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Codigo Civil

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rt. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social 
do contrato, observado o disposto na Declaração de Direitos de Liberdade 
Econômica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 881, de 2019) 
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerá o princípio da 
intervenção mínima do Estado, por qualquer dos seus poderes, e a revisão contratual 
determinada de forma externa às partes será excepcional. (Incluído pela Medida Provisória nº 
881, de 2019) 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, 
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas que gerem dúvida quanto à 
sua interpretação, será adotada a mais favorável ao aderente. (Redação dada pela Medida 
Provisória nº 881, de 2019) 
Parágrafo único. Nos contratos não atingidos pelo disposto no caput, exceto se houver 
disposição específica em lei, a dúvida na interpretação beneficia a parte que não redigiu a 
cláusula controvertida. (Incluído pela Medida Provisória nº 881, de 2019) 
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia 
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. 
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais 
fixadas neste Código. 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
 Seção II 
Da Formação dos Contratos 
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos 
termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. 
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se 
também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; 
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a 
resposta ao conhecimento do proponente; 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; 
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a 
retratação do proponente. 
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais 
ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. 
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que 
ressalvada esta faculdade na oferta realizada. 
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do 
proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por 
perdas e danos. 
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará 
nova proposta. 
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o 
proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a 
recusa. 
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao 
proponente a retratação do aceitante. 
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é 
expedida, exceto: 
I - no caso do artigo antecedente; 
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; 
III - se ela não chegar no prazo convencionado. 
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. 
 Seção III 
Da Estipulação em Favor de Terceiro 
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. 
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é 
permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e 
o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. 
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de 
reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. 
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no 
contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante. 
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de 
última vontade. 
 Seção IV 
Da Promessa de Fato de Terceiro 
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, 
quando este o não executar. 
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do 
promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do 
casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. 
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, 
depois de se ter obrigado, faltar à prestação. 
 
 
Seção V 
Dos Vícios Redibitórios 
 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por 
vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o 
valor. 
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. 
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente 
reclamar abatimento no preço. 
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu 
com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as 
despesas do contrato. 
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do 
alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição. 
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no 
prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; 
se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. 
§ 1
o
 Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo 
contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, 
em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. 
§ 2
o
 Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os 
estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no 
parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria. 
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de 
garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao 
seu descobrimento, sob pena de decadência. 
 Seção VI 
Da Evicção 
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta 
garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. 
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a 
responsabilidade pela evicção. 
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, 
tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da 
evicção, ou, dele informado, não o assumiu. 
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral 
do preço ou das quantias que pagou: 
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; 
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente 
resultarem da evicção; 
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. 
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na 
época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. 
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja 
deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido 
condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de 
dar o alienante. 
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, 
serão pagas pelo alienante. 
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo 
alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida. 
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a 
rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se 
não for considerável, caberá somente direito a indenização. 
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia 
ou litigiosa. 
 Seção VII 
Dos Contratos Aleatórios 
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo 
risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber 
integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, 
ainda que nada do avençado venha a existir. 
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si 
o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o 
preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em 
quantidade inferior à esperada. 
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante 
restituirá o preço recebido. 
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a 
risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a 
coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato. 
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada 
como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação 
do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa. 
 Seção VIII 
Do Contrato Preliminar 
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos 
essenciais ao contrato a ser celebrado. 
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo 
antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes 
terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive. 
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. 
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da 
parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se 
opuser a natureza da obrigação. 
Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte 
considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. 
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma 
sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for 
razoavelmente assinado pelo devedor. 
 Seção IX 
Do Contrato com Pessoa a Declarar 
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a 
faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele 
decorrentes. 
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da 
conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado. 
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da 
mesma forma que as partes usaram para o contrato. 
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os 
direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi 
celebrado. 
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários: 
I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la; 
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento 
da indicação. 
Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o 
contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários. 
 
1. Noção de contrato 
Dentro da teoria dos negócios jurídicos, é tradicional a distinção entre os atos 
unilaterais e os bilaterais. Aqueles se aperfeiçoam pela manifestação da vontade de 
uma das partes, enquanto estes dependem da coincidência de dois ou mais 
consentimentos. Os negócios bilaterais, isto é, os que decorrem de acordo de mais de 
uma vontade, são os contratos. Portanto, o contrato representa uma espécie do 
gênero negócio jurídico. E a diferença específica entre ambos consiste na 
circunstância de o aperfeiçoamento do contrato depender da conjunção da vontade de 
duas ou mais partes. 
 
Por conseguinte, cada vez que a formação do negócio jurídico depender da conjunção 
de duas vontades, encontramo-nos na presença de um contrato, que é, pois, o acordo 
de duas ou mais vontades, em vista de produzir efeitos jurídicos. 
 
Em face de tal conceito, o âmbito do contrato não se circunscreve apenas ao Direito 
das Obrigações, estendendo-se aos outros ramos do direito privado e mesmo ao 
direito público. Todavia, embora não se possa negar o aspecto contratual de muitas 
relações jurídicas que se estabelecem mediante o acordo de vontades e fora do 
terreno patrimonial, uma parte considerável da doutrina procura limitar o conceito de 
contrato, em sentido estrito, aos ajustes que constituam, regulem ou extingam 
relações patrimoniais. 
 
O art. 421 do Código Civil dispõe que a liberdade de contratar será exercida em razão 
e nos limites da função social do contrato. Há diversos princípios que regem o direito 
contratual e verificar-se-á que o legislador tem restringido, mais ou menos, a liberdade 
contratual. Esta liberdade encontra restrição na lei, e só nela. 
 
 
2. Função social do contrato 
 
O contrato exerce uma função e apresenta um conteúdo constante: o de ser o centro 
da vida dos negócios. É o instrumento prático que realiza o mister de harmonizar 
interesses não coincidentes. Defluindo da vontade das partes, ele só se aperfeiçoa 
quando, pela transigência de cada um, alcançam os contratantes um acordo 
satisfatório a ambos. 
 
A instituição jurídica do contrato é um reflexo da instituição jurídica da propriedade. Ele 
é o veículo da circulação da riqueza e, por conseguinte, só se pode concebê-lo como 
instituição pura de direito privado, em regimes que admitem a propriedade individual. 
 
Aliás, o extraordinário desenvolvimento do comércio, que impôs a necessidade da 
célebre evolução da teoria contratual só foi possível, por outro lado, em virtude do 
aperfeiçoamento do contrato. O contrato será o instrumento imprescindível e o 
elemento indispensável à circulação dos bens. E não há exagero em se dizer que o 
direito contratual foi um dos instrumentos mais eficazes da expansão capitalista em 
sua primeira etapa. 
 
 2.1. Fundamento da obrigatoriedade dos contratos 
Uma vez ultimado o contrato liga as partes concordantes, estabelecendo um vínculo 
obrigacional entre elas. Algumas legislações vão a ponto de afirmar que as 
convenções legalmente firmadas transformam-se em lei entre as partes. 
 
Tal vínculo se impõe aos contratantes, que, em tese, só o podem desatar pela 
concordância de todos os interessados. E o descumprimento da avença por qualquer 
da partes, afora os casos permitidos em lei, sujeita o inadimplente à reparação das 
perdas e danos (CC, art. 389). 
 
A explicação da obrigatoriedade dos contratos assenta em preocupação que 
ultrapassa as raias do interesse particular para atender a um anseio de segurança que 
é de ordem geral.Pois o problema deve ser encarado não sob o ângulo individual, 
mas sob o social. Aquele que, por livre manifestação da vontade, promete dar, fazer 
ou não fazer qualquer coisa, cria uma expectativa no meio social, que a ordem jurídica 
deve garantir. O propósito de se obrigar, envolvendo uma espontânea restrição da 
liberdade individual, provoca consequências que afetam o equilíbrio da sociedade. Por 
conseguinte, a ordenação jurídica, na defesa da harmonia das relações inter-
humanas, cria elementos compulsórios do adimplemento. 
 
Com efeito, é a lei que torna obrigatório o cumprimento do contrato. E o faz compelir 
aquele que livremente se vinculou a manter sua promessa, procurando, desse modo, 
assegurar as relações assim estabelecidas. 
 
O contrato se aperfeiçoa pela coincidência de duas ou mais manifestações unilaterais 
da vontade. Se estas se externarem livre e conscientemente e se foram obedecidas as 
prescrições legais, a lei as faz obrigatórias, impondo a reparação das perdas e danos 
para a hipótese de inadimplemento. 
 
