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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Relatório de Físico-química experimental Experimento 8- DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DE VELOCIDADE DA HIDRÓLISE BÁSICA DO ACETATO DE ETILA Departamento de Química QMC 5453 – Laboratório de Físico-Química Experimental Professor: Nito Angelo Debacher Grupo: Christinni Venturi, Júlia Azevedo, Júlia Kinetz, Júlia Rozicki Florianópolis, 22 de outubro de 2019 2 Sumário 1. Introdução.................................................................................................................................3 2. Objetivo.....................................................................................................................................4 3. Materiais e Procedimento.........................................................................................................5 4. Resultados e Discussão..............................................................................................................6 5. Questionario..............................................................................................................................8 6. Conclusão................................................................................................................................11 7. Bibliografia..............................................................................................................................12 3 1. Determinação da Constate de Velocidade de Reações Químicas A constante de velocidade de uma reação é determinada pela rapidez com que se formam os produtos ou se consomem os reagentes. Para medi-la acompanha-se a variação da concentração de reagentes e/ou produtos com o tempo. A reação química que será estudada neste experimento é um processo de segunda ordem (a velocidade é função da concentração dos dois reagentes) entre o acetato de etila (éster) e o íon hidróxido, formando ácido acético e álcool etílico. Medidas cinéticas Onde t é a condutância medida durante os tempos t da reação e a é a concentração inicial dos reagentes. Substituindo (x) na equação integrada da velocidade (Equação 4) obteremos a Equação 7: Com os valores de condutividade em vários tempos da reação a constante de velocidade, k, pode ser determinada graficamente como indicado abaixo usando a equação 7 onde pela equação da reta y = ax +b: Velocidade de reação e Temperatura A dependência da temperatura com a constante de velocidade k para uma reação química, pode ser relacionada com energia de ativação para a formação do complexo ativado, usando a equação de Arrhenius: Onde k a constante de velocidade, Ea é a energia de ativação R é a constante dos gases (1,987 cal mol-1 K -1 ou 8,314 J mol-1 K -1 ), T a temperatura em Kelvin e A constante de Arrhenius, A = número de colisões efetivas entre as moléculas por tempo. Obs: ln é o logaritmo natural. O mais correto é fazer medidas de velocidade em, no mínimo, três temperaturas diferentes de formas a calcular o valor da energia de ativação (Ea) via gráfico, uma vez que a Equação 9 é uma equação de reta. Para efeito de estimativa do valor da energia de ativação pode-se também usar a equação 10, onde, k1 e k2 são as constantes de velocidade nas temperaturas absolutas T1 e T2 respectivamente, e R é a constante universal dos gases. 4 2. Objetivos Acompanhar o desenrolar de reações químicas em solução; determinar constante de velocidade e energia de ativação para um processo químico; associar estudos cinéticos à determinação de prazo de validade de medicamentos. 5 3. Materiais e Procedimento 3.1 Materiais 1 condutivímetro com frasco termostatizável 1 termostato. Banho-maria a 60 oC Reagentes: Solução de acetato de etila 0,2 M e NaOH 0,2M; Vidraria: Pipetas volumétricas de 5, 10 e 20 mL, 4 erlenmeyers de 50 mL, com tampa; 1 tubo de fundo chato para medidas da condutividade 3.2 Procedimento Erlenmeyer 1: Colocou-se 10 mL de NaOH 0,2 mol L-1 + 40 mL de água. Agitou-se. Esta solução é reagente A. Erlenmeyer 2: Colocou-se 10 mL de Acetato de Etila 0,2 mol L-1 + 40 mL de água. Agitou-se. Esta solução é o reagente B. 1. Termostatizou-se os dois erlenmeyers até atingirem a temperatura desejada. 