filosofia 
tântrica. 
 
CHINA 
 
No I Ching (O Livro das Mutações, um texto clássico chinês que trata da 
adivinhação), o ato sexual é um dos dois modelos fundamentais usados para 
explicar o mundo. Sem embaraço nem circunlocução, o Céu é descrito como tendo 
relações sexuais com a Terra. Da mesma forma, sem nenhum senso de interesse 
lascivo, os amantes masculinos dos primeiros homens chineses de grande poder 
político são mencionados em uma das primeiras grandes obras de filosofia e 
literatura, o Zhuang Zi (ou Chuang Tzu, como está escrito no antigo sistema. de 
romanização). 
A China tem uma longa história de sexismo, com até mesmo líderes morais como 
Confúcio dando relatos extremamente pejorativos das características inatas das 
mulheres. Desde os primórdios, a virgindade das mulheres era rigidamente 
 
 
 
13 
 
reforçada pela família e pela comunidade e estava ligada ao valor monetário das 
mulheres como uma espécie de mercadoria (a "venda" de mulheres envolvendo a 
entrega de um preço de noiva). Os homens eram protegidos em suas próprias 
aventuras sexuais por um duplo padrão transparente. Embora a primeira esposa de 
um homem com algum tipo de status social na sociedade tradicional fosse quase 
certamente escolhida para ele por seu pai e/ou avô, o mesmo homem poderia mais 
tarde assegurar para si mesmo parceiros sexuais mais desejáveis com o status de 
concubinas. Além disso, os servos emsua posse também poderiam estar 
sexualmente disponíveis para ele. Naturalmente, nem todos os homens dispunham 
de recursos financeiros para se dedicarem tanto a si mesmos. 
A literatura chinesa exibe uma longa história de interesse em afeto, felicidade 
conjugal, sexualidade descarada, romance, flertes amorosos, alianças 
homossexuais - enfim, todos os aspectos do comportamento que são afiliados à 
sexualidade no Ocidente. Além das passagens anteriormente mencionadas de 
Zhuang Zi, a sexualidade é exibida em outras obras literárias, como a dinastia Tang 
Yingying zhuan (Biografia de Cui Yingying), a dinastia Qing Fu sheng liu ji (Seis 
capítulos de uma vida flutuante), o humorístico e intencionalmente o lascivo Jin Ping 
Mei e o Hong lou meng (Sonho da Câmara Vermelha, também chamado de História 
da Pedra), multifacetado e perspicaz. Do exposto acima, apenas a história de 
Yingying e seu marido Zhang de fato não descrevem as interações homossexuais 
e heterossexuais. O romance intitulado Rou bu tuan (Tapete de oração de carne) 
descreve até mesmo transplantes de órgãos entre espécies para melhorar o 
desempenho sexual. Entre a literatura chinesa estão os textos clássicos taoístas. 
Esta tradição filosófica da China desenvolveu práticas sexuais taoístas que têm três 
objetivos principais: saúde, longevidade e desenvolvimento espiritual. 
O desejo de respeitabilidade e a crença de que todos os aspectos do 
comportamento humano podem ser colocados sob controle do governo têm sido 
mandados a porta-vozes oficiais chineses para manter a ficção de fidelidade sexual 
no casamento, ausência de grande frequência de relações sexuais antes do 
casamento e total ausência na China do chamado "fenômeno capitalista decadente" 
da homossexualidade. O resultado das demandas ideológicas que impedem o 
exame objetivo do comportamento sexual na China, até muito recentemente, tornou 
extremamente difícil para o governo tomar medidas efetivas contra doenças 
 
 
 
14 
 
sexualmente transmissíveis, especialmente a AIDS. Ao mesmo tempo, grandes 
migrações para as cidades, juntamente com o desequilíbrio de gênero na China e 
uma quantidade significativa de desemprego, levaram ao ressurgimento da 
prostituição em locais não regulamentados, um proeminente acelerador da 
propagação de DSTs para muitos membros comuns da sociedade. 
Nas últimas décadas, o poder da família sobre os indivíduos enfraqueceu, tornando 
cada vez mais possível que jovens homens e mulheres encontrem seus próprios 
parceiros sexuais e/ou matrimoniais. 
 
JAPÃO 
 
No que é frequentemente chamado de o primeiro romance do mundo, o Genji 
Monogatari (Conto de Genji), que remonta acerca do século VIII d.C., o erotismo é 
tratado como uma parte central da vida estética da nobreza. As interações sexuais 
do Príncipe Genji são descritas em grande detalhe, num tom de voz objetivo e de 
uma forma que indica que a sexualidade era um componente tão valorizado da vida 
culta quanto a música ou qualquer outra arte. Enquanto a maioria de suas 
interações eróticas envolvem mulheres, há um episódio revelador em que Genji 
percorre uma distância relativamente grande para visitar uma das mulheres com 
quem ocasionalmente consente, mas a encontra longe de casa. Chegando tarde, e 
a relação já está no cardápio do dia, Genji sente prazer na disponibilidade do irmão 
mais novo da moça, que, segundo ele, é igualmente satisfatório como parceiro 
erótico. 
Daquele tempo até pelo menos a Reforma Meiji, não há indicação de que a 
sexualidade tenha sido tratada de forma pejorativa. Nos tempos modernos, a 
homossexualidade foi tirada de vista até que ressurgiu, na esteira da revolução 
sexual, com aparentemente pouca ou nenhuma necessidade de um período de 
aceleração. Yukio Mishima, provavelmente o escritor japonês mais conhecido do 
mundo exterior, frequentemente escreveu sobre a homossexualidade e sua relação 
com a cultura japonesa nova e antiga. Da mesma forma, a prostituição, a 
pornografia, a tradição da Gueixa e inúmeros tipos de fetiche e sadomasoquismo 
ressurgiram após décadas no subsolo. 
 