 2.2. Elementos constitutivos e pressupostos de validade do contrato 
O fator novo, elementar ao conceito de contrato, é a coincidência de vontades, ou 
seja, o acordo entre dois ou mais participantes da convenção. Quando o ato jurídico é 
unilateral, a manifestação válida da vontade de uma pessoa gera os efeitos almejados 
pelo agente. Exemplo característico se encontra no testamento. 
 
No contrato, porém, dado seu caráter sinalagmático, é mister a existência da 
manifestação coincidente da vontade e duas ou mais partes. Em regra, apresentam-se 
dois contratantes, com interesses opostos, que através da convenção se compõem. 
Por vezes, contudo, nas posições antagônicas, encontram-se mais de duas pessoas, 
como na hipótese de serem válidos os vendedores e vários os compradores. 
 
Cada grupo constitui um centro de interesses determinados. 
 
Todavia, nem sempre a posição antagônica entre as contratantes é fundamental. Por 
vezes, convenções aparecem, como no contrato de sociedade, em que os interesses 
das partes se mostram paralelos, de modo que elas apenas se obrigam mutuamente a 
combinar seus esforços ou recursos para lograr fim comum (CC, art. 981). 
 
 
3. Princípios do direito contratual 
Três princípios básicos constituíram o alicerce da teoria contratual: 
I - o princípio da autonomia da vontade, apenas limitado pela supremacia da ordem 
pública; 
II - o princípio da relatividade das convenções; 
III - o princípio da força vinculante do contrato, ou da obrigatoriedade das convenções. 
 
A análise desses princípios ajudará a entender o mecanismo do contrato e a precisar 
seu conceito. 
 
I - O princípio da autonomia da vontade consiste na prerrogativa conferida aos 
indivíduos de criarem relações na órbita do direito, desde que se submetam às regras 
impostas pela lei e que seus fins coincidam com o interesse geral, ou não o 
contradigam. Desse modo, qualquer pessoa capaz pode, pela manifestação de sua 
vontade, tendo objeto lícito, criar relações a que a lei empresta validade. 
 
Não estão as partes adstritas à escolha de determinado contrato nominal; antes, 
podem usar da liberdade que lhes reconhece a lei para recorrer a um contrato atípico, 
ou para combinar várias espécies de contratos a fim de regular o eventual conflito 
entre seus interesses. 
 
Com efeito, a vida social se alicerça em alguns princípios gerais cuja incidência não 
pode ser arredada por ajuste entre os jurisdicionados, sob pena de ameaça à própria 
estrutura da sociedade. Assim, por exemplo, as normas que regulam a instituição da 
família, o regime da propriedade, a segurança pública etc. Além disso, o Estado, não 
raro, dentro de sua política legislativa, transforma em normas de ordem pública 
preceitos de caráter supletivo, criando, assim, novas regras cogentes. Exemplo de tal 
procedimento se encontra na Lei da Usura, na legislação trabalhista, nas leis do 
inquilinato etc. 
Ora, o princípio da autonomia da vontade esbarra sempre na limitação criada por lei 
de ordem pública. Esbarra, igualmente, na noção de bons costumes, ou seja, naquelas 
regras morais não reduzidas a escrito mas aceitas pelo grupo social e que constituem 
o substrato ideológico inspirador do sistema jurídico. 
 
A noção de ordem pública e o respeito aos bons costumes constituem, 
consequentemente, barreiras limitadoras da liberdade individual em matéria de 
contrato. 
 
II - O segundo princípio - o da relatividade das convenções - contém a ideia de que os 
efeitos do contrato só se manifestam entre as partes, não aproveitando nem 
prejudicando terceiros. O que, aliás, é lógico. Como o vínculo contratual emana da 
vontade das partes é natural que terceiros não possam ficar atados a uma relação 
jurídica que não lhes foi imposta pela lei nem derivou de seu querer. 
 
Por conseguinte, tal princípio representa um elemento de segurança, a garantir que 
ninguém ficará preso a uma convenção, a menos que a lei o determine, ou a própria 
pessoa o delibere. 
 
III - O princípio da força vinculante das convenções consagra a ideia de que o 
contrato, uma vez obedecidos os requisitos legais, torna-se obrigatório entre as partes, 
que dele não se podem desligar senão por outra avença em tal sentido. Isto é, o 
contrato vai constituir uma espécie de lei privada entre as partes, adquirindo força 
vinculante igual à do preceito legislativo, pois vem munido de uma sanção que decorre 
da norma legal, representada pela possibilidade de execução patrimonial do devedor 
(pacta sunt servanda). 
 
O liberalismo do século XIX justifica o princípio na ideia de que, se as partes alienaram 
livremente sua liberdade, devem cumprir o prometido ainda que daí lhes advenha 
considerável prejuízo. Pois, quem diz contratual, diz justo. 
 
O princípio da obrigatoriedade das convenções encontra um limite na regra de que a 
obrigação se extingue se vier a se impossibilitar por força maior ou caso fortuito. Mas, 
dentro da concepção clássica, essa é a única limitação à norma da obrigatoriedade do 
contrato. 
 
3.1. O problema da interpretação 
Através da hermenêutica, procura o intérprete não apenas descobrir qual a vontade do 
legislador, mas vontade concreta da lei. 
 
Como ato jurídico que é, o contrato tem por mola propulsora a vontade das partes, de 
maneira que, para descobrir o exato sentido de uma disposição contratual, faz-se 
mister, em primeiro lugar, verificar qual a intenção comum dos contratantes. Esta é, 
teoricamente, a finalidade da exegese. Daí a regra básica consagrada pela 
generalidade dos Códigos. 
 
A interpretação do contrato faz-se necessária quando existe divergência entre as 
partes sobre o efetivo sentido de uma cláusula. Com efeito, se há concordância entre 
elas, não ocorre litígio e a convenção é cumprida normalmente. Entretanto, por vezes 
aparece, entre os contratantes, disparidade de opiniões acerca do alcance de uma 
cláusula determinada. Nesse caso instala-se um conflito cuja solução depende da 
interpretação do ajuste a ser realizada pelo juiz. 
 
 
3.2. Do princípio da boa-fé 
A boa-fé é um consentimento ético moldado nas ideias de proceder com correção e 
dignidade, pautando sua atitude pelos princípios da honestidade, da boa intenção e no 
propósito de a ninguém prejudicar. 
 
 
4. Evolução do direito contratual 
O quadro teórico exposto sofreu, entretanto, profunda modificação no correr do século 
XX, e tal transformação atingiu principalmente dois dentre os princípios básicos 
analisados. 
 
De fato, tanto o princípio da autonomia da vontade como o da obrigatoriedade das 
convenções perderam uma parte de seu prestígio em face de anseios e preocupações 
novas, nem sempre atendidos no apogeu do regime capitalista. 
 
Com efeito, o princípio da autonomia da vontade parte do pressuposto de que os 
contratantesse encontram em pé de igualdade e que, portanto, são livres de aceitar 
ou rejeitar os termos do contrato. Mas isso nem sempre é verdadeiro, pois a igualdade 
que reina no contrato é puramente teórica e, por via de regra, enquanto o contratante 
mais fraco no mais das vezes não pode fugir à necessidade de contratar, o contratante 
mais forte leva uma sensível vantagem no negócio, pois é ele quem dita as condições 
do ajuste. 
 
De fato não são raros os casos em que a parte mais necessitada precisa contratar e 
tem de submeter-se às cláusulas que lhe impõe o contratante mais forte. 
 
A verificação de tais circunstâncias conduziu o legislador a intervir no contrato para 
remediar os efeitos da desigualdade existente. Vê-lo usando do próprio mecanismo, 
acima explicado, ou seja, criando, para limitar a autonomia da vontade, novas normas 
de ordem pública contra as quais esbarra a liberdade de estipular. Assim vimos 
aparecer a Lei da Usura, as leis do inquilinato, a Lei de Luvas etc. 
 
 
5. Da resolução por onerosidade excessiva 
Para elucidar o item, citaremos os artigos 478 ao 480 do Código Civil: 
 
"Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma 
das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, 
em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir 
a resolução do contrato. Os efeitos da sentença, que a decretar, retroagirão à data da 
citação. 
 
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar 
equitativamente as condições do contrato. 
 
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela 
pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de 
evitar a onerosidade excessiva". 
 
Na jurisprudência, por igual, tal tendência tem prevalecido. De fato, após algumas 
hesitações onde predominam arestos em sentido contrário, parece ter se firmado 
orientação no sentido de se permitir a rescisão dos contratos em virtude da excessiva 
onerosidade das prestações, oriunda de acontecimentos extraordinários e 
supervenientes, imprevisíveis por ocasião do negócio. 
 
