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5a Caso Concr Aula 6-7 APELAÇÃO CORRIGIDO

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Prática Simulada II – Contestação – aulas 6/7 – pág. 1 de 6 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 99º VARA DO 
TRABALHO DA COMARCA DE BELÉM-PB 
 
 
 
 
Processo nº XX 
 
 
 
 
 
BANCO DINHEIRO BOM S.A, pessoa jurídica de direito privado, 
inscrita no CNPJ sob nº, endereço eletronico, com sede no endereço completo 
com CEP, por seu advogado que esta subscreve, vem à presença de Vossa 
Excelência, com fundamento nos artigos 847 da CLT cc 335 e ss do CPC, por 
força do artigo 769 CLT​, apresentar 
 
CONTESTAÇÃO 
 
em face de ​PAULA​, já qualificada nos autos em epígrafe, onde segue os fatos e 
fundamentos: 
 
 
I - DOS FATOS E FUNDAMENTOS 
 
a) ​do contrato de trabalho​: 
A RECLAMANTE era ex-funcionária do Reclamado, onde 
exercia suas atividades como gerente geral 4 (quatro) anos, de segunda a sexta 
feira, das 8:00 às 20:00hs. 
 
Sua agência atendia apenas a clientes pessoa física. A 
RECLAMANTE era responsável por controlar o desempenho profissional e a 
jornada de trabalho dos funcionários da agência, além do desempenho comercial 
desta. Na respectiva reclamação já ajuizada a ​RECLAMANTE aduziu que 
ganhava R$ 8.000,00 mensais, além da gratificação de função no percentual de 
50% a mais que o cargo efetivo. 
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Todavia, alega em sua inicial que, seu salário era menor que o 
de João Petrônio, que percebia R$ 10.000,00 (Dez Mil Reais ), sendo de outra 
agência do Reclamado. 
Assim, a ​RECLAMANTE requer as diferenças salariais, horas 
extras e reflexos, pois afirma que trabalhava das 8h às 20h, de segunda a 
sexta-feira, com intervalo de 20 minutos. 
A ​RECLAMANTE narra que foi transferida de São Paulo para 
Belém, após 1 (Um) ano de serviço, tendo lá fixado residência com sua família. 
Aduz também, a devolução dos descontos relativos ao plano de 
saúde, que assinou no ato da admissão, tendo indicado dependentes. 
Por seu turno, ainda está requerendo a multa do 477 da CLT, 
pois só foi notificada da dispensa pelo Reclamado no dia 06-02-2017, uma 
segunda-feira, e o Reclamado só pagou as verbas rescisórias e efetuou a 
homologação da dispensa em 16-02-2017. 
 
b) ​do não cabimento da diferença salarial​: 
Diante do mérito deste tópico, podemos citar o Art. 461 da CLT, 
onde pode ser verificado que a ​RECLAMANTE não faz jus a equiparação 
salarial. 
Nas palavras de Maurício Godinho, podemos esclarecer o que é 
equiparação salarial: 
Equiparação salarial é a figura jurídica mediante a qual se assegura ao trabalhador idêntico salário 
ao do colega perante o qual tenha exercido simultaneamente, função 
idêntica na mesma localidade, para o mesmo empregador. A esse 
colega dá-se o nome de paradigma (ou espelho) e ao trabalhador 
interessado na equalização confere-se o epíteto de equiparado. 
Designam-se, ainda, ambos pelas expressões paragonados e 
comparados (DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do 
Trabalho. 7ª edição. São Paulo: Ltr, 2008, p. 789). 
 
Por oportuno, salienta-se o prescrito na Súmula 06 do TST, no 
seu Inciso VI alínea ​b, ​o ​RECLAMADO​, vem apresentar um fato extintivo do 
direito do ​RECLAMANTE ​. 
No que tange aos argumentos levantados, o “paradigma” 
indicado é gerente de agência de grande porte, atendendo contas de pessoas físicas 
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e jurídicas. Portanto, diferente da função da ​RECLAMANTE que prestava 
serviço em uma pequena agência que atendia apenas pessoas físicas. 
Deste modo, o Art. 461 da CLT, prevê claramente uma 
equiparação salarial, caso haja uma idêntica prestação nos serviços, o que no caso 
em tela, está incoerente com o dispositivo normativo, pelo que improcede tal 
pedido. 
 
