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Introdução a Saude coletiva

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Introdução à saúde coletiva
A Saúde Coletiva é um campo que reúne e produz conhecimentos sobre a saúde, estendendo a situação de saúde como um processo social, relacionado com a estrutura e organização da sociedade, dependente da época, do meio social, cultural (das crenças religiosas e filosóficas). Fundamentada nesta concepção, elabora ações de atenção à saúde como práticas não apenas técnicas, mas também sociais.
Saúde pública
A Saúde Pública é a ciência e a arte de prevenir a doença, prolongar a vida, promover a saúde física e a eficiência através dos esforços da comunidade organizada para o saneamento do meio ambiente, o controle das infecções comunitárias, a educação dos indivíduos nos princípios de higiene pessoal, a organização dos serviços médicos e de enfermagem para o diagnóstico precoce e o tratamento preventivo da doença e o desenvolvimento da máquina social que assegurará a cada indivíduo na comunidade um padrão de vida adequado para a manutenção da saúde.
Diferenciações entre saúde pública e saúde coletiva
A Saúde Pública tem por base a epidemiologia tradicional, o planejamento normativo, a administração científica e a concepção biologicista da saúde, desconsiderando as necessidades sociais. As ações se caracterizam por serem isoladas, como exemplo, as ações da Vigilância Epidemiológica e da Vigilância Sanitária ou o desenvolvimento de programas especiais, desarticulados das demais ações como o Programa Nacional de Imunização.
Já a Saúde Coletiva utiliza como instrumentos de trabalho a epidemiologia social ou crítica que, aliada às ciências sociais, prioriza o estudo da determinação social e das desigualdades em saúde, o planejamento estratégico e comunicativo e a gestão democrática. Além disso, incorpora os saberes científicos e populares para orientar suas ações de consciência sanitária e realizar as intervenções intersetoriais sobre os determinantes estruturais da saúde. Movimentos como promoção da saúde, cidades saudáveis, políticas públicas saudáveis, saúde em todas as políticas compõem as estratégias da Saúde Coletiva.
E as diferenças não param por aqui, na Saúde Pública os agentes, trabalhadores da Saúde Pública, assumem as tarefas do planejamento normativo, que definem objetivos e metas considerando apenas o ponto de vista do Estado. Já na Saúde Coletiva, cabe ao agente a responsabilidade pela direção do processo coletivo de trabalho, na busca e compreensão das necessidades de saúde, na organização e planejamento de ações para o atendimento das necessidades.
Na Saúde Coletiva, as equipes de saúde da família (ESF) realizam visitas domiciliares, conhecendo as famílias presentes no território, sua realidade social e suas necessidades. Elas fazem o cadastramento das famílias, esses dados, além de servirem para a formação de vínculo com as equipes de saúde de acompanhamento situacional das famílias, auxiliam também no planejamento de projetos terapêuticos e atuam como fonte para vários tipos de pesquisas, para órgãos governamentais, para as comunidades acadêmicas.
A construção da saúde coletiva
O campo da Saúde Coletiva surgiu na América Latina a partir da segunda metade da década de 1950. No Brasil, sua trajetória se dá de maneira bastante específica e foi antecedida por dois movimentos distintos, a medicina preventiva e a medicina social, que surgiram na Europa.
Existem duas fases que antecederam a Saúde Coletiva, que foram: Fase Preventivista e Fase Medicina Preventiva Social.
Fase Preventivista
A Medicina Preventiva surgiu de um projeto preventivista latino-americano, que se originou na década de 50, com a crise de uma medicina biologicista.
Em razão do modelo biologicista, centrado na cura, foram realizadas mudanças na grade curricular no curso de medicina, com adoção de disciplinas e temas associados à epidemiologia, ciências da conduta, administração de serviços de saúde e bioestatística. Procurava-se, dessa forma, ao criticar o modelo biologicista do ensino, caracterizado por práticas médicas individuais e curativas centradas no hospital, não somente introduzir outros conhecimentos, mas possibilitar uma compreensão mais completa do indivíduo, dando origem à integração biopsicossocial e ao modelo da medicina integral, e ênfase na medicina da família e da comunidade.
Fase medicina preventiva social
A medicina social surgiu em meados do século XIX. Nesse momento, alguns fundamentos passam a ganhar força, mudando a maneira de se analisar as concepções de saúde. Assim, tanto os aspectos sociais quanto os econômicos passam a ter impacto decisivo sobre as condições de saúde e doença da população e que, portanto, devem ser considerados.
No Brasil, surgiu em meados da década de 60. A medicina social estuda as práticas e os conhecimentos relacionados com a saúde e a sociedade, bem como as formas correntes de interpretação dos problemas de saúde e da prática médica.
Fase da saúde coletiva
Surgiu no final dos anos 70, como uma crítica às práticas de saúde que separavam ações preventivas e curativas, a abordagem prescritiva da medicina, que desconsiderava as condições sociais e políticas que estavam intimamente relacionadas com as condições de vida e da forma como eram instituídas as práticas em saúde.