O Código de Defesa do Consumidor trouxe uma inovação importante em matéria da 
possibilidade de revisão do contrato pelo juiz, firmando assim o princípio da força 
vinculante do contrato, criando um reforço para a chamada teoria da superveniência. 
 
Com efeito, isso ocorre com a regra do art. 6º, V, desse Código, quando, cuidando dos 
direitos básicos do consumidor, declara ser um deles a prerrogativa de obter a revisão 
do contrato. 
 
"Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
(...) 
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem 
excessivamente onerosas". 
 
O que há de inovador no preceito é que a revisão independe de ser imprevisível o fato 
superveniente que tornou excessivamente onerosa a prestação do consumidor. É 
mister ter-se em vista que a regra está circunscrita às relações de consumo. Mas é tão 
amplo o conceito dessas relações que a repercussão da regra na vida cotidiana pode 
ser sensível. 
 
Assim, vê-se como tem evoluído o contrato, talvez no sentido de sacrificar a amplitude 
de seus princípios básicos em favor das restrições que almejam fazê-lo mais justo e 
mais humano. O Código Civil admite a resolução por onerosidade excessiva, nos 
termos acima transcritos (CC, arts. 478/480). 
 
 
6. Considerações gerais sobre a classificação dos contratos 
A classificação é um procedimento lógico, por meio do qual, estabelecido um ângulo 
de observação, o analista encara um fenômeno determinado, grupando suas várias 
espécies conforme se aproximem ou se afastem umas das outras. Sua finalidade é 
acentuar as semelhanças e dessemelhanças entre as múltiplas espécies, de maneira 
a facilitar a inteligência do problema em estudo. 
 
Para que a classificação seja adequada, faz-se mister a presença de duas condições, 
a saber: 
 a) que não deixe resíduos, isto é, que uma vez terminada, todas as espécies 
caibam numa das categorias estabelecidas; desse modo, por exemplo, distinguindo-se 
os contratos em onerosos e gratuitos, torna-se necessário que não remanesça 
nenhuma convenção que se não insira dentro de uma ou de outras dessas categorias; 
 
 b) que as espécies classificadas numa rubrica mais se afastem do que se 
aproximem das espécies classificadas em outra. 
 
Um mesmo fenômeno pode ser classificado de diversas maneiras, conforme varie o 
ângulo em que se coloca o observador. É o que se verá em matéria de contratos. Se 
encararmos os contratos tendo em consideração a sua natureza, podemos classificá-
los em: 
 a) unilaterais e bilaterais; 
 b) onerosos e gratuitos; 
 c) comutativos e aleatórios; 
 d) causais e abstratos. 
 
Se tivermos em vista a maneira como se aperfeiçoam, podemos distinguir os 
contratos em: 
 consensuais e reais; e 
 solenes e não solenes. 
Se nos ativermos à tradicional divisão, tendo em vista o fato de a lei lhes atribuir, ou 
não, um nome e lhes sistematizar as regras, podemos separar os contratos em: 
 nominados; 
 inominados. 
 
Considerando uns em relação aos outros, os contratos se classificam em: 
 principais; 
 acessórios. 
 
Tendo em vista o tempo em que devem ser executados, separam-se em contratos de 
execução: 
 instantânea; 
 diferida no futuro. 
 
Quanto ao seu objeto, podemos distinguir o contrato: 
 definitivo; 
 preliminar. 
Finalmente, quando se tem em vista a maneira como são formados, 
cumpre separaros contratos: 
 paritários; 
 adesão. 
 
O Código Civil consagrou uma seção ao contrato preliminar, arts. 462 a 466, e dois 
dispositivos, 423 e 424, aos contratos de adesão. 
 
 
7. Da formação dos contratos 
 
O contrato, negócio jurídico que é, tem como substrato elementar a vontade humana. 
Ao analisá-la, dois momentos distintos podem ser apreciados: 
 a) um momento subjetivo, psicológico, interno, representado pela própria formação 
do querer; e 
 b) um momento objetivo, em que a vontade se reflete por meio da declaração. 
 
Enquanto não se externa, mantendo-se oculta no espírito do homem, a vontade 
conserva-se ignorada de todos, não adquirindo, por conseguinte, relevância na vida 
dos negócios. Somente quando se manifesta de maneira séria, obrigante e definitiva é 
que vai repercutir no campo do direito, criando relações jurídicas. De maneira que, em 
rigor, é a declaração da vontade, e não ela própria, que constitui o principal objeto de 
estudo, neste ensejo. 
 
No geral, existe identidade entre a vontade e a declaração, pois as partes, em regra, 
conhecem o próprio desejo e o externam de maneira adequada. Muitas vezes, 
contudo, existe disparidade entre o querido e o declarado pelos contratantes, de modo 
que o contrato, derivado de suas declarações, não corresponde ao efetivo querer de 
ambas ou de uma das partes. 
 
Os contratos se aperfeiçoam no momento da aceitação. O problema é simples quando 
presentes as partes, pois, no instante em que a proposta é aceita, cruzam-se as 
vontades e ultima-se a avença. Ele se complica, entretanto, quando o contrato se 
perfaz por correspondência epistolar ou telegráfica, pois cumpre saber se o negócio se 
conclui no momento em que o oblato (leigo) escreve sua aceitação, no momento em 
que a expede, ou naquele em que o policitante (proponente) toma conhecimento da 
concordância do outro contratante. 
 
Os contratos, via de regra, têm forma livre, aperfeiçoando-se pela mera troca dos 
consentimentos. Alguns, entretanto, os contratos solenes, dependem de forma 
imposta em lei. Dentre os contratos solenes encontram-se os que dependem de 
escritura pública, como, por exemplo, os contratos translativosde direitos reais sobre 
imóveis de valor superior a determinada cifra (CC, art. 108). 
 
O contrato não nasce sem a escritura pública, não gerando, dessa maneira, as 
consequências típicas dele ordinariamente resultantes. 
 
 
8. Das estipulações em favor de terceiro 
 
Dá-se estipulação em favor de terceiro quando, num contrato entre duas pessoas, 
pactua-se que a vantagem resultante do ajuste reverterá em benefício de terceiro, 
estranho à convenção e nela não representado. 
 
É negócio peculiar, pois, em vez de resultarem do contrato obrigações recíprocas 
entre os contraentes, apenas um deles assume o encargo de realizar prestação em 
favor de terceiro. 
 
Por conseguinte, nessa relação jurídica aparecem três figurantes: o estipulante, o 
promitente e o beneficiário. Estipulante é o que obtém do promitente, ou devedor, a 
promessa em favor do beneficiário. 
 
 
9. Promessa de fato de terceiro 
 
O Código Civil, em seu artigo 439, repete a regra do antigo Código de 1916, segundo 
a qual aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, 
quando este não o executar. Isso porque ninguém pode vincular terceiro a uma 
obrigação. A pessoa só se torna devedora de uma obrigação ou por manifestação de 
sua própria vontade ou por força da lei, ou em decorrência de ato ilícito por ela 
praticado. Por conseguinte, se alguém promete ato de terceiro, este não se obriga, a 
menos que dê sua anuência à proposta. 
 
Todavia, não há iliceidade no ato do promitente, e sua promessa apenas o vincula a 
uma obrigação de fazer, ou seja, a de conseguir o ato de terceiro. 
 
 
10. Dos vícios redibitórios 
 
O propósito do legislador, ao disciplinar essa matéria, é aumentar as garantias do 
adquirente. De fato, ao proceder à aquisição de um objeto, o comprador não pode, em 
geral, examiná-lo com a profundidade suficiente para descobrir os possíveis defeitos 
ocultos, tanto mais que, via de regra, não tem a posse da coisa. Por conseguinte, e 
considerando a necessidade de rodear de segurança as relações jurídicas, o 
legislador faz o alienante responsável pelos vícios ocultos da coisa alienada. 
 
A maioria das outras legislações cuida dos vícios redibitórios no capítulo da compra e 
venda, pois esse é o campo em que ordinariamente o problema se propõe. 
 
 
11. Da evicção 
 
Dá-se a evicção quando o adquirente de uma coisa se vê total ou parcialmente privado 
da mesma, em virtude de sentença judicial que a atribui a terceiro, seu verdadeiro 
dono. Portanto, a evicção resulta sempre de uma decisão judicial. 
 
