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PROCESSO CIVIL PROCESO DE CONHECIMENTO E EXECUÇÃO Prof. Leonardo Fetter PROCESSO CIVIL ATOS PROCESSUAIS ................................................................................................................................. 5 1.1Nulidades ................................................................................................................................................. 6 1.2Ineficácia ................................................................................................................................................. 8 1.3Processo calendário ................................................................................................................................ 8 PROCESSO DE CONHECIMENTO .......................................................................................................... 10 2.1Procedimentos no novo processo civil .................................................................................................. 10 PETIÇÃO INICIAL ...................................................................................................................................... 10 EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL ................................................................................................................ 12 INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL ................................................................................................. 13 CITAÇÃO .................................................................................................................................................... 15 6.1Formas de citação ................................................................................................................................. 16 6.2Nulidade da citação ............................................................................................................................... 17 MECANISMOS DE SOLUÇÃO ADEQUADA DE CONFLITOS ................................................................. 18 07.1 Negociação......................................................................................................................................... 18 7.2 Conciliação ........................................................................................................................................... 18 DO DESINTERESSE DAS PARTES ......................................................................................................... 19 8.1Ausência das partes na audiência ........................................................................................................ 20 8.2Prazo para defesa ................................................................................................................................. 21 8.3Mediação ............................................................................................................................................... 22 8.4Funções do mediador ............................................................................................................................ 22 ARBITRAGEM E A LEI 9.307/96 COM AS MODIFICAÇÕES INTRODUZIDAS PELA LEI Nº 13.129/15 23 9.1A conciliação e a mediação judiciais no CPC e na Lei nº 13.140/15 .................................................... 24 9.2A mediação extrajudicial dos direitos disponíveis e indisponíveis transacionáveis .............................. 25 LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS .......................................................................... 25 CUSTAS PROCESSUAIS .......................................................................................................................... 29 11.1 Justiça gratuita ............................................................................................................................... 30 11.2 Má-fé na relação processual .......................................................................................................... 32 11.2 Responsabilidade por dano processual ......................................................................................... 33 11.3 Dever de colaboração .................................................................................................................... 33 11.4 Processo eletrônico ........................................................................................................................ 34 JULGAMENTO CONFORME ESTADO DO PROCESSO: EXTINÇÃO PARCIAL OU TOTAL DO PROCESSO .......................................................................................................................................... 35 12.1 Julgamento liminar de improcedência do pedido ............................................................................... 36 CONTESTAÇÃO E RECONVENÇÃO ....................................................................................................... 36 13.1 Dos prazos ..................................................................................................................................... 37 13.2 Prazos especiais ............................................................................................................................ 37 13.3 Das preliminares na contestação ................................................................................................... 38 13.4 Reconvenção ................................................................................................................................. 39 COMPETÊNCIA ......................................................................................................................................... 41 14.1 Suspeição e impedimento do juiz................................................................................................... 42 14.2 Incompetência ................................................................................................................................ 43 14.3 Modificação de competência .......................................................................................................... 44 FORMAÇÃO E SUSPENSÃO DO PROCESSO ........................................................................................ 46 15.1 Suspensão do processo ................................................................................................................. 47 REVELIA .................................................................................................................................................... 49 PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES ............................................................................................................ 51 DESPACHO SANEADOR .......................................................................................................................... 52 AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO .................................................................................................................... 53 TEORIA GERAL DA PROVA ..................................................................................................................... 54 20.1 Objeto da prova .............................................................................................................................. 55 20.2 Quem requer a produção de provas? ............................................................................................ 56 20.3 Ônus da prova ................................................................................................................................ 56 20.4 Provas ilícitas ................................................................................................................................. 57 20.5 Suspensão do processo ................................................................................................................. 58 20.6 Produção antecipada de provas .....................................................................................................58 20.7 Tipos de provas que podem ser antecipadas ................................................................................ 59 20.8 Competência .................................................................................................................................. 59 20.9 Petição ............................................................................................................................................ 60 PROVAS EM ESPÉCIE ............................................................................................................................. 60 21.1 Ata notarial ..................................................................................................................................... 