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INFORMATIVO SCHÄR BRASIL DIRECIONADO PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE I EDIÇÃO JULHO 2017 Os artigos publicados nesta edição do Informativo abordam diferentes perspectivas sobre as relações entre a flora microbiana que habita nosso intestino – conhecida como microbio- ma intestinal – e distúrbios relacionados ao glúten. Em primeiro lugar, aparece a Doença Celíaca: dois “mundos” aparen- temente distantes, que na verdade estão surpreendentemente relacionados. Analisando rapidamente o PubMed, o banco de dados médico-científico mais completo de todo o mundo, vemos que houve um crescimento exponencial no número de publicações sobre microbio- ma intestinal a partir do início dos anos 2000 (de 35 artigos em 2004 para 1.656 em 2014). Só em 2014, 21 artigos tratavam das relações entre o “mundo das bactérias” do intestino e a Doença Celíaca. Tal aumento deve-se primeiramente às novas tecnologias da genética mole- cular, que nos permitem analisar a flora bacteriana intestinal de forma rápida, fácil e precisa. Em relação à Doença Celíaca, um dos tópicos mais relevantes hoje é o au- mento impressionante na frequência desta doença nas últimas décadas, um fenômeno que não pode ser atribuído a mudanças genéticas, pois isso levaria muito mais tempo para acontecer. Esse aumento acontece por conta das mu- danças ambientais, incluindo mudanças na dieta, estilo de vida, proliferação de infecções e a própria população bacte- riana que habita em nosso intestino. Como pediatra, tenho especial interes- se na relação em potencial entre alguns fatores nos primeiros anos de vida, tais como tipo de nascimento (natural ou cesariana), alimentação do lactente, infecções intestinais e o uso de antibióti- cos, o microbioma intestinal e o risco de desenvolver a Doença Celíaca. Microbioma intestinal: um novo mundo a ser explorado. O conjunto de bactérias hospedadas em nosso intestino, ou o microbioma, forma uma massa vital que interage com nosso corpo de maneira positiva ou negativa desde o nascimento. Estudos recentes demonstraram que o microbioma intestinal parece estar significativamente ligado aos distúrbios relacionados ao glúten. PROFESSOR CARLO CATASSI Professor de pediatria na Universidade Politécnica de Marche (Itália). Presidente da Sociedade Italiana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica, de 2013 a 2016. Coordenador do Conselho Consultivo da Dr. Schär. A análise destes aspectos pode nos ajudar a entender melhor a “receita” do coquetel genético e ambiental que leva ao desenvolvimento de transtornos relacionados ao glúten - não apenas a Doença Celíaca, mas também a Sensibi- lidade ao Glúten Não Celíaca. Em termos de tratamento, uma com- preensão das mudanças persistentes no microbioma, conhecida como disbiose, pode promover a implementação de novos tratamentos com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de pessoas que sofrem de distúrbios associados ao glúten. INFORMATIVO SCHÄR BRASIL I DIRECIONADO PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE I EDIÇÃO JULHO 2017 Com o surgimento de novas evidências e melhores técnicas de análise, mais in- formações estão disponíveis sobre as bactérias do nosso intestino. Está ficando claro que o tipo e a quanti- dade relativa de bactérias presentes em nosso intestino desempenha um papel importante tanto na saúde como nas doenças. Empresas de biotecnologia estão inves- tindo mais em tecnologias para utilizar este “microbioma” como moderador em potencial da saúde de nosso intestino e nosso sistema imunológico congênito. Um aumento na incidência de doenças mediadas pelo sistema imune e distúrbi- os neurológicos não pode ser explicado por mudanças na genética humana.1 A disbiose e perda de diversidade es- tão sendo comumente rastreados até estas doenças pela observação de nosso “outro genoma” na busca de pistas. Através do trabalho realizado até ago- ra em metagenômica, está se tornando bastante claro que uma maior diversi- dade bacteriana ou “riqueza genética” está fortemente associada a uma melhor saúde. Microbiota Intestinal: Saúde e Doença. BRIDGETTE WILSON Bacharel em Ciências, Mestre em Ciências, Diploma de Pós-Graduação, Nutricionista Certificada. Pesquisadora em Nutrição na King’s College de Londres, Bridgette é Doutoranda na King’s College de Londres. Bridgette concluiu o Bacharelado em Ciências Biológicas e o Mestrado em Biologia Molecular antes de estudar Nutrição. Após ter trabalhado no Serviço de Saúde da Inglaterra (NHS) Bridgette voltou a trabalhar como pesquisadora, com foco na área de Gastroenterologia. Atualmente, Bridgette trabalha na equipe do Prof. Kevin Whelan e da Dra. Miranda Lomer no King’s College de Londres, além de pesquisar as intervenções nutricionais na Síndrome do Intestino Irritável. Definições principais: Microbioma: nome coletivo dado aos microrganismos intestinais. Disbiose: um ou mais organis- mos microbianos potencialmente prejudiciais predominantes na população microbiana intestinal.3 Metagenômica: campo de estu- do que compara genomas em sua totalidade. Filo: termo taxonômico para dividir organismos em grupos com outros com propriedades semelhantes. Enterótipo: termo usado para di- vidir seres humanos em grupos com base nas bactérias presentes no intestino. Transcriptoma: genes representa- dos por proteínas, ou seja, a parte ativa do genoma. 