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Questionário de Direito Penal (Reparado)(1)

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Questionário e Resumo de Direito Penal – Médici.
1° Bimestre.
1) Qual o conceito de sujeito ativo do crime?
R: O sujeito ativo do crime é aquele que pratica o crime, ou seja, o autor. Em outras palavras, é a pessoa que praticou a conduta escrita no Código Penal. Há várias denominações para este: agente (termo técnico do verbo agir; exclusivo do código penal); réu; investigado (antes de sair o inquérito policial; indiciado (depois de sair o inquérito policial); acusado; imputado; condenado; sentenciado.
* Sujeito ativo do crime é aquele que pratica a conduta descrita na lei, ou seja, o fato típico. Só o homem isoladamente ou associado a outros, pode ser sujeito ativo do crime.
2) Admite-se responsabilidade penal da pessoa jurídica? Explique.
R: O Direito Penal nasceu de práticas feitas em pessoas físicas para sua preservação e de seus patrimônios, ou seja, a responsabilidade penal sempre está em função de uma pessoa propriamente dita. 
A pessoa jurídica não deve ser acusada criminalmente, mas, por força da CF de 88, tem-se a responsabilidade da pessoa jurídica em casos de crime ambiental e só nestes (no Brasil).Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. EArt. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 
A Lei 9605/98 trata do crime ambiental com responsabilidade em pessoas jurídicas. 
* Um dos motivos que a pessoa jurídica não pode ser responsabilizada por crimes é porque o Direito Penal tem foco na pena e não se pode “prender” uma pessoa jurídica. 
3) O que é sujeito passivo de crime?
R:O sujeito passivo do crime é o titular do bem jurídico lesado, ou seja, é a pessoa que sofreu a lesão em seu bem jurídico. Tal bem pode ser a vida, honra,patrimônios, etc. Há várias denominações para este: vítima, ofendido, lesado. Pode ser tanto pessoas físicas como pessoas jurídicas.
* Sujeito passivo do crime é o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado pela conduta criminosa. Nada impede que, em um delito, dois ou mais sujeitos passivos existam: desde que tenham sido lesados ou ameaçados em seus bens jurídicos referidos no tipo. São vítimas do crime.
4) Pessoas jurídicas podem ser sujeito passivo? Explique.
R:As pessoas jurídicas podem ser sujeitos passivos de um crime, do mesmo jeito que uma pessoa física, entidades (família) e seres despersonalizados. A pessoa jurídica pode ser a vítima de um crime, como por exemplo, assalto ao banco. Nesse caso, a pessoa jurídica (o banco) foi o sujeito passivo para o crime de assalto. 
5) Animais irracionais podem ser sujeito passivo? E os mortos? Explique.
R:Animais domésticos ou silvestres não podem ser sujeitos passivos de um crime, pois estes não têm direitos. O Estado lhes garante proteção, mas não cabe dizer que lhes garante direitos. 
Os mortos também não podem ser sujeitos passivos, sendo vítimas as pessoas que se relacionavam com ele (família, amigos, cônjuge) - Art. 6 A existência da pessoa natural termina com a morte;
6) O nascituro pode ser sujeito passivo? Explique.
R:O nascituro tem direitos previstos em lei, podendo então ser um sujeito passivo de crime. Art. 2 A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
No código penal há crime contra o nascituro, chamado crime de aborto(Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena – detenção, de um a três anos. Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena – reclusão, de três a dez anos. Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena – reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.),no qual faz com que o feto seja a vítima. 
7) No mesmo crime uma pessoa pode ser, simultaneamente, sujeito ativo e passivo? Explique. 
R:Há hipóteses que confirmam tal ideia, porém há grande divergência. Atos como o suicídio, auto-lesão, auto-acusação falsa e lesar a si mesmo para ficar fora do serviço militar não são “crimes”, então não fazem com que sujeito ativo e passivo seja o mesmo. Porém o crime de rixa (não se sabe ao certo qual seu significado, no entanto sabe-se que é um conflito envolvendo mais de três pessoas) faz com que hipóteses surjam. Mas, aquele que participa é o ativo e as outras pessoas são as passivas. Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
* É ilógico um juiz julgar um caso no qual a mesma pessoa seja o autor e a vítima. 
8) Explique: objeto jurídico e objeto material do crime.
R:* Objeto do delito é tudo aquilo contra o que se dirige a conduta criminosa. Devem ser considerados, no seu estudo, o objeto jurídico e o material.
- O objeto jurídico do crime é o bem (satisfaz a necessidade humana) ou interesse (valoração que se faz a determinado bem)protegidos pelo direito penal. Não existe crime sem um objeto jurídico. 
* Objeto jurídico do crime é o bem/interesse protegido pela lei penal ou, “o bem ou interesse que o legislador tutela, em linha abstrata de tipicidade (fato típico), mediante uma incriminação penal”. Conceituam-se bem como tudo aquilo que satisfaz a uma necessidade humana, inclusive as de natureza moral e espiritual e para verificar qual é, deve-se olhar o tipo penal para ver qual crime está envolvido.
- O objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual recai o comportamento do sujeito ativo. São raros, mas existem crimes sem objeto material. Ex: crime do ato obsceno - Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
* Objeto material ou substancial do crime é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa, ou seja, aquilo que a ação delituosa atinge.
9) O que significa instrumento do crime?
R: O instrumento do crime é o meio utilizado na prática do crime. Pode ser tanto objetos (faca, arma, pá) como pessoas (empurro uma pessoa em cima de outra).
OBS:Título do crime:nomen juris. É a denominação dada pela lei para determinado crime, ou seja, é a descrição no tipo penal da lei. Como regra geral, a lei dá nome para todos os crimes. Porém, há crimes que não foram o código penal que denominaram expressamente. Ex: Latrocínio - Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 3º Se da violência resulta lesão corporal de natureza grave, a pena é de reclusão, de cinco a quinze anos, alem da multa; se resulta morte, a reclusão é de quinze a trinta anos, sem prejuízo da multa.
Ex1: A pessoa A, com uma chave falsa, abre a casa da pessoa B e de lá retira objetos de valor. 
- Sujeito ativo: Pessoa A.
- Sujeito passivo: Pessoa B.- Objeto jurídico: Patrimônio em si. 
- Objeto material: Objetos de valor. 
- Instrumento do crime: Chave falsa.
- Título do crime: Furto. 
Ex2: A pessoa A aponta um revolver para a pessoa B e dela retira dinheiro que pertence a pessoa C.
- Sujeito ativo: Pessoa A.
- Sujeito passivo: Pessoa B e pessoa C (pois ambas sofreram lesão ao bem jurídico protegido e são vítimas).
- Objeto jurídico: Pessoa B (sobre a qual incidiu o comportamento do agente).
- Objeto material: Dinheiro. 
- Instrumento do crime: Revólver.
- Título do crime: Roubo. 
10)Qual a importância do conceito de crime para a ciência penal e para a aplicação da lei penal?
R:A definição do que é crime faz com que o juiz consiga solucionar melhor o caso, porém não há uma definição explícita. O crime é um fato, um acontecimento, sendo que a pena é a sua conseqüência. Mesmo que haja um crime sem nenhuma pena, esse ocorreu. O conceito de crime facilita o entendimento do juiz e de todas as pessoas na hora de julgar qual ato infracional determinada pessoa cometeu. 
* A Teoria Geral do Crime formula um conceito genérico de crime, porém é a doutrina que se encarrega de juntar o conceito genérico com conceitos específicos. Lei 3.914/41: Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa;
11) Por que o crime é considerado um fato humano?
