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Daniela do Monte Eugênio (N476893) Larissa Silva Santos (D9594A-6) Natalia Fernandes de Oliveira Silva (D98631-7) Raissa de Moura Zanatto Mafra (N490GA-9) Yasmim da Silva Bueno (D85536-0) ÉTICA E SEXUALIDADE Daniela do Monte Eugênio N476893 Larissa Silva Santos D9594A-6 Natalia Fernandes de Oliveira Silva D98631-7 Raissa de Moura Zanatto Mafra N490GA-9 Yasmim da Silva Bueno D85536-0 ÉTICA E SEXUALIDADE Trabalho apresentado ao curso de Psicologia, abordando a disciplina de Ética Profissional, como requisito parcial para obtenção da nota semestral. 6 Sumário 1. INTRODUÇÃO 7 2. DESENVOLVIMENTO 9 SEXO EM VÁRIAS CULTURAS 10 RELAÇÕES ENTRE MESMO SEXO 20 RELIGIÃO E SEXO 21 TECNOLOGIA E SEXO 25 DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS 27 PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO PARA DISFUNÇÃO SEXUAL FEMININA 30 O POSICIONAMENTO DO CFP/CRP 33 RESOLUÇÃO Nº 1, DE 29 DE JANEIRO DE 2018 33 RESOLUÇÃO CFP Nº 1, DE 22 DE MARÇO DE 1999 35 3. CONCLUSÃO 37 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 38 7 1. INTRODUÇÃO As curiosidades sobre a sexualidade e os sentimentos que ela desperta sempre esteve presente ao longo da história. Podemos verificar diversas obras de arte da Antiguidade, ou até mesmo desenhos pré-históricos que retratam o corpo humano; e muitos com ênfase nos órgãos genitais. O pênis, por exemplo, conhecido como "falo" ao estar ereto, já foi idolatrado como o símbolo de fertilidade, de sorte, de proteção, de poder e de liderança pelas mais diversas culturas do globo terrestre e, ainda, tem vital importância simbólica na atualidade. Referências sobre esse estudo podem ser encontradas desde a Idade Antiga, nos escritos do filósofo Platão, onde ele identificava o deus Eros como o deus do amor e dos apetites sexuais, deus do instinto básico da vida e responsável pela atração entre os corpos.[nota 1] Em contrapartida, ao analisarmos os discursos a partir do século XVII, percebemos que o ato sexual passou a ser colocado pela burguesia e principalmente pela Igreja em outro patamar, retirando-lhe a centralidade. Alguns autores analisam que, apesar de marcada por relações de poder, a sexualidade não pode ser vista como uma mera extensão de conflitos marcados pela luta de classes. Se para a aristocracia a “pureza” estava no sangue, para a burguesia ela se encontraria apenas na busca de uma sexualidade garantidora da diferenciação frente aos demais componentes da sociedade. Somente quando se colocam problemas econômicos, como, por exemplo, o controle das populações, que a sexualidade do trabalhador passará a constituir problema. Assim é que a burguesia desempenha papel significativo na evolução de uma nova visão de sexualidade, mas não necessariamente sob a forma de “censura”. Quanto à Igreja, sobretudo a Católica, que dominava de uma certa forma a mentalidade da sociedade da época, a sexualidade ficou restringida à ideia de procriação donde qualquer tipo de controle de natalidade, ao contrário do propagado pelos especialistas da demografia, é visto como pecado. Entretanto, com a difusão dos estudos e princípios da Revolução Científica, a medicina se tornou um ator fundamental neste processo, ao instaurar uma série de procedimentos pelos quais as práticas sexuais passaram a ser analisadas, a partir de uma visão “científica”. Tal discurso se torna poderoso à medida que não fala em nome de especulações e de falsas crenças determinadas pela Igreja, dando um lugar central à objetividade junto as observações criteriosas baseadas nos métodos científicos 8 que garantem uma “verdade” irretocável e, por isso mesmo, que se coloca na condição de guia para o estudo e prática sexual. O estudo da sexualidade hoje nos tempos atuais, destacou-se no estudo da sexualidade o surgimento da psicanálise. Sigmund Freud se referiu ao deus Eros como a libido, força vital de amor. O tema da sexualidade foi primeiro abordado por Michel Foucault, que problematiza essa questão confrontando-a com a moral contemporânea. De acordo com o contexto social do mundo moderno, o papel do homem e da mulher na sociedade seria paralelo aos papéis dos dois gêneros no mundo greco-romano. Neste caso, os gêneros não são caracterizados em um aspecto biológico, mas sim pelo caráter social. Para os estudiosos de cultura contemporânea, o sexo não seria uma ação natural, e sim uma construção de cada época. Portanto, significa que o conceito de sexo muda de acordo com a convenção de cada sociedade. Sendo assim, o que é convenção seria considerado natural e adequado porque "praticamente toda configuração imaginável de prazer pode ser institucionalizada como convenção." O interesse pelo estudo da Sexualidade é crescente pelo mundo inteiro. Verifica-se um avanço na tentativa de melhor capacitar os profissionais de diferentes áreas visando aumentar seus desempenhos em suas diferentes funções. Além de médicos, temos psicólogos, enfermeiros e educadores investindo nessa área através do desenvolvimento de trabalhos de pesquisa aprofundados no tema. É importante ressaltar que, para uma melhor compreensão da dinâmica da sexualidade, é necessária uma desvinculação de valores próprios que podem trazer conclusões preconceituosas de uma determinada sociedade. 9 2. DESENVOLVIMENTO O trabalho do jurista suíço Johann Bachofen teve um grande impacto no estudo da história da sexualidade. Muitos autores, notavelmente Lewis Henry Morgan e Friedrich Engels, foram influenciados por Bachofen e criticaram as ideias de Bachofen sobre o assunto, que foram quase inteiramente extraídas de uma leitura atenta da mitologia antiga. Em seu livro de 1861, Mother Right: Uma Investigação do Caráter Religioso e Jurídico do Matriarcado no Mundo Antigo, Bachofen escreve que, no início, a sexualidade humana era caótica e promíscua. Esse estágio "afrodítico" foi substituído por um estágio "deméterico" matriarcal, que resultou da mãe sendo a única maneira confiável de estabelecer descendentes. Somente após a mudança para a monogamia imposta pelos homens, a certeza da paternidade era possível, dando origem ao patriarcado - o estágio final "apolíneo" da humanidade. Embora os pontos de vista de Bachofen não sejam baseados em evidências empíricas, eles são importantes por causa do impacto que causaram nos pensadores, especialmente no campo da antropologia cultural. Explicações modernas sobre as origens da sexualidade humana baseiam-se na biologia evolutiva e, especificamente, no campo da ecologia comportamental humana. A biologia evolutiva mostra que o genótipo humano, como o de todos os outros organismos, é o resultado daqueles ancestrais que se reproduziram com maior frequência do que outros. As adaptações resultantes do comportamento sexual não são, portanto, uma "tentativa" por parte do indivíduo de maximizar a reprodução em uma dada situação - a seleção natural não "enxerga" no futuro. Em vez disso, o comportamento atual é provavelmente o resultado de forças seletivas que ocorreram no Pleistoceno. Por exemplo, um homem que tenta fazer sexo com muitas mulheres, evitando o investimento dos pais, não o faz não porque quer "aumentar a sua forma física", mas sim porque a estrutura psicológicaque evoluiu e prosperou no Pleistoceno nunca foi embora. O discurso sexual - e por extensão, a escrita - tem estado sujeito a padrões variados de decoro desde o começo da história. Durante a maior parte do tempo histórico, a escrita não foi usada por mais que uma pequena parte da população total de qualquer sociedade. A autocensura resultante e as formas eufemísticas traduzem- se hoje em uma escassez de evidências explícitas e precisas sobre as quais basear 10 uma história. Há várias fontes primárias que podem ser coletadas em uma ampla variedade de épocas e culturas, incluindo as seguintes: • Registros da legislação indicando encorajamento ou proibição. • Textos