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Saneamento Ambiental e Saúde Pública W B A 0 15 2 _ V 1. 1 2/231 Saneamento Ambiental e Saúde Pública Autoria: Profa. Chennyfer Dobbins Paes da Rosa Como citar este documento: ROSA, Chennyfer Dobbins Paes da. Saneamento Ambiental e Saúde Pública. Valinhos: 2015. Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: Saneamento Ambiental e Suas Conexões 07 Assista a suas aulas 31 Unidade 2: Saneamento. A Importância da Água Para a Humanidade 39 Assista a suas aulas 57 Unidade 3: Saneamento Básico e Saúde 66 Assista a suas aulas 83 Unidade 4: Doenças Relacionadas às Más Condições de Saneamentos Ambientais 91 Assista a suas aulas 125 Unidade 5: Epidemiologia das Doenças e Vigilância em Saúde 134 Assista a suas aulas 156 2/231 3/2313 Unidade 6: Resiliência Ambiental e Social 165 Assista a suas aulas 176 Unidade 7: Saneamento Ambiental e Saúde Coletiva 180 Assista a suas aulas 202 Unidade 8: Confecção de Projetos Para Órgãos de Fomento e Agências Financiadoras 207 Assista a suas aulas 223 Sumário Saneamento Ambiental e Saúde Pública Autoria: Profa. Chennyfer Dobbins Paes da Rosa Como citar este documento: ROSA, Chennyfer Dobbins Paes da. Saneamento Ambiental e Saúde Pública. Valinhos: 2015. 4/231 Apresentação da Disciplina A preocupação com a preservação ambiental é tema de grande destaque no Brasil, introduzido principalmente após a Conferência sobre Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas em Estocolmo, em 1972. Diretrizes começaram a ser traçadas a partir da década de 1980, visando à preservação ambiental e à exploração controlada dos recursos naturais. A poluição ambiental em Cubatão, por exemplo, tornou-se notícia nessa época e foi associada como referência de poluição ambiental. Nesse caso, constatou-se a elevada concentração de chumbo e mercúrio no sangue da população que se alimentava dos peixes da região, o que se perpetuou por vários anos, somente melhorando após a implantação do programa de controle ambiental em 1984. A preservação ambiental e o controle da emissão de poluentes são fundamentais para a saúde pública, pois visa, entre outras coisas, a melhorar a qualidade de vida da população e garantir a todas as comunidades a oportunidade de vivenciar uma saúde livre de doenças e agravos associados à poluição ambiental. Um dos objetivos orientadores da saúde pública, na qual se inserem os programas e políticas de saneamento ambiental, é respeitar as regras e a normas que a sociedade lhe impõe, mobilizando a sociedade a se envolver nos movimentos de luta e reivindicações pela saúde. No Brasil, a saúde pública orienta suas ações de acordo com as doutrinas e princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), 5/231 com o intuito de monitorar o saneamento adequado do meio ambiente, o controle de infecções, o acesso à assistência à saúde, o diagnóstico e tratamento precoce e a prevenção de doenças e agravos à saúde e assegurar a cada um, dentro da comunidade, condições para manutenção e qualidade de vida. Pode-se citar como exemplo, o controle das parasitoses humanas, uma vez que ainda existe uma alta prevalência dessas doenças no Brasil, como a esquistossomose. Dados do Ministério da Saúde estimaram que, em 2014, 25 milhões de pessoas foram expostas aos riscos de adquirir esquistossomose e 6 milhões efetivamente foram infestadas, principalmente pela falta ou precariedade de saneamento básico em várias regiões endêmicas. Em 2011, foi desenvolvido o Plano Integrado de Ações Estratégicas no combate às doenças negligenciadas e outras relacionadas à pobreza (OPAS: CD49. R19/2009), ações que buscavam a eliminação da esquistossomose e geohelmintíases até 2015. Portanto, dentre os objetivos desta disciplina, cabe: a) entender a dinâmica da sistematização de políticas públicas voltadas para o estabelecimento do modelo atual de saneamento ambiental; b) compreender a epidemiologia e as doenças relacionadas ao inadequado ou à falta de saneamento ambiental no Brasil; 6/231 c) entender os instrumentos e vias de atuação que podem contribuir para uma sociedade sustentável, que concilia métodos de conservação ambiental e de saúde. 7/231 Unidade 1 Saneamento Ambiental e Suas Conexões Objetivos 1. Compreender os conceitos relacionados ao tema saneamento ambiental; 2. entender a dinâmica da sistematização das políticas públicas voltadas para o estabelecimento do modelo atual de saneamento ambiental. Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões8/231 Introdução Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento é o controle de todos os fatores relacionados ao ambiente em que o ser humano vive e que exerçam ou possam exercer efeitos nocivos sobre o seu bem-estar biológico, social e/ou mental. Logo, o saneamento caracteriza o conjunto de ações socioeconômicas cujo objetivo é alcançar a salubridade ambiental. O saneamento associa sistemas constituídos por infraestrutura física, educacional, legal e institucional que engloba: I. O abastecimento de água adequado para as populações. Entende-se adequado por água de qualidade e em quantidade suficiente para a garantia de condições básicas de saúde. II. O acondicionamento, a coleta, o transporte, o tratamento e a disposição adequada e segura dos resíduos líquidos, como de esgotos sanitários, substâncias industriais e/ou agrícolas, resíduos de saúde, resíduos sólidos (incluindo os rejeitos provenientes das atividades doméstica, comercial, industrial e de serviços), dentre outros, que causam risco à saúde humana, animal e ambiental. 1. Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) Define-se por geradores de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) todo e qualquer Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões9/231 serviço que desenvolve assistência à saúde humana ou animal, o que inclui: a) assistência domiciliar; b) hospitais, clínicas, laboratórios clínicos e serviços ambulatoriais humanos e veterinários; c) laboratórios de anatomia patológica (anatomopatológico); d) serviços de diagnóstico por imagem e diagnóstico in vitro; e) necrotérios, funerárias, serviços de atividades de embalsamento e medicina legal; f) drogarias e farmácias, inclusive aquelas de serviço de manipulação; g) estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde (ex.: laboratórios e centros de pesquisa); h) centros de controle de zoonoses; i) distribuidores, importadores e produtores de materiais e produtos farmacêuticos; j) ambulâncias para transporte de pacientes; k) serviços de tatuagem, salão de beleza, dentre outros. Todos os estabelecimentos geradores de RSS são obrigados a se enquadrar na legislação vigente da Vigilância Sanitária (VISA), Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 306, de 7 de dezembro de 2004, Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões10/231 que aprova o Regulamento Técnico para o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde. O estabelecimento que desenvolve alguma das atividades descritas acima deve ter um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) descrito por meio de documento (impresso e assinado pelo responsável legal da instituição e pelo Para saber mais Quer saber mais sobre o assunto? Acesse a RDC- 306 no link: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/ wcm/connect/10d6dd00474597439fb- 6df3fbc4c6735/RDC+N%C2%BA+306,+- DE+7+DE+DEZEMBRO+DE+2004.pdf?MO- D=AJPERES> o coordenador do PGRSS) integrante do processo de licenciamento ambiental. Esse PGRSS consiste em um conjunto de procedimentos planejados, organizados e implementados para a gestão dos resíduos, tendo como embasamento as normas técnicase legais (como a RDC – 306). Pode ser representado como um manual de normas e procedimentos, que descreve as ações relativas a cada etapa do manejo dos resíduos desde a segregação na fonte, o acondicionamento, a coleta, o armazenamento, o transporte interno e externo até as possibilidades de reuso e reciclagem e a destinação e o tratamento de cada tipo de resíduo. Conta também com as orientações pertinentes para as equipes e trabalhadores, pois todos devem Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões11/231 ser envolvidos, uma vez que participam desses processos, seja produzindo o resíduo ou manipulando-o em alguma das etapas do gerenciamento. Esse plano deverá conter também a descrição de medidas utilizadas para não gerar ou minimizar a geração de resíduos e a previsão de melhoria contínua dos processos por meio de indicadores, mensurações, avaliações e monitoramentos constantes. Poderá ser eleito um representante de cada área para atuar como multiplicador e monitor do processo naquele local. 