R:O crime é considerado um fato humano, pois deve decorrer de uma conduta humana, sendo esta a tentativa ou a consumação. O fato humano é o fato típico que provoca um resultado e é previsto em lei como uma infração. Esse comportamento pode ser positivo ou negativo e sempre gera um resultado. 
* Crime é o comportamento humano que fere, viola, desrespeita a lei penal. É a conduta humana que lesa ou expõe a perigo de lesão o objeto jurídico protegido.
12) Qual o conceito formal de crime?
R: O conceito formal de crime é um conceito técnico que leva em consideração a lei. São todos os comportamentos humanos que dizem respeito e violam as leis. O crime está descrito na lei. É um comportamento humano que viola a lei. É técnico e não foi muito usado. Resumo: é a ação ou omissão proibida pela lei, sob ameaça de pena.
* Conceito formal: fato humano que viola a lei, ou seja, é a visão do legislativo. 
13) Qual o conceito substancial ou material de crime?
R: O conceito substancial ou material do crime se completa com o formal, sendo que faz o crime aquele que diverge o conceito da sociedade. É uma conduta humana que lesa ou expõe ao perigo (lesão) o objeto jurídico protegido pela lei e fundamentais na sociedade. Resumo: violação do bem protegido por lei. 
* Conceito material: comportamento humano que lesa ou expõe a lesão um bem jurídico protegido, ou seja, é a visão da sociedade.
14) Explique o conceito de crime sob o aspecto analítico.
R: Para ser um crime no aspecto analítico, tem que estabelecer quais são seus elementos estruturais. O crime é um fato que se ajusta com o modelo da lei. Tem que estabelecer em qual classificação criminal tal ato pertence. Classifica o crime como uma ação humana antijurídica (antijuridicidade), típica (tipicidade) e culpável (culpabilidade). Antes havia também a punibilidade que deixou de ser um elemento essencial do crime. 
* Conceito analítico: a definição de crime é dada a partir de seus elementos. Há divergências, sendo que antes o crime era composto por fato típico, antijuridicidade, culpabilidade e punibilidade. Porém, a punibilidade foi descartada dos elementos de crime que continua existindo sem ela. Os outros três elementos são essenciais, sendo impossível serem descartados. Essas foram as primeiras concepções do conceito analítico de crime. 
CRIME
 Punibilidade Culpabilidade 
 Antijuridicidade Tipicidade
15) Por que a punibilidade não faz parte do conceito analítico do crime?
R:Para ser um elemento do crime tem que fazer parte deste.Para alguns autores, a punibilidade não faz parte do conceito analítico do crime, ou seja, não é um elemento do crime, pois ela não é totalmente necessária (integrada) no crime. Ex: a perna da mesa é necessária para que ela seja uma mesa. Já a punibilidade não é necessária no crime para que exista o crime, pois há crimes que podem não ser punidos ou não há punições adequadas. 
* Ex de crime sem punibilidade: uma pessoa pratica um crime e dois dias depois morre. O crime continua existindo, mas não há mais ninguém para punir. Logo, a punibilidade não é elemento do crime.
16)Em qual elemento do crime a Teoria Causalista situa dolo e culpa? Explique.
R:A teoria causalista se baseia no triangulo dos elementos do crime, ou seja, o crime é formado por fato típico, antijuridicidade e culpabilidade.Para essa teoria, o dolo e a culpa integram a culpabilidade, sendo que não há distinção entre as duas, pois o resultado será o mesmo (não tem finalidade). O crime é um fato típico (ação humana que se ajusta com a lei) que é uma conduta, gera resultado, tem um tipo e uma relação de causalidade. 
* A conduta é a mera causa de um resultado, seja ele qual for. Valoriza-se o resultado e não a conduta. É irrelevante saber se agiu com dolo ou culpa, pois há uma responsabilidade objetiva. 
Conduta
Resultado
Nexo de causalidade
Tipicidade propriamente dita	
	 Tipicidade
CRIME
Dolo
Culpa
 Antijuridicidade	Culpabilidade 
17) Para a Teoria Finalista, dolo e culpa integram qual elemento do crime? Explique.
R:Para a teoria finalista toda ação humana tem uma finalidade, não sendo simplesmente, causal. O crime é um fato típico e antijurídico, no qual a conduta abrange o dolo e a culpa (toda conduta é gerada por dolo ou culpa). Nessa teoria não há um ato culpável, mas sim um sujeito culpável. O crime é um fato típico que é uma conduta dolosa ou culposa, gera um resultado, tem um tipo e uma relação de causalidade. O dolo e a culpa estão no fato típico – conduta. Na culpabilidade se inclui a imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Veio o crime culposo, no qual não importa a finalidade, mas sim os meios, modos e efeitos concomitantes. 
* É a usada no Direito Penal hoje. Não interessa o resultado, mas a conduta e como ela se concretizou. A responsabilidade do Direito Penal passa a ser subjetiva, ou seja, existe dolo e culpa dentro da conduta. Não há conduta que não seja dolosa ou culposa. Art. 18 - Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Dolo
Culpa
	CRIME
Fato
TípicoConduta 
Responsabilidade;
IlícitoNexo Causalidade;
Tipicidade.
Imputabilidade;
Potencial de conhecimento ilícito;
Exigibilidade de conduta diversa.
	Culpabilidade 
18) Explique a Teoria Social.
R: Os autores queria unificar as teorias causalista e finalista e então criaram a Teoria Social. Para esta o crime é causal, final e tem que ter uma relevância social, ou seja, uma relevância na sociedade. O direito penal não deve se ocupar com problemas irrelevantes. Porém, não há valores específicos que fazem a classificação de crimes relevantes ou irrelevantes. Se uma ação for adequada, normal e justa socialmente, não pode ser típica. O comportamento humano é relevante e pode afetar o individuo em seu meio social. 
* O dolo e a culpa fazem parte da conduta. A condita gera um resultado que, para o direito penal, tem de ser relevante socialmente. Se não, não existe crime. Valoriza-se o resultado e por isso não foi muito usada. 
19) Qual o significado da teoria da imputação objetiva? Haverá imputação da conduta em todas as atividades de risco? Explique.
R:Imputação objetivaé atribuir um fato/responsabilidade de forma objetiva a alguém.Há dois tiposde conduta: as condutas permitidas (no qual o Direito Penal não interfere) e as condutas proibidas (no qual o Direito Penal interfere). Nas condutas proibidas há riscos que podem ser permitidos (o Direito Penal também não age) e proibidos (o Direito Penal age). 
Portanto, a função do Direito Penal é atuar nas condutas proibidas de risco proibido. Tais condutas que causarem lesão serão atribuídas ao agente causador de forma objetiva. Ex: se eu estiver a 300km na rua e matar alguém (risco proibido) eu serei punida de acordo com o Direito Penal, mas se eu estiver a 300km na pista de corrida (risco permitido), não serei punida pelo Direito Penal. 
- O resultado da ação do agente só deve ser punido quando o comportamento cria um risco proibido que se realiza no caso concreto e se encontra no alcance do tipo. 
* Deve-se verificar as conseqüências dos atos e se pode ou não ser levado ao agente (ser ligado ao autor). Cria-se um risco não permitido que cause um resultado como seu incremento. É o ato de imputar algo a alguém que deve responder se agir com dolo/culpa ou criar um risco proibido. 
* Equidade: o juiz tem que agir com equidade em todos os casos, desde que esteja de acordo com a lei. Cada pessoa tem um pensamento diferente, mas o juiz resolve de acordo com a lei. O que for de pequena relevância não deve ser levado á juízo. 
* O Direito Penal tem responsabilidade sobre condutas humanas.
OBS: USAMOS A TEORIA FINALISTA!