c) ​do não cabimento das horas extras​: 
Diante do art. 62, Inciso II e, § único da CLT, a 
RECLAMANTE não pode requerer tal benefício, tendo em vista que o 
dispositivo mencionado exclui o cargo em que obrava, do direito a tal benefício. 
Destarte, também recebia gratificação de função no percentual de 50% a mais que 
o cargo efetivo 
Assim, podemos citar tal julgado do TST, onde não se conhece a 
solicitação do ​RECLAMANTE em relação ao cabimento das horas 
extraordinárias: 
TST - EMBARGOS DECLARATORIOS RECURSO DE REVISTA E-ED-RR 
1034008820075040732 103400-88.2007.5.04.0732 (TST) 
Data de publicação: 12/04/2013 
Ementa: GERENTE GERAL DE AGÊNCIA BANCÁRIA. HORAS 
EXTRAS. 1. A pretensão da parte de travar discussão em torno do 
procedimento adotado pela Turma, buscando, por via transversa, a 
revisão do conhecimento do Recurso de Revista, e não a 
uniformização de jurisprudência sobre a questão de mérito, não se 
insere nas hipóteses de cabimento do Recurso de Embargos. 2. Nos 
termos da Súmula 287 desta Corte são indevidas horas extras para o 
gerente geral de agência bancária. Recurso de Embargos de que não se 
conhece. 
 
Nesse diapasão, improcede o pedido do ​RECLAMANTE ​. 
d) ​do não cabimento de adicional de transferência​: 
Conforme Orientação Jurisprudencial 113, SDI-1 TST e o Art. 
469, § 3º da CLT, a ​RECLAMANTE​, não se enquadra para receber o adicional 
de transferência, pois como ensina o respectivo diploma jurisprudencial e a norma 
celetista, para recebimento da transferência deve- se caracterizar como provisória. 
Como foi narrado na inicial, a ​RECLAMANTE foi transferido para Belém, onde 
fixou residência permanente. 
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O julgado abaixo, ratifica a tese de que não é devido o benefício 
questionado pela ​RECLAMANTE​. 
TST - EMBARGOS DECLARATORIOS RECURSO DE REVISTA E-ED-RR 966100832002509 
966100-83.2002.5.09.0900 (TST) 
Data de publicação: 06/02/2009. 
Ementa: RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO 
ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LEI N.º 11.496 /2007. 1) 
PRELIMINAR DE NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO 
JURISDICIONAL. Não se configura a hipótese de carência de 
fundamentação quando presentes os motivos de fato e de direito que 
justificam o enquadramento jurídico dado à matéria. 
2) ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. O Tribunal Regional 
contrariou - em tese - a diretriz da Orientação Jurisprudencial n.º 113 
da SBDI-1, ao desprezar o caráter provisório da transferência como 
pressuposto apto a legitimar o pagamento do respectivo adicional. 
Some-se a isso o fato de que a moldura fática, que se extrai dos fatos 
revelados pela última instância de prova, converge com a pretensão 
recursal. Tem-se, com efeito, que, além de ter havido apenas 
duas transferências durante o pacto laboral - que durou mais de 16 
anos, o RECLAMANTE permaneceu durante vasto tempo em São 
Pedro do Ivaí, período objeto da condenação. Vale dizer, quase doze 
anos, tempo suficiente para, na esteira das decisões prolatadas por esta 
Corte, configurar o caráter definitivo a justificar o não pagamento 
do adicional de transferência. Embargos conhecidos e providos​. 
 