61 21.2 Depoimento pessoal ....................................................................................................................... 62 21.3 Da confissão ................................................................................................................................... 63 21.4 Exibição de documento ou coisa ................................................................................................... 64 21.5 Prova documental .......................................................................................................................... 66 21.6 Prova testemunhal ......................................................................................................................... 68 21.7 Prova pericial .................................................................................................................................. 71 21.8 Inspeção judicial ............................................................................................................................. 74 EXTINÇÃO DO PROCESSO ..................................................................................................................... 75 22.1 Sentença terminativa ...................................................................................................................... 75 22.2 Sentença definitiva ......................................................................................................................... 77 22.3 Requisitos da sentença .................................................................................................................. 77 22.4 Sentença ilíquida ............................................................................................................................ 78 22.5 Sentença extra petita, ultra petita ou citra petita ............................................................................ 79 22.6 Da coisa julgada formal .................................................................................................................. 79 22.7 Da coisa julgada material ............................................................................................................... 79 REEXAME NECESSÁRIO ......................................................................................................................... 80 ENCERRAMENTO DA INSTRUÇÃO......................................................................................................... 81 24.1 Alegações Finais ............................................................................................................................ 81 25.1 Intervenção de terceiros na execução ........................................................................................... 85 25.2 Litisconsórcio na execução ............................................................................................................ 85 REQUISITOS DA EXECUÇÃO .................................................................................................................. 86 26.1 Inadimplemento do devedor ........................................................................................................... 86 26.2 Titulo executivo .............................................................................................................................. 87 26.2.1 Requisitos do título executivo ......................................................................................................... 88 RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL ..................................................................................................... 88 27.1 Responsabilidade patrimonial de terceiros .................................................................................... 91 LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA ................................................................................................................... 93 28.1 Liquidação provisória ..................................................................................................................... 94 28.2 Liquidação de sentença parcialmente ilíquida ............................................................................... 95 28.3 Liquidação por arbitramento ........................................................................................................... 95 28.5 Liquidação por procedimento comum ................................................................................................ 95 28.7 Liquidação de sentença genérica em ação civil pública ................................................................ 96 28.8 Liquidação na fase de execução .................................................................................................... 96 MEIOS DE EXECUÇÃO ............................................................................................................................. 97 29.1 Execução de título extrajudicial: regras gerais ............................................................................... 97 29.2 Execução por quantia certa............................................................................................................ 99 29.2.2 Processo de execução para entrega de coisa certa ..................................................................... 109 29.3 Processo de execução para entrega de coisa incerta ................................................................. 110 29.4 Processo de execução de obrigação de fazer e não fazer .......................................................... 110 29.5 Execução contra fazenda pública ................................................................................................ 111 29.6 Execução de alimentos ................................................................................................................ 112 FRAUDE A EXECUÇÃO E FRAUDE CONTRA CREDORES ................................................................. 112 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA............................................................................................................ 115 31.1 Cumprimento de sentença: obrigação de fazer, não fazer e entrega de coisa certa .................. 116 31.2 Cumprimento de sentença de quantia certa ................................................................................ 116 31.3 Cumprimento de sentença de quantia certa contra fazenda pública ........................................... 117 31.4 Cumprimento de sentença de prestação de alimentos ................................................................ 118 PROTESTO DA DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO E NEGATIVAÇÃO DO NOME DO DEVEDOR ........................................................................................................................................... 118 A HIPOTECA JUDICIÁRIA ....................................................................................................................... 119 SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DAS EXECUÇÕES .................................................................................... 120 35.1 Suspensão das execuções ..........................................................................................................120 35.2 Extinção das execuções ............................................................................................................... 121 DEFESA DO EXECUTADO ..................................................................................................................... 122 36.1 Embargos à execução .................................................................................................................. 122 36.2 Procedimento dos embargos ....................................................................................................... 125 36.3 Impugnação ao cumprimento de sentença .................................................................................. 129 36.3.1 Procedimento da impugnação ao cumprimento de sentença ....................................................... 131 EXCEÇÕES E OBJEÇÕES DE PRÉ-EXECUTIVIDADE ......................................................................... 132 DEFESA DO EXECUTADO APÓS A APRESENTAÇÃO DOS EMBARGOS ......................................... 