2 Outros Sistemas de Controle Além dos sistemas de controle e manejo de RSS, temos outros sistemas relacionados à saúde e ao saneamento, tais como: a) coleta de águas pluviais e controle da qualidade da água, controle de empoçamentos e inundações; b) controle de vetores de doenças transmissíveis (ex.: insetos, moluscos, roedores e outros mamíferos, entre outros); c) saneamento dos alimentos, meios transportes, habitação e postos de trabalho, d) planejamento da ocupação territorial e da preservação ambiental; Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões12/231 e) projetos de educação da população para hábitos e estilos de vida que respeitam a saúde ambiental; f) controle da poluição acústica, visual, da água, do ar e do solo. Figura 1 – Retrato da poluição ambiental: as chaminés das industrias Fonte: <http://www.zun.com.br/imagem/500x338/cache/fotos/2011/08/ Polui%C3%A7%C3%A3o-ambiental-e-suas-consequ%C3%AAncias.jpg> Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões13/231 3 Política Nacional do Meio Ambiente A Política Nacional do Meio Ambiente passou a vigorar por meio da Lei 6.938/1981. Dentre vários aspectos, ela destaca no art. 2º que o objetivo é a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida e assegurar as condições de desenvolvimento socioeconômico, os interesses da segurança nacional e a proteção da dignidade da vida humana. Essa política tem por princípios: a) a ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; b) a racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; c) a planejamento e a fiscalização do uso dos recursos ambientais; d) a proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; e) o controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; f) o incentivo aos estudos e às pesquisas de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões14/231 g) o acompanhamento do estado da qualidade ambiental; h) a recuperação de áreas degradadas; i) a proteção de áreas ameaçadas de degradação; e j) a educação ambiental em todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. No art. 3º, a política descreve o meio ambiente como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Logo, atribui preocupação com a degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; com a poluição resultante de atividades que direta ou indiretamente possam prejudicar a saúde, a segurança e o bem-estar da população; com a resultante em condições adversas às atividades sociais e econômicas; e com ações que possam afetar desfavoravelmente a biota e as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente. Essa política também se atenta ao controle da dispensação de matérias ou energia no meio ambiente, em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos, por empresas do ramo industrial. Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões15/231 4 Política Nacional de Resíduos Sólidos No Brasil, a legislação ambiental evolui desde a década de 1950, tendo como marco a discussão do manejo de resíduos sólidos a partir da Lei 2.312/54. Essa lei decretou, no seu artigo 12, que a coleta, o transporte e o destino final do lixo devem ser realizados de modo a não expor a saúde humana, animal ou do meio ambiente a riscos e evitar males à saúde e ao bem- estar público. Atualmente, existem outras leis que tratam dos resíduos sólidos, dentre elas a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) e o Decreto 7.404/2010, que a regulamenta. Essas leis preveem que as fontes geradoras de resíduos devam se responsabilizar pela coleta, armazenamento e tratamento de seus resíduos, o que inclui a logística reversa de produtos que gerem resíduos potencial ou efetivamente perigosos, como as indústrias que produzem de pilhas, baterias, lâmpadas de mercúrio e flúor, óleos lubrificantes e derivados e pneus. Para saber mais Quer saber mais sobre essa lei? Acesse o link e leia o conteúdo completo: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L6938.htm>. Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões16/231 Figura 2 – Política Nacional de Resíduos Sólidos Fonte: <http://sincapr.com.br/wp-content/uploads/2013/11/imagem_noticias_politica_residuos_solidos.png> Para saber mais Acesse o link: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm, e leia o conteúdo da Lei 12.305/2010 na íntegra. E o link: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7404.htm> para conhecer o Decreto 7.404/2010. Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões17/231 Seguindo um percurso histórico, a Constituição Federal (CF) em 1988 contemplou a proteção ambiental em vários aspectos. O capítulo VI descreve mais especificamente sobre o meio ambiente. O seu artigo 225 esclarece que todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, um bem de uso comum, do povo e essencial à qualidade de vida. E impõe ao Poder Público e à sociedade civil o dever de defender e preservar o meio ambiente para que as presentes e futuras gerações possam desfrutá-lo de forma saudável. Leiamos abaixo: § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões18/231 IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI -promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões19/231 § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far- se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas (BRASIL, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988). Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões20/231 Nesse sentido, a redação final dada pela Lei nº 7.804 de 1989 estabelece que devemos priorizar os cuidados com os recursos ambientais, a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo e os elementos da biosfera. 5 Direito Ambiental e Política Todos esses avanços na legislação brasileira de proteção ambiental (assim como internacionalmente) fazem surgir e ganhar destaque no Brasil, um ramo do direito, o direito ambiental (ou direito ecológico ou direito do ambiente). Entre os princípios que regem tal ramo, destacam- se os princípios da prevenção, da precaução e do poluidor-pagador. Figura 3 – O direito ambiental Fonte: <https://unieducar.org.br/sites/default/files/ cursos/imagens/direito-ambiental_0.jpg> Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões21/231 O artigo 54 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998) prevê como crime causar poluição que possa prejudicar a saúde de humanos ou provocar doenças ou agravos ao ser humano e aos animais ou mesmo a destruição da flora. Nesse sentido, só comete crime a pessoa ou instituição que, ciente da exigência das autoridades competentes, deixa de adotar medidas de precaução para evitar danos ambientais graves ou irreversíveis. No entanto, a Política Nacional do Meio Ambiente entende que, mesmo quando não há culpa, o poluidor está obrigado a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros em decorrência de sua atividade. Para saber mais Quer saber mais? Assista ao vídeo: <https:// www.youtube.com/watch?v=_AAh4Mitz6s>. Para saber mais Quer conhecer mais o conteúdo da Lei de Crimes Ambientais? Acesse o link: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm>. Por sua vez, a precaução com o meio ambiente é constantemente reafirmada nas conferências da ONU, tanto nas Conferências das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões22/231 (Eco-92), quanto nas Conferências das Nações Unidadas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que buscam o desenvolvimento de ações de proteção ambiental e o compromisso com uma agenda cada vez mais incisiva no que se refere ao desenvolvimento sustentável, um desenvolvimento que esteja alinhado ao convívio responsável do ser humano com o planeta. Figura 4 – A busca pela preservação do planeta é uma demanda de todos Fonte: <http://blog.duratexpaineis.com.br/wp- content/uploads/2013/04/12580809_s.jpg> Há várias décadas, os estudos científicos vêm buscando entender a relação entre o ser vivo e o meio ambiente e as implicações Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões23/231 dessa interação para a saúde do ser humano. Uma das áreas de pesquisa, a epidemiologia ambiental, tem fornecido dados para o estudo e a interpretação das relações entre o ambiente e a saúde nas populações. Entre elas, observam- se os comportamentos humanos, como os loteamentos e a ampliação das construções e pavimentações que invadem as matas e as reduzem, cada vez mais, a pequenos corredores ou ilhas verdes encrustadas na imensidão cinzenta do asfalto e do concreto. Além disso, as explorações dos recursos naturais também agem como geradores de impactos ambientais, alterando os ecossistemas e, por consequência, influenciando a propagação de doenças. Ao mesmo tempo, as questões relacionadas à saúde preocupam todos os países do mundo, provocando tanto a Organização das Nações Unidas (ONU) quanto a OMS a estabelecer políticas com vistas à melhoria das condições de saúde das populações, o que engloba medidas de saneamento ambiental. Para saber mais Gostou desse tema e quer saber um pouco mais? Leia o artigo Considerações sobre o uso da epidemiologia nos estudos em saúde ambiental no link: <http://www.scielo.br/pdf/rbepid/ v6n2/04>. Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões24/231 Figura 5 – O homem e o lixo: reflexos da poluição ambiental Fonte: <http://4.bp.blogspot.com/-nyfA8mxtK2U/T8OruB94vMI/AAAAAAAAAIs/aNV9dqfCMzc/s320/Untitled.jpg> Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões25/231 Uma dessas políticas é a implementação do saneamento básico, uma vez que sua ausência prejudica, principalmente, as comunidades carentes que vivem em ambientes sem infraestrutura adequada e insalubres, tornando-as mais vulneráveis Para saber mais Assista aos vídeos nos links listados abaixo: <https://www.youtube.com/watch?v=dCO- -aCTbNi4> <https://www.youtube.com/watch?v=XAQ_ adRi9lo> <https://www.youtube.com/watch?v=- JBho8yocIIY> ao risco de adquirir doenças. A falta de investimentos públicos em saneamento, aliada à ineficiência do Estado em combater essas patologias, causa sérios prejuízos à saúde da população. Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões26/231 Glossário Poluidor: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental (art. 3º, inc. IV, Lei 6.938/1981). Meio ambiente: é um conjunto de unidades ecológicas que funcionam como um sistema natural, e incluem toda a vegetação, animais, microrganismos, solo, rochas, atmosfera e fenômenos naturais que podem ocorrer em seus limites. Meio ambiente também compreende recursos e fenômenos físicos como ar, água e clima, assim como energia, radiação, descarga elétrica, e magnetismo. Ecossistema: eco sistema que inclui os seres vivos e o ambiente, com suas características físico-químicas e as inter-relações entre ambos; biogeocenose, biossistema. Questão reflexão ? para 27/231 A questão ambiental ocupa hoje um importante espaço político, trazendo os movimentos sociais para o debate e os fazendo exigir a participação de todos os indivíduos, mas, principalmente, do Estado na preservação do meio ambiente. O direito ao meio ambiente é um direito humano fundamental. A participação sociopolítica deve abrir possibilidades para que todas as classes e estratos diversos da sociedade participem na tomada de decisões políticas relacionadas ao meio ambiente. Reflita sobre a real participação da população brasileira nas ações voltadas ao meio ambiente.Será mesmo que estamos preocupados com o controle e saneamento ambiental? 28/231 Considerações Finais (1/2) O processo saúde-doença sofre influências diretas dos fatores sociais, econômicos e culturais, como: alimentação, condições de moradia, saneamento ambiental, trabalho, hábitos e estilo de vida. Essas influências têm reflexo fundamental tanto na esfera da vida individual quanto na esfera coletiva. Doenças parasitárias, por exemplo, são efeitos da miséria, das más condições de habitação e saneamento e das deficiências na educação da população e geram consequências graves, como a desnutrição. As parasitoses intestinais, mesmo que tenham reduzido o número de casos quando comparamos, em termos percentuais, os dias atuais com a realidade de cinco décadas atrás, ainda possuem altas taxas de incidência na população geral. As condições precárias de saneamento são, em grande parte, responsáveis pela proliferação de parasitas e o aumento no número de casos de pessoas contaminadas. Ao observar o número de casos e cruzar essa informação com o nível socioeconômico da população, observa-se que as parasitoses 29/231 são significativamente mais frequentes nas camadas de baixo nível socioeconômico. Da mesma forma, são mais prevalentes em crianças de 3 a 6 anos. Assim, pode-se concluir que essas infestações ocorrem devido ao desconhecimento de uma higiene básica e à maior exposição aos agentes etiológicos (parasitas). Portanto, essas patologias representam um grave problema de saúde pública, mesmo que preveníveis e tratáveis. As crianças afetadas podem desenvolver problemas físicos e mentais e estar mais propensas à instalação de outras doenças e evoluir ao óbito, seja por desnutrição, rebaixamento da imunidade, anemia ou diarreia. Além disso, ainda nos deparamos com uma realidade de aproximadamente 49% da população urbana brasileira convivendo com esgoto ao céu aberto e cerca de 15 milhões de pessoas sem acesso à agua tratada em seus domicílios. Essas questões afetam diretamente a dinâmica das políticas públicas, inviabilizando estabelecimento de um modelo mais atual de saneamento ambiental. Considerações Finais (2/2) Unidade 1 • Saneamento Ambiental e Suas Conexões30/231 Referências CAMPONOGARA, Silviamar; RAMOS, Flavia Regina Souza; KIRCHHOF, Ana Lucia Cardoso. Um olhar sobre a interface trabalho hospitalar e os problemas ambientais. Rev. Gaúcha Enferm., Porto Alegre, v. 30, n. 4, dez. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1983-14472009000400020&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 29 Março 2016. MESQUITA, Maria Elisabeth Alves. Geografia da Saúde: um estudo sobre clima e saúde. In: Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina, São Paulo, Universidade de São Paulo, 20-26 mar. 2005, p. 9398-9408. SALDANHA, Pedro Mallmann. Due Diligence: Aspectos Relativos ao Passivo Ambiental. 2009. 30f. (Trabalho de Conclusão de Curso). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. São Paulo: Saraiva, 2003. WASCHECK, Carla de Camargo; FERREIRA, Odesson Alves; ALENCAR, Patrícia Melo de. A história do acidente radioativo de Goiânia. Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, 2007. Disponível em: <http://www.cesio137goiania.go.gov.br/index.php?idEditoria=3823>. Acesso em: 29 de Março de 2016. 31/231 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Saneamento Ambiental e suas Conexões - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ e1b6ed445e8a76eee86cf701f6de5ab2>. Aula 1 - Tema: Saneamento Ambiental e suas Conexões - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/52a- c0e764992badba22b07f920d5cba5>. 32/231 1. Sobre saneamento ambiental, assinale a alternativa INCORRETA: a) A educação em saúde pública e ambiental é fundamental para garantir o controle de vetores e de reservatórios de doenças transmissíveis. b) O saneamento ambiental restringe-se às atividades de abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem urbana. c) Para a sociedade, a falta de saneamento ambiental gera reflexos econômicos. d) A coleta e a destinação final adequada dos resíduos sólidos também é peça fundamental no controle de vetores e de reservatórios de doenças transmissíveis. e) O saneamento ambiental abrange o saneamento da habitação, dos alimentos, dos locais de trabalho e recreação, no processo de planejamento territorial, em situações de emergência etc. Questão 1 33/231 2. Define-se por geradores de resíduos de serviços de saúde: a) qualquer atividade industrial ou hospitalar que gere resíduos sólidos. b) apenas a atividade da indústria farmacêutica que gere resíduos líquidos potencialmente infectados. c) apenas ambientes hospitalares. d) apenas serviços relacionados à assistência à saúde humana. e) todo e qualquer serviço relacionado à assistência à saúde humana ou animal. Questão 2 34/231 3. O que é previsto como crime no artigo 54 da Lei de Crimes Ambientais? a) Causar poluição que possa prejudicar a saúde de humanos ou animais ou destruição ambiental. b) A fabricação industrial de produtos tóxicos e potencialmente nocivos à saúde humana ou animal. c) Deixar de adotar medidas de precaução contra doenças relacionadas ao saneamento ambiental. d) Causar dano ambiental intencional que provoque dano permanente ao meio ambiente; logo, se não houver culpa não há responsabilidade de quem causou o dano. e) Desmatar as florestas tropicais. Questão 3 35/231 4. A saúde humana relacionada ao saneamento ambiental sofre a influência direta de vários fatores. Entre as alternativas abaixo, qual apresenta esses fatores? a) Físicos, psicológicos, mentais e espirituais. b) Fatores biopsicossociais, como: alimentação, lazer e hábitos sexuais. c) Fatores sociais e econômicos, como as condições de moradia e alimentação. d) Fatores relacionados à qualidade de vida, como: lazer, esportes, alimentação, cultura, estresse e sobrecarga. e) Fatores psicológicos e mentais, tais como: satisfação, nível de estresse, trânsito, distúrbios alimentares, álcool e outras drogas. Questão 4 36/231 5. Dentre as principais doenças que envolvem o saneamento básico, pode-se destacar: a) Doenças infecciosas. b) Doenças parasitárias. c) Doenças bacterianas. d) Doenças virais. e) Infecções sexualmente transmissíveis. Questão 5 37/231 Gabarito 1. Resposta: B. O saneamento ambiental não compreende apenas as atividades de abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem urbana. O saneamento ambiental é mais amplo, controla todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar físico, mental e social. 2. Resposta: E. Define-se por geradores de resíduos de serviços de saúde todo e qualquer serviço relacionado à assistência à saúde humana ou animal, inclusive a assistência domiciliar e hospitalar, as clínicas, os laboratórios clínicos, entre outros. 3. Resposta: A. A Lei de Crimes Ambientais prevê como crime no artigo 54 causar poluição que possa prejudicar a saúde de humanos ou provocar doenças ou agravos ao ser humano e aos animais ou dano ambiental. Também destaca que comete crime quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. 