Nesse sentido, é improcedente o pedido do ​RECLAMANTE ​. 
e) ​da impossibilidade de devolução dosdescontos atinentes ao plano 
de saúde​: 
Um dos assuntos levantados pela ​RECLAMANTE é a 
possibilidade do ​RECLAMADO​, realizar a devolução dos valores referente ao 
plano de saúde. 
Diante do art., 462 da CLT, não existe a possibilidade de realizar 
a devolução, pois tal benefício foi com a anuência da ​RECLAMANTE e no 
momento de sua contratação. Sendo que, a partir e então, junto com seus 
dependentes, fazia jus ao benefício do plano de saúde. 
Sendo assim, não pode prosperar tal argumento da 
RECLAMANTE ​. 
Em relação ao entendimento da súmula 342 do TST, não afronta 
tal dispositivo acima, pois deve ficar realmente comprovado a existência de 
“coação”. Corroborando tal assertiva, pode ser demonstrado que a 
RECLAMANTE ​, em nenhum momento em que laborou para a ​RECLAMADA​, 
fez algum pedido para não sofrer os referidos descontos. 
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Da mesma forma o entendimento da OJ 160, SDI-1 TST, deve 
ficar demonstrado o vício de vontade, sendo assim, em nenhum momento do caso 
narrado pela ​RECLAMANTE​, ficou demonstrado tal situação. 
Assim, no caso em análise, não está demonstrado nenhum tipo 
de coação, sendo estéril a alegação da inicial. 
Para ratificar a tese do ​RECLAMADO​, podemos citar o julgado 
abaixo: 
 
TST - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA AIRR 
1161005220085040121 116100-52.2008.5.04.0121 (TST) 
Data de publicação: 26/08/2011 
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. 
HORAS EXTRAS. DEVOLUÇÃO DE DESCONTOS A TÍTULO 
DE PLANO DE SAÚDE. DESPACHO MANTIDO POR SEUS 
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. AGRAVO DESPROVIDO. A 
despeito das razões expostas pela parte agravante, merece ser mantido 
o despacho que negou seguimento ao Recurso de Revista, pois 
subsistentes os seus fundamentos. Agravo conhecido e desprovido. 
 
f) ​da ausência da multa do art. 477, § 6º, CLT​: 
 
Mais uma tese levantada pela ​RECLAMANTE​, que alude ao 
atraso no pagamento das verbas rescisórias. 
A norma positiva prescreve que se exclui o primeiro dia e 
acrescentar no final o prazo inicial de tal requerimento, consoante a OJ 162, SDI-1 
TST que remete ao art. 132 do C.C/02. Sendo assim, o ​RECLAMADO está em 
dia com tal período. Não merece ser deferido tal argumento, pois não houve 
atenção por parte da ​RECLAMANTE​ neste detalhe. 
 
g) ​dos juros de mora​: 
Em caso de eventual condenação do RECLAMADO​, tese que é 
alçada por mera hipótese, que seja aplicado o disposto no art. 883 CLT. 
 
h) ​das deduções e compensações dos pedidos​: 
Por fim, o ​RECLAMADO levanta que sejam deduzidos, em 
eventual condenação, dos valores pagos ​INSS e IRPF, bem como a compensação 
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dos valores já pagos, em iguais títulos conforme inteligência das Súmulas 182 e 
48 do TST. 
 
II – DOS PEDIDOS 
 
Diante o exposto, requer o Autor a Vossa Excelência: 
 
1. A improcedência dos pedidos da ​RECLAMANTE tendo em vista 
que no caso em tela: 
a) não cabe a diferença salarial conforme art. 462 e Súmula 06 
do TST; 
b) não assiste o pagamento das horas extras conforme art. 62, II, 
§ único da CLT e Súmula 287 do TST; 
c) não cabe o adicional de transferência pleiteado conforme o 
art. 469 § 3º da CLT e OJ 113,​ SDI-1 ​do TST; 
d) inexiste a possibilidade dos descontos referentes ao plano de 
saúde com fundamento no art. 462 da CLT, Súmula 342 do TST e OJ 160, SDI-1 
do TST; 
e) não cabe a multa do Art. 477 da CLT, por estar dentro do 
prazo de 10 dias e OJ 162,​ SDI-1 ​ da CLT. 
 
2. O conhecimento das deduções já pagas pelo ​RECLAMANTE ​com 
fulcro nas Súmulas 182 e 48 do TST; 
 
3. que a ​RECLAMANTE seja condenada ao pagamento das custas 
processuais. 
 
III – DAS PROVAS 
 
Protesta, ainda, a produção de todos os meios de prova em direito 
admissíveis, especialmente documental, testemunhal e depoimento pessoal da 
RECLAMANTE ​, sob pena de confissão. 
 
 
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 Nestes Termos, 
Pede deferimento. 
 
 
BELÉM/PA, 20 de setembro de 2019. 
 
 
ADVOGADO - ASSINATURA 
OAB-UF – Nr

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