2 INFO Que espécies constituem o microbioma? Apesar de existir uma grande variação individual entre espécies – a maioria das pessoas tem aproximadamente 160 espécies de um total de 1.000 possibilidades – os filos representados no microbioma são bastante restritos. (QIN et al., 2010) identificaram um con- junto principal de bactérias presentes em todas as pessoas. Três enterótipos principais foram configurados para o microbioma humano.2 Um indivíduo pode pertencer aos seguintes gêneros de marcadores do microbioma: Bacteroides, Prevotella e Ruminococcus (o último grupo é mais associado à presença de Methanobrevi- bacter).1 Função As funções da microbiota intestinal ainda estão sendo totalmente conhecidas, mas alguns aspectos-chave são: • modulação e sinalização imunológica; • produção de mensageiros do sistema nervoso; • produção de vitaminas essenciais; • regulação do metabolismo das gorduras; • produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) - especificamente butirato - e ácidos graxos de cadeia ramificada. Dependendo do substrato fermentado, outros produtos do microbioma incluem gases hidrogênio, dióxido de carbono e metano, amônia, aminas e compostos fenólicos.3 3 A simbiose entre humanos e a microbiota intestinal está se tornando cada dia mais evidente. O termo “superorganismo” nasce à medida que o corpo humano passa a ser considerado como um conglomerado de nosso próprio transcriptoma e o trans- criptoma plástico, muito maior do que a microbiota intestinal. Os genes codificados de nossas bactérias intestinais ultrapassam os nossos próprios à ordem de 1004. Por isso, não é surpreendente que uma maior atenção esteja sendo dada ao “outro genoma” em termos de causa, prevenção e cura de doenças. O sistema nervoso entérico (SNE) é às vezes citado na literatura como o “segundo cérebro”, pois é constituído de mais de 200 milhões de neurônios.5 O SNE envia sinais do intestino para o cérebro através do sistema endócrino, neuronal e imunológico aferentes.5 Além disso, o tecido linfoide associado ao trato gastrointestinal (GALT), que normal- mente experimenta e responde aos sinais do lúmen intestinal, é considerado o maior organismo de defesa do corpo contra infecções.5 A combinação de interações entre o SNE, o microbioma e o GALT tem um grande potencial para realizarmudanças no bem-estar físico, imunológico e emocional. A simbiose entre os humanos e a microbiota intestinal está se tornando a cada dia mais aparente. INFORMATIVO SCHÄR BRASIL I DIRECIONADO PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE I EDIÇÃO JULHO 2017 De que é formado o microbioma? O microbioma se desenvolve a partir do nascimento. O tipo de parto e a nutrição do lactente afetam o desenvolvimen- to inicial do microbioma. O desmame e o ambiente (rural ou urbano) durante a infância também têm um impacto no desenvolvimento do microbioma maduro. Estudos com grupos de populações isoladas na África revelaram colônias de bactérias diferentes e únicas em com- paração com uma amostra da população ocidental, indicando que o ambiente desempenha um papel fundamental na colonização.6 Estudos com gêmeos também revelaram que há pelo menos uma influência genéti- ca parcial na abundância de espécies.7 Cônjuges de gêmeos idênticos também mostraram correlações positivas que contribuem para o conceito de que tanto a natureza como a nutrição podem afetar a riqueza da microbiota intestinal.8 Nas pessoas mais velhas, o microbioma muda novamente, apesar de que ainda não está claro por que isso acontece. Nota-se uma redução nas bactérias pro- dutoras de butirato na população mais velha, bem como a redução da riqueza genética do microbioma. As pessoas mais velhas que vivem em meio à comunidade mantêm maior rique- za genética, o que é considerado como resultado de uma dieta mais variada, em comparação com idosos que vivem em centros gerontológicos.9 4 Como as mudanças nos afetam? A disbiose é associada a vários esta- dos patológicos.3 Foi publicada recen- temente uma resenha da literatura de doenças específicas e alterações na população bacteriana associada.4 Novas tecnologias têm permitido uma espécie de mapeamento das bactérias a ser desenvolvido para algumas doenças, proporcionando tanto uma poderosa ferramenta de diagnóstico não-invasiva como um alvo em potencial para terapias de tratamento destas patologias. Em estudos sobre obesidade, indivíduos com menor riqueza genética apresen- taram maior adiposidade em geral, re- sistência à insulina e dislipidemia, e um fenótipo inflamatório mais pronunciado.10 Aqueles com menor riqueza genética também ganharam mais peso com o decorrer do tempo. (GOODRICH et al., 2014) apresentam um insight sobre a heritabilidade de um microbioma obe- sogênico e a influência potencial das bactérias metanogênicas e da Chris- tensenella spp. em distúrbios metabóli- cos. Um declínio nas bactérias produtoras de butirato pode indicar um aumento no risco de desenvolver comorbidades rela- cionadas à obesidade.18 Pode ser que, no futuro, outras cepas de bactérias (ex. Akkermansia muciniphila e Christensenella minuta) se tornarão alvo de suplementação prebiótica e probióti- ca.4 Tanto a natureza como a nutrição podem afetar nosso microbioma. Estudos com bebês que apresentam dis- posição genética para Doença Celíaca (DC) apresentam uma redução nas acti- nobactérias (que incluem as bifidobac- térias) e um aumento em firmicutes e proteobactéria spp.11 Entretanto, não foi demonstrado uma relação conclusiva entre alterações mi- crobianas e desenvolvimento da DC.12 Foi identificada disbiose no sequen- ciamento do microbioma na síndrome do intestino irritável (SII).13 Estudos posteriores identificaram dife- renças distintas nas bactérias intesti- nais em diferentes subtipos de SII tanto na população do lúmen como da muco- sa.14-16 Um estudo-piloto recente em pediatria identificou que o microbioma pode indi- car a probabilidade da dieta com baixa fermentação (low-FODMAP) ser efetiva no alívio dos sintomas.17 (QIN et al., 2012) identificaram compor- tamentos antagônicos nas bactérias benéficas e prejudiciais no diabetes do tipo 2. 