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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTROOESTE – UNICENTRO/ Campus CEDETEG Ana Claudia Organek; Gabriela Hobold Crozetta Química dos Complexos OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE COMPLEXOS DE NÍQUEL(II) Guarapuava, novembro de 2019 Ana Claudia Organek Gabriela Hobold Crozetta OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE COMPLEXOS DE NI(II). Relatório de aulas experimentais na preparação de complexos de Cobalto apresentado na Universidade Estadual do Centro Oeste como avaliação à disciplina de Química dos Complexos Experimental. Professor: Profº. Drº. Marins Danczuk Guarapuava, novembro de 2019 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 4 2. OBJETIVOS........................................................................................................................ 5 3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 5 3.1 Síntese e Caracterização de Compostos de Coordenação de Ni2+ com o Ligante Etilenodiamina. ....................................................................................................................... 5 3.1.1 Materiais ............................................................................................................... 5 3.1.2 Reagentes e indicadores........................................................................................ 5 3.1.3 Procedimento experimental .................................................................................. 6 3.2 Síntese e Caracterização do [Ni(NH3)6]Cl2.................................................................. 6 3.2.1 Materiais ............................................................................................................... 6 3.2.2 Reagente e indicadores ......................................................................................... 7 3.2.3 Procedimento experimental .................................................................................. 7 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 9 4.1 Primeira Parte: Obtenção do [Ni(en)3]Cl.2H2O ......................................................... 9 4.2 Obtenção de [Ni(en)(OH2)4] 2+, [Ni(en)2(OH2)2] 2+ e [Ni(en)3]2+ ............................... 10 4.3 Caracterizações dos complexos NiCl2.6H2O, [Ni(en)(OH2)4] 2+, [Ni(en)2(OH2)2] 2+ e [Ni(en)3]2+............................................................................................................................. 11 4.4 Síntese e Caracterização do [Ni(NH3)6]Cl2................................................................ 15 4.4.1 Caracterização do [Ni(NH3)6]Cl2........................................................................ 16 4.5 Características dos complexos ................................................................................... 17 5. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 18 6. REFÊRENCIAS ................................................................................................................ 20 4 1. INTRODUÇÃO Sabe-se que um complexo metálico se forma a partir de ligações entre um ácido e uma base de Lewis, logo o metal é um ácido de Lewis que age como receptor de pares de elétrons e os ligantes, que atuam como íons átomos e moléculas serão uma base de Lewis agindo como doadores de elétrons [1]. Esses complexos que são denominados como compostos de coordenação são substâncias que contém átomo central que geralmente é um metal rodeado por um grupo de íons, moléculas ou átomos [1]. O Níquel é o vigésimo segundo elemento mais abundante estando em vigésimo elemento em peso na crosta terrestre e produzido em altas quantidades. Os compostos simples são predominantes, o iônico divalente é encontrado como na forma de Ni (+II) na maioria de seus complexos que são quadrados-planares ou octaédricos. O íon Ni2+ tem a configuração d8, por isso ele pode