133 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 135 ATOS PROCESSUAIS O processo consiste em uma sucessão de atos. Atos processuais são os atos humanos realizados no processo, os quais devem ser praticados em conformidade com o que determina a lei. “No entanto, o CPC flexibiliza essa regra, em especial no artigo 190, ao permitir que, nos processos em que se admite a autocomposição, as partes capazes possam estipular mudanças no procedimento e convencionar sobre o seu ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou depois do processo, com o controle do juiz” (GONÇALVES, 2016, p. 307). Um ato processual não se assemelha a um fato processual, visto que esses se realizam independentemente da vontade do agente, ocorrendo naturalmente, porém causando algum efeito ao processo, como a morte de uma das partes, por exemplo. a) Atos processuais das partes: previsto no artigo 200 do NCPC, se subdivide em declarações unilaterais, que são os atos realizados apenas pela parte, como no caso da petição inicial, ou bilaterais, que requerem a manifestação de ambas as partes, como no caso do acordo. São atos que geram imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. Os atos das partes também podem ser classificados em atos postulatórios, que exprimem a pretensão das partes (petição inicial), instrutórios, que visam provar as respectivas alegações, ou dispositivos, que são os atos que finalizam o processo. b) Atos processuais do juiz: o pronunciamento do juiz poderá ser feito através de sentenças, decisões interlocutórias e despachos. De acordo com art. 203, §1º, sentença é o meio pelo qual o juiz, através dos artigos 485 e 487, finaliza a fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. Decisão interlocutória é toda decisão judicial que não se enquadra no conceito de sentença (§ 2º). E despacho são os demais procedimentos do juiz realizados no processo, de ofício ou a requerimento da parte (§ 3º). 01 c) Atos processuais dos auxiliares de justiça: são os atos praticados pelo escrivão ou chefe de secretaria. Estão disciplinados nos artigos 206 a 2011 do NCPC. Questão 01 - XX Exame: Rafael e Paulo, maiores e capazes, devidamente representados por seus advogados, celebraram um contrato, no qual, dentre outras obrigações, havia a previsão de que, em eventual ação judicial, os prazos processuais relativamente aos atos a serem praticados por ambos seriam, em todas as hipóteses, dobrados. Por conta de desavenças surgidas um ano após a celebração da avença, Rafael ajuizou uma demanda com o objetivo de rescindir o contrato e, ainda, receber indenização por dano material. Regularmente distribuída para o juízo da 10ª Vara Cível da comarca de Porto Alegre/RS, o magistrado houve por reconhecer, de ofício, a nulidade da cláusula que previa a dobra do prazo. Sobre os fatos, assinale a afirmativa correta. A) O magistrado agiu corretamente, uma vez que as regras processuais não podem ser alteradas pela vontade das partes. B) Se o magistrado tivesse ouvido as partes antes de reconhecer a nulidade, sua decisão estaria correta, uma vez que, embora a cláusula fosse realmente nula, o princípio do contraditório deveria ter sido observado. C) O magistrado agiu incorretamente, uma vez que, tratando-se de objeto disponível, realizado por partes capazes, eventual negócio processual, que ajuste o procedimento às especificidades da causa, deve ser respeitado. D) O juiz não poderia ter reconhecido a nulidade do negócio processual, ainda que se tratasse de contrato de adesão realizado por partes em situações manifestamente desproporcionais, uma vez que deve ser respeitada a autonomia da vontade. 1.1 Nulidades Um ato processual será considerado nulo quando não observar todos os requisitos de validade e acarretar algum prejuízo. Se o juiz identificar uma nulidade durante o processo, ordenará que seja corrigida, avaliando, inclusive, se os atos posteriores que dele dependam também devem ser reparados (artigo 282 do NCPC). A nulidade de um ato só poderá anular os atos posteriores que dele dependam, não prejudicando os atos posteriores independentes, conforme disciplina o artigo 281 do NCPC. Após o encerramento do processo ainda haverá a possibilidade de ser alegada alguma nulidade absoluta, através da ação rescisória, entretanto, passado o prazo para a propositura da ação, a nulidade restará sanada. Já a nulidade relativa deverá ser alegada na primeira oportunidade, sob pena de preclusão. Enquanto a nulidade não for identificada e o juiz não a reconhecer ela será considerada um ato válido, produzindo seus efeitos normalmente. A nulidade, nesse caso, diz respeito apenas aos atos praticados pelo juiz ou seus auxiliares, sendo que os atos praticados pelas partes, caso estejam em desconformidade com os requisitos legais, apenas não irão gerar efeitos, sendo atos ineficazes e não nulos. São exemplos de atos nulos: - As decisões prolatadas por juízes impedidos ou por juízos absolutamente incompetentes; - Falta de intervenção do Ministério Público, quando obrigatória; - A citação realizada sem obediência às formalidades legais; - A sentença que não observe a forma prescrita em lei. (GONÇALVES, 2016, p. 322). A nulidade absoluta poderá ser decretada de ofício ou por qualquer uma das partes (exceto em alguns casos), já a relativa só poderá ser alegada pela parte interessada/prejudicada. De acordo com o artigo 277 do NCPC, o ato será considerado válido pelo juiz, desde que tenha alcançado a finalidade para o qual foi previsto, mesmo que tenha sido realizado de forma contrária a lei. Isso porque adota-se o princípio da instrumentalidade das formas, que diz que a forma é necessária apenas para que o ato alcance o seu objetivo, sendo que se atingir o objetivo por outro meio não existirá o vício. Exemplo: o réu é citado de forma incorreta, mas comparece à audiência e se defende. O ato que inicialmente era nulo se tornará válido. Questão 02 - XX Exame (Salvador): No decorrer da tramitação de uma ação, em que se discutiam as declarações de última vontade contidas em um testamento, foi alegada, pela parte interessada, a ausência de intervenção obrigatória do Ministério Público, requerendo, como consequência, a anulação de todo o procedimento. Com base no CPC/15, assinale a afirmativa correta. A) A alegação está correta, uma vez que compete ao Ministério Público intervir nas causas concernentes a disposiçõesde última vontade, sob pena de nulidade. B) O advogado da parte contrária pode arguir a inexistência de obrigatoriedade de intervenção, uma vez que, nesse caso, cabe ao parquet avaliar a presença do interesse público ou social, decidindo ou não pela intervenção. C) Não há nulidade na situação narrada, pois a obrigatoriedade de intervenção do Ministério Público se limita às ações em que haja interesse de incapaz ou participação da Fazenda Pública. D) A alegação de nulidade está correta, de modo que o juiz deverá invalidar todo o processo, desde a distribuição. 1.2 Ineficácia A ineficácia de um ato processual ocorre quando não há a observância de alguma forma essencial ou estrutural do processo. A ineficácia, diferentemente da nulidade, não será sanada pelo decurso do tempo, podendo ser alegada a qualquer momento, ou seja, não gera a preclusão. Se for identificada a ineficácia no curso do processo, o juiz determinará que o ato seja sanado, com a renovação dos atos viciados e os seus subsequentes, e se o processo já estiver encerrado poderá ser alegada através de uma ação declaratória de ineficácia, impugnação ao cumprimento de sentença ou ação de embargos à execução. 1.3 Processo calendário Os atos processuais serão praticados em dias úteis, das 06 às 20 horas, conforme o artigo 212 do NCPC. Esse prazo poderá ser prorrogado no caso de finalização de algum ato iniciado dentro do horário, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano (§1º), exceto no caso dos atos (não eletrônicos) que dependam de protocolo, sendo que esses só poderão ser realizados dentro do horário de expediente do respectivo órgão. Já os atos processuais realizados por meio eletrônico poderão ocorrer até as 24 horas do último dia do prazo, independentemente do horário (artigo 213 do NCPC). No período das férias forenses, feriados ou dias úteis fora do horário mencionado anteriormente os atos processuais não serão praticados, exceto no caso das citações, intimações, penhoras e tutelas de urgência, independentemente de autorização judicial. Ainda, durante as férias forenses também serão praticados outros atos processuais, conforme o artigo 215 do NCPC. Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, onde as houver, e não se suspendem pela superveniência delas: I - os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários à conservação de direitos, quando puderem ser prejudicados pelo adiamento; II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remoção de tutor e curador; III - os processos que a lei determinar. Para efeito forense, além dos declarados em lei, também consideram-se como feriados, os sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente nos órgãos jurisdicionais (artigo 216 do NCPC). Em regra, os atos processuais se realizarão na sede do juízo (cartório ou vara judicial). Porém, de acordo com o artigo 217 do NCPC, também podem se realizar em outro lugar, em razão do interesse da justiça (cartas precatórias), bem como diante da natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz (testemunha que não tem condições de se locomover). PROCESSO DE CONHECIMENTO 2.1 Procedimentos no novo processo civil A partir da entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil, as disposições relativas ao procedimento sumário e aos procedimentos especiais (do antigo CPC, que foram revogadas) passam a seguir o procedimento comum ou um dos procedimentos especiais regulados em outras leis, conforme dispõe o artigo 1.046. Desta forma, conforme o § 1o, do referido artigo, o procedimento sumário deixa de existir nos novos processos, contudo, as ações propostas que não foram sentenciadas até a entrada em vigor do NCPC, seguirão o rito sumário normalmente. Os procedimentos podem ser classificados em: a) Comuns: segue sempre o mesmo padrão, são aqueles que a lei não definir o procedimento especial. É encontrado no Livro I, Título I, da Parte Especial do CPC. b) Especiais: possuí procedimento especifico, encontrado no Título III, do mesmo livro. PETIÇÃO INICIAL O juiz não age por ofício nos processos, isto é, faz-se necessário a iniciativa da parte (ou do Ministério Público, arts. 177 e 720) a partir da formulação do pedido, a petição inicial é a peça exordial para a inauguração do processo civil, independente do rito. Será a responsável pela instauração da demanda e da tutela pública ou privada. Conforme artigos 319 e 320 do CPC, a petição inicial deverá conter alguns requisitos: Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; 02 03 II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. § 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. § 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. § 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. O NCPC traz uma inovação referente a qualificação das partes na petição inicial, tratado no artigo 319, inciso II, refere que a petição agora deverá indicar além do nome, prenomes, estado civil, profissão, domicilio e residência do autor e do réu, deverá mencionar também a existência de união estável, o CPF ou CNPJ e o email (pelo qual poderá ser feita intimação ou citação, de acordo com o artigo 246, inciso V do NCPC). A petição não será indeferida, se na falta da indicação de uma dessas informações, ainda seja possível a citação do réu, ou então se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça, conforme §§ 2º e 3º, do artigo 319 do NCPC. Ainda, o juiz tem o dever de, quando o réu não for encontrado, ou não houver dados suficientes sobre sua localização, requisitar informações sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de concessionárias de serviços públicos (art. 256, §3º), podendo essas diligências serem requeridas ao juiz, na petição inicial (art. 319, VII e 334, do CPC). Além do mais, a petição inicial deverá indicar se o autor deseja ou não de que lhe seja designada audiência de conciliação ou mediação (art. 334), bem como, deverá juntar a procuração contendo nome do advogado, OAB, endereço completo (art. 105, §2º). A não juntada será admitida somente, para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente (art. 287, I c/c art. 104). Assim, a indicação e a qualificação completa das partes deverá conter: os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu. Para as pessoas jurídicas deveser indicado: nome da empresa, sede, número de inscrição no CNPJ, endereço eletrônico, representante da pessoa jurídica (colocar a qualificação do representante). Se o autor for absolutamente ou relativamente incapaz, deverá ser indicado a pessoa que o representa ou assiste. EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL O juiz poderá determinar que o autor emende ou complete a inicial – salvo na hipótese do inciso VI, do artigo 319 (refere as provas que o autor produzirá), ou na ausência de documento indispensável à propositura da ação, que ensejará na resolução sem mérito – no prazo de 15 dias, indicando precisamente o que deve ser corrigido ou completado na inicial, conforme artigo 321: Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. Assim, se o juiz verificar que petição inicial não preenche os requisitos dos artigos 319 e 320 do CPC, ou apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento, determinará que o autor emende ou a complete, no prazo de 15 dias. Observe que o juiz precisa indicar o que deve ser emendado, sendo vedado ordem genérica. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a inicial. Já, do não recebimento da inicial, o autor poderá apelar da decisão no prazo de 15 dias (art. 331). 04 O prazo para emendar a petição inicial não é preclusivo, “se o autor a emendar depois de quinze dias, o juiz receberá a emenda, salvo se tiver proferido a sentença de indeferimento” (GONÇALVES, 2016, p. 423). INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL A petição inicial pode conter vícios que são insanáveis, como por exemplo, ilegitimidade de parte, neste caso, como o vício não pode ser regularizado, ocorrerá o indeferimento liminar, julgando extinto o processo, sem resolução do mérito (através da sentença), portanto o recurso cabível é a apelação, no prazo de 15 dias, sendo que o juiz poderá retratar-se da decisão no prazo de 05 dias. As hipóteses de indeferimento estão dispostas no artigo 330: Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; II - a parte for manifestamente ilegítima; III - o autor carecer de interesse processual; IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. Considera-se inepta a petição que não conter causa de pedir ou pedido, o pedido for indeterminado, se da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão e contiver pedidos incompatíveis entre si. O Juiz julgará, como regra, a extinção sem resolução de mérito (art. 485) a petição que for inepta, sempre que o autor formular pedido genéricos e indeterminados, salvo as hipóteses do artigo 324, §1º do NCPC: Art. 324. O pedido deve ser determinado. § 1o É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; 05 II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. § 2o O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção. O juiz poderá julgar liminarmente improcedente o pedido, independentemente da citação, quando contrariar (art. 332): I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. Ou poderá julgar liminarmente improcedente o pedido, se verificar a ocorrência de decadência ou prescrição (art. 332, §1º), julgando com resolução de mérito (art. 487). O autor terá prazo de quinze dias para interpor apelação contra decisão proferida, caso não seja interposta, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do artigo 241. Caso haja interposição do recurso, o juiz poderá retratar-se, não havendo retratação, o réu será intimado para apresentar contrarrazões de apelação no prazo de quinze dias (ainda que não tenha sido citado para apresentar contestação). Ex.: João entra com uma ação, o juiz julgou de forma liminar a improcedência da ação, o autor apela, e o réu que nem sabia da existência dessa ação será chamado para apresentar contrarrazões. No caso de sentença reformada: “Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos, observados o disposto no artigo 334 do CPC” (MOTA et al, 2016, p.684). CITAÇÃO No Código de Processo Civil anterior o pedido de citação era essencial na petição inicial, sob pena de ter que emendar a inicial, contudo, no novo CPC, não mais se exige tal pedido, como pode-se conferir no quadro comparativo abaixo: Nota-se que no lugar do requerimento de citação no CPC de 1973, hoje se prevê que o autor deverá manifestar seu interesse ou não na audiência de conciliação ou de mediação, não mencionando mais o dever do autor de requerer a citação. 