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rt. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato, observado o disposto na Declaração de Direitos de Liberdade Econômica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 881, de 2019) Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerá o princípio da intervenção mínima do Estado, por qualquer dos seus poderes, e a revisão contratual determinada de forma externa às partes será excepcional. (Incluído pela Medida Provisória nº 881, de 2019) Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas que gerem dúvida quanto à sua interpretação, será adotada a mais favorável ao aderente. (Redação dada pela Medida Provisória nº 881, de 2019) Parágrafo único. Nos contratos não atingidos pelo disposto no caput, exceto se houver disposição específica em lei, a dúvida na interpretação beneficia a parte que não redigiu a cláusula controvertida. (Incluído pela Medida Provisória nº 881, de 2019) Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. Seção II Da Formação dos Contratos Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa. Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: I - no caso do artigo antecedente; II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; III - se ela não chegar no prazo convencionado. Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. Seção III Da Estipulação em Favor de Terceiro Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante. Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. Seção IV Da Promessa de Fato de Terceiro Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. Seção V Dos Vícios Redibitórios Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço. Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição. Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. § 1 o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. § 2 o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria. Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. Seção VI Da Evicção Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante. Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida. Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização. Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. Seção VII Dos Contratos Aleatórios Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir. Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido. Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato. Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa. Seção VIII Do Contrato Preliminar Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive. Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor. Seção IX Do Contrato com Pessoa a Declarar Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado. Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato. Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado. Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários: I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la; II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação. Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários. 1. Noção de contrato Dentro da teoria dos negócios jurídicos, é tradicional a distinção entre os atos unilaterais e os bilaterais. Aqueles se aperfeiçoam pela manifestação da vontade de uma das partes, enquanto estes dependem da coincidência de dois ou mais consentimentos. Os negócios bilaterais, isto é, os que decorrem de acordo de mais de uma vontade, são os contratos. Portanto, o contrato representa uma espécie do gênero negócio jurídico. E a diferença específica entre ambos consiste na circunstância de o aperfeiçoamento do contrato depender da conjunção da vontade de duas ou mais partes. Por conseguinte, cada vez que a formação do negócio jurídico depender da conjunção de duas vontades, encontramo-nos na presença de um contrato, que é, pois, o acordo de duas ou mais vontades, em vista de produzir efeitos jurídicos. Em face de tal conceito, o âmbito do contrato não se circunscreve apenas ao Direito das Obrigações, estendendo-se aos outros ramos do direito privado e mesmo ao direito público. Todavia, embora não se possa negar o aspecto contratual de muitas relações jurídicas que se estabelecem mediante o acordo de vontades e fora do terreno patrimonial, uma parte considerável da doutrina procura limitar o conceito de contrato, em sentido estrito, aos ajustes que constituam, regulem ou extingam relações patrimoniais. O art. 421 do Código Civil dispõe que a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Há diversos princípios que regem o direito contratual e verificar-se-á que o legislador tem restringido, mais ou menos, a liberdade contratual. Esta liberdade encontra restrição na lei, e só nela. 2. Função social do contrato O contrato exerce uma função e apresenta um conteúdo constante: o de ser o centro da vida dos negócios. É o instrumento prático que realiza o mister de harmonizar interesses não coincidentes. Defluindo da vontade das partes, ele só se aperfeiçoa quando, pela transigência de cada um, alcançam os contratantes um acordo satisfatório a ambos. A instituição jurídica do contrato é um reflexo da instituição jurídica da propriedade. Ele é o veículo da circulação da riqueza e, por conseguinte, só se pode concebê-lo como instituição pura de direito privado, em regimes que admitem a propriedade individual. Aliás, o extraordinário desenvolvimento do comércio, que impôs a necessidade da célebre evolução da teoria contratual só foi possível, por outro lado, em virtude do aperfeiçoamento do contrato. O contrato será o instrumento imprescindível e o elemento indispensável à circulação dos bens. E não há exagero em se dizer que o direito contratual foi um dos instrumentos mais eficazes da expansão capitalista em sua primeira etapa. 2.1. Fundamento da obrigatoriedade dos contratos Uma vez ultimado o contrato liga as partes concordantes, estabelecendo um vínculo obrigacional entre elas. Algumas legislações vão a ponto de afirmar que as convenções legalmente firmadas transformam-se em lei entre as partes. Tal vínculo se impõe aos contratantes, que, em tese, só o podem desatar pela concordância de todos os interessados. E o descumprimento da avença por qualquer da partes, afora os casos permitidos em lei, sujeita o inadimplente à reparação das perdas e danos (CC, art. 389). A explicação da obrigatoriedade dos contratos assenta em preocupação que ultrapassa as raias do interesse particular para atender a um anseio de segurança que é de ordem geral.Pois o problema deve ser encarado não sob o ângulo individual, mas sob o social. Aquele que, por livre manifestação da vontade, promete dar, fazer ou não fazer qualquer coisa, cria uma expectativa no meio social, que a ordem jurídica deve garantir. O propósito de se obrigar, envolvendo uma espontânea restrição da liberdade individual, provoca consequências que afetam o equilíbrio da sociedade. Por conseguinte, a ordenação jurídica, na defesa da harmonia das relações inter- humanas, cria elementos compulsórios do adimplemento. Com efeito, é a lei que torna obrigatório o cumprimento do contrato. E o faz compelir aquele que livremente se vinculou a manter sua promessa, procurando, desse modo, assegurar as relações assim estabelecidas. O contrato se aperfeiçoa pela coincidência de duas ou mais manifestações unilaterais da vontade. Se estas se externarem livre e conscientemente e se foram obedecidas as prescrições legais, a lei as faz obrigatórias, impondo a reparação das perdas e danos para a hipótese de inadimplemento. 2.2. Elementos constitutivos e pressupostos de validade do contrato O fator novo, elementar ao conceito de contrato, é a coincidência de vontades, ou seja, o acordo entre dois ou mais participantes da convenção. Quando o ato jurídico é unilateral, a manifestação válida da vontade de uma pessoa gera os efeitos almejados pelo agente. Exemplo característico se encontra no testamento. No contrato, porém, dado seu caráter sinalagmático, é mister a existência da manifestação coincidente da vontade e duas ou mais partes. Em regra, apresentam-se dois contratantes, com interesses opostos, que através da convenção se compõem. Por vezes, contudo, nas posições antagônicas, encontram-se mais de duas pessoas, como na hipótese de serem válidos os vendedores e vários os compradores. Cada grupo constitui um centro de interesses determinados. Todavia, nem sempre a posição antagônica entre as contratantes é fundamental. Por vezes, convenções aparecem, como no contrato de sociedade, em que os interesses das partes se mostram paralelos, de modo que elas apenas se obrigam mutuamente a combinar seus esforços ou recursos para lograr fim comum (CC, art. 981). 