No Brasil, a década de 70 foi marcada por constantes debates sobre as relações de saúde e sociedade, a piora dos indicadores econômicos, sociais e de saúde decorrentes diante do poder político autoritário.
O cenário político-econômico e sanitário brasileiro, com forte repressão política, e a piora crescente nos indicadores socioeconômicos e de saúde colocavam sob suspeita um modelo de Saúde Pública desenvolvimentista. Diante desse contexto, crescia o desejo de mudanças, no entendimento da saúde, com um referencial político e social que pudesse trazer novas políticas e práticas no campo da saúde.
Dessa forma, a Saúde Coletiva surgiu da crítica ao modelo biologicista do conhecimento e das práticas adotadas no planejamento e assistência em saúde.
A Saúde Coletiva foi impulsionada por:
Movimentos sociais e mudanças históricas das sociedades;
Políticas públicas e organização corporativa;
Corpo de conhecimentos e instrumentos técnicos.
Saúde coletiva e seus campos de saberes e práticas
Apesar da multiplicidade de conhecimentos disciplinares que compõem o campo de saberes, a epidemiologia, as ciências sociais, as ciências humanas e a política e planejamento são consideradas os alicerces da Saúde Coletiva.
A epidemiologia estuda o processo saúde e doença, a distribuição e os determinantes de estados e eventos relacionados à saúde em populações definidas e a aplicação deste conhecimento para a resolução dos problemas de saúde. Traz importantes contribuições para o planejamento de práticas e avaliação de ações em saúde. Associada às ciências sociais, contribui para o estudo demográfico, da geografia, colaborando na compreensão e estabelecimento do diagnóstico situacional de saúde.
As ciências sociais e humanas (antropologia, sociologia, filosofia, economia, política, ética) foram se consolidando como fundamentais para a 
compreensão dos processos da vida, do trabalho, do adoecer, da morte, assim como dos cuidados aos pacientes, familiares e a relação profissional.
É estreito o relacionamento das políticas com o planejamento, este último constitui-se de aspectos técnicos operacionais, mas é imprescindível atentar para seu caráter político.
Segundo Nunes (1994), nesse campo de saberes e práticas há um novo olhar e conformação sobre o coletivo, em que ele irá se impor na assistência curativa e preventiva, uma vez que as práticas de saúde se dão por meio da compreensão do coletivo e na coletividade.
Para Ceccim e Carvalho (2006), a Saúde Coletiva, para determinar suas intervenções e tomadas de decisões, faz análise segundo:
As políticas (formas de distribuição do poder, eleição de prioridades, perspectivas de inclusão social e visão de saúde);
As práticas (ações institucionais, profissionais e relacionais, permeabilidade às culturas, produção de conhecimento);As técnicas (organização e regulação dos recursos e processos produtivos);
E os instrumentos (os meios para a intervenção).
As ações da Saúde Coletiva têm como eixo norteador as necessidades sociais em saúde e, nesse sentido, preocupam-se com a saúde do público, sejam indivíduos, grupos étnicos, gerações, classes sociais e populações, instigando uma maior e mais efetiva participação social.
Enquanto campo de práticas, a Saúde Coletiva propõe principalmente uma nova maneira de organizar os serviços de saúde, destacando a promoção da saúde para minimizar os riscos e agravos. Com caráter multiprofissional e interdisciplinar, busca a melhoria da qualidade de vida dos sujeitos.
Por fim, na Saúde Coletiva todas as práticas de saúde orientadas para os modos de viver, de maneira a melhorar as condições de existência das pessoas e coletividades, demarcam intervenção e possibilidades às transformações nos modos de viver, trabalham com promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos, ações de reabilitação psicossocial e proteção da cidadania, entre outras práticas de proteção e recuperação da saúde.
A saúde coletiva e o conceito ampliado de saúde
O conceito ampliado de saúde tem como fatores determinantes e condicionantes: 
O meio físico (condições geográficas, água, alimentação e habitação), 
O meio socioeconômico e cultural (ocupação, renda e educação), 
Os fatores biológicos (idade, sexo e herança genética), 
E a oportunidade de acesso aos serviços que visem à promoção, proteção e recuperação da saúde.
O Conselho Gestor Participativo é o conselho de saúde local. Seus integrantes são representantes do governo, dos usuários, dos profissionais de saúde e dos prestadores de serviços e representantes de entidades.
Como representante, ele faz o elo entre o conselho e sua coletividade, esse trabalho é feito por meio de mobilização do segmento, reuniões, boletins informativos e consultas. Além de propor, discutir e definir questões, é fundamental que o conselheiro acompanhe a execução das decisões da política de saúde para que haja fiscalização e controle por parte da sociedade. 
O representante é eleito por voto, exceto o representante do governo, que é designado para um mandato de dois anos, geralmente. A quantidade de conselheiros é definida pelo Conselho Nacional de Saúde ou na Conferência de Saúde, bem como a periodicidade de reuniões.

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