 
 
15 
 
No Japão, a sexualidade era governada pelas mesmas forças sociais que tornam 
sua cultura consideravelmente diferente da da China, Coréia, Índia ou Europa. Na 
sociedade japonesa, o principal método usado para garantir o controle social é a 
ameaça do ostracismo. A sociedade japonesa ainda é uma sociedade muito 
vergonhosa. Mais atenção é dada ao que é educado ou apropriado para mostrar 
aos outros do que a quais comportamentos podem fazer uma pessoa parecer 
"corrupta" ou "culpada", no sentido cristão de as palavras. A tendência das pessoas 
na sociedade japonesa de se agruparem em termos de "grupos" e "fora de grupo" - 
resíduo de sua longa história como uma sociedade de castas - é uma fonte de 
grande pressão em todas as facetas da sociedade, através da cultura pop a 
natureza tribal, muitas vezes materialista e muito complexa das subculturas 
adolescentes), bem como os padrões mais tradicionais (como no papel de alta 
pressão dos assalariados). A expressão sexual varia de um requisito a um tabu 
completo, e muitos, especialmente os adolescentes, se vêem desempenhando 
muitos papéis estritamente separados durante a semana. 
Um local frequente de equívocos em relação à sexualidade japonesa é a instituição 
da gueixa. Ao invés de ser uma prostituta, uma gueixa era uma mulher treinada em 
artes como música e conversas cultas, e que estava disponível para interações não-
sexuais com sua clientela masculina. Essas mulheres diferiam das esposas que 
seus patronos provavelmente tinham em casa porque, com exceção da gueixa, 
normalmente não se esperava que as mulheres estivessem preparadas para nada 
além do cumprimento das tarefas domésticas. Essa limitação imposta pelo papel 
social normal da maioria das mulheres na sociedade tradicional produziu uma 
diminuição nas atividades que essas mulheres poderiam desfrutar, mas também 
uma limitação nas maneiras que um homem poderia desfrutar da companhia de sua 
esposa. A gueixa cumpriu os papéis sociais não sexuais que as mulheres comuns 
foram impedidas de cumprir e, por esse serviço, foram bem remuneradas. As 
gueixas não foram privadas de oportunidades de se expressarem sexualmente e de 
outras formas eróticas. Uma gueixa poderia ter um patrono com quem ela gostava 
de intimidade sexual, mas esse papel sexual não fazia parte de seu papel ou 
responsabilidade como gueixa. 
Como um nível superficial, na sociedade japonesa tradicional era esperado que as 
mulheres fossem altamente subservientes aos homens e especialmente aos seus 
 
 
 
16 
 
maridos. Assim, em uma descrição socio-normal de seus papéis, eles eram pouco 
mais que donos de casa e parceiros sexuais fiéis para seus maridos. Seus maridos, 
por outro lado, podem se relacionar sexualmente com quem eles escolheram fora 
da família, e uma parte importante do comportamento social masculino envolve 
incursões depois do trabalho a lugares de entretenimento na companhia de coortes 
masculinos do local de trabalho - lugares que podem facilmente oferecer 
possibilidades de satisfação sexual fora da família. No período do pós-guerra, esse 
lado da sociedade japonesa viu alguma liberalização em relação às normas 
impostas às mulheres, bem como uma expansão dos poderes de facto das 
mulheres na família e na comunidade que existiam sem reconhecimento na 
sociedade tradicional. 
Nos anos desde que as pessoas tomaram conhecimento da epidemia de AIDS, o 
Japão não sofreu as altas taxas de doença e morte que caracterizam, por exemplo, 
algumas nações da África, algumas nações do Sudeste Asiático etc. Em 1992, o 
governo do Japãojustificou a sua recusa contínua em permitir a distribuição de 
contraceptivos orais no Japão, com o receio de reduzir o uso de preservativos e, 
assim, aumentar a transmissão da SIDA. A partir de 2004, o preservativo foi 
responsável por 80% do uso do controle de natalidade no Japão, e isso pode 
explicar as taxas de AIDS comparativamente menores do Japão. 
 
ANTIGUIDADE CLÁSSICA 
 
Na Grécia antiga, o falo, muitas vezes na forma de um herma, era um objeto de 
culto como um símbolo de fertilidade. Isso encontra expressão na escultura grega 
e em outras obras de arte. Uma antiga ideia masculina grega de sexualidade 
feminina era que as mulheres invejavam os pênis dos machos. As esposas eram 
consideradas mercadorias e instrumentos para gerar filhos legítimos. Elas tinham 
que competir sexualmente com eromenos, hetaeras e escravos em suas próprias 
casas. 
Tanto a homossexualidade quanto a bissexualidade, na forma de efebofilia (em 
alguns aspectos, escravidão), eram instituições sociais na Grécia antiga e eram 
essenciais para a educação, a arte, a religião e a política. As relações entre adultos 
 
 
 
17 
 
não eram desconhecidas, mas eram desfavoráveis. As relações lésbicas também 
eram de natureza pederástica. 
Na Grécia antiga, era comum os homens terem relações sexuais com os jovens. 
Essas práticas eram um sinal de maturidade para os jovens, que olhavam para os 
homens como mentores sexuais. 
Os homens da Grécia Antiga acreditavam que a prostituição refinada era necessária 
para o prazer e que diferentes classes de prostitutas estavam disponíveis. Hetaera, 
companheiras educadas e inteligentes, eram para o prazer tanto intelectual como 
físico, prostitutas peripatéticas solicitavam negócios nas ruas, ao passo que o 
templo ou prostitutas consagradas cobravam um preço mais alto. Em Corinto, 
cidade portuária, no mar Egeu, o templo abrigava mil prostitutas consagradas. 
O estupro - geralmente no contexto da guerra - era comum e era visto pelos homens 
como um "direito de dominação". Estupro, no sentido de "sequestro" seguido de 
sexo consensual, foi representado até mesmo na religião: Zeus teria arrebatado 
muitas mulheres: Leda na forma de um cisne, Danaë disfarçada de chuva de ouro, 
Alkmene disfarçada de marido. Zeus também estuprou um menino, Ganimedes, um 
mito que se assemelhava ao costume cretense. 
 
ETRÚRIA 
 
Os antigos etruscos tinham pontos de vista muito diferentes sobre a sexualidade, 
quando comparados com os outros povos antigos europeus, a maioria dos quais 
herdara as tradições e visões indo-europeias sobre os papéis de gênero. 
Escritores gregos, como Theopompus e Platão, chamaram o etrusco de "imorais" e 
de suas descrições descobrimos que as mulheres geralmente faziam sexo com 
homens que não eram seus maridos e que, em sua sociedade, as crianças não 
eram rotuladas como "ilegítimas" só porque não sabia quem era o pai. Theopompus 
também descreveu rituais orgiásticos, mas não está claro se eles eram um costume 
comum ou apenas um ritual menor dedicado a uma certa divindade. 
O dever do cidadão de controlar seu corpo era central para o conceito de 
sexualidade masculina na República Romana.Virtude" (virtus, de vir, "homem") foi 
equiparado a "masculinidade". A virtude equivalente para os cidadãos femininos de 
boa posição social era a pudicícia, uma forma de integridade sexual que mostrava 
 
 
 