religiosos e filosóficos recomendando, condenando ou debatendo o tema. • Fontes literárias, talvez inéditas durante a vida de seus autores, incluindo diários e correspondência pessoal. • Livros médicos que tratam várias formas como uma condição patológica Desenvolvimentos linguísticos, particularmente em gírias. • Mais recentemente, estudos de sexualidade. SEXO EM VÁRIAS CULTURAS ÍNDIA A Índia desempenhou um papel significativo na história do sexo, escrevendo uma das primeiras literaturas que tratavam as relações sexuais como ciência, sendo nos tempos modernos a origem do enfoque filosófico das atitudes dos grupos da nova era sobre o sexo. Pode-se argumentar que a Índia foi pioneira no uso da educação sexual através da arte e da literatura. Como em muitas sociedades, havia uma diferença nas práticas sexuais na Índia entre pessoas comuns e governantes poderosos, com pessoas no poder muitas vezes se entregando a estilos de vida hedonistas que não representavam atitudes morais comuns. Muitas das práticas sexuais comuns (e não tão comuns) no mundo hoje, como o costume e a arte de beijar, surgiram na Índia, proliferando com as primeiras formas de globalização. A primeira evidência de atitudes em relação ao sexo vem dos antigos textos do hinduísmo, do budismo e do jainismo, os primeiros dos quais talvez sejam a mais antiga literatura sobrevivente do mundo. Esses textos mais antigos, os Vedas, revelam perspectivas morais sobre as orações de sexualidade, casamento e fertilidade. A magia do sexo apareceu em vários rituais védicos, mais 11 significativamente no Asvamedha Yajna, onde o ritual culminou com a rainha principal deitada com o cavalo morto em um ato sexual simulado; claramente um rito de fertilidade destinado a salvaguardar e aumentar a produtividade do reino e as proezas marciais. As epopeias da antiga Índia, o Ramayana e o Mahabharata, que podem ter sido originalmente compostas em 1400 a.C., tiveram um efeito enorme na cultura da Ásia, influenciando posteriormente a cultura chinesa, japonesa, tibetana e do sudeste asiático. Esses textos apoiam a visão de que, na Índia antiga, o sexo era considerado um dever mútuo entre um casal, onde marido e mulher davam prazer um ao outro igualmente, mas onde o sexo era considerado um assunto privado, pelo menos pelos seguidores das religiões indianas mencionadas. Parece que a poligamia foi permitida durante os tempos antigos. Na prática, isso parece ter sido praticado apenas por governantes, com pessoas comuns mantendo um casamento monogâmico. É comum em muitas culturas que uma classe dominante pratique a poligamia como uma forma de preservar a sucessão dinástica. A literatura sexual mais conhecida publicamente da Índia são os textos do Kama Sutra. Estes textos foram escritos para e mantidos pelo filósofo, guerreiro e nobreza castas, seus servos e concubinas e aqueles em certas ordens religiosas. Estas eram pessoas que também podiam ler e escrever e tinham instrução e educação. As sessenta e quatro artes do amor-paixão-prazer começaram na Índia. Há muitas versões diferentes das artes que começaram em sânscrito e foram traduzidas para outras línguas, como persa ou tibetano. Muitos dos textos originais estão faltando e a única pista para sua existência está em outros textos. O Kama Sutra, a versão de Vatsyayana, é um dos sobreviventes conhecidos e foi traduzido pela primeira vez para o inglês por Sir Richard Burton e F. F. Arbuthnot. O Kama Sutra é agora talvez o texto secular mais lido no mundo. Ele detalha as maneiras pelas quais os parceiros devem se satisfazer em um relacionamento conjugal. Quando a cultura islâmica e vitoriana inglesa chegou à Índia, eles geralmente tiveram um impacto adverso no liberalismo sexual na Índia. No contexto das religiões indianas, ou dharmas, como o hinduísmo, o budismo, o jainismo e o sikhismo, o sexo é geralmente visto como um dever moral de cada parceiro em um relacionamento de casamento de longo prazo com o outro, ou é visto como um desejo que impede o desapego espiritual e, portanto, deve ser renunciado. Na Índia 12 moderna, um renascimento do liberalismo sexual ocorreu entre a população urbana bem-educada, mas ainda há discriminação e incidentes de casamento forçado entre os pobres. Dentro de certas escolas de filosofia indiana, como o Tantra, a ênfase no sexo como um dever sagrado, ou mesmo um caminho para a iluminação espiritual ou equilíbrio yoguico é grandemente enfatizada. A relação sexual real não faz parte de todas as formas de prática tântrica, mas é a característica definitiva do Tantra esquerdo. Ao contrário da crença popular, o "sexo tântrico" nem sempre é lento e sustentado, e pode terminar no orgasmo. Por exemplo, o Yoni Tantra afirma: "deve haver cópula vigorosa". No entanto, todo o tantra afirma que havia certos grupos de personalidades que não se encaixavam em certas práticas. O Tantra era específico da personalidade e insistia em que aqueles com pashubhava, que são pessoas de natureza desonesta, promíscua, gananciosa ou violenta que comiam carne e se entregam à intoxicação, só incorrem em karma ruim seguindo caminhos tântricos sem a ajuda de um guru que poderia instruí-los no caminho correto. No tantra budista, a ejaculação real é muito mais um tabu, já que o objetivo principal da prática sexual é usar a energia sexual para alcançar a iluminação plena, ao invés do prazer comum. O sexo tântrico é considerado uma experiência prazerosa na filosofia tântrica. CHINA No I Ching (O Livro das Mutações, um texto clássico chinês que trata da adivinhação), o ato sexual é um dos dois modelos fundamentais usados para explicar o mundo. Sem embaraço nem circunlocução, o Céu é descrito como tendo relações sexuais com a Terra. Da mesma forma, sem nenhum senso de interesse lascivo, os amantes masculinos dos primeiros homens chineses de grande poder político são mencionados em uma das primeiras grandes obras de filosofia e literatura, o Zhuang Zi (ou Chuang Tzu, como está escrito no antigo sistema. de romanização). A China tem uma longa história de sexismo, com até mesmo líderes morais como Confúcio dando relatos extremamente pejorativos das características inatas das mulheres. Desde os primórdios, a virgindade das mulheres era rigidamente 13 reforçada pela família e pela comunidade e estava ligada ao valor monetário das mulheres como uma espécie de mercadoria (a "venda" de mulheres envolvendo a entrega de um preço de noiva). Os homens eram protegidos em suas próprias aventuras sexuais por um duplo padrão transparente. Embora a primeira esposa de um homem com algum tipo de status social na sociedade tradicional fosse quase certamente escolhida para ele por seu pai e/ou avô, o mesmo homem poderia mais tarde assegurar para si mesmo parceiros sexuais mais desejáveis com o status de concubinas. Além disso, os servos emsua posse também poderiam estar sexualmente disponíveis para ele. Naturalmente, nem todos os homens dispunham de recursos financeiros para se dedicarem tanto a si mesmos. A literatura chinesa exibe uma longa história de interesse em afeto, felicidade conjugal, sexualidade descarada, romance, flertes amorosos, alianças homossexuais - enfim, todos os aspectos do comportamento que são afiliados à sexualidade no Ocidente. Além das passagens anteriormente mencionadas de Zhuang Zi, a sexualidade é exibida em outras obras literárias, como a dinastia Tang Yingying zhuan (Biografia de Cui Yingying), a dinastia Qing Fu sheng liu ji (Seis capítulos de uma vida flutuante), o humorístico e intencionalmente o lascivo Jin Ping Mei e o Hong lou meng (Sonho da Câmara Vermelha, também chamado de História da Pedra), multifacetado e perspicaz. Do exposto acima, apenas a história de Yingying e seu marido Zhang de fato não descrevem as interações homossexuais e heterossexuais. O romance intitulado Rou bu tuan (Tapete de oração de carne) descreve até mesmo transplantes de