* Elementos do crime: todos os crimes apresentam fato típico, ilícito e culpável, se não, não é crime. O núcleo é um elemento elementar, podendo, em alguns crimes haver mais de um núcleo. Porém, os genéricos são os três: fato típico, ilícito e culpável.
* Fato Típico:é um comportamento humano (conduta) doloso ou culposo previsto em lei como crime (fato típico) e que gera um resultado. Seus elementos são: conduta, resultado, relação de causalidade e tipicidade. Portanto, o fato típico é composto de uma conduta dolosa ou culposa. 
20) Qual o conceito de conduta proposto pela teoria causalista?
R:Pela teoria causalista a conduta é uma ação humana, ou seja, um ato que gera um resultado. Diziam que a conduta é o simples comportamento humano que causa resultado independentemente de qualquer valoração. 
21) Qual o conceito de conduta proposto pela teoria finalista?
R:Pela teoria finalista a conduta é uma ação humana que tem um fim, ou seja, é um ato doloso ou culposo que gera um resultado. O comportamento humano é dirigido a um fim lícito ou ilícito. Seu mérito foi incluir o dolo e a culpa na conduta, pois não há tipicidade se não concluir se o comportamento foi doloso ou culposo. 
22) Qual o conceito de conduta proposto pela teoria da imputação objetiva? E pela teoria social?
R:Pela teoria da imputação objetiva a conduta é um comportamento humano que gera um resultado em relação a um risco proibido. O fato praticado pelo agente será a ele imputado se houve risco, ou seja, é a atribuição de um fato em razão de um risco proibido. 
Pela teoria social a conduta é um ato relevante para a sociedade. A conduta humana causa um resultado por representar a finalidade do agente e só tem interesse se atingir um bem jurídico protegido por lei. Deve-se averiguar o aspecto causal, final e social da conduta. 
23) Explique as duas formas de conduta.
R:A conduta é o fazer ou não fazer por parte do agente com repercussão no mundo exterior. As formas de conduta podem ser:
Ação-> um movimento corporal ou o agir de algo que gera/influencia um crime;
Omissão-> não fazer, não agir. Pode ser própria (é prevista em lei, como o Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.) ou imprópria (a descrição feita em lei é de um comportamento ativo que também pode ser omissivo).
24) O que significa relevância da omissão? Como o código penal disciplina a omissão?
R:Nem todos os crimes têm relevância social. Sendo que só são relevantes aqueles que deviam e podiam agir para evitar um resultado. A omissão tem que ser relevante para o direito penal. 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado.O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (ex: os pais são responsáveis pelos cuidados de seus filhos); b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado (ex: que não seja por lei, como um contrato de vigilância); c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado (ex: eu sei nadar e te chamo para ir comigo, garantindo que não acontecerá nada). 
25) Se o fato foi provocado por caso fortuito ou força maior haverá conduta? Explique. 
R:Os casos praticados exclusivamente por caso fortuito (ocorre por uma força estranha à vontade do agente, sendo imprevisível e inevitável, ou seja, é um evento que não se pode prever e nem evitar) ou força maior (casos de coação física que impedem a conduta do agente, sendo irresistível; em alguns casos, podem até serem previstos, mas também não podem ser impedidos; são os efeitos da natureza) NÃO geram conduta. De acordo com o art. 1° do CP não há crime sem conduta!Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
26)Existe crime sem resultado? Explique.
R:A essência do crime depende de um resultado. O resultado pode ser:
- Material ou natural: resultado é a modificação que ocorre no mundo exterior em razão da conduta do agente. O resultado é sempre palpável. Por esse aspecto há crime sem resultado, como os do Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. EArt. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
- Jurídico ou formal: lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico protegido que ocorre com a prática de uma conduta e que gera um resultado descrito em lei. Tal resultado pode ou não ser palpável. Portanto, quando dizemos que o fato típico é formado pela conduta e resultado, estamos vendo do ponto de vista jurídico e é esse pensamento usado no Código Penal atual. De acordo com essa visão, não há crime sem resultado. Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
27) O que significa relação de causalidade?E 28) Explique a teoria da equivalência dos antecedentes.
R: Relação de causalidade é o nexo criado entre a conduta e o resultado esperado. Ou seja, é uma ligação que estabelece um vínculo entre a conduta e o resultado. Ex: A atirou em B que morreu. Teve um nexo que ligou a conduta (atirar) com o resultado (morte).
* Teorias que explicam o nexo de causalidade: 
a)Teoria da causalidade adequada – a causa do crime é a condição mais adequada para produzir um resultado. 
b) Teoria da eficiência – a cauda do crime é a condição/comportamento mais eficaz para produzir um resultado.
c) Relevância Jurídica – só são consideras causas as que tiverem relevância sob um aspecto jurídico. É o atuar do agente que se ajusta nas figuras penais produzindo um resultado previsto em lei. 
d) Teoria da equivalência dos antecedentes – tudo aquilo que ocorreu para que o resultadofosse concretizado é causa. É a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria acontecido. É usada no nosso código penal vigente e tem como brocardo o “Conditio sinequa non”- condição sem a qual não existe resultado. Em outras palavras, há uma causa e a conduta (ação ou omissão) só será causa se, ao retirar a conduta, o resultado não ocorresse. Tudo aquilo que contribuiu para a existência do resultado é a causa, independente da classificação. A maior critica é a regressão ao infinito, pois a corrente causal vai regredindo em busca de uma explicação e sempre usa a partícula SE.Porém, essa teoria sugere que a regressão ao infinito é evitada ao analisar o dolo e a culpa. 
29) De que forma as teorias causalista, finalista e imputação objetiva evitam a regressão ao infinito na relação de causalidade?
R:Cada teoria tem um limite para a regressão ao infinito da equivalência dos antecedentes, porém, todas têm a ver com a inclusão do dolo e culpa:
- Causalista:exclui o dolo e a culpa da culpabilidade. (Se não demonstra uma conduta dolosa ou culposa, não há nexo de causalidade).
- Finalista: exclui a conduta com dolo e culpa. (Se não demonstra uma conduta dolosa ou culposa, não há nexo de causalidade).
- Imputação objetiva:exclui pela prática de um comportamento sem risco, ou seja, se a conduta não gerou um risco proibido, não há que imputar a pessoa. Mas se gerar um risco proibido, deve-se imputá-la.
* Superveniência de causa independente: exclui a responsabilidade quando, por si só, produziu resultado. Art. 13. § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. Ex: A tentou matar B que foi socorrido, mas morreu de uma batida na ambulância. Nesse caso, a morte não será imputada a A, pois não foi o tiro que a causou, mas deverá responder por tentativa de homicídio ou lesão corporal. A batida, por si só, produziu o resultado, então a morte não é imputada ao agressor. Mas os fatos anteriores são imputados. 
30) Apresente um conceito de tipicidade.
R: A tipicidade é uma adequação de um fato a um tipo penal. Esse ajuste deve ser pleno e integral e não parcial. É o ajuste de uma conduta a um tipo penal detalhado em lei.
* Tipicidade é o ajuste de um fato (conduta, resultado e relação de causalidade) a um tipo penal (modelo da lei). O Estado só pune condutas consideradas lesivas aos bens e interesses protegidos por lei e não todas as condutas e só eles tem o direito de punir (jus puniendi) por meio do juiz. As condutas lesivas são determinadas por meio dos tipos penais. O tipo penal traz uma garantia, pois a pessoa, mesmo que tenha praticado um ato horrível, não pode ser punida se tal ato não estiver na lei, ou seja, que não seja tipificado como crime. É uma subsunção do fato à norma, abrigando o juízo de valor, ou seja, relevância. 
Resumo: conceito de tipicidade é uma conduta que causou um resultado a um tipo penal. 
31) Diferencie tipicidade direta e indireta.