Ela se configura, por exemplo, na compra feita por quem não era dono. Se o 
verdadeiro proprietário da coisa vendida a reclama judicialmente e alcança êxito na 
lide, o comprador sofre evicção. Ao reivindicante bem sucedido chama-se evictor; ao 
adquirente, vencido na demanda, dá-se o nome de evicto. 
 
 
12. Dos contratos aleatórios 
 
Na classificação dos contratos, os aleatórios se opõem aos comutativos. 
 
Comutativos são aqueles contratos em que não só as prestações apresentam uma 
relativa equivalência, como também as partes podem avaliar, desde logo, o montante 
das mesmas. As prestações são certas e determináveis, podendo qualquer dos 
contratantes antever o que receberá em troca da prestação que oferece. 
 
Aleatórios são os contratos em que o montante da prestação de uma ou de ambas as 
partes não pode ser desde logo previsto, por depender de um risco futuro, capaz de 
provocar sua variação. Com efeito, o contrato aleatório é aquele em que as prestações 
oferecem uma possibilidade de ganho ou perda para qualquer das partes, por 
dependerem de um evento futuro e incerto que pode alterar o seu montante. O objeto 
do negócio está ligado à ideia de risco. Isto é, existe uma álea no negócio, podendo 
daí resultar um lucro ou uma perda para qualquer das partes. 
 
 
13. Do contrato preliminar 
 
Exceto quanto à forma, o contrato preliminar deve conter todos os requisitos 
essenciais ao contrato a ser celebrado (CC, art. 462). 
 
Esse tipo de negócio, embora a lei não o diga, deve ser celebrado por escrito, pois a 
prova exclusivamente testemunhal não pode ser admitida (CC, art. 227) em negócios 
acima de determinado valor. 
 
Ao firmar contrato preliminar, os contratantes assumem uma obrigação recíproca de 
fazer, ou seja, a de, oportunamente, se outorgarem um contrato definitivo. O grande 
problema que se propõe nesse campo é o de saber o que acontece quando, a 
despeito de haver assumido aquela obrigação de fazer, um dos contratantes se recusa 
a cumpri-la, negando-se a firmar o contrato definitivo. 
 
 
Fontes Obrigacionais 
1. Atos unilaterais 
“A declaração unilateral de vontade é uma das fontes das obrigações resultantes da 
vontade de uma só pessoa, formando-se a partir do instante em que o agente se 
manifesta com a intenção de se obrigar, independentemente da existência ou não de 
uma relação creditória, que poderá surgir posteriormente” (DINIZ, 2011, pág. 812). 
É possível alguém se obrigar sozinho? Sim, mas, não através de um contrato, pois 
todo contrato é bilateral quanto às partes. Os atos unilaterais são obrigações 
assumidas por alguém independente da certeza do credor. Tais atos só podem ser 
criados pela lei. 
Segundo nosso Código Civil, são quatro os atos unilaterais: a promessa de 
recompensa, a gestão de negócios, o pagamento indevido e o enriquecimento sem 
causa. 
 
2. Contratos 
Contrato é acordo entre duas ou mais vontades, em conformidade a ordem jurídica, 
destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com a 
finalidade de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza 
patrimonial. Produz efeitos obrigacionais. 
O contrato é uma espécie de negócio jurídico que depende, para a sua formação, da 
participação de duas ou mais partes, é portanto, negocio jurídico bilateral ou 
plurilateral. Resulta de uma composição de interesses, decorrentes do mútuo 
consenso. 
As partes se vinculam ao contrato através do princípio “pacta sunt servanda”. 
Efeitos obrigacionais dos contratos: 
1. Transitoriedade: Ninguém fica atrelado a outrem eternamente. Perpetuidade tem 
relação ao direito real, não contratos, que tem característica transitória. 
2. Valor econômico: Todo contrato precisa ter um valor econômico para viabilizar a 
responsabilidade patrimonial do inadimplente. 
3. Consenso: todos os contratos se formam pelo consenso, do acordo entre duas 
pessoas. 
Requisitos de validade dos contratos 
Para que o negócio jurídico produza efeitos, possibilitando a aquisição, modificação 
ou extinção de direitos, deve preencher certos requisitos, apresentados como os de 
sua validade. Se possui é valido, e dele decorrem os mencionados efeitos, 
almejados pelo agente. Se porém, falta-lhe um desses requisitos, o negócio é 
inválido, não produz o efeito jurídico em questão e é nulo ou anulável. 
De ordem geral 
Art. 104: “ A validade do negocio jurídico requer: 
I – agente capaz II – objeto licito, possível, determinado ou determinável III – forma 
prescrita ou não defesa em lei (Obs: a validade de declaração de vontade não 
dependerá e forma especial, se não quando a lei expressamente exigir – art. 107”. 
De ordem especial 
Os requisitos de validade do contrato podem assim, ser distribuídos em 3 grupos: 
A-) Requisitos subjetivos 
1. Manifestação de duas ou mais vontades e capacidade genérica dos 
contraentes: A capacidade exigida nada mais é do que a capacidade de agir em 
geral. Art. 3º (nulo) e 4º (anulável). 
Art. 3 do C. C: São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da 
vida civil: 
I – os menores de 16 anos II – os que, por efermidade ou deficiência mental, não 
tiveram o necessário discernimento para a pratica desses atos. III- os que, mesmo 
por causa transitória, não puderam exprimir sua vontade.Art. 4 do C. C: São relativamente incapazes: 
I – Os maiores de 16 anos e menores de 18 anos. II – os ébrios habituais, os 
viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham seu discernimento 
reduzido. III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo IV – os 
pródigos Obs. T. P. M: Tutela para menores C. P. I: Curatela para incapazes 
2. Aptidão específica para contratar: Algumas vezes, para celebrar certos 
contratos, requer-se uma capacidade especial, mais intensa que a normal. Essas 
hipóteses não dizem respeito propriamente à capacidade geral, mas a falta de 
legitimação ou impedimento para realização de certos negócios. Ex: Consentimento 
dos descendentes e do cônjuge do alienante (para a venda a outros descendentes). 
A legitimidade é um limitador da capacidade. Algumas pessoas, embora capazes, 
não tem legitimidade (autorização) para comprar e vender certos bens, embora essa 
limitação é aplicada em certas circunstanciais. 
3. Consentimento: É o acordo de vontade. Deve abranger sobre o acordo de 
existência e natureza do contrato, acordo sobre o objeto do contrato e sobre suas 
clausulas. O consentimento deve ser livre e espontâneo. 
A manifestação da vontade, nos contratos, pode ser tácita, quando a lei não exigir 
que seja expressa. A expressa é exteriorizada verbalmente, por escrito, gesto ou 
mímica. A tácita se infere da conduta do agente. O silencio pode ser interpretado 
como manifestação tácita da vontade quando as circunstancias ou os usos o 
autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa, e também 
quando a lei autorizar. 
B-) Requisitos objetivos 
Diz respeito ao objeto do contrato que deve ser: II – objeto licito, possível, 
determinado ou determinável – Art. 104 
1. Licitude do objeto do contrato: objeto lícito é o que não atenta contra a lei, a 
moral ou os bons costumes. 
2. Possibilidade jurídica ou física do objeto do negócio jurídico: O objeto deve 
ser também possível. Quando impossível é nulo. A impossibilidade física é a que 
emana das leis físicas ou naturais, já a impossibilidade jurídica do objeto, quando o 
ordenamento proíbe, expressamente, negócios a respeito de determinado bem, 
como por exemplo, a herança de pessoa viva. 
3. Economicidade do objeto: deve ser suscetível de apreciação econômica. 
C-) Requisitos formais 
A forma é o meio de revelação da vontade. No direito brasileiro a forma é em regra, 
livre, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao 
negócio, exija a forma escrita, pública ou particular. O conseunsualismo, portanto, é 
regra, e o formalismo, exceção. 
Art. 107: “A validade da declaração da vontade não dependerá de forma especial, 
senão quando a lei expressamente exigir”. 
 