3. Princípios do direito contratual Três princípios básicos constituíram o alicerce da teoria contratual: I - o princípio da autonomia da vontade, apenas limitado pela supremacia da ordem pública; II - o princípio da relatividade das convenções; III - o princípio da força vinculante do contrato, ou da obrigatoriedade das convenções. A análise desses princípios ajudará a entender o mecanismo do contrato e a precisar seu conceito. I - O princípio da autonomia da vontade consiste na prerrogativa conferida aos indivíduos de criarem relações na órbita do direito, desde que se submetam às regras impostas pela lei e que seus fins coincidam com o interesse geral, ou não o contradigam. Desse modo, qualquer pessoa capaz pode, pela manifestação de sua vontade, tendo objeto lícito, criar relações a que a lei empresta validade. Não estão as partes adstritas à escolha de determinado contrato nominal; antes, podem usar da liberdade que lhes reconhece a lei para recorrer a um contrato atípico, ou para combinar várias espécies de contratos a fim de regular o eventual conflito entre seus interesses. Com efeito, a vida social se alicerça em alguns princípios gerais cuja incidência não pode ser arredada por ajuste entre os jurisdicionados, sob pena de ameaça à própria estrutura da sociedade. Assim, por exemplo, as normas que regulam a instituição da família, o regime da propriedade, a segurança pública etc. Além disso, o Estado, não raro, dentro de sua política legislativa, transforma em normas de ordem pública preceitos de caráter supletivo, criando, assim, novas regras cogentes. Exemplo de tal procedimento se encontra na Lei da Usura, na legislação trabalhista, nas leis do inquilinato etc. Ora, o princípio da autonomia da vontade esbarra sempre na limitação criada por lei de ordem pública. Esbarra, igualmente, na noção de bons costumes, ou seja, naquelas regras morais não reduzidas a escrito mas aceitas pelo grupo social e que constituem o substrato ideológico inspirador do sistema jurídico. A noção de ordem pública e o respeito aos bons costumes constituem, consequentemente, barreiras limitadoras da liberdade individual em matéria de contrato. II - O segundo princípio - o da relatividade das convenções - contém a ideia de que os efeitos do contrato só se manifestam entre as partes, não aproveitando nem prejudicando terceiros. O que, aliás, é lógico. Como o vínculo contratual emana da vontade das partes é natural que terceiros não possam ficar atados a uma relação jurídica que não lhes foi imposta pela lei nem derivou de seu querer. Por conseguinte, tal princípio representa um elemento de segurança, a garantir que ninguém ficará preso a uma convenção, a menos que a lei o determine, ou a própria pessoa o delibere. III - O princípio da força vinculante das convenções consagra a ideia de que o contrato, uma vez obedecidos os requisitos legais, torna-se obrigatório entre as partes, que dele não se podem desligar senão por outra avença em tal sentido. Isto é, o contrato vai constituir uma espécie de lei privada entre as partes, adquirindo força vinculante igual à do preceito legislativo, pois vem munido de uma sanção que decorre da norma legal, representada pela possibilidade de execução patrimonial do devedor (pacta sunt servanda). O liberalismo do século XIX justifica o princípio na ideia de que, se as partes alienaram livremente sua liberdade, devem cumprir o prometido ainda que daí lhes advenha considerável prejuízo. Pois, quem diz contratual, diz justo. O princípio da obrigatoriedade das convenções encontra um limite na regra de que a obrigação se extingue se vier a se impossibilitar por força maior ou caso fortuito. Mas, dentro da concepção clássica, essa é a única limitação à norma da obrigatoriedade do contrato. 3.1. O problema da interpretação Através da hermenêutica, procura o intérprete não apenas descobrir qual a vontade do legislador, mas vontade concreta da lei. Como ato jurídico que é, o contrato tem por mola propulsora a vontade das partes, de maneira que, para descobrir o exato sentido de uma disposição contratual, faz-se mister, em primeiro lugar, verificar qual a intenção comum dos contratantes. Esta é, teoricamente, a finalidade da exegese. Daí a regra básica consagrada pela generalidade dos Códigos. A interpretação do contrato faz-se necessária quando existe divergência entre as partes sobre o efetivo sentido de uma cláusula. Com efeito, se há concordância entre elas, não ocorre litígio e a convenção é cumprida normalmente. Entretanto, por vezes aparece, entre os contratantes, disparidade de opiniões acerca do alcance de uma cláusula determinada. Nesse caso instala-se um conflito cuja solução depende da interpretação do ajuste a ser realizada pelo juiz. 3.2. Do princípio da boa-fé A boa-fé é um consentimento ético moldado nas ideias de proceder com correção e dignidade, pautando sua atitude pelos princípios da honestidade, da boa intenção e no propósito de a ninguém prejudicar. 4. Evolução do direito contratual O quadro teórico exposto sofreu, entretanto, profunda modificação no correr do século XX, e tal transformação atingiu principalmente dois dentre os princípios básicos analisados. De fato, tanto o princípio da autonomia da vontade como o da obrigatoriedade das convenções perderam uma parte de seu prestígio em face de anseios e preocupações novas, nem sempre atendidos no apogeu do regime capitalista. Com efeito, o princípio da autonomia da vontade parte do pressuposto de que os contratantesse encontram em pé de igualdade e que, portanto, são livres de aceitar ou rejeitar os termos do contrato. Mas isso nem sempre é verdadeiro, pois a igualdade que reina no contrato é puramente teórica e, por via de regra, enquanto o contratante mais fraco no mais das vezes não pode fugir à necessidade de contratar, o contratante mais forte leva uma sensível vantagem no negócio, pois é ele quem dita as condições do ajuste. De fato não são raros os casos em que a parte mais necessitada precisa contratar e tem de submeter-se às cláusulas que lhe impõe o contratante mais forte. A verificação de tais circunstâncias conduziu o legislador a intervir no contrato para remediar os efeitos da desigualdade existente. Vê-lo usando do próprio mecanismo, acima explicado, ou seja, criando, para limitar a autonomia da vontade, novas normas de ordem pública contra as quais esbarra a liberdade de estipular. Assim vimos aparecer a Lei da Usura, as leis do inquilinato, a Lei de Luvas etc. 5. Da resolução por onerosidade excessiva Para elucidar o item, citaremos os artigos 478 ao 480 do Código Civil: "Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença, que a decretar, retroagirão à data da citação. Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato. Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva". Na jurisprudência, por igual, tal tendência tem prevalecido. De fato, após algumas hesitações onde predominam arestos em sentido contrário, parece ter se firmado orientação no sentido de se permitir a rescisão dos contratos em virtude da excessiva onerosidade das prestações, oriunda de acontecimentos extraordinários e supervenientes, imprevisíveis por ocasião do negócio. O Código de Defesa do Consumidor trouxe uma inovação importante em matéria da possibilidade de revisão do contrato pelo juiz, firmando assim o princípio da força vinculante do contrato, criando um reforço para a chamada teoria da superveniência. Com efeito, isso ocorre com a regra do art. 6º, V, desse Código, quando, cuidando dos direitos básicos do consumidor, declara ser um deles a prerrogativa de obter a revisão do contrato. "Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...) V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas". O que há de inovador no preceito é que a revisão independe de ser imprevisível o fato superveniente que tornou excessivamente onerosa a prestação do consumidor. É mister ter-se em vista que a regra está circunscrita às relações de consumo. Mas é tão amplo o conceito dessas relações que a repercussão da regra na vida cotidiana pode ser sensível. Assim, vê-se como tem evoluído o contrato, talvez no sentido de sacrificar a amplitude de seus princípios básicos em favor das restrições que almejam fazê-lo mais justo e mais humano. O Código Civil admite a resolução por onerosidade excessiva, nos termos acima transcritos (CC, arts. 478/480). 