R:A tipicidade direta é imediata, diretamente, ou seja, o ajuste se faz de imediato a um tipo penal.Ajusta-se no tipo penal da lei. Ex: Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
A tipicidade indireta é aquela que exige um a aplicação de um dispositivo genérico para proporcionar o ajuste final ao tipo penal, ou seja, existe uma adequação mediata ao tipo passando por um dispositivo da parte geral. Ex: artigo 29- te contratei para matar, mas contribui para que o crime ocorresse.
32) O que são tipos penais?
R: O tipo penal é a descrição do comportamento humano considerado lesivo a um bem ou interesse jurídico protegido pelo direito penal, ou seja, protegido pelo Estado.
* É uma formula descritiva do fato punível. Proporciona a ocorrência da tipicidade se o fato se ajustar plenamente, não existindo meio termo. Não há crime sem lei que o defina, ou seja, não há crime sem um tipo penal que o defina.
* Funções: garantia para que as pessoas saibam o que podem ou não fazer de acordo com o que está nos tipos penais e para o Estado poder punir adequadamente; indicação de ilicitude, ou seja, não há presunção de algo ilícito, devendo ser indicado/expresso. 
* Todo tipo penal tem um núcleo, ou seja, um verbo na descrição. Tal faz menção ao sujeito ativo e passivo, podendo também fazer menção ao tempo, lugar, objetos e maneira de execução. 
33) Qual a diferença entre crime e tipo?
R:Tipo penal é a descrição de um fato ilícito em um código ou lei que implica uma pena. É um dos elementos do próprio crime. Porém crime é o agir de acordo com o que está escrito no Código Penal, ou seja, fazer aquilo que se repugne no Código Penal. Não é correto falar que agiu contra o Código Penal, pois se agiu contra não houve crime.
O crime é composto por fato típico, antijuridicidade e culpabilidade.
34) O que são tipos normais e tipos anormais da tipicidade?
R: Os tipos normais são aqueles que têm uma descrição meramente objetiva e fática (só um fato). Ex: matar alguém, subtrair para si.
Os tipos anormais de tipicidade são aqueles que além da descrição objetiva, contém dados subjetivos (relativos à intenção do agente, sua finalidade) ou normativos (indicam a ilicitude). 
*No Direito Penal não há presunção, tudo deve ser provado. A tipicidade não presume a ilicitude, pois a presunção é sempre de inocência. 
35) O que são elementos subjetivos e normativos do tipo?
R: Existem duas espécies de tipos penais: 
- Doloso: todos os tipos penais são dolosos, salvo os culposos. A regra aplicada nessa modalidade é para os que há a intenção de causar. Art. 18 - Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. Eles apresentam um tipo objetivo (apenas a descrição na lei - Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: Pena - reclusão, de um a três anos.), tipo subjetivo (além da descrição na lei, há finalidades do agente - Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.;Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena - reclusão, de seis a quinze anos, e multa, de cinco contos a quinze contos de réis. Pena - reclusão, de oito a quinze anos.) e tipo normativo (além da descrição, contém dados normativos de ilicitude - Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.; Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.).
- Culposo: é um tipo aberto. Não tem uma classificação ou descrição próprias. Necessita-se de uma descrição caso a caso. Ou seja, em regra geral, os crimes culposos são abertos e o juiz tem que decidir de acordo com cada caso adequadamente. Porém, pode ter alguns fechados. Art. 18.;II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
36) O Brasil adota o sistema tripartido ou bipartido das infrações penais? Explique.
R:O Brasil, Suíça, Itália, Noruega, Finlândia adotam o sistema bipartido das infrações penais, sendo estas os crimes ou delitos e contravenções. São definidos de acordo com a pena. De acordo com o artigo 1° da lei 3914/41, o crime é uma infração penal que a lei prevê uma pena de reclusão com ou sem multa. Lei 3.914/41:Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; Já a contravenção é uma infração penal que a lei prevê pena de prisão simples ou multa.Lei3.914/41:Art 1º  Contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, penas de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
A França, Bélgica e Alemanha adotam o sistema tripartido das infrações penais, sendo estas os crimes, delitos e contravenções. O que distingue as infrações penais são as penas. a) O crime é uma infração mais grave punida com penas aflitivas (aflito; sofrimento). b) O delito é um crime médio punido com penas correcionais (correção). c) A contravenção é uma infração leve punida com penas rápidas e de polícia (penas de administração aplicada pelos policiais).
* Alguns autores falam que no Brasil aplica-se um sistema tripartido, porém isso logo foi deixado de lado e o Brasil continua sendo bipartido.
37) Qual a diferença entre crime e contravenção?
R: De acordo com o artigo 1° da lei 3914 o crime é uma infração penal que a lei prevê uma pena de reclusão com ou sem multa.
Já a contravenção é uma infração penal que a lei prevê pena de prisão simples ou multa.
Porém, na essência não há uma diferença. O que aplica a diferença são as penas dadas pelo código: reclusão- crimes graves; detenção- crimes mais leves, culposos; prisão simples- contravenções.
* Distingue-se ambas pelas penas: reclusão ou detenção é crime e prisão simples ou multa é contravenção. 
* Título da infração: nomen juris – nome dado pela lei para determinado crime ou contravenção. Tal nomenclatura facilita a interpretação. Há infrações que não possuem um título expresso em lei, como por exemplo, o latrocínio. 
Classificação dos crimes:
* No Direito Romano não havia prisão. Os crimes eram punidos com julgamentos e mortes. Tinham dois tipos: a) Delicta - infrações privadas; crime contra as mulheres que eram consideradas coisas e crimes que abrangiam lesões corporais. b) Crimen – infrações de ordem pública. Dois tipos: 1) perduellium – crime contra a majestade e 2) parricidium – crime contra o homem (cidadão romano); eram crimes graves. 
38) Explique: crime instantâneo e crime permanente.
R: Crime instantâneo é aquele em que a consumação ocorre num certo e determinado momento e só nele. Ex: homicídio: Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.A prescrição começa a valer no dia em que o crime se consumou e, no caso de tentativa, no dia que cessou a atividade criminosa. Ex: prisão em flagrante: Art. 302, CPP: Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
Já o crime permanente é aquele em que a consumação se prolonga no decorrer do tempo de acordo com a vontade do agente.Ex: sequestro: Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: Pena - reclusão, de um a três anos.A prescrição começa a valer no dia que cessou a permanência.Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.Ex: redução a condição de escravo:Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
* Prescrição: extinção da punibilidade em razão do decurso do tempo. Varia de três a vinte anos. A partir da consumação, conta-se 20 anos (período máximo de prescrição). Depois que prescreveu não pode mais processar. Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime.
39) Explique: crime continuado.
R: Os crimes continuados são aqueles da mesma espécie, praticados na mesma localidade mas com diferente tempo. Ou seja, é a pluralidade de fatos criminosos da mesma espécie, praticados em seqüência e por condições de tempo, lugar e maneira semelhantes. 
Aplica-se a pena de um só dos crimes se idênticos ou, se diversos, aplica-se a pena mais grave. Porém, em qualquer caso, pode ser aumentada de um sexto a dois terços. Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
Ex: a pessoa praticou três vezes o crime de furto (artigo 155, CP). Ao invés de somar a pena de cada crime, a sua pena será a pena de apenas um com acréscimo de 1/6 a 2/3.
40) Explique: crime progressivo e progressão criminosa.
R: O crime progressivo é aquele em que para atingir um crime mais grave, o sujeito tem que passar obrigatoriamente por um mais leve, ou seja, para atingir um resultado grave, passa por um menos grave. O agente, para consumar o crime, tem que cometer outro crime. Porém o crime é um só e não dois. A vontade inicial já era cometer o crime mais grave. Ex: Para chegar no art. 121 (Art. 121. Matar alguém) passa pelo art. 129(Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem).