06 6.1 Formas de citação O NCPC trouxe uma inovação quanto ao meio de citação (art. 246), a possibilidade de utilização da fé pública do escrivão ou do chefe de secretaria para citação. O escrivão ou o chefe de secretaria fará a citação no balcão do fórum, certificando no processo que a parte está sendo citada. As demais formas de citação continuam da mesma forma (art. 246): Art. 246. A citação será feita: I - pelo correio; II - por oficial de justiça; III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório; IV - por edital; V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei. § 1o Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, as empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse meio. § 2o O disposto no § 1o aplica-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às entidades da administração indireta. § 3o Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes serão citados pessoalmente, exceto quando tiver por objeto unidade autônoma de prédio em condomínio, caso em que tal citação é dispensada. A chamada citação por hora certa, nada mais é do que após duas tentativas de citação pelo oficial de justiça, poderá o réu ser citado por hora certa, desde que seja suspeito de ocultação. A citação por edital antes, no antigo CPC, ocorria no diário oficial e no jornal local, agora ela ocorrerá em duas plataformas digitais, no site do Tribunal de Justiça (se em âmbito estadual) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), sendo FACULTATIVA a publicação em jornal local. “Despacho que ordena a citação interrompe a prescrição, ainda que ordenado por juízo incompetente. Ao proferi-lo, o juiz, implicitamente, está recebendo a petição inicial, o que pressupõe que ela esteja em ordem” (GONÇALVES, 2016, p. 397). Os efeitos da citação estão elencados no artigo 240 do CPC: Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em morao devedor, ressalvado o disposto nos § 1o A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação. § 2o Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto no § 1o. § 3o A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. § 4o O efeito retroativo a que se refere o § 1o aplica-se à decadência e aos demais prazos extintivos previstos em lei. 6.2 Nulidade da citação O NCPC ao falar de citação, trouxe diversas novidades. Anteriormente o réu, na contestação alegava nulidade da citação e o juiz poderia reconhecer essa nulidade e intimar o réu da decisão, sendo que a partir disso começava a correr o prazo de contestação novamente, contudo, no novo CPC, diz que o comparecimento espontâneo do réu, supre a nulidade da citação, vide o artigo 239: Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido. § 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução. § 2o Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de processo de: I - conhecimento, o réu será considerado revel; II - execução, o feito terá seguimento. Decorre do princípio da instrumentalidade, expressamente convencionado no artigo 188, do NCPC, o quer dizer que: A desobediência a determinada forma prescrita na lei processual não invalidará o ato que tenha atingido o resultado para o qual foi previsto. Por exemplo: a lei impõe determinadas formalidades para a citação do réu. Ainda que desobedecidas, o ato será válido se o réu comparecer ajuízo (CPC, art. 239, § 1°). A finalidade da citação é dar ciência ao réu da existência do processo; e, se ele compareceu, é porque tomou conhecimento (GONÇALVES, 2016, p. 40). Desta forma, estando o réu habilitado no processo, começara a correr os prazos, ainda que ele apenas tenha se habilitado para dizer que a citação é nula ou que não foi citado, ou seja, não poderá se habilitar no processo e esperar o juiz decidir se há ou não nulidade, deverá desde já observar o prazos processuais. MECANISMOS DE SOLUÇÃO ADEQUADA DE CONFLITOS Como regra geral, cabe apenas ao Poder Judiciário intervir nas relações jurisdicionais, porém de acordo com o artigo 3º, § 2º, do NCPC, admite-se também que os conflitos sejam solucionados de forma consensual, sempre que possível, através dos meios que serão estudados a seguir. 07.1 Negociação A negociação é o método que visa auxiliar as partes no objetivo de encontrar uma solução adequada para os conflitos, ou seja, é a base que dá fundamento as demais técnicas. Para a efetivação de uma negociação será necessário o envolvimento das partes, tendo como estratégias, entre outras, a cooperação, a capacidade de superar a desconfiança e a animosidade (GARCEZ, 2004). 7.2 Conciliação Os Tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos (composição e organização definida pelo CNJ), locais onde se realizarão sessões e audiências de conciliação e mediação, conforme o que estabelece o artigo 165, do NCPC. Essa audiência não será realizada pelo juiz, na sala de audiências, mas pelos conciliadores ou mediadores, nos centros judiciários de solução consensual de conflitos, que serão criados pelos tribunais. A redação peremptória do art. 165, caput, não deixa dúvida quanto à obrigatoriedade imposta aos tribunais de que criem tais centros. Sem eles, não haverá como realizar adequadamente a audiência inicial do procedimento comum. Onde houver mais de uma vara, caberá ao Centro, que 07 deverá ocupar espaço próprio, realizar todas as audiências do art. 334, para todos os juízos (GONÇALVES, 2016, p. 40). O conciliador atuará preferencialmente nos casos em que NÃO houver vinculo anterior entre as partes, podendo sugerir soluções ao litigio, já o mediador atuará preferencialmente nos casos em que houver vinculo anterior entre as partes litigantes, auxiliando-os a entender as questões em conflitos, apenas auxiliando para que as próprias partes encontrem uma solução consensual. Os mediadores e conciliadores, formados por cursos do CNJ, é que comandarão tais audiências, não os juízes, esses apenas homologarão os acordos, quando houver. Os mediadores e conciliadores serão escolhidos pelas partes em comum acordo (art. 168), não havendo acordo, haverá distribuição entre aqueles cadastrados no registro do tribunal. DO DESINTERESSE DAS PARTES Já no início da fase postulatória o Juiz marcará audiência de mediação ou conciliação, atendendo o que prevê o artigo 3º, §2º e 3º do NCPC: Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei. § 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. § 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. O autor deverá demonstrar na petição inicial que tem interesse na audiência de mediação e conciliação. Contudo, ainda que diga que não tem interesse, o juiz marcará audiência e mandará citar o réu, que também deverá se manifestar sobre o seu interesse na autocomposição, somente não será designada quando o juiz entender que a autocomposição é inviável naquela lide ou se AMBAS as partes 08 disserem que não tem interesse. Se o autor omitir na inicial seu interesse ou não pela audiência, o juiz entenderá sua omissão como concordância com o ato, então, caso o réu venha a dizer que não tem interesse, será designada audiência mesmo assim, ou ainda, se o autor disser que não quer, mas o réu se manifestar pela realização da audiência de conciliação ou mediação, ela será designada pelo juiz. De acordo com o artigo 334 do NCPC, o juiz ao receber a petição e não for caso de improcedência liminar, deverá designar a audiência de conciliação ou mediação com antecedência mínima de 30 dias, sendo que o réu terá que ser citado, pelo menos 20 dias antes da audiência e sua manifestação de desinteresse ou interesse deverá ser apresentada até 10 dias antes (§5º) da audiência. Em caso de litisconsórcio, todos deverão manifestar o desinteresse (§6º). Ainda, o artigo 166 do NCPC, diz que a conciliação e a mediação serão informadas pelos princípios da independência, imparcialidade, autonomia da vontade, confidencialidade, oralidade, informalidade e da decisão informada. 8.1 Ausência das partes na audiência O comparecimento das partes é obrigatório, sob pena de ato atentatório contra à dignidade da justiça e sob pena de multa de 2% da vantagem econômica pretendia ou do valor da causa. As partes devem comparecer e estarem acompanhadas de seus respectivos advogados ou defensores públicos. Contudo, se a parte não puder comparecer, poderá ser representada por seu advogado, desde que tenha procuração com poderes específicos (art. 334, §10º). Questão 03 - XX Exame: Distribuída a ação, Antônia (autora) é intimada para a audiência de conciliação na pessoa de seu advogado. Explicado o objetivo desse ato pelo advogado, Antônia informa que se recusa a participar da audiência porque não tem qualquerpossibilidade de conciliação com Romero (réu). Acerca da audiência de conciliação ou de mediação, com base no CPC/15, assinale a afirmativa correta. A) Romero deverá ser citado para apresentar defesa com, pelo menos, 15 (quinze) dias de antecedência. B) A audiência não será realizada, uma vez que Antônia manifestou expressamente seu desinteresse pela conciliação. C) Ainda que ambas as partes manifestem desinteresse na conciliação, quando a matéria não admitir autocomposição, a audiência de conciliação ocorrerá normalmente. D) Antônia deve ser informada que o seu não comparecimento é considerado ato atentatório à dignidade da justiça, sob pena de multa. 