18 
 
sua atratividade e autocontrole. A sexualidade feminina foi encorajada dentro do 
casamento. Na sociedade patriarcal romana, um "homem de verdade" deveria 
governar bem a si mesmo e aos outros, e não deveria se submeter ao uso ou prazer 
de outros. Comportamentos do mesmo sexo não eram percebidos como diminuindo 
a masculinidade de um romano, contanto que ele desempenhasse o papel de 
penetração ou dominação. Parceiros masculinos aceitáveis eram inferiores sociais 
como prostitutos, artistas e escravos. Sexo com homens livres menores era 
formalmente proibido (ver Lex Scantinia). "Homossexual" e "heterossexual", 
portanto, não formam a dicotomia primária do pensamento romano sobre a 
sexualidade, e não existem palavras em latim para esses conceitos. 
Representações de sexualidade franca são abundantes na literatura romana e na 
arte. O fascinum, um encanto fálico, era uma decoração onipresente. Posições 
sexuais e cenários são retratados em grande variedade entre as pinturas murais 
preservadas em Pompéia e Herculano. Coleções de poesia celebraram casos 
amorosos e A Arte do Amor, do poeta augustano Ovídio, ensinou a homens e 
mulheres a atrair e desfrutar os amantes. Elaborar teorias da sexualidade humana 
baseadas na filosofia grega foram desenvolvidas por pensadores como Lucrécio e 
Sêneca. Os mitos clássicos geralmente lidam com temas sexuais como identidade 
de gênero, adultério, incesto e estupro. 
Como outros aspectos da vida romana, a sexualidade era apoiada e regulada pela 
religião romana tradicional, tanto o culto público do estado quanto as práticas 
religiosas privadas e a magia. Cícero sustentava que o desejo de procriar (libido) 
era "a sementeira da república", pois era a causa da primeira forma de instituição 
social, o casamento, que por sua vez criava a família, considerada pelos romanos 
como o bloco de construção da civilização. A lei romana penalizava os crimes 
sexuais (stuprum), particularmente o estupro, bem como o adultério. Um marido 
romano, no entanto, cometia o crime de adultério somente quando seu parceiro 
sexual era uma mulher casada. 
A prostituição era legal, pública e generalizada. Artistas de qualquer gênero eram 
considerados sexualmente disponíveis (ver infâmia), e os gladiadores eram 
sexualmente fascinantes. Os escravos não tinham personalidade jurídica e eram 
vulneráveis à exploração sexual. 
 
 
 
19 
 
A dissolução dos ideais republicanos de integridade física em relação à liberdade 
política contribui e se reflete na licença e decadência sexuais associadas ao Império 
Romano. Ansiedades sobre a perda de liberdade e a subordinação do cidadão ao 
imperador foram expressas por um aumento percebido no comportamento 
homossexual passivo entre homens livres. A conquista sexual foi uma metáfora 
frequente do imperialismo romano. 
 
POLINÉSIA FRANCESA 
 
As ilhas foram notadas por sua cultura sexual. Muitas atividades sexuais vistas 
como tabu nas culturas ocidentais eram vistas como apropriadas pela cultura nativa. 
O contato com as sociedades ocidentais mudou muitos desses costumes, então a 
pesquisa sobre a história social pré-ocidental deve ser feita lendo-se escritos 
antigos. 
As crianças dormiam no mesmo quarto que seus pais e podiam testemunhar seus 
pais enquanto faziam sexo. Simulação de relações sexuais tornaram-se penetração 
real, logo que os meninos eram fisicamente capazes. Os adultos acharam a 
simulação do sexo de crianças como engraçada. Quando as crianças se 
aproximaram, 11 atitudes mudavam para as meninas. 
O sexo pré-marital não era encorajado, mas era permitido em geral, os requisitos 
para a sexualidade eram incidentes, regulamentos exogâmicos e filhas 
primogênitas de linhagem de alto nível. Depois do seu primogênito, como mulheres 
de alto escalão tinham permissão para casos extraconjugais. 
No dia seguinte, assim que estava claro, estávamos cercados por uma multidão 
ainda maior dessas pessoas. Havia agora pelo menos cem mulheres; e praticavam 
todas as artes da expressão e do gesto lascivos para ganhar a admissão a bordo. 
Foi com dificuldade que consegui que minha equipe obedecesse às ordens que eu 
havia dado sobre esse assunto. Entre essas mulheres, algumas não tinham mais 
de dez anos de idade. Mas a juventude, parece, não é aqui nenhumteste de 
inocência; essas crianças, como posso chamá-las, rivalizavam com suas mães na 
devassidão de seus movimentos e nas artes da sedução. 
 
 
 
 
 
20 
 
— Yuri Lisyansky em suas memórias. 
 
Adam Johann von Krusenstern em seu livro] sobre a mesma expedição de Yuri, 
relata que um pai trouxe uma garota de 10 a 12 anos em seu navio, e ela fez sexo 
com a tripulação. De acordo com o livro [de Charles Pierre Claret de Fleurieu e 
Étienne Marchand, meninas de 8 anos fizeram sexo e realizaram outros atos 
sexuais em público. 
 
SÉCULO XX: REVOLUÇÃO SEXUAL 
 
A segunda revolução sexual foi uma mudança substancial na moralidade sexual e 
no comportamento sexual em todo o Ocidente nos anos 1960 e início dos anos 70. 
Um fator na mudança de valores relativos às atividades sexuais foi a invenção de 
novas tecnologias eficientes para o controle pessoal da capacidade de entrar na 
gravidez. Primeiro entre eles, naquela época, foi a primeira pílula anticoncepcional. 
As leis liberalizadas sobre o aborto em muitos países também possibilitaram a 
segurança e a legalidade de uma gravidez indesejada, sem a necessidade de 
invocar um parto que representa grave perigo para a saúde da mãe. 
 
RELAÇÕES ENTRE MESMO SEXO 
As atitudes da sociedade em relação a pessoas do mesmo sexo variaram ao 
longo do tempo, desde esperar que todos os homens se envolvam em 
relacionamentos do mesmo sexo, à integração casual, através da aceitação, a ver 
a prática como um pecado menor, reprimindo-a através de mecanismos judiciais e 
judiciais. e proscrevê-lo sob pena de morte. 
Em uma compilação detalhada de materiais históricos e etnográficos de culturas 
pré-industriais, "forte desaprovação da homossexualidade foi relatada por 41% de 
42 culturas; foi aceita ou ignorada por 21%, e 12% não relataram tal conceito. De 
70 etnografias, 59% relataram homossexualidade ausente ou rara em frequência e 
41% relataram ser ou não incomum." 
Nas culturas influenciadas pelas religiões abraâmicas, a lei e a igreja 
estabeleceram a sodomia como uma transgressão contra a lei divina ou um crime 
 
 
 
21 
 
contra a natureza. A condenação do sexo anal entre homens, no entanto, 
antecede a crença cristã. Era frequente na Grécia antiga; "não natural" pode ser 
rastreada até Platão. 
Muitas figuras históricas, incluindo Sócrates, Lord Byron, Edward II e Adriano, ] 
tiveram termos como gay ou bissexual aplicado a eles; alguns estudiosos, como 
Michel Foucault, consideraram isso como arriscando a introdução anacrônica de 
uma construção contemporânea da sexualidade estranha aos seus tempos, 
embora outros desafiem isso. 
Um fio comum do argumento construcionista é que ninguém na antiguidade ou na 
Idade Média experimentou a homossexualidade como um modo exclusivo, 
permanente ou definidor de sexualidade. John Boswell contrariou esse argumento 
citando escritos gregos antigos de Platão, que descrevem indivíduos exibindo 
homossexualidade exclusiva. 
 