A progressão criminosa é aquela em que se pratica um crime menos grave e depois passa a praticar um mais grave, porém, ambos têm que ser praticados no mesmo momento. A vontade inicial não era cometer o crime mais grave, mas passa a cometer. Ex: pratica o art. 140 (Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro)paradepois praticar o art. 129 (Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem).
Obs: o que define um crime mais grave do outro é a quantidade de penas.
Obs2: ambos os casos há absorção, ou seja, o crime mais grave absorve o menos grave e só aquele vale como crime.
41) Explique: crime material, formal e de mera conduta.
R:Material: é uma modificação que ocorre no mundo externo de acordo com a conduta do agente. O tipo penal menciona a conduta e o resultado, porém o crime se consuma apenas com o resultado. Se o resultado não acontecer, houve uma tentativa. Ex:Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Formal: o tipo penal menciona conduta e resultado, porém a consumação do crime se dá apenas pela conduta. Se o resultado não acontecer, dificilmente terá tentativa, pois a consumação é feita pela conduta. Ex: Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
De mera conduta: o tipo penal menciona apenas a conduta e a consumação se dá,conseqüentemente, pela mesma. Não há resultado e nem tentativa, pois o crime se consuma apenas com a conduta.Ex: Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
42)Explique: crime de dano e de perigo.
R:Crime de dano: se consuma com a efetiva lesão a um bem jurídico protegido. A maior parte dos crimes é de dano. Há uma lesão ao patrimônio alheio. Ex: o crime de roubo, furto e homicídio. 
Crime de perigo: se consuma com simples risco ao bem jurídico alheio, não chegando a causar a lesão propriamente dita. Há uma probabilidade de causar o dano. Ex: artigo 130- expõe ao risco de contaminação. Basta a pratica do ato. Existem dois tipos: 1) perigo individual= coloca em risco uma pessoa só ou um grupo determinado de pessoas. 2) perigo coletivo= coloca em risco um número indeterminado de pessoas. 
43)Explique: crime comissivoe omissivo.
R:Crime comissivo: é o agir, praticar um ato e uma conduta. O tipo penal descreve um fazer.Ex: matar, subtrair.
Crime omissivo: é o omitir. O tipo penal demonstra uma inércia, omissão. Pode ser próprio (omissão está o tipo penal e o crime só pode ser praticado por omissão - Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.) ou impróprio (o tipo penal fala que é omissivo, mas pode ser comissivo também). 
* O crime de conduta mista é aquele em que o tipo penal menciona ação e omissão ao mesmo tempo. Ex: Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
44) Explique: crime uni e plurissubjetivo.
R: Os crimes unissubjetivos são cometidos por uma só pessoa, ou seja, o tipo penal permite a prática do crime por um só sujeito. Ex: infanticídio: Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:Pena - detenção, de dois a seis anos.
Já os crimes plurissubjetivos são podem ser cometidos por três ou mais pessoas/agentes, ou seja, é o crime em que existem várias pessoas envolvidas.Ex: associação criminosa: Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.Édividido em bilateral (duas pessoas praticam. Ex:Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena - reclusão, de dois a seis anos.§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.)e coletivo (três ou mais pessoas praticam. Ex: Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.).
45) Explique: crime habitual.
R: Vários atos que não são considerados crime se olhando separadamente. Porém, se olhar todos juntos é um crime, pois há habitualidade. Ou seja, são vários atos que, por si só, não configuram crimes, mas o conjunto dos comportamentos cometido repetitivamente constitui crime. Ex: Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. E Art. 284 - Exercer o curandeirismo: I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância; II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio; III - fazendo diagnósticos: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica também sujeito à multa.
* É diferente do crime profissional que usa da sua profissão para cometer crimes. Ex: chaveiro que usa chaves falsas para furtar uma casa.
OBS: Diferença entre o crime habitual e o crime continuado: no primeiro são vários atos que constituem um crime só, ou seja, se unifica um crime. Já no segundo, são vários crimes da mesma espécie com penas diferentes que depois são unificadas em uma só com acréscimo. 
46) Explique: crime exaurido.
R: Após a plenitude do crime (consumado) o crime continua a praticar efeitos para seus sujeitos ou sociedade. Depois de consumado, o crime continua produzindo efeitos. Tem a utilidade de saber se houve a simples tentativa ou se houve consequências. Ex: Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena - reclusão, de seis a quinze anos, e multa, de cinco contos a quinze contos de réis.Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
47) Explique: de ação múltipla.
R: Os crimes de ação ou conduta múltipla são aqueles que, no tipo penal, possuem dois ou mais verbos. Há mais de uma ação descrita para aquele crime e mais de uma maneira de concretizá-lo. Ex: Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Há também crimes de ação ou conduta única que só possuem um verbo em seu tipo penal e só podem ser praticados de uma forma. Ex: Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
48) Explique: crimes conexos.
R: Dois ou mais crimes que estão ligados por um nexo subjetivo, ou seja, um crime foi praticado em razão do outro. Ex: a pessoa pratica um furto, mas para não ser reconhecido, incendeia o carro; estupro seguido de morte. 
Há três conseqüências para isso: extinção da punibilidade (Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão.), prescrição (Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; II - pela pronúncia; III - pela decisão confirmatória da pronúncia; IV - pela sentença condenatória recorrível; IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI - pela reincidência. VI - pela reincidência. § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.) e devem ser objeto de um único processo (Art. 76. A competência será determinada pela conexão: I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.) . Também serve para determinar a competência do julgamento.
49) Explique: crime putativo.
R: O crime putativo é aquele que só existe na imaginação de quem julga, ou seja, não existe e é tido apenas como imaginário. Serve para que a defesa fale que o crime é imaginário. São resolvidos de acordo com o Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Pois para ser crime, deve ter uma lei que o defina como um. Ex: adultério não é mais considerado crime. 
50) Explique: quase crime.
R:O quase crime NÃO É A TENTATIVA, POIS TENTATIVA É CRIME!Art. 14 - Diz-se o crime:II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. O quase crime se enquadra nas seguintes hipóteses:
- Crime Impossível: quando por ineficiência do meio, não pode consumar o crime (Ex: tentar matar uma pessoa com arma de brinquedo) ou por improbidade do objeto (Ex: quando coloca a mão no bolso para furtar, mas não tem nada). Digamos é uma“tentativa mal sucedida”. Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
- Participação Impunível: pessoas que combinam de praticar um crime, mas na hora não fazem nada. Ou seja, o crime nem chega a ser tentado. Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
OBS: Diferença entre crime impossível e putativo: o primeiro há um tipo penal que o defina, mas ele não pode ser efetivado. Já o segundo, não tem nenhum tipo penal que o defina, pois só existe na imaginação. 
51) Explique: crime simples ecomplexo. 
R: Os crimes simples são constituídos de um único tipo penal e a ofensa é a um único bem jurídico protegido. Ex: Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Já o crime complexo é a junção de dois ou mais tipos penais simples, que prevalece o conexo como único crime punível. A junção dos crimes desaparece, formando apenas um único crime: o complexo. Ex: Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.+ Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. +Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.=Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
OBS:Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público. 
52) Explique: crime uni e plurissubsistente.
R:O fato é constituído de um ou mais atos. O ato é o que compõe o fato. O crime é um ato. 
- Uni subsistente: composto de um único ato. Não há tentativa. Ou o crime se consuma ou não houve crime. Ex: Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.Mesmo se houver seqüência, é um único ato. 
- Pluri subsistente: composto por dois ou mais atos. Pode haver tentativa, pois entre os atos pode ter uma interrupção. Ex: Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
53) Explique: crime simples, privilegiado e qualificado.