órgãos entre espécies para melhorar o desempenho sexual. Entre a literatura chinesa estão os textos clássicos taoístas. Esta tradição filosófica da China desenvolveu práticas sexuais taoístas que têm três objetivos principais: saúde, longevidade e desenvolvimento espiritual. O desejo de respeitabilidade e a crença de que todos os aspectos do comportamento humano podem ser colocados sob controle do governo têm sido mandados a porta-vozes oficiais chineses para manter a ficção de fidelidade sexual no casamento, ausência de grande frequência de relações sexuais antes do casamento e total ausência na China do chamado "fenômeno capitalista decadente" da homossexualidade. O resultado das demandas ideológicas que impedem o exame objetivo do comportamento sexual na China, até muito recentemente, tornou extremamente difícil para o governo tomar medidas efetivas contra doenças 14 sexualmente transmissíveis, especialmente a AIDS. Ao mesmo tempo, grandes migrações para as cidades, juntamente com o desequilíbrio de gênero na China e uma quantidade significativa de desemprego, levaram ao ressurgimento da prostituição em locais não regulamentados, um proeminente acelerador da propagação de DSTs para muitos membros comuns da sociedade. Nas últimas décadas, o poder da família sobre os indivíduos enfraqueceu, tornando cada vez mais possível que jovens homens e mulheres encontrem seus próprios parceiros sexuais e/ou matrimoniais. JAPÃO No que é frequentemente chamado de o primeiro romance do mundo, o Genji Monogatari (Conto de Genji), que remonta acerca do século VIII d.C., o erotismo é tratado como uma parte central da vida estética da nobreza. As interações sexuais do Príncipe Genji são descritas em grande detalhe, num tom de voz objetivo e de uma forma que indica que a sexualidade era um componente tão valorizado da vida culta quanto a música ou qualquer outra arte. Enquanto a maioria de suas interações eróticas envolvem mulheres, há um episódio revelador em que Genji percorre uma distância relativamente grande para visitar uma das mulheres com quem ocasionalmente consente, mas a encontra longe de casa. Chegando tarde, e a relação já está no cardápio do dia, Genji sente prazer na disponibilidade do irmão mais novo da moça, que, segundo ele, é igualmente satisfatório como parceiro erótico. Daquele tempo até pelo menos a Reforma Meiji, não há indicação de que a sexualidade tenha sido tratada de forma pejorativa. Nos tempos modernos, a homossexualidade foi tirada de vista até que ressurgiu, na esteira da revolução sexual, com aparentemente pouca ou nenhuma necessidade de um período de aceleração. Yukio Mishima, provavelmente o escritor japonês mais conhecido do mundo exterior, frequentemente escreveu sobre a homossexualidade e sua relação com a cultura japonesa nova e antiga. Da mesma forma, a prostituição, a pornografia, a tradição da Gueixa e inúmeros tipos de fetiche e sadomasoquismo ressurgiram após décadas no subsolo. 15 No Japão, a sexualidade era governada pelas mesmas forças sociais que tornam sua cultura consideravelmente diferente da da China, Coréia, Índia ou Europa. Na sociedade japonesa, o principal método usado para garantir o controle social é a ameaça do ostracismo. A sociedade japonesa ainda é uma sociedade muito vergonhosa. Mais atenção é dada ao que é educado ou apropriado para mostrar aos outros do que a quais comportamentos podem fazer uma pessoa parecer "corrupta" ou "culpada", no sentido cristão de as palavras. A tendência das pessoas na sociedade japonesa de se agruparem em termos de "grupos" e "fora de grupo" - resíduo de sua longa história como uma sociedade de castas - é uma fonte de grande pressão em todas as facetas da sociedade, através da cultura pop a natureza tribal, muitas vezes materialista e muito complexa das subculturas adolescentes), bem como os padrões mais tradicionais (como no papel de alta pressão dos assalariados). A expressão sexual varia de um requisito a um tabu completo, e muitos, especialmente os adolescentes, se vêem desempenhando muitos papéis estritamente separados durante a semana. Um local frequente de equívocos em relação à sexualidade japonesa é a instituição da gueixa. Ao invés de ser uma prostituta, uma gueixa era uma mulher treinada em artes como música e conversas cultas, e que estava disponível para interações não- sexuais com sua clientela masculina. Essas mulheres diferiam das esposas que seus patronos provavelmente tinham em casa porque, com exceção da gueixa, normalmente não se esperava que as mulheres estivessem preparadas para nada além do cumprimento das tarefas domésticas. Essa limitação imposta pelo papel social normal da maioria das mulheres na sociedade tradicional produziu uma diminuição nas atividades que essas mulheres poderiam desfrutar, mas também uma limitação nas maneiras que um homem poderia desfrutar da companhia de sua esposa. A gueixa cumpriu os papéis sociais não sexuais que as mulheres comuns foram impedidas de cumprir e, por esse serviço, foram bem remuneradas. As gueixas não foram privadas de oportunidades de se expressarem sexualmente e de outras formas eróticas. Uma gueixa poderia ter um patrono com quem ela gostava de intimidade sexual, mas esse papel sexual não fazia parte de seu papel ou responsabilidade como gueixa. Como um nível superficial, na sociedade japonesa tradicional era esperado que as mulheres fossem altamente subservientes aos homens e especialmente aos seus 16 maridos. Assim, em uma descrição socio-normal de seus papéis, eles eram pouco mais que donos de casa e parceiros sexuais fiéis para seus maridos. Seus maridos, por outro lado, podem se relacionar sexualmente com quem eles escolheram fora da família, e uma parte importante do comportamento social masculino envolve incursões depois do trabalho a lugares de entretenimento na companhia de coortes masculinos do local de trabalho - lugares que podem facilmente oferecer possibilidades de satisfação sexual fora da família. No período do pós-guerra, esse lado da sociedade japonesa viu alguma liberalização em relação às normas impostas às mulheres, bem como uma expansão dos poderes de facto das mulheres na família e na comunidade que existiam sem reconhecimento na sociedade tradicional. Nos anos desde que as pessoas tomaram conhecimento da epidemia de AIDS, o Japão não sofreu as altas taxas de doença e morte que caracterizam, por exemplo, algumas nações da África, algumas nações do Sudeste Asiático etc. Em 1992, o governo do Japãojustificou a sua recusa contínua em permitir a distribuição de contraceptivos orais no Japão, com o receio de reduzir o uso de preservativos e, assim, aumentar a transmissão da SIDA. A partir de 2004, o preservativo foi responsável por 80% do uso do controle de natalidade no Japão, e isso pode explicar as taxas de AIDS comparativamente menores do Japão. ANTIGUIDADE CLÁSSICA Na Grécia antiga, o falo, muitas vezes na forma de um herma, era um objeto de culto como um símbolo de fertilidade. Isso encontra expressão na escultura grega e em outras obras de arte. Uma antiga ideia masculina grega de sexualidade feminina era que as mulheres invejavam os pênis dos machos. As esposas eram consideradas mercadorias e instrumentos para gerar filhos legítimos. Elas tinham que competir sexualmente com eromenos, hetaeras e escravos em suas próprias casas. Tanto a homossexualidade quanto a bissexualidade, na forma de efebofilia (em alguns aspectos, escravidão), eram instituições sociais na Grécia antiga e eram essenciais para a educação, a arte, a religião e a política. As relações entre adultos 17 não eram desconhecidas, mas eram desfavoráveis. As relações lésbicas também eram de natureza pederástica. Na Grécia antiga, era comum os homens terem relações sexuais com os jovens. Essas práticas eram um sinal de maturidade para os jovens, que olhavam para os homens como mentores sexuais. Os homens