RELIGIÃO E SEXO 
JUDAÍSMO 
 
Na lei judaica, o sexo não é considerado intrinsecamente pecaminoso ou 
vergonhoso quando conduzido no casamento, nem é um mal necessário para o 
propósito da procriação. O sexo é considerado um ato privado e sagrado entre 
marido e mulher. Certas práticas sexuais desviantes, enumeradas abaixo, eram 
consideradas "abominações" gravemente imorais, às vezes puníveis com a morte. 
O resíduo do sexo era considerado ritualmente impuro fora do corpo e necessitava 
de ablução. 
Recentemente, alguns estudiosos questionaram se o Antigo Testamento proibiu 
todas as formas de homossexualidade, levantando questões de tradução e 
referências a práticas culturais antigas. No entanto, o judaísmo rabínico condenou 
inequivocamente a homossexualidade. 
O Torá, apesar de ser bastante francao em sua descrição de vários atos sexuais, 
proíbe certos relacionamentos. Nomeadamente, o adultério, todas as formas de 
incesto, a homossexualidade masculina, a bestialidade, e introduziu a ideia de que 
não se deve fazer sexo durante o período da esposa: 
 
 
 
22 
 
 
• Você não deve se deitar carnalmente com a esposa do seu vizinho, para se 
tornar impuro por ela. (Lev. 18:20) 
• Não te deitarás com homens, como com a mulher: é abominação. (Lev. 
18:22) 
• E com nenhum animal você coabitará, para se tornar contaminado por ele. E 
uma mulher não deve ficar na frente de um animal para coabitar com ela; 
isso é depravação. (Lev. 18:23) 
• E para uma mulher durante a impureza de sua separação, você não se 
aproximará para descobrir sua nudez. (Lev. 18:19) 
 
As passagens acima podem, no entanto, estar abertas à interpretação moderna. Os 
significados originais desses versículos não mudaram, mas sua interpretação pode 
ter mudado depois que eles foram traduzidos para outras línguas. Essa visão, no 
entanto, foi neutralizada pelos conservadores. 
 
CRISTIANISMO 
 
O cristianismo voltou a enfatizar as atitudes judaicas sobre a sexualidade com dois 
novos conceitos. Primeiro, havia a ideia reiterada de que o casamento era 
absolutamente exclusivo e indissolúvel, colocando mais orientações sobre o 
divórcio e ampliando as razões e os princípios por trás dessas leis. Em segundo 
lugar, nos tempos do Antigo Testamento o casamento era quase universal, em 
continuidade com o matrimônio total no Éden, mas no Novo Testamento, a trajetória 
é estendida para o objetivo do casamento nos novos céus e nova terra (ver Mateus 
22). Praticamente, portanto, a nova era depois de Jesus agora tem o casamento 
como apenas normativo, mas o celibato é um presente valioso em si mesmo. 
O Novo Testamento é bastante claro sobre os princípios relativos às relações 
sexuais. Em uma de suas cartas à igreja de Corinto, Paulo responde diretamente a 
algumas perguntas que fizeram sobre isso. 
Ora, quanto aos assuntos sobre os quais você escreveu: 'É bom que um homem 
não toque em uma mulher'. 2 Mas devido a casos de imoralidade sexual, cada 
homem deve ter sua própria esposa e cada mulher seu próprio marido. 3 O marido 
 
 
 
23 
 
deve dar a sua esposa seus direitos conjugais e, da mesma forma, a esposa ao 
marido. Porque a mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas o 
marido o faz; Da mesma forma, o marido não tem autoridade sobre seu próprio 
corpo, mas a esposa o faz. 5 Não se privem uns dos outros, exceto, talvez, por 
acordo por um tempo determinado, dedicar-se à oração e depois se reúnem 
novamente, para que Satanás não tente você por causa de sua falta de 
autocontrole. Isso eu digo por meio de concessão, não de comando. 7 Eu gostaria 
que todos fossem como eu sou. Mas cada um tem um dom particular de Deus, um 
tendo um tipo e outro de um tipo diferente” (1 Coríntios 7: 1-9, NRSV). 
Paulo está falando em uma situação em que a igreja estava caindo na luxúria, e 
alguns membros até usando prostitutas (6:16), enquanto outros defendiam uma 
"espiritualidade superior" que negava injustamente o prazer das coisas terrenas, 
incluindo a abstinência do sexo (7:1). Paulo lhes escreve para explicar o contexto 
certo para o sexo no casamento, e a importância de os casais continuarem fazendo 
sexo e dando prazer um ao outro, mas encoraja-os a buscar o celibato (como ele 
mais tarde explica [7: 32-35], para que eles pode dedicar mais tempo e energia a 
outros) onde quer que Deus conceda esse dom (7:7). 
Muitas outras passagens referem-se a sexo ou casamento. 
 
PENSAMENTO CRISTÃO POSTERIOR 
 
Santo Agostinho opinou que antes da queda de Adão, não havia luxúria no ato 
sexual, mas que estava inteiramente subordinado à razão humana. Teólogos 
posteriores concluíram igualmente que a luxúria envolvida na sexualidadeera 
resultado do pecado original, mas quase todos concordaram que isso era apenas 
um pecado venial, se conduzido dentro do casamento sem luxúria desordenada. 
Nas escolas reformadas, representadas, por exemplo, pela Confissão de 
Westminster, três propósitos do casamento são estabelecidos: para encorajamento 
mútuo, apoio e prazer; por ter filhos; e para evitar o pecado lascivo. 
Hoje, muitos cristãos adotaram a visão de que não há pecado algum no prazer 
desinibido das relações conjugais. Alguns cristãos tendem a limitar as 
circunstâncias e o grau em que o prazer sexual é moralmente lícito, por exemplo, 
 
 
 
24 
 
para construir o autocontrole para evitar que o sexo se torne aditivo ou como um 
jejum. 
 