4. Resposta: C. O processo saúde-doença sofre influência direta dos fatores sociais, econômicos e culturais, como alimentação, condições de 38/231 moradia, saneamento ambiental, trabalho, hábitos e estilo de vida. 5. Resposta: B. As doenças parasitáriassão efeito da miséria, das más condições de habitação, de saneamento e das deficiências na educação da população. Gabarito 39/231 Unidade 2 Saneamento: a Importância da Água Para a Humanidade Objetivos 1. Aprender sobre as interfaces entre saneamento e saúde. 2. entender sobre o papel do Estado em relação à água, ao esgoto e à saúde. Unidade 2 • Saneamento. A Importância da Água Para a Humanidade40/231 Introdução A interface entre saúde e ambiente, sob a ótica da sustentabilidade, compreende esforços de diversos setores (saneamento, habitação, educação, cultura, dentre outros) para estimular a promoção da saúde e bem-estar e da qualidade de vida. A promoção da saúde tem estreita relação com a vigilância em saúde e tem a finalidade de identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou a outros agravos à saúde. 1 Política Nacional de Promoção da Saúde A Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), aprovada pela Portaria nº 687 MS/GM, de 30 de março de 2006, aponta diretrizes e estratégias para organização das ações de promoção da saúde nos três níveis de gestão (Federal – União, estados e municípios) do Sistema Único de Saúde (SUS), que visam garantir a integralidade do cuidado em saúde. Para saber mais Quer saber ainda mais sobre essa política? Acesse o link: <http://bvsms.saude.gov. br/bvs/publicacoes/politica_nacional_ promocao_saude_3ed.pdf>. A promoção da saúde é uma das estratégias utilizadas na área da saúde para buscar a melhoria da qualidade Unidade 2 • Saneamento. A Importância da Água Para a Humanidade41/231 de vida da população. Firmada pela PNPS, seu objetivo é conduzir uma gestão compartilhada entre a população, os movimentos sociais e os trabalhadores de diversos setores com autonomia e corresponsabilidade para promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidades e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes, tais como: estilo de vida, condições de trabalho e habitação, meio ambiente, educação, lazer, cultura e o acesso a bens e serviços essenciais. Para alcançar esse objetivo geral, a PNPS está organizada nos seguintes eixos: a) alimentação saudável; b) práticas corporais/atividade física; c) tabagismo; d) álcool e outras drogas; e) acidentes de trânsito; f) cultura de paz; e g) desenvolvimento sustentável. A importância do saneamento e sua associação com a saúde humana é algo antigo. O saneamento desenvolveu-se de acordo com a evolução das diversas civilizações, ora retrocedendo com a queda delas, ora renascendo com o aparecimento de outras. Unidade 2 • Saneamento. A Importância da Água Para a Humanidade42/231 Figura 6 – Condições insalubres e saúde Fonte: <http://www.ambientelegal.com.br/ wp-content/uploads/saneamento1.jpg> Vale lembrar que o saneamento básico compreende um conjunto de medidas que têm importância fundamental na conservação do meio ambiente e na qualidade de vida da população, por exemplo o abastecimento de água, a rede de esgotos, a limpeza pública e a coleta de lixo. No passado, a ausência ou ineficiência de conhecimentos sobre saúde por parte da população, relacionadas à educação pública de baixa qualidade e à falta de meios de divulgação de informações e comunicação, impossibilitavam as ações de saúde coletiva. Não é necessário retroceder muito no tempo para se dar conta de que o acesso a informações de qualidade era privilégio de uma parcela muito pequena da população, mesmo que já existisse uma difusa preocupação com o meio ambiente, a higiene básica e o saneamento, tanto no Brasil como no mundo. Unidade 2 • Saneamento. A Importância da Água Para a Humanidade43/231 Relatos de 2000 a.C. revelam tradições médicas com recomendações quanto à água, que devia ser purificada pela fervura sobre o fogo, pelo aquecimento no sol, submergir ferro em brasa dentro d’água ou ser purificada por filtração em areia e/ou cascalho. Também encontramos referências a práticas sanitárias na Bíblia. Ainda que não existisse um conhecimento científico sistematizado sobre a existência de microrganismo e os mecanismos de transmissão de doenças, os povos judeus utilizavam a água (o que não era comum) para limpeza das roupas sujas quando havia suspeita de transmissão de doenças pela troca de peças de roupa, como a escabiose (doença de pele contagiosa, causada pelo Acarus scabiei ou Sarcoptes scabiei, popularmente conhecida por sarna). Também se notava que os poços para abastecimento de água eram mantidos tampados, limpos e longe de possíveis fontes de contaminação. Posteriomente, na Roma Antiga, surgiram os primeiros sistemas de aquedutos urbanos, os banhos públicos, as termas e os esgotos romanos. Os aquedutos romanos para abastecimento de água tinham extensões que variavam de 16 a 80km e seção transversal de 0,65 a 4,65m2, provendo uma vazão de 221,9m3 de água. Essa estrutura era suficiente para abastecer uma cidade de 600.000 habitantes naquela época, tendo em vista que as práticas sanitárias e os hábitos de Unidade 2 • Saneamento. A Importância da Água Para a Humanidade44/231 vida e higiene eram diferentes dos atuais. Na Idade Média, por exemplo, o consumo per capita de algumas cidades europeias girava em torno de um litro de água por habitante/dia. Nos últimos séculos, as mudanças nas práticas sanitárias e os consensos sobre a importância da água para a saúde transformaram a qualidade de vida das pessoas, bem como o seu padrão de consumo de água. Ao mesmo tempo, com a crescente demanda por água e com maior acesso da população a esse recurso, hoje nos deparamos com padrões de consumo abusivos, tanto pela população em geral como pela indústria e agricultura, resultando em desperdícios e situações por vezes caóticas (quando as condições climáticas não são favoráveis). A partir do último século, também começou-se a dispensar maior atenção à proteção e ao controle da qualidade da água, desde sua captação até o consumo. Isso ocorre não somente pela descoberta dos microrganismos patogênicos (causadores de doenças) que a água pode armazenar e transmitir, mas também pela ocorrência de falta de água e seca em determinadas regiões, tanto no Brasil como no mundo. Unidade 2 • Saneamento. A Importância da Água Para a Humanidade45/231 Figura 7 – Padrão de consumo de água e o desperdício Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/-XhY0CYECa8Y/ TyYD_EYwm4I/AAAAAAAAAAk/kleMYQgJBTY/ s1600/desperdicio_de_agua.jpg> De acordo com o último censo, em 2010, o Brasil possuía uma população de 190,7 milhões de habitantes, sendo que 84% desses viviam em áreas urbanas e apenas 16% em áreas rurais. Do total de habitantes, 83% dos habitantes tinham acesso a uma rede de abastecimento de água por meio de sistemas coletivos (públicos). Esses números podem ser maiores atualmente. Por sua vez, estatísticas do Ministério da Saúde revelam que um pouco mais de 90% da população urbana brasileira é abastecida com água potável, sendo que o déficit existente está localizado, basicamente, nos bolsões de pobreza (favelas e periferias das cidades) e nas zonas rurais. Unidade 2 • Saneamento. A Importância da Água Para a Humanidade46/231 Segundo a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda hoje persistem as más condições de moradia e a qualidade ruim da água, o que mantém uma grande parcela da população exposta ao risco. Em 2015, foi estimado que mais de 35 milhões de brasileiros estavam sem acesso ao abastecimento de água tratada.Observam-se problemas recorrentes em relação ao saneamento devido ao não cumprimento dos padrões de potabilidade da água distribuída e à ocorrência de interrupções no abastecimento, comprometendo a quantidade e a qualidade da água distribuída à população. Além disso, o índice de perda é muito elevado, principalmente em função de vazamentos e desperdícios. Também persistem outros problemas, como o esgotamento sanitário. Em 1995, apenas 30% da população brasileira dispunham de uma rede coletora. Em 2015, estima-se que 48,6% da população tinham acesso à coleta de esgoto, ou seja, mais de 100 milhões de brasileiros não têm acesso a este serviço. As deficiências na coleta de lixo e/ou disposição inadequada é outro grande problema ambiental e de saúde pública. É possível observar que uma quantidade significativa de lixo é lançada ao céu aberto nas áreas urbanas ou despejada em rios, córregos e lagos. Essa quantidade absurda Unidade 2 • Saneamento. A Importância da Água Para a Humanidade47/231 de lixo aliada à ineficiência dos serviços de drenagem urbana e escoamento das águas das chuvas submetem diversos municípios a enchentes e inundações periódicas. Além disso, provocam o acúmulo de água e, por consequência, problemas no controle de vetores, que provocam frequuentes endemias, como a dengue, a chikungunya, a zika, a leptospirose, entre outras. Figura 8 – Boas práticas no cuidado ambiental: a atuação da sociedade Fonte: <http://www.anacosta.com.br/portals/0/dengue02.jpg> Unidade 2 • Saneamento. A Importância da Água Para a Humanidade48/231 2 Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água Para Consumo Humano (SISÁGUA) O SISÁGUA foi estruturado visando fornecer informações sobre a qualidade da água para consumo humano proveniente dos sistemas públicos e privados e de soluções alternativas de abastecimento. Tem por objetivo coletar, transmitir e disseminar dados gerados rotineiramente para a produção de informações necessárias à vigilância da qualidade da água destinada ao consumo humano. É responsabilidade das Secretarias Municipais e dos Estados, em cumprimento à Portaria MS/GM no 518/2004, avaliar Para saber mais Assista aos vídeos dos links abaixo e aprofunde seus conhecimentos: <https://www.youtube.com/watch?v=- J4hkDhz61kk> <https://www.youtube.com/watch?v=sQX- 2-5AO2ow> <https://www.youtube.com/watch?