assumir essas geometrias, os complexos octaédricos são azuis e paramagnéticos, os complexos quadrados planares são geralmente marrons, amarelos ou vermelhos e os tetraédricos são formados com ligantes de fosfina e tem coloração intensa que permite distinguir do quadrado-planar. Esse estado de oxidação, podendo ser um íon hidratado de Ni[(H2O)6] 2+ de coloração verde. Por ser um íon hidratado, é estável em solução aquosa e é responsável pela coloração que é uma característica do níquel. Ele se dissolve facilmente em ácidos originando o íon hexaaquaniquel II, Ni[(H2O)6] 2+ , como mostrado na reação abaixo: Ni(s) + HA → Ni[(H2O)6] 2+ A obtenção deste metal de transição a partir de seus minérios é mais difícil por causa da presença de outros metais. Geralmente o níquel é utilizado para fazer ligas ferrosas e não ferrosas. Sendo um metal prateado, branco maleável dúctil, porém não pode ser laminado ou forjado facilmente por causa do seu comportamento cristalino, por apresentar um caráter ferromagnético, sendo encontrado também na forma de sulfetos. O níquel não reage em soluções alcalinas, é eletrodepositado sobre metais mais reativos para formar uma camada protetora. O número de coordenação dos complexos é importante, pois irá indicar o número de ligantes que poderá formar um complexo estável, na maioria dos casos o número de coordenação do níquel é 4 ou 6 [2]. 5 Sobre diversas abordagens teóricas para a estrutura eletrônica desses compostos de coordenação, havendo três modelos de ligação, o primeiro no qual consiste na abordagem eletrostática, usada para descrever a divisão dos orbitais d metálico dentro de um campo tetraédrico e também os níveis de energia pelo espectro visível e ultravioleta dos compostos, este modelo é denominado como Teoria do Campo Ligante; o segundo é a descrição em termos de interação de orbitais entre metal e ligante, chamado de Teoria do Campo Cristalino, e por último o Modelo de Sobreposição Angular, consiste em estimar as magnitude relativas das energias de orbitais moleculares dentro do composto de coordenação [3]. 2. OBJETIVOS A síntese dos complexos metálicos tem diversas aplicações na sociedade e o estudo dos mesmos vem cada vez mais, ajudar a entender o vasto e completo mundo onde esses tipos de substâncias existem [4]. O presente trabalho tem por objetivo sintetizar complexos de níquel e caracterizá-los a partir de suas propriedades no espectro de absorção. 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Síntese e Caracterização de Compostos de Coordenação de Ni2+ com o Ligante Etilenodiamina. 3.1.1 Materiais Béqueres de 50 e de 100 mL; proveta de 10 mL; bastão de vidro; tubos de ensaio e suporte; conta-gotas; conjunto para filtração à vácuo (funil de Büchner, quitassato, papel de filtro, trompa d'água); cápsula de porcelana grande (para banho de gelo); cápsula de porcelana pequena; balança; espátula; vidro de relógio; gelo; frascos para guardar o produto obtido. 3.1.2 Reagentes e indicadores • [Ni(NH3)6]Cl2; etilenodiamina 98%; • NH3 conc. (d = 0,91 g/mL; conc. = 25-28 % em massa ou 15 mol/L); • Álcool; • Etílico; • Éter etílico. 6 3.1.3 Procedimento experimental 3.1.3.1 Primeira Parte: Obtenção do [Ni(en)3]Cl.2H2O 1. Primeiro preparou-se o cloreto de tris(etilenodiamino)níquel(II) diidratado e em seguida 1,5 mL de etilenodiaminaa 98% em massa foi adicionada à solução de 1,50g [Ni(NH3)6]Cl2 contendo 10mL de água. 2. Formou-se uma solução púrpura que em seguida foi evaporada a um volume de 5mL em banho-maria. 3. Depois foi adicionado uma gota de etilenodiamina e em seguida a solução foi resfriada em banho de gelo. Os cristais púrpuros formados foram filtrados, o método utilizado a filtração a vácuo. O filtrado foi lavado duas vezes com pequenas porções de etanol. Foram secados os cristais o máximo possível no próprio funil, deixando o sistema de vácuo funcionando. 