da Grécia Antiga acreditavam que a prostituição refinada era necessária para o prazer e que diferentes classes de prostitutas estavam disponíveis. Hetaera, companheiras educadas e inteligentes, eram para o prazer tanto intelectual como físico, prostitutas peripatéticas solicitavam negócios nas ruas, ao passo que o templo ou prostitutas consagradas cobravam um preço mais alto. Em Corinto, cidade portuária, no mar Egeu, o templo abrigava mil prostitutas consagradas. O estupro - geralmente no contexto da guerra - era comum e era visto pelos homens como um "direito de dominação". Estupro, no sentido de "sequestro" seguido de sexo consensual, foi representado até mesmo na religião: Zeus teria arrebatado muitas mulheres: Leda na forma de um cisne, Danaë disfarçada de chuva de ouro, Alkmene disfarçada de marido. Zeus também estuprou um menino, Ganimedes, um mito que se assemelhava ao costume cretense. ETRÚRIA Os antigos etruscos tinham pontos de vista muito diferentes sobre a sexualidade, quando comparados com os outros povos antigos europeus, a maioria dos quais herdara as tradições e visões indo-europeias sobre os papéis de gênero. Escritores gregos, como Theopompus e Platão, chamaram o etrusco de "imorais" e de suas descrições descobrimos que as mulheres geralmente faziam sexo com homens que não eram seus maridos e que, em sua sociedade, as crianças não eram rotuladas como "ilegítimas" só porque não sabia quem era o pai. Theopompus também descreveu rituais orgiásticos, mas não está claro se eles eram um costume comum ou apenas um ritual menor dedicado a uma certa divindade. O dever do cidadão de controlar seu corpo era central para o conceito de sexualidade masculina na República Romana.Virtude" (virtus, de vir, "homem") foi equiparado a "masculinidade". A virtude equivalente para os cidadãos femininos de boa posição social era a pudicícia, uma forma de integridade sexual que mostrava 18 sua atratividade e autocontrole. A sexualidade feminina foi encorajada dentro do casamento. Na sociedade patriarcal romana, um "homem de verdade" deveria governar bem a si mesmo e aos outros, e não deveria se submeter ao uso ou prazer de outros. Comportamentos do mesmo sexo não eram percebidos como diminuindo a masculinidade de um romano, contanto que ele desempenhasse o papel de penetração ou dominação. Parceiros masculinos aceitáveis eram inferiores sociais como prostitutos, artistas e escravos. Sexo com homens livres menores era formalmente proibido (ver Lex Scantinia). "Homossexual" e "heterossexual", portanto, não formam a dicotomia primária do pensamento romano sobre a sexualidade, e não existem palavras em latim para esses conceitos. Representações de sexualidade franca são abundantes na literatura romana e na arte. O fascinum, um encanto fálico, era uma decoração onipresente. Posições sexuais e cenários são retratados em grande variedade entre as pinturas murais preservadas em Pompéia e Herculano. Coleções de poesia celebraram casos amorosos e A Arte do Amor, do poeta augustano Ovídio, ensinou a homens e mulheres a atrair e desfrutar os amantes. Elaborar teorias da sexualidade humana baseadas na filosofia grega foram desenvolvidas por pensadores como Lucrécio e Sêneca. Os mitos clássicos geralmente lidam com temas sexuais como identidade de gênero, adultério, incesto e estupro. Como outros aspectos da vida romana, a sexualidade era apoiada e regulada pela religião romana tradicional, tanto o culto público do estado quanto as práticas religiosas privadas e a magia. Cícero sustentava que o desejo de procriar (libido) era "a sementeira da república", pois era a causa da primeira forma de instituição social, o casamento, que por sua vez criava a família, considerada pelos romanos como o bloco de construção da civilização. A lei romana penalizava os crimes sexuais (stuprum), particularmente o estupro, bem como o adultério. Um marido romano, no entanto, cometia o crime de adultério somente quando seu parceiro sexual era uma mulher casada. A prostituição era legal, pública e generalizada. Artistas de qualquer gênero eram considerados sexualmente disponíveis (ver infâmia), e os gladiadores eram sexualmente fascinantes. Os escravos não tinham personalidade jurídica e eram vulneráveis à exploração sexual. 19 A dissolução dos ideais republicanos de integridade física em relação à liberdade política contribui e se reflete na licença e decadência sexuais associadas ao Império Romano. Ansiedades sobre a perda de liberdade e a subordinação do cidadão ao imperador foram expressas por um aumento percebido no comportamento homossexual passivo entre homens livres. A conquista sexual foi uma metáfora frequente do imperialismo romano. POLINÉSIA FRANCESA As ilhas foram notadas por sua cultura sexual. Muitas atividades sexuais vistas como tabu nas culturas ocidentais eram vistas como apropriadas pela cultura nativa. O contato com as sociedades ocidentais mudou muitos desses costumes, então a pesquisa sobre a história social pré-ocidental deve ser feita lendo-se escritos antigos. As crianças dormiam no mesmo quarto que seus pais e podiam testemunhar seus pais enquanto faziam sexo. Simulação de relações sexuais tornaram-se penetração real, logo que os meninos eram fisicamente capazes. Os adultos acharam a simulação do sexo de crianças como engraçada. Quando as crianças se aproximaram, 11 atitudes mudavam para as meninas. O sexo pré-marital não era encorajado, mas era permitido em geral, os requisitos para a sexualidade eram incidentes, regulamentos exogâmicos e filhas primogênitas de linhagem de alto nível. Depois do seu primogênito, como mulheres de alto escalão tinham permissão para casos extraconjugais. No dia seguinte, assim que estava claro, estávamos cercados por uma multidão ainda maior dessas pessoas. Havia agora pelo menos cem mulheres; e praticavam todas as artes da expressão e do gesto lascivos para ganhar a admissão a bordo. Foi com dificuldade que consegui que minha equipe obedecesse às ordens que eu havia dado sobre esse assunto. Entre essas mulheres, algumas não tinham mais de dez anos de idade. Mas a juventude, parece, não é aqui nenhumteste de inocência; essas crianças, como posso chamá-las, rivalizavam com suas mães na devassidão de seus movimentos e nas artes da sedução. 20 — Yuri Lisyansky em suas memórias. Adam Johann von Krusenstern em seu livro] sobre a mesma expedição de Yuri, relata que um pai trouxe uma garota de 10 a 12 anos em seu navio, e ela fez sexo com a tripulação. De acordo com o livro [de Charles Pierre Claret de Fleurieu e Étienne Marchand, meninas de 8 anos fizeram sexo e realizaram outros atos sexuais em público. SÉCULO XX: REVOLUÇÃO SEXUAL A segunda revolução sexual foi uma mudança substancial na moralidade sexual e no comportamento sexual em todo o Ocidente nos anos 1960 e início dos anos 70. Um fator na mudança de valores relativos às atividades sexuais foi a invenção de novas tecnologias eficientes para o controle pessoal da capacidade de entrar na gravidez. Primeiro entre eles, naquela época, foi a primeira pílula anticoncepcional. As leis liberalizadas sobre o aborto em muitos países também possibilitaram a segurança e a legalidade de uma gravidez indesejada, sem a necessidade de invocar um parto que representa grave perigo para a saúde da mãe. RELAÇÕES ENTRE MESMO SEXO As atitudes da sociedade em relação a pessoas do mesmo sexo variaram ao longo do tempo, desde esperar que todos os homens se envolvam em relacionamentos do mesmo sexo, à integração casual, através da aceitação, a ver a prática como um pecado menor, reprimindo-a através de mecanismos judiciais e judiciais. e proscrevê-lo sob pena de morte. Em uma compilação detalhada de materiais históricos e etnográficos de culturas pré-industriais, "forte desaprovação da homossexualidade foi relatada por 41% de 42 culturas; foi aceita ou ignorada por 21%, e 12% não relataram tal