8.2 Prazo para defesa Começará a correr o prazo para defesa no primeiro dia útil subsequente em que as partes não realizarem o acordo em audiência, ou, caso haja auto composição, o processo será extinto, homologada sentença pelo juiz, tornando-se título executivo judicial (art. 515, II). Se na petição inicial o autor se manifestou pela não realização da audiência de mediação ou conciliação, no primeiro dia útil subsequente ao protocolo do pedido de cancelamento do réu (quanto a audiência de conciliação e mediação) começará a correr o prazo para contestar. Em caso de litisconsórcio, para ter o prazo em dobro, deverão ter diferentes procuradores, com escritórios diversos. Para a audiência de conciliação ou mediação, todas partes deverão se manifestar, o silêncio de alguma acarreta na designação da audiência, pelo juiz. Em caso de cancelamento, todos os réus litisconsortes devem manifestar que não querem. Nesses casos, o prazo começará a contar desde a manifestação de cada réu, diferente do antigo Código, onde o prazo começava a correr do último litisconsorte, ficando um prazo único para todos os réus. Agora, no NCPC, o prazo é diferente para cada réu, começando a correr a partir do primeiro dia útil subsequente ao protocolo de cancelamento da audiência de cada um. 8.3 Mediação Trata-se de um meio de solução de conflitos. Seu conceito está disciplinado no parágrafo único, do artigo 1º, da Lei nº 13.140/15, que assim dispõe: “Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia”. De acordo com o artigo 2º da Lei nº 13.140/15, a mediação deverá seguir os seguintes princípios: I - Imparcialidade do mediador; II - Isonomia entre as partes; III - Oralidade; IV - Informalidade; V - Autonomia da vontade das partes; VI - Busca do consenso; VII - Confidencialidade; VIII - Boa-fé. Essa técnica poderá tratar de todo um processo ou apenas de uma parte dele. A audiência de conciliação ou mediação poderá ser realizada também por meio eletrônico, conforme o artigo 334, §7º, do NCPC. O objeto da mediação pode ser tanto questões que tratam de direitos disponíveis, quanto de direitos indisponíveis, conforme o artigo 3º, da Lei nº 13.140/15. 8.4 Funções do mediador O mediador será indicado pelo tribunal ou pelas partes. Ele intermediará a conversação entre os litigantes, visando o entendimento e o acordo entre eles, com o objetivo de resolver o conflito. No momento da escolha do mediador é importante observar as hipóteses de suspeição e impedimento do juiz, visto que nesse caso se aplicam as mesmas normas, devendo ser observados os artigos 144 e 145 do NCPC. Assim, o mediador tem a obrigação de revelar, antes de assumir o posto, qualquer circunstância que comprometa a sua imparcialidade, dando a oportunidade para que as partes se manifestem sobre a sua aceitação ou não. Depois de mediar algum processo, o mediador fica impedido, pelo período de um ano, de figurar nas demandas que envolvam as partes que mediou. Fica impedido, ainda, de ser arbitro ou testemunha nos processos em que tenha atuado. Para os efeitos penais, o mediador e os que o auxiliaram são igualados a um servidor público. A audiência de mediação será marcada pelo juiz, após serem observados os requisitos da petição inicial e não sendo caso de indeferimento preliminar. A partir da primeira sessão o procedimento tem 60 dias para ser finalizado, exceto no caso de ambas as partes concordarem pela prorrogação. Havendo êxito e sendo feito acordo entre as partes, o processo será arquivado pelo juiz, ou, em caso de pedido das partes, o juiz, antes do arquivamento, homologará o acordo através da uma sentença. Caso não tenha ocorrido a citação do réu no momento da solução do conflito, não serão cobradas custas judiciais finais. ARBITRAGEM E A LEI 9.307/96 COM AS MODIFICAÇÕES INTRODUZIDAS PELA LEI Nº 13.129/15 A arbitragem, que está disciplinada na Lei nº 9.307/96, é uma técnica de solução de conflitos, onde as partes, através de um acordo, escolhem uma terceira pessoa que ficará encarregada de decidir a demanda, atuando como uma espécie de juiz. Porém, não é para qualquer conflito que se admite a referida técnica, sendo que existem algumas limitações, precisando, assim, de autorização judicial. A Lei nº 13.129/15 trouxe algumas modificações a esse instituto em relação a sua aplicação: Recentemente, através da edição da Lei 13.129/15 foi ampliada a aplicação da arbitragem para dispor sobre a escolha de árbitros quando as partes recorrem a órgão arbitral, a interrupção da prescrição pela instituição da arbitragem. Ademais, 09 regulamenta a concessão de tutelas de urgência, carta arbitral, bem como a sentença arbitral. (MOTA et al, 2016, p. 573). De acordo com o artigo 31 da Lei 13.129/15, a sentença proferida pelo juiz arbitral constituirá título executivo se for condenatória, mas o conteúdo da referida sentença poderá ser averiguado pelo Poder Judiciário, em se tratando dos elementos de regularidade. E diferentemente da mediação, na arbitragem apenas podem ser apreciados os direitos disponíveis, que são os patrimoniais. 9.1 A conciliação e a mediação judiciais no CPC e na Lei nº 13.140/15 A conciliação e a mediação também podem ser utilizadas em relações envolvendo pessoas jurídicas de Direito Público. O artigo 174 do NCPC, dispõe que: Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como: I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública; II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública; III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta. Também encontra amparo legal nos artigos 32 e seguintes da Lei nº 13.140/15. A criação dessas câmaras não obriga que todos os conflitos do Poder Público sejam apreciados por elas, visto que são facultativos, e com a ressalva de que estejam previstos no regulamento do ente federado. Ainda, exclui-se os conflitos que apenas podem ser decididos pelo Poder Legislativo. Poderá haver mediação coletiva de casos referentes a prestação de serviços públicos. Quando instaurados os procedimentos de mediação e arbitragem na administração pública ocorre a suspensão da prescrição. Também poderão ser criadas câmeras para resolver os conflitos entre particulares nas questões que se referem a atividades supervisionadas ou reguladas pelo Poder Público. 9.2 A mediação extrajudicial dos direitos disponíveis e indisponíveis transacionáveis A mediação também pode ocorrer extrajudicialmente,no caso de as partes tentarem resolver o conflito, através da mediação, antes de adentrarem na esfera judicial. Poderá atuar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz, não precisando ter feito nenhum curso específico, desde que tenha a confiança das partes e seja capacitado para fazer mediação (artigo 9º, da Lei nº 13.140/15). A escolha do mediador será feita livremente pelas partes. O convite feito pela parte interessada na mediação extrajudicial à outra parte poderá ser feito através de qualquer meio de comunicação, devendo ser estipulado o objetivo para a negociação, a data e o local do primeiro encontro. Diante disso, a parte contrária poderá aceitar ou recusar expressamente a mediação ou até mesmo não responder, caso em que será considerado rejeitado, visto que a lei estipula o prazo de 30 dias para resposta (artigo 21, parágrafo únicos, da Lei nº 13.140/15). Se a parte convidada não comparecer à primeira reunião de mediação e não houver cláusula punitiva regulando essa possibilidade, ficará obrigada ao pagamento de cinquenta por cento das custas e honorários sucumbenciais caso venha a ser vencedora em procedimento arbitral ou judicial posterior, que envolva o escopo da mediação para a qual foi convidada (artigo art. 22, § 2º, IV, da Lei). LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS O litisconsórcio ocorre quando duas ou mais pessoas são partes em um mesmo processo, tendo interesses em comum. O instituto do litisconsórcio está previsto no artigo 113 do NCPC, que disciplina que: Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; 10 II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. No caso de haver mais de um autor, o litisconsórcio será chamado de ativo, havendo mais de um réu, litisconsórcio passivo, e se houver pluralidade de autores e réus, será chamado de misto. O litisconsórcio pode ser obrigatório ou não. No caso de ser obrigatório, tem- se o litisconsórcio necessário ou obrigatório, acarretando, no caso de sua não observância, a extinção do processo (artigo 115, parágrafo único, do NCPC). E não existindo essa obrigatoriedade, tem-se o litisconsórcio facultativo. O litisconsórcio necessário ou obrigatório decorre de expressa previsão legal, como no caso do artigo 73 do NCPC, que exige que ambos os cônjuges ou companheiros figurem conjuntamente em ações que versem sobre direito real imobiliário ou, ainda, devido à natureza da relação entre as partes. Já o litisconsórcio facultativo deriva apenas da vontade da parte autora, que pode optar por propor uma única ação contra todos os réus que tenham ligação na demanda. Ainda, o litisconsórcio poderá ser simples, quando a sentença não tiver que ser igual para todos os litisconsortes, ou unitário, quando necessariamente precisar ser igual para todos. Questão 04 - XXII Exame: Antônia contratou os arquitetos Nivaldo e Amanda para realizar o projeto de reforma de seu apartamento. No contrato celebrado entre os três, foi fixado o prazo de trinta dias para a prestação do serviço de arquitetura, o que não foi cumprido, embora tenha sido feito o pagamento dos valores devidos pela contratante. Com o objetivo de rescindir o contrato celebrado e ser ressarcida do montante pago, Antônia procura um advogado, mas lhe informa que não gostaria de processar Amanda, por serem amigas de infância. Sobre a hipótese apresentada, assinale a opção que indica o procedimento correto a ser adotado. A) Será possível o ajuizamento da