4. Para o produto poder ser recuperado, foi colocado o filtrado em um banho de gelo. 5. Depois de seco, pesou-se os cristais obtidos e o resultado foi anotado. 7. O composto obtido foi guardado em frascos preparados especialmente para isto. 3.1.3.2 Segunda parte: Obtenção de [Ni(en)(OH2)4]2+, [Ni(en)2(OH2)2]2+ e [Ni(en)3]2+ 1. Uma solução aquosa de 3,57g NiCl2.6H2O foi preparada em um balão volumétrico de 50 mL. 2. Em um outro balão volumétrico de 50 mL de uma solução aquosa de etilenodiamina foi preparada contendo 1 mL desta substância. 3. Em quatro béqueres de 50 mL, foram adicionados 25, 20, 15 e 10 mL de água, respectivamente. Os béqueres foram rotulados com números 1, 2, 3 e 4, respectivamente. 4. Foi adicionado a cada um dos béqueres 5 mL da solução de NiCl2.6H2O. 5. Foi adicionado aos béqueres 2, 3 e 4, respectivamente, 5, 10 e 15 mL da solução de etilenodiamina. 3.2 Síntese e Caracterização do [Ni(NH3)6]Cl2 3.2.1 Materiais 7 Béquer de 50 mL (4); Béquer de 100 mL (4); Proveta de 10 mL (4) de 50mL (4) e de 100 mL (4) ; Bastão de vidro (4); Tubos de ensaio (20); Suporte (4); Conta-gotas (4); Conjunto para filtração à vácuo (funil de Büchner; quitassato; papel de filtro; trompa d'água); Cápsula de porcelana grande (4) (para banho de gelo); Balança; Espátula (4); Vidro relógio (4); Garrafa lavadeira (3); Gelo; Frascos para guardar o produto obtido (1). 3.2.2 Reagente e indicadores • NiCl26H2O p.a.; • NH3 conc. (d=0,91 g/mL; 25-28 % em massa ou 15 mol/L); • NH4Cl p.a.; • Álcool etílico; • Éter etílico; • Solução alcoólica de dimetilglioxima 1 % m/v; • Solução 0,10 mol/L de AgNO3; • Solução 3 mol/L de HNO3; • Solução 1,0 mol/L de NaOH; • Papel tornassol vermelho e azul. 3.2.3 Procedimento experimental 3.2.3.1 Obtenção [Ni(NH3)6]Cl2 A solução amoniacal de NH4Cl foi preparada da seguinte forma: Primeiro mediu-se 2,5 mL de NH4OH conc. e colocado em um béquer. Após dissolveu-se NH4Cl pouco a pouco até saturar a solução. Transferiu-se para uma proveta e completou-se o volume para 5 mL com NH4OH concentrado. Esta solução ficou em repouso até o momento do uso, tampada com um vidro de relógio. Pesou-se 2,5 g de NiCl2.6H2O, colocou-se em um béquer pequeno e adicionou- se água destilada gota a gota com agitação, em quantidade mínima, até dissolver todo o sal. Em seguida, adicionou-se gradualmente 12,5 mL de solução concentrada de amônia. Neste ponto, a cor da solução mudou para azul. Esfriou-se a solução em água corrente e adicionou-se 5 mL de solução amoniacal de NH4Cl preparada no início da aula. Deixou-se em repouso por 15 minutos em banho de gelo. 8 Os cristais obtidos foram filtrados utilizando filtração à vácuo e lavados usando uma porção de 5 mL de NH4OH conc., seguida de pequenas porções de álcool e finalmente de éter, usando as garrafas lavadeiras nesta operação Os cristais obtidos foram secos o máximo possível no próprio funil, deixando o sistema de vácuo funcionando. Depois de secos, pesou-se os cristais obtidos. 3.2.3.2 Caracterização do [Ni(NH3)6]Cl2 Preparou-se uma solução aquosa do complexo para caracterizar os componentes do produto obtido a partir das reações indicadas a seguir. Caracterização do Ni2+(aq) Cuidadosamente aqueceu-se 10 gotas da solução estoque do composto, esfriou- se e verificou-se se o meio estava básico com papel tornassol vermelho. Adicionou-se 3 gotas de solução alcoólica de dimetilglioxima. Adicionou-se gotas de solução 3 mol/L de HNO3 à solução anterior até observar o desaparecimento do precipitado rosa. Adicionou-se solução de NH4OH conc. e observou-se Caracterização do Cl-(aq) Colocou-se 5 gotas da solução estoque do composto em um tubo de ensaio e adicionou-se 3 gotas de solução de AgNO3 0,10 mol/L. Após, centrifugou-se, desprezou-se sobrenadante e adicionou-se ao resíduo 10 gotas de NH3 concentrado. Acidulou-se a solução do item anterior com HNO3 3 mol/L, verificando a acidez com papel tornassol azul. Observou-se e anotou-se o resultado. Caracterização da NH3 Colocou-se 5 gotas da solução estoque do composto em um tubo de ensaio e aqueceu-se cuidadosamente em banho-maria. Aproximou-se à boca do tubo de ensaio uma tira de papel tornassol vermelho umedecida com água destilada. Observou-se e anotou-se o resultado. Colocou-se um pouco do sólido em um tubo de ensaio e aqueceu-se diretamente na chama do bico de gás. Aproximou-se à boca do tubo de ensaio uma tira de papel tornassol vermelho umedecida com água destilada. Observou-se e anotou-se o resultado. 