Podem ser distinguidas 3 espécies de formas: 
1. Forma livre: É a predominante no direito brasileiro. É qualquer meio de 
manifestação da vontade, não imposto obrigatoriamente pela lei. (Ex: palavra escrita 
ou falada, escrito público ou particular). 
2. Forma especial ou solene: É exigida pela lei como requisito de validade de 
determinados negócios jurídicos, com finalidade de assegurar a autencidade dos 
negócios, garantir a livre manifestação da vontade, demonstrar a seriedade do ato e 
facilitar a sua prova. 
A forma especial pode ser única ou múltipla. Forma única é a que, por lei, não pode 
ser substituída por outra. Diz-se múltipla ou plural a forma quando o ato é solene, 
mas a lei permite a formalização do negócio jurídico por diversos modos, podendo o 
interessado se optar validamente por um deles. 
3. Forma contratual: É a convencionada pelas partes. 
Princípios fundamentais do direito contratual 
Art. 421: Princípio da autonomia privada 
“A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do 
contrato”. 
O princípio da autonomia da vontade se alicerça na ampla liberdade contratual, no 
poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses, mediante acordo de 
vontades. Têm as partes a faculdade de celebrar ou não contratos, sem qualquer 
interferência do Estado. 
E ainda: Art. 421: É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as 
normas gerais fixadas nesse Código”. 
Contrato atípico: É o que resulta não de um acordo de vontades regulado no 
ordenamento jurídico, mas gerado pelas necessidades e interesses das partes. 
Art. 422: Princípio da boa-fé objetiva 
“Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em 
sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. 
O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem e forma correta não só 
durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do 
contrato. É pressuposta a boa-fé, entretanto, a má-fé cabe o ônus da prova. A boa-fé 
impõe ao contratante um padrão de conduta, o de agir com retidão, ou seja, com 
honestidade e lealdade. 
Hoje pode-se dizer que as clausulas gerais que o juiz deve rigorosamente 
aplicar no julgamento das relações obrigacionais são: a boa-fé, o fim social do 
contrato e a ordem pública. 
Probidade: Um dos aspectos objetivos do princípio de boa-fé. Pode ser entendida 
como honestidade de proceder, ou maneira criteriosa de cumprir todos os deveres. 
O princípio de boa-fé se biparte em: 
A.) Boa-fé subjetiva: Também chamada de concepção psicológica. Diz respeito ao 
conhecimento ao à ignorância da pessoa em relação a certos fatos. Diz-se 
“subjetiva” justamente porque, para a sua aplicação, deve o intérprete considerar a 
intenção do sujeito da relação jurídica, o seu estado psicológico ou intima convicção. 
B.) Boa-fé objetiva: Também chamada de concepção ética. É a boa-fé objetiva que 
se constitui em norma jurídica fundada em um princípio geral do direito, segundo o 
qual todos devem comportar-se de boa-fé nas suas relações recíprocas. 
As expressões suppressio, surrectio e tu quoque são conceitos correlatos à boa-fé 
objetiva, oriundos do direito comparado. Devem ser utilizados com função 
integrativa, suprindo lacunas do contrato e trazendo deveres implícitos às partes 
contratuais. 
- Suprressio: Um direito não exercido durante determinado lapso de tempo não 
poderá mais sê-lo por contrair a boa-fé. 
- Surretio: Consiste no nascimento de um direito, sendo nova fonte de direito 
subjetivo consequente à continuada pratica de certos atos. 
- Tu quoque: aquele que descumpriu norma legal ou contratual, atingindo isso 
determinada posição jurídica, não pode exigir do outro o cumprimento do preceito 
que ele próprio já descumprira. No mesmo sentido de: quem não cumpriu o 
contratado, ou a lei, não pode exigir o cumprimento de um ou outro. 
Demais artigos que tratam da boa-fé: 
Art. 113: “Os negócios devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar 
de sua celebração”. 
Art. 187: “ Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim economico ou social, pela boa-fé ou 
pelo bons costumes”. 
A incidência da regra da boa-fé pode ocorrer em várias situações, não só para se 
reclamar do contratante o cumprimento da obrigação como também para exonerá-lo. 
Princípio do consensualismo: Basta o acordo de vontade, independentemente da 
entrega da coisa, para o aperfeiçoamento do contrato. Os contratos em regra são, 
consensuais. Alguns poucos no entanto, são reais, porque somente se aperfeiçoam 
com a entrega do objeto, subsequente ao acordo de vontades. 
Princípio da relatividade dos contratos: Funda-se na ideia de que os efeitos dos 
contratos só se produzem em relação às partes, não afetando terceiros, salvo 
algumas exceções consignadas na lei (estipulações em favor de terceiros). 
Princípio da obrigatoriedade dos contratos: Decorre da convicção de que o 
acordo de vontades faz lei entre as partes (“ pacta sunt servanda”) não podendo ser 
alterado nem pelo o juiz. 
Princípioda revisão dos contratos: Também denominado “princípio da 
onerosidade excessiva”, opõe-se ao da obrigatoriedade, pois permite aos 
contratantes recorrerem ao Judiciário para obter alteração da convenção e 
condições mais humanas caso a prestação se torne excessivamente onerosa em 
virtude de acontecimentos extraordinário e imprevisíveis. 
Formação dos contratos 
“Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto”. Art. 435CC. 
Fases: 1. Tratativas preliminares ou puntuação 
2. Proposta ou oferta, policitação ou oblação 
3. Aceitação ou conclusão do negócio 
O contrato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta, também 
chamada de oferta, policitação ou oblação, dá início a formação do contrato, e não 
depende, em regra de forma especial, como também a aceitação. 
Nem sempre o contrato nasce instantaneamente de uma proposta, e em seguida 
tem-se a aceitação. Na maioria dos casos, a proposta é antecedida de 
conversações, debates e estudos, denominada fase da puntuação ou tratativas 
preliminares. 
Na fase da puntuação, como as partes ainda não manifestaram sua vontade, não há 
nenhuma vinculação ao negócio. Mesmo quando surge um projeto ou minuta, ainda 
assim não há vinculação das pessoas. Tal responsabilidade só ocorrerá se ficar 
demonstrada a deliberada intenção, com falsa manifestação de interesse, de causar 
dano ao outro contratante. 
Embora as negociações preliminares, também chamadas de tratativas 
preliminares, não gerem, por si mesmas, obrigações para qualquer um dos 
participantes, elas fazem surgir, entretanto, deveres jurídicos, decorrentes da 
incidência do princípio da boa-fé. 
Tratativas preliminares: Aproximação da coisa com a pessoa. Surge nas tratativas 
deveres de lealdade, decorrentes da simples aproximação pré-contratual. A violação 
a esse dever secundário pode ensejar indenização, por existir uma relação 
obrigacional, independentemente de contrato, fundada na boa-fé. 
Minuta: Documento que é antecedente a proposta; rascunho. A minuta não vincula 
as partes, não é obrigacional; não há que se falar em aceitação. É instrumento 
usado na fase de formação de contratos, mas não tem efeito jurídico, pois não se 
formou o consenso. As partes ainda não estão determinando o conteúdo da vontade 
negocial. Todo e qualquer contrato deverá ter uma minuta. 
Obs:. Existe uma corrente minoritária de que a minuta, em certo momento, pode se 
transformar em proposta e vincular os contratantes. 
è A proposta 
Proposta também chamado de oferta, policitação ou oblação; é documento redigido 
por aquele que tem interesse no negócio jurídico, dispondo as condições favoráveis 
a ele, caso venha ocorrer o contrato. A proposta precisa ser clara, ou seja, trazer 
clareza da intenção, precisa ser concisa, DEPENDENTE DE ACEITAÇÃO. 
A proposta pode ser feita verbalmente, porém, é preciso cuidado para não haver mal 
entendidos. 
Traduz uma vontade definitiva de contratar, não estando mais sujeito a discussões 
ou estudos, mas se dirigindo a parte para que essa aceite ou não. Vincula as 
pessoas. 
Pessoas: Policitante é o proponente – emite a proposta 
Oblato – quem aceita 
Características da proposta: 
1. Deve conter todos os elementos essências do negócio proposto como preço, 
quantidade, tempo de entrega, forma de pagamento etc. 
2. Deve ser séria e consciente, pois vincula o proponente. 
Art. 427: “A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos 
termos dela, da natureza do negócio ou das circunstancias do caso.” 
A lei abre, entretanto, várias exceções a essa regra. Dentre elas não se encontram, 
todavia, a morte ou a interdição do policitante. Nesses dois casos, respondem 
respectivamente, os herdeiros e o curador do incapaz, pelas conseqüências jurídicas 
do ato. Com efeito, a morte intercorrente não desfaz a promessa, que se insere 
como elemento passivo da herança. A proposta se transmite aos herdeiros, como 
qualquer outra obrigação. O princípio, evidentemente não se aplica a uma proposta 