5 Como podemos melhorar o microbioma? Estudos nutricionais mostraram o poder da manipulação da dieta na alteração do microbioma19 tendo esta área um grande potencial. Alimentar o hospedeiro e alimentar a microbiota é uma forma óbvia de fazer uma manipulação da microbiota. Uma dieta rica em gorduras e proteínas foi associada ao enterótipo Bacteroides, e uma dieta rica em carboidratos corres- ponde ao enterótipo Prevotella.20 Mudanças de curto prazo na dieta (~10 dias) evidenciaram mudanças na com- posição do microbioma, mas não afe- tam significativamente a identidade do enterótipo. Houve um aumento em Fae- calibacterium prausnitzii, Bifidobacterium e do grupo XIV de Clostridium com uma suplementação elevada de fibras alimen- tares. Estes três grupos são normalmente associados a uma saúde melhor.1, 21 Outros estudos demonstraram de for- ma conclusiva que os prebióticos e probióticos são ferramentas úteis em diferentes níveis na promoção de bifido- bactérias e lactobacilos benéficos. Vários estudos mostraram mecanismos através dos quais diferentes espécies de lactobacilos e bifidobactérias não apenas promovem efeitos benéficos ao hospedeiro, mas também inibem a fi- xação e a atividade de enteropatógenos invasores.4 6 1 Blottiere, H.M., et al., Metagenômica intestinal humana: estado da arte e futuro. Curr Opin Mi cro- biol, 2013. 16(3): p. 232-9. 2 Qin, J., et al., Catalogação do genoma microbiano do intestino humano através do sequenciamento metagenômico. Nature, 2010. 464(7285): p. 59-65. 3 Roberfroid, M., et al., Efeitos prebióticos: benefícios para a saúde e o metabolismo. British Journal of Nutrition, 2010. 104(S2): p. S1-S63. 4 Walsh, C.J., et al., Modulação benéfica da microbiota intestinal. FEBS letters, 2014. 588(22): p. 4120-4130. 5 Al Omran, Y. e Q. Aziz, Relação cérebro-intestino na saúde e na doença, em Endocrinologia Microbiana: Relação cérebro-intestino-microbiota na Saúde e na Doença. 2014, Springer. p. 135-153. 6 De Filippo, C., et al., Impacto da dieta na formação da microbiota intestinal revelado por um estudo comparado em crianças da Europa e da África rural. Atas da Academia Nacional de Ciências, 2010. 107(33): p. 14691-14696. 7 Goodri ch, J.K., et al ., Genética humana forma o microbioma intestinal. Cel l, 2014. 159(4): p. 789- 799. 8 Nelson, K.E., et al., Metagenômica do corpo humano. 2011: Springer. O transplante de microbiota fecal é outra técnica para correção rápida de um microbioma desordenado. Ensaios com pacientes infectados por C. Diff mostraram resultados promis- sores neste sentido. O transplante da microbiota fecal de doadores saudáveis demonstrou uma melhora na resistência à insulina em pacientes com síndrome metabólica 22 - o que sustenta o conceito cada vez mais aceito de que a disbiose desempenha um papel importante no desenvolvimento de distúrbios relaciona- dos à obesidade. Estratégias antimicrobianas para a mo- dulação do microbioma podem ter um potencial terapêutico no futuro. Entre- tanto, o conhecimento atual a respeito da eficácia nesta área é baseado em modelos com camundongos, não sendo, portanto, uma estratégia recomendada atualmente.4 Uma dieta variada, com um equilíbrio de todos os grupos alimentares, deve ser utilizada para proporcionar um substra- to alternativo e reduzir a probabilidade de espécies desfavoráveis se tornarem dominantes no intestino. No caso de perturbações no microbioma ocasiona- das por antibióticos ou por um episódio de gastroenterite, o uso de prebióticos e probióticos se mostra útil, sendo consi- derado seguro para o uso em geral. O diagnóstico através do exame das fezes, capaz de detectar uma dimi- nuição na diversidade, pode ser uma ferramenta útil no prognóstico precoce de doenças e nas medidas preventivas.INFORMATIVO SCHÄR BRASIL I DIRECIONADO PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE I EDIÇÃO JULHO 2017 9 Claesson, M.J., et al., Composição, variabilidade, e estabilidade temporal da microbiota intestinal de idosos. Atas da Academia Nacional de Ciências, 2011. 108 (Suplemento 1): p. 4586- 4591. 10 Le Chateli er, E., et al., Riqueza do microbioma intestinal humano associada aos marcadores metabólicos. Nature, 2013. 500(7464): p. 541-546. 11 Olivares, M., et al., O genótipo HLA-DQ2 determina a composição da microbiota inicial em bebês com alto risco de desenvolverem doença celíaca. Gut, 2014: p. gutjnl-2014-306931. 12 McLean, M.H., et al., A microbiota teria um papel na patogênese de doenças autoimunes? Gut, 2014: p. gutjnl-2014-308514. 13 Rajili c-Stojanovic, M., et al., Análise molecular global e profunda de assinaturas de microbiota em amostras de fezes de pacientes com síndrome do intestino irritável. Gastroenterology, 2011. 141(5): p. 1792- 801. 14 Saulnier, D.M., et al., O microbioma intestinal, probióticos e prebióticos em neurogastroenterologia. Gut Microbes, 2013. 4(1): p. 17-27. 15 Parkes, G.C., et al., Existem populações microbianas distintas na microbiota associada à mucosa de subgrupos com síndrome do intestino irritável. Neurogastroenterology & Motility, 2012. 