6. Considerações gerais sobre a classificação dos contratos A classificação é um procedimento lógico, por meio do qual, estabelecido um ângulo de observação, o analista encara um fenômeno determinado, grupando suas várias espécies conforme se aproximem ou se afastem umas das outras. Sua finalidade é acentuar as semelhanças e dessemelhanças entre as múltiplas espécies, de maneira a facilitar a inteligência do problema em estudo. Para que a classificação seja adequada, faz-se mister a presença de duas condições, a saber: a) que não deixe resíduos, isto é, que uma vez terminada, todas as espécies caibam numa das categorias estabelecidas; desse modo, por exemplo, distinguindo-se os contratos em onerosos e gratuitos, torna-se necessário que não remanesça nenhuma convenção que se não insira dentro de uma ou de outras dessas categorias; b) que as espécies classificadas numa rubrica mais se afastem do que se aproximem das espécies classificadas em outra. Um mesmo fenômeno pode ser classificado de diversas maneiras, conforme varie o ângulo em que se coloca o observador. É o que se verá em matéria de contratos. Se encararmos os contratos tendo em consideração a sua natureza, podemos classificá- los em: a) unilaterais e bilaterais; b) onerosos e gratuitos; c) comutativos e aleatórios; d) causais e abstratos. Se tivermos em vista a maneira como se aperfeiçoam, podemos distinguir os contratos em: consensuais e reais; e solenes e não solenes. Se nos ativermos à tradicional divisão, tendo em vista o fato de a lei lhes atribuir, ou não, um nome e lhes sistematizar as regras, podemos separar os contratos em: nominados; inominados. Considerando uns em relação aos outros, os contratos se classificam em: principais; acessórios. Tendo em vista o tempo em que devem ser executados, separam-se em contratos de execução: instantânea; diferida no futuro. Quanto ao seu objeto, podemos distinguir o contrato: definitivo; preliminar. Finalmente, quando se tem em vista a maneira como são formados, cumpre separaros contratos: paritários; adesão. O Código Civil consagrou uma seção ao contrato preliminar, arts. 462 a 466, e dois dispositivos, 423 e 424, aos contratos de adesão. 7. Da formação dos contratos O contrato, negócio jurídico que é, tem como substrato elementar a vontade humana. Ao analisá-la, dois momentos distintos podem ser apreciados: a) um momento subjetivo, psicológico, interno, representado pela própria formação do querer; e b) um momento objetivo, em que a vontade se reflete por meio da declaração. Enquanto não se externa, mantendo-se oculta no espírito do homem, a vontade conserva-se ignorada de todos, não adquirindo, por conseguinte, relevância na vida dos negócios. Somente quando se manifesta de maneira séria, obrigante e definitiva é que vai repercutir no campo do direito, criando relações jurídicas. De maneira que, em rigor, é a declaração da vontade, e não ela própria, que constitui o principal objeto de estudo, neste ensejo. No geral, existe identidade entre a vontade e a declaração, pois as partes, em regra, conhecem o próprio desejo e o externam de maneira adequada. Muitas vezes, contudo, existe disparidade entre o querido e o declarado pelos contratantes, de modo que o contrato, derivado de suas declarações, não corresponde ao efetivo querer de ambas ou de uma das partes. Os contratos se aperfeiçoam no momento da aceitação. O problema é simples quando presentes as partes, pois, no instante em que a proposta é aceita, cruzam-se as vontades e ultima-se a avença. Ele se complica, entretanto, quando o contrato se perfaz por correspondência epistolar ou telegráfica, pois cumpre saber se o negócio se conclui no momento em que o oblato (leigo) escreve sua aceitação, no momento em que a expede, ou naquele em que o policitante (proponente) toma conhecimento da concordância do outro contratante. Os contratos, via de regra, têm forma livre, aperfeiçoando-se pela mera troca dos consentimentos. Alguns, entretanto, os contratos solenes, dependem de forma imposta em lei. Dentre os contratos solenes encontram-se os que dependem de escritura pública, como, por exemplo, os contratos translativosde direitos reais sobre imóveis de valor superior a determinada cifra (CC, art. 108). O contrato não nasce sem a escritura pública, não gerando, dessa maneira, as consequências típicas dele ordinariamente resultantes. 8. Das estipulações em favor de terceiro Dá-se estipulação em favor de terceiro quando, num contrato entre duas pessoas, pactua-se que a vantagem resultante do ajuste reverterá em benefício de terceiro, estranho à convenção e nela não representado. É negócio peculiar, pois, em vez de resultarem do contrato obrigações recíprocas entre os contraentes, apenas um deles assume o encargo de realizar prestação em favor de terceiro. Por conseguinte, nessa relação jurídica aparecem três figurantes: o estipulante, o promitente e o beneficiário. Estipulante é o que obtém do promitente, ou devedor, a promessa em favor do beneficiário. 9. Promessa de fato de terceiro O Código Civil, em seu artigo 439, repete a regra do antigo Código de 1916, segundo a qual aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este não o executar. Isso porque ninguém pode vincular terceiro a uma obrigação. A pessoa só se torna devedora de uma obrigação ou por manifestação de sua própria vontade ou por força da lei, ou em decorrência de ato ilícito por ela praticado. Por conseguinte, se alguém promete ato de terceiro, este não se obriga, a menos que dê sua anuência à proposta. Todavia, não há iliceidade no ato do promitente, e sua promessa apenas o vincula a uma obrigação de fazer, ou seja, a de conseguir o ato de terceiro. 10. Dos vícios redibitórios O propósito do legislador, ao disciplinar essa matéria, é aumentar as garantias do adquirente. De fato, ao proceder à aquisição de um objeto, o comprador não pode, em geral, examiná-lo com a profundidade suficiente para descobrir os possíveis defeitos ocultos, tanto mais que, via de regra, não tem a posse da coisa. Por conseguinte, e considerando a necessidade de rodear de segurança as relações jurídicas, o legislador faz o alienante responsável pelos vícios ocultos da coisa alienada. A maioria das outras legislações cuida dos vícios redibitórios no capítulo da compra e venda, pois esse é o campo em que ordinariamente o problema se propõe. 11. Da evicção Dá-se a evicção quando o adquirente de uma coisa se vê total ou parcialmente privado da mesma, em virtude de sentença judicial que a atribui a terceiro, seu verdadeiro dono. Portanto, a evicção resulta sempre de uma decisão judicial. Ela se configura, por exemplo, na compra feita por quem não era dono. Se o verdadeiro proprietário da coisa vendida a reclama judicialmente e alcança êxito na lide, o comprador sofre evicção. Ao reivindicante bem sucedido chama-se evictor; ao adquirente, vencido na demanda, dá-se o nome de evicto. 