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1 
 
 
Ética e Sociedade 
1º semestre / 2019 
2 
 
 
 
COLETÂNEA 
FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA 
 
Ensino Presencial (1º semestre) 
EAD (MÓDULO 51) 
 
 
 
Organizadoras 
Cristina Herold Constantino 
Débora Azevedo Malentachi 
 
 
 
Colaboradores 
Edson Dias dos Santos 
Fabiana Sesmilo de Camargo Caetano 
Leticia Matheucci Zambrana 
Rebeca Sabrina Vaz Lencina 
 
 
Direção Geral 
Pró-Reitor Valdecir Antônio Simão 
 
 
 
3 
 
 
Sumário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação........................................................................................................................................................ 04 
Considerações Iniciais......................................................................................................................................... 05 
O desafio da Ética na Sociedade do Conhecimento............................................................................................... 06 
Brumadinho e a urgência da responsabilidade........................................................................................................ 07 
Revisitar nossas crenças: uma boa solução para os problemas do Brasil.............................................................. 09 
Empresas de cosméticos usou desastre humano e ambiental para se promover.................................................. 10 
Sócios do crime organizado..................................................................................................................................... 12 
Os direitos humanos e o Estado de direitos............................................................................................................ 14 
Jovens zombam de indígena veterano de guerra nos EUA.................................................................................... 16 
Década internacional de Afrodescendentes............................................................................................................ 18 
E a sociedade pergunta: Surdo, Surdo-Mudo ou Deficiente Auditivo?.................................................................... 20 
TEA – Transtorno do Espectro Autista.................................................................................................................... 21 
Retrospectiva imigração 2018 e perspectivas para 2019........................................................................................ 23 
Ética profissional...................................................................................................................................................... 26 
Ética na engenharia................................................................................................................................................. 30 
Museus históricos: poder, educação e sociedade................................................................................................... 34 
Sociedade dos sonhos............................................................................................................................................. 37 
Charges.................................................................................................................................................................... 38 
Considerações finais................................................................................................................................................ 40 
4 
 
Apresentação 
 
A Formação Sociocultural e Ética (FSCE) compõe um 
dos Projetos de Ação da UniCesumar, cujo principal 
objetivo é aperfeiçoar habilidades e estratégias de leitura 
fundamentais para seu desempenho pessoal, acadêmico 
e profissional. Nesse sentido, esta disciplina corresponde 
à missão institucional, a qual consiste em “Promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos que 
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade 
justa e solidária”. Conforme slogan da FSCE, “Quem 
sabe mais faz a diferença!”, o conhecimento adquirido por 
meio da leitura é a mola propulsora capaz de formar e 
transformar sujeitos passivos em cidadãos ativos, 
preparados para fazer a diferença na sociedade como um 
todo. 
 
Na FSCE, você terá contato com vários assuntos e fatos 
que ocorrem na sociedade atual e que devem fazer parte 
do repertório de conhecimentos de todos os que buscam 
compreender criticamente seu entorno social, nacional e 
internacional. Em síntese, no intuito de atender ao 
objetivo desta disciplina, a FSCE está dividida em cinco 
grandes eixos temáticos: Ética e Sociedade – Ética, 
Política e Economia – Ética Cultura e Arte – Ética, Ciência 
e Tecnologia – Ética e Meio Ambiente, sendo que nos 
dois primeiros eixos estão incluídos temas 
complementares e pertinentes propostos pelo 
Observatório Social do Brasil. 
 
Este material, também chamado de Coletânea, é o 
principal instrumento de estudo da FSCE. Recebe o 
nome de Coletânea porque reúne vários gêneros textuais 
criteriosamente selecionados para estimular sua reflexão 
e análise pontuais. Textos retirados de diferentes fontes, 
com a finalidade de abordar recortes temáticos 
relacionados aos conteúdos de cada eixo supracitado. 
Tem como principal objetivo ser um material de apoio à 
sua formação geral, servindo-lhe de estímulo à leitura, 
interpretação e produção textual. Uma Coletânea como 
esta é organizada a cada duas semanas, ou seja, a 
realização completa desta disciplina ocorre no período de 
10 semanas. 
 
Você tem em suas mãos uma compilação por meio da 
qual terá acesso a um conteúdo seleto de textos basilares 
para sua reflexão, aprendizagem e construção de 
conhecimentos valiosos. Textos compostos por fatos, 
notícias, ideias, argumentos, aspectos veiculados nos 
principais meios de comunicação do país, links de acesso 
a entrevistas, depoimentos, vídeos relacionados ao eixo 
temático, além de respaldos teóricos e práticos acerca da 
linguagem que poderão servir como suporte à sua vida 
em todas as instâncias. 
 
Também, importa lembrar que a organização deste e 
demais materiais da FSCE não pressupõe qualquer 
tendência político-partidária e/ou apologia a qualquer 
grupo religioso em detrimento de outros, sendo que 
estamos disponíveis ao recebimento de indicações de 
textos, sites, tanto quanto às sugestões de conteúdos 
relacionados aos referidos eixos. Faça, portanto, da 
FSCE sua porta de entrada para a aquisição de novos 
conhecimentos. 
 
 
 
 
 Vista a Camisa do 
Conhecimento 
e seja MAIS! 
5 
 
 
Considerações Iniciais 
 
 
 
 
 
O CONHECIMENTO É 
COMO UM JARDIM: 
SE NÃO FOR 
CULTIVADO, NÃO 
PODE SER COLHIDO. 
Provérbio Africano 
Olá, prezado(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a)! 
Nesta primeira Coletânea da Formação Sociocultural e 
Ética (FSCE), convidamos você a exercer uma leitura 
crítica sobre Ética e Sociedade, porém, com o olhar 
empático. Talvez sejam estas as palavras-chave do 
momento – criticidade e empatia. Criticidade para 
analisar os fatos e se posicionar diante deles. Empatia 
para se colocar no lugar do outro, no intuito de melhor 
compreender sua realidade, seus dilemas, suas dores. 
A partir da leitura crítica e do olhar empático acerca dos 
temas que seguem – direitos humanos, indigenismo, 
afrodescendência, dentre outros – estamos a um 
passo de fazer do conhecimento o ponto de partida 
para atitudes proativas tão necessárias para a 
construção de uma sociedade mais justa e solidária. 
Nesse sentido, acreditamos no poder transformador da 
leitura e no seu potencial de fazer a diferença a partir 
dessa transformação! 
Uma ótima leitura! Sucesso na sua jornada acadêmica! 
Sucesso na vida! 
Organizadoras 
6 
 
O DESAFIO DAÉTICA NA 
SOCIEDADE DO CONHECIMENTO 
Marcia Tiburi 
Ética é uma das questões mais importantes no contexto 
de nossa sociedade, tanto da esfera pública, quanto de 
nossas vidas privadas. Somos éticos quando refletimos 
sobre o que fazemos, quando medimos e qualificamos 
nossas ações levando em conta o que somos e podemos 
ser, com base no reconhecimento do outro, seja ele nosso 
próximo, a sociedade ou até mesmo o planeta. Sem a 
ética não sabemos nos situar em nenhuma esfera de nossas vidas. Sem a ética nos tornamos alienados, ou 
seja, figuras desconectadas de uma reflexão sobre o sentido da vida em sociedade. 
Ética é um tipo de postura e, consequentemente, de ação, certamente mediada em princípios tais como o 
respeito à subjetividade, à dignidade da pessoa, à diversidade, ao outro. Mas não se trata de uma pura ação. 
Antes trata-se da relação entre pensamento e ação. Neste sentido, para que cheguemos à ética, precisamos 
lutar pela desmistificação da separação entre teoria e prática. Esta é uma das questões mais fundamentais 
quando falamos de ética como a “filosofia prática” que ela, de fato, é. Ética é a capacidade de pensar e fazer a 
partir de um princípio de autonomia pessoal em que cada sujeito se questiona sobre o que pensa e faz, levando 
em conta que o questionamento já é, em si mesmo, pensamento e ação que terá consequências concretas. 
Quem não pensa por conta própria é levado a pensar o que os outros para ele definiram como verdade. É neste 
sentido que muitos introjetam aquilo mesmo que lhes faz mal, que é dito contra eles mesmos. A heteronomia 
pode até ser moral, mas não é ética, pois enquanto a moral é confirmação do hábito ou do previamente 
estabelecido, a ética implica seu questionamento. No entanto, falamos de ética como de uma palavra mágica 
que, pelo simples fato de ser pronunciada, adquire validade concreta. Isso tem dois lados. De um, muitos 
acreditam que basta “falar” ética para ser ético. De outro, é verdade que a palavra ética tem um poder 
performativo radical. Quando pronuncio ética, a palavra como que ricocheteia sobre mim exigindo que eu a 
realize na prática. Isso quer dizer que se alguém fala em ética sem ser ético, uma contradição se escancara. 
Ao mesmo tempo, vivemos em uma sociedade caracterizada por uma relação imediata com a informação e 
certa ideia de conhecimento que parece não prever muito espaço e tempo para o cultivo da subjetividade que 
nos permitiria a invenção da ética entre nós. Os relacionamentos já não são baseados em princípios éticos 
porque não existe mais a esfera da subjetividade, ou, em outros termos, da interioridade, da consciência de si, 
do autoquestionamento e da crítica social. Aquilo que antigamente chamávamos de “alma”. Experimentamos 
nos diversos contextos da experiência vivida, transformações profundas que alteram nosso modo de ver e, 
portanto, de agir no mundo. As novas tecnologias, a Internet, as Redes Sociais, têm levantado muitas questões 
que tanto o campo da filosofia, quanto o da antropologia, da sociologia e da educação procuram responder. A 
contradição entre um mundo de informação e a desvalorização da comunicação e da educação é uma delas. 
Nossa cultura desvaloriza, igualmente, a cultura… Como fomentar a subjetividade se estas esferas que a criam 
estão aviltadas em nossos meios? 
Perguntar pelo sentido do conhecimento em nossos dias é uma questão que se torna cada vez mais urgente. 
Ele também nos coloca o sentido do autoconhecimento que, visto de um ponto de vista crítico, ainda teria muito 
a nos dizer sobre nossa potencialidade ética (e que será sempre, por fim, política). Mas quem quer 
autoconhecimento hoje? Só que esta pergunta esconde uma outra: onde está o desejo? E outra: quem tem 
direito a seu desejo hoje? Neste campo, a pergunta ética por excelência é “o que cada um de nós está fazendo 
consigo mesmo?” quando nos entregamos às ordens de uma sistema econômico, social e comunicacional 
deturpados? Neste contexto, a reflexão sobre a ética se torna fundamental como modo de pensar e promover 
a ação nas variadas experiências no mundo da vida levando em conta os problemas culturais de nosso país 
que vão do analfabetismo generalizado à corrupção. [...] A reflexão sobre a ética permite re-situar o sentido do 
conhecimento e da cultura, dirigindo-nos a uma valorização da educação em termos de formação que 
transcende o espaço da escola e nos liga novamente ao sentido da vida como um todo, ao espaço que 
habitamos, a cidade onde vivemos, a sociedade que ajudamos a formar com todas as nossas ações. 
Disponível em: <https://revistacult.uol.com.br/home/o-desafio-da-etica-na-sociedade-do-conhecimento/> Adaptado. Acesso em: 07 fev. 2019. 
O que é ética hoje? Como ela vem sendo 
entendida? O que é ética no mundo do 
trabalho, na família, no cotidiano, na escola? 
O que os meios de comunicação têm feito da 
ética? Ética é, principalmente, a relação que 
estabelecemos uns com os outros. É o 
questionamento sobre o sentido da 
convivência baseada na pergunta “o que 
estamos fazendo uns com os outros?”. 
7 
 
 Brumadinho e a urgência da 
RESPONSABILIDADE 
"Para Hans Jonas, como o desenvolvimentismo é, no geral, refém de 
um otimismo utópico ingênuo, é preciso tomar (ética e politicamente) 
uma medida inversa, ou seja, dar preferência para o prognóstico 
negativo, com apoio em uma “futurologia comparativa” que reúna 
saberes de várias ciências, agora integradas em vista da realização de 
uma melhor detecção dos riscos aos quais a humanidade, as outras 
espécies e a natureza como um todo estão submetidos. Na filosofia 
jonasiana, o nome disso é “heurística do temor”, uma atitude capaz de 
despertar um sentimento de responsabilidade pelo que ainda não 
aconteceu, mas que é possível e até mesmo provável, que aconteça", 
escreve Jelson Oliveira, professor e atual coordenador do Programa de 
Pós-Graduação em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do 
Paraná. 
 
O acidente de Brumadinho é mais uma página trágica do modelo de 
desenvolvimento que vem sendo implantado no Brasil, sob as bravatas 
daqueles que consideram a parca e frágil legislação ambiental um 
obstáculo para o progresso. Esse modelo, que transformou a própria 
ideia de crescimento econômico em um conceito inquestionável, uma 
espécie de epíteto recomendatório, cresce amparado na exploração do 
trabalho humano (mal pago, indigno, escravo) e da natureza. Ao longo 
da história, tal desenvolvimento (no geral confundido apenas com o 
crescimento econômico) deixou de ser uma opção dos povos e passou 
ao plano de uma obrigação elementar e principal, uma espécie de 
direito a ser conquistado, embora nem sempre seus benefícios 
alcancem a todos – na verdade não seria exagero afirmar o contrário: 
ele vem dizimando a vida de espécies, promovendo a pauperização da 
biodiversidade e extinguindo inúmeras comunidades humanas 
tradicionais, principalmente indígenas e quilombolas. 
Com tal processo, a modernidade fez do desenvolvimento um móvel 
ideológico poderoso e, principalmente, um instrumento de poder - o que 
significa também de dominação. Alargado ideologicamente, surgiu e se 
fortaleceu a crença paradoxal de que só o desenvolvimento poderia 
conduzir os diferentes povos e indivíduos à igualdade plena, ou seja, à 
completa realização de todas as suas potencialidades, à vida boa ou à 
felicidade. Nessa lógica, o crescimento da produção por meio da 
exploração exacerbada da natureza cujo instrumento é uma técnica 
cada vez mais intensa e mais agressiva se tornou a palavra de ordem 
nos projetos de governo. 
Ora, tal afã, associado ao aumento do poder de intervenção humana, 
este sim, visível a olhos nus na alta tecnologia usada nos processos 
produtivos, que cavoucam a terra, movem e fabricam montanhas, 
deixando rastros de dejetos e dores, essa hipertrofia do poder, enfim, 
tem como consequência mais danosa o aumento dos riscose dos 
prejuízos ao meio ambiente. É precisamente essa dissociação entre o 
poder e a destruição que ele pode provocar que tem levado a tragédias 
como a de Brumadinho. O elo quebrado nessa cadeia é, 
precisamente, a questão ética. Porque, no afã do lucro fácil, falta a 
visão de responsabilidade, acidentes irreparáveis como este estão se 
tornando cada vez mais comuns. 
 