9 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Primeira Parte: Obtenção do [Ni(en)3]Cl.2H2O O efeito quelato, diz respeito à maior estabilidade de complexos formados com ligantes que possuam dois ou mais sítios de coordenação disponíveis, quando comparada a dos formados com ligantes monodentados. A etilenodiamina (en = H2NCH2CH2NH2) é um ligante bidentado e forma com o íon Ni(II) o complexo [Ni(en)3] 2+ que é 1010 vezes mais estável que o complexo [Ni(NH3)6] 2+ apesar da basicidade dos átomos de nitrogênio da etilenodiamina e da amônia serem semelhantes. A etilenodiamina (en), NH2CH2CH2NH2, é bidentada e possui dois sítios doadores, quando um nitrogênio presente na amina liga-se ao íon metálico, a proximidade do segundo nitrogênio terá sua interação com o metal facilitada logo ocorre interação simultânea com o metal, portanto a fixação de mais de dois sítios doadores de quelantes irá aumentar as constantes de formação comparado a complexos do mesmo íon metálico que possui apenas ligantes monodentados que seja eletronicamente semelhantes, pois essa interação dificulta a dissociação do ligante. Assim a etilenodiamina desloca a amônia: [Ni(NH3)6] 2+ + 3 en → [Ni(en)3]2+ + 6 NH3 A obtenção de [Ni(en)3]C2.2H2O pode ser feita pela reação entre a etilenodiamina concentrada e solução de cloreto de hexaaminoníquel(II). A equação da reação de obtenção pode ser descrita como: [Ni(NH3)6]Cl2 + 3 en + 2H2O → [Ni(en)3]Cl2.2H2O + 6 NH3 FIGURA 1 – Estrutura cloreto de tris(etilenodiamina) níquel (II) hiratado 10 4.2 Obtenção de [Ni(en)(OH2)4]2+, [Ni(en)2(OH2)2]2+ e [Ni(en)3]2+ Baseado em Oliveira et al (2010), os complexos com Ni2+ podem ser obtidos pela substituição das moléculas de água pelas moléculas de etilenodiamina. Na Figura 2 pode-se observar a diferença da tonalidade das soluções nos béqueres 2 a 4 de acordo com o aumento de adição de etilenodiamina. No primeiro béquer foi obtido [Ni(H2O)6] 2+ por dissolução de NiCl2.6H2O em água (solução verde). Nos béqueres 2, 3 e 4 foram obtidos os complexos [Ni(en)(H2O)4] 2+ (solução azul), [Ni(en)2(H2O)2] 2+ (solução anil) e [Ni(en)3] 2+ (solução violeta) por reação de [Ni(H2O)6]. Quando complexos são reativos e trocam ligantes rapidamente são chamados complexos lábeis. A labilidade dos complexos é resultado dos efeitos cinéticos e termodinâmicos que podem orientar os produtos de uma reação. Um efeito importante é o efeito quelato, que diz respeito à maior estabilidade de complexosformados com ligantes que possuam dois ou mais sítios de coordenação disponíveis. (AYALA; BELLIS, 2003). A etilenodiamina é um ligante bidentado, a água um ligante monodentado, com isso o complexo [Ni(en)3] 2+ é considerado mais estável que [Ni(H2O)6] 2+. Oliveira et al (2010), afirma que no espectro eletrônico de complexos octaédricos de níquel(II) são esperadas três bandas devido a transições d-d permitidas por spin. Além disso, o ligante etilenodiamina desdobra mais fortemente o campo ligante, ou seja, aumenta a energia da transição eletrônica para os complexos que o têm como ligante (CONSORTI et al, 2011). FIGURA 2 – Mudança de cores após adição de [Ni(H2O)6]2+ com volumes diferentes de etilenodiamina As quatro soluções foram caracterizadas por espectros de absorção no UV-Vis. As análises foram realizadas na Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO, 11 no espectrofotômetro Varian, modelo 3000 , utilizando cubeta de quartzo para a varredura de 300 nm a 800 nm da solução do complexo. 