24(1): p. 31-39. 16 Sundin, J., et al., Composição microbiana da mucosa e das fezes alterada em pacientes com síndrome do intestino irritável pós-infecciosa com fenótipos de linfócitos na mucosa e estresse psicológico. Aliment Pharmacol Ther, 2015. 41(4): p. 342-51. 17 Chumpitazi, B.P., et al., Microbiota intestinal influencia eficácia de dieta de baixos substratos fermentáveis em crianças com síndrome do intestino i rritável. Gut microbes, 2014. 5(2): p. 165-175. 18 Qin, J., et al ., Estudo da associação geral do metagenoma da microbiota intestinal no diabetes tipo 2. Nature, 2012. 490(7418): p. 55-60. 19 Cotillard, A., et al., Impacto da intervenção nutricional na riqueza genética dos micróbios intestinais. Nature, 2013. 500(7464): p. 585-8. 20 Wu, G.D., et al., Associação de padrões nutricionais de longo prazo com enterótipos microbianos do intestino. Science, 2011. 334(6052): p. 105-108. 21 Shen, Q., L. Zhao, e K.M. Tuohy, Alto nível de fibras alimentares suprarregulam fermentação colônica e a abundância relativa de bactérias sacarolíticas na microbiota fecal humana in vitro. European Journal of Nutrition, 2012. 51(6): p. 693-705. 22 Vrieze, A., et al., Transferência de microbiota intestinal de doadores saudáveis aumenta sensibilidade à insulina em indivíduos com síndrome metabólica. Gastroenterology, 2012. 143(4): p. 913-6.e7. REFERÊNCIAS 7 A crescente prevalência de intolerân- cias alimentares, especialmente rela- cionadas a certos carboidratos, repre- senta um problema de saúde global.1 Além disso, a intolerância ao glúten e substâncias associadas ao glúten, como o inibidor amilase tripsina (ATI), tem sido culpado2 pelos sintomas intestinais (me- teorismo, dor, constipação, diarreia) e extraintestinais (fadiga, cefaleia, dores nas juntas, irritações de pele) nos paci- entes acometidos.3 A patogênese de intolerâncias alimen- tares é culpada por fatores como mu- danças na composição da flora intestinal e sua influência na tolerância imunológi- ca da membrana mucosa.4 A barreira intestinal é importante para manter a homeostase no intestino. Se houver um desequilíbrio no intestino, a barreira intestinal pode ser atacada, tornando-se permeável como parte da síndrome do intestino permeável. Foi demonstrado que há uma associação entre a síndrome do intestino permeável e o desenvolvimento de doenças gastro- intestinais e possivelmente intolerâncias alimentares. O microbioma do trato digestivo humano também parece ter um papel importante na doença associada ao glúten / trigo.4 provém do fato que há uma população bacteriana diferente nestes pacientes, em comparação com indivíduos saudáveis. Uma proporção significativamente maior de bifidobacterium bifidum e um número maior de lactobacillus sp. foram encon- trados em pacientes celíacos, mas sua diversidade diminuiu de maneira signifi- cativa sob uma dieta sem glúten.10 Sabe-se que a microflora intestinal depende de vários fatores. A composição microbiana no intestino delgado é deter- minada principalmente pela competição entre os microrganismos e o hospedeiro, para assegurar uma rápida absorção e utilização de carboidratos. Os microrganismos no cólon, por outro lado, são afetados tanto pela complexa utilização de carboidratos como pela competição entre si.6 A nutrição tem um papel importante neste caso. Estudos com camundon- gos já demonstraram que a dieta pode alterar rapidamente a composição mi- crobiana do intestino.7 Várias publicações demonstram a pre- sença de streptococcus sp., E. coli, clos- tridium sp., organismos ricos em G+C, bacteroides uniformis, blautia glucerasea e bifidobactérias no intestino grosso e delgado, que favorecem substratos dife- rentes.8 Neste contexto, é interessante comen- tar que o B. uniformis aproveita prin- cipalmente a insulina, enquanto que outras espécies metabolizam principal- mente frutooligossacarídeos ou monos- sacarídeos.9 Uma indicação da importância da com- posição microbiana na Doença Celíaca A influência do microbioma em distúrbios relacionados ao glúten. Este breve artigo faz um apanhado geral das diferenças existentes na microbiota em distúrbios relacionados ao glúten, com especial destaque para a Doença Celíaca, além de delinear um estudo pros- pectivo controlado, planejado para examinar mudanças na microflora intestinal em pacientes com sensibilidade ao trigo. PROF. DR. MED. YURDAGÜL ZOPF Clínica médica 1, Universidade de Erlangen, Alemanha. Pacientes com Doença Celíaca têm uma população bacteriana diferente se comparados a indivíduos saudáveis. PRIV. DOZ. DR. RER. NAT. WALBURGA DIETAERICH Pesquisadora assistente, Clínica médica 1 Universidade de Erlangen, Alemanha. 