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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA SUDESTE DE MINAS GERAIS – CAMPUS RIO POMBA Enzo Peri Giovanna Müller Jordana Francisca Ciclo Estral da Vaca RIO POMBA 2019 Introdução: Para compreendermos melhor a parte reprodutiva dos animais de interesse zootécnico é necessário adquirir conhecimento sobre a fisiologia reprodutiva da espécie e além disso, sobre seu ciclo estral (em fêmeas) para que possamos utilizar de maneira correta e eficaz as ferramentas e tecnologias reprodutivas, a fim de que seja possível obter crias de qualidade e também de identificar possíveis falhas fisiológicas que estejam prejudicando o animal. Ciclo estral – Subdivisões: O ciclo estral é um conjunto de fases que as fêmeas passam apresentando receptividade sexual seguida de ovocitação, no qual se divide em fases. Proestro: Nessa etapa ocorre uma grande liberação de estadiol e acúmulo do mesmo devido ao desenvolvimento folicular. Esse fato faz com que a vulva da vaca aumente de tamanho e fique entumecida por conta da maior inervação e vasodilatação nessa região. Ocorre também dilatação da cérvix e maior consistência do endométrio. Ocorre também a liberação dos ferormônios. Dura de 3 a 4 dias. Estro: Etapa marcada pela aceitação do macho. Ocorre um aumento nos níveis de estrógeno circulantes. Há a liberação de um muco cristalino. Termina quando a vaca já não aceita mais a monta. Dura de 12 a 18 horas. Metaestro: É uma das fases mais difíceis de identificação. Com a produção máxima de progesterona produzida pelo corpo lúteo após a ovocitação, a vulva tende a ficar menos vascularizada e os sinais de aptidão ao acasalamento passam a diminuir. Nessa fase, pode ocorrer um sangramento vaginal devido a grande variação hormonal. Dura de 3 a 5 dias. Diestro: Fase dominada pela progesterona que faz com que os sinais físicos se encerrem. Caso não haja a gestação, haverá a regressão do corpo lúteo. Dura de 10 a 12 dias. Controle endócrino do Ciclo Estral: Fase folicular: O GnRH secretado pelo sistema porta-hipotalâmico-hipofisário no hipotálamo chegará até a adeno- hipófise. Ocorrerá a liberação de FSH e LH, que são as gonadotrofinas atuantes no ciclo. Elas causarão feedback negativo na liberação de GnRH pelo hipotálamo. Também irão chegar até os ovários, fazendo com que haja o desenvolvimento folicular (atuação do FSH) e a maturação dos folículos (atuação do LH). A maturação ocorre quando os níveis de estradiol produzidos pelas células foliculares geram um estímulo para a liberação de LH. O alto nível de estradiol causa a sensibilização do sistema nervoso, gerando os comportamentos e sinais da aceitação ao macho (estro). Esse pico faz com que haja um feedback positivo na liberação de GnRH causando uma alta do mesmo. Os folículos começam a secretar o hormônio inibina, que dá um feedback negativo a liberação de FSH e um feedback positivo ao LH para que se inicie a próxima fase e também a ovocitação. Fase luteínica: Com o bloqueio parcial da liberação do FSH e maior atuação do LH, as células foliculares, após a ovocitação, começam a ser luteinizadas formando o corpo lúteo que irá produzir a progesterona bloqueando a liberação do GnRH e consequentemente das gonadotrofinas liberadas pela hipófise. Caso não haja a fecundação e/ou gestação, ocorrerá um estímulo de produção e liberação de ocitocina que atuará estimulando a liberação de prostaglandina regredindo o corpo lúteo a corpo albicans. Isso acarreta em feedback positivo para liberação de GnRH e das gonadotrofinas iniciando um novo ciclo. Caso haja a gestação, as substâncias liberadas pelo feto, irão inibir a prostaglandina e o corpo lúteo continuará na liberação de progesterona, mantendo a gestação. Comportamento Sexual em Machos: A primeira fase da expressão do comportamento reprodutivo é a procura e a identificação do parceiro sexual, seguidas pela verificação do estado fisiológico do parceiro que pode evoluir até a reação de monta e finalmente a cópula (HAFEZ, 2004). A duração da corte e da cópula varia de acordo com as espécies, sendo mais curta nos bovinos e ovinos do que suínos e equinos (HAFEZ, 2004). Em relação aos bovinos machos é necessário entender que além de produzirem sêmen de boa qualidade, esses animais precisam ter a inteligência de reconhecer as fêmeas em estro e de manifestar seu desejo sexual. Dito isso, para a análise da capacidade reprodutiva do macho, é necessário o espermograma e a classificação da qualidade do comportamento sexual deste. Para fazer o estudo completo dessa manifestação sexual é necessário analisar a disposição do macho em montar na fêmea e a capacidade de serviço, ou seja, se o macho consegue fazer de forma correta a montagem e cópula da fêmea. Isso pode ser influenciado pela idade, sexo, raça, sanidade e níveis hormonais e seu “Status Social”, podendo ser de dominância ou submissão. O clima também pode influenciar nesse comportamento sexual a partir da temperatura e ambiente e da quantidade de chuvas que ocorrem no local em que o animal se encontra. O comportamento sexual do macho adulto depende do seu nível hormonal (principalmente a testosterona) e de eventos sociais, pois esse comportamento completo na fêmea limita-se ao estro e é necessário que o macho se aproxime da fêmea e perceba a receptividade da mesma ao ato sexual. Essa percepção é feita a partir das seguintes ações: 1- Imobilização da fêmea em estro ao estar próxima do bovino reprodutor (isso ocorre como um reflexo); 2- Ocorre uma comunicação olfato-gustativa, ou