4.3 Caracterizações dos complexos NiCl2.6H2O, [Ni(en)(OH2)4]2+, [Ni(en)2(OH2)2]2+ e [Ni(en)3]2+ Uma das principais características dos complexos de metais de transição é o fato de serem coloridos, ou seja, possuem bandas de absorção na região do visível, pois o comprimento de onda da radiação absorvida depende tanto do átomo doador quanto do íon metálico. A região do visível constitui uma pequena parte do espectro eletromagnético, indo de 400 a 700 nm. Quando a radiação da luz visível incide sobre a solução de um complexo de metal de transição, parte desta radiação é absorvida. A cor desta solução é dada então pela radiação complementar, que é transmitida, como é compreendido que a absorção de radiação visível pelos complexos de metais de transição depende da presença de elétrons nos orbitais d no íon metálico (no mínimo 1 e no máximo 9 elétrons) e da existência de grupos ou ligantes que provoquem a repulsão destes elétrons, com o desdobramento dos orbitais d, como demonstrado na Figura 3 abaixo. FIGURA 3 - Cores dos complexos de Níquel. Observa-se na imagem acima que quanto mais ocorrer o desdobramento do campo, ou o aumento de energia, mas dificulta os elétrons irem para o nível, no caso quanto mais for o ligante de campo forte, o spin será baixo e o desdobramento maior. 12 As soluções de NiCl2.6H2O, [Ni(en)(OH2)4] 2+, [Ni(en)2(OH2)2] 2+ e [Ni(en)3] 2+ obtidas, representadas na Figura 2, foram analisadas. Como o olho humano não há certa precisão para observar a troca de ligantes, então o espectrofotômetro é utilizado. É um instrumento que faz passar um feixe de luz monocromática através de uma solução, e mede o comprimento de onda e a quantidade de luz que foi absorvida por essa solução. Para obter o feixe de luz monocromática, um prisma separa a luz em feixes com diferentes comprimentos de onda que pode acontecer no arco-íris com a separação das cores da luz branca. A Figura 4 é uma tabela que mostra a relação entre radiações absorvidas e as cores que são percebidas pelos sensores do olho humano. FIGURA 4 - Tabela das Cores da radiação absorvida e observada. Após, o experimento, as soluções da Figura 2 Cloreto de níquel hexahidratado, trietilenodiamina níquel (II), tretaaquaetilenodiamina níquel (II) e diaquadietilenodiamina níquel (II), foram diluídas (Figura 5). Foram feitas as caracterizações por Espectroscopia de Absorção Molecular na Região do Ultravioleta- Visível (UV-vis). 13 FIGURA 5 – Soluções diluída para análise no UV-Vis Espectroscopia é um termo geral para a ciência que estuda a interação dos diferentes tipos de radiação com a matéria e o método espectroscopia referem-se às medidas das intensidades das radiações usando transdutores fotoelétricos ou outros tipos de dispositivos eletrônicos. A espectrofotometria ultravioleta e visível é um dos métodos analíticos mais usados nas determinações analíticas e diversas áreas. 14 (a) (b) (c) (d) FIGURA 6 - Espectros de absorção (a) Cloreto de níquel hexahidratado; (b) Tretaaquaetilenodiamina níquel; (c) Diaquadietilenodiamina níquel (II); (d) Trietilenodiamina níquel (II) Na Figura 6 são ilustrados os resultados dos Uv-vis dos complexos de níquel, os complexos de Cloreto de níquel hexahidratado; Diaquadietilenodiamina níquel (II); Trietilenodiamina níquel (II) apresentam espectros bastantes similares. Podemos observar quatro regiões de transições d-d, sendo: duas permitidas por spin, 3A2g→ 3T1g (P) entre 300 e 400nm e 3A2g→ 3T1g (F), entre 650 e 700 nm, e duas proibidas por Laporte, entre 500 e 600nm. A banda em 900nm não foi observada devido o comprimento de onda ser feito apenas até 800nm. Considerando essa banda, os espectros eletrônicos de sais de níquel podem apresentar até cinco regiões de transições 15 eletrônicas, sendo: três permitidas (caracterizadas por serem mais intensas) e duas