12. Dos contratos aleatórios Na classificação dos contratos, os aleatórios se opõem aos comutativos. Comutativos são aqueles contratos em que não só as prestações apresentam uma relativa equivalência, como também as partes podem avaliar, desde logo, o montante das mesmas. As prestações são certas e determináveis, podendo qualquer dos contratantes antever o que receberá em troca da prestação que oferece. Aleatórios são os contratos em que o montante da prestação de uma ou de ambas as partes não pode ser desde logo previsto, por depender de um risco futuro, capaz de provocar sua variação. Com efeito, o contrato aleatório é aquele em que as prestações oferecem uma possibilidade de ganho ou perda para qualquer das partes, por dependerem de um evento futuro e incerto que pode alterar o seu montante. O objeto do negócio está ligado à ideia de risco. Isto é, existe uma álea no negócio, podendo daí resultar um lucro ou uma perda para qualquer das partes. 13. Do contrato preliminar Exceto quanto à forma, o contrato preliminar deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado (CC, art. 462). Esse tipo de negócio, embora a lei não o diga, deve ser celebrado por escrito, pois a prova exclusivamente testemunhal não pode ser admitida (CC, art. 227) em negócios acima de determinado valor. Ao firmar contrato preliminar, os contratantes assumem uma obrigação recíproca de fazer, ou seja, a de, oportunamente, se outorgarem um contrato definitivo. O grande problema que se propõe nesse campo é o de saber o que acontece quando, a despeito de haver assumido aquela obrigação de fazer, um dos contratantes se recusa a cumpri-la, negando-se a firmar o contrato definitivo. Fontes Obrigacionais 1. Atos unilaterais “A declaração unilateral de vontade é uma das fontes das obrigações resultantes da vontade de uma só pessoa, formando-se a partir do instante em que o agente se manifesta com a intenção de se obrigar, independentemente da existência ou não de uma relação creditória, que poderá surgir posteriormente” (DINIZ, 2011, pág. 812). É possível alguém se obrigar sozinho? Sim, mas, não através de um contrato, pois todo contrato é bilateral quanto às partes. Os atos unilaterais são obrigações assumidas por alguém independente da certeza do credor. Tais atos só podem ser criados pela lei. Segundo nosso Código Civil, são quatro os atos unilaterais: a promessa de recompensa, a gestão de negócios, o pagamento indevido e o enriquecimento sem causa. 2. Contratos Contrato é acordo entre duas ou mais vontades, em conformidade a ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com a finalidade de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial. Produz efeitos obrigacionais. O contrato é uma espécie de negócio jurídico que depende, para a sua formação, da participação de duas ou mais partes, é portanto, negocio jurídico bilateral ou plurilateral. Resulta de uma composição de interesses, decorrentes do mútuo consenso. As partes se vinculam ao contrato através do princípio “pacta sunt servanda”. Efeitos obrigacionais dos contratos: 1. Transitoriedade: Ninguém fica atrelado a outrem eternamente. Perpetuidade tem relação ao direito real, não contratos, que tem característica transitória. 2. Valor econômico: Todo contrato precisa ter um valor econômico para viabilizar a responsabilidade patrimonial do inadimplente. 3. Consenso: todos os contratos se formam pelo consenso, do acordo entre duas pessoas. Requisitos de validade dos contratos Para que o negócio jurídico produza efeitos, possibilitando a aquisição, modificação ou extinção de direitos, deve preencher certos requisitos, apresentados como os de sua validade. Se possui é valido, e dele decorrem os mencionados efeitos, almejados pelo agente. Se porém, falta-lhe um desses requisitos, o negócio é inválido, não produz o efeito jurídico em questão e é nulo ou anulável. De ordem geral Art. 104: “ A validade do negocio jurídico requer: I – agente capaz II – objeto licito, possível, determinado ou determinável III – forma prescrita ou não defesa em lei (Obs: a validade de declaração de vontade não dependerá e forma especial, se não quando a lei expressamente exigir – art. 107”. De ordem especial Os requisitos de validade do contrato podem assim, ser distribuídos em 3 grupos: A-) Requisitos subjetivos 1. Manifestação de duas ou mais vontades e capacidade genérica dos contraentes: A capacidade exigida nada mais é do que a capacidade de agir em geral. Art. 3º (nulo) e 4º (anulável). Art. 3 do C. C: São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I – os menores de 16 anos II – os que, por efermidade ou deficiência mental, não tiveram o necessário discernimento para a pratica desses atos. III- os que, mesmo por causa transitória, não puderam exprimir sua vontade.Art. 4 do C. C: São relativamente incapazes: I – Os maiores de 16 anos e menores de 18 anos. II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham seu discernimento reduzido. III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo IV – os pródigos Obs. T. P. M: Tutela para menores C. P. I: Curatela para incapazes 2. Aptidão específica para contratar: Algumas vezes, para celebrar certos contratos, requer-se uma capacidade especial, mais intensa que a normal. Essas hipóteses não dizem respeito propriamente à capacidade geral, mas a falta de legitimação ou impedimento para realização de certos negócios. Ex: Consentimento dos descendentes e do cônjuge do alienante (para a venda a outros descendentes). A legitimidade é um limitador da capacidade. Algumas pessoas, embora capazes, não tem legitimidade (autorização) para comprar e vender certos bens, embora essa limitação é aplicada em certas circunstanciais. 3. Consentimento: É o acordo de vontade. Deve abranger sobre o acordo de existência e natureza do contrato, acordo sobre o objeto do contrato e sobre suas clausulas. O consentimento deve ser livre e espontâneo. A manifestação da vontade, nos contratos, pode ser tácita, quando a lei não exigir que seja expressa. A expressa é exteriorizada verbalmente, por escrito, gesto ou mímica. A tácita se infere da conduta do agente. O silencio pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade quando as circunstancias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa, e também quando a lei autorizar. B-) Requisitos objetivos Diz respeito ao objeto do contrato que deve ser: II – objeto licito, possível, determinado ou determinável – Art. 104 1. Licitude do objeto do contrato: objeto lícito é o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons costumes. 2. Possibilidade jurídica ou física do objeto do negócio jurídico: O objeto deve ser também possível. Quando impossível é nulo. A impossibilidade física é a que emana das leis físicas ou naturais, já a impossibilidade jurídica do objeto, quando o ordenamento proíbe, expressamente, negócios a respeito de determinado bem, como por exemplo, a herança de pessoa viva. 3. Economicidade do objeto: deve ser suscetível de apreciação econômica. C-) Requisitos formais A forma é o meio de revelação da vontade. No direito brasileiro a forma é em regra, livre, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular. O conseunsualismo, portanto, é regra, e o formalismo, exceção. Art. 107: “A validade da declaração da vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente exigir”. Podem ser distinguidas 3 espécies de formas: 1. Forma livre: É a predominante no direito brasileiro. É qualquer meio de manifestação da vontade, não imposto obrigatoriamente pela lei. (Ex: palavra escrita ou falada, escrito público ou particular). 2. Forma especial ou solene: É exigida pela lei como requisito de validade de determinados negócios jurídicos, com finalidade de assegurar a autencidade dos negócios, garantir a livre manifestação da vontade, demonstrar a seriedade do ato e facilitar a sua prova. A forma especial pode ser única ou múltipla. Forma única é a que, por lei, não pode ser substituída por outra. Diz-se múltipla ou plural a forma quando o ato é solene, mas a lei permite a formalização do negócio jurídico por diversos modos, podendo o interessado se optar validamente por um deles. 