Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
COLETÂNIA DE INFORMAÇÕES 8. Espiral concentradora A primeira espiral concentradora foi criada em 1941 por Ira Boyd Humphreys e ficou conhecida como espiral de Humphreys. Os testes de utilização desse equipamento na concentração de minerais pesados foram iniciados em uma espiral construída com anéis de pneus velhos. O objetivo do desenvolvimento da espiral foi recuperar ouro associado à pinta. A primeira aplicação industrial ocorreu em 1943 na concentração de cromita, no estado norte-americano do Oregon. Em 1960, pela primeira vez cerca de 2000 unidades industriais foram aplicadas para concentração de hematita especular em Quebec, no Canadá. Posteriormente, após a queda da patente internacional, a espiral sofreu diversas alterações chegando aos equipamentos atuais, mais leves e versáteis, com elevada eficiência na concentração de diversso minerais. A espiral concentradora é um equipamento constituído basicamente de uma disposição helicoidal de seção transversal semicircular na forma de calhas ao redor de uma coluna central, conforme pode ser visto na Figura 8.5. Consiste de um canal helicoidal cilíndrico com seção transversal semi circular modificada. No topo existe uma caixa destinada a receber a alimentação em forma de polpa. A medida que ela se escoa, as partículas mais pesadas se encontram numa faixa ao longo do lado interno do fluxo da polpa e são removidos por aberturas localizadas na parte mais baixa de sua seção transversal. Existem duas aberturas para cada volta da espiral. Estas aberturas são providas de um dispositivo que permite guiar os minerais pesados para se obter a separação desejada, através de conveniente regulagem. Cada abertura é conectada a um tubo coletor central, através de mangueiras de tal forma que se juntam os materiais recolhidos nas varias aberturas num único produto. No terminal inferior do canal existe uma caixa destinada - a recolher os minerais leves que não são recolhidos pelas aberturas. O princípio de funcionamento da espiral é uma combinação de queda retardada e consolidação intersticial. Na espiral, os minerais se depositam conforme seus tamanhos, forma e densidades. Partículas de maior peso específico depositam-se quase que imediatamente. Em contato com a superfície do canal ou próximo dela, são aprisionadas por uma película de fluido aderente à superfície. Esta película se move com velocidade muito menor que a restante da corrente fluida que contém os minerais leves e pequenos que não se depositaram. A polpa se divide em duas partes: a película fluida contendo os minerais predominantemente grossos e pesados e o restante da corrente, contendo os minerais pequenos e leves e quase toda a água. A película fluida praticamente não terá sua trajetória influenciada pela ação centrífuga e se moverá lentamente para o interior do canal onde será removida. O restante da corrente fluida, livre da ação do atrito com a superfície do canal, desenvolve uma velocidade várias vezes maior, sendo lançada contra a parte externa do canal, pela ação "centrífuga". A diferença das forças "centrífugas", causa uma rotação transversal da corrente agindo C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A no sentido de remover os minerais pesados em direção às aberturas e os minerais leves para o interior da corrente. Figura 8.5 – Desenho esquemático da espiral A água de lavagem é adicionada transversalmente à corrente, logo após cada abertura onde se recolhem os minerais pesados.Tem como finalidade suprir a polpa da parcela de água que se perde nas aberturas e devolver à corrente fluida as partículas não recolhidas, para que sejam reclassificadas. A concentração em espirais acontece rapidamente. Nas duas primeiras voltas pode-se retirar um concentrado puro. O material recolhido pelas aberturas das últimas voltas pode ser retirado separadamente constituindo o produto misto. As principais variáveis geométricas são: o passo, a altura, a inclinação e a inclinação radial da calha. O diâmetro da hélice é responsável pela capacidade de alimentação e a faixa granulométrica onde é possível realizar a concentração. Diâmetros maiores permitem uma melhor separação de materiais com faixas de distribuição granulométrica mais ampla. O passo determina a velocidade do fluxo primário. Passos maiores possibilitam maiores capacidades porque a velocidade do fluxo é maior. Esse parâmetro é também importante na definição da diferença mínima de densidade em que será possível a concentração sem, contudo exercer uma influência significativa sobre a recuperação e o teor do concentrado. A concentração de minerais menos densos requera utilização de espirais com pequenos passos, enquanto a separação de minerais mais densos é mais efetiva em espirais com maiores passos. As etapas rougher de concentração densitária em espiral são, usualmente, realizadas em equipamentos contendo um número maior de voltas de tal forma que as partículas se coloquem na posição de equilíbrio, acarretando maior recuperação dos minerais C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A menos densos. Por outro lado, as etapas cleaner são realizadas em menor número de voltas, pois as partículas densas são as primeiras a se sedimentar. Quando são utilizadas