HINDUÍSMO 
Na Índia, o hinduísmo aceitou uma atitude aberta em relação ao sexo como arte, 
ciência e prática espiritual. As peças mais famosas da literatura indiana sobre sexo 
são Kamasutra (Aforismos no Amor) e Kamashastra (de Kama = prazer, shastra = 
conhecimento ou técnica especializados). Esta coleção de escritos sexuais 
explícitos, espirituais e práticos, cobre a maioria dos aspectos do namoro humano 
e da relação sexual. Foi reunido dessa forma pelo sábio Vatsyayana, de um 
manuscrito de 150 capítulos que havia sido destilado de 300 capítulos que, por sua 
vez, vinham de uma compilação de cerca de 100.000 capítulos de texto. Acredita-
se que o Kamasutra tenha sido escrito em sua forma final entre o terceiro e o quinto 
século d.C. 
Também são notáveis as esculturas esculpidas em templos na Índia, 
particularmente no templo de Khajuraho. A representação franca do sexo desinibido 
sugere uma sociedade liberada e os tempos em que as pessoas acreditavam em 
lidar abertamente com todos os aspectos da vida. Por outro lado, um grupo de 
pensadores acredita que a representação de esculturas sexualmente implícitas fora 
dos templos indica que se deve entrar nos templos deixando desejos (kama). 
Além do Kamashastra de Vatsyayana, que é sem dúvida o mais famoso de todos 
esses escritos, existem vários outros livros, por exemplo: 
 
• O Ratirahasya, tradução literal - segredos (rahasya) do amor (rati, a união); 
• O Panchasakya, ou as cinco setas (sakya); 
• O Ratimanjari, ou a guirlanda (manjari) do amor (rati, a união) 
• O Anunga Runga, ou o estágio do amor. 
 
Os segredos do amor foram escritos por um poeta chamado Kukkoka. Acredita-se 
que ele tenha escrito este tratado em seu trabalho para agradar a um Venudutta, 
considerado rei. Este trabalho foi traduzido para o hindi anos atrás e o nome do 
autor se tornou Koka e o livro que ele escreveu se chamava Koka Shastra. O mesmo 
nome entrou em todas as traduções para outras línguas na Índia. Koka Shastra 
significa literalmente doutrinas de Koka, que é idêntico ao Kama Shastra, ou 
doutrinas do amor, e os nomes Koka Shastra e Kama Shastra são usados 
indiscriminadamente. 
 
 
 
25 
 
ISLÃ 
No Islã, a relação sexual só é permitida após o casamento e apenas com o cônjuge. 
Sexo fora do casamento é proibido, chamado zina, como é o adultério, que é 
considerado um pecado e é estritamente proibido e punível. De acordo com o 
capítulo Al-Israa ', versículo 32 do Alcorão, Allah (Deus) proíbe os muçulmanos de 
se aproximarem de zina e de se relacionarem com alguém que não seja seu 
cônjuge. E como o casamento é apenas entre um homem e uma mulher, qualquer 
relação sexual entre dois homens é proibida. O Islã não aceita a homossexualidade 
nem permite o sexo anal, mesmo entre casais ou mesmo durante os ciclos 
menstruais. Além disso, o sexo é como um ato de caridade, se feito com boas 
intenções. Não se pode buscar meios sexuais fora do casamento e deve diminuir o 
olhar quando estiver fora. 
 
TECNOLOGIA E SEXO 
 
Em meados do século XX, os avanços da ciência médica e a compreensão moderna 
do ciclo menstrual levaram a técnicas observacionais, cirúrgicas, químicas e 
laboratoriais para permitir o diagnóstico e o tratamento de muitas formas de 
infertilidade. 
Pederastia Muitas culturas normalizaram ou promoveram homens adultos e jovens 
do sexo masculino, geralmente adolescentes, entrando em amizades pedagógicas 
ou casos amorosos que também tinham uma dimensão erótica. Estes eram 
geralmente expressos sexualmente, mas os castos não eram infrequentes. Se 
sexual, essa fase do relacionamento durava até que a juventude estivesse pronta 
para a vida adulta e o casamento. Outras culturas viam tais relações como inimigas 
de seus interesses - muitas vezes por motivos religiosos - e tentavam eliminá-las. 
Zoofilia - atividade sexual entre humanos e animais - provavelmente remonta à pré-
história. Representações de humanos e animais em um contexto sexual aparecem 
com pouca freqüência na arte rupestre na Europa, começando em torno do início 
do Neolítico e da domesticação de animais. A bestialidade permaneceu um tema 
comum na mitologia e no folclore durante o período clássico e na Idade Média (por 
 
 
 
26 
 
exemplo, Leda e o Cisne) e vários autores antigos pretendiam documentá-lo como 
uma prática regular e aceita - embora geralmente em "outras" culturas. 
A proibição legal explícita do contato sexual humano com animais é um legado das 
religiões abraâmicas: a Bíblia hebraica impõe a pena de morte tanto à pessoa 
quanto ao animal envolvidos em um ato de bestialidade. Existem vários exemplos 
conhecidos da Europa medieval de pessoas e animais executados por cometer 
bestialidade. Com a Era do Esclarecimento, a bestialidade foi incluída em outros 
"crimes contra a natureza" sexuais em leis civis de sodomia, geralmente 
permanecendo um crime capital. 
A bestialidade continua ilegal na maioria dos países e aceita em nenhum. Embora 
argumentos religiosos e de "crime contra a natureza" ainda possam ser usados 
para justificar isso, hoje a questão central é a capacidade de animais não-
humanos de dar 
consentimento: argumenta-se que o sexo com animais é inerentemente abusivo. 
Em comum com muitas parafilias, a internet permitiu a formação de uma 
comunidade zoófila que começou a fazer lobby para que a zoofilia fosse 
considerada uma sexualidade alternativa e para a legalização da bestialidade. 
Prostituição é a venda de serviços sexuais, como sexo oral ou relações sexuais. A 
prostituição foi descrita como a "profissão mais antiga do mundo". Gonorrhoeae é 
registrado pelo menos até 700 anos atrás e associado a um distrito em Paris 
anteriormente conhecido como "Le Clapiers". Este é o lugar onde as prostitutas 
eram encontradas naquela época. 
Em algumas culturas, a prostituição tem sido um elemento de práticas religiosas. A 
prostituição religiosa é bem documentada nas culturas antigas do Oriente Próximo, 
como a Suméria, a Babilônia, a Grécia antiga e Israel, onde prostitutas aparecem 
na Bíblia. Na Grécia, as hetaerae eram frequentemente mulheres de alta classe 
social, enquanto em Roma os meretrícios eram de menor ordem social. As 
Devadasi, prostitutas de templos hindus no sul da Índia, foram tornadas ilegais pelo 
governo indiano em 1988. 
 