2. Lavou-se o frasco do condutivímetro e o eletrodo com água destilada; 3. Agindo com rapidez, misturou-se e agitou-se os conteúdos dos erlenmeyers A e B. Colocou-se parte da solução reagente no frasco do condutivímetro. 4. Leu-se e anotou-se a condutividade inicial no tempo zero e cronometrou-se leituras de tempo e condutividade, conforme Tabela. 5. A outra metade da solução reagente foi ser colocada num banho a aproximadamente 60oC para leitura do no final da aula. Isto fez a reação acelerar e, assim, chegar ao equilíbrio mais rapidamente. 6. Repetiu-se os passos para a temperatura cerca de 10 graus acima da primeira vez. Para a leitura do valor de usou-se a mesma solução preparada para a reação na temperatura anterior. Nota: Para fazer a leitura do tempo infinito, as soluções estavam na mesma temperatura da experiência. 3.3 Tratamento de resíduos Os resíduos produzidos foram descartados em embalagem fechada para serem descartados ou tratados posteriormente 6 4.Resultados e discussão: Temperatura X Temperatura Y Tempo, t (min). Condutividade () mS cm-1 Tempo, t (min). Condutividade () mS cm-1 0 3,67 50,0000 0 4,47 50,000 3 3,18 64,1618 2 4,07 55,185 6 2,92 75,5100 4 3,69 60,405 9 2,75 85,3846 6 3,47 64,409 12 2,60 96,5217 8 3,30 67,727 15 2,50 105,7142 10 3,18 70,955 18 2,41 115,6250 12 3,07 72,801 21 2,34 124,7191 14 3,00 74,624 24 2,28 133,7349 16 2,93 76,279 27 2,23 142,3077 18 2,87 78,421 30 2,19 150,0000 20 2,83 79,821 33 2,15 158,5714 22 2,79 80,107 36 2,12 165,6716 24 2,76 80,978 39 2,09 173,4375 26 2,73 81,868 42 2,07 179,0322 28 2,70 82,931 45 2,05 185,0000 30 2,68 83,395 48 2,03 191,3793 32 2,66 84,022 51 2,01 198,2143 34 2,64 84,819 Tempo infinito = 1,45 mS cm-1 Tempo infinito = 1552 x 10-3 Analisando os gráficos (em anexo) e a equação 7, tem-se que o coeficiente angular representa constante k. Dessa forma, tem-se que o k para a temperatura de 24,8ºC é igual a: k= (198,2143 - 50) 3060 - 0 k= 0,04843 L/mol.s Aplicando a equação 8, tem-se que o tempo de meia vida para a temperatura de 24,8ºC é: t ½ = 1 . 0,04843 x 0,02 t ½ = 1.033,05 segundos ou 17 minutos, 13 segundos e 5 centésimos E o k para a temperatura de 32,8ºC é igual a: k= (84,819 - 59) 2040 - 0 k= 0,1451 L/mol.s Aplicando a equação 8, temos que o tempo de meia vida para a temperatura de 32,8ºC é: t ½ = 1 . 0,1451 x 0,02 t ½ = 344,58 segundos ou 5 minutos, 44 segundos e 58 centésimos 7 Através da equação 10, é possível descobrir a energia de ativação da hidrólise: ln ( 0,1451 ) = - Ea x [ 1 - 1 ] 0,04843 8,314 305,8 297,8 Logo, a energia de ativação é 103.877,65 J ou 103,87 kJ Usando os valores das constantes k correspondentes às temperaturas estudadas determinou-se Ea e a constante de Arrhenius (A) para a reação com um segundo gráfico (emanexo): a = Δy = (1,93)- (3,0)_____= -1,07 Δx 3,36x10-3- 3,30x10-3 6x10-5 -17833,33 = -Ea R (-17833,33) x 8,314 = -Ea Ea = 148.266,333 Coeficiente linear = Constante de Arrhenius (A): -1,88 = Ln A A = e-1,88 A= 0,1526 8 5. Questionário 5.1. Por que foi possível acompanhar a reação usando um condutivímetro? Você poderia acompanhar esta reação por outros métodos? Explique. É possível acompanhar a reação usando o condutivímetro pois a condutividade do íon acetato é muito pequena em relação à do íon hidróxido, ou seja, com a formação dos produtos, a condutividade vai diminuindo. Uma maneira de acompanhar a reação é visualizando a mudança de pH com a formação dos produtos. 5.2. Qual o significado de Ea para uma reação química? Explique. Ea significa energia de ativação, que é a energia mínima necessária para iniciar uma reação química, quanto maior a energia de ativação, mais lenta é a reação e quanto menor, mais rápida a reação. Graficamente, é analisada sendo a energia do complexo ativado, o ponto mais alto do gráfico, menos a energia dos reagentes. 