R: - Crime simples: tem uma formula básica, sem nenhum elemento de aumento ou diminuição da pena. Ex: Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
- Crime Privilegiado: contém diminuição da pena. É benéfico e favorável. Ex: Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
- Crime Qualificado: contém aumento na pena. É um crime mais grave. Ex: Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.§ 2º Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo futil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino; VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
54) Explique: crime comum e crime próprio.
R:Crime comum, de acordo com a qualidade do agente, é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa, sem restrição em lei. Apenas é necessário ter capacidade civil (maior de 18 anos, pois menor comete infração) e mental (não pode ter o discernimento reduzido). Ou seja, o tipo penal não exige nenhuma qualidade do agente. Ex: roubo e estelionato. 
Já o crime próprio é aquele que só determinadas pessoas explicitas no CP podem praticar. No tipo penal há uma exigência de quem pode praticar determinado ato. O tipo penal exige qualidades do agente. Ex:Art. 123, CP- Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. E Art. 269, CP- Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
55) Explique: crime de mão própria.
R:Crime de mão própria: só pode ser praticado pessoalmente pelo agente, ou seja, só o agente pode cometer aquele ato e não pode contratar mais ninguém para fazê-lo em seu lugar. Art. 342, CP- Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. 
56) Explique: crimes funcionais próprios e impróprios.
R:Crimes funcionais são aqueles praticados por funcionários públicos contra a administração, ou seja, exigem a função pública do agente. Estão no artigo 312 ao artigo 326.
- Próprios: a qualidade do funcionário público é essencial para que o ato seja considerado crime. Se retirar a qualidade do funcionário, não há crime. Não há conseqüência penal. Ex: Prevaricação - Art. 319, CP- Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
- Impróprio: se retirar a qualidade do funcionário público, o crime subsiste em outro tipo penal. Há conseqüência penal. Subsiste em outro tipo penal e é outra infração. O “criminoso” pode mudar seu ato propositalmente para tirar vantagem disso. Ex: Peculato- Art. 312, CP- Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.Retirada a qualidade do funcionário, passa a ser apropriação indébita. - Art. 168, CP - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
57) Explique: crimes vagos.
R:Crimes vagos: o sujeito passivo, ou seja, a vítima, não é nem uma pessoa jurídica nem uma pessoa física, mas sim um ente despersonalizado (ente coletivo sem personalidade jurídica). Os crimes ambientais (Lei 9605/98) são crimes vagos, pois a vítima é o meio ambiente. Ex: Art. 212, CP- Vilipendiar (ofender, insultar) cadáver ou suas cinzas: Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
58) Explique: crime comum e crime especial.
R:Crime comum: definido no Código Penal do artigo 121 ao artigo 360. 
Crime especial: definidos em leis diversas, extravagantes e especiais. Estão fora do Código Penal. Ex: lei ambiental; lei das contravenções penais. OBS: A lei especial prevalece sobre a comum. Art. 12, CP- As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. 
59) Explique: crime comum, político e militar.
R:Crimecomum:definidos no Código Penal para atingir bens e interesses de pessoas físicas e jurídicas. 
Crime político: atenta contra a existência do Estado, a integridade de seu território, sua unidade e independência, bem como os que atentam contra o regime político vigente. Estão definidos na Lei de Segurança Nacional 7170/83 e na Lei 3260/2016 que prega sobre o terrorismo.
Crime militar: exclusivo dos militares e estão expressos no decreto lei 1001/69. 
A conseqüência desses crimes é que a reincidência só se aplica a crimes comuns, ou seja, não há reincidência em crimes políticos e militares. Art. 64 - Para efeito de reincidência: II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. 
60) Explique: crime de responsabilidade.
R:Crime de responsabilidade: envolve os que exercem atividade de poder e sua pena é a perda do cargo. Refere-se ao Presidente da República, Deputado, Senador e outros cargos. São julgados pelo Senado Federal. São definidos na lei 1079/50 e na CF: Art. 85, CF- São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: I - a existência da União;II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;IV - a segurança interna do País;V - a probidade na administração;VI - a lei orçamentária;VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.É importante para diferenciar a competência para o julgamento do crime. Os crimes comuns são aqueles que não têm nenhuma relação com o exercício da atividade do poder, são julgados pelo STF, são todos os que não são de responsabilidade e estão classificados no Código Penal. 
61) Explique: crime principal e crime acessório.
R:Crime principal: tem existência sem depender de outro tipo penal ou de outro crime. Ex: homicídio, roubo e desacato.
Crime acessório: só existe com a consumação de outro crime, ou seja, sua existência depende de outro. Ex: Art. 180, CP- Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Para ter receptação é preciso que antes tenha havido roubo, furto ou estelionato. 
62) Explique: crime doloso, culposo e preterdoloso.
R:Quanto ao elemento subjetivo ou normativo, há:
Crime doloso: o agente quer o resultado e o aceita,assumindo o risco para produzi-lo. Art. 18, CP- Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
Crime culposo: não quis o resultado, não assumiu o risco para produzi-lo, mas o agente deu causa ao resultado por falta de cuidado ou atenção.Art. 18, CP- Diz-se o crime: II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Crime preterdoloso: há culpa e dolo na mesma infração penal, tendo o dolo no antecedente e a culpa no conseqüente. Ex: Art. 129, CP- Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. § 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos.Nesse caso, a culpa é a morte. 
63) Explique: crime de ação penal pública incondicionada e condicionada.E 64) Explique: crime de iniciativa privada.
R:Crime de ação penal: matéria processual.
1) Penal Pública: é uma denúncia. Aquela em que o Código Penal ou a Legislação Penal nada diz a respeito da ação penal. Pode ser:
Condicionada- se houver referência a representação da vítima ou requisição do MP. A denúncia do Promotor ou Procurador da Justiça depende de uma autorização do MP. O Código Penal dá uma exigência de requisição ou representação. Art. 147, CP- Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
Incondicionada- se nenhuma legislação penal falar nada. A autoridade toma conhecimento do crime e tem o dever de proceder por ofício. Não tem nenhuma exigência na lei. O código penal não “fala nada”.
2) De iniciativa privada: se inicia por uma queixa (também chamada de queixa-crime). A acusação pertence ao ofendido. Se tiver somente queixa.Art. 145, CP- Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código.
65) De que forma a lei revela se o crime é de ação pública incondicionada ou condicionada?
R:A lei penal revela um crime de ação pública condicionada ao descrever em seu texto uma exigência de requisição ou representação. Ou seja, há uma exigência necessária que deve ser cumprida para ter um crime de ação pública condicionado.
Já o crime de ação pública incondicionado é aquele que a lei penal não trás nenhuma exigência a ser cumprida. Ou seja, a lei não exige nenhum requisito. Apenas pratica-se o crime. 
* Se o CP não especificar nada A.P.P. Incondicionada.
Se o CP especificar requisição ou representação A.P.P. Condicionada.
66) Como a lei indica que um crime é de ação penal de iniciativa privada?
R:Os crimes de ação penal de iniciativa privada são iniciados apenas por queixa (também chamada de queixa-crime). Sabe-se que o crime é dessa modalidade quando estiver descrito em lei (tanto o Código Penal quanto leis especiais) que foi procedido mediante queixa.
* Se tiver somente queixa Crime de Iniciativa Privada.
67) Explique: crimes hediondos.
R:Crimes Hediondos: não há um conceito certo e definido para crime hediondo. São aqueles em que o crime é grave, com penas elevadas e não admitem fiança. São todos os que estão citados no artigo 1° da Lei dos crimes hediondos, ou seja, lei 8072/90. Tal lei prega as conseqüências e não a definição correta do tipo do crime.