 
Hans Jonas nasceu em 1903, em 
Möchengladbach, Alemanha. 
Estudou filosofia e teologia em 
Freiburg, Berlim e Heidelberg. Foi 
aluno de Martin Heidegger 
(considerado por muitos o maior 
filósofo da Alemanha no século XX, 
apesar de sua adesão ao nazismo 
por 10 meses) e de Rudolf 
Bultmann (um dos mais célebres 
teólogos reformistas alemães). No 
período o qual Hitler ascendeu ao 
poder, Jonas fugiu para Inglaterra, 
foi membro do exército britânico, e 
depois Palestina. Mudou-se 
finalmente para New York (EUA) 
onde viveu até sua morte em 1993. 
Influenciado pela analítica 
existencial de Heidegger, pela 
fenomenologia de Husserl, pela 
leitura cristã, crítica das 
perspectivas éticas clássicas e 
modernas, de Bultmann e pelos 
horrores dos campos de 
concentração nazista, concentrou-
se em construir uma teoria ética 
que fizesse frente à perene 
possibilidade de a humanidade 
destruir-se utilizando o enorme 
avanço tecnológico 
contemporâneo. Em 1979 publica o 
que se tornaria sua obra magna: O 
Princípio Responsabilidade: 
ensaio para uma ética da 
civilização tecnológica. Este livro 
merece uma leitura atenta e 
cuidadosa porque propõe uma 
reflexão cada vez mais necessária 
a nossa sobrevivência e a do 
planeta. E o seu princípio 
responsabilidade abre uma 
perspectiva de diálogo crítico em 
uma época onde o niilismo 
tecnológico e político fez sua 
morada, talvez, definitiva. 
Disponível em: 
<http://www.filosofia.com.br/vi_classic.php?
id=18> Acesso em: 15 fev. 2019. 
 
8 
 
Tal situação se agrava (e ao mesmo tempo se 
explica) quando observamos que a luta contra a 
legislação e a favor do sucateamento dos órgãos 
ambientais aparece com força crescente no 
discurso oficial, cujos apoiadores são ruralistas, 
madeireiros, mineradores e toda gente de má fé, 
que fecha os olhos à gravidade dos riscos: é preciso 
flexibilizar as regras para maximizar os lucros. 
Assim, com gente escravizada e meio-ambiente 
destruído, esses setores fabricam diariamente suas 
tragédias – as que se vê, pela sua extensão; e as 
que são invisíveis, pela sua constância. O que esse 
discurso quer eliminar é a obrigação das medidas 
preventivas capazes de evitar tais tragédias, 
garantindo maior proteção aos territórios e às 
pessoas potencialmente ameaçadas. Tal modelo dá 
prova cabal da urgência de que a responsabilidade 
e suas irmãs gêmeas, a precaução e a segurança, 
sejam princípios orientadores de qualquer projeto 
de desenvolvimento que se queira levar adiante 
com um mínimo de decência. Essas são as únicas 
alternativas diante dos corpos soterrados, das 
paisagens destruídas, das lágrimas de toda a gente. 
A responsabilidade é o nome da atitude ética 
desenvolvida pelo filósofo alemão Hans Jonas para 
expressar o dever da humanidade em preservar as 
condições da vida em geral, para agora e para o 
futuro. Para Jonas, o problema reside nos “limites 
de tolerância da natureza” em relação ao 
crescimento exponencial do poder tecnológico e dos 
riscos que ele impõe à vida em geral: “a questão é 
saber”, pergunta o filósofo, “como a natureza reagirá 
a essa agressão intensificada (PR, p. 300). Afinal, 
“não se trata de saber precisamente o que o homem 
ainda é capaz de fazer [...] mas o quanto a natureza 
é capaz de suportar”, até a mais decisiva das 
fronteiras, ou seja, o desaparecimento das 
condições gerais da vida, incluindo a própria 
humanidade: “os limites são ultrapassados, talvez 
sem volta, quando esses esforços unilaterais 
arrastam o sistema inteiro, dotado de um equilíbrio 
múltiplo e delicado, para uma catástrofe do ponto de 
vista das finalidades humanas” (PR, p. 301). 
Tal catástrofe está amparada em uma visão 
equivocada a respeito dos limites da natureza e 
mesmo da sua capacidade de regeneração mas, 
sobretudo, ao baixíssimo controle de segurança a 
que estão submetidos esses projetos. De um lado a 
grandiosidade dos poderes torna cada vez mais 
difícil reunir dados científicos capazes de garantir tal 
segurança, mas de outro, as práticas imorais de 
diagnósticos mal feitos, agentes técnicos 
subornados e uma lista infinita de irregularidades, 
conduzem ao risco iminente cuja única saída é, ao 
contrário do que dizem os governos atuais, o 
acirramento das medidas protetoras, o aumento do 
investimento em segurança, o fortalecimento dos 
órgãos de fiscalização e a efetividade da punição 
aos responsáveis. [...] Para Jonas, como o 
desenvolvimentismo é, no geral, refém de um 
otimismo utópico ingênuo, é preciso tomar (ética e 
politicamente) uma medida inversa, ou seja, dar 
preferência para o prognóstico negativo, com apoio 
em uma “futurologia comparativa” que reúna 
saberes de várias ciências, agora integradas em 
vista da realização de uma melhor detecção dos 
riscos aos quais a humanidade, as outras espécies 
e a natureza como um todo estão submetidos. Na 
filosofia jonasiana, o nome disso é “heurística do 
temor”, uma atitude capaz de despertar um 
sentimento de responsabilidade pelo que ainda não 
aconteceu, mas que é possível e até mesmo 
provável, que aconteça. Sem dúvida, as vidas de 
Brumadinho poderiam ter sido poupadas caso uma 
atitude desse tipo tivesse orientado a ação da 
empresa e das autoridades, com o fim de evitar a 
aposta tão perigosa: ao invés de achar que a 
barragem não vai estourar e que tudo ficaria bem, 
seria preciso imaginar a tragédia que aconteceu na 
tarde do dia 26 de janeiro de 2019. O medo de que 
aquilo tudo acontecesse poderia inspirar ações de 
cuidado a fim de evitar o pior. In dubio pro malo. 
A responsabilidade, assim, é um conceito central 
da filosofia prática, cuja falta tem levado a 
humanidade – em Brumadinho, em Mariana, nas 
imensas lavouras de monocultura, no 
desmatamento das florestas etc. – a colocar em 
risco as condições da vida em nosso planeta. 
Porque nós, seres humanos, temos, agora, um 
poder destrutivo absurdamente inédito na história e 
somos os únicos capazes de responsabilidade, 
somos também nós que devemos assumi-la como 
projeto pessoal, ético e político: “torna-se uma 
obrigação transcendente do homem proteger o 
menos reconstruível, o mais insubstituível de todos 
os ‘recursos’: a incrivelmente rica dotação genética 
depositada pelas eras da evolução”. 
Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/586323-
brumadinho-e-a-urgencia-da-responsabilidade> Acesso em: 05 fev; 
2019. 
 
Quando o livro de Jonas “O princípio da Responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização 
tecnológica” completa 40 anos de sua publicação (1979), ele nunca foi tão necessário, inclusive e 
principalmente no Brasil. E com ele, a filosofia assume a sua tarefa cósmica: contribuir para a 
proteção da vida aqui, nesse planeta, o único no qual, por enquanto, ela é possível. 
9 
 
Revisitar nossas crenças: uma boa solução para os 
problemas do Brasil 
 
 
 
 
 
28/01/2019 - Por Ricardo Felizzola, CEO do Grupo PARIT S/A 
 
Tudo o que acontece tem causa: a catástrofe de 
Brumadinho, uma evidência da incompetência que 
existe no país para lidar com a sustentabilidade, ou 
a recente publicação do World Economic Forum 
onde consta que nossa educação ocupa o 119° 
lugar no mundo em qualidade, atrás da Namíbia, do 
Zimbábue e do Sri Lanka, outra grande 
incompetência, ou ainda os recordes de impunidade 
e lentidão judicial para todo tipo de crime com 
personagem de qualquer “colarinho” que se deseje. 
Também tem causa a reação barulhenta à correntevencedora nas eleições recentes e que sugere, pela 
primeira vez na história do Brasil, um processo 
conservador nos valores e liberal na economia. O 
boicote é ensurdecedor neste início de gestão, não 
apenas pela esquerda, mas, sim, por todo e 
qualquer cidadão que já se julgue prejudicado pelas 
eventuais mudanças que virão. 
Nossas crenças estão na causa disso tudo. Elas são 
os valores originados de nossa cultura que é 
construída ou destruída pelo nosso mundialmente 
descolocado processo de educação. Observe-se 
que uma educação frágil dá lugar a credos também 
frágeis, passíveis de manipulação e que podem 
estabelecer, mesmo com robusta democracia, 
sistemas artificiais de poder que, dependendo de 
sua estirpe, levam uma sociedade inteira ao 
fracasso. Nossa sociedade é produto do que 
acreditamos. E acreditamos no que aprendemos. 
Se pais não acreditarem num futuro melhor para 
seus filhos pela via da boa educação, custe ela o 
que custar, começa aí os problemas. Se leis são 
descumpridas por descrédito e, ao invés de crer no 
trabalho honesto para progredir fazendo riqueza, 
criamos atalhos (os jeitinhos) para o sucesso, 
estaremos minando toda a sociedade. 
Diante disso, cabe um trabalho de reconstituição de 
valores conservadores aprimorando o credo na 
hierarquia, na família, na ordem, nas leis, na 
punição real dos desonestos, na liberdade individual, 
na moeda e nos contratos. Essa é a mais importante 
missão de quem dirige a nação. Além disso, a busca 
por uma educação de excelência, um 
relacionamento com países de referência mundial 
com capital e tecnologia voltados para maior 
intercâmbio econômico é ponto fundamental. Uma 
abertura econômica racional gerando um cartão de 
visitas de uma economia sem entraves, liberal.
 
Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs.com.br/opiniao/noticia/2019/01/revisitar-nossas-crencas-e-uma-boa-solucao-para-os-problemas-do-brasil-
cjrgvxqsb015y01q9uq3zrb57.html.> Adaptado. Acesso em: 30 jan.de 2019. 
 
Cabe um trabalho de reconstituição de valores 
conservadores aprimorando o credo na hierarquia, na 
família, na ordem, nas leis, na punição real dos desonestos, 
na liberdade individual, na moeda e nos contratos. 
 
 
10 
 
Empresa de cosméticos usou desastre humano e ambiental 
para se promover 
 
 
Era para agregar valor, mas soou como um tiro no 
pé. Dias após a tragédia em Brumadinho, 
considerada um dos maiores crimes: social, 
humano e ambiental do Brasil, a marca de 
Cosméticos Jendayi produziu uma campanha de 
apoio às vítimas. Na campanha, modelos – entre 
eles uma criança – são cobertos por lama, e 
aparecem chorando e enrolados em uma 
bandeira do Brasil. “O objetivo desta campanha é 
mostrar que existe uma marca de cosméticos que 
se preocupa com a beleza, a beleza da vida”, 
afirmava o texto da Jendayi Cosméticos nas redes 
sociais. A campanha foi, porém, interpretada por 
internautas como oportunismo, e gerou uma série 
de críticas nas redes, o que levou a marca a retirar 
a publicação na noite de 28/01/2019. 
O ensaio de fotos produzido pela Jendayi utilizou 
da tática publicitária conhecida como ‘anúncio de 
oportunidade’. A marca, empresa ou instituição 
manipula um evento ou data para marcar sua 
posição sobre determinado assunto, como 
quando uma marca faz um anúncio no Dia da 
Água para se associar a uma ideia ecológica e 
agregar valor ao produto. 
Segundo Pablo Nabarrete, professor do Instituto 
de Arte e Comunicação Social da Universidade 
Federal Fluminense, na publicidade digital é cada 
vez mais comum que as empresas peguem 
carona em um assunto em alta para impulsionar 
por meio dos algoritmos a marca, o que é muito mais barato do que pagar para publicar um anúncio em outras 
mídias. “Muitas vezes isso é feito de maneira inteligente e sem implicações éticas. Não foi o caso agora. Faltou 
reflexão ética do impacto social, humano e ambiental desse desastre, e entender que não era plausível falar do 
assunto. Inclusive do ponto de vista mercadológico o ganho não existe. A marca ficou em evidência, mas não 
teve êxito em construir uma boa imagem”, comenta o professor. 
No texto, a Jendayi afirma que o ensaio foi produzido pelo fotógrafo Jorge Beirigo, com o intuito de “incentivar 
a todos a não desistirem desta luta, irem até o final, seja com orações ou doações”. A imagem que uma empresa 
produz no ideário de cada um é uma das coisas mais importantes para determinar o seu valor. Nesse caso, não 
foi só a estratégia que falhou. A estética da campanha também foi considerada ofensiva e agressiva. 
A ciência mais utilizada para análises imagéticas de peças publicitárias é a semiótica, que trabalha com os 
signos das imagens. Esses signos remetem a algo que não está ali exatamente, mas o representa. “O caráter 
concreto da lama, usada nas fotos, e que em Brumadinho deixou centenas de vítimas, é expropriado, deslocado 
do contexto do impacto humano e social da tragédia. Usa-se para promover uma marca, deslocando a ideia de 
que matou pessoas, animais, o meio ambiente”, explica Nabarrete. 
 
11 
 
 
 
 
Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/carta-capital/a-tragedia-em-brumadinho-e-os-limites-eticos-da-publicidade/> Acesso em: 05 fev. 2019. 
 