proibidas. Os espectros eletrônicos de sais de níquel apresentam o mesmo perfil de absorção relativo às transições (d-d) atribuídas. Este comportamento é devido ao fato de que em solução aquosa, sais de Ni2+, sem a presença de agentes complexantes, ocorre predominantemente a formação do íon Ni(H2O)6 2+, hexa(aquo)níquel(II), de coloração verde, como podemos observar na figura 10 (a). As medidas espectroscópicas do parâmetro de desdobramento do campo ligante, 10Dq, permitem ordenar os ligantes segundo a intensidade de campo que estes produzem. Essa ordem dos ligantes é conhecida como série espectroquímica, que é apresentada a seguir, em ordem crescente de desdobramento do campo cristalino, para os complexos de níquel(II) estudados. H2O< NH3 < en A partir da série espectroquímica construída, pode-se observar que o ligante etilenodiamina desdobra mais fortemente o campo ligante, ou seja, aumenta a energia da transição eletrônica para os complexos que o têm como ligante. Foram observadas para os complexos com ligante etilenodiamina bandas em torno de 300- 400 nm e 500 nm de comprimento de onda, já o [Ni(en)2(OH2)2] 2+ apresentou uma banda entre 300-400 nm, poderia ser atribuída à banda de estiramento O-H do ligante aqua que se sobrepõe aos estiramentos N-H do etilenodiamina. O complexo com o ligante etilenodiamina (en) apresenta maior deslocalização dos elétrons d sobre o ligante, resultando, portanto, em um maior caráter covalente nesse complexo [5]. 4.4 Síntese e Caracterização do [Ni(NH3)6]Cl2 A síntese de formação do cloreto de hexaaminoníquel (II), ocorre através da adição da solução de amônia em um complexo de cor verde [Ni(H2O)6 ] 2+ , trata-se de uma reação de substituição, onde o ligante H2O desloca-se e dá lugar a NH3, a reação é aqui representada pela equação: [Ni(H2O)6] 2+(aq) + 6 NH3(aq)→ [Ni(NH3)6]2+(aq) + 6H2O(l) O complexo formado apresenta estrutura cúbica cristalina é solúvel em solução aquosa de amônia e também em água. O processo é reversível, pois quando aquecido 16 libera a amônia e o complexo se desfaz originando o cloreto de níquel (II) anidro, pois a água também evapora. Pode se lavar os sólidos obtidos com éter, pois complexo formado apresenta estrutura cúbica cristalinas este composto sólido é insolúvel em solvente orgânico. A equação abaixo ilustra a obtenção do complexo de cloreto de hexaaminoníquel (II). NiCl2 .6H2O(s) + 6 NH3(aq) → [Ni(NH3)6]Cl2(s) + 6 H2O(l)4.4.1 Caracterização do [Ni(NH3)6]Cl2 Foram identificados separadamente o níquel, a amônia e o cloreto através de reações analíticas. Para identificar o níquel, foi adicionado hidróxido de amônio para deixar o meio levemente alcalino (com pH em torno de 7,5) antes da adição da dimetilglioxina (DMG). Quando adicionada, a dimetilglioxina forma um quelato junto ao níquel, o que altera a cor da solução para rosa, indicando a presença do metal níquel. FIGURA 7 - Reação da Dimetilglioxina com o metal Ni2+, formando o produto bis(dimetilglioximato) níquel (II). Com adição do ácido nítrico a solução rósea, esta volta a ficar incolor. Isso ocorre devido a dimetilglioxina não formar complexos em meio ácido, então ocorre a dissociação do complexo em dimetilglioxina e o níquel se torna completamente solúvel. O cloreto foi identificado com a adição de ácido nítrico (acidificar a solução) e com nitrato de prata. Com a adição dos reagentes foi possível observar a formação de uma solução com aspecto leitoso, indicando a presença de sobrenadante e precipitado. Com a adição de nitrato de prata, há a formação de cloreto de prata, que em pH neutro possui baixa constante de dissociação e é quase insolúvel em meio aquoso. Isso favorece a formação de um precipitado, demonstrado na reação abaixo: 17 Cl-(aq) + AgNO3(aq) → AgCl(s) + NO3-(aq) Adicionando hidróxido de amônio ao precipitado, ocorre a dissolução do sólido, que volta a formar os seus íons em solução. Com a adição do ácido