de obrigação personalíssima. 
3. Deve ser clara e inequivoca, ou seja, deve ser formulada em linguagem simples, 
mencionando todos os elementos e dados do negócio necessários ao 
esclarecimento do destinatário e representado a vontade inquestionável do 
proponente. 
4. Declaração unilateral da vontade feita pelo proponente. 
Proposta não obrigatória/ Quando a oferta não obriga o proponente – PROVA! 
· Se tiver clausula expressa a respeito: A oferta não obrigada o proponente se 
contiver clausula expressa a respeito. Muitas vezes, a aludida clausula contem os 
dizeres “ proposta sujeita a confirmação” ou “não vale como proposta”. Neste caso, a 
ressalva se encontra na própria proposta, e o aceitante, ao recebê-la, já conhece e 
sabe da sua não obrigatoriedade. 
· Em razão da natureza do negócio: A proposta não obriga o proponente em razão 
da natureza do negócio. É o caso das chamadas propostas abertas ao público. 
· Em razão das circunstancias do caso: Aludidas no art. 428, sendo as seguintes: 
I-Se feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se 
também presente, a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação 
semelhante: “é pegar ou largar”, se o oblato não responde logo, dando pronta 
aceitação, caduca a proposta, liberando-se o proponente. 
Considera-se presente, aquele que conversa diretamente com o policitante, mesmo 
por algum outro meio mais moderno, como a internet estando ambas em contato 
simultâneo, ainda que os interlocutores estejam em cidades ou países diferentes. 
Todavia, o mesmo não se deve suceder com a proposta feita por via de e-mail, não 
estando ambos os usuários da rede simultaneamente conectados. 
II – Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para 
chegar a resposta ao conhecimento do proponente: Cuida-se de oferta enviada, por 
corretor ou correspondência, a pessoa ausente. 
Contratos entre ausentes: São aqueles que usam um intermediário ou mensageiro, 
mesmo que estejam os contratantes na mesma cidade. 
III - Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo 
dado: Se foi fixado prazo para a resposta, o proponente terá de esperar pelo seu 
término. Ou seja, o proponente faz a proposta e fixa prazo de 15 dias para resposta 
do oblato. O oblato após 15 dias, permanece inerte, com isso, esgotado o tempo 
sem resposta, estará o proponente liberado, não prevalecendo a proposta feita. 
IV – Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a 
retratação do proponente. Apesar da força obrigatória da proposta, a lei permite ao 
proponente a faculdade de retratar-se, ainda que não haja feito ressalva nesse 
sentido. Para que não se sujeite a perdas e danos, é necessário que a retratação 
chegue ao conhecimento do aceitante antes da proposta ou simultaneamente com 
ela. Ou seja, a proposta não será obrigatória se a retratação do proponente chegar 
antes da proposta ou simultaneamente ao conhecimento do oblato. 
Contratos entre presentes: Significa não ter um terceiro. 
Se o contrato for celebrado entre presentes, a proposta poderá estipular ou não 
prazo para a aceitação. Caso o licitante não estabeleça nenhum prazo, esta deverá 
ser manifestada imediatamente, sob pena de a oferta perder a força vinculativa. Se, 
no entanto, a policitação estipulou prazo, a aceitação deverá operar-se dentro dele, 
sob pena de desvincular-se o proponente. 
São as pessoas que contratam diretamente entre si, mesmo e cidades 
diferente, usando telefone ou internet. (Parte final do inciso I, 428 C. C). 
Contato simultâneo. 
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-
se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de 
comunicação semelhante 
* Internet e contratoentre presentes: Segue a lei do domicílio, ou seja, se um 
brasileiro faz a aquisição de algum produto fornecido pela internet por empresa 
estrangeira, o contrato então celebrado rege-se pelas leis do pais do contratante que 
fez a oferta ou proposta. 
O código Civil, em harmonia com o art. 9º, § 2º da LINDB, diz que o direito aplicável 
aos contratos, em geral, é aquele do lugar de onde emanou a proposta. 
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. 
O consumidor brasileiro terá dois caminhos a segur no caso de compra realizada 
pela rede em que a empresa vendedora possua sede social em pais estrangeiro: 
A. Mover ação judicial no pais sede da empresa; 
B. Ajuizá-la no Brasil. Amparado que se encontra pela CF, pela LINDB, CPC e 
pelo CDC. 
Entre presentes, os contratos reputam-se concluídos no momento da 
aceitação. 
Contratos entre ausentes: Significa um terceiro tratando do contexto, por 
correspondência (carta, telegrama, fax, radiograma, e-mail etc.) ou intermediários, a 
resposta leva algum tempo para chegar ao conhecimento do proponente e passa por 
diversas fases. 
Divergem os autores a respeito do momento em que a convenção se reputa 
concluída, apontando-se as seguintes teorias: 
Entre ausentes a resposta passa por 3 fases. Há duas teorias. 
1. Da informação ou cognição: Aperfeiçoa-se o negócio quando o policitante se 
inteira da resposta. 
É o da chegada da resposta ao conhecimento do policitante, que se inteira de seu 
teor. Tem o inconveniente de deixar ao arbítrio do proponente abrir a 
correspondência e tomar conhecimento da resposta positiva. Não basta a 
correspondência ser entregue ao destinatário; o aperfeiçoamento do contrato se dará 
somente no instante em que o policitante abri-la e tomar conhecimento do teor da 
resposta. 
2. Da declaração ou agnição, que subdivide-se em 3: 
a) - da declaração propriamente dita: o instante da conclusão coincide com o da 
redação da correspondência epistolar. Obviamente, tal entendimento não pode ser 
aceito, porque além da dificuldade de se comprovar esse momento, o consentimento 
ainda permanece restrito ao âmbito do aceitante, que pode destruir a mensagem em 
vez de remetê-la; 
b) - da expedição: não basta a redação da resposta, sendo necessário que tenha 
sido expedida, isto é, saído do alcance e controle do oblato. É considera a melhor, 
embora não seja perfeita, porque evita o arbítrio dos contraentes e afasta dúvidas de 
natureza probatória; 
a) - da recepção: exige que, além de escrita e expedida, a resposta tenha 
sido entregue ao destinatário. Distingue-se da teoria da informação porque esta 
exige não só a entrega da correspondência ao proponente como também que este a 
tenha aberto e tomado conhecimento de seu teor. 
O art. 434 do Código Civil acolheu expressamente a teoria da expedição, ao afirmar 
que os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação 
é expedida. Proclama, com efeito, o aludido dispositivo: 
“Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, 
exceto: 
I – no caso do artigo antecedente; II– se o proponente se houver comprometido a 
esperar resposta; III– se ela não chegar no prazo convencionado.” 
A proposta no Código de Defesa do Consumidor – CDC – arts. 30 ao 35 
Quando há um produto com preços diferenciados, paga-se o menor preço. 
A proposta aberta ao público, por meio de exibição de mercadorias em vitrines, 
catálogos, anunciou nos diversos meios de divulgação, vincula o ofertante. O 
fornecedor deve assegurar não apenas o preço e as características dos produtos e 
serviços, mas também as quantidades disponíveis em estoque. Deve assim atender 
a clientela, nos limites do estoque informado, sob pena de responsabilidade. 
O art. 35 do diploma, dispõe que se o fornecedor recursar-se a dar cumprimento a 
sua oferta, o consumidor poderá exigir, alternativamente, o cumprimento forçado da 
obrigação, um produto equivalente, ou ainda, a rescisão do contrato, recebendo 
perdas e danos. 
à A aceitação 
Conceito: A aceitação é concordância com os termos da proposta. É manifestação 
de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato, pois, somente 
quando o oblato se converte em aceitante e faz aderir a sua vontade à do 
proponente, a oferta se transforma em contrato. A aceitação, consiste portanto, na 
“formulação da vontade concordante do oblato, feita dentro do prazo e 
envolvendo adesão integral à proposta recebida”. 
Para produzir o efeito de aperfeiçoar o contrato, a aceitação deve ser pura e simples. 
Se apresentada “fora do prazo, com adições, restrições ou modificações, importará 
nova proposta, comunente denominada contraproposta. 
Espécies: a aceitação pode ser: 
A-) Expressa: decorre de declaração do aceitante, manifestando a sua anuência, e 
B-) Tácita: decorre de sua conduta, reveladora do consentimento. 
Hipóteses de inexistência de força vinculante da aceitação: Malgrado o contrato 
se aperfeiçoe com a aceitação, o CC trata de duas hipóteses em que tal 
manifestação de vontade deixa de ter força vinculante: 
Se a aceitação, embora expedida a tempo, por motivos imprevistos, chegar 
tarde ao conhecimento do proponente: Assim, se, embora expedida no prazo, a 
aceitação chegou tardiamente ao conhecimento do policitante, quando este, estando 