3. Forma contratual: É a convencionada pelas partes. Princípios fundamentais do direito contratual Art. 421: Princípio da autonomia privada “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. O princípio da autonomia da vontade se alicerça na ampla liberdade contratual, no poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses, mediante acordo de vontades. Têm as partes a faculdade de celebrar ou não contratos, sem qualquer interferência do Estado. E ainda: Art. 421: É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas nesse Código”. Contrato atípico: É o que resulta não de um acordo de vontades regulado no ordenamento jurídico, mas gerado pelas necessidades e interesses das partes. Art. 422: Princípio da boa-fé objetiva “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem e forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato. É pressuposta a boa-fé, entretanto, a má-fé cabe o ônus da prova. A boa-fé impõe ao contratante um padrão de conduta, o de agir com retidão, ou seja, com honestidade e lealdade. Hoje pode-se dizer que as clausulas gerais que o juiz deve rigorosamente aplicar no julgamento das relações obrigacionais são: a boa-fé, o fim social do contrato e a ordem pública. Probidade: Um dos aspectos objetivos do princípio de boa-fé. Pode ser entendida como honestidade de proceder, ou maneira criteriosa de cumprir todos os deveres. O princípio de boa-fé se biparte em: A.) Boa-fé subjetiva: Também chamada de concepção psicológica. Diz respeito ao conhecimento ao à ignorância da pessoa em relação a certos fatos. Diz-se “subjetiva” justamente porque, para a sua aplicação, deve o intérprete considerar a intenção do sujeito da relação jurídica, o seu estado psicológico ou intima convicção. B.) Boa-fé objetiva: Também chamada de concepção ética. É a boa-fé objetiva que se constitui em norma jurídica fundada em um princípio geral do direito, segundo o qual todos devem comportar-se de boa-fé nas suas relações recíprocas. As expressões suppressio, surrectio e tu quoque são conceitos correlatos à boa-fé objetiva, oriundos do direito comparado. Devem ser utilizados com função integrativa, suprindo lacunas do contrato e trazendo deveres implícitos às partes contratuais. - Suprressio: Um direito não exercido durante determinado lapso de tempo não poderá mais sê-lo por contrair a boa-fé. - Surretio: Consiste no nascimento de um direito, sendo nova fonte de direito subjetivo consequente à continuada pratica de certos atos. - Tu quoque: aquele que descumpriu norma legal ou contratual, atingindo isso determinada posição jurídica, não pode exigir do outro o cumprimento do preceito que ele próprio já descumprira. No mesmo sentido de: quem não cumpriu o contratado, ou a lei, não pode exigir o cumprimento de um ou outro. Demais artigos que tratam da boa-fé: Art. 113: “Os negócios devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração”. Art. 187: “ Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim economico ou social, pela boa-fé ou pelo bons costumes”. A incidência da regra da boa-fé pode ocorrer em várias situações, não só para se reclamar do contratante o cumprimento da obrigação como também para exonerá-lo. Princípio do consensualismo: Basta o acordo de vontade, independentemente da entrega da coisa, para o aperfeiçoamento do contrato. Os contratos em regra são, consensuais. Alguns poucos no entanto, são reais, porque somente se aperfeiçoam com a entrega do objeto, subsequente ao acordo de vontades. Princípio da relatividade dos contratos: Funda-se na ideia de que os efeitos dos contratos só se produzem em relação às partes, não afetando terceiros, salvo algumas exceções consignadas na lei (estipulações em favor de terceiros). Princípio da obrigatoriedade dos contratos: Decorre da convicção de que o acordo de vontades faz lei entre as partes (“ pacta sunt servanda”) não podendo ser alterado nem pelo o juiz. Princípioda revisão dos contratos: Também denominado “princípio da onerosidade excessiva”, opõe-se ao da obrigatoriedade, pois permite aos contratantes recorrerem ao Judiciário para obter alteração da convenção e condições mais humanas caso a prestação se torne excessivamente onerosa em virtude de acontecimentos extraordinário e imprevisíveis. Formação dos contratos “Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto”. Art. 435CC. Fases: 1. Tratativas preliminares ou puntuação 2. Proposta ou oferta, policitação ou oblação 3. Aceitação ou conclusão do negócio O contrato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta, também chamada de oferta, policitação ou oblação, dá início a formação do contrato, e não depende, em regra de forma especial, como também a aceitação. Nem sempre o contrato nasce instantaneamente de uma proposta, e em seguida tem-se a aceitação. Na maioria dos casos, a proposta é antecedida de conversações, debates e estudos, denominada fase da puntuação ou tratativas preliminares. Na fase da puntuação, como as partes ainda não manifestaram sua vontade, não há nenhuma vinculação ao negócio. Mesmo quando surge um projeto ou minuta, ainda assim não há vinculação das pessoas. Tal responsabilidade só ocorrerá se ficar demonstrada a deliberada intenção, com falsa manifestação de interesse, de causar dano ao outro contratante. Embora as negociações preliminares, também chamadas de tratativas preliminares, não gerem, por si mesmas, obrigações para qualquer um dos participantes, elas fazem surgir, entretanto, deveres jurídicos, decorrentes da incidência do princípio da boa-fé. Tratativas preliminares: Aproximação da coisa com a pessoa. Surge nas tratativas deveres de lealdade, decorrentes da simples aproximação pré-contratual. A violação a esse dever secundário pode ensejar indenização, por existir uma relação obrigacional, independentemente de contrato, fundada na boa-fé. Minuta: Documento que é antecedente a proposta; rascunho. A minuta não vincula as partes, não é obrigacional; não há que se falar em aceitação. É instrumento usado na fase de formação de contratos, mas não tem efeito jurídico, pois não se formou o consenso. As partes ainda não estão determinando o conteúdo da vontade negocial. Todo e qualquer contrato deverá ter uma minuta. Obs:. Existe uma corrente minoritária de que a minuta, em certo momento, pode se transformar em proposta e vincular os contratantes. è A proposta Proposta também chamado de oferta, policitação ou oblação; é documento redigido por aquele que tem interesse no negócio jurídico, dispondo as condições favoráveis a ele, caso venha ocorrer o contrato. A proposta precisa ser clara, ou seja, trazer clareza da intenção, precisa ser concisa, DEPENDENTE DE ACEITAÇÃO. A proposta pode ser feita verbalmente, porém, é preciso cuidado para não haver mal entendidos. Traduz uma vontade definitiva de contratar, não estando mais sujeito a discussões ou estudos, mas se dirigindo a parte para que essa aceite ou não. Vincula as pessoas. Pessoas: Policitante é o proponente – emite a proposta Oblato – quem aceita Características da proposta: 1. Deve conter todos os elementos essências do negócio proposto como preço, quantidade, tempo de entrega, forma de pagamento etc. 2. Deve ser séria e consciente, pois vincula o proponente. Art. 427: “A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio ou das circunstancias do caso.” A lei abre, entretanto, várias exceções a essa regra. Dentre elas não se encontram, todavia, a morte ou a interdição do policitante. Nesses dois casos, respondem respectivamente, os herdeiros e o curador do incapaz, pelas conseqüências jurídicas do ato. Com efeito, a morte intercorrente não desfaz a promessa, que se insere como elemento passivo da herança. A proposta se transmite aos herdeiros, como qualquer outra obrigação. O princípio, evidentemente não se aplica a uma proposta de obrigação personalíssima. 3. Deve ser clara e inequivoca, ou seja, deve ser formulada em linguagem simples, mencionando todos os elementos e dados do negócio necessários ao esclarecimento do destinatário e representado a vontade inquestionável do proponente. 