nítrico, houve a complexação do Níquel, formando um precipitado branco, uma vez que o complexo Ni(OH)NO3(S) é insolúvel em meio aquoso. A caracterização da amônia foi feita por 2 processos diferentes, houve o aquecimento da solução nos dois processos, no qual ocorreu a quebra das ligações e a liberação de amônia na forma de gás. Com a aproximação do papel tornassol vermelho junto a boca do tubo de ensaio, este muda sua coloração para azul, indicando um meio alcalino. Isso consiste com a teoria, visto que, a amônia é considerada uma base de Lewis e reage com água formando hidróxido de amônio, como podemos observar na reação abaixo. NH3(g) + H2O (l) → NH4OH(aq) 4.5 Características dos complexos Sabe-se que dependendo do ligante, ele pode variar a cor do complexo, no caso da NH3 e etilenodiamina são relativamente de campos fortes, mas o etilenodiamina predomina em relação a amônia, até porque o en= H2NCH2CH2NH2 é um ligante bidentado, como demonstra na Figura 8 abaixo para o complexo de [𝑁𝑖(𝑒𝑛)3] 2+. FIGURA 8 - Complexo de trietilenodiaminoníquel (II). Ligantes bidentados geralmente são ligantes que tem dois meios para se ligar no metal, formando uma estrutura cíclica, pois os bidentados contêm dois átomos doadores. [6] 18 Já o NH3 é ligante um ligante neutro, como demonstrado na Figura 9 abaixo: FIGURA 9- Complexo de Cloreto de hexaminoniquel (II). O complexo de NiCl2 6H2O, possui esta estrutura demonstrada na Figura 10, abaixo: FIGURA 10 - Complexo de Cloreto de Niquel(II). O complexo de cloreto de níquel anidro possui uma coloração amarela, mas quando ele é hidratado, como demonstrado pela fórmula molecular na Figura 3, possuindo uma coloração verde, o níquel se estabiliza melhor com as aminas do que com a água, por isso que ocorre a formação do cloreto de hexaaminoniquel. 5. CONCLUSÃO A síntese e caracterização de um conjunto de complexos de Ni(II) foi executada com sucesso na disciplina de Complexos. Através de procedimentos experimentais foram obtidos dados espectroscópicos que propiciaram a caracterização desses complexos, bem como a obtenção dos parâmetros do campo cristalino, também possibilitou de acordo com a literatura observar as cores de tais complexos, mesmo alguns deles não coincidindo com tal. O experimento permitiu o manuseio do equipamento Uv-Vis, que foi de grande valia e obtenção de conhecimento. 19 Além disso, foi possível aprofundar os conhecimentos adquiridos durante todo o processo e entender, na prática, como os resultados apresentados na literatura são determinados experimentalmente 20 6. REFÊRENCIAS [1] ARAUJO, U. M. A. Síntese e caracterização de complexos de Co(II) e Ní (II) Com L-Dopa, Carbidopa e Benzimidazol. Tese de doutorado. Rio Grande do Norte- Natal, 2016. [2] LEE, J.D., Química Inorgânica não tão Concisa. 3ª edição, Editora Edgard Blücher ltda, 1999. [3] MIESSLER, G.; FISCHER, P. J.; TARR, D. A. Química Inorgânica. 5ª ed. São Paulo: Pearson Education, 2014. [4] ATKINS, Peter; PAULA, Julio de. Físico-Química. 8 ed., Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda, V. 2, 2008. [5] CONSORTI, C; LEAL B. Abordagem Teórico- Experimental da Teoria do Campo Cristalino na Disciplina de síntese Inorgânica. Instituto de química. Universidade federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre- RS. 2011. [6] Ferreira, A.M.C.; Toma, H.E. & Massabni, A.; "Nomenclatura de Compostos de Coordenação: Uma Proposta Simplificada"; Química Nova 7, 9-15 (1984). AYALA J.D., BELLIS V.M. Química Inorgânica Experimental, 2003. Disponível em: http://qui.ufmg.br/~ayala/matdidatico/apostila_inorg_exp.pdf. Acesso em: 20 de novembro de 2019. OLIVEIRA M.R.L., MAIA J.R.S., BRAATHEN P.C. Práticas de Química Inorgânica, complexos, 2010. Disponível em: https://www2.cead.ufv.br/sistemas/ojs/index.php/serieconhecimento/article/view/17/16. Acesso em: 20 de novembro de 2019.
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