liberado em virtude do atraso involuntário, já celebrara negocio com outra pessoa, a 
circunstancia deverá ser, sob pena de responder por perdas e danos, imediatamente 
comunicada ao aceitante, que tem razões para supor que o contrato esteja concluído 
e pode realizar as despesas que repute necessárias ao seu cumprimento. 
Se antes da aceitação ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante: o 
art. 433 do CC considera “inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar 
ao proponente a retratação do aceitante”. Verifica-se que a lei permite também 
retratação da aceitação. 
Classificação dos contratos 
Contrato preliminar: Contrato preliminar ou pactum contrahendo (como era 
denominado no direito romano) é aquele que tem por objeto a celebração de um 
contrato definitivo. 
Caio Mario: “contrato preliminar é aquele por via do qual ambas as partes ou uma 
delas se compromete a celebrar mais tarde outro contrato, que será o contrato 
principal.” 
Ex de contrato preliminar em compra venda: é chamado de promessa de compra e 
venda ou compromisso de compra e venda. 
A fase das tratativas preliminares antecede à realização do contrato preliminar e com 
este não se confunde, por que as tratativas preliminares não geram direitos e 
obrigações. 
Contrato preliminar é um contrato que obriga as partes a concluir, no futuro, outro 
contrato, por essa razão, dito como definitivo. A figura portanto, tem por objetivo, 
imediato a conclusão do contrato definitivo. 
Quando o contrato preliminar gera obrigações para apenas uma das partes, 
constituindo promessa unilateral, denomina-se opção. 
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os 
requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. 
Não existe uma forma correta engessada em um contrato preliminar, mas uma coisa 
precisa ter, os requisitos de validade: 
Agente capaz, objeto lícito possível e determinável ou determinado, forma ou não 
prescrita em lei, principio da autonomia da vontade etc. 
Vício no contrato = anulável. 
Exceções pessoais: defesa 
Ex: Se em contratos de cocredores e codevedores, uma das partes agem de má-fé o 
contrato será nulo apenas para aquele que assim agiu, as demais parte, se de boa-
fé agiram, continuaram ativas. 
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo 
antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento (arras), 
qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando 
prazo à outra paraque o efetive. 
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. -> 
Passa a ter eficácia de direito real (art. 1225, inciso 7) a partir do registro em 
cartório, tendo efeito “orga omnes”. Os sucessores, se a parte principal vier a falecer, 
os herdeiros sucessores poderão cumprir o contrato. 
Art. 464. Esgotado o prazo (do contrato preliminar), poderá o juiz, a pedido do 
interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao 
contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. 
Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra 
parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. 
QUANTO AOS EFEITOS 
A. Unilateral/ Bilateral/ Plurilateral 
Unilateral: São os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes, 
como a doação pura. Segundo Orlando Gomes, o contrato “é unilateral e, no 
momento em que se forma, origina obrigação, tão somente, para uma das partes – 
ex uno latere. 
Bilateral: Todo contrato é sempre bilateral quanto as partes, mas, quanto aos 
efeitos, pode ser unilateral ou bilateral. Ou seja, os contratos bilaterais são os 
contratos que geram obrigações para ambos os contratantes. (Reciprocidade de 
obrigações) Exemplo: compra e venda. Obrigação do doador: doar; obrigação do 
donatário (o que recebe): nenhuma, ele apenas irá receber o bem. 
Compra e venda: dispõe o art. 481 C. C, um dos contraentes se obriga a transferir o 
domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. A obrigação 
de um tem como causa de outro. 
Instituto relativo ao contrato bilateral: Exceção do contrato não cumprido ou 
exceptio non adimpleti contractus” a palavra exceção aqui, tem significado de 
defesa, então, este instituto é uma manobra defensiva usada por uma das partes 
para fazer a outra cumprir sua obrigação. 
A e B celebram contrato, e A exige de B o cumprimento da obrigação. B estão se 
defende com base no artigo 476: Se A quer que B cumpra sua obrigação, A deve 
primeiro cumprir a dele. 
Trata-se de suspensão temporária do cumprimento de uma obrigação, exigindo a 
parte que a obrigação do outro contratante seja cumprida para que ele cumpra com 
a sua. 
Art. 476: “Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a 
sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro”. 
Ex: na compra e venda, só posso exigir a coisa depois de pagar o preço. 
Plurilateral: são os contratos que contém mais de duas partes. Ex: contrato de 
sociedade, em que cada sócio é uma parte. Assim também nos contratos de 
consórcio. Uma característica dos contratos plurilaterais é a rotatividade de seus 
membros. 
QUANTO AS VANTAGENS PATRIMONIAIS 
B. Onerosos e gratuitos 
Onerosos: Ambas as partes tem vantagem e proveito econômico. Exemplo: compra 
e venda. Há sacrifícios e benefícios recíprocos. 
Gratuitos: São aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício ou 
vantagem, como sucede na doação pura, no comodato (empréstimo de coisa 
infungível) e no reconhecimento do filho. Para outra há só obrigação, sacrifício. 
Nessa modalidade, outorgam-se vantagens a uma das partes, sem exigir 
contraprestação da outra. 
SÓ INTERESSA AOS CONTRATOS ONEROSOS 
C. Comutativos e aleatórios 
Comutativos (contratos bilaterais comuntativos) Aqueles quando existe uma 
equivalência entre a prestação (vantagem) e a contra prestação (sacrificio). São os 
de prestações certas e determinadas. As partes podem antaver as vantagens e os 
sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, por que 
não envolvem nenhum risco. 
Aleatórios (contratos bilaterais aleatórios): Uma das partes vai ter mais vantagem 
do que a outra, a depender de um fato futuro imprevisível (chamado Alea= sorte, 
destino) ex: seguro. Pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem 
que receberá em troca da prestação fornecida. 
Caracteriza-se pela incerteza para as duas partes sobre vantagens e sacrifícios 
que dele podem advir. 
Segundo Silvio Rodrigues: “As prestações oferecem uma possibilidade de ganho ou 
de perda para qualquer das partes, por dependerem de um evento futuro e incerto 
que pode alterar o seu montante. Isto é, existe uma álea no negócio, podendo daí 
resultar um lucro ou uma perda para qualquer das partes”. 
Segundo Caio Mário: “Se é certo que todo contrato há um risco, pode-se contudo 
dizer que no contrato aleatório este é da sua essência, pois que o ganho ou a perda 
consequente está na dependência de um acontecimento incerto para ambos os 
contratantes. O risco de perder ou ganhar pode ser de um ou de ambos; mas a 
incerteza do evento tem de ser dos contratantes, pois dependem de um evento 
futuro e inverto, sob pena de não subsistir a obrigação”. 
§ Obs:. Não confundir contrato aleatório com contrato condicional. Enquanto nos 
contratos condicionais a eficácia do contrato depende de um evento futuro e incerto, 
nos aleatórios, o contrato é perfeito desde logo, ou seja, irá se concretizar. Surge 
apenas um risco de a prestação de uma das partes ser maior ou menor, ou mesmo 
não ser nenhuma. Importante frisar que as partes ao pactuarem o contrato aleatório 
assumiram conscientemente a probabilidade de prestações desproporcionais. 
Alea: sorte, destino 
Espécies de contratos aleatórios 
a.) Emptio spei – Risco concernente à própria existência da coisa. 
Art. 458: “Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo 
risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de 
receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha 
havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir”. 
Ex 1 - Quando alguém vende colheita futura, declarando que a venda ficará perfeita 
e acabada haja safra ou não, não cabendo ao comprador o direito de reaver o preço 
pago se, em razão de geada ou outro imprevisto, a safra inexistir, caso não haja dolo 
ou culpa do vendedor. Se houver, o contrato é nulo, pois não haverá o risco ou a 
incerteza dos dois contratantes, sendo isto requisito fundamental para o contrato 
aleatório. 
Ex 2 – Pessoa se propõe a pagar determinada quantia a pescador pelo o que ele 
apanhar na rede que está na iminência de ser lançada ao mar. Mesmo que, ao puxa-
la, verifique que nenhum peixe foi capturado, o pescador terá o direito ao preço 
integral, se agiu com habitual diligencia. 
b.) Emptio rei sperate – Risco quanto à quantidade da coisa esperada: 
Art. 459: “ Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o 
adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito 