5.3. O que são ordem e meia vida para uma reação química? Segundo USP (2013), meia-vida é o tempo que a concentração de um reagente leva para diminuir para a metade do seu valor inicial. Ordem da reação é a soma dos expoentes aos quais estão elevadas as concentrações na expressão da velocidade, e não estão relacionados aos coeficientes estequiométricos. [3] 5.4. Porque é necessário conhecer 0 e ∞ ? Qual o significado de cada medida? O Ko é a condutividade do íon hidróxido no tempo zero e o K∞ é a condutividade do íon acetato no tempo final, sendo esses valores necessários para a compreensão da condutividade e início e fim da reação. 5.5. Baseado nos resultados do seu experimento. Conclua sobre a seguinte hipótese: Considere os reagentes a e b como os componentes ativos de um medicamento. Sabendo que por lei o produto só pode ser vendido ao consumidor até que seus componentes ativos tenham se degradado 10%. Calcule os prazos de validade para o medicamento se este for armazenado a 25 e a 5oC. Use a equação 4, onde a corresponde a concentração inicial e x corresponde aos 10% degradados. Para a temperatura de 25ºC: ln ( K2 ) = - 103.877,65 x [ 1 - 1 ] 0,04843 8,314 297,8 298 K2 = 0,047 L/mol.s 9 Usando a equação 4: 1 = 0,047t + 1 . 0,018 0,02 t= 118,20 segundos ou 1 minuto, 58 segundos e 20 centésimos Para a temperatura de 5ºC: ln ( K2 ) = - 103.877,65 x [ 1 - 1 ] 0,04843 8,314 297,8 278 K2 = 2,44. 10 -³ L/mol.s Usando a equação 4: 1 = 2,44. 10 -³t + 1 . 0,018 0,02 t= 2.276,86 segundos ou 37 minuto, 56 segundos e 86 centésimos 5.6. Descreva as várias formas que ocorre a decomposição química de drogas e discuta suas diferenças. As principais reações que levam a decomposição química são: Oxidação: Reação que ocorre na presença de oxigênio, com o ganho de oxigênio ou perda de hidrogênio. É iniciada tanto pela luz como pela presença de metais. É caracterizada por uma série de reações em cadeia mediadas por radicais livres. Compostos sujeitos a oxidação são Alcenos, Aldeídos, Heteroátomos adjacentes a anel benzênico (hidroquinonas), Tióis e compostos de enxofre não totalmente oxidados. Hidrólise: Ocorre quebra da molécula de fármaco utilizando o água é reagente. Alguns grupos funcionais favorecem esse tipo de reação como Lactonas (ésteres cíclicos), Lactamas (amidas cíclicas), Ésteres e Amidas. Fotólise: A luz UV afeta as ligações químicas fornecendo energia para a separação dos elétrons compartilhados entre os dois átomos dessa ligação. Exemplos de fármacos sujeitos à fotólise são Vitaminas (A, B1, B12, D, E), Ácido fólico, Corantes, Dipirona, Ácido meclofenâmico, Metotrexato, Fenotiazinas, Corticóides. Racemização: É a conversão de um isômero em outro, resultando em mistura de ambos, geralmente, acompanhada de perda de atividade. Ocorre com compostos que possuem carbonos assimétricos. Seus isômeros são denominados de enantiômeros. [3] 5.7. Procure na legislação, no protocolo para a realização de estudos de estabilidade, as definições para estudo de estabilidade acelerada e para estudo de estabilidade de longa duração, bem como as temperaturas indicadas para realização dos ensaios. (www.anvisa.gov.br/) Estudo de Estabilidade Acelerada: estudo projetado para acelerar a degradação química e/ou mudanças físicas de um produto farmacêutico em condições forçadas de 10 armazenamento. Os dados obtidos, juntamente com aqueles derivados dos estudos de longa duração, são usados para avaliar efeitos químicos e físicos prolongados em condições não aceleradas e para avaliar o impacto de curtas exposições a condições fora daquelas estabelecidas no rótulo do produto, que podem ocorrer durante o transporte. Temperatura= 40ºC +- 2ºC/ 75% UR +- 5% UR Estudo de Estabilidade de Longa Duração: estudo projetado para verificação das características físicas, químicas, biológicas e microbiológicas de um produto farmacêutico