 
 
 
 
27 
 
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS 
 
Durante grande parte da história humana, as doenças sexualmente transmissíveis 
têm sido um flagelo da humanidade. Eles correram sem controle através da 
sociedade até a descoberta de antibióticos. O desenvolvimento de preservativos 
baratos e a educação sobre doenças sexualmente transmissíveis ajudaram a 
reduzir os riscos. Por um período de cerca de trinta anos (na segunda metade do 
século XX) sua ameaça diminuiu. No entanto, devido à livre circulação de pessoas 
e à distribuição descontrolada de antibióticos, os organismos resistentes aos 
antibióticos se espalhamrapidamente e atualmente representam uma ameaça para 
as pessoas que têm mais de um parceiro sexual. 
É uma infecção transmitida por contato sexual, causada por bactérias, vírus ou 
parasitas. 
 
O Human Papiloma Virus, ou HPV 
É um vírus que vive na pele e nas mucosas dos seres humanos, tais como vulva, 
vagina, colo de útero e pênis. Muitas pessoas com HPV não desenvolvem nenhum 
sintoma, mas ainda podem infectar outros indivíduos pelo contato sexual. Os 
sintomas podem incluir verrugas nos órgãos genitais ou na pele circundante. 
Não há cura para o vírus, e as verrugas podem desaparecer por conta própria. O 
tratamento visa eliminar as verrugas. Uma vacina que previne os variados tipos de 
HPV com maior probabilidade de causar verrugas genitais e câncer cervical é 
recomendada para meninos e meninas. 
 
Herpes Genital 
Causada pelo vírus herpes simples, a doença pode afetar tanto homens como 
mulheres. Dor, coceira e pequenas feridas podem ocorrer no primeiro momento. 
Elas formam úlceras e crostas. Após a infecção inicial, a herpes genital permanece 
inativa no corpo. Os sintomas podem reaparecer durante anos. É possível usar 
medicamentos para controlar os surtos. 
 
 
 
 
 
 
28 
 
Clamídia 
A clamídia afeta pessoas de todas as idades, porém é mais comum em mulheres 
jovens. Muitas pessoas com clamídia, mesmo sem apresentar sintomas, podem 
infectar outros indivíduos por contato sexual. Os sintomas incluem dor genital e 
secreção pela vagina ou pênis. É recomendado o uso de antibióticos tanto para o 
paciente afetado como para os parceiros sexuais dele. A triagem de outras 
informações sexualmente transmissíveis também deve ser realizada. 
 
Gonorreia 
A triagem regular pode ajudar a detectar casos em que há uma infecção, apesar da 
ausência de sintomas. Os sintomas incluem dor ao urinar e secreção anormal do 
pênis ou da vagina. Os homens podem sentir dor testicular e as mulheres, dor 
pélvica. Em alguns casos, a gonorreia não tem sintomas. A gonorreia pode ser 
tratada com antibióticos. 
 
AIDS 
O vírus pode ser transmitido pelo contato com sangue, sêmen ou fluidos vaginais 
infectados. Algumas semanas depois da infecção pelo HIV, podem ocorrer sintomas 
semelhantes aos da gripe, como febre, dor de garganta e fadiga. A doença costuma 
ser assintomática até evoluir para AIDS. Os sintomas da AIDS incluem perda de 
peso, febre ou sudorese noturna, fadiga e infecções recorrentes. 
Não existe cura para a AIDS, mas uma adesão estrita aos regimes antirretrovirais 
(ARVs) pode retardar significativamente o progresso da doença, bem como prevenir 
infecções secundárias e complicações. 
 
Sífilis 
A sífilis desenvolve-se em estágios, e os sintomas variam conforme cada estágio. 
A primeira etapa envolve uma ferida indolor na genitália, no reto ou na boca. Após 
a cura da ferida inicial, a segunda fase é caracterizada por uma irritação na pele. 
Depois, não há sintomas até a fase final, que pode ocorrer anos mais tarde. Essa 
fase final pode resultar em danos para cérebro, nervos, olhos ou coração. 
A sífilis é tratada com penicilina. Os parceiros sexuais também devem ser tratados. 
 
 
 
 
29 
 
A SEXUALIDADE E PSICOLOGIA 
Um texto clássico da antropóloga Carole Vance (1991/1995), nesse ensaio ela 
sugere que as psicologias, e o ensino de psicologia no Brasil, precisam redescobrir 
a sexualidade interpelados pela fecundidade da abordagem construcionista. 
Começa com uma história que ela testemunhou entre várias outras em mais de 
duas décadas de trabalho como psicóloga e pesquisadora no campo da 
sexualidade. 
John Gagnon e Richard Parker, na introdução do livro considerado um divisor de 
águas nesse campo (Conceiving Sexuality, 1995), dataram o primeiro período 
desse empreendimento de 1890 a 1980 nomeando-o de “sexológico”. Segundo os 
autores, o período sexológico se iniciou com poucos pesquisadores e ativistas 
buscando trazer o discurso sobre a sexualidade para o campo da produção 
científica e secular, empreendimento cuja história mais longa Michel Foucault traçou 
até o conjunto de crenças médicas que normatizavam o controle dos impulsos 
sexuais no século XIX. Os autores identificam Freud (e seguidores), Ellis, Hirschfeld, 
Malinovsky, Stopes, Reich, pesquisadores do Instituto Kinsey, Margareth Mead, 
Masters & Johnson como os principais teóricos nesse período. Nas primeiras 
décadas do período sexológico, utilizava-se a entrevista clínica e histórias de vida 
como abordagem principal. Depois da década de 1930, os estudos descritivos com 
base em questionários e diversas modalidades de trabalho de campo foram 
introduzidos, e no período de 1960-1970 a observação e a experimentação em 
laboratório foram adotadas para descrever a chamada “natureza” da resposta 
sexual. 
Durante todo esse período, coexistiram nos discursos tecno-científicos concepções 
sobre “a” sexualidade ancoradas nas noções de impulso, de força natural de imenso 
poder, poder que se opunha à civilização e à cultura. Culturas e sociedades apenas 
respondiam a essa força essencial, natural, essencialmente diferente entre homens 
e mulheres, considerada normal quando heterossexual. Com algumas nuances, 
esses teóricos de diferentes disciplinas concordavam que, se a ciência produzisse 
teorias sobre a sexualidade e revelasse sua natureza, a humanidade seria 
beneficiada por um maior equilíbrio entre indivíduo e sociedade ou para relações 
sexuais naturais e saudáveis. 
As “descobertas” do período sexológico resultaram em modelos clínicos de 
 
 
 