o alienante a todo o preço, desde que sua parte não tiver concorrido culpa, ainda 
que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. 
Parágrafo único: Mas, se da coisa nada vier a existir, a alienação não haverá, e o 
alienante restituirá o preço recebido”. 
Assim, se o risco da aquisição da safra futura limita-se à sua quantidade, pois ela 
deve existir, o contrato fica nulo se nada puder ser colhido. Porém, se vem a existir 
alguma quantidade, por menos que seja, o contrato deve ser cumprido, tendo o 
devedor direito a todo preço ajustado. 
c.) Venda de coisas já existentes, e não futuras, mas sujeitas a perecimento ou 
depreciação. 
Art. 460: Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas 
ao risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o 
preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.” 
Risco na destruição: art. 460, a Alea (de aleatório) decorre não de coisas futuras, 
mas, de coisas existentes, contudo, expostas ao risco. Ex: comprar uma casa numa 
região de guerra. Comprar um navio que esta sobre um maremoto. 
Obs:. Por causa desse risco, o comprador irá obter umpreço menor, mas se a coisa 
perecer antes da entrega, o preço assim será o mesmo. 
Ex: Venda de mercadoria que está sendo transportada em alto mar por pequeno 
navio, cujo risco de naufrágio o adquirente (aquele que terá o bem) assumiu. É 
valida mesmo que a embarcação já tenha sucumbido na data do contrato. Se 
contudo, o alienante sabia do naufrágio, a alienação poderá ser anulada como 
dolosa pelo prejudicado, cabendo o adquirente prova dessa carência, pois nesse 
caso, o adquirente não terá guardado na celebração do contrato, os princípios de 
probidade e boa-fé. 
D. Contratos principais e acessórios 
Os contratos acessórios seguem o principal. 
A. Nulo o contrato principal, nulo também será o negócio acessório; a recíproca, 
todavia, não é verdadeira (CC. Art. 184) 
B. A prescrição da pretensão concernente á obligatio principal acarretará da relativa 
às acessórias, embora a recíproca também não seja verdadeira; desse modo, a 
prescrição da pretensão a direitos acessórios não atinge a do direito principal. 
Os contratos principais existem por si só. “Tem vida própria”. A grande maioria dos 
contratos é principal, porém, há contratos acessórios, cuja a existência depende de 
outro contrato. 
Contrato principal: são os que têm existência própria, autônoma e não dependem, 
pois, de qualquer outro, como a compra e venda e a locação. 
Contratos acessórios: são os que tem sua existência subordinada à do contrato 
principal, como a clausula penal e a fiança. Assinala Messineo que a função 
predominante dos contratos acessórios é garantir o cumprimento de obrigações 
contraídas em contrato principal. 
Exemplos de contrato acessório: 
1. Contrato de fiança 
2. Penhor 
3. Hipoteca: se aplica a bens imóveis – o bem dado na garantia da hipoteca fica na 
posse do credor.) 
4. Anticrese: São direitos reais de garantia; garantia do cumprimento do contrato). 
Exemplo de contrato principal: compra e venda. 
E. Instantâneos e de duração 
A regra é o contrato ser instantâneo, “ter vida.” 
Exemplo de contrato instantâneo: compra e venda; contrato de troca. 
Já os outros contratos são duradouros, se prolongam por dia. E alguns duram 
décadas, como por exemplo, o contrato de locação, se não houver clausula expressa 
sobre a duração, dura um tempo indeterminado. 
Os direitos reais são permanentes, e os contratos deverão ser no máximo, 
duradouro. 
Exemplo de contrato duradouro: seguro, locação. 
F. Pessoais e impessoais 
Pessoais: É celebrado por determinada pessoa, em virtude de suas qualidades 
pessoais. É chamado de “intuito personaz” – personalíssimo. (infungíveis). O 
obrigado não pode fazer-se substituir por outrem, pois essas qualidades sejam 
culturais, profissionais, artísticas ou de uma outra espécie, tiveram influencia 
decisiva ao consentimento de outro contratante. As obrigações personalíssimas, não 
podendo ser executadas por outrem, são intransmissíveis aos sucessores, assim 
como não podem ser objeto de cessão. Havendo erro essencial sobre a pessoa do 
contratante, são anuláveis. 
Se houver óbito do devedor, as obrigações extinguir-se-ão, pois os sucessores não 
poderão cumprir a prestação, que era personalíssima. 
Impessoais: Nos contratos impessoais (fungíveis) o cumprimento da relação 
contratual poderá se dar pelo próprio devedor ou quem ele indicar. Exemplo: 
construção de um edifício. Se admite a execução forçada do contrato. (Art. 475) 
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se 
não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização 
por perdas e danos. 
à Aplicabilidade somente para contratos impessoais, visto que não é possível 
pedir a execução forçada dos pessoais, e sim impessoais, que podem ser 
substituídos por alguém. 
Exemplo: Alguém é contrato para pintar um quadro e quebra a mão, outra pessoa 
poderá realizar o ofício. Diferentemente de um cantor famoso que é contratado para 
cantar, e esse sofre um acidente e portanto, não poderá ir. O contrato não poderá 
ser cumprido e nem obrigado a ser, mas, e como fica a parte acessória do show? 
Como os bares, estacionamento que investiram? A quem será ajuizada a ação? Se 
não tiver em clausula contratual que alguém deverá indenizar, em casa de 
inadimplemento do cantor, aplica-se o principio da coisa perece para o credor, em 
outras palavras, quem irá arcar com o prejuízo será o próprio credor, no exemplo, o 
dono do bar ou do estacionamento. 
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos 
devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que 
razoavelmente deixou de lucrar. 
G. Típicos e atípicos 
Típicos: definidos em lei, tem previsão legal. Art , 481 ao 853. Compra e venda – 
fiança. 
Atípicos: não tem lei que o define, mas tem os três elementos de boa fé, autonomia 
e capacidade das partes. 
H. Solenes e informais 
Alguns contratos pelas suas características, a lei exige solenidades, para a sua 
conclusão, no caso de doação e fiança, devem ser por escrito (artigo 541 – 819). 
Solene: contrato que devem obedecer a forma prevista em lei para se aperfeiçoar. 
Quando a forma é exigida como condição de validade do negócio, este é solene e a 
formalidade é ad solemnitatem. Não observada o contrato é NULO. 
Contratos não solenes ou informais: são os de forma livre. Basta o consentimento 
para a sua formação. Como a lei não reclama nenhuma formalidade para seu 
aperfeiçoamento, podem ser celebrados por qualquer forma ou seja, por escrito 
particular ou verbalmente. 
Em regra os contratos tem forma livre, salvo expressas exceções. Podem ser 
mencionados exemplos, como dispõe o art. 107: “A validade da declaração de 
vontade não dependerá de forma especial, se não quando a lei expressamente a 
exigir”. 
Os informais podem ser verbais enquanto os solenes devem ser por escrito. 
Todo contrato informal tem valor jurídico. Exemplo: Empréstimo mútuo de dinheiro, A 
pede dinheiro emprestado a B. A boa fé diz que A devolverá o dinheiro a B. Tem 
valor jurídico, mesmo sendo informal. 
Seja solene ou contrato informal, ele trabalha com uma informação importante, de 
que a boa fé objetiva e a função social do contrato está presente, portanto, tem 
validade. 
I. Reais e consensuais 
Contratos reais: São aqueles que exigem para se aperfeiçoar, além do 
consentimento, a entrega (traditio) da coisa que lhe serve de objeto, como os de 
deposito, comodato, o mutuo. Esses contratos são os que formam a tradição da 
coisa. Se for coisa móvel a tradição e o registro imobiliário para imóveis transmitiram 
a propriedade. Em outras palavras, é que contratos reais é contrato de coisa, como 
por exemplo, compra e venda. Se for coisa móvel é a tradição, o passe da coisa, se 
for imóvel, o registro imobiliário. 
Contratos consensuais: Todo contrato tem que ser consensual, pois se não houver 
consenso não há em que se falar de contrato. São aqueles que se formam 
unicamente pelo acordo de vontade, independente da entrega da coisa. 
Interpretação dos contratos – hermenêutica contratual 
Interpretar o negócio jurídico é precisar o sentido e alcance do conteúdo da 
declaração da vontade. Pode-se dizer que as regras de interpretação dos contratos 
previstas no CC dirigem-se primeiramente às partes, que são as principais 
interessadas em seu cumprimento. Não havendo entendimento entre elas a respeito 
do exato alcance da avença e do sentido do texto por elas assinado, a interpretação 
deverá ser realizada pelo juiz, como representando do Poder Judiciário. 
Interpretação contratual declaratória: quando tem como escopo a descoberta da 
intenção comum dos contratantes no momento da celebração do contrato. 
Interpretação integrativa: quando objetiva o aproveitamento do contrato, mediante 
o suprimento das lacunas e pontos omissos deixado pelas partes, 
complementando por meio de normas

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