ação unicamente em face de Nivaldo, na medida em que a hipótese tratada é de litisconsórcio simples. A sentença proferida contra Nivaldo será ineficaz em relação a Amanda. B) Não será possível o ajuizamento da ação unicamente em face de Nivaldo, uma vez que a hipótese tratada é de litisconsórcio necessário. Caso a ação não seja ajuizada em face de Amanda, o juiz deverá determinar que seja requerida sua citação, sob pena de extinção do processo. C) Será possível o ajuizamento da ação unicamente em face de Nivaldo, na medida em que a hipótese tratada é de litisconsórcio facultativo. A sentença proferida contra Nivaldo será eficaz em relação a Amanda, pois entre eles há comunhão de direitos ou de obrigações. D) Não será possível o ajuizamento da ação unicamente em face de Nivaldo, uma vez que a hipótese tratada é de litisconsórcio simples. A sentença proferida contra Nivaldo será ineficaz. Em relação a intervenção de terceiros, em regra, a decisão atinge apenas as partes que integram a lide, ou seja, autor e réu. Porém existem casos em que a sentença acaba atingindo também pessoas estranhas ao processo, violando ou ameaçando algum direito seu. Nesses casos, o terceiro interessado pode vir a integrar a demanda, seja voluntariamente ou diante da provocação de uma das partes. A intervenção de terceiros pode se dar através das seguintes formas: a) Assistência: Trata-se de uma intervenção voluntária, em que um terceiro interessado no conteúdo da sentença intervém no processo a fim de assistir e ajudar a parte com a qual tenha relação jurídica. Chama-se assistência simples. Ainda, existe a assistência litisconsorcial, que é quando o assistente e uma das partes tem um adversário em comum e o assistente visa defender um direito seu. Nesse caso ele poderá pertencer tanto ao polo ativo, quando ao passivo. b) Denunciação da lide: Aqui a intervenção é originada pela iniciativa de uma das partes, que será chamado de denunciante, cujo objetivo é garantir o direito de regresso no caso de improcedência do processo. Esse direito de regresso somente será julgado pelo juiz se o denunciante perder a ação principal. Está previsto no artigo 125 do NCPC. c) Chamamento ao processo: Ocorre quando o réu chama a integrar o polo passivo da demanda (apenas em processos de conhecimento) os demais devedores da mesma dívida, configurando o litisconsórcio passivo. Assim, ao invés do réu pagar integralmente a dívida no processo e depois ter direito de regresso contra os outros devedores, ele já os chama para integrar o processo e ali mesmo ser estipulada a responsabilidade de cada um. As hipóteses de chamamento ao processo estão disciplinadas no artigo 130 do NCPC: Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu; II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. CUSTAS PROCESSUAIS O processo envolve uma série de gastos e atividades, como a manutenção dos prédios onde são desempenhas as atividades, os serviços dos juízes, peritos, servidores, advogados, entre outros. Grande parte desses custos são pagos pelo Estado através dos tributos, porém uma parcela é cobrada dos que utilizam efetivamente os serviços, exceto nos casos da concessão da assistência judiciária gratuita. Além das custas, o trâmite de um processo requer, ainda, o pagamento de despesas, honorários advocatícios e multas, se descumprida alguma obrigação. Esses encargos processuais estão disciplinados nos artigos 82 a 97 do NCPC. Questão 05 - XX Exame (Salvador) Alessandra é fiadora no contrato de locação do apartamento de Mariana. Diante do inadimplementode vários meses de aluguel, Marcos (locador) decide ajuizar ação de cobrança em face da fiadora. Alessandra, em sua defesa, alegou que Mariana também deveria ser chamada ao processo. Com base no CPC/15, assinale a afirmativa correta. A) O fiador se compromete com a dívida do afiançado, de modo que não pode exigir a sua participação na ação de cobrança promovida. B) Sendo certo que Alessandra não participou da relação jurídica existente entre Mariana e Marcos, permite-se o chamamento ao processo do locatário a qualquer tempo. C) Incorreta a atitude de Alessandra, pois o instituto apto a informar ao juízo o real devedor da relação é a nomeação à autoria. D) Alessandra deve viabilizar a citação de Mariana no prazo de 30 dias, sob pena de o chamamento ao processo ficar sem efeito. 11 11.1 Justiça gratuita De acordo com o artigo 98 do NCPC, toda pessoa natural ou jurídica, tanto brasileira, quanto estrangeira, que tenha insuficiência de recursos para o pagamento das custas, das despesas processuais e dos honorários advocatícios, tem direito à justiça gratuita. Embora tenha havido discordância quanto ao fato da pessoa jurídica também poder ser beneficiária da justiça gratuita, predomina o entendimento de que a pessoa jurídica também tem direito ao benefício, visto que, muito embora não possa constituir família, pode muito bem possuir insuficiência de recursos (Súmula 481 do STJ). O benefício da justiça gratuita está previsto no art. 5°, inciso LXXIV, da Constituição Federal. É concedido a qualquer das partes, podendo ser, inclusive, a um terceiro que interveio no processo, desde que cumpra os requisitos impostos na lei. O parágrafo 1º, do artigo 98, do NCPC, traz o rol de elementos compreendidos pela Gratuidade da justiça, quais sejam: I - as taxas ou as custas judiciais; Questão 06 - XX Exame (Salvador): Em uma ação que tramita em determinada vara cível, a parte ré alegou falsidade de diversos documentos apresentados pelo autor, que, por sua vez, afirmava serem autênticos. Não sendo possível verificar a autenticidade dos documentos pela simples análise superficial, o magistrado determinou que se procedesse à perícia dos documentos por profissional qualificado. Com base no CPC/15, assinale a afirmativa correta. A) O custo pelos serviços prestados pelo perito deverão ser rateados por ambas as partes. B) O custo da perícia será adiantado pelo réu, uma vez afirmada por ele a falsidade do documento. C) O custo do serviço é da Fazenda Pública, porque a perícia foi determinada de ofício pelo magistrado e não por qualquer das partes. D) O pagamento do perito será custeado pelo fundo de custeio da Defensoria Pública, caso uma das partes seja assistida pela Defensoria Pública e beneficiária da Justiça Gratuita. II - os selos postais; III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros meios; IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador salário integral, como se em serviço estivesse; V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de outros exames considerados essenciais; VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação de versão em português de documento redigido em língua estrangeira; VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução; VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e para a prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório; IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido. A justiça gratuita pode também ser concedida em face de apenas um ato processual ou até mesmo proporcionar um desconto (em termos percentuais) ou a possibilidade de parcelamento dos custos que tiver que adiantar durante o processo. O pedido ao benefício poderá ser feito em várias fases do processo, na inicial, contestação, em recursos ou até mesmo na petição que traz um terceiro ao processo. No caso da pessoa natural, basta a alegação de ser hipossuficiente, não podendo o juiz indeferir o benefício sem que esteja evidenciado no processo o contrário. Nesse caso, ainda, antes do indeferimento, a parte tem a oportunidade de provar o contrário. Diferentemente é a situação da pessoa jurídica, que para fazer jus à justiça gratuita deve provar ser financeiramente hipossuficiente. Em regra, o benefício da gratuidade é apenas para a pessoa que a postulou, não se expandido para o litisconsorte ou sucessor do beneficiário, por exemplo, exceto no caso de o juiz expressamente ter-lhe conferido esse direito, após o respectivo pedido. No caso de a parte não ter mais direito ao benefício, ela terá de pagar as despesas do processo ainda não quitadas, e em havendo má-fé, ficará obrigada ao pagamento de uma multa consistente em até o décuplo do valor devido. Diante da decisão de indeferimento ou de acolhimento do pedido de revogação de justiça gratuita, caberá agravo de instrumento, exceto quando a decisão for dada em sentença, hipótese em que caberá apelação. 