 
 
 
 
 
Na década de 1990, a gigante Benetton passou a produzir anúncios com fotos de doentes 
terminais. Dessa vez não representada por atores, mas pelos próprios pacientes. Na época, 
as fotos foram consideradas uma publicidade diferente de tudo aquilo que já tinha sido feita 
até então. Deu certo por um tempo, mas depois começou a ganhar resistência e produzir 
uma reflexão sobre os limites éticos da publicidade. 
12 
 
Sócios do crime organizado 
 
15 jan. 2019 
Por Raul Jungmann. Ex-titular dos ministérios da Segurança Pública e da Defesa do Brasil. 
 
A construção desse paradoxo se dá, faticamente, por termos a terceira população carcerária do mundo, com 
mais de 720 mil apenados, que cresce na ordem de 8.3% ao ano – será uma cidade de Porto Alegre em 2025, 
algo como 1,5 milhão de pessoas -, constituída de jovens de 18 a 29 anos, que representam hoje 75% dos 
presos. Aos quais a apenas 12% se oferece educação e trabalho a 15% deles. Esse grave quadro se deteriora 
ainda mais quando se verifica que o sistema prisional tem um déficit de 358 mil vagas, já que conta com apenas 
368 mil vagas disponíveis, e que os mandados de prisão em aberto já somam mais de meio milhão e crescem 
geometricamente. 
Para que se tenha ideia dos custos necessários para cobrir o déficit do sistema e seu crescimento anual mais 
sua manutenção, seria necessário algo em torno de R$ 50 bilhões, o que, diga-se, é insustentável tanto 
econômica, quanto fiscal ou orçamentaria. Pois bem, nada disso é parte do debate nacional sobre a segurança 
pública. Neste, em todos os níveis, os atores e agentes públicos e políticos, debruçam-se sobre a violência nas 
ruas, com as exceções de praxe. 
Sem negar a urgência e a importância de soluções para a violência cotidiana – os assaltos, homicídios, 
sequestros, balas perdidas etc. Tão pouco minimizar as medidas legislativas, materiais e operacionais para 
enfrentá-la, restam cristalinos que as ruas e o sistema prisional são faces complementares de um só problema. 
Porém, esse diagnóstico é interditado por dois motivos: 
O primeiro deles é que uma população com crônico déficit de segurança, exposta à violência e indefesa, por 
um lado deseja que tirem os bandidos das ruas por quaisquer meios e, de outro, execra e mesmo se dispõe a 
linchar midiática e politicamente quem propuser trazer a questão prisional a debate. Quem o fizer, será 
sancionado duramente como associado ou defensor de bandidos. 
O segundo motivo, é que o poder público, premido pela escassez de recursos e por imensas demandas sociais 
reprimidas, inclusive por mais emelhor segurança nas ruas, subdimensiona, quando não colapsa, o orçamento 
e a manutenção das prisões, ao ponto de transformá-las em depósitos de presos. A degradação do sistema 
chega a tal ponto que os governos estaduais responsáveis pelo sistema, para evitar explosões e crises, fazem 
um pacto não escrito com o crime, entregando, na prática, as unidades prisionais às facções. Fruto dessa 
“aliança”, o sistema prisional, que é estatal, se aliena da sua responsabilidade pelas unidades e vida dos 
apenados, é capturado e se torna sócio do crime organizado… E aqui chegamos ao coração das trevas. 
13 
 
Indefesa, a sociedade cobrará do Estado que trate o criminoso como não detentor de quaisquer direitos, 
dignidade ou humanidade – ainda que residuais. Já o Estado, em contrapartida, se subtrairá das 
responsabilidades para com apenados e o sistema prisional, cedendo o seu controle ao crime organizado sob 
a forma das facções de base prisional. Nesse ponto, opera-se uma transformação funcional de todo o sistema, 
e por extensão da própria justiça penal, dado que de parte administrativa desta e locus da ressocialização dos 
delituosos, o sistema prisional passa a ser parte da reprodução ampliada do crime organizado e, em 
decorrência, da violência e da insegurança gerais- inclusive das ruas. 
Aos incrédulos, cito dois exemplos. Em 33 vistorias realizadas em sete estados pelas Forças Armadas, em 
2017, foram encontradas 11 mil armas para um total de 22 mil presos, portanto, um em cada dois dispunha de 
armas brancas, quase sempre. Ora, como isso seria possível sem a anuência dos que controlam o sistema? 
Além das armas, foram encontrados rádios-base, celulares, drogas, duchas, televisores e o que mais se 
imaginar, evidenciando o descontrole e a corrupção existentes. 
Segundo exemplo: a atual crise por que passa o Ceará. Transformado em hub ou corredor de tráfico de drogas 
para o Caribe por via marítima, o estado viu e permitiu crescerem as facções, tanto nacionais como locais que, 
como sempre, de dentro das prisões passaram a controlar o crime nas ruas. Quando o atual governo estadual 
decidiu iniciar a retomada do controle dos presídios, cadeias e penitenciárias, de dentro destas partiu o salve 
(ordem) para o confronto com o Estado, via atos de terrorismo. 
Tem sido assim pelo menos desde 2006, quando o PCC 
paralisou São Paulo por conta da transferência do seu comando 
para a penitenciária de Presidente Venceslau, sem poupar 
praticamente nenhum estado; seja em espasmos de violência 
interna, as chacinas ou atos de externos de confronto com o 
poder público, quando os interesses estratégicos do crime 
organizado de base prisional são atingidos ou ameaçados. 
Este estado de coisas levou o STF, em 2015, a uma decisão 
inédita. A de declarar o sistema prisional brasileiro em estado de 
inconstitucionalidade, pelo descumprimento reiterado da 
Constituição, a exemplo do inciso XLIX do artigo 5º, que 
assegura ao preso a sua incolumidade física e moral, idem a Lei 
de Execução Penal. 
Enfrentar e mudar esse estado de coisas exigem: visão 
estratégica, planejamento e coordenação. Entendo que, sem 
ser exaustivo, são quatro os eixos de uma política consequente 
para o sistema prisional: prevenção social dirigida à juventude, 
em especial na faixa dos 15 aos 24 anos; repressão qualificada; 
reforma do sistema prisional e da política de drogas; e 
mudanças na orientação para o encarceramento. [...]
Matéria completa disponível em: <https://facesdaviolencia.blogfolha.uol.com.br/2019/01/15/somos-todos-sociedade-e-estado-socios-do-crime-
organizado/>. Acesso em 30 jan. 2019. 
 
 
 
 
 
Somos todos, sociedade e Estado, 
sócios do crime organizado. Nós, 
sociedade, por interditarmos todo e 
qualquer debate sobre a questão 
prisional e, não sendo possível a 
eliminação pura e simples dos 
bandidos, exigirmos a prisão de todos, 
indistintamente e para sempre. Já o 
Estado, ao não garantir a vida dos 
apenados no interior das prisões, tão 
pouco assegurar o que a lei determina, 
as condições da sua ressocialização, 
permite o controle do sistema prisional 
pelas facções criminosas e sua 
reprodução desde dentro do sistema, 
comandando daí a criminalidade nas 
ruas. 
Somos todos, sociedade e Estado, 
sócios do crime organizado. Nós, 
sociedade, por interditarmos todo e 
qualquer debate sobre a questão 
prisional e, não sendo possível a 
eliminação pura e simples dos 
bandidos, exigirmos a prisão de todos, 
indistintamente e para sempre. Já o 
Estado, ao não garantir a vida dos 
apenados no interior das prisões, tão 
pouco assegurar o que a lei determina, 
as condições da sua ressocialização, 
permite o controle do sistema prisional 
pelas facções criminosas e sua 
reprodução desde dentro do sistema, 
comandando daí a criminalidade nas 
ruas. 
14 
 
Os direitos humanos e o Estado de direitos 
Guadalupe Marengo - Chefe do Programa Global de Defensores de Direitos Humanos 
 
 
Temos assistido o agravamento da polarização 
política que faz de vítima a Venezuela há quase 
duas décadas. A violência durante as 
manifestações contra e a favor do governo, que têm 
assolado o país nos últimos dias, é responsável pela 
morte de pelo menos seis pessoas, partidários do 
governo e opositores, e dezenas de feridos e 
presos, dos quais muitos foram abusados. 
 
O mundo inteiro viu fotos dos excessos cometidos 
pelas forças de segurança, incluindo o uso de armas 
de fogo, a violência com a qual alguns protestos se 
desenvolveram e os ataques forjados por grupos 
paramilitares próximos ao governo (chamados de 
“coletivos”). Tanto jornalistas quanto defensores dos 
direitos humanos foram perseguidos e sofreram 
abusos. Todos esses atos são violações dos direitos 
humanos e portanto inaceitáveis. 
 
Pelo menos três membros do partido de oposição 
Vontade Popular teriam sido acusados de crimes 
relacionados com a sua participação nos protestos, 
incluindo o seu líder Leopoldo López. Um juiz já 
estabeleceu claramente que não havia nenhuma 
evidência do envolvimento de López em grave delito 
de homicídio qualificado como lhe acusaram. 
Infelizmente, esta não é a primeira vez que o mundo 
tem assistido a eventos semelhantes no solo 
venezuelano. As palavras que chamam a não-
violência por parte do presidente Maduro e líderes 
da oposição têm sido encorajadoras, como a 
recente proibição de porte de armas no estado de 
Táchira. Mas ainda não é o suficiente. 
Para superar esta crise a única resposta é o pleno 
respeito, repito: sem restrições aos direitos 
humanos de todas as pessoas, sem discriminação, 
e ao Estado de Direito. Desta forma, todos têm 
responsabilidades e um papel importante a 
desempenhar: 
 
 O Estado deve reafirmar de forma clara, seu compromisso com o Estado de direito, incluindo o 
respeito pelas normas internacionais sobre o uso da força pelas forças de segurança e respeitar a 
separação de poderes. 
 As autoridades devem abster-se de ações ou declarações que interferem na independência do 
poder judicial, para evitar a percepção de que o sistema de justiça funciona com motivações 
políticas. 
 É essencial que medidas sejam tomadas para prevenir que eventos similares se repitam. O 
desarmamento de civis armados (coletivos) é fundamental. As forças de segurança, enquanto isso, 
tem que cumprir com o seu dever de respeitar os direitos humanos do povo, incluindo o seu direito 
à livre expressão, reunião e associação. 
15 
 
 A oposição também tem a responsabilidade de mostrar em palavras claras e ações seu respeito ao 
Estado de Direito e exercer o seu direito de livre expressão, reunião e associação de forma pacífica. 
Acima de tudo, temos que esclarecer o que 
aconteceu nas ruas da Venezuela nos últimos dias. 
Sobre isso, as autoridades devem garantir a 
investigação completa e imparcial de todos oscasos 
de violações dos direitos humanos e acesso à 
justiça para todas as vítimas. Somente o 
conhecimento dos fatos – com a garantia da 
liberdade necessária para debater os diferentes 
pontos de vista sobre eles – e o estabelecimento de 
um debate aberto de ideias e opiniões possibilitará 
que a população venezuelana decida livremente 
sobre o rumo que deve tomar seu país. 
Disponível em: <https://anistia.org.br/venezuela-unica-resposta-responsavel-crise-sao-os-direitos-humanos-e-o-estado-de-direitos/> Adaptado. Acesso 
em: 05 fev. 2019. 
 
 
O que são direitos 
humanos? 
ASSISTA: https://www.youtube.com/watch?v=7wbIQRzggTI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ACESSE 
https://declaracao1948.com.br/declaracao-universal/declaracao/?gclid=EAIaIQobChMIlPrc0K-
l4AIVwwmRCh2vUw-REAAYASAAEgLZkPD_BwE 
 
 
Este é o primeiro episódio da Série produzida pela 
FGV DIREITO SP para explicar os direitos 
humanos de forma simples e didática. Neste 
primeiro episódio, apresenta-se a situação de 
Rubão e de Aline ao buscarem atendimento 
médico. Discute-se o que são direitos humanos. 
Por que o nome Direitos Humanos? Que valores 
fundamentais eles promovem? Quem deve 
respeitá-los? Quem deve protegê-los? 
 
16 
 
 
Jovens zombam de indígena 
veterano de guerra nos EUA 
Um vídeo em que adolescentes aparentam estar zombando 
de um indígena veterano de guerra causou polêmica nos EUA. 
 
Nick Sandmann (à esquerda) e Nathan Phillips (à direita) disseram que estavam 
tentando apaziguar os ânimos 
As imagens, que viralizaram nas redes sociais, mostram um 
grupo de alunos brancos de uma escola católica rindo e 
gritando, enquanto Nathan Phillips, originário da tribo Omaha, 
do Nebraska, canta e toca tambor. 
O conteúdo provocou uma série de críticas em relação ao 
comportamento dos garotos, classificado por muitos como um 
ato de desrespeito e intolerância. 
Mas o estudante Nick Sandmann - que aparece no vídeo 
encarando o indígena com um sorriso no rosto - nega que 
estivesse debochando de Phillips. "Eu não fiz nenhum gesto 
com a mão ou movimentos agressivos", disse ele. "Eu 
acreditava que, permanecendo imóvel e calmo, eu estava 
ajudando a resolver a situação", declarou Sandmann. 
Enquanto o grupo gritava com os jovens, alguns adolescentes 
começaram a cantar e um deles tirou a blusa. Phillips teria se 
aproximado dos estudantes, entoando cânticos e batendo 
tambor, no que ele chamou de uma "oração para aliviar as 
tensões". Ele estava rodeado pelos adolescentes, alguns dos 
quais começaram a cantar também. 
A versão de Nick Sandmann 
 
Ele disse que o grupo de manifestantes afro-
americanos acusou os estudantes de 
racismo. "Como estávamos sendo atacados 
e insultados em público, um aluno do nosso 
grupo pediu permissão a um dos nossos 
professores para começar a cantar um dos 
cantos espirituais que aprendemos na 
escola para combater as palavras de ódio 
que estavam sendo gritadas para nosso 
grupo." Em seguida, disse ele, os nativos 
americanos se aproximaram dos 
estudantes, incluindo Phillips, que estava 
tocando tambor. 
 