- v=WeNPB2wbb24> Unidade 2 • Saneamento. A Importância da Água Para a Humanidade49/231 a qualidade da água distribuída pelos sistemas públicos de abastecimento e definir estratégias para prevenir e controlar os processos de sua deterioração e a transmissão de enfermidades. A existência de um sistema público de abastecimento de água eficiente propicia conforto, bem-estar e segurança para a população urbana e o desenvolvimento econômico, pois estimula a instalação de indústrias, o maior progresso das comunidades e do turismo. Esse sistema engloba as atividades de retirada da água das fontes naturais, a adequação de sua qualidade (tratamento), o transporte até os aglomerados humanos e o fornecimento para a população e atividades da indústria e do comércio em quantidade compatível com suas necessidades. Para saber mais Assista aos vídeos dos links abaixo. 1 – <https://www.youtube.com/ watch?v=QsortC0vkUk> 2 – <https://www.youtube.com/ watch?v=MPqQCLDSvUg> 3 – <https://www.youtube.com/ watch?v=HhWnwfpYYgg> 4 – <https://www.youtube.com/ watch?v=zy9PH4XyKPs> 5 – <https://www.youtube.com/ watch?v=8YsdaY6Q-10> 6 – <https://www.youtube.com/ watch?v=P2ShcHsEGts> Unidade 2 • Saneamento. A Importância da Água Para a Humanidade50/231 O SISÁGUA é alimentado pelos técnicos das Secretarias de Estado e Municipais de Saúde, responsáveis pela vigilância da qualidade da água destinada ao consumo humano. Unidade 2 • Saneamento. A Importância da Água Para a Humanidade51/231 Glossário Saneamento: sanear quer dizer tornar são, sadio, saudável. Pode-se concluir, portanto, que saneamento equivale à saúde. Promoção de saúde: ações voltadas à educação em saúde, buscando melhoria e qualidade de vida. Risco ambiental: definido como a presença de uma atividade ou empreendimento humano que possua impacto potencial de dano significativo, num local de considerável vulnerabilidade natural. Vulnerabilidade: estar em estado de fragilidade. Questão reflexão ? para 52/231 A Lei nº 8080, de 19 de setembro de 1990, apresenta os princípios que fundamentam as ações do SUS. Essa lei regula, em todo território nacional, as ações e serviços de saúde e dispõe sobre as condições para a proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços. Analisando as ações de proteção à saúde, reflita, a partir do conteúdo aprendido nesta aula, que ações de saneamento ambiental falta na sua cidade. 53/231 Considerações Finais (1/2) Saneamento é saúde, e o aprofundamento na compreensão dessa relação é necessário para melhoria da qualidade e expectativa de vida da população. No entanto, as relações entre esses dois setores públicos, saneamento e saúde, carecem de uma aproximação mais estreita para ampliar a eficácia de suas ações e reforçar a necessidade da aplicação de modelos que visem eliminar ou diminuir o impacto de contaminantes no ambiente. A preocupação com a água, por exemplo, é um dos pontos cruciais nas atividades de saneamento ambiental. Não apenas na perspectiva da qualidade, mas também de educação ambiental, estimulando que a população tenha responsabilidade para um consumo consciente. Isso porque, embora o planeta seja composto de cerca de 70% por água, a água é um recurso esgotável, pois apenas 2,5% são constituídos por água doce. 54/231 O desafio está em percebermos o poder que a população tem em cuidar e administrar o meio ambiente; o gesto de cada um gera benefícios ou prejuízos para todo o planeta. Considerações Finais (2/2) Unidade 2 • Saneamento. A Importância da Água Para a Humanidade55/231 Para saber mais Quer saber mais sobre o tema? Assista aos vídeos indicados nos links abaixo: <https://www.youtube.com/ watch?v=GlPlFYvmXWo> <https://www.youtube.com/ watch?v=ux5WCKjPZlA> <https://www.youtube.com/ watch?v=Gmt3rodAvo0> <https://www.youtube.com/ watch?v=Pn4Lm1pswTA> Unidade 2 • Saneamento. A Importância da Água Para a Humanidade56/231 Referências LEGGE, D. Health in the post-2015 development agenda. Third World Resurgence, Penang, Malaysia, n. 283/284, p. 45-48, 2014. UNITED NATIONS. The Millennium Development Goals report. Disponível em: <http://www.un.org/ millenniumgoals/2014%20MDG%20report/MDG%202014%20English%20web.pdf>. Acesso em: 01 out. 2015. 57/231 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: A Importância da Água - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/17a2b7e33cf05b341399ae0950724678>. Aula 2 - Tema: A Importância da Água - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/8a8adbd4d555fd048d09fa28509c37de>. 58/231 1. Assinale verdadeiro (V) ou falso (F) sobre as questões dos sistemas públicos de abastecimento de água e sua importância social, econômica e sanitária: ( ) Os sistemas públicos de abastecimento de água também têm a função de controlar e prevenir doenças. ( ) Esse sistema não aumenta a vida média da população, apesar de reduzir a taxa de mortalidade infantil. ( ) Os sistemas públicos de abastecimento de água não possuem nenhuma relação com a limpeza pública. ( ) Essessistemas podem ser instalados tanto para pequenas como grandes povoações, na zona rural ou urbana. Questão 1 59/231 Questão 1 Selecione a alternativa correta: a) a) V, V, V, F. b) b) V, F, F, V. c) c) F, F, F, V. d) d) V, F, V, F. e) e) F, F, F, F. 60/231 2. Assinale verdadeiro (V) ou falso (F) sobre as questões: ( ) Esses sistemas propiciam desenvolvimento econômico, pois facilitam a instalação de indústrias, e o maior progresso das comunidades e do turismo, em geral. ( ) Esse sistema engloba a retirada da água da natureza, a adequação de sua qualidade (tratamento), o transporte até os aglomerados humanos e o fornecimento às população em quantidade compatível com suas necessidades. ( ) O abastecimento público de água propicia conforto, bem-estar e segurança para a população urbana. Selecione a alternativa correta que corresponde a sequência de V e F indicada nos parênteses acima. a) V, F, V. b) F, F, F. c) V, V, V. d) V, F, F. e) F, V, V. Questão 2 61/231 3. O SISÁgua foi estruturado visando: a) fornecer informações sobre a qualidade da água para consumo humano; b) prover os sistemas públicos, especificamente na questão do abastecimento; c) garantir o controle de inspeção do saneamento básico; d) controlar os indicadores de abastecimento de água; e) direcionar água e esgoto canalizados para os meios de manejo. Questão 3 62/231 4. Em relação aos problemas de saneamento, pode-se destacar: a) A coleta e a disposição adequada do lixo urbano. b) Não enfrentamos mais problemas relacionados ao lixo lançado a céu aberto. c) A falta de área de drenagem urbana, submetendo diversos municípios a periódicas enchentes e inundações. d) O saneamento básico, ao longo dos anos, possibilitou a erradicação total de vetores que transmite doenças, tanto para o homem como para os animais. e) Endemias como dengue e leptospirose não são caracterizadas como relevantes em relação ao saneamento. Questão 4 63/231 5. A promoção da saúde é uma das estratégias utilizadas na área da saúde para buscar a melhoria da qualidade de vida da população. Qual o objetivo firmado pela Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS)? a) Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidades e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes. b) Conduzir uma gestão centralizada no governo federal e nas instâncias superiores, a fim de manter a responsabilidade em órgãos oficiais e garantir maior eficácia. c) Promover programas que visam medidas de tratamento e reabilitação de pessoas infectadas por doenças transmitidas por vetores. d) Possibilitar que todos os cidadãos tenham acesso à água, pois, independente da forma como é realizada a distribuição de água, ter acesso a esse recurso produz saúde. e) Corrigir problemas de saúde relacionados às doenças e agravos transmissíveis com vistas ao combate massivo aos vetores de doenças endêmicas. Questão 5 64/231 Gabarito 1. Resposta: B. V, F, F, V. Os sistemas públicos de abastecimento de água também têm a função de controlar e prevenir doenças. Esse sistema aumenta a vida média da população, apesar de reduzir a taxa de mortalidade infantil. Os sistemas públicos de abastecimento de água não possuem nenhuma relação com a limpeza pública. Esses sistemas podem ser instalados tanto para pequenas como grandes povoações, na zona rural ou urbana. 