durante e, opcionalmente, depois do prazo de validade esperado. Os resultados são usados para estabelecer ou confirmar o prazo de validade e recomendar as condições de armazenamento. Temperatura= 30ºC +- 2ºC/ 65% UR +- 5% UR. [4] 5.8. Procure na literatura exemplos de fármacos que contenham ligações éster, amidas e anel lactâmicos. A vitamina C, como a Energi C, aspirina e lidocaína contém o grupo funcional éster. O paracetamol, princípio ativo de fármacos antiinflamatórios, contém tanto o grupo amida como fenol, como o Tylenol. Os antibióticos beta-lactâmico são divididos em subgrupos das penicilinas, cefalosporinas, carbapanêmicos, monobactâmicos, e apresentam a ligação de anel lactâmicos. Como ampicilina, oxacilina e benzilpenicilina potássica. [5] [6] 5.9. Procure na literatura, valores de constantes de velocidade para a reação de decomposição do Acido Acetil Salicílico (AAS) em diferentes pH. Quais são os produtos da reação? Qual região de pH o AAS apresenta maior estabilidade? O pH é denominado estável quando a velocidade de decomposição do ácido acetilsalicílico em ácido salicílico e ácido acetil é mínima. Cada fármaco possui diferentes propriedades físico-químicas e diferentes pH de estabilidade . Através da tabela, podemos observar que o ponto de maior estabilidade do AAS é na região de pH 2,48, onde a velocidade de decomposição deste é menor . Por tanto os produtos da reação são ácido salicílico e ácido acetil. 11 6. CONCLUSÃO No experimento realizado observou-se que a temperatura tem influencia direta na hidrolise de acetato de etila. Portanto ao aumentar a temperatura, aumenta também a cinética das moléculas da solução. O experimento que foi realizado em duas temperaturas, 24,8 e 32,8 graus, pode-se constatar que em baixas temperaturas o consumo de NaOH é maior em um intervalo de tempo menor, com base na analise da condutividade medida. Sendo assim possível determinar a constante da velocidade das reações com base na rapidez que se formam os produtos ou consumo de reagente. Dessa forma o experimento realizado em maiores temperaturas (32,8ºC) apresentouuma constante de velocidade maior, devido ao aumento das colisões entre o íon acetato e o hidróxido de NaOH. 12 7. BIBLIOGRAFIA [1] Florence, A.T, Attwood, D., Princípios Físico-Químicos em Farmácia, São Paulo, USP, 2003. [2] CESAR, Paulo. ORDENS DA REAÇÃO.2011. Disponível em: https://www.profpc.com.br/Cin%C3%A9tica%20Qu%C3%ADmica/Ordens_rea%C3%A7%C3%A 3o.htm. Acesso em 15 out. 2019. [3] CONSIGLIER, Vladi Olga. Estabilidade de medicamentos. [S. l.]: Edisciplinas, 20--. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3015022/mod_resource/content/1/ESTABILIDADE% 20DE%20MEDICMANETOS.pdf. Acesso em: 16 out. 2019. [4] Brasil. Resolução nº 01, de 29 de julho de 2005. Guia para a realização de estudos de estabilidade. [Internet]. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Poder Executivo, Brasília, DF, Diário Oficial da União, 01 ago. 2005. [citado 2009 jun 25] Disponível em: http://e- legis.anvisa.gov.br/leisref/ public/showAct.php?id=18109&word. Acessado em 17 de outubro de 2019 [5] SOUZA DE OLIVEIRA, Edilberto Antonio. RESUMO DOS ANTIBIÓTICOS QUE ATUAM COMO ANTIBACTERIANOS. In: RESUMO DOS ANTIBIÓTICOS QUE ATUAM COMO ANTIBACTERIANOS. [S. l.], 2011. Disponível em: http://www.saudedireta.com.br/docsupload/1344427365Antibioticos%20Antibacterianos.pdf. Acesso em: 18 out. 2019. [6] UMA ABORDAGEM Diferenciada para o Ensino de Funções Orgânicas. In: S. PAZINATO, Maurícius; T. S. BRAIBANTE, Hugo; E. F. BRAIBANTE, Mara; C. TREVISAN, Marcele; S. SILVA, Giovanna. Uma Abordagem Diferenciada para o Ensino de Funções Orgânicas através da Temática Medicamentos. [S. l.: s. n.], 2012. v. 34, cap. Uma Abordagem Diferenciada para o Ensino de Funções Orgânicas através da Temática Medicamentos, p. 21-25. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc34_1/05-EA-43-11.pdf. Acesso em: 18 out. 2019.
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