"Eu não vi ninguém tentar bloquear o 
caminho dele", afirmou. "Ele fez contato 
visual comigo e se aproximou de mim, 
chegando a centímetros do meu rosto. Ele 
tocou tambor o tempo todo que estava na 
minha cara. Para ser honesto, fiquei 
surpreso e confuso sobre o motivo de ele ter 
me abordado. Eu nunca achei que estivesse 
bloqueando o manifestante nativo 
americano. Ele não tentou dar a volta. Eu 
não estava intencionalmente fazendo 
caretas para o manifestante. Eu sorri em 
determinado momento porque eu queria que 
ele soubesse que eu não ia ficar com raiva, 
intimidado ou me sentir provocado a um 
confronto maior." 
 
 
Phillips (ao centro) participava da Marcha dos Povos 
Indígenas antes do conflito 
 
"Eu respeito o direito dele de protestar e se 
engajar em atividades de liberdade de 
expressão. Acredito que ele deveria 
repensar suas táticas de invadir o espaço 
pessoal dos outros, mas isso é uma escolha 
dele." 
 
 
17 
 
Outras versões 
Sandmann afirmou que os estudantes entoaram apenas cantos escolares, que não ouviu ninguém fazer 
comentários de ódio ou racistas. No entanto, Phillips, que apareceu transtornado em um vídeo após o episódio, 
disse que ouviu os adolescentes dizendo "construa o muro, construa o muro" - uma referência ao muro 
prometido por Trump na fronteira com o México. "Quando eu estava lá cantando, ouvi eles gritarem 'construa o 
muro, construa o muro'", afirmou o indígena, enquanto enxugava as lágrimas em um vídeo publicado no 
Instagram. Essa frase não é audível no vídeo do incidente. Mas dois outros participantes da Marcha dos Povos 
Indígenas, e um fotojornalista que cobria o evento, contaram à imprensa americana que ouviram pessoas 
gritando "construa aquele muro" e "Trump 2020". 
Phillips disse à agência de notícias AP que estava tentando chegar à estátua de Lincoln para rezar quando um 
dos estudantes se colocou no seu caminho. "Eles estavam comentando entre si... [algo como] 'No meu Estado, 
esses índios não são nada além de um bando de bêbados", disse ele. Além disso, Marcus Frejo, que 
acompanhava Phillips, disse ao jornal The New York Times que ouviu os estudantes fazerem um barulho que 
parecia zombar dos cânticos entoados pelo indígena - embora também tenha escutado alguns jovens cantarem 
junto. A imprensa americana relatou que os estudantes fizeram o haka (grito de guerra da cultura maori), e 
alguns pareciam fazer um gesto de machadinha - o que muitos nativos americanos consideraram desrespeitoso. 
Reações 
A congressista Deb Haaland, uma das primeiras mulheres indígenas eleitas para o Congresso americano, 
afirmou que a cena foi de "partir o coração" pela demonstração de desrespeito e intolerância. "Este veterano 
arriscou a vida por nosso país. A demonstração de ódio, desrespeito e intolerância desavergonhada dos 
estudantes é um sinal de como a decência comum se deteriorou sob este governo", escreveu no Twitter. 
Enquanto isso, Ruth Buffalo, congressista por Dakota do Norte e membro da Nação Mandan, Hidatsa e Arikara, 
declarou que o episódio foi apenas uma amostra do que os nativos americanos enfrentaram e continuam a 
enfrentar. A atriz e ativista Alyssa Milano disse no Twitter que o vídeo a fez chorar, enquanto o ator Chris Evans 
considerou a postura dos estudantes "assustadora" e "vergonhosa". 
Disponível em: <https://twitter.com/bbcbrasil/status/1088762680280866816> Adaptado. Acesso em: 06 fev. 2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ACESSE: https://www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/21/o-que-dizem-os-envolvidos-no-video-que-mostra-jovens-
zombando-de-indigena-veterano-de-guerra-nos-eua.htm 
 
 
 
18 
 
 
Você sabia que estamos em plena Década Internacional de Afrodescendentes? 
O período de 1º de janeiro de 2015 até 31 de dezembro 
de 2024 foi considerado em 2013, pela Organização das 
Nações Unidas (ONU), como tal. O período recebeu a 
denominação: “Pessoas Afrodescendentes: 
reconhecimento, justiça e desenvolvimento”. 
Essa resolução tem como objetivo promover o respeito, 
proteção e cumprimento de todos os direitos humanos e 
liberdades fundamentais das pessoas afrodescendentes, 
como reconhecido na Declaração universal dos Direitos 
Humanos. Outro aspecto também abarcado na iniciativa 
da ONU é o de promover um maior conhecimento e 
respeito pelo patrimônio diversificado, a cultura e a 
contribuição de afrodescendentes para o 
desenvolvimento das sociedades. Por fim, adotar e 
reforçar os quadros jurídicos nacionais, regionais e 
internacionais que atuam na eliminação de todas as 
formas de discriminação racial. 
Para o secretário de Assuntos Municipais da APP-
Sindicato, professor Celso José Santos, essa Resoluçãofaz com que os Estados-Membros, como o Brasil, tenham 
que adotar medidas para dar efetividade às deliberações 
já emanadas pela ONU de enfrentamento ao racismo e 
todas as suas nefastas consequências. “É preciso 
compreender que o conceito de afrodescendente, 
utilizado nesta declaração diz respeito às pessoas de 
ascendência africana que, no Brasil, se autodeclaram 
como pretas ou pardas, também denominadas de 
pessoas negras. São pessoas vítimas do racismo e 
continuam sofrendo discriminação em função do legado 
histórico e criminoso do comércio transatlântico de 
escravizados”, enfatiza Celso, que também é 
coordenador do Coletivo Estadual de Combate ao 
Racismo da APP. 
Segundo ele, é essencial que a sociedade brasileira faça 
uma reflexão sobre o papel da educação e os objetivos 
traçados pela resolução da ONU. De acordo com dados 
divulgados pelo Dieese em 2012, a respeito do mercado 
de trabalho em regiões metropolitanas, a população 
negra recebe 63,9% do que recebem os não negros. Na 
indústria da região metropolitana de São Paulo, por 
exemplo, o rendimento médio, por hora, de um 
trabalhador negro, com Ensino Superior, era de R$ 17,39. 
O de um não negro era de R$ 29,03. O que representa 
59,9%, demonstrando que o aumento da escolaridade 
aumenta ainda mais a discrepância existente entre a 
população negra (afrodescendente) e a população 
branca. 
Celso aponta outros números preocupantes. Conforme 
ele explica, quando comparados os dados da 
PNAD/IBGE verifica-se que entre 2001 e 2013, no 
Paraná, o percentual de estudantes com 15 anos ou mais 
idade, que possuem 12 anos ou mais de estudos 
concluídos, passa de 11,1% para 19,5%. No Brasil esses 
percentuais foram, respectivamente 9,0% e 16,4%. O que 
demonstra uma elevação geral da escolaridade da 
população paranaense e brasileira. Porém, quando 
olhamos esses dados com as lentes de raça/cor, 
constata-se que o crescimento líquido da população 
branca, no Paraná, foi de 10,7% (de 13,0% para 23,7%), 
enquanto da população negra foi de 6,2% (de 3,3% para 
9,5%). 
“Esse recorte demonstra a necessidade de adotar, 
fortalecer e implementar políticas, programas e projetos 
de ação afirmativa para combater o racismo, a 
discriminação racial, a xenofobia e a intolerância 
correlata. De forma a assegurar o pleno desfrute dos 
direitos humanos e das liberdades fundamentais pelos 
povos afrodescendentes”, aponta. “Particularmente na 
Educação, embora tenham se passado mais de 13 anos 
da aprovação da Lei 10.639/03, ainda é fundamental 
promover o conhecimento, reconhecimento e respeito 
pela cultura, história e patrimônio dos povos 
afrodescendentes, inclusive através de pesquisa e 
educação, e promover a inclusão completa e precisa da 
história e da contribuição dos povos afrodescendentes 
nos currículos escolares”, afirma. 
Em contraponto a onda que os governos neoliberais vêm 
promovendo de fechar escolas, especialmente em áreas 
vulneráveis, destaca o secretário da APP, o Estado 
deveria assegurar que uma educação de qualidade fosse 
acessível e disponível em áreas onde existam 
comunidades de afrodescendentes, particularmente em 
comunidades rurais e marginalizadas, com atenção na 
elevação da qualidade da educação pública. De acordo 
com ele, no processo de reconhecimento, justiça e 
desenvolvimento é preciso que os sistemas de ensino 
tomem medidas para assegurar que os sistemas de 
educação não discriminem ou excluam crianças 
19 
 
afrodescendentes, e que elas sejam protegidas de 
discriminação direta ou indireta, de estereótipos 
negativos, estigmatização e violência por parte de 
colegas ou professores. 
“Esses são alguns dos desafios postos para os governos 
que, diga-se de passagem, já estão em muito atrasados. 
Tanto pelos séculos de escravismo criminoso, quanto 
pelos 127 anos de abolição excludente e inacabada, que 
não asseguraram ações efetivas por parte do Estado 
para combater o racismo, os preconceitos e a 
discriminação racial. Ao contrário, onde o próprio Estado 
foi promotor, financiador e legitimador dessas situações. 
A APP-Sindicato, a CNTE, a CUT, o Movimento Negro e 
os movimentos sociais que lutam por uma sociedade sem 
oprimidos ou opressores estão vigilantes para que essa 
Resolução da ONU não se revista apenas de uma 
intenção. Mas que efetivamente impulsione o Brasil e o 
Mundo para implementar as decisões emanadas da 
Conferência de Durban”, encerra Celso. 
 
Principais objetivos da Década Internacional de Afrodescendentes 
 
* Fortalecer a cooperação e as ações nacionais, regionais e internacionais relativas ao pleno gozo dos direitos 
econômicos, sociais, culturais. civis e políticos pelos afrodescendentes, bem como sua participação plena e 
igualitária em todos os aspectos da sociedade; 
* Promover um maior conhecimento e um maior 
respeito aos diversos patrimônios, culturas e 
contribuições de afrodescendentes para o 
desenvolvimento das sociedades; 
* Adotar e fortalecer marcos legais nos âmbitos 
nacional, regional e internacional, de acordo com a 
Declaração e Plano de Ação de Durban, e com a 
Convenção Internacional sobre a Eliminação de 
Todas as Formas de Discriminação Racial, bem 
como garantir a sua implementação total e efetiva. 
 
 
Disponível em: <http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/prizes-and-celebrations/2015-2024-international-decade-for-people-of-african-
descent/>; <http://appsindicato.org.br/pessoas-afrodescendentes-reconhecimento-justica-e-desenvolvimento/> Adaptados. Acesso em: 06 fev. 2019. 
 
 
 
ONU Brasil lança campanha pelo fim da violência contra a 
juventude negra 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ACESSE: https://www.revistamissoes.org.br/2017/11/onu-brasil-lanca-campanha-pelo-fim-da-violencia-contra-a-
juventude-negraa/ 
 
 
A Década Internacional de Afrodescendentes permitirá 
que as Nações Unidas, Estados-membros, sociedade civil 
e outros atores relevantes se juntem aos afrodescendentes 
e tomem medidas efetivas para a implementação do 
programa de atividades, com o espírito de 
reconhecimento, justiça e desenvolvimento. 
 
 
Para a ONU, o racismo é uma das principais 
causas históricas da situação de violência e 
letalidade a que a população negra está 
submetida. Atualmente, um homem negro 
tem até 12 vezes mais chance de ser vítima de 
homicídio no Brasil que um não negro, 
segundo o Mapa da Violência. 
 
20 
 
E a Sociedade Pergunta: 
Surdo, Surdo-Mudo, ou Deficiente Auditivo? 
 
O que mudou ao longo dos séculos na Educação de Surdos? 
Por Camila Gois Silva de Lima 
 
A Educação de Surdos desde o Século XV foi 
tratada como caso patológico passível de ser 
curada, daí o interesse de vários médicos nos 
estudos de pessoas surdas, levando em 
consideração que muitos profissionais interessados 
na causa tinham algum parente surdo. De início 
acreditava-se que a oralização era a mais eficaz 
forma de educar surdos visto que a sociedade se 
comunicava através da oralidade, neste período os 
gestos (como eram chamados os ditos sinais) 
deveriam ser a todo custo banidos da comunicação 
surdo-surdo e surdo-ouvinte, este método ficou 
conhecido como Oralismo. 
Durante o Oralismo o surdo era tratado como Surdo-
mudo, ou o mais comum: Mudo. A sociedade, 
sobretudo os médicos e educadores observando 
que tal nomenclatura era errônea, depois de vários 
estudos chegou à conclusão que o aparelho fonador 
do surdo assim como os dos ouvintes estavam 
preservados, sendo assim o termo mudo não era (e 
não é) cabível, contudo, o sentimento de “culpa” e 
de discriminação determinou o tão conhecido termo 
Deficiente Auditivo como o mais correto para se 
reportar às pessoas surdas. 
O termo Surdo tem sido utilizado quando a pessoa 
com surdez é caracterizada como surdez profunda 
no âmbito da medicina, quando é leve ou moderadaainda persiste o termo Deficiente Auditivo, já na 
Comunidade Surda, o Surdo é aquele que é usuário 
de Libras e é pertencente a tal. Se ao termo 
Deficiente Auditivo não estiver impregnada de 
preconceito por parte de quem o utiliza não deve ser 
errôneo, do ponto de vista que devamos tratar o 
termo DEFICIENTE não como incapaz, mas como 
Déficit, ou seja, algo que não está em sua totalidade, 
mas que não impede da pessoa viver em sua 
plenitude, caracterizando também aos que não são 
usuários da LIBRAS e fazem a leitura labial. 
Entretanto o termo surdo-mudo de fato deve ser 
banido da sociedade, visto que a surdez não 
acarreta nenhuma perda no aparelho fonador do 
indivíduo, o surdo não fala porque não ouve, e não 
porque suas cordas vocais foram comprometidas 
devido à surdez. 
Referência Bibliográfica 
HONORA, Márcia, FRIZANCO, Mary Lopes Esteves, Livro Ilustrado de Língua Brasileira de Sinais: desvendando a comunicação usada pelas pessoas 
com surdez. II Título, São Paulo, Ciranda Cultural, 2009. 
Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/e-a-sociedade-pergunta-surdo-surdo-mudo-ou-deficiente-auditivo/21289> 
Adaptado. Acesso em: 05 fev. 2019. 
 