8 INFORMATIVO SCHÄR BRASIL I DIRECIONADO PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE I EDIÇÃO JULHO 2017 Além disso, foi demonstrado in vitro que algumas cepas de bifidobactérias reduziram a resposta inflamatória imune desencadeada por peptídeos da gliadina, desempenhando um efeito protetor.11,12 (WACKLIN et al., 2013) relataram uma possível relação entre a manifestação da Doença Celíaca na forma de sintomas gastrointestinais ou extraintestinais e o microbioma.13 Em outro estudo, o microbioma duodenal de pacientes com Doença Celíaca com sintomas persistentes, mesmo sob uma dieta sem glúten de longo prazo e muco- sa normalizada do intestino delgado, foi comparado com pacientes de Doença Celíaca que não apresentavam sinto- mas. Foi verificado que havia diferenças na colonização bacteriana do intestino Dos 22 pacientes, 12 receberam duas cápsulas de B. infantis e 10 receberam duas cápsulas de placebo com as re- feições. Apesar de a ingestão de probióti- co não ter um efeito na permeabilidade intestinal, os sintomas de dispepsia, constipação e refluxo gastrointestinal melhoraram de forma significativa no grupo que tomou B. infantis. Também houve um aumento significa- tivo na MIP-1ß (proteína inflamatória de macrófago ou proteína 1ß) no grupo que tomou probiótico. Apesar de este estu- do indicar um possível efeito mitigador dos probióticos em alguns sintomas da Doença Celíaca, é necessária a confir- mação através de outros estudos.15 Um estudo recente de (OLIVARES et al., 2015) em pacientes com alto risco genético de Doença Celíaca revelou uma composição microbiana alterada mesmona puerícia e infância, indicando que a mudança no microbioma pode ocorrer em estágios bastante precoces. Em comparação com crianças sem ris- co aumentado de Doença Celíaca, um número significativamente maior de fir- micutes e proteobactérias, além de um número menor de actinobactérias foi encontrado em portadores de HLA-DQ2 positivo. O número de espécies de bifido- bactérias também era reduzido. Uma predisposição genética para o HLA-DQ2 parece ter um impacto no microbioma e pode também contribuir para a pa- togênese. Esta constatação pode ser útil na determinação do risco de Doença Celíaca.16 delgado entre pacientes sem sintomas e pacientes com sintomas persistentes. Eles tiveram um aumento significati- vo de proteobactérias, enquanto que o número de bacteroidetes e fimicutes era reduzido. De maneira geral, pacien- tes com Doença Celíaca com sintomas persistentes apresentaram menor diver- sidade microbiana. Em alguns subgrupos de Doença Celíaca, há evidência de que a disbiose possa ser a possível causa de sintomas recorrentes, sendo possível a aplicação de novas abordagens de trata- mento, como na forma de probióticos ou prebióticos.14 Além disso, (SMECUOL et al,. 2013) já investigaram o efeito do probiótico Natren Life Start Strain Super baseado em bifidobacterium infantis na melhora clínica de pacientes celíacos não trata- dos. Microbioma Glúten Carboidratos ATI Genética Ambiente Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca INFLUÊNCIAS NO MICROBIOMA Doença Celíaca Um estudo em pacientes com alto risco genético de Doença Celíaca demonstrou uma composição microbiana alterada mesmo na puerícia e infância. 9 De maneira geral, estes dados indicam que existe uma relação entre a pa- togênese e os sintomas de doenças relacionadas ao glúten e o microbio- ma humano. Entretanto, ainda não está claro em que medida algumas espécies de bactérias estão envolvidas na pa- togênese da Doença Celíaca ou Sensi- bilidade ao Glúten Não Celíaca (SGNC), e em que medida uma mucosa danifica- da proporciona condições de vida pro- pícias a estas espécies de bactérias, o que requer investigação adicional. Os dados iniciais apresentados por (BIESIEKIERSKI et al., 2013) nos per- mitem especular que carboidratos fer- mentáveis também são a causa ou pelo menos um fator de influência em pacien- tes com sensibilidade ao trigo. Por isso, consideramos que isso pode ser de in- teresse especial para determinar as dife- renças na colonização microbiana entre pacientes e controles saudáveis. No contexto de um estudo prospecti- vo controlado, estamos examinando mudanças na microflora intestinal em 1 Zopf Y. et al., Diagnóstico diferenciado de intolerância alimentar. Dtsch Arztebl Int. Maio de 2009; 106(21): 359-69; 2 Junker Y. et al., Inibidores de amilase- tripsina do trigo causam inflamação intestinal através da ativação de receptor do tipo Toll 4. J Exp Med. 17 Dez. 2012; 209(13):2395-408. 3 Volta U. et al., Sensibilidade ao glúten não celíaca: questões que permanecem sem resposta apesar de maior conscien tização. Cell Mol Immunol. Set. 2013;10(5):383- 92. 4 Galipeau HJ, Verdu EF. Micróbios intestinais e reações alimentares adversas: Foco em distúrbios relacionados ao glúten. Microbioma intestinal. 2014;5(5):594-605. 5 Barbara G. et al ., Permeabilidade da mucosa e resposta imune como objetivos terapêuticos potenciais de probióticos na síndrome do intestino irritável. J Cl em Gastroenterol. Out. 2012;46 Suppl:S52-5. 6 Zoetendal, E.G. e W.M. de Vos, Efeito da dieta na microbiota intestinal e sua atividade. Curr Opin Gastroenterol, 2014. 7 Ooi, J.H., et al., Efeitos dominantes da dieta no microbioma e resposta imune local e sistêmica em camundongos. PLoS One, 2014. 9(1): p. e86366. 8 Zoetendal, E.G., et al., Microbiota do intestino delgado humano é resultado de rápida absorção e conversão de carboidratos simples. ISME J, 2012. 6(7): p. 1415-26. 9 Tannock, G.W., et al., Sondagem do Isótopo Estável ARN mostra utilização de carbono a partir de insulina por população bacteriana específica no intestino grosso de camundongos. Appl Environ Microbi ol, 2014. 10 Nistal, E., et al., Diferenças em populações de bactérias fecais e no metabolismo de bactérias fecais em adultos saudáveis e pacientes com doença celíaca. Biochimie, 2012. 94(8): p. 1724-9. 11 Medina, M., et al., Cepas de bifidobactérias suprimem in vitro o meio pró-inflamatório causado pela microbiota do intestino grosso de pacientes celíacos. J Inamm (Lond), 2008. 5: p. 19. 12 Laparra, J.M. e Y. Sanz, Bifidobactérias inibem a resposta inflamatória induzida por gliadinas em células epiteliais intestinais através de modificações da geração de peptídeos tóxicos durante a digestão. J Cell Biochem, 2010. 