seja, o macho lambe e cheira a vulva; 3- Reflexo de Flehmen (lábio superior erguido em direção as narinas, o órgão vomeronasal percebe feromônios emitidos pelas fêmeas; 4- Ereção, protusão do pênis, monta, introdução, ejaculação, com arranque final, quando o pênis, ereto, depõe o sêmen o mais próximo possível da cérvice, desmonta e refratariedade (saciedade). Contudo, é necessário analisar tudo que foi dito acima para conseguir determinar a proporção macho:fêmea no rebanho a partir da determinação da fertilidade e capacidade do touro. Comportamento Sexual das Fêmeas: A fêmea possui uma capacidade de atratividade, ou seja, esse é o nome dado para uma habilidade passiva das fêmeas para estimular e induzir o interesse do macho. A partir disso ocorre o aumento da vocalização, da micção e as fêmeas ficam mais agitadas (KATZ; McDONALD, 1992). Ocorre também os comportamentos proceptivos que as fêmeas fazem para manter o interesse sexual dos machos por elas e esses comportamentos são: levantar e abanar a cauda, posição da cabeça voltada em direção ao macho, aproximação e interação das fêmeas com o macho, elas procuram montar ou deixam ser montadas por outras fêmeas (HAULENBEEK; KATZ, 2011). Por fim ocorre a receptividade, em que a fêmea tem ações diante do cortejo do macho para assegurar a cópula, ou seja, a fecundação. Elas começam a ter uma postura de aceitação a esse cortejo, a imobilidade causada pela espera da monta feita pelo macho, ocorre o arqueamento das costas e o desvio da cauda para o macho conseguir fazer a monta com mais facilidade (KATZ; McDONALD, 1992). A ação comportamental em fêmeas consiste em eventos refletem o processamento do sistema nervoso diante os estímulos externos, podendo dar origem a uma variedade de respostas comportamentais. Fatores tais como o ambiente físico, a estruturação e hierarquia social, além do estado fisiológico, podem influenciar a intensidade e capacidade de expressãodo comportamento, podendo ter reflexos diretos na eficiência da atividade reprodutiva, bem como nos índices produtivos do rebanho, sendo de fundamental importância estudos sobre esse tema (KATZ, 2007). Hormônios atuantes em fatores de interesse zootécnico: O hipotálamo é influenciado por diversos fatores e os que apresentam foco principal para a atuação zootécnica é a presença da luz (principalmente a solar), nutrição e o estímulo das glândulas mamárias pela sucção do bezerro ou ordenha. Um ponto em destaque estaria no fato de a mera presença de um bezerro e a sua mamada poder apresentar atraso na ovulação pós-parto. O hormônio Prostaglandina F2α pode ser encontrada em maiores níveis no útero e nas veias uterinas no momento da luteólise e é transportado do endométrio para o ovário sem passar pelos terminais circulatórios gerais. Com isso, quando administrado de vias divergentes como intravenosa, intra-uterina ou intravenosa, estes apresentam efeito luteolítico no corpo lúteo do ovário. Portanto o uso de tal hormônio pode ser administrado para sincronização do estro no rebanho. Outro hormônio relacionado com o ciclo estral das vacas seria o corticotropina que, em um experimento realizado com seis vacas, a administração deste acarretou em um atraso no aumento do LH pré-ovulatório e o início do estro comportamental. Com isso, pode se concluir que a presença destes em elevados níveis pode ser prejudicial, necessitando um manejo adequado para evitar o estímulo de sua produção. Conclusão: Várias demonstrações e atividades motoras ocorrem entre os animais para a união dos gametas masculinos e femininos com o intuito de garantir a fertilização, gestação e propagação de espécies. Como dito, a expressão de comportamentos sexuais é influenciada por hormônios, pois estes fazem parte do mecanismo de reprodução do ser vivo. Contudo, quanto mais conhecida à fisiologia reprodutiva do animal, sob condições naturais juntamente a eficiência econômica de sua produção, mais eficientemente serão produzidos novos animais, e afetará na diminuição de possíveis limitações e complicações causadas por um manejo e criação insatisfatórios. Referências: • https://www.agrolink.com.br/colunistas/coluna/a-importancia-do-comportamento-sexual- dos-touros-em-rebanhos-de-corte-sob-sistema-de-monta-natural_385153.html • https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/39839/1/cicloestral.pdf • https://www.cambridge.org/core/journals/bsap-occasional-publication/article/review-of- oestrous-behaviour-and-detection-in-dairy-cows/EFAEC45CEFF62C573798E91592F5888C# • https://www.cptcursospresenciais.com.br/blog/ciclo-estral-em-vacas/ • Dantas, A., Galhado, E.C. Comportamento sexual de ruminates domésticos. • https://www.dracena.unesp.br/Home/Eventos/SICUD192/comportamento_sexual_de_bovin os.pdf • http://ead.senar.org.br/wpcontent/uploads/capacitacoes_conteudos/bovino_cultura_de_corte/ CURSO_5_REP_ANIMAL/AULA_2_BASES_FISIOLOGICAS_PARTE_2.pdf • Hurnik, J.F. 1987. Sexual behavior of female domestic mammals. Veterinary Clinics in North America: Food Animal Practice 3:423–461. • http://old.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/doc48/03cicloestral.html • https://www.reprodaction.com/uk/Cattle-Reproduction/Reproductive-disorders • https://www.resumoescolar.com.br/biologia/ciclo-estral/ • Stevenson, J.S., Lamb, G.C., Hoffman, D.P., and Minton, J.E. 1997. Interrelationships of lactation and postpartum anovulation in suckled and milked cows. • https://www.ufrgs.br/lacvet/site/wp-content/uploads/2018/01/foliculos.pdf
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