Senado analisa projetos que garantem 
direitos a deficientes auditivos 
O Dia Nacional dos Surdos é celebrado em 26 de setembro, data em que foi criada a primeira escola de surdos no Brasil, 
no Rio de Janeiro, em 1857. Segundo o IBGE, cerca de 10 milhões de brasileiros têm alguma deficiência auditiva. Para 
incentivar a acessibilidade desta parcela da população, o país já conta com uma série de leis, como a que reconhece as 
Libras como segunda língua oficial e o Estatuto da Pessoa com Deficiência. E o Senado analisa projetos com objetivo de 
assegurar mais direitos dos surdos. Entre eles, o que estende às pessoas com deficiência auditiva a isenção do IPI na 
compra de automóveis (PLS 28 /2017) e outro que obriga os hospitais públicos a oferecer intérpretes de Libras no 
atendimento às pessoas surdas (PLS 52/2016). Um projeto (PLC 104/2015) aprovado pelo Senado e encaminhado para a 
Câmara estabelece que os alunos do ensino fundamental de escolas públicas devem fazer exames para identificar 
problemas auditivos e oftalmológicos. O relator, senador Otto Alencar (PSD-BA) disse que a iniciativa pode melhorar o 
rendimento escolar e a socialização destas crianças. 
ACESSE: https://www12.senado.leg.br/noticias/audios/2018/09/senado-analisa-projetos-que-garantem-direitos-
a-deficientes-auditivos 
21 
 
TEA – TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA 
 
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba diferentes 
síndromes marcadas por perturbações do desenvolvimento 
neurológico com três características fundamentais, que podem 
manifestar-se em conjunto ou isoladamente. São elas: 
dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da 
linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos 
simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de 
comportamento restritivo e repetitivo. 
Também chamado de Desordens do Espectro Autista (DEA ou 
ASD em inglês), recebe o nome de espectro (spectrum), porque 
envolve situações e apresentações muito diferentes umas das 
outras, numa gradação que vai da mais leve à mais grave. 
Todas, porém, em menor ou maior grau estão relacionadas, 
com as dificuldades de comunicação e relacionamento social. 
 
Tipos 
De acordo com o quadro clínico, o TEA pode ser classificado em: 
1) Autismo clássico – o grau de comprometimento pode variar e muito. De maneira geral, os portadores são 
voltados para si mesmos, não estabelecem contato visual com as pessoas nem com o ambiente; conseguem 
falar, mas não usam a fala como ferramenta de comunicação. Embora possam entender enunciados simples, 
têm dificuldade de compreensão e apreendem apenas o sentido literal das palavras. Não compreendem 
metáforas nem o duplo sentido. Nas formas mais graves, demonstram ausência completa de qualquer contato 
interpessoal. São crianças isoladas, que não aprendem a falar, não olham para as outras pessoas nos olhos, 
não retribuem sorrisos, repetem movimentos estereotipados, sem muito significado ou ficam girando ao redor 
de si mesmas e apresentam deficiência mental importante. 
2) Autismo de alto desempenho (antes chamado de síndrome de Asperger) – os portadores apresentam as 
mesmas dificuldades dos outros autistas, mas numa medida bem reduzida. São verbais e inteligentes. Tão 
inteligentes que chegam a ser confundidos com gênios, porque são imbatíveis nas áreas do conhecimento em 
que se especializam. Quanto menor a dificuldade de interação social, mais eles conseguem levar vida próxima 
à normal. 
3) Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação (DGD-SOE) – os portadores são considerados 
dentro do espectro do autismo (dificuldade de comunicação e de interação social), mas os sintomas não são 
suficientes para incluí-los em nenhuma das categorias específicas do transtorno, o que torna o diagnóstico 
muito mais difícil. 
Incidência 
Não faz muito tempo, o autismo era considerado uma condição rara, que atingia uma em cada duas mil crianças. 
Hoje, as pesquisas mostram que uma em cada cem crianças é portadora do espectro, que afeta mais os 
meninos do que as meninas. Em geral, o transtorno se instala nos três primeiros anos de vida, quando os 
neurônios que coordenam a comunicação e os relacionamentos sociais deixam de formar as conexões 
necessárias. 
As manifestações na adolescência e na vida adulta estão correlacionadas com o grau de comprometimento e 
com a capacidade de superar as dificuldades seguindo as condutas terapêuticas adequadas para cada caso 
desde cedo. 
22 
 
 O diagnóstico é essencialmente clínico. Baseia-se nos 
sinais e sintomas e leva em conta os critérios 
estabelecidos por DSM–IV (Manual de Diagnóstico e 
Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria) 
e pelo CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da 
OMS) o comprometimento e o histórico do paciente. 
Causas 
Estudos iniciais consideravam o transtorno resultado de 
dinâmica familiar problemática e de condições de ordem 
psicológica alteradas, hipótese que se mostrou 
improcedente. A tendência atual é admitir a existência de 
múltiplas causas para o autismo, entre eles, fatores 
genéticos, biológicos e ambientais. No entanto, saber 
como é o cérebro dessas pessoas ainda é um mistério 
para a ciência. 
Tratamento 
Ainda não se conhece a cura definitiva para o transtorno 
do espectro do autismo. Da mesma forma não existe um 
padrão de tratamento que possa ser aplicado em todos os 
portadores do distúrbio. Cada paciente exige um tipo de 
acompanhamento específico e individualizado que exige 
a participação dos pais, dos familiares e de uma equipe 
profissional multidisciplinar visando à reabilitação global 
do paciente. O uso de medicamentos só é indicado 
quando surgem complicações e comorbidades. 
Família 
O diagnóstico de autismo traz sempre sofrimento para a família inteira. Por isso, as pessoas envolvidas – pais, 
irmãos, parentes – precisam conhecer as características do espectro e aprender técnicas que facilitam a 
autossuficência e a comunicação da criança e o relacionamento entre todos que com ela convivem. Crianças 
com autismo precisam de tratamento e suas famílias de apoio, informação e treinamento. A AMA (Associação 
dos Amigos dos Autistas) é uma entidade sem fins lucrativos que presta importantes serviços nesse sentido. 
Disponível em: <http://www.indianopolis.com.br/artigos/tea-transtorno-espectro-autista/> Acesso em: 06 fev. 2019. 
 
 
 
 
A diversificada programação traz conteúdos inovadores e de credibilidade sobre o tema, com a presença de renomados 
profissionais internacionais e nacionais da área que participam de palestras, workshops, bate-papos, seminários e 
demonstrações de métodos de atendimento utilizados nosEstados Unidos. Além disso, o evento é uma oportunidade única 
de ampliação de conhecimento e vivência sobre o TEA com atrações culturais, ações e ferramentas que visam o bem-
estar das famílias que convivem com o TEA e também a integração dos autistas nas diferentes esferas da sociedade. 
ACESSE: https://www.teabraco.com.br/ 
 
23 
 
Retrospectiva imigração 2018 e perspectivas para 2019 
Por Fabiola Cottet, jan 19, 2019 
O ano de 2018 foi um grande marco 
para a imigração canadense. Muitas 
foram as boas novidades e 
renovações. Não podemos deixar de 
citar que ele foi o primeiro ano que fez 
parte do plano plurianual de imigração, 
divulgado no final de 2017, com a meta 
de trazer um milhão de novos 
imigrantes ao país até 2020 (clique 
aqui e leia o artigo que fizemos sobre o 
tema). Ele continua sendo um dos mais 
abertos do mundo a imigração, com 
diversos programas para trazer 
estrangeiros ao seu território que 
tenham, preferencialmente, uma 
profissão em demanda na região, um 
bom nível de inglês ou francês e 
queiram morar em um dos países com 
a melhor qualidade de vida do mundo. 
Para resgatar um pouco do que 2018 significou na história da imigração canadense, preparamos este artigo, 
com uma breve retrospectiva das principais mudanças e acontecimentos no ano que passou e as perspectivas, 
segundo a nossa consultora de imigração e diretora da Immi Canada, Celina Hui, para 2019. Confira! 
Retrospectiva da imigração 2018 
Janeiro: uma das primeiras notícias divulgadas no ano passado é com relação aos profissionais de TI, que 
podem ainda ter seu visto de trabalho aprovado em apenas 10 dias. O país está, desde julho de 2017, facilitando 
a entrada de profissionais do ramo para suprir a alta demanda do local. Este programa é para os trabalhadores 
que já saem de sua origem com emprego garantido no Canadá. As chances de isso acontecer são bem menores 
do que quando você está em solo canadense. No entanto, este processo rápido de vistos e os dados do governo 
canadense não mentem: não é impossível conseguir um emprego no Canadá estando ainda no Brasil, 
principalmente para profissionais de TI. Para ler o artigo completo, clique aqui. 
Também em janeiro a província de Ontário reabriu seu processo de imigração do Ontario Immigrant Nominee 
Program (OINP), aumentando o número de convidados para viver dentro de suas fronteiras em 600 pessoas. 
Acesse este link e confira a notícia na íntegra. 
Fevereiro: o Canadá foi eleito, pelo segundo ano consecutivo, como o segundo melhor país do mundo, de 
acordo com pesquisa conduzida pela U.S News & World Report. Entre 80 países analisados, as terras 
canadenses ficaram com o primeiro lugar em qualidade de vida, quarta posição no quesito cidadania, segundo 
mais transparente do mundo e o terceiro melhor país no quesito educação. Leia a análise completa acessando 
o artigo “Canadá é eleito o segundo melhor país do mundo”. 
Ainda no mesmo mês, as terras do True North anunciaram as profissões mais requisitadas para 2018, incluindo 
operador de empilhadeira, engenheiro de software, gerente de contas, gerente de projetos de TI, analista de 
negócios, dentre outras. Confira todas as ocupações clicando aqui. 
Março: o governo canadense anunciou um plano de imigração para aumentar o número de falantes da língua 
francesa fora da província de Quebec. Sendo que, o objetivo do país é que 4,4% de todos os imigrantes que se 
estabeleçam fora da província de Quebec, até 2023, sejam francófonos. O motivo é que os falantes de francês 
24 
 
contribuem ainda mais para a economia e prosperidade do país, aumentando também a diversidade linguística, 
visto que o território é considerado bilíngue. Veja o anúncio completo do plano clicando aqui. 
Também em março o Canadá foi considerado o 
melhor país para estudantes internacionais, 
segundo uma pesquisa feita pela indústria global 
de educação. Acesse este link e leia todos os 
dados a respeito de estrangeiros estudando em 
território canadense. 
Abril: no começo de abril a província francófona 
de Quebec anunciou um novo sistema de 
imigração, regido no estilo do Express Entry (EE). 
Na ocasião não foram dados muitos detalhes, mas 
hoje o processo já está em vigor. Saiba mais 
informações clicando neste link. A imigração 
provincial também atingiu recordes no primeiro 
trimestre do ano, como mostram os dados 
divulgados pelo Statistics Canada e que podem 
ser vistos com mais detalhes neste link. 
Um estudo interno realizado pelo governo canadense revelou que os imigrantes chamados highly skilled, ou 
altamente qualificados, ganham um salário igual ou superior a renda média anual canadense logo após a 
chegada no país. Para acessar todos os detalhes, clique aqui. 
Maio: nos 30 dias do mês de maio Ontário anunciou a criação de um projeto piloto de imigração (para ver 
detalhes, clique aqui). Além disso, um estudo feito pela empresa Gallup revelou que o Canadá é o quarto país 
no mundo que melhor aceita imigrantes, perdendo para Islândia, Nova Zelândia e Ruanda, em um ranking de 
140 países. Leia a matéria completa no artigo “Canadá é quarto país que melhor aceita imigrantes”. 
Junho: na metade da nossa retrospectiva, British Columbia 
aumentou o salário mínimo, passando de CAD$ 11,35 para 
CAD$ 12,65 (entre neste link e saiba mais informações). No 
mesmo mês o governo canadense divulgou um relatório, com 
dados mostrando que a imigração provincial do país cresceu 
através do EE, aumentando 80% em 2017 se comparada 
com o ano anterior. Clique aqui e confira todos os dados 
divulgados. 
Também em junho a província de Alberta deu detalhes sobre 
seu novo sistema de imigração provincial, lançando dois 
novos fluxos: o Alberta Opportunity Stream (AOS) e um 
através do Express Entry. Acesse aqui todos os detalhes. 
Julho: este mês trouxe mudanças no maior meio de imigrar 
do Canadá, o Express Entry. O prazo para apresentar a 
aplicação, depois de receber a Invitation to Apply (ITA), caiu 
de 90 para 60 dias, dentre outros detalhes. Clique aqui e 
saiba de todas as modificações. Também em julho, diversas províncias anunciaram mudanças em seus 
programas, acesse: www.immi-canada.com/imigracao-provincias-do-canada/. 
No sétimo mês da retrospectiva a província de Quebec finalmente revelou as regras do seu novo sistema de 
imigração. Para saber todos os detalhes a respeito clique no link. 
Agosto: mais territórios anunciaram mudanças em seus Provincial Nominee Programs (PNP’s). São eles: 
Quebec, Saskatchewan, Nova Scotia e Newfoundland and Labrador. Saiba mais informações neste link. O 
governo federal anunciou, em agosto do ano passado, novos tempos de processamento para processos de 
25 
 