4. Declaração unilateral da vontade feita pelo proponente. Proposta não obrigatória/ Quando a oferta não obriga o proponente – PROVA! · Se tiver clausula expressa a respeito: A oferta não obrigada o proponente se contiver clausula expressa a respeito. Muitas vezes, a aludida clausula contem os dizeres “ proposta sujeita a confirmação” ou “não vale como proposta”. Neste caso, a ressalva se encontra na própria proposta, e o aceitante, ao recebê-la, já conhece e sabe da sua não obrigatoriedade. · Em razão da natureza do negócio: A proposta não obriga o proponente em razão da natureza do negócio. É o caso das chamadas propostas abertas ao público. · Em razão das circunstancias do caso: Aludidas no art. 428, sendo as seguintes: I-Se feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente, a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante: “é pegar ou largar”, se o oblato não responde logo, dando pronta aceitação, caduca a proposta, liberando-se o proponente. Considera-se presente, aquele que conversa diretamente com o policitante, mesmo por algum outro meio mais moderno, como a internet estando ambas em contato simultâneo, ainda que os interlocutores estejam em cidades ou países diferentes. Todavia, o mesmo não se deve suceder com a proposta feita por via de e-mail, não estando ambos os usuários da rede simultaneamente conectados. II – Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente: Cuida-se de oferta enviada, por corretor ou correspondência, a pessoa ausente. Contratos entre ausentes: São aqueles que usam um intermediário ou mensageiro, mesmo que estejam os contratantes na mesma cidade. III - Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado: Se foi fixado prazo para a resposta, o proponente terá de esperar pelo seu término. Ou seja, o proponente faz a proposta e fixa prazo de 15 dias para resposta do oblato. O oblato após 15 dias, permanece inerte, com isso, esgotado o tempo sem resposta, estará o proponente liberado, não prevalecendo a proposta feita. IV – Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. Apesar da força obrigatória da proposta, a lei permite ao proponente a faculdade de retratar-se, ainda que não haja feito ressalva nesse sentido. Para que não se sujeite a perdas e danos, é necessário que a retratação chegue ao conhecimento do aceitante antes da proposta ou simultaneamente com ela. Ou seja, a proposta não será obrigatória se a retratação do proponente chegar antes da proposta ou simultaneamente ao conhecimento do oblato. Contratos entre presentes: Significa não ter um terceiro. Se o contrato for celebrado entre presentes, a proposta poderá estipular ou não prazo para a aceitação. Caso o licitante não estabeleça nenhum prazo, esta deverá ser manifestada imediatamente, sob pena de a oferta perder a força vinculativa. Se, no entanto, a policitação estipulou prazo, a aceitação deverá operar-se dentro dele, sob pena de desvincular-se o proponente. São as pessoas que contratam diretamente entre si, mesmo e cidades diferente, usando telefone ou internet. (Parte final do inciso I, 428 C. C). Contato simultâneo. Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera- se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante * Internet e contratoentre presentes: Segue a lei do domicílio, ou seja, se um brasileiro faz a aquisição de algum produto fornecido pela internet por empresa estrangeira, o contrato então celebrado rege-se pelas leis do pais do contratante que fez a oferta ou proposta. O código Civil, em harmonia com o art. 9º, § 2º da LINDB, diz que o direito aplicável aos contratos, em geral, é aquele do lugar de onde emanou a proposta. Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. O consumidor brasileiro terá dois caminhos a segur no caso de compra realizada pela rede em que a empresa vendedora possua sede social em pais estrangeiro: A. Mover ação judicial no pais sede da empresa; B. Ajuizá-la no Brasil. Amparado que se encontra pela CF, pela LINDB, CPC e pelo CDC. Entre presentes, os contratos reputam-se concluídos no momento da aceitação. Contratos entre ausentes: Significa um terceiro tratando do contexto, por correspondência (carta, telegrama, fax, radiograma, e-mail etc.) ou intermediários, a resposta leva algum tempo para chegar ao conhecimento do proponente e passa por diversas fases. Divergem os autores a respeito do momento em que a convenção se reputa concluída, apontando-se as seguintes teorias: Entre ausentes a resposta passa por 3 fases. Há duas teorias. 1. Da informação ou cognição: Aperfeiçoa-se o negócio quando o policitante se inteira da resposta. É o da chegada da resposta ao conhecimento do policitante, que se inteira de seu teor. Tem o inconveniente de deixar ao arbítrio do proponente abrir a correspondência e tomar conhecimento da resposta positiva. Não basta a correspondência ser entregue ao destinatário; o aperfeiçoamento do contrato se dará somente no instante em que o policitante abri-la e tomar conhecimento do teor da resposta. 2. Da declaração ou agnição, que subdivide-se em 3: a) - da declaração propriamente dita: o instante da conclusão coincide com o da redação da correspondência epistolar. Obviamente, tal entendimento não pode ser aceito, porque além da dificuldade de se comprovar esse momento, o consentimento ainda permanece restrito ao âmbito do aceitante, que pode destruir a mensagem em vez de remetê-la; b) - da expedição: não basta a redação da resposta, sendo necessário que tenha sido expedida, isto é, saído do alcance e controle do oblato. É considera a melhor, embora não seja perfeita, porque evita o arbítrio dos contraentes e afasta dúvidas de natureza probatória; a) - da recepção: exige que, além de escrita e expedida, a resposta tenha sido entregue ao destinatário. Distingue-se da teoria da informação porque esta exige não só a entrega da correspondência ao proponente como também que este a tenha aberto e tomado conhecimento de seu teor. O art. 434 do Código Civil acolheu expressamente a teoria da expedição, ao afirmar que os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida. Proclama, com efeito, o aludido dispositivo: “Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: I – no caso do artigo antecedente; II– se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; III– se ela não chegar no prazo convencionado.” A proposta no Código de Defesa do Consumidor – CDC – arts. 30 ao 35 Quando há um produto com preços diferenciados, paga-se o menor preço. A proposta aberta ao público, por meio de exibição de mercadorias em vitrines, catálogos, anunciou nos diversos meios de divulgação, vincula o ofertante. O fornecedor deve assegurar não apenas o preço e as características dos produtos e serviços, mas também as quantidades disponíveis em estoque. Deve assim atender a clientela, nos limites do estoque informado, sob pena de responsabilidade. O art. 35 do diploma, dispõe que se o fornecedor recursar-se a dar cumprimento a sua oferta, o consumidor poderá exigir, alternativamente, o cumprimento forçado da obrigação, um produto equivalente, ou ainda, a rescisão do contrato, recebendo perdas e danos. à A aceitação Conceito: A aceitação é concordância com os termos da proposta. É manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato, pois, somente quando o oblato se converte em aceitante e faz aderir a sua vontade à do proponente, a oferta se transforma em contrato. A aceitação, consiste portanto, na “formulação da vontade concordante do oblato, feita dentro do prazo e envolvendo adesão integral à proposta recebida”. Para produzir o efeito de aperfeiçoar o contrato, a aceitação deve ser pura e simples. Se apresentada “fora do prazo, com adições, restrições ou modificações, importará nova proposta, comunente denominada contraproposta. Espécies: a aceitação pode ser: A-) Expressa: decorre de declaração do aceitante, manifestando a sua anuência, e B-) Tácita: decorre de sua conduta, reveladora do consentimento. Hipóteses de inexistência de força vinculante da aceitação: Malgrado o contrato se aperfeiçoe com a aceitação, o CC trata de duas hipóteses em que tal manifestação de vontade deixa de ter força vinculante: Se a aceitação, embora expedida a tempo, por motivos imprevistos, chegar tarde ao conhecimento do proponente: Assim, se, embora expedida no prazo, a aceitação chegou tardiamente ao conhecimento do policitante, quando este, estando liberado em virtude do atraso involuntário, já celebrara negocio com outra pessoa, a circunstancia deverá ser, sob pena de responder por perdas e danos, imediatamente comunicada ao aceitante, que