11.2 Má-fé na relação processual Conforme já visto no tópico referente ao respectivo princípio, as partes devem sempre participar e agir em um processo de acordo com a boa-fé (artigo 5º, do NCPC). As condutas tidas como de má-fé estão enumeradas no artigo 80 do NCPC, sendo elas: Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que: I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos; III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; VI - provocar incidente manifestamente infundado; VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. Questão 07 - XXI Exame: A sociedade Palavras Cruzadas Ltda. ajuizou ação de responsabilidade civil em face de Helena e requereu o benefício da gratuidade de justiça, na petição inicial. O juiz deferiu o requerimento de gratuidade e ordenou a citação da ré. Como a autora não juntou qualquer documento comprobatório de sua hipossuficiência econômica, a ré pretende atacar o benefício deferido. Com base na situação apresentada, assinale a afirmativa correta. A) O instrumento processual adequado para atacar a decisão judicial é o incidente de impugnação ao benefício de gratuidade, que será processado em autos apartados. B) A ré alegará na contestação que não estão presentes os requisitos para o deferimento do benefício de gratuidade. C) A ré alegará na contestação que o benefício deve ser indeferido, mas terá que apresentar documentos comprobatórios, pois a lei presume verdadeira a alegação de insuficiência deduzida. D) O instrumento processual previsto para atacar a decisão judicial de deferimento do benefício é o agravo de instrumento. Diante disso, as partes não podem agir processualmente com má-fé, sob pena das responsabilidades civis cabíveis. 11.2 Responsabilidade por dano processual A responsabilidade das partes por dano processual está disciplinada nos artigos 79 a 81 do NCPC. Conforme o artigo 79 do NCPC, responderá por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou interveniente. Caso a parte atue demá-fé, visando prejudicar a parte contrária ou dificultar e ofender o exercício jurisdicional, incorrendo nas hipóteses do artigo 80 do NCPC, poderá vir a sofrer uma sanção, que consiste no pagamento de uma multa não excedente a um e inferior a dez por cento sobre o valor atualizado da causa, bem como indenizar a outra parte pelos prejuízos sofridos, arcando, ainda, com os honorários advocatícios e as demais despesas efetuadas (artigo 81, caput, do NCPC). Se duas ou mais partes agirem de má-fé o juiz condenará cada uma proporcionalmente de acordo com o seu interesse na causa ou solidariamente, no caso dos que se juntaram para lesar a parte contrária. No caso de o valor da causa ser irrisório ou inestimável, a multa será fixada em até 10 vezes o valor do salário-mínimo. Quem fixa o valor da indenização é o juiz, ou no caso de não ser possível mensurá-lo, será liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos. 11.3 Dever de colaboração Trata-se de um dever imposto às partes de colaborarem entre si, visando atingir o mais rápido possível uma decisão de mérito justa e efetiva, conforme o artigo 6º do NCPC. Esse princípio, também conhecido como princípio da cooperação, tem origem no direito europeu e disciplina que um processo se dá através da atividade conjunta e cooperada do juiz e das partes. Assim, não cabe apenas ao juiz o encargo de tutelar o processo a fim de torna-lo célere e efetivo, mas também às partes, que devem ter uma participação ativa e conjunta. 11.4 Processo eletrônico O processo eletrônico ganhou forma com o objetivo de proporcionar maior celeridade e efetividade ao processo. Essa forma processual está disciplinada na Lei nº 11.419/06, e nos artigos 193 a 199 do NCPC. Os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, permitindo que sejam produzidos, comunicados, armazenados e validados por meio eletrônico (artigo 193 do NCPC). De acordo com o artigo 194 do NCPC, os sistemas de automação processual deverão respeitar a publicidade dos atos, o acesso e a participação das partes e de seus procuradores, inclusive nas audiências e sessões de julgamento, observadas as garantias da disponibilidade, independência da plataforma computacional, acessibilidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informações que o Poder Judiciário administre no exercício de suas funções. O ato processual eletrônico será registrado em padrões abertos, atendendo os requisitos de autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio, conservação e, nos casos de segredo de justiça, confidencialidade, observada a infraestrutura de chaves públicas unificada nacionalmente (artigo 195 do NCPC) O Poder Judiciário deverá manter de forma gratuita, em suas unidades, à disposição dos interessados, equipamentos necessários à prática de atos processuais, consulta e acesso ao sistema, bem como documentos constantes no processo. No caso de a unidade não possuir os referidos equipamentos será admitida a prática de atos por meio não eletrônico. Ainda, de acordo com o artigo 199 do NCPC, as unidades do Poder Judiciário assegurarão às pessoas com deficiência acessibilidade aos seus sítios na rede mundial de computadores, ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à comunicação eletrônica dos atos processuais e à assinatura eletrônica. JULGAMENTO CONFORME ESTADO DO PROCESSO: EXTINÇÃO PARCIAL OU TOTAL DO PROCESSO Após as providências preliminares e sanadas eventuais irregularidades, o juiz verificará se o processo ou alguns dos pedidos do autor estão aptos a serem julgados, desde logo. Existem quatro possibilidades: a) a extinção do processo ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487 incisos II e III (conforme art. 354 do CPC); b) julgamento antecipado do mérito; c) julgamento antecipado parcial do mérito; d) determinação de abertura da fase de instrução depois do despacho saneador e organização do processo (GONÇALVES, 2016, p. 461). O julgamento antecipado do mérito poderá ocorrer quando não houver necessidade de produção de outras provas (art. 355, I, do CPC) ou quando o réu não contestar e forem aplicados os efeitos da revelia (art. 355, II, do CPC), momento em que o juiz proferirá sentença de procedência ou improcedência. Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando: I - não houver necessidade de produção de outras provas; II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349. Destaca-se que o aluno não pode confundir a improcedência liminar do pedido (quando o juiz julga improcedente a ação antes mesmo da citação do réu), hipótese do art. 332 do CPC, com o julgamento antecipado do mérito previsto no art. 355, pois neste se pressupõem a citação do réu (GONÇALVES, 2016, p.462). Inovação do novo CPC, o julgamento antecipado parcial do mérito tem previsão no art. 356 e permite que, quando presentes as hipóteses do art. 355 do CPC, o juiz julgue parcialmente o mérito dos pedidos que estão aptos a serem julgados e determine a produção de provas dos demais. O julgamento antecipado parcial ocorrerá por intermédio de decisão interlocutória e o recurso adequado será o agravo de instrumento (art. 1.050, II, do CPC). Destaca-se que o julgamento antecipado do mérito parcial poderá, inclusive, ser liquidado ou executado. Havendo 12 interposição de recurso de agravo de instrumento pendente de julgamento, a liquidação será provisória, caso contrário será definitiva. Apesar de haver o julgamento antecipado parcial do mérito, o processo terá apenas uma sentença, já que é o ato adequado para encerrar a fase de conhecimento (GONÇALVES, 2016, p.463). 12.1 Julgamento liminar de improcedência do pedido O julgamento liminar de improcedência de pedido ocorre quando o juiz profere sentença de mérito antes mesmo da citação do réu, nas causas que dispensam a fase instrutória, quando o pedido do autor (art. 332, do CPC): Do julgamento de improcedência liminar do pedido, caberá recurso de apelação. Interposta a apelação o juiz poderá se retratar no prazo de cinco dias, determinando o prosseguimento do processo. Não havendo retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões à apelação no prazo de quinze dias. No julgamento da apelação, o tribunal poderá entender que não era hipótese de julgamento de improcedência liminar, hipótese em que anulará a sentença e determinará o retorno dos autos ao juízo ad quo a fim de que o processo tenha seguimento. Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241 do CPC. O julgamento liminar de improcedência do mérito, poderá, também, ser parcial, quando apenas um ou parte dos pedidos se mostre incontroverso (GONÇALVES, 2016, p. 431-432). CONTESTAÇÃO E RECONVENÇÃO A segunda fase postulatória, é a resposta do réu, que poderá ser através da contestação ou da reconvenção. O réu pode apenas defender-se das alegações e das pretensões contidas na petição inicial. A peça de defesa por excelência é a contestação. Mas 13 pode não se limitar a defender-se e contra-atacar, por meio de uma ação incidente autônoma, em que dirige pretensões contra o autor, apresentada na contestação, denominada reconvenção. Ou, ainda, provocar a intervenção de terceiros, por denunciação da lide ou chamamento ao processo. Contudo, não pode mais valer-se da ação declaratória incidental, das exceções rituais e da impugnação ao valor da causa, formas de resposta
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