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6
Unidade: Introdução à Linguística Textual
Contextualização
Coordenar a rotina da sala de aula não é tarefa fácil e muito menos simples. No entanto, a 
nova abordagem, introduzida pela Linguística Textual, vem ajudar os professores a otimizarem 
seus trabalhos no dia a dia. A partir do momento que se abarca o texto como um “evento 
comunicativo” que apreende o mundo nas suas mais variadas possibilidades de manifestação 
entra em cena uma noção dialógica desse objeto, transformando-o em objeto de comunicação 
e de construção de saberes. Assim sendo, utilizar os textos, nas suas mais diversas possibilidades 
de realização, tornará, com certeza, as aulas mais dinâmicas e interessantes, tanto para os alunos 
como para os próprios professores.
Por tudo isso, o campo da LT ganha a cada dia maior importância e mais visibilidade 
no ambiente acadêmico e escolar, pois trata-se de uma disciplina que fornece elementos de 
aplicação e uso direto pelos educadores que estão no labor da sua profissão. O estudo da 
Linguística Textual também fornece elementos para aqueles que querem entender melhor o 
mundo textual e produzir com mais propriedade seus textos. 
 
7
Introdução
A disciplina de Linguística Textual delimita como seu corpus de estudo “O texto”. Alguns, 
então, perguntarão:
Para pensar
• O texto não é um objeto que sempre existiu?
• Qual a novidade em estudá-lo?
• De qual tipo de estudo estaremos tratando se nos livros sempre 
trabalhamos com textos?
Falaremos a respeito dessas e de muitas outras questões que giram em torno desse objeto. 
Ora, aparentemente, tão conhecido, mas que na realidade envolve diversos mistérios.
Antes de qualquer coisa, apresentamos abaixo alguns objetos para que você, reflita se eles 
são ou não textos.
APAGUE
A LUZ
AO SAIR
A V I S O
Fonte: Thinkstock / Getty Images
Dos elementos acima, quais você definiria como texto e Por quê?
Antes de respondermos a essas perguntas, vamos conversar um pouco sobre a linguística 
textual, seu desenvolvimento e seu objeto de estudo, o texto.
A década de 1960 apresenta uma inquietação a respeito da noção de texto que culminará na 
criação da disciplina Linguística Textual (LT). Ela, a LT, surge primeiro na Alemanha e entre nós, aqui 
no Brasil, os primeiros estudos começam a ganhar visibilidade e maiores discussões em meados da 
década de 1970 e na década de 1980 propriamente dita. Alguns nomes expressivos nessa área são 
Ingedore Villaça Koch, Luiz Antônio Marcuschi, Anna Christina Bentes, Leonor Lopes Fávero, entre 
8
Unidade: Introdução à Linguística Textual
outros que serão por diversas vezes citados ao longo de nossa disciplina, porque são estudiosos que 
contribuíram com diversos trabalhos acadêmicos sobre a Linguística Textual. 
A Linguística Textual surge em contraposição aos estudos da Linguística Estrutural, como 
bem nos ensina a Prof.ª Anna Christina Bentes: 
Sem dúvida, o surgimento dos estudos sobre o texto faz parte de um 
amplo esforço teórico, com perspectivas e métodos diferenciados, 
de constituição de outro campo teórico (em oposição ao campo 
construído pela Linguística Estrutural), que procura ir além dos 
limites da frase, que procura reintroduzir, em seu escopo teórico, o 
sujeito e a situação da comunicação, excluídos das pesquisas sobre 
a linguagem pelos postulados dessa mesma Linguística Estrutural 
– que compreendia a língua como sistema e como código, com 
função puramente informativa. (Bentes, 2000. p. 259)
Ou seja, surge aqui uma proposta de trabalho que não mais está relacionada à análise de 
frases isoladas, pois os estudiosos perceberam que ocorriam fenômenos linguísticos que a 
análise sintática não dava conta de explicar. E, foi na perspectiva de solução de uma série de 
questionamentos que uma nova área de conhecimento começou a ganhar seu escopo.