conceito. De 70 etnografias, 59% relataram homossexualidade ausente ou rara em frequência e 41% relataram ser ou não incomum." Nas culturas influenciadas pelas religiões abraâmicas, a lei e a igreja estabeleceram a sodomia como uma transgressão contra a lei divina ou um crime 21 contra a natureza. A condenação do sexo anal entre homens, no entanto, antecede a crença cristã. Era frequente na Grécia antiga; "não natural" pode ser rastreada até Platão. Muitas figuras históricas, incluindo Sócrates, Lord Byron, Edward II e Adriano, ] tiveram termos como gay ou bissexual aplicado a eles; alguns estudiosos, como Michel Foucault, consideraram isso como arriscando a introdução anacrônica de uma construção contemporânea da sexualidade estranha aos seus tempos, embora outros desafiem isso. Um fio comum do argumento construcionista é que ninguém na antiguidade ou na Idade Média experimentou a homossexualidade como um modo exclusivo, permanente ou definidor de sexualidade. John Boswell contrariou esse argumento citando escritos gregos antigos de Platão, que descrevem indivíduos exibindo homossexualidade exclusiva. RELIGIÃO E SEXO JUDAÍSMO Na lei judaica, o sexo não é considerado intrinsecamente pecaminoso ou vergonhoso quando conduzido no casamento, nem é um mal necessário para o propósito da procriação. O sexo é considerado um ato privado e sagrado entre marido e mulher. Certas práticas sexuais desviantes, enumeradas abaixo, eram consideradas "abominações" gravemente imorais, às vezes puníveis com a morte. O resíduo do sexo era considerado ritualmente impuro fora do corpo e necessitava de ablução. Recentemente, alguns estudiosos questionaram se o Antigo Testamento proibiu todas as formas de homossexualidade, levantando questões de tradução e referências a práticas culturais antigas. No entanto, o judaísmo rabínico condenou inequivocamente a homossexualidade. O Torá, apesar de ser bastante francao em sua descrição de vários atos sexuais, proíbe certos relacionamentos. Nomeadamente, o adultério, todas as formas de incesto, a homossexualidade masculina, a bestialidade, e introduziu a ideia de que não se deve fazer sexo durante o período da esposa: 22 • Você não deve se deitar carnalmente com a esposa do seu vizinho, para se tornar impuro por ela. (Lev. 18:20) • Não te deitarás com homens, como com a mulher: é abominação. (Lev. 18:22) • E com nenhum animal você coabitará, para se tornar contaminado por ele. E uma mulher não deve ficar na frente de um animal para coabitar com ela; isso é depravação. (Lev. 18:23) • E para uma mulher durante a impureza de sua separação, você não se aproximará para descobrir sua nudez. (Lev. 18:19) As passagens acima podem, no entanto, estar abertas à interpretação moderna. Os significados originais desses versículos não mudaram, mas sua interpretação pode ter mudado depois que eles foram traduzidos para outras línguas. Essa visão, no entanto, foi neutralizada pelos conservadores. CRISTIANISMO O cristianismo voltou a enfatizar as atitudes judaicas sobre a sexualidade com dois novos conceitos. Primeiro, havia a ideia reiterada de que o casamento era absolutamente exclusivo e indissolúvel, colocando mais orientações sobre o divórcio e ampliando as razões e os princípios por trás dessas leis. Em segundo lugar, nos tempos do Antigo Testamento o casamento era quase universal, em continuidade com o matrimônio total no Éden, mas no Novo Testamento, a trajetória é estendida para o objetivo do casamento nos novos céus e nova terra (ver Mateus 22). Praticamente, portanto, a nova era depois de Jesus agora tem o casamento como apenas normativo, mas o celibato é um presente valioso em si mesmo. O Novo Testamento é bastante claro sobre os princípios relativos às relações sexuais. Em uma de suas cartas à igreja de Corinto, Paulo responde diretamente a algumas perguntas que fizeram sobre isso. Ora, quanto aos assuntos sobre os quais você escreveu: 'É bom que um homem não toque em uma mulher'. 2 Mas devido a casos de imoralidade sexual, cada homem deve ter sua própria esposa e cada mulher seu próprio marido. 3 O marido 23 deve dar a sua esposa seus direitos conjugais e, da mesma forma, a esposa ao marido. Porque a mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas o marido o faz; Da mesma forma, o marido não tem autoridade sobre seu próprio corpo, mas a esposa o faz. 5 Não se privem uns dos outros, exceto, talvez, por acordo por um tempo determinado, dedicar-se à oração e depois se reúnem novamente, para que Satanás não tente você por causa de sua falta de autocontrole. Isso eu digo por meio de concessão, não de comando. 7 Eu gostaria que todos fossem como eu sou. Mas cada um tem um dom particular de Deus, um tendo um tipo e outro de um tipo diferente” (1 Coríntios 7: 1-9, NRSV). Paulo está falando em uma situação em que a igreja estava caindo na luxúria, e alguns membros até usando prostitutas (6:16), enquanto outros defendiam uma "espiritualidade superior" que negava injustamente o prazer das coisas terrenas, incluindo a abstinência do sexo (7:1). Paulo lhes escreve para explicar o contexto certo para o sexo no casamento, e a importância de os casais continuarem fazendo sexo e dando prazer um ao outro, mas encoraja-os a buscar o celibato (como ele mais tarde explica [7: 32-35], para que eles pode dedicar mais tempo e energia a outros) onde quer que Deus conceda esse dom (7:7). Muitas outras passagens referem-se a sexo ou casamento. PENSAMENTO CRISTÃO POSTERIOR Santo Agostinho opinou que antes da queda de Adão, não havia luxúria no ato sexual, mas que estava inteiramente subordinado à razão humana. Teólogos posteriores concluíram igualmente que a luxúria envolvida na sexualidadeera resultado do pecado original, mas quase todos concordaram que isso era apenas um pecado venial, se conduzido dentro do casamento sem luxúria desordenada. Nas escolas reformadas, representadas, por exemplo, pela Confissão de Westminster, três propósitos do casamento são estabelecidos: para encorajamento mútuo, apoio e prazer; por ter filhos; e para evitar o pecado lascivo. Hoje, muitos cristãos adotaram a visão de que não há pecado algum no prazer desinibido das relações conjugais. Alguns cristãos tendem a limitar as circunstâncias e o grau em que o prazer sexual é moralmente lícito, por exemplo, 24 para construir o autocontrole para evitar que o sexo se torne aditivo ou como um jejum. HINDUÍSMO Na Índia, o hinduísmo aceitou uma atitude aberta em relação ao sexo como arte, ciência e prática espiritual. As peças mais famosas da literatura indiana sobre sexo são Kamasutra (Aforismos no Amor) e Kamashastra (de Kama = prazer, shastra = conhecimento ou técnica especializados). Esta coleção de escritos sexuais explícitos, espirituais e práticos, cobre a maioria dos aspectos do namoro humano e da relação sexual. Foi reunido dessa forma pelo sábio Vatsyayana, de um manuscrito de 150 capítulos que havia sido destilado de 300 capítulos que, por sua vez, vinham de uma compilação de cerca de 100.000 capítulos de texto. Acredita- se que o Kamasutra tenha sido escrito em sua forma final entre o terceiro e o quinto século d.C. Também são notáveis as esculturas esculpidas em templos na Índia, particularmente no templo de Khajuraho. A representação franca do sexo desinibido sugere uma sociedade liberada e os tempos em que as pessoas acreditavam em lidar abertamente com todos os aspectos da vida. Por outro lado, um grupo de pensadores acredita que a representação de esculturas sexualmente implícitas fora dos templos indica que se deve entrar nos templos deixando desejos (kama). Além do Kamashastra de Vatsyayana, que é sem dúvida o mais famoso de todos esses escritos, existem vários outros livros, por exemplo: • O Ratirahasya, tradução literal - segredos (rahasya) do amor (rati, a união); • O Panchasakya, ou as cinco setas (sakya); • O Ratimanjari, ou a guirlanda (manjari) do amor (rati, a união) • O Anunga Runga, ou o estágio do amor. Os segredos do amor foram escritos por um poeta chamado Kukkoka. Acredita-se que ele tenha escrito este tratado em seu trabalho para agradar a um Venudutta, considerado rei. Este trabalho foi traduzido para o hindi anos atrás e o nome do autor se tornou Koka e o livro que ele escreveu se chamava Koka Shastra. O mesmo nome entrou em todas as traduções para outras línguas na Índia. Koka Shastra significa literalmente doutrinas de Koka, que é idêntico ao Kama Shastra, ou doutrinas do amor, e os nomes Koka Shastra e Kama Shastra são usados indiscriminadamente. 