109(4): p. 801-7. 13 Wacklin, P., et al., Composição da microbiota duodenal de pacientes adultos com doença celíaca é associada à manifestação clínica da doença. Inamm Bowel Dis, 2013. 19(5): p. 934-41. 14 Wacklin, P., et al., Composição da microbiota duodenal em pacientes com doença celíaca que sofrem de sintomas persistentes sob dieta sem glúten de longo prazo. Am J Gastroenterol, 2014. 109(12): p. 1933-41. 15 Smecuol E, H.H., Sugai E, Corso L, Cherñavsky AC, Bellavite FP, González A, Vodánovich F, More- no ML, Vázquez H, Lozano G, Niveloni S, Mazure R, Meddings J, Mauriño E, Bai JC., Estudo explanatório aleatório duplo-cego, placebo-controlado sobre os efeitos de Bifidobacterium infantis natren life start strain super strain na doença celíaca ativa. J Clin Gastroenterol, 2013. 47: p. 139- 147. 16 Olivares, M., et al., Genótipo HLA-DQ2 determina composição de microbiota intestinal em crianças com alto risco de desenvolver doença celíaca. Gut, 2015. 64(3): p. 406-17. REFERÊNCIAS as cepas de bactérias responsáveis pela patogênese da sensibilidade ao glúten. A detecção da composição específica da flora em pacientes com sensibilidade ao glúten pode representar uma abordagem inovadora de tratamento baseado em probióticos, com poucos efeitos cola- terais. pacientes que tenham documentada uma sensibilidade ao trigo com uma di- eta mista, dieta sem glúten e dieta low- FODMAP para determinar a influência de cadeias de carboidratos no cresci- mento das bactérias e sua diferenciação. A comparação com um grupo de con- trole saudável e uma população de con- trole com Doença Celíaca comprovada é utilizada para melhor diferenciação entre 10 INFORMATIVO SCHÄR BRASIL I DIRECIONADO PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE I EDIÇÃO JULHO 2017 A barreira intestinal é um sistema com- plexo, que separa o lúmen intestinal do interior do corpo, sendo formada pelos seguintes elementos (BISCHOET et al., 2014): Mecânico: Células epiteliais com junções de oclusão e mucosidade. Humoral: Defensinas, imunoglobulinas, citocinas. Células Imunológicas: Células imunológicas específicas e não específicas. Células Musculares Células Nervosas A microbiota intestinal está envolvida em processos metabólicos e pode modular a função de barreira (VIGGIANO et al., 2015). Além de equilibrar a microbiota, outro importante mecanismo de proteção para o funcionamento da barreira intesti- nal é a regulação da passagem paracelu- lar entre junções de oclusão. Nos últimos anos, os cientistas obtiveram grande progresso no estudo da microbi- ota, graças à aplicação de métodos de análise da biologia molecular. Os milhares de tipos diferentes de bacté- rias existentes no intestino podem ser divididos em um total de 6 subgrupos diferentes. Até 90% das bactérias intes- tinais pertencem a grupos de firmicutese bacteroidetes, seguido das proteobacté- rias, actinobactérias, verrucomicrobia e fusobactérias (BLAUT, 2015). O homem não é um ser vivo isolado; ele vive em comunidade com trilhões de bactérias e outros microrganismos. O trato gastrointestinal é densamente povoado, tendo em torno de 100 trilhões (1014) de microrganismos, conhecidos como microbiota intestinal (anteriormente flora intestinal). O número de células mi- crobianas no intestino é dez vezes maior do que o número de células somáticas humanas, com aproximadamente 150 vezes mais genes que o corpo humano, o que significa que há uma grande ativi- dade metabólica (LE CHATELIER et al., 2013). O produto de seu metabolismo e seu neurotransmissor tem grande interde- pendência com as células somáticas, tanto dentro como fora do trato gastroin- testinal, além de dar suporte às funções digestivas, ajudar na defesa contra mi- crorganismos patogênicos e contribuir para o desenvolvimento e manutenção do sistema imunológico e da barreira intestinal. A importância da microbiota na patogênese e tratamento de Doença Celíaca. A importância da microbiota intestinal e o papel dos probióticos está bem documentada em alguns estados e cenários clínicos como, por exemplo, diarreia associada a antibióticos e Síndrome do Intestino Irritável. Entretanto, ainda há poucos estudos sobre a relação entre Doença Celíaca e a microbiota. Este artigo tem o objetivo de abordar e resumir a base atual de conhecimentos nesta área específica. DIPL. OEC. TROPH. UTE KÖRNER Nutricionista certificada, especializada em Alergologia. Além de sua atividade como nutricionista trabalha como jornalista, escritora e conferencista, principalmente nas áreas de Alergologia e Gastroenterologia. Além de escrever livros e participar de conferências, ministra seminários de treinamento e cursos de educação avançada para médicos sobre intolerâncias e alergias alimentares. DR. MAIKE GROENEVELD Nutricionista certificada e especialista em economia doméstica. Há mais de 20 anos atua como nutricionista freelance, conferencista e escritora, orientando tanto pacien- tes como empresas sobre questões nutricionais. Sua atividade como escritora profissional inclui livros, catálogos, publicações especializadas e artigos na internet. INFO Defensinas são peptídeosantimicrobiais da imunidade inata. 