Permanent Resident (PR), que você pode conferir clicando no link www.immi-canada.com/imigracao-provincial-
confira-mudancas/. 
Setembro: só boas notícias! Neste mês o Canadá foi classificado com um dos países mais ricos do mundo em 
estudo realizado pela consultoria New World Wealth. Confira todo o relatório da instituição neste link. 
Outubro: mais dados vieram a tona no Statistics Canada, desta vez informando que a imigração atingiu 
recordes em 2018. A chegada no Canadá representou 82% do crescimento populacional do país entre abril e 
julho do ano passado, atribuído aos estrangeiros que resolveram se estabelecer em terras canadenses. O 
aumento populacional total foi o segundo maior registrado para um período de três meses desde 1971. Entre 
no artigo clicando aqui e confira mais 
informações. 
Novembro: ótima novidade para quem 
pretende fazer das terras do True North sua 
morada: o governo canadense divulgou uma 
revisão do seu plano de imigração plurianual. 
Além de aumentar as metas de novas 
admissões de imigrantes, o país elevou a 
quantidade de recém-chegados que devem 
ser admitidos por meio das categorias de 
imigração econômica, revelandotambém os 
números de 2021. Neste link você pode 
conferir todos os números. 
No mesmo período Manitoba revelou duas 
novas modalidades em seu programa de 
imigração: o International Student 
Entrepreneur Pathway e o Graduate Internship Pathway, ambos destinados aos que concluíram um curso pós-
secundário na região. Veja todos os detalhes no link. 
Dezembro: para dezembro com certeza a notícia mais impactante foi que, a partir do dia 31, os brasileiros que 
entrarem com o pedido de visto do território nacional, precisam fazer a biometria para retirar visto de turista, 
estudo, trabalho e residência permanente (quem tem direito ao eTA está excluso da regra e não precisa fornecer 
as digitais). Confira todos os procedimentos necessários neste link. 
Perspectivas para 2019 
O ano mal começou e já tivemos ótimas notícias. Em breve serão abertas as aplicações do programa de 
imigração federal Parents and Grandparents (PGP), que possibilita que residentes permanentes ou cidadãos 
patrocinem seus pais ou avós e os levem para morar de maneira permanente no Canadá. 
Com a nova exigência da biometria, a diretora de Immi Canada e consultora de imigração, Celina Hui, ressalta 
a importância de não deixar os procedimentos para a última hora. “O requerente do visto tem de ir até o VAC 
para ceder seus dados biométricos, o que acrescenta mais uma etapa no pedido. Por isso é imprescindível não 
deixar para a última hora e fazer o pedido com bastante antecedência”, aconselha. 
Sobre as perspectivas da imigração, a profissional está otimista. “Já começamos o ano com a notícia da abertura 
e maior número de aceitos no PGP. Além disso, o primeiro draw do Express Entry do ano foi expressivo, com 
3,9 mil convidados recebendo o ITA e uma pontuação de 449. Por fim temos o plano plurianual, que é sólido e 
promete trazer mais imigrantes ao país a cada ano. Por tudo isto o cenário de 2019 para a imigração é otimista”, 
finaliza. 
Disponível em: <https://www.immi-canada.com/retrospectiva-imigracao-perspectivas/> Acesso em: 06 fev. 2019. 
 
26 
 
 
 
 
A conduta ética no trabalho, seguindo padrões e valores, tanto da sociedade quanto da própria 
organização, é essencial para o alcance da EXCELÊNCIA PROFISSIONAL. Não basta apenas estar 
em constante aperfeiçoamento para conquistar credibilidade profissional, é preciso assumir uma 
POSTURA ÉTICA e, desse modo, conquistar a confiança e o respeito de superiores, colegas de 
trabalho e demais colaboradores. 
 
Com base na importância deste tema, 
esta seção será dedicada especialmente 
para a publicação de conteúdos que 
abordam a questão ética sob a 
perspectiva profissional, de modo a 
instigar reflexões pontuais a respeito. A 
cada nova Coletânea, apresentaremos 
diferentes profissões. Vamos começar 
tratando do tema de modo geral. 
Inspire-se! 
 
27 
 
Ética Profissional: o que é e qual a sua 
importância 
Por blogSbcAdmin - 5 de janeiro, 2018 
 
A ética profissional é um dos critérios mais valorizados no mercado de 
trabalho, composta pelos padrões e valores da sociedade e do ambiente 
de trabalho no qual a pessoa convive. No meio corporativo, traz maior 
produtividade e integração dos colaboradores e, para o profissional, 
agrega credibilidade, confiança e respeito ao trabalho. Contudo, há 
ainda muitas dúvidas acerca do que é ética, por isso, antes de falar 
sobre ética profissional, é importante entender um pouco sobre o que 
é ética e qual a diferença entre ética e moral. 
 
O profissional ético é, naturalmente, admirado. 
 
O que é ética? 
A palavra Ética é derivada do grego e 
apresenta uma transliteração de duas 
grafias distintas, êthos que significa 
“hábito”, “costumes” e ethos que 
significa “morada”, “abrigo protetor”. 
Dessa raiz semântica, podemos 
definir ética como uma estrutura 
global, que representa a casa, feita 
de paredes, vigas e alicerces que 
representam os costumes. Assim, se 
esses costumes se perderem, a 
estrutura enfraquece e a casa é 
destruída. Em uma visão mais 
abrangente e contemporânea, 
podemos definir ética como um 
conjunto de valores e princípios que 
orientam o comportamento de um 
indivíduo dentro da sociedade. A 
ética está relacionada ao caráter, 
uma conduta genuinamente humana 
e enraizada, que vêm de dentro para 
fora. 
 
 
 
 
A ética está 
relacionada ao 
caráter, uma conduta 
genuinamente 
humana e enraizada. 
QUAL A DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E MORAL? 
Embora ética e moral sejam usados, muitas vezes, de maneira 
similar, ambas possuem significados distintos. A moral é regida por 
leis, regras, padrões e normas que são adquiridos por meio da 
educação, do âmbito social, familiar e cultural, ou seja, algo que 
vem de fora para dentro. Para o filósofo alemão Hegel, a moral 
apresenta duas vertentes: a moral subjetiva, associada ao 
cumprimento de dever por vontade, e a moral objetiva, que é a 
obediência de leis e normas impostas pelo meio. No entanto, ética 
e moral caminham juntas, uma vez que a moral se submete a um 
valor ético. Desta forma, uma ética individual, quando enraizada na 
sociedade, passa a ser um valor social que é instituído como uma 
lei moral. A consequência de um comportamento antiético afronta 
os valores, caráter e o princípio de uma pessoa, enquanto a quebra 
de um valor moral é punida e justificada de acordo com a lei que 
rege o meio. Em síntese, a moral é regida por leis, regras, padrões 
e normas que são adquiridos por meio de convivência. 
 
O QUE É ÉTICA PROFISSIONAL? 
A ética profissional é o conjunto de 
valores, normas e condutas que 
conduzem e conscientizam as 
atitudes e o comportamento de um 
profissional na organização. Desta 
forma, a ética profissional é de 
interesse e importância da empresa e 
também do profissional que busca o 
desenvolvimento de sua carreira. 
Além da experiência e autonomia em 
sua área de atuação, o profissional 
que apresenta uma conduta ética 
conquista mais respeito, confiança, 
credibilidade e reconhecimento de 
seus superiores e de seus colegas de 
trabalho. 
28 
 
 
 
 
 
 
Altruísmo e Solidariedade: fundamentais para 
constituir o comportamento ético. 
 
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA CONSTITUIR O 
COMPORTAMENTO ÉTICO 
 Altruísmo: a preocupação com os interesses do outro de uma forma espontânea e positivista. 
 Moralidade: conjunto de valores que conduzem o comportamento, as escolhas, decisões e 
ações. 
 Virtude: essa característica pode ser definida como a “excelência humana” ou aquilo que nos 
faz plenos e autênticos. 
 Solidariedade: princípios que são aplicados às relações sociais e que orientam a vivência e 
convívio em harmonia do indivíduo com os demais. 
 Consciência: capacidade ou percepção em distinguir o que é certo ou errado de acordo com as 
virtudes ou moralidade. 
 Responsabilidade ética: consenso entre responsabilidade (assumir consequências dos atos 
praticados) pessoal e coletiva. 
 
BENEFÍCIOS DA ÉTICA NO TRABALHO 
O profissional ético é, naturalmente, admirado, pois o respeito pelos colegas e pelos clientes é o que dá 
destaque a esse colaborador. A ética seria uma espécie de filtro que não permite a passagem da fofoca, 
da mentira, do desejo de prejudicar um colaborador, entre outros aspectos negativos. E é necessário 
ressaltar que os líderes são profissionais éticos, ou devem ser, para desenvolver as competências do 
cargo com êxito. Os que optam pela ética preferem oferecer feedbacks, em vez de deixar o ambiente de 
trabalho desarmônico, e são honestos quanto às próprias condições, ou seja: não inventam mentiras para 
se ausentar das falhas. Cultivar a ética profissional no ambiente de trabalho traz benefícios e vantagens 
a todos, uma vez que ela proporciona crescimento à empresa e a todos os envolvidos. Com uma conduta 
ética bem estruturada é possívelcontribuir para a melhora do clima organizacional, do trabalho em equipe 
e respeito mútuo entre todos os colaboradores. E com um ambiente de trabalho mais prazeroso e amistoso 
é possível ter profissionais mais engajados, motivados e satisfeitos. 
 
29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com a população mais consciente das questões morais e da 
responsabilidade social com que as autoridades e as empresas devem 
prestar à sociedade e ao meio ambiente, houve um aumento da 
fiscalização e cobrança pelo comprometimento ético destes órgãos. 
Com isso, a ética ganhou um novo valor, o valor estratégico. As 
empresas se viram obrigadas a modificar seus conceitos, quebrar 
paradigmas e apresentar uma postura mais transparente, humana e 
coerente para não perder público. Neste contexto, a ética profissional 
que deveria ser uma virtude enraizada do indivíduo, tornou-se parte da 
estratégia organizacional e, consequentemente, um diferencial 
competitivo no mercado de trabalho. 
 
10 dicas para a construção de uma postura ética no trabalho 
 
Os colaboradores que conseguem construir relações de qualidade entre os colegas e conquistar a confiança 
dos líderes, com uma postura de trabalho adequada e resultados concretos, são os que obtêm maior 
sucesso no desenvolvimento de suas carreiras. Conheça alguns dos fatores que auxiliam neste 
processo: 
 Seja honesto. Fale sempre a verdade e assuma a responsabilidade sobre seus erros. É muito melhor 
aprender com os erros do que procurar um culpado para suas falhas. A honestidade é uma das 
principais características de um profissional ético, ela é prova de credibilidade e confiança. 
 Respeite o sigilo. Algumas empresas trabalham com informações extremamente sigilosas. 
Geralmente, essas condições são expostas ao profissional dentro do contrato de trabalho. Por isso, 
manter o sigilo, além de ser uma atitude ética e profissional, pode ser importante para preservar o 
emprego. 
 Tenha comprometimento. Responsabilidade e comprometimento é o mínimo que se espera de um 
profissional. Se fazer o seu trabalho parece uma obrigação, reavalie sua carreira e os seus 
propósitos, pois algo está errado. Um profissional com ética tem engajamento com a empresa e 
cumpre sua função com empenho e consciência, sempre visando o melhor resultado para a 
organização, consequentemente, isso agregará valor à sua carreira. 
 Seja prudente. Aprenda a diferenciar as relações pessoais das profissionais, não deixe inimizades 
e antipatia atrapalharem o seu desempenho ou que isso interfira de forma negativa no trabalho de 
seus colegas e nos resultados da empresa. Considere sempre como prioridade a realização do seu 
trabalho. Respeite a hierarquia da sua empresa, seja você um líder ou um colaborador. Seja 
profissional! 
 Tenha humildade. Independente de hierarquia, dos conhecimentos e habilidades, entenda que 
ninguém é melhor que ninguém. Humildade e flexibilidade são um dos pré-requisitos para o trabalho 
em equipe. Tenha humildade, respeite seus colegas, seja cordial e não faça julgamentos. Contribua 
para um bom convívio e bons relacionamentos no ambiente de trabalho. 
 
 
Como vai a sua 
relação ética com 
o trabalho? O que 
você pensa sobre 
isso? 
 
30 
 
Disponível em: <https://www.sbcoaching.com.br/blog/carreira/etica-profissional-importancia/> Acesso em: 01 fev. 2019. 
 
Revolto-me todas as vezes que leio nos jornais ou vejo, na televisão, explicações finais sobre um desabamento, 
sobre um acidente ou sobre um defeito divulgado pela imprensa. Tais julgamentos são feitos sem qualquer 
contato com os autores ou participantes da obra, sem conhecimento prévio do que está sendo visto pela primeira 
vez. É dada a interpretação imediata, num passe de mágica, mostrando conhecimento absoluto da matéria e 
criticando quem fez. Críticas de engenheiros especializados em outros assuntos, sem conhecimento técnico 
específico, que tomaram conhecimento do ocorrido naquele instante, e já cientes de tudo: projeto, materiais, 
resistência, causas.... A imprensa não quer saber o que aconteceu. Quer que alguém invente na hora qualquer 
história que possa interessar ao grande público.... 
É lastimável que colegas nossos, com os mesmos direitos profissionais, somente com o objetivo de aparecerem 
nos meios de divulgação, se prestem a um procedimento tão mesquinho. 
É comum, por exemplo, ouvir nas obras críticas de um profissional subalterno, como um assentador de azulejos, 
ao serviço feito por um colega. Nunca ouvi um elogio, somente críticas destrutivas. O ciúme impera sobre a 
razão. Sem conhecer o motivo da imperfeição (falta do material adequado, pressa, imposição do superior), o 
serviço é logo criticado como incompetência, negligência, falta de interesse. Não existe aprovação para o que 
tenha sido feito por outro. 
Com os engenheiros, está acontecendo, atualmente, exatamente o mesmo. Estamos nos nivelando a uma 
classe mais baixa em relação ao comportamento frente a outros profissionais de nível social inferior, com 
aprendizado fora das escolas. Isso nunca poderia acontecer. No currículo das escolas de engenharia deveria 
existir uma matéria de ensino do comportamento ético. 
Faço frequentemente a pergunta: o que custa fazer um elogio? Isso vai diminuir o valor de quem o faz? 
 Não prometa aquilo que não possa cumprir. Com comprometimento e honestidade é possível 
alinhar entregas e prazos justos sem comprometer a credibilidade e a ética profissional. 
 Saiba fazer e receber críticas. Embora as críticas nos ajudem a crescer, muitas pessoas não sabem 
fazer ou interpretá-las de forma construtiva. Por isso, caso precise dar um feedback a alguém, nunca 
faça isso por impulso, reflita a melhor forma de dizer e como orientar a melhora. E se receber uma 
crítica, não leve para o lado pessoal, entenda que isso pode ser usado para o seu desenvolvimento. 
 Reconheça o mérito alheio. Elogios sinceros podem e devem ser usados em um ambiente de 
trabalho, mas, se estiverem dentro do contexto profissional. Não precisa parecer um bajulador 
elogiando o chefe. Elogie as atitudes assertivas, aquilo que realmente contribui com os resultados 
da empresa ou da equipe. Saiba reconhecer o empenho de seus colegas, dê a eles os méritos 
merecidos e não espere recompensa em troca. 
 Respeite a privacidade. Nunca mexa no material de trabalho, documentos ou gaveta de um colega 
de trabalho, exceto, se lhe for solicitado e, ainda assim, se for algo que vá contribuir com o bem e o 
trabalho de todos. 
 Evite fofoca. Fique longe de fofocas, comentários ofensivos e pessoas que gostam de julgar e criticar 
os colegas. 
 