25 ISLÃ No Islã, a relação sexual só é permitida após o casamento e apenas com o cônjuge. Sexo fora do casamento é proibido, chamado zina, como é o adultério, que é considerado um pecado e é estritamente proibido e punível. De acordo com o capítulo Al-Israa ', versículo 32 do Alcorão, Allah (Deus) proíbe os muçulmanos de se aproximarem de zina e de se relacionarem com alguém que não seja seu cônjuge. E como o casamento é apenas entre um homem e uma mulher, qualquer relação sexual entre dois homens é proibida. O Islã não aceita a homossexualidade nem permite o sexo anal, mesmo entre casais ou mesmo durante os ciclos menstruais. Além disso, o sexo é como um ato de caridade, se feito com boas intenções. Não se pode buscar meios sexuais fora do casamento e deve diminuir o olhar quando estiver fora. TECNOLOGIA E SEXO Em meados do século XX, os avanços da ciência médica e a compreensão moderna do ciclo menstrual levaram a técnicas observacionais, cirúrgicas, químicas e laboratoriais para permitir o diagnóstico e o tratamento de muitas formas de infertilidade. Pederastia Muitas culturas normalizaram ou promoveram homens adultos e jovens do sexo masculino, geralmente adolescentes, entrando em amizades pedagógicas ou casos amorosos que também tinham uma dimensão erótica. Estes eram geralmente expressos sexualmente, mas os castos não eram infrequentes. Se sexual, essa fase do relacionamento durava até que a juventude estivesse pronta para a vida adulta e o casamento. Outras culturas viam tais relações como inimigas de seus interesses - muitas vezes por motivos religiosos - e tentavam eliminá-las. Zoofilia - atividade sexual entre humanos e animais - provavelmente remonta à pré- história. Representações de humanos e animais em um contexto sexual aparecem com pouca freqüência na arte rupestre na Europa, começando em torno do início do Neolítico e da domesticação de animais. A bestialidade permaneceu um tema comum na mitologia e no folclore durante o período clássico e na Idade Média (por 26 exemplo, Leda e o Cisne) e vários autores antigos pretendiam documentá-lo como uma prática regular e aceita - embora geralmente em "outras" culturas. A proibição legal explícita do contato sexual humano com animais é um legado das religiões abraâmicas: a Bíblia hebraica impõe a pena de morte tanto à pessoa quanto ao animal envolvidos em um ato de bestialidade. Existem vários exemplos conhecidos da Europa medieval de pessoas e animais executados por cometer bestialidade. Com a Era do Esclarecimento, a bestialidade foi incluída em outros "crimes contra a natureza" sexuais em leis civis de sodomia, geralmente permanecendo um crime capital. A bestialidade continua ilegal na maioria dos países e aceita em nenhum. Embora argumentos religiosos e de "crime contra a natureza" ainda possam ser usados para justificar isso, hoje a questão central é a capacidade de animais não- humanos de dar consentimento: argumenta-se que o sexo com animais é inerentemente abusivo. Em comum com muitas parafilias, a internet permitiu a formação de uma comunidade zoófila que começou a fazer lobby para que a zoofilia fosse considerada uma sexualidade alternativa e para a legalização da bestialidade. Prostituição é a venda de serviços sexuais, como sexo oral ou relações sexuais. A prostituição foi descrita como a "profissão mais antiga do mundo". Gonorrhoeae é registrado pelo menos até 700 anos atrás e associado a um distrito em Paris anteriormente conhecido como "Le Clapiers". Este é o lugar onde as prostitutas eram encontradas naquela época. Em algumas culturas, a prostituição tem sido um elemento de práticas religiosas. A prostituição religiosa é bem documentada nas culturas antigas do Oriente Próximo, como a Suméria, a Babilônia, a Grécia antiga e Israel, onde prostitutas aparecem na Bíblia. Na Grécia, as hetaerae eram frequentemente mulheres de alta classe social, enquanto em Roma os meretrícios eram de menor ordem social. As Devadasi, prostitutas de templos hindus no sul da Índia, foram tornadas ilegais pelo governo indiano em 1988. 27 DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS Durante grande parte da história humana, as doenças sexualmente transmissíveis têm sido um flagelo da humanidade. Eles correram sem controle através da sociedade até a descoberta de antibióticos. O desenvolvimento de preservativos baratos e a educação sobre doenças sexualmente transmissíveis ajudaram a reduzir os riscos. Por um período de cerca de trinta anos (na segunda metade do século XX) sua ameaça diminuiu. No entanto, devido à livre circulação de pessoas e à distribuição descontrolada de antibióticos, os organismos resistentes aos antibióticos se espalhamrapidamente e atualmente representam uma ameaça para as pessoas que têm mais de um parceiro sexual. É uma infecção transmitida por contato sexual, causada por bactérias, vírus ou parasitas. O Human Papiloma Virus, ou HPV É um vírus que vive na pele e nas mucosas dos seres humanos, tais como vulva, vagina, colo de útero e pênis. Muitas pessoas com HPV não desenvolvem nenhum sintoma, mas ainda podem infectar outros indivíduos pelo contato sexual. Os sintomas podem incluir verrugas nos órgãos genitais ou na pele circundante. Não há cura para o vírus, e as verrugas podem desaparecer por conta própria. O tratamento visa eliminar as verrugas. Uma vacina que previne os variados tipos de HPV com maior probabilidade de causar verrugas genitais e câncer cervical é recomendada para meninos e meninas. Herpes Genital Causada pelo vírus herpes simples, a doença pode afetar tanto homens como mulheres. Dor, coceira e pequenas feridas podem ocorrer no primeiro momento. Elas formam úlceras e crostas. Após a infecção inicial, a herpes genital permanece inativa no corpo. Os sintomas podem reaparecer durante anos. É possível usar medicamentos para controlar os surtos. 28 Clamídia A clamídia afeta pessoas de todas as idades, porém é mais comum em mulheres jovens. Muitas pessoas com clamídia, mesmo sem apresentar sintomas, podem infectar outros indivíduos por contato sexual. Os sintomas incluem dor genital e secreção pela vagina ou pênis. É recomendado o uso de antibióticos tanto para o paciente afetado como para os parceiros sexuais dele. A triagem de outras informações sexualmente transmissíveis também deve ser realizada. Gonorreia A triagem regular pode ajudar a detectar casos em que há uma infecção, apesar da ausência de sintomas. Os sintomas incluem dor ao urinar e secreção anormal do pênis ou da vagina. Os homens podem sentir dor testicular e as mulheres, dor pélvica. Em alguns casos, a gonorreia não tem sintomas. A gonorreia pode ser tratada com antibióticos. AIDS O vírus pode ser transmitido pelo contato com sangue, sêmen ou fluidos vaginais infectados. Algumas semanas depois da infecção pelo HIV, podem ocorrer sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, dor de garganta e fadiga. A doença costuma ser assintomática até evoluir para AIDS. Os sintomas da AIDS incluem perda de peso, febre ou sudorese noturna, fadiga e infecções recorrentes. Não existe cura para a AIDS, mas uma adesão estrita aos regimes antirretrovirais (ARVs) pode retardar significativamente o progresso da doença, bem como prevenir infecções secundárias e complicações. Sífilis A sífilis desenvolve-se em estágios, e os sintomas variam conforme cada estágio. A primeira etapa envolve uma ferida indolor na genitália, no reto ou na boca. Após a cura da ferida inicial, a segunda fase é caracterizada por uma irritação na pele. Depois, não há sintomas até a fase final, que pode ocorrer anos mais tarde. Essa fase final pode resultar em danos para cérebro, nervos, olhos ou coração. A sífilis é tratada com penicilina. Os parceiros sexuais também devem ser tratados. 