Art. 1o, Lei 8072/90- São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Código Penal, consumados ou tentados: I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII);I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; II - latrocínio (art. 157, § 3o);III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o);IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o);V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o);VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o); VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais; VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, tentado ou consumado. Isso também está previsto na CF:Art. 5, CF- XLIII - a leiconsiderará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
OBS:o Tráfico de entorpecentes não é um crime hediondo, mas, assim como estes, não admite fiança. Ele é equiparado aos crimes hediondos. Art. 2º, Lei 8072/90- Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:I - anistia, graça e indulto; II - fiança. 
68) Explique: crime de bagatela.
R: Crime de Bagatela: criado por Roxim e proveniente do principio da insignificância. São os contrários aos hediondos. Os tribunais devem acolher apenas os crimes relevantes para a sociedade. O crime de bagatela é aquele que, por sua ínfima (reduzida) conseqüência, não produz repercussão social. Ou seja, tem ínfima conseqüência lesiva sem repercussão na harmonia social. 
69) Explique: crime de menor potencial ofensivo.
R: Infração de Menor Potencial Ofensivo: estão definidos na lei 9099/95. São aqueles que a pena máxima prevista em lei (pena cominada) não ultrapassa de dois anos. Para saber quais são basta ver a pena: se for de no máximo dois anos, é um crime de menor potencial ofensivo. Fizeram essa classificação para diminuir o número de processos. Art. 61, Lei 9099/95- Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. OBS: O crime de bagatela é diferente do crime de menor potencial ofensivo, pois naquele não há um tipo penal e nem um ajustamento com outros e já neste há um tipo penal que descreve o crime ou a contravenção.
70) Explique: crime de fato transeunte e não transeunte (permanente).
R:Crime de fato: foi criado pela medicina legal. Há duas classificações:
- Crime transeunte aquele que não deixa nenhum tipo de vestígio.
- Crime não transeunte ou permanente aquele que deixa algum tipo de vestígio e, assim, dá para fazer pericia, ou seja, investigação e exames que ajudam a identificar o autor do crime. Ex. de vestígios: cabelo, marcas de sapato, unha. Nesses casos, a perícia é obrigatória. 
71) Qual a importância da classificação dos crimes?
R:Conhecer a classificação dos crimes é de extrema importância, pois podem influenciar, direta ou indiretamente, nas mais variadas questões dentro do direito penal e processual penal. Como por exemplo, o momento em que ocorre a consumação do crime, o estado de flagrância, sujeito ativo, etc. Ou seja, é importante diferenciar para ter conhecimento de momentos específicos de cada modalidade de crime, seus agentes e outros, para que assim haja uma sentença adequada.
Do Crime Doloso
72)Explique: qual as teorias sobre o dolo adotadas pelo Código Penal Brasileiro.
R: Há três teorias que falam sobre o crime doloso:
1) Representação: o dolo é um comportamento do agente com representação no resultado, ou seja, tem que ter previsão na ocorrência do resultado. Para o crime ser considerado doloso basta a previsão do evento/resultado. Ex: jogar uma pedra na água sabendo que ela pode atingir terceiros. 
2) Assentimento: além da previsão do resultado, há uma concordância com este. Tem a previsão mais a aceitação do resultado. Ex: jogar uma pedra sabendo que pode atingir terceiros e aceita isso. Para o crime ser doloso tem que haver previsão e concordância. 
3) Vontade:além da previsão, tem que querer o resultado. Ex: jogar uma pedra na água sabendo que ela pode atingir terceiros e quero mesmo assim jogá-la. 
* Conceito de dolo:Art. 18 - Diz-se o crime: Crime doloso: I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.Dolo é a vontade livre e consciente de praticar a conduta com fim de produzir um resultado ou de aceitá-lo.O agente quis o resultado e assumiu os riscos para isso. O nosso ordenamento jurídico adota esse conceito junto com as teorias do assentimento e da vontade. Não basta a simples previsão para configurar o crime doloso, tem que ter, pelo menos, o querer ou o assumir o risco para produzi-lo. No crime doloso a conduta está voltada ao resultado que é sempre lesivo ao bem jurídico protegido.
* Elementos do dolo: são dois.
- Consciência: também chamado de elemento intelectual. A pessoa, para praticar o crime doloso, tem que ter a livre consciência de saber o que está fazendo. Ou seja, ela não pode ser coagida e nem forçada a praticar algo. Momento intelectual que o agente tem consciência de sua conduta, resultado e relação de causalidade.
- Vontade: também chamado de elemento volitivo. A pessoa, para praticar o crime doloso, tem que ter vontade de alcançar determinado resultado. Ou seja, é o querer o resultado ou, pelo menos, aceitá-lo. É o querer atingir o resultado e assumir os riscos para isso. 
73) Qual a diferença entre dolo direto e indireto? 74) O que significa dolo alternativo? 75) O que significa dolo eventual?
R: Espécies de dolo: classificação.
A) Dolo direto ou determinado o agente quer o resultado final. Ex: quer matar, furtar e roubar. 
Dolo indiretoo agente não quer o resultado, mas o aceita.
- alternativo: pode, com sua conduta, dar mais de um resultado. Ou seja, uma conduta gera dois ou mais resultados. Aceita qualquer um dos resultados que sua conduta possa ocasionar. Ex: entra na casa para roubar, mas se o dono aparecer ele mata e não se importa.
- eventual: aceita e concorda com o resultado. Não quer o resultado de inicio, mas se ele ocorrer tanto faz. Ex: o agente está dirigindo um automóvel e vê pessoas na calçada; ele não quer atropelá-las, mas se isso ocorrer, tanto faz.
O crime será doloso independente se foi direto ou indireto. O juiz poderá aplicar uma pena mais grave ao direto, pois nesse houve a vontade de atingir o resultado e uma pena menos grave para o indireto, pois nesse apenas aceitou-o. 
* Além disso, também há outras classificações:
B)Dolo de dano relacionado ao crime de dano. O agente atua para obter lesão ao bem jurídico protegido. Ou seja, há a efetiva lesão ao bem. Ex: Art. 121, CP: Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Dolo de perigo relacionado ao crime de perigo. A conduta do agente está voltada em causar apenas um risco ao bem jurídico protegido. Ou seja, não há efetiva lesão, mas apenas o risco. Ex: Art. 130, CP- Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
C) Dolo genérico a vontade do agente está na pratica escrita no tipo penal. É o que está no tipo penal sem importância do motivo que levou o agente a causar o dano. É aquele crime que não tem finalidade especial. Ex: Art. 121, CP: Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Dolo especifico importa o porquê a pessoa cometeu o crime. É aquele que, no tipo penal, tem a finalidade do agente ao praticar o crime. Contém dados subjetivos. Ex: Art. 134, CP- Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. A finalidade nesse crime é ocultar desonra própria. Esses crimes também são chamados de tipos anormais, pois exigem a presença de um elemento subjetivo (com o fim de, para que, com a finalidade de). 
76) Explique a expressão dolo no tipo:
R: Dolo no tipo: é muito criticado esse conceito, pois os juristas e doutrinadores falam que o dolo está na mente do agente e não no tipo penal. Os tipos penais são elaborados prevendo a presença do dolo e, em alguns casos, a culpa também. OBS: Todos os crimes são dolosos, salvo os culposos. A previsão legal consta o dolo e, em termos concretos, na previsão do agente. Tem que ser um crime doloso ou culposo. 
- A previsão do dolo está no tipo penal e se determinada pessoa praticou um crime como dolo, seu ato vai se ajustar naquele tipopenal doloso.