tem razões para supor que o contrato esteja concluído e pode realizar as despesas que repute necessárias ao seu cumprimento. Se antes da aceitação ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante: o art. 433 do CC considera “inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante”. Verifica-se que a lei permite também retratação da aceitação. Classificação dos contratos Contrato preliminar: Contrato preliminar ou pactum contrahendo (como era denominado no direito romano) é aquele que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo. Caio Mario: “contrato preliminar é aquele por via do qual ambas as partes ou uma delas se compromete a celebrar mais tarde outro contrato, que será o contrato principal.” Ex de contrato preliminar em compra venda: é chamado de promessa de compra e venda ou compromisso de compra e venda. A fase das tratativas preliminares antecede à realização do contrato preliminar e com este não se confunde, por que as tratativas preliminares não geram direitos e obrigações. Contrato preliminar é um contrato que obriga as partes a concluir, no futuro, outro contrato, por essa razão, dito como definitivo. A figura portanto, tem por objetivo, imediato a conclusão do contrato definitivo. Quando o contrato preliminar gera obrigações para apenas uma das partes, constituindo promessa unilateral, denomina-se opção. Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. Não existe uma forma correta engessada em um contrato preliminar, mas uma coisa precisa ter, os requisitos de validade: Agente capaz, objeto lícito possível e determinável ou determinado, forma ou não prescrita em lei, principio da autonomia da vontade etc. Vício no contrato = anulável. Exceções pessoais: defesa Ex: Se em contratos de cocredores e codevedores, uma das partes agem de má-fé o contrato será nulo apenas para aquele que assim agiu, as demais parte, se de boa- fé agiram, continuaram ativas. Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento (arras), qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra paraque o efetive. Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. -> Passa a ter eficácia de direito real (art. 1225, inciso 7) a partir do registro em cartório, tendo efeito “orga omnes”. Os sucessores, se a parte principal vier a falecer, os herdeiros sucessores poderão cumprir o contrato. Art. 464. Esgotado o prazo (do contrato preliminar), poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. QUANTO AOS EFEITOS A. Unilateral/ Bilateral/ Plurilateral Unilateral: São os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes, como a doação pura. Segundo Orlando Gomes, o contrato “é unilateral e, no momento em que se forma, origina obrigação, tão somente, para uma das partes – ex uno latere. Bilateral: Todo contrato é sempre bilateral quanto as partes, mas, quanto aos efeitos, pode ser unilateral ou bilateral. Ou seja, os contratos bilaterais são os contratos que geram obrigações para ambos os contratantes. (Reciprocidade de obrigações) Exemplo: compra e venda. Obrigação do doador: doar; obrigação do donatário (o que recebe): nenhuma, ele apenas irá receber o bem. Compra e venda: dispõe o art. 481 C. C, um dos contraentes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. A obrigação de um tem como causa de outro. Instituto relativo ao contrato bilateral: Exceção do contrato não cumprido ou exceptio non adimpleti contractus” a palavra exceção aqui, tem significado de defesa, então, este instituto é uma manobra defensiva usada por uma das partes para fazer a outra cumprir sua obrigação. A e B celebram contrato, e A exige de B o cumprimento da obrigação. B estão se defende com base no artigo 476: Se A quer que B cumpra sua obrigação, A deve primeiro cumprir a dele. Trata-se de suspensão temporária do cumprimento de uma obrigação, exigindo a parte que a obrigação do outro contratante seja cumprida para que ele cumpra com a sua. Art. 476: “Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro”. Ex: na compra e venda, só posso exigir a coisa depois de pagar o preço. Plurilateral: são os contratos que contém mais de duas partes. Ex: contrato de sociedade, em que cada sócio é uma parte. Assim também nos contratos de consórcio. Uma característica dos contratos plurilaterais é a rotatividade de seus membros. QUANTO AS VANTAGENS PATRIMONIAIS B. Onerosos e gratuitos Onerosos: Ambas as partes tem vantagem e proveito econômico. Exemplo: compra e venda. Há sacrifícios e benefícios recíprocos. Gratuitos: São aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem, como sucede na doação pura, no comodato (empréstimo de coisa infungível) e no reconhecimento do filho. Para outra há só obrigação, sacrifício. Nessa modalidade, outorgam-se vantagens a uma das partes, sem exigir contraprestação da outra. SÓ INTERESSA AOS CONTRATOS ONEROSOS C. Comutativos e aleatórios Comutativos (contratos bilaterais comuntativos) Aqueles quando existe uma equivalência entre a prestação (vantagem) e a contra prestação (sacrificio). São os de prestações certas e determinadas. As partes podem antaver as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, por que não envolvem nenhum risco. Aleatórios (contratos bilaterais aleatórios): Uma das partes vai ter mais vantagem do que a outra, a depender de um fato futuro imprevisível (chamado Alea= sorte, destino) ex: seguro. Pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá em troca da prestação fornecida. Caracteriza-se pela incerteza para as duas partes sobre vantagens e sacrifícios que dele podem advir. Segundo Silvio Rodrigues: “As prestações oferecem uma possibilidade de ganho ou de perda para qualquer das partes, por dependerem de um evento futuro e incerto que pode alterar o seu montante. Isto é, existe uma álea no negócio, podendo daí resultar um lucro ou uma perda para qualquer das partes”. Segundo Caio Mário: “Se é certo que todo contrato há um risco, pode-se contudo dizer que no contrato aleatório este é da sua essência, pois que o ganho ou a perda consequente está na dependência de um acontecimento incerto para ambos os contratantes. O risco de perder ou ganhar pode ser de um ou de ambos; mas a incerteza do evento tem de ser dos contratantes, pois dependem de um evento futuro e inverto, sob pena de não subsistir a obrigação”. § Obs:. Não confundir contrato aleatório com contrato condicional. Enquanto nos contratos condicionais a eficácia do contrato depende de um evento futuro e incerto, nos aleatórios, o contrato é perfeito desde logo, ou seja, irá se concretizar. Surge apenas um risco de a prestação de uma das partes ser maior ou menor, ou mesmo não ser nenhuma. Importante frisar que as partes ao pactuarem o contrato aleatório assumiram conscientemente a probabilidade de prestações desproporcionais. Alea: sorte, destino Espécies de contratos aleatórios a.) Emptio spei – Risco concernente à própria existência da coisa. Art. 458: “Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir”. Ex 1 - Quando alguém vende colheita futura, declarando que a venda ficará perfeita e acabada haja safra ou não, não cabendo ao comprador o direito de reaver o preço pago se, em razão de geada ou outro imprevisto, a safra inexistir, caso não haja dolo ou culpa do vendedor. Se houver, o contrato é nulo, pois não haverá o risco ou a incerteza dos dois contratantes, sendo isto requisito fundamental para o contrato aleatório. Ex 2 – Pessoa se propõe a pagar determinada quantia a pescador pelo o que ele apanhar na rede que está na iminência de ser lançada ao mar. Mesmo que, ao puxa- la, verifique que nenhum peixe foi capturado, o pescador terá o direito ao preço integral, se agiu com habitual diligencia. b.) Emptio rei sperate – Risco quanto à quantidade da coisa esperada: Art. 459: “ Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. Parágrafo único: Mas, se da coisa nada vier a existir, a alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido”. Assim, se o risco da aquisição da safra futura limita-se à sua quantidade, pois ela deve existir, o contrato fica nulo se nada puder ser colhido. Porém, se vem a existir alguma quantidade, por menos