29 A SEXUALIDADE E PSICOLOGIA Um texto clássico da antropóloga Carole Vance (1991/1995), nesse ensaio ela sugere que as psicologias, e o ensino de psicologia no Brasil, precisam redescobrir a sexualidade interpelados pela fecundidade da abordagem construcionista. Começa com uma história que ela testemunhou entre várias outras em mais de duas décadas de trabalho como psicóloga e pesquisadora no campo da sexualidade. John Gagnon e Richard Parker, na introdução do livro considerado um divisor de águas nesse campo (Conceiving Sexuality, 1995), dataram o primeiro período desse empreendimento de 1890 a 1980 nomeando-o de “sexológico”. Segundo os autores, o período sexológico se iniciou com poucos pesquisadores e ativistas buscando trazer o discurso sobre a sexualidade para o campo da produção científica e secular, empreendimento cuja história mais longa Michel Foucault traçou até o conjunto de crenças médicas que normatizavam o controle dos impulsos sexuais no século XIX. Os autores identificam Freud (e seguidores), Ellis, Hirschfeld, Malinovsky, Stopes, Reich, pesquisadores do Instituto Kinsey, Margareth Mead, Masters & Johnson como os principais teóricos nesse período. Nas primeiras décadas do período sexológico, utilizava-se a entrevista clínica e histórias de vida como abordagem principal. Depois da década de 1930, os estudos descritivos com base em questionários e diversas modalidades de trabalho de campo foram introduzidos, e no período de 1960-1970 a observação e a experimentação em laboratório foram adotadas para descrever a chamada “natureza” da resposta sexual. Durante todo esse período, coexistiram nos discursos tecno-científicos concepções sobre “a” sexualidade ancoradas nas noções de impulso, de força natural de imenso poder, poder que se opunha à civilização e à cultura. Culturas e sociedades apenas respondiam a essa força essencial, natural, essencialmente diferente entre homens e mulheres, considerada normal quando heterossexual. Com algumas nuances, esses teóricos de diferentes disciplinas concordavam que, se a ciência produzisse teorias sobre a sexualidade e revelasse sua natureza, a humanidade seria beneficiada por um maior equilíbrio entre indivíduo e sociedade ou para relações sexuais naturais e saudáveis. As “descobertas” do período sexológico resultaram em modelos clínicos de 30 intervenção operados por psicólogos, médicos e psicanalistas até hoje. Os autores- heróis acima identificados por Gagnon & Parker, por exemplo, dedicavam-se à saúde mental e, depois dos anos 60, passaram a tratar também da “saúde sexual” - a normalidade biológica teria sido “revelada” pelo laboratório e a normalidade estatística pelas pesquisas sobre crenças, atitudes ou práticas sexuais de populações e grupos. Inspirados por teorias de desenvolvimento e da personalidade que receberam a marca do período sexológico, educadores gradativamente passaram a utilizá-las como subtexto na interpretação de atitudes de jovens e crianças no ambiente escolar, ainda que raramente para tratar diretamente do tema da sexualidade ou conduzir qualquer tipo de educação sexual. A natureza do sexo e seus hormônios explicariam comportamentos menos civilizados e definiriam a “natureza rebelde” de uma etapa universal do desenvolvimento humano não descrita até então: a adolescência. A verdade sobre essa sexualidade natural e normal definiria também “a” família natural e normal. “Famílias desestruturadas” (não-naturais), para usar a linguagem que se fala na escola ou nos serviços de saúde e de assistência social, explicariam desvios de comportamento a serem tratados ou prevenidos. PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO PARA DISFUNÇÃO SEXUAL FEMININA A Disfunção sexual feminina refere-se à alteração do interesse pela atividade sexual, à dificuldade em vivenciar a excitação subjetiva e/ou genital e em desencadear o desejo durante o envolvimento sexual, à disfunção do orgasmo e da dor à relação sexual, bem como à impossibilidade de relaxamento vaginal (para permitir a penetração). Embora seja causa de sofrimento, nem sempre é abordada diretamente, pela complexidade do tema. Aparece muitas vezes como queixa de depressão, ansiedade, baixa autoestima, insatisfação ou dificuldade para envolvimento em relacionamentos íntimos. Também os profissionais de saúde muitas vezes referem desconforto em iniciar avaliação e eventual tratamento dessa condição. Como a atividade sexual é basicamente umaexperiência corporal, é importante que 31 ela desperte sensações agradáveis por todo o corpo. No entanto, a cultura ainda apoia uma educação que desestimula a mulher de conectar-se às sensações corporais, o que pode gerar vergonha dos órgãos genitais e muito frequentemente um desconhecimento sobre eles. Algumas intervenções psicoterapêuticas buscam conscientizá-la dessas sensações prazerosas e dos sinais sexuais dados pelo corpo, assim como das condições facilitadoras ou inibidoras provocadas pelas sensações de prazer. Ajudam ativamente a provocar prazer e explorar o corpo e a genitália, reconhecendo ou reativando padrões pessoais de excitação, estimulação e prazer. Exercícios de autoconsciência têm apresentado bons resultados. Fundamentam-se na discordância comum em mulheres entre a experiência subjetiva de excitação e a resposta fisiológica, o que tem sido relacionado à dificuldade de identificação das sensações corporais internas, ou seja, a consciência. Considera-se que julgamentos de inadequação, vergonha, culpa e ansiedade podem monopolizar os pensamentos da mulher e distanciá-la do momento presente, interferindo na consciência. As barreiras de natureza psicológica que interferem na consciência introspectiva e consequentemente no funcionamento sexual são: atenção (dificuldade em manter o foco ou identificar as sensações corporais), autojulgamento (autoavaliação negativa ou falta de auto aceitação) e sintomas clínicos (depressão, ansiedade). Essas “distrações” deixam a mulher subjetivamente não excitada. Esses exercícios melhoram significativamente as três categorias de barreiras psicológicas (atenção, autojulgamento e sintomas clínicos) e a capacidade de identificar e diferenciar sensações corporais, diminuindo o tempo de reação ao estímulo sexual e melhorando a percepção das respostas fisiológicas ao estímulo sexual. Modalidades tradicionais de terapia sexual também são utilizadas. Incluem exercícios de foco sensorial, como a troca de toques físicos partindo de áreas não sexuais do corpo para as sexuais, com os parceiros se revezando e reagindo verbal e totalmente. Terapias de tempo limitado vêm sendo propostas, devido às possibilidades comprovadas de benefícios a custo menor do que processos terapêuticos prolongados. Nessa modalidade, que pode ser aplicada para atendimento individual ou em grupo, os objetivos são estabelecidos no início, favorecendo a criação de um contexto apropriado para o tratamento. No Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do 32 Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o modelo de intervenção é a Psicoterapia de Grupo Tematizada e de Tempo Limitado para disfunções sexuais. Esse modelo consta de 16 sessões, com 90 minutos de duração cada e frequência semanal. Devido à interação das participantes no grupo, o potencial de apreensão de temas específicos, tais como resposta sexual feminina e orientações básicas relativas à função