* Elemento subjetivo nas contravenções penais: para configurar uma contravenção penal basta ação ou omissão voluntária e não a vontade do resultado. Pune-se a contravenção penal para evitar um crime mais grave. Art. 3º, Lei das Contravenções Penais: Para a existência da contravenção, basta a ação ou omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou a culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra, qualquer efeito jurídico. A voluntariedade não depende do querer o resultado, pois está na conduta. Ou seja, a diferença entre dolo e voluntariedade é que no dolo há o querer do resultado e na voluntariedade, o querer da conduta. 
Do Crime Culposo
* Conceito:É a conduta voluntária que produz um resultado não querido, mas previsível e excepcionalmente previsto que podia, com a devida atenção, ser evitado.São tipos penais abertos (abrange muitas áreas e conceitos). O agente deu causa ao resultado. OBS: sem resultado não há crime culposo.Art. 18, CP- Diz-se o crime:II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.O crime culposo é aquele ato praticado com descuido e sem atenção que pode pôr em risco um bem jurídico alheio. Para ser crime culposo é necessário que haja um resultado.
77) Quais são os elementos do crime culposo?
R: Elementos do crime culposo:
a)Conduta- ação ou omissão voluntária. Não é dirigida ao resultado. A finalidade do dolo é obter o resultado e a finalidade da culpa é a realização da conduta. Para o culposo, o fim do agente não importa (podendo até ser lícito), o que importa são os meios e modos de execução da conduta.
b) Inobservância de cuidado objetivo- falta da observância do cuidado objetivo. Há restrições em alguns comportamentos humanos que devem ser observados. Ou seja, há condutas que devem ter um cuidado maior que outras. Ex: motorista de ônibus e médicos. Todos os que vivem em sociedade são obrigados a observar regras de convivência. 
c) Resultado lesivo involuntário- ocorrência do resultado não querido. Ou seja, o agente não quer o resultado e nem assume os riscos para obtê-lo. No crime doloso se não obter o resultado houve uma tentativa. Mas, no crime culposo, para ter o crime, o resultado tem que ocorrer, pois não há tentativa.
d) Previsibilidade do resultado- é um elemento essencial. Ninguém pode ser acusado de um fato imprevisível. A pessoa tem que ter condições para prever que vai ocorrer um resultado lesivo. É diferente de previsão, pois esta é uma antecipação, ou seja, um conhecimento antecipado. Já a previsibilidade é a possibilidade de prever que algo vai ocorrer. 
e) Tipicidade- tem que verificar se há tipo penal ou não, pois todos os crimes são dolosos, salvo os culposos. É o ultimo elemento a ser examinado, pois se não há tipicidade, não há crime e a responsabilidade abrange a esfera civil ou administrativa. Muitas vezes o agente causou um crime sem intenção do resultado, porém essa ação não está no tipo penal, fazendo com que não haja crime. 
OBS: Há tipos penais fechados, no qual contém a descrição inteira da conduta e tipos penais abertos, no qual não há a descrição da conduta. Para isso, o juiz tem que analisar caso a caso e dar a solução, não podendo generalizar. A maior parte de crimes culposos é composta por tipos penais abertos, pois o juiz completa cada tipo com a conduta do agente. Porém, em nossa legislação, existem alguns tipos fechados.
78) Qual o significado de previsibilidade para o crime culposo?
R:É a possibilidade de conhecer o perigo. Na culpa consciente, mais do que a previsibilidade, o agente tem a previsão, ou seja, o efetivo conhecimento do perigo. Não pode haver crime culposo sem a previsibilidade, ou seja, o resultado deve estar na conduta que ocorreu pela falta de cuidado. É a possibilidade de prever. 
79) Indique e explique as modalidades de culpa.
R: Modalidades de Culpa:
1) Negligência-> é a inatividade; o não fazer e o não agir. É caracterizada pela inércia da pessoa que não toma os cuidados necessários, deixando de tomar providências para evitar o resultado lesivo. É uma ausência de precaução em relação ao ato praticado. A pessoa deve agir em determinado modo, mas não age ou age diferencialmente. Portanto, negligente é aquele que, podendo e devendo agir de determinada forma, não age ou age de forma diferente para não impedir o resultado. Ex: deixar uma faca perto de crianças. 
2) Imprudência-> é a forma ativa; o agir com descuido (sem cuidado), sem cautela e de forma precipitada. É a prática de um ato perigoso com precipitação. Ex: veiculo em alta velocidade e na contra mão. 
3) Imperícia-> pressupõe arte, ofício ou profissão. Fora daquela profissão ou ato, não será imperícia. Está relacionado ao desenvolvimento de uma profissão, arte ou ofício da qual se necessita de um conhecimento e uma habilitação e executa-os sem estes. É aquela pessoa que pratica algo SM saber o que está fazendo e sem a capacidade para o exercício de tal função. É um mau profissional com ausência de conhecimento técnico e habilitação. Ex: dirigir sem saber o que está fazendo ou sem a carteira de motorista. 
OBS: é comum a existência de duas ou até das três modalidades de culpa em uma mesma conduta. Nesse caso, o sujeito responderá por crime culposo nas três modalidades. Ex: uma pessoa sai de automóvel com defeito nos freios (negligência), avança no sinal vermelho (imprudência) e não possui carteira de motorista (imperícia). O código penal equipara essas três modalidades, mas deve-se dizer qual exatamente foi (em casos que cometeu um só) para que o culpado tenha uma defesa adequada. 
- Erro profissional-> não é considerado crime e acontece devido a um profissional não muito experiente. As pessoas inexperientes estão sujeitas a erros mais fácil do que as com muita experiência, porém, todos cometem erros. O erro profissional é considerado não punido quando atende as circunstancias. Nesse caso, cabe ao Código Civil reparar os danos causados. Ex: advogado que acabou de se formar não tem conhecimento na prática -> inexperiente. OBS: Só um erro grosseiro e grave configura crime penal.
81) Explique: culpa consciente e culpa inconsciente.
R:a) Culpa Consciente –“ex lascívia”. Há a previsão/antecipação do resultado. É mais próxima da realidade. O resultado é previsto, mas o agente não espera que ele aconteça, pois seria dolo. O resultado é previsto, mas o sujeito não quer que ele aconteça. O sujeito não quer o resultado, não o aceita, tem previsão para isso e espera que não aconteça. Ex: vai atirar em um animal de caça, porém há pessoas perto que podem ser feridas e atira mesmo assim.
b)Culpa Inconsciente – “exignorantian”. Há previsibilidade do resultado lesivo. Ou seja, sabe que pode ocorrer aquele resultado. Não significa que está agindo para que o resultado ocorra, pois seria dolo. É aquele em que o sujeito não quer o resultado, não o aceita e apenas tem previsibilidade sobre ele. Ex: andar na contra mão. 
- Ambas as espécies são em função do resultado e a sua denominação não está no código penal, pois foi dada pela doutrina e não são relacionadas ao estado mental da pessoa. 
82) Faça uma distinção entre culpa consciente e dolo eventual.
R: A culpa consciente prevê o resultado e espera, sinceramente, que ele não ocorra (culposo). Já o Dolo eventual prevê o resultado e o aceita se caso chegar a acontecer (doloso).
83) Apresente um conceito de culpa imprópria.
R:a)Culpa Própria – a culpa está na conduta. O sujeito tem previsibilidade ou previsão do resultado, mas não quer que ele aconteça. Não há tentativa. O sujeito não quer o resultado e nem assume os riscos para ele ocorrer.
b)Culpa Imprópria – a culpa está na antecipação dos fatos. O sujeito tem a previsão e quer o resultado. Não é dolo, pois o querer o resultado é viciado pela má apreciação, ou seja, se o sujeito conhecesse os fatos, ele não iria querer que o resultado ocorresse. É parecida com a defesa putativa (imaginária. Art. 20, CP § 1º- É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,

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