30 
 
intervenção operados por psicólogos, médicos e psicanalistas até hoje. Os autores-
heróis acima identificados por Gagnon & Parker, por exemplo, dedicavam-se à 
saúde mental e, depois dos anos 60, passaram a tratar também da “saúde sexual” 
- a normalidade biológica teria sido “revelada” pelo laboratório e a normalidade 
estatística pelas pesquisas sobre crenças, atitudes ou práticas sexuais de 
populações e grupos. 
Inspirados por teorias de desenvolvimento e da personalidade que receberam a 
marca do período sexológico, educadores gradativamente passaram a utilizá-las 
como subtexto na interpretação de atitudes de jovens e crianças no ambiente 
escolar, ainda que raramente para tratar diretamente do tema da sexualidade ou 
conduzir qualquer tipo de educação sexual. A natureza do sexo e seus hormônios 
explicariam comportamentos menos civilizados e definiriam a “natureza rebelde” de 
uma etapa universal do desenvolvimento humano não descrita até então: a 
adolescência. A verdade sobre essa sexualidade natural e normal definiria também 
“a” família natural e normal. “Famílias desestruturadas” (não-naturais), para usar a 
linguagem que se fala na escola ou nos serviços de saúde e de assistência social, 
explicariam desvios de comportamento a serem tratados ou prevenidos. 
 
PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO PARA DISFUNÇÃO SEXUAL 
FEMININA 
 
A Disfunção sexual feminina refere-se à alteração do interesse pela atividade 
sexual, à dificuldade em vivenciar a excitação subjetiva e/ou genital e em 
desencadear o desejo durante o envolvimento sexual, à disfunção do orgasmo e da 
dor à relação sexual, bem como à impossibilidade de relaxamento vaginal (para 
permitir a penetração). Embora seja causa de sofrimento, nem sempre é abordada 
diretamente, pela complexidade do tema. Aparece muitas vezes como queixa de 
depressão, ansiedade, baixa autoestima, insatisfação ou dificuldade para 
envolvimento em relacionamentos íntimos. Também os profissionais de saúde 
muitas vezes referem desconforto em iniciar avaliação e eventual tratamento dessa 
condição. 
Como a atividade sexual é basicamente umaexperiência corporal, é importante que 
 
 
 
31 
 
ela desperte sensações agradáveis por todo o corpo. No entanto, a cultura ainda 
apoia uma educação que desestimula a mulher de conectar-se às sensações 
corporais, o que pode gerar vergonha dos órgãos genitais e muito frequentemente 
um desconhecimento sobre eles. Algumas intervenções psicoterapêuticas buscam 
conscientizá-la dessas sensações prazerosas e dos sinais sexuais dados pelo 
corpo, assim como das condições facilitadoras ou inibidoras provocadas pelas 
sensações de prazer. Ajudam ativamente a provocar prazer e explorar o corpo e a 
genitália, reconhecendo ou reativando padrões pessoais de excitação, estimulação 
e prazer. Exercícios de autoconsciência têm apresentado bons resultados. 
Fundamentam-se na discordância comum em mulheres entre a experiência 
subjetiva de excitação e a resposta fisiológica, o que tem sido relacionado à 
dificuldade de identificação das sensações corporais internas, ou seja, a 
consciência. Considera-se que julgamentos de inadequação, vergonha, culpa e 
ansiedade podem monopolizar os pensamentos da mulher e distanciá-la do 
momento presente, interferindo na consciência. As barreiras de natureza 
psicológica que interferem na consciência introspectiva e consequentemente no 
funcionamento sexual são: atenção (dificuldade em manter o foco ou identificar as 
sensações corporais), autojulgamento (autoavaliação negativa ou falta de auto 
aceitação) e sintomas clínicos (depressão, ansiedade). Essas “distrações” deixam 
a mulher subjetivamente não excitada. Esses exercícios melhoram 
significativamente as três categorias de barreiras psicológicas (atenção, 
autojulgamento e sintomas clínicos) e a capacidade de identificar e diferenciar 
sensações corporais, diminuindo o tempo de reação ao estímulo sexual e 
melhorando a percepção das respostas fisiológicas ao estímulo sexual. 
Modalidades tradicionais de terapia sexual também são utilizadas. Incluem 
exercícios de foco sensorial, como a troca de toques físicos partindo de áreas não 
sexuais do corpo para as sexuais, com os parceiros se revezando e reagindo verbal 
e totalmente. Terapias de tempo limitado vêm sendo propostas, devido às 
possibilidades comprovadas de benefícios a custo menor do que processos 
terapêuticos prolongados. Nessa modalidade, que pode ser aplicada para 
atendimento individual ou em grupo, os objetivos são estabelecidos no início, 
favorecendo a criação de um contexto apropriado para o tratamento. 
No Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do 
 
 
 
32 
 
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo 
(FMUSP), o modelo de intervenção é a Psicoterapia de Grupo Tematizada e de 
Tempo Limitado para disfunções sexuais. Esse modelo consta de 16 sessões, com 
90 minutos de duração cada e frequência semanal. 
Devido à interação das participantes no grupo, o potencial de apreensão de temas 
específicos, tais como resposta sexual feminina e orientações básicas relativas à 
função sexual, é amplificado nos atendimentos grupais, pela maior possibilidade de 
troca de vivências e experiências sexuais. Nesse sentido, a experiência grupal 
ganha função psicoeducativa. 
Os estudos populacionais têm proporcionado um conhecimento cada vez mais 
detalhado do impacto de fatores psicossociais e relacionais sobre a vida sexual 
feminina, confirmando a complexidade e a diversidade de fatores relacionados. As 
disfunções sexuais femininas têm desafiado os estudiosos, que buscam 
terapêuticas medicamentosas ou técnicas psicoterapêuticas que possam atender 
melhor a essa condição. 
Muitas mulheres podem ser favorecidas com a criação de um contexto apropriado 
para a aquisição de informações básicas sobre seu funcionamento e resposta 
sexual. Outras necessitam de tratamentos medicamentosos para situações 
específicas e/ou exigem processos psicoterapêuticos mais complexos. 
A partir do crescente conhecimento sobre disfunções sexuais, o novo desafio para 
o profissional de saúde tem sido introduzir o tema da sexualidade nos atendimentos 
e elaborar um diagnóstico completo que permita intervenção multidisciplinar 
apropriada à singularidade de cada caso. 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
O POSICIONAMENTO DO CFP/CRP 
 
RESOLUÇÃO Nº 1, DE 29 DE JANEIRO DE 2018 
 
 
O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições legais e 
regimentais, que lhe são conferidas pela Lei nº 5.766, de 20 de dezembro de 1971, 
e pelo Decreto nº 79.822, de 17 de junho de 1977; 
 
CONSIDERANDO os princípios fundamentais previstos no Art. 1º da Constituição 
Federal de 1988, que estabelece a dignidade da pessoa humana como fundamento 
do Estado Democrático de Direito, e o Art. 5º, que dispõe que "todos são iguais 
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza"; 
 
CONSIDERANDO o Art. 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 10 
de dezembro de 1948, o qual enuncia: "todos os seres humanos nascem livres e 
iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir 
uns para com os outros em espírito de fraternidade"; 
 
CONSIDERANDO que a estrutura das sociedades ocidentais estabelece padrões 
de sexualidade e gênero que permitem preconceitos, discriminações e 
vulnerabilidades às pessoas transexuais, travestis e pessoas com outras 
expressões e identidades de gênero não cisnormativas; RESOLVE: 
 
Art. 1º As psicólogas e os psicólogos, em sua prática profissional, atuarão 
segundo os princípios éticos da profissão, contribuindo com o seu conhecimento 
para uma reflexão voltada à eliminação da transfobia e do preconceito em relação 
às pessoas transexuais e travestis. 
 