Ética na 
Engenharia 
Prof. Eng. A. C. Vasconcelos 
 
31 
 
Um elogio sincero constitui um apoio a quem despendeu enormes esforços para sua realização. Ao invés de 
um elogio, ouve-se: parece-me que já vi algo semelhante a isso em algum lugar.... (somente para minimizar o 
valor do que foi apresentado). Isto constitui uma depreciação do trabalho. E se for verdade, para que serve a 
citação? 
Como proceder diante de um fato reprovável, sem ofender a quem cometeu a falha? Deve-se silenciar a respeito 
e deixar que algo aconteça? E se nada acontecer, com que desculpas você vai explicar que estava errado ou 
interpretou diferentemente o problema? Não teria sido melhor ficar calado? 
É obrigação do engenheiro evitar que aconteçam desastres? O assunto deve ficar somente entre quem critica 
e o autor, ou ser divulgado para todo mundo? 
Quanto menos aquele que critica aparecer, melhor. O importante é evitar que algo de ruim aconteça. Ao invés 
de tentar justificar o que foi feito errado, o autor vai tentar 
consertar o que fez, sem divulgar quem chamou a atenção para 
o problema, e o mais rápido possível. Surge imediatamente com 
a frase: “Analisando mais detalhadamente o problema,julguei 
que funcionará melhor assim…”. Com tal procedimento, tudo 
ficará bem: o autor não será penalizado, o crítico conseguiu 
evitar o desastre (sem precisar se enaltecer!), a sociedade 
ganhou com o procedimento ético. É o que todos querem!!! 
Todos nós, sem exceção, tendemos a amenizar as falhas dos 
amigos e exagerar os erros dos inimigos. Fazemos isso 
inconscientemente. Os erros dos outros poderiam ter sido 
evitados se houvesse mais cuidados, mas os nossos erros 
foram casuais, aconteceram... [...] 
O Prof. Héctor Gallegos da UPC (Universidade Peruana de Ciências Aplicadas, de Lima) publicou, em 1999, 
um livro maravilhoso, que todo engenheiro deveria ler: La Ingeniería ÉTICA. Ele menciona vários casos de 
desastres que poderiam ter sido evitados se houvesse divulgação, por parte de engenheiros colaboradores, de 
defeitos que poderiam ser corrigidos a tempo. Para não ferir suscetibilidades, ficaram omissos. Pergunta-se: 
Esse engenheiro feriu a ética profissional, por ter silenciado diante do comportamento de seu superior, que o 
advertiu para ficar calado e não levantar suspeitas? Ele deveria ter “posto a boca no trombone” e ser penalizado 
por tal comportamento? 
Julgo oportuno aqui reproduzir os casos levantados por Gallegos, deixando a interpretação a cargo de cada um 
por si mesmo. 
1º caso: A explosão do foguete Challenger em 26 de janeiro de 1986 
 
Todos os jornais do mundo noticiaram o acidente ocorrido 73 
segundos depois da decolagem do foguete tripulado, de Cabo 
Kennedy, na Flórida. Se o foguete tivesse suportado mais 47 
segundos, teria se livrado de sua parte impulsora, e, já 
descarregado de combustível, teria navegado tranquilamente pelo 
espaço e retornado à Terra. Morreram 7 astronautas, dentre os 
quais a primeira astronauta mulher, e o programa espacial 
americano atrasou-se 5 anos na averiguação das causas do 
acidente. O acidente aconteceu depois de 4 lançamentos com 
êxito, diante da pressão política na competição com a Rússia, 
acelerando o programa. 
 
O que se pode constatar foi que o lançamento foi feito num 
ambiente que registrou a mais baixa temperatura, abaixo de 0ºC, diferentemente dos 4 lançamentos anteriores. 
A origem da falha foi identificada como a perda de flexibilidade do selante anelar em baixa temperatura, 
deixando de cumprir sua função de evitar o vazamento. O combustível sólido, ao se esquentar, causou a 
dilatação do cilindro de aço que o continha, não acompanhada pelas partes frias. 
Não interessa explicar o que é a ética 
profissional, o que significa o ethos de 
Platão. Qualquer divagação filosófica só 
tende a obscurecer o problema. O 
essencial é explicar o que está 
acontecendo em nosso dia a dia com 
exemplos típicos. Naturalmente, local, 
data, nomes, devem ser modificados 
para evitar identificação. Quem se 
enquadrar que vista a carapuça. 
32 
 
A empresa particular encarregada da fabricação dos impulsores de combustível sólido foi a Morton Thiokol, que 
possuía o engenheiro chefe Bob Lund. Um dos engenheiros de Bob Lund era Roger Boisjoly, que havia lutado 
durante o projeto para resolver o problema material do selante. Não tendo tido tempo de resolver o problema 
dentro do prazo político estipulado, advertiu seu chefe, sem ser levado a sério pela Morton e pela administração 
da NASA. Um dos gerentes principais da Morton ridicularizou-o em público: “Tire o seu capacete de engenheiro 
e coloque na cabeça o da Morton!” Boisjoly não perdeu o emprego, mas foi afastado do projeto. No final de 
julho de 1986, um mês após o término da comissão presidencial, Boisjoly renunciou ao seu emprego na Morton. 
O desenrolar dos fatos sugere diversas perguntas relacionadas com a ética da engenharia. Eis algumas delas: 
Qual o papel correto de um engenheiro diante de problemas de segurança? Deve um engenheiro aceitar prazos 
para resolver um problema? Quem deve decidir uma ação final, a engenharia ou a administração da empresa? 
É correto para um engenheiro, em situações críticas, divulgar informações reservadas da empresa? 
2º caso: O automóvel Pinto 
 
Em 10 de agosto de 1978, ocorreu um desastre numa rodovia de 
Indiana, USA, onde morreram duas jovens dentro de um automóvel 
compacto, inovador, da Ford. O carro se incendiou depois de um 
abalroamento por outro carro em sua traseira. Durante os 7 anos da 
introdução do produto no mercado, ocorreram cerca de 50 casos com 
demandas judiciais e pagamento de danos. No primeiro caso, 
entretanto, houve a morte de duas pessoas. A Ford perdeu a causa e 
vários engenheiros pertencentes à equipe responsável pelo projeto 
deveriam ser presos. Durante o julgamento ficou patente que os 
engenheiros conheciam a vulnerabilidade do veículo por choques traseiros. A solução proposta por eles foi 
recusada pela empresa com as seguintes alegações: a solução aumentava o custo do carro; atrasava o início 
da fabricação e prejudicava o ritmo de produção. Isto iria contra o alvo da empresa: derrotar os competidores. 
 
As perguntas éticas neste caso são: a responsabilidade de um engenheiro em relação à sociedade deve ser 
subordinada à sua responsabilidade diante de seu empregador? Pode um engenheiro submeter sua 
independência à empresa? Qual deve ser sua atitude no processo judicial? 
3º caso: Central nuclear de Chernobyl 
 
Perto da cidade de Prypyat, na Ucrânia, ocorreu o maior acidente 
nuclear da história. Manejos incompetentes de partes defeituosas da 
usina ocasionaram em acidente em 25 de abril de 1986. Engenheiros 
operadores da fábrica tentavam uma experiência malsucedida. 
Apagaram todos os sistemas de regulagem e emergência e retiraram 
todas as varinhas de controle do núcleo energético. Isso possibilitou que 
a central continuasse trabalhando com 10% de sua capacidade. Nas 
primeiras horas do dia seguinte, 26 de abril, a operação estava fora de 
controle. Ocorreram então várias explosões que destruíram os 
contendores de aço e concreto armado do reator. Enormes quantidades 
de substâncias radioativas entraram na atmosfera, provocando em 27 
de abril a evacuação dos 30.000 habitantes de Prypyat. O governo russo 
tentou encobrir o ocorrido, mas, em 28 de abril, os monitores suecos acusaram índices anormais de radiação 
no vento. Por pressão da Suécia, o governo russo foi obrigado a admitir o desastre. Devido à contaminação 
morreram logo 32 pessoas. E centenas de milhares contraíram doenças. Destas pessoas, dezenas de milhares 
morreram e o restante contraiu câncer. Nos anos seguintes, nasceram vacas com sérias deformações. Árvores 
também foram contaminadas. A radioatividade atingiu até a França e Itália. 
 
As perguntas pertinentes ao caso são: Pode-se exercer a engenharia sem a competência tecnológica e a 
necessária experiência? Qual a responsabilidade da engenharia na manutenção dos objetos que criou? Qual a 
atitude da engenharia ao descobrir que os objetos criados são potencialmente perigosos? Qual a 
responsabilidade da engenharia no bem-estar humano, atual e futuro? 
 
33 
 
4º caso: Césio 137 em Goiânia 
 
No Brasil ocorreu um caso inadmissível de contaminação num ferro-
velho, com uma cápsula de césio 137 que lá foi deixada por descuido. 
Várias pessoas morreram e muitas contraíram doenças ficando 
impossibilitadas de trabalhar. Ninguém foi julgado como causador do 
desastre.... É ou não é um problema de ética profissional? Os 
responsáveis pelos equipamentos médicos podiam deixar cápsulas 
de material perigoso serem jogadas num ferro-velho sem qualquer 
advertência quanto a seu conteúdo? Abrindo casualmente pastas 
antigas, deparei-me com um recorte de “A Gazeta” de 10.01.57, que 
noticiava a colação de grau da turma de engenheiros de 1956. Havia 
sido publicado, na íntegra, o meu discurso de paraninfo. 
 
Esse discurso, que saía da regra geral de mostrar os progressos da Engenharia e o futuro dessa profissão no 
Brasil, transgrediu o costume,como aconteceu pela primeira vez, com a escolha de um professor subalterno e 
não um catedrático para a honraria de paraninfar uma turma de estudantes. O discurso mais parecia um 
conselho para os novos engenheiros. Um dos temas destacados foi justamente o da Ética Profissional, que aqui 
reproduzo. 
 
 
“Frequentemente o engenheiro terá que exercer atividades subsidiárias, ao lado da parte técnica. Tão 
importantes como seus conhecimentos técnicos, os únicos adquiridos na escola, são também seus 
conhecimentos de relações humanas, de psicologia e de comércio. No exercício dessas atividades, o 
engenheiro precisa acautelar-se para não transgredir os postulados da ética profissional. É muito comum, 
infelizmente, ouvir-se um engenheiro menosprezar uma planta, um desenho ou um projeto de outro colega 
antes mesmo de se inteirar completamente do que se trata. Muitas vezes ridiculariza o que ele próprio 
costumava fazer até alguns dias atrás, só então tendo aprendido a solução acertada. Sempre que estiverdes 
em situação idêntica, lembrai-vos bem de que, além de ser essa atitude antipática e contra os ensinamentos da 
ética profissional, ela, em vez de vos beneficiar, poderá ser uma arma de dois gumes, pois quem ouviu a vossa 
crítica, ainda que não a transmita ao criticado, ficará de sobreaviso para criticar-vos posteriormente em casos 
análogos. Lembrai-vos bem de que, por melhor que seja vosso trabalho, existe sempre um ponto fraco em que 
ele possa ser criticado, e outros irão certamente criticá-lo pensando com isso em beneficiar a si próprios. Se 
minhas palavras puderem ser úteis em alguma situação, lembrai-vos sempre dessa frase: Nunca criticai um 
trabalho de um colega ainda que a crítica seja justa, pois, com esse procedimento, vós só tendes a ser mal 
vistos e nada usufruir da antipática atitude. Quando estiverdes inclinados a proferir tais críticas, lembrai-vos dos 
vossos próprios trabalhos e colocai-vos na posição de adversários. Não é possível evitar as críticas contra nós 
mesmos, mas é possível diminuir os seus efeitos nocivos procurando trabalhar com perfeição”. Isto aconteceu 
há 50 anos e a situação continua a mesma. Podemos fazer alguma coisa para minimizar essa deplorável 
situação? 
 
Disponível em: <http://www.tqs.com.br/tqs-news/consulta/etica/523-etica-na-engenharia> Adaptado. Acesso em: 17 dez. 18. 
 
 
34 
 
Museus Históricos: poder, educação e sociedade 
 
28 de janeiro de 2019 
Por Eneida Queiroz 
Um museu histórico é muito mais do que um lugar onde são guardadas coisas velhas. Confira o que constitui um museu histórico 
atualmente e como essa instituição se transformou ao longo do tempo. 
Em geral, sabemos para que serve uma escola, uma universidade, uma galeria artística, um veículo de 
comunicação, uma empresa de design, um jardim público, uma cafeteria ou uma loja comercial. Mas e quanto 
aos museus históricos? Será que nós temos essa clareza? Um museu é muito mais do que um lugar onde são 
guardadas coisas velhas. O objetivo deste artigo é mostrar o que constitui um museu histórico atualmente e 
como essa instituição se transformou ao longo do tempo. 
 
Museu Historico Nacional, no Rio de Janeiro. Foto: Museu Histórico Nacional / José Caldas. 
 