11 A maioria dos microrganismos é encon- trada no intestino humano, formando aquilo que é conhecido como microbio- ma central (DORÉ et al., 2013). Cada pessoa também tem uma parte variável, que forma o microbioma indi- vidual. A composição e atividade da mi- crobiota são influenciadas por diversos fatores, como tipo de nascimento (na- tural ou cesariana), genes, idade e estilo de vida. Os medicamentos (como an- tibióticos) e a dieta têm papel importante: fatores como quantidade e tipo de fibra e alimentos fermentados são importantes. De acordo com estudos recentes, a com- posição da microbiota tem um papel im- portante na manutenção da saúde, pois diferentes espécies de bactérias podem ter efeitos tanto protetor como nocivo (DORÉ et al., 2013). Algumas bactérias patogênicas podem, por exemplo, causar inflamação, enfra- quecer a barreira intestinal e aumentar a permeação de substâncias como glúten. (MORAES L. F. de Sousa, GRZESKOWIAK L. M. et al., 2014, VIGGIANO et al., 2015). Entretanto, existem apenas alguns estu- dos sobre o papel da microbiota na pato- fisiologia da Doença Celíaca. Acredita-se que no caso de pacientes suscetíveis geneticamente, as bactérias gram-nega- tivas estão envolvidas na perda de tole- rância ao glúten. Estudos comparados entre crianças com Doença Celíaca e grupos de controle saudáveis detec- taram um número menor de lactobacilos e bifidobactérias no primeiro grupo. Entretanto, ainda não está claro se uma mudança na microbiota de pessoas com Doença Celíaca é a principal causa ou consequência de Doença Celíaca. Em espécimes de biópsias do duodeno de crianças com Doença Celíaca não trata- da, foram detectadas mais cepas de bactérias gram-negativas em compara- ção com crianças tratadas e grupos de controle saudáveis, o que sugere que a mudança na microbiota é resultado da doença. (MORAES L. F. de Sousa et al., 2014). Doença Celíaca e microbiota Sabe-se que a falta de peptidases no intestino humano faz com que o glúten seja digerido de forma incompleta, fa- zendo com que os peptídeos de glúten sejam absorvidos pela mucosa do intes- tino delgado. Além disso, há crescentes evidências que uma mudança na permeabilidade intestinal devido a uma permeabilidade das junções de oclusão (TJ) tem grande influência na patogênese da Doença Celíaca. Fica mais fácil para os oligo- peptídeos restantes serem absorvidos pela lâmina própria, podendo provo- car uma inflamação típica da Doença Celíaca. Ainda não está claro se os distúrbios da barreira intestinal são a principal causa ou a consequência da Doença Celíaca. (SAPONE et al., 2012. MORAES L. F. de Sousa et al., 2014). Entretanto, foi possível demonstrar que no caso de pessoas que sofrem de Doença Celíaca, a gliadina pode forte- mente estimular a liberação de zonulina. Esta proteína aumenta a permeabilidade intestinal, facilitando a absorção de ma- cromoléculas por meio das TJs (DRAGO et al., 2006). Por outro lado, há evidências de que mudanças na microbiota intestinal po- dem levar a um aumento da permeabili- dade intestinal, estando associada à pa- togênese da Doença Celíaca e doenças alérgicas. Estudos comparados entre crianças com Doença Celíaca e grupos de controle saudáveis detectaram um número menor de lactobacilos e bifidobactérias no primeiro grupo. A composição e atividade da microbiota são influenciadas por diversos fatores, incluindo o tipo de nascimento, genes, idade e estilo de vida, medicamentos (antibióticos) e dieta. DIFERENCIAIS SCHÄR Tecnologia de envase Pães embalados em atmosfera protetora; Frescos e macios, sem necessidade de refrigerar ou congelar, mesmo sem conservantes. Fibras Produtos ricos em �bras; Pães com o maior teor de �bras da categoria sem glúten. Ingredientes diferenciados, funcionais e de alto valor nutritivo. 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Tendo em vista o conhecimento sobre as mudanças na microbiota intestinal em pessoas com Doença Celíaca, os seguintes estudos demonstraram que o uso de probióticos pode constituir uma abordagem promissora como terapia coadjuvante na Doença Celíaca: (ANGELIS et al., 2006) examinaram o preparado probiótico VSL#3, que contém 8 cepas de probióticos diferentes (como bifidobactérias e lactobacilos), demonstrando que, em comparação com cepas isoladas e outros produtos comercialmente disponíveis testados, a combinação des- tas cepas de probióticos pode dividir peptídeos de gliadina de forma mais efetiva, ou seja, os peptídeos de gliadina são mais fáceis de digerir com o auxílio deste preparado probiótico. No caso das PBMCs*, o grupo de pesquisa de (DE PALMA, 2010) conseguiu reduzir a secreção de interleucina-12 e IFN-gama (citocinas pró-inflamatórias) sob a influência de glúten in vitro, utilizando bifidobac- térias específicas. Esta observação sugere um efeito anti-inflamatório das bifidobactérias investigadas. (LINDFORS et al., 2008) demonstraram que a cepa de bactérias b. lactis pode prevenir o efeito tóxico da gliadina de trigo em culturas de células epiteliais em doses de 106 e 107 UFC** por ml, mas não a 105 UFC por ml. Em um modelo camundongo de (D’ARIENZO et al., 2011), um produto lácteo com a cepa l. casei ATCC 9595 (Actimel) aumentou a função da barreira intestinal e evitou a passagem de gliadina na lâmina própria. * PBMC: célula mononuclear do sangue periférico. ** UFC: unidades de formação de colônias. 13 SGNC e probióticos Até agora não há pesquisas práticas sobre a insuficiência da microbiota na patogênese desta nova doença, no caso específico da sensibilidade ao glúten/tri- go. Diferentemente da Doença Celíaca, suspeita-se de uma resposta imune ina- ta no caso da SGNC. Ela é ativada pelo glúten ou trigo, mas não altera a mucosa intestinal ou sua permeabilidade. Entretanto, há indicações do aumento da permeabilidade intestinal em pacien- tes com sintomas neurológicos, como esquizofrenia ou autismo e a suspeita de SGNC. Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca (SGNC) É uma reação ao glúten ou trigo na ausência de Doença Celíaca ou aler- gia ao trigo. (FELBER et al., 2014 (S2k- Leitlinie Zöliakie), SAPONE et al., 2012, CATASSI et al., 2013). Os estudos acima demonstraram que algumas cepas de bactérias auxiliam na digestão dos peptídeos de gliadina, o que significa que pacientes com SGNC podem, assim como no caso de Doença Celíaca, se beneficiar de um tratamento concomitante com probióticos. Entretan- to, são necessários estudos adicionais para recomendações específicas. No caso de algumas doenças (como di- arreia associada a antibióticos, Síndrome do Intestino Irritável, colite ulcerativa, pouchite) estudos demonstraram clinica- mente a eficácia pertinente dos probióti- cos (BISCHOFF, Köchling, 2012). Entretanto, os mecanismos subjacentes ainda não estão claros. Existem atual- mente poucos estudos sobre a relação entre a Doença Celíaca e a microbiota e o uso de probióticos na administração da Doença Celíaca. Como muitos efeitos dos organismos probióticos são específicos à cepa, uma evidência obtida com uma cepa específica de bactérias ou preparação/ produto para a Doença Celíaca pode não necessariamente ser transferida a outras cepas. São necessárias investigações adicio- nais sobre os mecanismos de ação subjacentes. Devido aos efeitos positi- vos relatados e a relativa falta de efeitos colaterais conhecidos, pode ser consi- derado testar o uso de probióticos. Probióticos são microrganismos vivos que oferecem ao hospedeiro um benefício em termos de saúde se forem ingeridos em quantidades sufi- cientes (FAO/OMS 2002; HILL et al., 2014). Trata-se de tipos especiais de bactérias não patogênicas (especialmente lactoba- cilos e bifidobactérias), que são particular- mente resistentes aos ácidos e, portanto, têm maiores condições de sobreviver à passagem pelo estômago e o intestino delgado. Os probióticos estão disponíveis em forma de medicamentos, suplemen- tos nutricionais e alimentos. Alimentos disponíveis comercialmente contendo culturas vivas incluem iogurtes e bebidas lácteas. Em apresentações liofilizadas, são encon- tradas bactérias probióticas em produtos que incluem cereais e alimentos infantis. Apesar de o Regulamento sobre Ale- gações de Benefícios para a Saúde (Regulamento UE nº 432/2012 da Comissão de 16 de maio de 2012) esta- belecer que estes alimentos não podem utilizar o termo “probiótico” ou alegar um efeito para a saúde, isso não exclui sua eficácia. As bactérias probióticas se insta- lam temporariamente no intestino e pro- duzem ácidos orgânicos (como butirato), reduzindo o pH e repelindo bactérias pa- togênicas. Algumas bactérias probióticas fortale- cem a barreira intestinal, por exemplo, induzindo a formação de defensinas das células mucosas. Uma barreira intestinal intacta assegura que os nutrientes podem cruzar a parede intestinal, mas as toxinas e bactérias patogênicas são repelidas. Atualmente, há poucas pesquisas sobre a relação entre a Doença Celíaca e a microbiota e o uso de pro- bióticos na administração da Doença Celíaca. INFO 14 INFORMATIVO SCHÄR BRASIL I DIRECIONADO PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE I EDIÇÃO JULHO 2017 Binns N: Probióticos, prebióticos e microbio- ta intestinal. ILSI Europe Concise Monograph Series 2013. Bischoff, SC (Hrsg.): Probiotika, Präbiotika und Syn- biotika. Georg Thieme Verlag, Stuttgart, 2009. Bischoff SC, Köchling C: Pro- und Präbiotika. Akt Ernährungsmed 37, 287-306, 2012. 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Faça a escolha certa! • Os benefícios são específicos de cada cepa; • O número de bactérias deve ser alto o suficiente, entre 108 e 109 UFC por dia; • Também dê preferência a produtos que contêm bifidobactérias; • No início da terapia: ingerir com as refeições e evitar produtos com prebióticos, como inulina e oligofrutose; no caso de má absorção simultânea de lactose ou frutose, evitar também produtos probióticos com estes ingredientes sempre que possível; • Aumentar a dosagem lentamente (começar com ½ porção). Sites úteis: Pesquisa sobre microbiota e saúde: www.gutmicrobiotaforhealth.com/ Projeto microbioma humano: www.hmpdacc.org/ 15 Plataforma digital de alcance internacio- nal o Instituto Dr. Schär foi criado para oferecer, por meio de conteúdo qualifi- cado, apoio aos profissionais de saúde interessados no universo das patologias glúten-relacionadas. Com uma equipe formada por nutricio- nistas, médicos das mais variadas espe- cialidades (pediatras, gastroenterologis- tas, endocrinologistas, dentre outros) e por especialistas na ciência dos alimen- tos, como engenheiros de alimentos e bioquímicos, o Instituto Dr. Schär pro- move a troca e disseminação de conhe- cimentos além de contribuir para o au- mento da notoriedade das condições glúten-relacionadas com o objetivo final de oferecer, às pessoas que precisam seguir uma dieta sem glúten, uma vida com mais qualidade. Se voce é profissional de saúde faça o seu cadastro gratuito no site www. drschaer-institute.com e tenha acesso a artigos exclusivos, disponíveis em in- glês, alemão, espanhol, francês ou itali- ano. A Dr. Schär Brasil também oferece infor- mativos científicos em português. Para cadastrar-se em nosso banco de da- dos, escreva para nutri@schar.com.br
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