2. Resposta: C. V, V, V. Os sistemas públicos de abastecimento de água propiciam desenvolvimento econômico, pois facilitam a instalação de indústrias, e o maior progresso das comunidades e do turismo, em geral, além de englobar a retirada da água da natureza, a adequação de sua qualidade (tratamento), o transporte até os aglomerados humanos e o fornecimento à população em quantidade compatível com suas necessidades. O abastecimento público de água propicia conforto, bem- estar e segurança para a população urbana. 3. Resposta: A. O SISÁGUA foi estruturado visando fornecer informações sobre a qualidade da água para consumo humano proveniente dos sistemas públicos e privados e de soluções alternativas de abastecimento. 65/231 Gabarito 4. Resposta: C. As deficiências na coleta e a disposição inadequada do lixo, que ainda é lançado a céu aberto na maioria das cidades, é outro grande problema ambiental e de saúde pública; outra questão é a falta de área de drenagem urbana, submetendo diversos municípios a periódicas enchentes e inundações, além de problemas na área de controle de vetores, os quais vêm provocando a ocorrências frequentes de endemias como dengue, leptospirose. 5. Resposta: A. Conduzir uma gestão compartilhada entre a população, os movimentos sociais e os trabalhadores de diversos setores com autonomia e corresponsabilidade para promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidades e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes. 66/231 Unidade 3 Saneamento Básico e Saúde Objetivos 1. Entender o que é saneamento básico; e 2. fazer uma análise sobre saneamento básico e saúde por meio de indicadores. Unidade 3 • Saneamento Básico e Saúde67/231 Introdução A saúde que o saneamento proporciona difere daquela que se procura nos hospitais. Para esses estabelecimentos, são encaminhadas as pessoas que já estão efetivamente doentes ou, no mínimo, presumem que estejam, enquanto o saneamento busca promover a saúde pública preventiva, reduzindo a necessidade de procura aos hospitais e postos de saúde, porque elimina a chance de contágio por diversas moléstias. Isso significa dizer que, onde há saneamento, são maiores as possibilidades de uma vida mais saudável e os índices de mortalidade – principalmente infantil – permanecem nos mais baixos patamares. Perdas de bem-estar social podem ser geradas por externalidades ambientais negativas causadas por atividades econômicas, incluindo-se entre as formas de corrigir tais perdas a internalização dos custos da degradação nas estruturas de produção e consumo. 1 Saneamento e Promoção à Saúde O conceito de Promoção de Saúde proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS), desde a Conferência de Ottawa, em 1986, é visto como o princípio orientador das ações de saúde em todo o mundo. Assim sendo, parte- se do pressuposto de que um dos mais importantes fatores determinantes da saúde são as condições ambientais. Unidade 3 • Saneamento Básico e Saúde68/231 Hoje, além das ações de prevenção e assistência, considera-se cada vez mais importante atuar sobre os fatores determinantes da saúde. É esse o propósito da promoção da saúde, que constitui o elemento principal das propostas da Organização Mundial de Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). A utilização do saneamento como instrumento de promoção da saúde pressupõe a superação dos entraves tecnológicos políticos e gerenciais que têm dificultado a extensão dos benefícios aos residentes em áreas rurais, municípios e localidades de pequeno porte. A maioria dos problemas sanitários que afetam a população mundial está intrinsecamente relacionada com o meio ambiente. Um exemplo disso é a diarreia que, com mais de quatro bilhões de casos por ano, é uma das doenças que mais aflige a humanidade (causa de 30% das mortes de crianças com menos de um ano de idade). Entre as causas dessa doença, destacam-se as condições inadequadas de saneamento. Mais de um bilhão dos habitantes da Terra não têm acesso à habitação segura e a serviços básicos, embora todo ser humano tenha direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza. Investir em saneamento é a única forma de se reverter a prevalênciade doenças decorrentes da precariedade dele. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde Unidade 3 • Saneamento Básico e Saúde69/231 afirmam que, para cada R$1,00 investido no setor de saneamento, economizam- se R$ 4,00 na área de medicina curativa. Entretanto, é preciso que se veja o outro lado da moeda, pois o homem não pode ver a natureza como uma fonte inesgotável de recursos, que pode ser depredada em ritmo ascendente para bancar necessidades de consumo que poderiam ser atendidas de maneira racional, evitando a devastação da fauna, da flora, da água e de fontes preciosas de matérias-primas. Pode-se construir um mundo em que o homem aprenda a conviver com seu hábitat numa relação harmônica e equilibrada, que permita garantir alimentos a todos sem transformar as áreas agricultáveis em futuros desertos. Para isso, é necessário que se construa um novo modelo de desenvolvimento em que se harmonizem a melhoria da qualidade de vida das suas populações, a preservação do meio ambiente e a busca de soluções criativas para atender aos anseios de seus cidadãos de ter acesso a certos confortos da sociedade moderna. Unidade 3 • Saneamento Básico e Saúde70/231 Figura 9 – Reduzir, Reutilizar e Reciclar: medidas para sustentabilidade e proteção ambiental Fonte: <http://sustentabilidade.esobre.com/wp- content/uploads/2012/07/protecao-ambiental.jpg> 2 Saneamento, Saúde e Desigualdades Sociais A ocorrência e distribuição de doenças, agravos e mortes se relacionam às condições de vida e ao modelo de desenvolvimento das populações, ou seja, é o resultado da interação de diversos fatores interdependentes, como os modos de produção econômica e de reprodução humana de uma população que, em sua interação, determinam sua estrutura econômica e demográfica (fertilidade, mortalidade e migração). Além disso, fatores ambientais e socioculturais devem ser considerados, não sendo possível, portanto, separar o nível de Unidade 3 • Saneamento Básico e Saúde71/231 morbimortalidade da estrutura e de sua relação com fatores históricos, socioeconômicos, demográficos e ambientais. A diversidade de doenças e problemas de saúde que compõem o atual cenário de saúde brasileiro caracteriza a complexidade da situação, pois engloba uma multiplicidade de fatores determinantes, perfis e fatores de risco, doenças e agravos que afetam os distintos grupos populacionais, de diferentes maneiras. Figura 10 – Desigualdades sociais pelo mundo e as desigualdades de acesso às condições mínimas de saúde Fonte: <http://n.i.uol.com.br/noticia/2011/03/31/refugiados-da-costa-do-marfim-permanecem- dias-ou-mesmo-semanas-em-aldeias-da-liberia-1301615273617_615x300.jpg> Unidade 3 • Saneamento Básico e Saúde72/231 O saneamento básico é fundamental na prevenção de doenças. A conservação da limpeza dos ambientes, evitando resíduos sólidos em locais inadequados, condições adequadas de higiene e hábitos de vida auxiliam na mitigação e/ou redução da proliferação de vetores de doenças. Saneamento significa higiene e limpeza; dentre as atividades de saneamento, cabem a coleta e o tratamento de resíduos das atividades humanas tanto sólidos quanto líquidos (lixo e esgoto), prevenir a poluição das águas de rios, mares e outros mananciais, garantir a qualidade da água utilizada pelas populações para consumo, bem como seu fornecimento de qualidade, além do controle de vetores. Incluem-se ainda no campo de atuação Para saber mais Assista aos vídeos nos links abaixo. <https://www.youtube.com/watch?v=_6- 4cgx3BR4> <https://www.youtube.com/ watch?v=Ie4A1oUF4l8> <https://www.youtube.com/ watch?v=KujlJMZBKV8> do saneamento a drenagem das águas das chuvas, prevenção de enchentes e cuidados com as águas subterrâneas. Nesse contexto, observa-se a necessidade do conhecimento mais aprofundado da situação de saúde, que engloba Unidade 3 • Saneamento Básico e Saúde73/231 o conhecimento das características demográficas e sociais do estado de saúde da população, bem como da organização dos serviços de saúde, a fim de proporcionar uma visão global da situação de saúde da população. Para tanto, a epidemiologia é uma ferramenta importante, contribuindo para a realização do diagnóstico de saúde, detectando a presença, natureza e distribuição dos danos à saúde relevantes para o planejamento das ações de saúde. A análise da situação de saúde consiste no processo de identificação, formulação, priorização e explicação de problemas de saúde da população de um determinado território, destacando a dimensão e a distribuição das desigualdades em