que seja, o contrato deve ser cumprido, tendo o devedor direito a todo preço ajustado. c.) Venda de coisas já existentes, e não futuras, mas sujeitas a perecimento ou depreciação. Art. 460: Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas ao risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.” Risco na destruição: art. 460, a Alea (de aleatório) decorre não de coisas futuras, mas, de coisas existentes, contudo, expostas ao risco. Ex: comprar uma casa numa região de guerra. Comprar um navio que esta sobre um maremoto. Obs:. Por causa desse risco, o comprador irá obter umpreço menor, mas se a coisa perecer antes da entrega, o preço assim será o mesmo. Ex: Venda de mercadoria que está sendo transportada em alto mar por pequeno navio, cujo risco de naufrágio o adquirente (aquele que terá o bem) assumiu. É valida mesmo que a embarcação já tenha sucumbido na data do contrato. Se contudo, o alienante sabia do naufrágio, a alienação poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, cabendo o adquirente prova dessa carência, pois nesse caso, o adquirente não terá guardado na celebração do contrato, os princípios de probidade e boa-fé. D. Contratos principais e acessórios Os contratos acessórios seguem o principal. A. Nulo o contrato principal, nulo também será o negócio acessório; a recíproca, todavia, não é verdadeira (CC. Art. 184) B. A prescrição da pretensão concernente á obligatio principal acarretará da relativa às acessórias, embora a recíproca também não seja verdadeira; desse modo, a prescrição da pretensão a direitos acessórios não atinge a do direito principal. Os contratos principais existem por si só. “Tem vida própria”. A grande maioria dos contratos é principal, porém, há contratos acessórios, cuja a existência depende de outro contrato. Contrato principal: são os que têm existência própria, autônoma e não dependem, pois, de qualquer outro, como a compra e venda e a locação. Contratos acessórios: são os que tem sua existência subordinada à do contrato principal, como a clausula penal e a fiança. Assinala Messineo que a função predominante dos contratos acessórios é garantir o cumprimento de obrigações contraídas em contrato principal. Exemplos de contrato acessório: 1. Contrato de fiança 2. Penhor 3. Hipoteca: se aplica a bens imóveis – o bem dado na garantia da hipoteca fica na posse do credor.) 4. Anticrese: São direitos reais de garantia; garantia do cumprimento do contrato). Exemplo de contrato principal: compra e venda. E. Instantâneos e de duração A regra é o contrato ser instantâneo, “ter vida.” Exemplo de contrato instantâneo: compra e venda; contrato de troca. Já os outros contratos são duradouros, se prolongam por dia. E alguns duram décadas, como por exemplo, o contrato de locação, se não houver clausula expressa sobre a duração, dura um tempo indeterminado. Os direitos reais são permanentes, e os contratos deverão ser no máximo, duradouro. Exemplo de contrato duradouro: seguro, locação. F. Pessoais e impessoais Pessoais: É celebrado por determinada pessoa, em virtude de suas qualidades pessoais. É chamado de “intuito personaz” – personalíssimo. (infungíveis). O obrigado não pode fazer-se substituir por outrem, pois essas qualidades sejam culturais, profissionais, artísticas ou de uma outra espécie, tiveram influencia decisiva ao consentimento de outro contratante. As obrigações personalíssimas, não podendo ser executadas por outrem, são intransmissíveis aos sucessores, assim como não podem ser objeto de cessão. Havendo erro essencial sobre a pessoa do contratante, são anuláveis. Se houver óbito do devedor, as obrigações extinguir-se-ão, pois os sucessores não poderão cumprir a prestação, que era personalíssima. Impessoais: Nos contratos impessoais (fungíveis) o cumprimento da relação contratual poderá se dar pelo próprio devedor ou quem ele indicar. Exemplo: construção de um edifício. Se admite a execução forçada do contrato. (Art. 475) Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. à Aplicabilidade somente para contratos impessoais, visto que não é possível pedir a execução forçada dos pessoais, e sim impessoais, que podem ser substituídos por alguém. Exemplo: Alguém é contrato para pintar um quadro e quebra a mão, outra pessoa poderá realizar o ofício. Diferentemente de um cantor famoso que é contratado para cantar, e esse sofre um acidente e portanto, não poderá ir. O contrato não poderá ser cumprido e nem obrigado a ser, mas, e como fica a parte acessória do show? Como os bares, estacionamento que investiram? A quem será ajuizada a ação? Se não tiver em clausula contratual que alguém deverá indenizar, em casa de inadimplemento do cantor, aplica-se o principio da coisa perece para o credor, em outras palavras, quem irá arcar com o prejuízo será o próprio credor, no exemplo, o dono do bar ou do estacionamento. Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. G. Típicos e atípicos Típicos: definidos em lei, tem previsão legal. Art , 481 ao 853. Compra e venda – fiança. Atípicos: não tem lei que o define, mas tem os três elementos de boa fé, autonomia e capacidade das partes. H. Solenes e informais Alguns contratos pelas suas características, a lei exige solenidades, para a sua conclusão, no caso de doação e fiança, devem ser por escrito (artigo 541 – 819). Solene: contrato que devem obedecer a forma prevista em lei para se aperfeiçoar. Quando a forma é exigida como condição de validade do negócio, este é solene e a formalidade é ad solemnitatem. Não observada o contrato é NULO. Contratos não solenes ou informais: são os de forma livre. Basta o consentimento para a sua formação. Como a lei não reclama nenhuma formalidade para seu aperfeiçoamento, podem ser celebrados por qualquer forma ou seja, por escrito particular ou verbalmente. Em regra os contratos tem forma livre, salvo expressas exceções. Podem ser mencionados exemplos, como dispõe o art. 107: “A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, se não quando a lei expressamente a exigir”. Os informais podem ser verbais enquanto os solenes devem ser por escrito. Todo contrato informal tem valor jurídico. Exemplo: Empréstimo mútuo de dinheiro, A pede dinheiro emprestado a B. A boa fé diz que A devolverá o dinheiro a B. Tem valor jurídico, mesmo sendo informal. Seja solene ou contrato informal, ele trabalha com uma informação importante, de que a boa fé objetiva e a função social do contrato está presente, portanto, tem validade. I. Reais e consensuais Contratos reais: São aqueles que exigem para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega (traditio) da coisa que lhe serve de objeto, como os de deposito, comodato, o mutuo. Esses contratos são os que formam a tradição da coisa. Se for coisa móvel a tradição e o registro imobiliário para imóveis transmitiram a propriedade. Em outras palavras, é que contratos reais é contrato de coisa, como por exemplo, compra e venda. Se for coisa móvel é a tradição, o passe da coisa, se for imóvel, o registro imobiliário. Contratos consensuais: Todo contrato tem que ser consensual, pois se não houver consenso não há em que se falar de contrato. São aqueles que se formam unicamente pelo acordo de vontade, independente da entrega da coisa. Interpretação dos contratos – hermenêutica contratual Interpretar o negócio jurídico é precisar o sentido e alcance do conteúdo da declaração da vontade. Pode-se dizer que as regras de interpretação dos contratos previstas no CC dirigem-se primeiramente às partes, que são as principais interessadas em seu cumprimento. Não havendo entendimento entre elas a respeito do exato alcance da avença e do sentido do texto por elas assinado, a interpretação deverá ser realizada pelo juiz, como representando do Poder Judiciário. Interpretação contratual declaratória: quando tem como escopo a descoberta da intenção comum dos contratantes no momento da celebração do contrato. Interpretação integrativa: quando objetiva o aproveitamento do contrato, mediante o suprimento das lacunas e pontos omissos deixado pelas partes, complementando por meio de normas
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