Definição básica de museu histórico 
Uma pessoa pode acumular no quintal de casa uma 
enorme coleção de garrafas: mas será que essa 
pessoa documenta esses objetos? Existe no quintal 
dela um inventário com o arrolamento de cada 
garrafa daquela coleção? Ela faz uma catalogação 
(fichas catalográficas de cada peça) com 
dimensões, material, data, origem, fabricante, tipo 
de rótulo, cor e demais características de todos os 
itens que ela guarda? Ela saberia dizer onde está a 
garrafa de número 358, ou ela precisaria procurar? 
Certamente, esse hipotético personagem não faz 
empréstimos de itens da sua coleção, não dá baixa 
no inventário, não abre seu quintal para o público, 
não fotografa e nem divulga suas peças em um site 
ou mídias sociais. Ora, ele não faz nada disso por 
uma razão muito simples: ele não é museólogo e 
nem possui um museu no quintal – trata-se apenas 
de um colecionador de coisas velhas. 
Todo museu, histórico ou não, é uma instituição 
bastante complexa e não pode ser confundido com 
o simples acúmulo de objetos. Para que uma 
instituição seja considerada museu, ela deve 
“conservar, investigar, comunicar, interpretar e 
expor, para fins de preservação, estudo, pesquisa, 
educação, contemplação e turismo, conjuntos e 
coleções de valor histórico, artístico, científico, 
técnico ou de qualquer outra natureza cultural, 
abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu 
desenvolvimento”. Além disso, ela deve ser 
permanente e não possuir fins lucrativos. 
35 
 
Os museus históricos, ao contrário de uma pinacoteca ou de um museu 
de mineralogia, se caracterizam pela multiplicidade tipológica do 
acervo e pela coerência temática. Vamos considerar como exemplo o 
Museu Histórico Nacional, localizado na cidade do Rio de Janeiro: ele 
reúne milhares de peças, desde réplicas das pinturas rupestres da 
Serra da Capivara aos originais de anjos barrocos vindos de igrejas 
do século XVIII, do manto da Princesa Isabel ao uniforme de gari da 
Comlurb, do quadro do último baile imperial aos exemplares de nossas 
constituições republicanas. Todas essas peças são tipologicamente 
diversas, mas tematicamente unidas, e com uma consequência 
narrativa: contar a história do Brasil por meio dos objetos que são 
testemunhos de seu tempo. 
Museus Históricos: dos homens ilustres à história vista debaixo 
Hoje é ponto pacífico para museólogos e historiadores as profundas 
relações entre poder e memória. Raiz do próprio nome “museu”, as 
musas da mitologia clássica eram filhas de Zeus (o poder) e 
Mnemosine (deusa da memória). Os museus, principalmente no seu 
início, assim como quase sempre fizeram os registros e livros 
históricos, guardaram a história dos vencedores. No caso dos museus, 
essa história esteve por muito tempo materializada em objetos como 
espadas, mantos reais, uniformes militares, quadros de batalhas, leis 
de compra de terras, cuja valoração atrelava-se ao vínculo com esses 
homens ilustres ou com acontecimentos militares e políticos marcantes 
para a afirmação das histórias estatais. Era uma “história 
acontecimental e política” – e isso pode ser visto ainda hoje. 
No campo da historiografia, essa história tradicional, contudo, começou 
a ser fortemente contestada no final da década de 1920, por um 
movimento historiográfico francês chamado “Movimento dos Annales” 
(ou “Escola dos Annales”). Formado em torno da Revista dos Annales 
esse movimento combateu a chamada “história acontecimental” (uma 
história linear, fundamentalmente política e diplomática), e novos 
atores, para além dos grandes monarcas e estadistas, passaram a 
serem sujeitos históricos das narrativas acadêmicas. 
Na década de 1960, outro movimento historiográfico, mas agora 
surgido no Reino Unido, contribuiu para consolidar o lugar do “homem 
comum” nas narrativas dos historiadores: o movimento da “história vista de baixo”. Essa história, em oposição 
à antiga história tradicional do poder, buscou explorar a vida, os costumes e as tradições daqueles que 
costumavam ser esquecidos: servos, escravos, trabalhadores pobres livres, mulheres, etc. 
Essa renovação não se limitou ao campo da 
historiografia, mas ocorreu também no campo dos 
museus. Os museus históricos ao longo do século 
XX questionaram suas tipologias, o elitismo da 
formação de seus acervos e – primordialmente – 
sua função social. Os museólogos passaram a ver 
os museus históricos cada vez menos como 
espaços exclusivos das elites e cada vez mais como 
um espaço de toda a sociedade – um museu 
histórico está a serviço do desenvolvimento dessa 
sociedade. Isso significa dizer que todo museu 
históricopossui uma dimensão educativa e política, 
afinal, ele visa ao despertar das comunidades, por 
mais pobres que sejam, para o seu “direito à 
memória” – para alguns setores conservadores da 
elite, os museólogos – antes guardiões do relicário 
da poderosa elite do passado – começaram a se 
tornar tão subversivos como os antropólogos, 
sociólogos, cientistas políticos e historiadores. 
Missão do Museu 
Histórico Nacional 
Você pode se perguntar: mas 
como contar a história do 
Brasil? Quem deveria fazer 
isso não são as escolas, as 
universidades e os livros? Se 
já temos tantos narradores, 
qual o papel dos museus de 
história? A missão do Museu 
Histórico Nacional, defendida 
em seu Plano Museológico 
de 2016 é de “promover a 
mobilização coletiva para 
valorizar a consciência 
histórica e o direito ao 
patrimônio cultural do Brasil, 
por meio da formação e 
preservação de acervo, ação 
educativa e construção de 
conhecimento”. No entanto, 
ainda que não esteja escrito 
em sua missão “contar a 
história do país”, a 
construção de qualquer 
acervo museológico 
(baseado em escolhas e 
omissões) interpreta e narra 
um assunto tanto por meio da 
expografia escolhida, como 
das ações de comunicação e 
educação da instituição. 
Logo todo museu histórico 
constrói uma narrativa sobre 
o passado. 
 
36 
 
 
“Farmácia Homeopática”, Museu Histórico Nacional, (RJ). Foto: Museu Histórico Nacional / José Caldas. 
Museu Histórico: lugar para pensar e inquietar 
Essas transformações no campo da museologia foram consagradas principalmente na década de 1970, quando 
houve a ampliação do conceito de patrimônio, incluindo o ambiente natural. Um dos maiores marcos desta 
década de mudanças foi a Mesa Redonda de Santiago, em 1972, em que os participantes deste evento da área 
de museologia discutiram o papel dos museus na América Latina, chegando-se ao conceito de “Museu Integral”. 
O Museu Integral leva em consideração a totalidade dos 
problemas da sociedade, proporcionando à comunidade 
uma tomada de consciência do seu próprio meio natural 
e cultural. Assim, os museus deveriam se engajar 
socialmente, com participação da própria comunidade. O 
território e o patrimônio estão ligados intimamente à 
comunidade, sendo esta população ativa no museu e não 
mais se restringindo ao papel de público que somente 
visita o edifício e observa as obras e os objetos. 
As transformações e o desenvolvimento social são 
aspectos basilares para o desempenho desse novo 
museu: princípios da “Nova Museologia”, reiterados com 
a Declaração de Quebec, de 1984, e com o Movimento 
Internacional da Nova Museologia (MINOM). Ao falar do 
passado, o museu fala do hoje. 
Disponível em: <https://www.cafehistoria.com.br/museus-historicos-educacao-sociedade/.> Acesso em: 30 jan.2019 
 
 
 
 
 
 
É preocupante constatar que muitos 
museus históricos no Brasil ainda não 
obedecem aos requisitos básicos que 
configuram as boas práticas museais e, até 
mesmo, os rigores da legislação que 
normatiza o campo. Mas é importante saber 
que Museu – para ganhar esse título – tem 
um compromisso não apenas patrimonial, 
como também educacional e de 
entretenimento: ele deve ser capaz de 
espantar, maravilhar, instruir, fazer pensar, 
inquietar, curtir e relaxar. 
37 
 
 SOCIEDADE DOS SONHOS 
 
Lendo recentemente o livro "O Semeador de Ideias" 
do autor Augusto Cury, tem um trecho em que o 
escritor relata: " O mestre segredou-me um projeto, 
que havia tempos estava maturando em sua mente, 
e que me encantou e perturbou. Falou da 
necessidade de construir a sociedade dos sonhos, 
fraterna, livre, pautada pelo diálogo e pelo respeito 
aos direitos humanos, em que jovens, homens e 
mulheres fossem educados a ter consciência crítica, 
a ser generosos, solidários altruístas, e a aprender 
a expor, e não a impor, suas ideias, crenças e 
princípios. Uma sociedade em que a educação se 
tornasse o centro das atenções sociais, em que se 
superasse a necessidade neurótica de poder, de 
controlar os outros e de estar em evidência social, 
em que o medo uns dos outros desse lugar à 
confiabilidade, as ideias fossem mais fortes que as 
armas, em que a transparência, a honestidade e a 
capacidade de ser fiel à própria consciência fossem 
mais importantes que os códigos jurídicos que 
regulam os comportamentos. Uma sociedade em 
que o consumismo fosse transformado em sede de 
conhecimento e em que cada pessoa respeitasse 
sua cultura, crenças políticas e religiosas, mas as 
transcendesse por aprender a pensar como espécie 
e, como tal, se tornasse assim um ser humano sem 
fronteira. Uma sociedade em que finalmente o 
homem fizesse as pazes com a natureza e se 
colocasse como seu hóspede, e não como seu 
proprietário". [...] 
Isto me fez relembrar Thomas More, autor de A 
Utopia, onde Oscar Wilde dizia: "Um mapa do 
mundo em que não aparece o país Utopia não 
merece ser guardado", expressa na realidade o 
anseio permanente de criação de uma sociedade 
perfeita. Ideal irrealizável em sua plenitude. Utopia 
é toda proposta ideal de organização da sociedade 
em que, por meio de novas condições econômicas, 
políticas e sociais, se pretende alcançar um estado 
de satisfação geral.Tem uma citação de Bernard 
Shaw que a levo comigo que diz: "Alguns homens 
veem as coisas como são e perguntam: Por quê? 
Eu sonho com as coisas que nunca existiram e 
pergunto: Por que não?". 
Muitas vezes me pergunto, qual a razão de não 
buscarmos a sociedade dos sonhos e lembro do que 
disse Erasmo de Rotterdam em seu livro Elogio da 
Loucura quando afirma: "Quando se reflete 
atentamente sobre o gênero humano, e quando se 
observam como de uma alta torre (justamente a 
maneira pela qual Júpiter costuma proceder, 
segundo dizem os poetas) todas as calamidades a 
que está sujeita a vida dos mortais, não se pode 
deixar de ficar vivamente comovido. Santo Deus! 
Que é, afinal, a vida humana? Como é miserável, 
como é sórdido o nascimento! Como é penosa a 
educação! A quantos males está exposta a infância! 
Como sua a juventude! Como é grave a velhice! 
Como é dura a necessidade da morte! Percorramos, 
ainda uma vez, este deplorável caminho. Que 
horrível e variada multiplicidade de males! Quantos 
desastres, quantos incômodos se encontram na 
vida! Enfim não há prazer que não tenha o amargor 
de muito fel. Quem poderia descrever a infinita série 
de males que o homem causa ao homem, como a 
pobreza, a prisão, a infâmia, a desonra, os 
tormentos, a inveja, as traições, as injúrias, os 
conflitos, as fraudes, as tragédias...?". 
Segundo Rousseau, "O homem nasce puro, a 
sociedade que o corrompe. Todos nascem homens 
e livres; a liberdade lhes pertence e renunciar a ela 
é renunciar à própria qualidade de homem". Logo, 
está em nossas mãos criarmos uma sociedade na 
qual a sabedoria e a felicidade do povo decorram de 
um sistema social, legal e político perfeito guiado 
pela razão. Lutarei até o fim da minha vida em busca 
dessa utopia.
Disponível em: 
<http://www.professormarcosalves.com.br/2011/04/sociedade-
dos-sonhos.html> Adaptado. Acesso em: 07 fev. 2019. 
38 
 
 
CHARGES 
 
 
 
Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs.com.br/opiniao/iotti/noticia/2019/01/iotti-coincidencia-cjrcnaskd00j201ny61qcb1cf.html>Acesso em: 07 fev. 
2019. 
 
 
 
 
 
Disponível em: <https://viewsblogg.blogspot.com/2019/01/veja-as-charges-feitas-sobre-o.html>Acesso em: 07 fev. 2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disponível em: <https://www.humorpolitico.com.br/tag/vale-brumadinho/>Acesso em: 07 fev. 2019. 
 
 
 
 
 
Disponível em: <https://www.humorpolitico.com.br/tag/vale-brumadinho/>Acesso em: 07 fev. 2019. 
 
 
 
40 
 
Considerações Finais 
 
Sem a observação, a leitura crítica dos fatose a empatia é muito mais fácil apenas criticar, 
e quase impossível apontar soluções. Sem a reflexão e introspecção é muito mais fácil 
enxergar apenas o cisco que está no olho do outro, e simplesmente não enxergar a trave 
que está em nossos olhos, impedindo-nos de propor soluções, impedindo-nos de 
contemplar o outro que está por traz dos fatos... Nesse sentido, é sempre oportuno 
questionar... Como está a sociedade? Se a sociedade está doente, sofrendo tantas 
tragédias, como as pessoas precisam ser tratadas para que a sociedade tenha chances 
de cura e uma vida mais segura? O que pensamos e sentimos pelo outro? Como vemos 
e tratamos os outros? Que importância tem para nós os dilemas enfrentados pelo outro? 
Que participação temos na história do outro? Como nos vemos diante do próximo e qual 
a nossa percepção acerca da nossa individualidade e a do outro, ambos inseridos na 
coletividade? Como vai a sensibilidade humana diante dos direitos humanos ainda tão 
distantes de serem cumpridos em sua totalidade e de que modo estamos contribuindo 
para a construção de uma sociedade menos preconceituosa, mais superabundante de 
vida e de relações interpessoais saudáveis? Esperamos que você tenha se feito essas e 
outras perguntas... Afinal, a razão de ser desta disciplina é despertar em você a busca 
por respostas e, acima de tudo, é despertar em você o seu melhor! Que a partir desta e 
de outras leituras qualitativas você se torne uma pessoa mais apaixonada pela vida, pela 
ética, pela construção de uma sociedade na qual impere a vontade de participar e de ser 
em detrimento do ter. Acredite! Você é capaz disso e muito mais! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sucesso! 
Organizadoras 
Pensar é voar sobre o que não se sabe. 
Não existe nada mais fatal para o 
pensamento que o ensino das 
respostas certas. As respostas nos 
permitem andar sobre a terra firme. 
Somente as perguntas nos permitem 
entrar pelo mar desconhecido. 
(Rubem Alves)

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