saúde, e tem por objetivo a identificação dos problemas e a orientação para ajustar e redirecionar políticas e programas de saúde para minimizar ou resolver os problemas existentes. Figura 11 – Desigualdades sociais e os desafios para o acesso universal à saúde Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/_ tLKRvf6cMuU/THh6KZAz__I/AAAAAAAAACM/ hkwK2-2Lu7o/S1600-R/as.jpg> Unidade 3 • Saneamento Básico e Saúde74/231 3 Saneamento Básico e Indicadores De Saúde Para analisar a situação de saúde da população, é necessário explorar, em sua máxima potencialidade, os dados originados dos sistemas nacionais de informações em saúde – Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc), Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), além das pesquisas populacionais nacionais em saúde (Vigitel, VIVA, PENSE, Suplemento de Saúde da PNAD 2008, entre outras) e demais bases de dados por meio de indicadores, produzidos nos serviços e para os serviços de saúde. Os indicadores de saúde são instrumentos de mensuração da realidade, fundamentais para o planejamento, sendo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs o monitoramento constante sob as condições de saneamento, habitação, escolaridade, entendidas como Determinantes Sociais da Saúde (DSSs), visto que as características sociais e econômicas refletem no tipo de agravo que aquela população terá, sendo essenciais à promoção de saúde. Indicador é uma medida objetiva e definida daquilo que se pretende conhecer. Permite, por meio de seus resultados, evidenciar problemas e facilitar o encontro de soluções às situações encontradas; são variáveis que medem quantitativamente as Unidade 3 • Saneamento Básico e Saúde75/231 mudanças no comportamento dos critérios de qualidade previamente estabelecidos. Devem permitir a comparação: em diferentes tempos, no mesmo local e/ou em diferentes locais, no mesmo período de tempo. Quando mencionamos o termo medidas quantitativas, é importante ressaltar que servem como um guia de avaliação da qualidade dos cuidados importantes ao paciente. Essas medidas servem de sinalizadores, pontuando problemas específicos através de números, que são dados reais, possibilitando as propostas de ações quando esses números são caracterizados como pontos a serem melhorados. O indicador traz os resultados alcançados e as metas trazem os resultados almejados. Por esse motivo, eles são ferramentas de apoio no processo de auditoria da qualidade, pois é através deles que o auditor identifica a performance profissional e institucional. Os indicadores são ferramentas importantes na gestão da qualidade, pois permitem mensurar e avaliar o desempenho de determinado serviço, atividade, profissional, dentre outros aspectos. Um bom indicador deve contemplar: a) identificador, nome indicador; b) descrição; Unidade 3 • Saneamento Básico e Saúde76/231 c) unidade de medida; d) critério/fórmula de cálculo; e) frequência de cálculo;f) responsável; g) fontes dos dados – coleta de dados: registros devem ser padronizados; h) lista de destinatários; i) valor atual; j) valores anteriores; e k) objetivo final a atingir. Outras questões na sua formulação também devem ser contempladas. O processamento dos dados deve contemplar a recepção, a codificação, tabulação, os cálculos básicos, o controle de erros e inconsistências, o armazenamento, a manutenção, a recuperação e a disponibilização dos dados. Além disso, alguns critérios podem ser adotados para o uso coerente e adequado dos dados, como: a) disponibilidade: dados existem; b) confiabilidade: dados são fidedignos; c) validade: função do fenômeno medido; d) simplicidade: facilidade de obtenção e entendimento; e) discriminatoriedade: permite comparar diferentes realidades; f) densibilidade: detecta as variações de comportamento do fenômeno ao longo do tempo. Exemplo: infecção hospitalar; Unidade 3 • Saneamento Básico e Saúde77/231 g) abrangência: síntese de várias condições. Exemplo: permanência hospitalar; h) utilidade: deve apoiar a tomada de decisão e sinalizar situações que possam ser alteradas; e i) critérios éticos: a produção e disseminação de informações deve manter o sigilo ético sobre os dados obtidos, evitando-se a divulgação de informações e nomes que possam expor pessoas/instituições; tratar apenas as informações demandadas. Unidade 3 • Saneamento Básico e Saúde78/231 Glossário Saúde: é considerado um estado de completo bem-estar físico, mental e social que engloba vários determinantes, inclusive o acesso ao lazer, aos esportes, à cultura e à habitação. Nesse sentido, os problemas sanitários não podem ser observados apenas por meio da relação direta com o estado de saúde/doença da população. O saneamento ambiental é mais um desses fatores determinantes, que age e interage com os demais para determinar as condições de saúde da população. Condições ambientais: são fatores que influenciam a saúde da população. Prevenção em Saúde: conjunto de ações que visa reduzir e/ou mitigar o risco de doenças/ agravos de saúde individual ou coletiva. Questão reflexão ? para 79/231 A necessidade de proteger a natureza e de preservar o equilíbrio ecológico tornou-se imprescindível para a manutenção da vida; não há como pensar em saúde sem pensar no meio ambiente. Refletindo que saúde e meio ambiente são direitos e deveres do homem, sendo que o saneamento básico é um deles, analise a partir da aula, quais aspectos relacionados ao saneamento básico a sociedade deve prover. 80/231 Considerações Finais É inegável a importância dos serviços de saneamento básico, tanto na prevenção de doenças quanto na preservação do meio ambiente. A incorporação de aspectos ambientais nas ações de saneamento representa um avanço significativo, mas ainda é preciso criar condições para que os serviços de saneamento sejam implementados em maior escala e estejam acessíveis a todos. O direito do cidadão ao acesso aos serviços de saneamento é denominado universalização dos serviços, princípio maior do marco regulatório do saneamento básico no Brasil, Lei 11.445/2007. É necessário que se estabeleça um equilíbrio entre os aspectos ecológicos, econômicos e sociais, de tal forma que as necessidades materiais básicas de cada indivíduo possam ser satisfeitas, sem consumismo ou desperdícios, e que todos tenham oportunidades iguais de desenvolvimento de seus próprios potenciais e tenham consciência de sua corresponsabilidade na preservação dos recursos naturais e na prevenção de doenças. Unidade 3 • Saneamento Básico e Saúde81/231 Referências ARAÚJO, Ubiracy. Notas sobre a política nacional do meio ambiente. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, Revista dos Tribunais, ano 2, n. 7, p. 119–131, jul./set. 1997. MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 8. ed. São Paulo: Malheiros Editores Ltda, 1999. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Municipal Brasileiro. 14. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2006. MILARÉ, Edis. Direito do ambiente. A Gestão Ambiental em foco. Doutrina. Jurisprudência. Glossário. 5.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. MILARÉ, Edis. Direito do ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos. São Paulo: Max Limonad, 1998. REIS, Jorge Renato dos; LEAL, Rogério Gesta (Org.). Direitos Sociais e Políticas Públicas desafios contemporâneos. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2006. RIBEIRO, Ana Cândido de Paula; CAMPOS, Arruda. O desenvolvimento sustentável como diretriz da atividade econômica. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, Revista dos Tribunais, ano 7, n. 26, p. 77-91, abr./jun. 2002. Unidade 3 • Saneamento Básico e Saúde82/231 RODRIGUES, Marcelo Abelha. Elementos de direito ambiental: parte geral. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. RODRIGUES, José Eduardo Ramos; SALLES, Cíntia Philippi; JR, Arlindo Philippi. Agenda 21 – Estágio do compromisso brasileiro para o desenvolvimento sustentável do país. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, Revista dos Tribunais, ano 6, n. 23, p. 283-299, jul./set. 2001. 83/231 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: Saneamento Básico - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ f3450a983c401b068021633b7b0f9c4b>. Aula 3 - Tema: Saneamento Básico - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ c505eb3cbf5be36781d26bb6e1a592ad>. 