sexual, é amplificado nos atendimentos grupais, pela maior possibilidade de troca de vivências e experiências sexuais. Nesse sentido, a experiência grupal ganha função psicoeducativa. Os estudos populacionais têm proporcionado um conhecimento cada vez mais detalhado do impacto de fatores psicossociais e relacionais sobre a vida sexual feminina, confirmando a complexidade e a diversidade de fatores relacionados. As disfunções sexuais femininas têm desafiado os estudiosos, que buscam terapêuticas medicamentosas ou técnicas psicoterapêuticas que possam atender melhor a essa condição. Muitas mulheres podem ser favorecidas com a criação de um contexto apropriado para a aquisição de informações básicas sobre seu funcionamento e resposta sexual. Outras necessitam de tratamentos medicamentosos para situações específicas e/ou exigem processos psicoterapêuticos mais complexos. A partir do crescente conhecimento sobre disfunções sexuais, o novo desafio para o profissional de saúde tem sido introduzir o tema da sexualidade nos atendimentos e elaborar um diagnóstico completo que permita intervenção multidisciplinar apropriada à singularidade de cada caso. 33 O POSICIONAMENTO DO CFP/CRP RESOLUÇÃO Nº 1, DE 29 DE JANEIRO DE 2018 O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições legais e regimentais, que lhe são conferidas pela Lei nº 5.766, de 20 de dezembro de 1971, e pelo Decreto nº 79.822, de 17 de junho de 1977; CONSIDERANDO os princípios fundamentais previstos no Art. 1º da Constituição Federal de 1988, que estabelece a dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, e o Art. 5º, que dispõe que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza"; CONSIDERANDO o Art. 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 10 de dezembro de 1948, o qual enuncia: "todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade"; CONSIDERANDO que a estrutura das sociedades ocidentais estabelece padrões de sexualidade e gênero que permitem preconceitos, discriminações e vulnerabilidades às pessoas transexuais, travestis e pessoas com outras expressões e identidades de gênero não cisnormativas; RESOLVE: Art. 1º As psicólogas e os psicólogos, em sua prática profissional, atuarão segundo os princípios éticos da profissão, contribuindo com o seu conhecimento para uma reflexão voltada à eliminação da transfobia e do preconceito em relação às pessoas transexuais e travestis. Art. 2º As psicólogas e os psicólogos, no exercício profissional, não exercerão qualquer ação que favoreça a discriminação ou preconceito em relação às pessoas transexuais e travestis. 34 Art. 3º As psicólogas e os psicólogos, no exercício profissional, não serão coniventes e nem se omitirão perante a discriminação de pessoas transexuais e travestis. Art. 4º As psicólogas e os psicólogos, em sua prática profissional, não se utilizarão de instrumentos ou técnicas psicológicas para criar, manter ou reforçar preconceitos, estigmas, estereótipos ou discriminações em relação às pessoas transexuais e travestis. Art. 5º As psicólogas e os psicólogos, no exercício de sua prática profissional, não colaborarão com eventos ou serviços que contribuam para o desenvolvimento de culturas institucionais discriminatórias em relação às transexualidades e travestilidades. Art. 6º As psicólogas e os psicólogos, no âmbito de sua atuação profissional, não participarão de pronunciamentos, inclusive nos meios de comunicação e internet, que legitimem ou reforcem o preconceito em relação às pessoas transexuais e travestis. Art. 7º As psicólogas e os psicólogos, no exercício profissional, não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização das pessoas transexuais e travestis. Parágrafo único. As psicólogas e os psicólogos, na sua prática profissional, reconhecerão e legitimarão a autodeterminação das pessoas transexuais e travestis em relação às suas identidades de gênero. Art. 8º É vedado às psicólogas e aos psicólogos, na sua prática profissional, propor, realizar ou colaborar, sob uma perspectiva patologizante, com eventos ou serviços privados, públicos, institucionais, comunitários ou promocionais que visem a terapias de conversão, reversão, readequação ou reorientação de identidade de gênero das pessoas transexuais e travestis. 35 Art. 9º EstaResolução entra em vigor na data de sua publicação. Rogério Giannini Conselheiro Presidente Conselho Federal de Psicologia Data de publicação no sistema: 11 de maio de 2018 RESOLUÇÃO CFP Nº 1, DE 22 DE MARÇO DE 1999 CONSIDERANDO que o psicólogo é um profissional da saúde; CONSIDERANDO que na prática profissional, independentemente da área em que esteja atuando, o psicólogo é frequentemente interpelado por questões ligadas à sexualidade. CONSIDERANDO que a forma como cada um vive sua sexualidade faz parte da identidade do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade; CONSIDERANDO que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão; CONSIDERANDO que há, na sociedade, uma inquietação em torno de práticas sexuais desviantes da norma estabelecida sócio culturalmente; CONSIDERANDO que a Psicologia pode e deve contribuir com seu conhecimento para o esclarecimento sobre as questões da sexualidade, permitindo a superação de preconceitos e discriminações; RESOLVE: Art. 1º Os psicólogos atuarão segundo os princípios éticos da profissão notadamente aqueles que disciplinam a não discriminação e a promoção e bem- estar das pessoas e da humanidade. Art. 2º Os psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas. Art. 3º Os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados. Parágrafo único. Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades. Art. 4º Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos 36 públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica. Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Art. 6º Revogam-se todas as disposições em contrário. ANA MERCÊS BAHIA BOCK Conselheira Presidente Data de publicação no sistema: 23 de fevereiro de 2018 CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DA/O PSICÓLOGA/O • Art. 9º - É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional. 37 3. CONCLUSÃO A sexualidade gera debates e estudos científicos, por sua complexidade e variedade. Cada autor, cada filosofo e cada cientista aborda o tema de uma maneira, envolvendo assim seu ponto de vista pessoal e tese. Pode se afirmar que, a sexualidade não envolve somente a parte biológica do ser humano, mas envolve também o emocional, variando assim entre religiões, culturas e legislações de cada país. Cada religião tem seu posicionamento perante a sexualidade, e cada doutrina gera de certa forma um julgamento para o indivíduo, que pode alterar seu estilo de vida e conceito sobre o assunto. Cada cultura também impõe uma forma "correta" de se comportar perante a sexualidade, quando não seguida corretamente julga o indivíduo como imoral, julgamento esse que na maioria das vezes sobrecarrega as mulheres. Cada legislação interfere na sexualidade do indivíduo, por exemplo, em alguns países é permitido homens terem duas esposas, em outros países crianças com 12 anos são obrigadas a se casarem. Desse modo, é correto dizer que, a sexualidade é abordada de diversas formas e cada indivíduo tem sua variável individual. 38 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BLANSHARD, Alastair J. L. Gender and Sexuality. In: KALLENDORF, Craig w. (ed). A Companion to the Classical Tradition. Oxford: Blackwell, 2007. FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade. 3 vols. Rio de Janeiro: Graal, 1988. HALPERIN, D. M.; WINKLER, J. J.; ZEITLIN, F. I. (eds). Before Sexuality: The Construction of Erotic Experience CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA SP, Código de Ética Profissional do Psicólogo (ed). Edição Especial 20 anos – Resolução CFP 01/99
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