espirais nas plantas de minério de ferro, os desviadores são usualmente localizados ao longo da calha. Isso normalmente ocorre porque a alta quantidade de minerais densos pode provocar uma sobrecarga na zona interna, o que provocaria ineficiência na separação. Nessecaso,é fortemente recomendada a utilização da água de lavagem para substituir a água perdida com a massa deminerais densos separada. Embora estejam disponíveis diversos modelos de espirais com características diferentes no que se refere ao diâmetro, passo, perfil do canal e modo de remoção do concentrado, os mecanismos de separação atuantes são similares, conforme descrito a seguir. • Um fluxo movimentando-se na calha de uma espiral é composto basicamente por dois fluxos: • um fluxo primário no sentido descendente ocasionado pela ação da força gravitacional; • um fluxo secundário, no sentido transversal à calha, decorrente da ação da força centrífuga.• Estes dois fluxos produzem uma distribuição das partículas como apresentado na Figura 8.6 onde podem ser observadas duas zonas principais, separadas por uma zona intermediária. Figura 8.6 - Principais zonas na calha da espiral Quando a espiral é alimentada, a velocidade da polpa varia de zero na superfície do canal até um valor máximo na interface com o ar, devido ao escoamento laminar. Ocorre também uma estratificação no plano vertical, usualmente creditada à combinação de sedimentação retardada e consolidação intersticial. O resultado final é que no plano vertical, os minerais pesados estratificam-se na superfície do canal, com baixa velocidade, e os minerais leves tendem a estratificar-se na parte superior do fluxo, nas regiões de maiores velocidades. A trajetória helicoidal causa também um gradiente radial de velocidade no plano horizontal, que tem um efeito menor na trajetória dos minerais pesados e substancial na dos minerais leves. Estes, devido à força centrífuga, tendem a uma trajetória mais externa. C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A No movimento descendente da polpa ao longo das voltas da espiral as partículas de maior densidade se dirigem para a região de coleta do concentrado. A zona de transição, onde o fluxo secundário carrega as partículas de menor massa específica para a zona de recuperação e as partículas densas sedimentam e se dirigem para a zona de concentrado, é responsável pela separação. Embora a separação ocorra preferencialmente pela diferença de densidade entre os minerais, verifica-se uma componente de separação por tamanho de partícula, ou seja, as partículas finas tendem a ser direcionadas para a zona leve, enquanto as partículas grossas tendem à zona de concentrado. Partículas próximas à região interior se movem em leito inclinado e partículas na região externa se movem na suspensão líquida. • A ação diferentes formas de fluxo (laminar, intermediário e turbulento) sobre as partículas minerais determinam a trajetória para as zonas de concentrado, mista ou leve. Na Figura 8.7 podem ser identificadas cinco forças principais cuja resultante determina a direção da partícula na calha da espiral: • força da gravidade (Fg): direciona as partículas para a zona de concentrado; • força centrífuga (Fc): provoca o movimento radial direcionando as partículas para zona leve; • força de arraste (FD): força resultante do atrito do fluido com a superfície da partícula. Para partículas localizadas próximo à superficie livre da polpa, a força de arraste atua no sentido da borda da calha, enquanto em partículas situadas na superfície da calha atua no sentido da coluna central; • forças de Bagnold (FB): atuam no sentido de dilatar o leito de partículas quando estas se encontram próximas à superfície da espíral, propiciando condições para que ocorra a segregação das partículas segundo o tamanho e a massa específica; • força de atrito (Fa): causada pela superfície da calha que se opõe ao movimento das partículas. Para que ocorra a separação como processo de concentração, é necessário que a diferença entre as densidades do mineral valioso e da ganga seja igual ou superior a 1,0. Valores inferiores a 1,0 dificultam a separação em espirais concentradoras. A aplicação em beneficiamento de minério de ferro é comum, principalmente devido aos baixos custos operacionais e em investimentos. Entretanto, o processamento de frações finas (<0,038 mm) não é possível, tornando outros métodos de concentração mais adequados, como a flotação e a concentração magnética. A espiral concentradora apresenta vantagens que a tornam competitiva para utilização em usinas de pequeno e grande porte na concentração de minerais pesados, dentre os quais podem ser destacads cromita, scheelita, cassiterita, minério de ferro, ouro, platina, diamante, fosfato, zirconita-rutilo-zircão e outros. Sua aplicação se deve, principalmente, aos seguintes fatores: • a espiral não possui partes móveis e, portanto, tem baixos custos de capital e manutenção; C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A • sua construção, com materiais leves e duráveis, facilita o manejo do equipamento e demanda pequenos espaços para instalações. Figura 8.7 – Forças atuantes nas partículas C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A C Ó P IA C O N T R O L A D A
Compartilhar