Art. 2º As psicólogas e os psicólogos, no exercício profissional, não exercerão 
qualquer ação que favoreça a discriminação ou preconceito em relação às 
pessoas transexuais e travestis. 
 
 
 
34 
 
 
Art. 3º As psicólogas e os psicólogos, no exercício profissional, não serão 
coniventes e nem se omitirão perante a discriminação de pessoas transexuais e 
travestis. 
 
Art. 4º As psicólogas e os psicólogos, em sua prática profissional, não se 
utilizarão de instrumentos ou técnicas psicológicas para criar, manter ou reforçar 
preconceitos, estigmas, estereótipos ou discriminações em relação às pessoas 
transexuais e travestis. 
 
Art. 5º As psicólogas e os psicólogos, no exercício de sua prática profissional, não 
colaborarão com eventos ou serviços que contribuam para o desenvolvimento de 
culturas institucionais discriminatórias em relação às transexualidades e 
travestilidades. 
 
Art. 6º As psicólogas e os psicólogos, no âmbito de sua atuação profissional, não 
participarão de pronunciamentos, inclusive nos meios de comunicação e internet, 
que legitimem ou reforcem o preconceito em relação às pessoas transexuais e 
travestis. 
 
Art. 7º As psicólogas e os psicólogos, no exercício profissional, não exercerão 
qualquer ação que favoreça a patologização das pessoas transexuais e travestis. 
 
Parágrafo único. As psicólogas e os psicólogos, na sua prática profissional, 
reconhecerão e legitimarão a autodeterminação das pessoas transexuais e 
travestis em relação às suas identidades de gênero. 
 
Art. 8º É vedado às psicólogas e aos psicólogos, na sua prática profissional, 
propor, realizar ou colaborar, sob uma perspectiva patologizante, com eventos ou 
serviços privados, públicos, institucionais, comunitários ou promocionais que 
visem a terapias de conversão, reversão, readequação ou reorientação de 
identidade de gênero das pessoas transexuais e travestis. 
 
 
 
 
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Art. 9º EstaResolução entra em vigor na data de sua publicação. 
 
 
Rogério Giannini 
Conselheiro Presidente 
Conselho Federal de Psicologia 
Data de publicação no sistema: 11 de maio de 2018 
 
RESOLUÇÃO CFP Nº 1, DE 22 DE MARÇO DE 1999 
 
CONSIDERANDO que o psicólogo é um profissional da saúde; 
 
CONSIDERANDO que na prática profissional, independentemente da área em que 
esteja atuando, o psicólogo é frequentemente interpelado por questões ligadas 
à sexualidade. 
 
CONSIDERANDO que a forma como cada um vive sua sexualidade faz parte da 
identidade do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade; 
 
CONSIDERANDO que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e 
nem perversão; 
 
CONSIDERANDO que há, na sociedade, uma inquietação em torno de práticas 
sexuais desviantes da norma estabelecida sócio culturalmente; 
 
CONSIDERANDO que a Psicologia pode e deve contribuir com seu conhecimento 
para o esclarecimento sobre as questões da sexualidade, permitindo a superação 
de preconceitos e discriminações; RESOLVE: 
 
Art. 1º Os psicólogos atuarão segundo os princípios éticos da profissão 
notadamente aqueles que disciplinam a não discriminação e a promoção e bem-
estar das pessoas e da humanidade. 
 
Art. 2º Os psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma 
reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e 
estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas 
homoeróticas. 
 
Art. 3º Os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização 
de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva 
tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados. 
 
Parágrafo único. Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que 
proponham tratamento e cura das homossexualidades. 
 
Art. 4º Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos 
 
 
 
36 
 
públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os 
preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de 
qualquer desordem psíquica. 
 
Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. 
 
Art. 6º Revogam-se todas as disposições em contrário. 
 
 
ANA MERCÊS BAHIA BOCK 
Conselheira Presidente 
Data de publicação no sistema: 23 de fevereiro de 2018 
 
 
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DA/O PSICÓLOGA/O 
 
• Art. 9º - É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, 
por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou 
organizações, a que tenha acesso no exercício profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
3. CONCLUSÃO 
A sexualidade gera debates e estudos científicos, por sua complexidade e 
variedade. Cada autor, cada filosofo e cada cientista aborda o tema de uma 
maneira, envolvendo assim seu ponto de vista pessoal e tese. Pode se afirmar que, 
a sexualidade não envolve somente a parte biológica do ser humano, mas envolve 
também o emocional, variando assim entre religiões, culturas e legislações de cada 
país. 
Cada religião tem seu posicionamento perante a sexualidade, e cada doutrina gera 
de certa forma um julgamento para o indivíduo, que pode alterar seu estilo de vida 
e conceito sobre o assunto. Cada cultura também impõe uma forma "correta" de se 
comportar perante a sexualidade, quando não seguida corretamente julga o 
indivíduo como imoral, julgamento esse que na maioria das vezes sobrecarrega as 
mulheres. Cada legislação interfere na sexualidade do indivíduo, por exemplo, em 
alguns países é permitido homens terem duas esposas, em outros países crianças 
com 12 anos são obrigadas a se casarem. Desse modo, é correto dizer que, a 
sexualidade é abordada de diversas formas e cada indivíduo tem sua variável 
individual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 BLANSHARD, Alastair J. L. Gender and Sexuality. In: KALLENDORF, Craig w. 
(ed). A Companion to the Classical Tradition. Oxford: Blackwell, 2007. 
 
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade. 3 vols. Rio de Janeiro: Graal, 1988. 
 
HALPERIN, D. M.; WINKLER, J. J.; ZEITLIN, F. I. (eds). Before Sexuality: The 
Construction of Erotic Experience 
 
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA SP, Código de Ética Profissional do 
Psicólogo (ed). Edição Especial 20 anos – Resolução CFP 01/99

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