84/231 1. Com relação à Política Nacional do Meio Ambiente, assinale verdadeiro (V) ou falso (F): “Perdas de bem-estar social podem ser geradas por externalidades ambientais negativas causadas por atividades econômicas, incluindo-se entre as formas de corrigir tais perdas a internalização dos custos da degradação nas estruturas de produção e consumo”. ( ) Verdadeiro ( ) Falso Questão 1 85/231 2. O saneamento pode ser instrumento de promoção da saúde devido a: a) pressupor a igualdade de diretitos; b) pressupor questões políticas e gerenciais para benefícios sanitários; c) pressupor políticas de saúde coletiva; d) pressupor a superação dos entraves que têm dificultado a extensão dos benefícios a todos; e) pressupor o aumento na quantidade de entraves tecnológicos para com isso melhorar os benefícios em áreas rurais. Questão 2 86/231 3. Um bom Indicador deve contemplar: a) simplicidade; fidedignidade; pontualidade; dados; fórmulas; conversão; valores externos e internos e unidades de medida; b) identificador, nome indicador; descrição; unidade de medida; critério/fórmula de cálculo; frequência de cálculo; responsável; fontes dos dados; lista de destinatários; valor atual; valores anteriores; e objetivo final a atingir; c) critério/fórmula de cálculo; nome; texto; formula; destinatário; objetivo secundário; conversão; análise; nível de complexidade; características definidoras; valores reais e virtuais; números de casos; e hipótese; d) identificador; nome indicador; simplicidade; dados de valor interno; números de ocorrência e frequência; responsável; lista de destinatários; valor atual; valores anteriores; e objetivo final a atingir; e) coleta de dados; registros; análise; categorização; confiabilidade; ocasião; nível de complexidade; e ferramentas. Questão 3 87/231 4. Dentre as questões de formulação de indicadores, também devem ser contemplados: a) recepção, codificação, tabulação, cálculos básicos, controle de erros e inconsistências, armazenamento, manutenção, recuperação e a disponibilização dos dados; b) nome, recepção, tabulação,cálculos básicos, controle de erros e inconsistências, armazenamento, recuperação e a disponibilização dos dados. c) tabulação, numeração, cálculos básicos, armazenamento, manutenção, recuperação e a disponibilização dos dados; d) recepção, codificação, tabulação, cálculos básicos, controle de erros e inconsistências, disponibilização dos dados, simplicidade, naturalidade; e) recepção, codificação, tabulação, manutenção, recuperação e a disponibilização dos dados, disseminação. Questão 4 88/231 5. A análise da situação de saúde consiste: a) no processo de investigação e vistoria; b) no processo de observação, interrogatório, formulação; c) na orientação de ajustes sanitários para provimento de água e esgoto tratados e adequação da captação de água e nascentes não contaminadas; d) na orientação de direcionamento de programas de saúde coletiva com vistas à divulgação de resultados e as propostas de melhoria para a próxima década; e) no processo de identificação, formulação, priorização e explicação de problemas de saúde da população de um determinado território. Questão 5 89/231 Gabarito 1. Resposta: Verdadeiro. Com relação à Política Nacional do Meio Ambiente, as perdas de bem-estar social podem ser geradas por externalidades ambientais negativas causadas por atividades econômicas, incluindo-se entre as formas de corrigir tais perdas a internalização dos custos da degradação nas estruturas de produção e consumo. 2. Resposta: D. A utilização do saneamento como instrumento de promoção da saúde pressupõe a superação dos entraves tecnológicos políticos e gerenciais que têm dificultado a extensão dos benefícios aos residentes em áreas rurais, municípios e localidades de pequeno porte. 3. Resposta: B. Um bom indicador deve contemplar: identificador, nome indicador; descrição; unidade de medida; critério/fórmula de cálculo; frequência de cálculo; responsável; fontes dos dados – coleta de dados: registros devem ser padronizados; lista de destinatários; valor atual; valores anteriores; objetivo final a atingir. 4. Resposta: A. Na formulação, também devem ser contempladas: Processamento dos dados: deve contemplar a recepção, codificação, tabulação, cálculos básicos, controle de erros e inconsistências, armazenamento, 90/231 Gabarito manutenção, recuperação e a disponibilização dos dados. 5. Resposta: E. A análise da situação de saúde consiste no processo de identificação, formulação, priorização e explicação de problemas de saúde da população de um determinado território, destacando a dimensão e a distribuição das desigualdades em saúde e tem por objetivo a identificação dos problemas e a orientação para ajustar e redirecionar políticas e programas de saúde para minimizar ou resolver os problemas existentes. 91/231 Unidade 4 Doenças Relacionadas às Más Condições de Saneamentos Ambientais Objetivos 1. Apresentar as principais doenças relacionadas às más condições de saneamento; e 2. análisar os riscos oferecidos pelo ambiente, contribuindo para a qualidade de vida e bem-estar. Unidade 4 • Doenças Relacionadas às Más Condições de Saneamentos Ambientais92/231 Introdução Quando pensamos em doença, é necessário que se defina o caso para a uniformização do conceito, com o objetivo de possibilitar a comparação entre sua ocorrência em diferentes áreas geográficas e épocas. Cuidar desse aspecto é importante para as questões sociais e econômicas. O saneamento adequado diminui os custos para a sociedade em geral, por exemplo, diminuição do número de leitos hospitalares (taxa de ocupação reduzida para esse tipo de patologia), menor índice de faltas no trabalho, aumento da qualidade de vida em geral, menores gastos com remediação de passivos ambientais. Os impactos do ambiente sobre a saúde humana são os riscos tradicionais associados ao subdesenvolvimento, como falta de acesso à água potável, saneamento inadequado das habitações e comunidade, destino inadequado de resíduos sólidos, acidentes ocupacionais etc. E também os riscos modernos associados ao desenvolvimento não sustentável, como poluição urbana, poluição industrial, geração de resíduos sólidos perigosos, riscos químicos e radioativos, desflorestamento, degradação do solo, mudanças climáticas. Por isso, cabe um adequado sistema de abastecimento público de água, que nada mais é que um conjunto de obras, instalações e serviços, destinados Unidade 4 • Doenças Relacionadas às Más Condições de Saneamentos Ambientais93/231 a produzir e distribuir água a uma comunidade, em quantidade e qualidade compatíveis com as necessidades da população, para fins de consumo doméstico, serviços públicos, consumo industrial e outros usos, dentre eles o uso múltiplo dos recursos hídricos em função de cada uso para o qual se destina o recurso hídrico, tendo sempre os requisitos de qualidade necessários para evitar patologias. Portanto, quando falamos de doenças relacionadas à precariedade do saneamento ambiental, cabe destacar a qualidade da água em uma bacia hidrográfica, por exemplo, pois é o resultado da superposição dos cenários distintos que ocorrem em uma bacia hidrográfica, principalmente das formas de uso e ocupação do solo, e das características naturais da região, trazendo fatores de riscos associados ao abastecimento de água (riscos relacionados com a ingestão de água contaminada por agentes biológicos (bactérias, vírus, e parasitos), pelo contato direto, ou por meio de insetos vetores que necessitam da água em seu ciclo biológico, e riscos derivados de poluentes químicos e radioativos, geralmente efluentes de esgotos industriais, ou causados por acidentes ambientais). A definição de “caso” ideal é aquela que é sensível, suficientemente, para não perder qualquer ocorrência, e específica o bastante para não permitir que casos falso- Unidade 4 • Doenças Relacionadas às Más Condições de Saneamentos Ambientais94/231 positivos permaneçam no sistema. Eles podem ser assim classificados em casos suspeitos, confirmados e descartado (leia mais no glossário). Refletindo sobre as doenças sob as más condições de saneamento ambiental, cabe destacar a importância sobre a investigação de surtos e epidemias. A investigação de um surto em curso é, em geral, um trabalho que demanda uma atuação rápida e uma resposta correta da equipe local de saúde, a fim de mitigar e suprimir oportunamente os efeitos dele sobre a população. A capacidade local de atuar perante um surto, incluindo a investigação dele, está relacionada diretamente a dois aspectos gerais da equipe local de saúde: 1 – sua capacidade de identificar um alerta epidemiológico – em função do nível de desenvolvimento do sistema local de vigilância em saúde pública (quando investigar?); e 2 – sua capacidade de resposta epidemiológica, em função do nível de organização da equipe local para aplicar uma abordagem sistemática do problema (como investigar?). É importante que qualquer suspeita surgida em nível local, relacionada a possível ocorrência de um surto na comunidade, deva ser comunicada sem atraso ao nível sanitário imediatamente superior, seja o nível local de vigilância em saúde pública ou o próprio nível intermediário do sistema de saúde. Tal precaução se justifica diante do risco para a saúde da Unidade 4 • Doenças Relacionadas às Más Condições de Saneamentos Ambientais95/231 comunidade, ou seja, a comunicação de um surto é importante pelas seguintes questões: a) o possível surto diante do qual nos encontramos pode ser a primeira manifestação de uma epidemia de amplas dimensões que pode superar o nível local; b) o possível surto diante
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