A Linguística Textual, até transformar-se no que é hoje, galgou um caminho que pode ser 
estruturado em três momentos, apesar de não ser consensual entre os estudiosos dessa área 
a ideia de passagem gradual de um momento para o outro. No entanto, essa perspectiva nos 
servirá como balizador do desenvolvimento da LT ao longo do tempo.
1º Momento 2º Momento 3º Momento
Análise Transfrástica Gramáticas textuais Teoria do Texto
Percorreremos, brevemente, cada um desses momentos para entendermos, principalmente, 
nosso momento atual, como chegamos a LT e suas vantagens na abordagem do texto. 
O primeiro momento, conhecido como da análise transfrástica observa e tenta explicar os 
fenômenos que acontecem no interior das frases e suas ligações na formação de períodos dando 
que por fim, formam o texto. Nesse momento, os estudos caminham em uma direção que vai da 
frase para o texto, para tentar explicar ocorrências que não eram satisfatoriamente equacionadas 
por teorias sintáticas ou semânticas e que estavam notoriamente presentes nos enunciados como, 
por exemplo, a construção de significados por meio de elementos de coesão referencial (aqueles 
elementos que remetem a outros dentro do texto) ou até mesmo pela ausência desses elementos. 
Trataremos dos elementos de conexão textual na unidade relativa a coesão. Aqui, queremos 
que você perceba apenas que ouve uma mudança na tratativa da língua e para isso podemos 
destacar dois conceitos de texto presente nesta fase:
...neste primeiro momento de constituição da Linguística Textual, 
um dos principais conceitos de texto era o de Harweg (1968), 
afirmando que um texto era “uma sequência pronominal 
ininterrupta” e que uma de suas principais características era o 
fenômeno do múltiplo referenciamento. Outro conceito de texto 
importante era o de Isenberg (1970): um texto era definido como 
uma sequência coerente de enunciados. (Bentes, 2000. p.261)
9
Esses dois conceitos demonstram que a definição de texto está estritamente correlacionada a 
ideia de encadeamento dos enunciados e seus significados por meio da presença ou ausência de 
conectores textuais na cadeia sintagmática. Contudo, percebia-se que era necessário considerar 
outros pontos interessantes: Por exemplo, o falante-leitor no momento de compreender o texto 
ativa conhecimentos prévios sobre as relações significativas dos enunciados, independente se 
existe ou não conectivos textuais grafados no sintagma; isso fez os teóricos perceberem relações 
que transpassavam a noção de texto como um encadeamento dos significados de suas frases 
e, na tentativa de depreender novas relações textuais, surge o segundo momento, denominado 
como das “Gramáticas textuais”. 
Era um projeto ambicioso, pois consistia na ideia de elaboração de uma gramática que 
explicasse os fenômenos que ocorrem em todos os textos, da mesma maneira que se procedia 
com as análises das frases.
É interessante ressaltar aqui que o projeto de elaboração de 
gramáticas textuais foi bastante influenciado, em sua gênese, 
pela perspectiva gerativista. Essa gramática seria, semelhante à 
gramática de frases proposta por Chomsky, um sistema finito de 
regras, comum a todos os usuários da língua, que lhes permitiria 
dizer, de forma coincidente, se uma sequência linguística é ou não 
um texto, é ou não um texto bem formado. Este conjunto de regras 
internalizadas pelo falante constitui, então, a sua competência 
textual. (Bentes 2000, p. 265)
Observe, caro(a) aluno(a), que existia a vontade de construir um compêndio que desse conta 
de todos os elementos implicados na formação do texto e que servisse para justificar todas 
as ocorrências dentro dele, por meio de regras aplicáveis a todo tipo textual. Ainda citando a 
Prof.ª. Anna Christina Bentes:
Nas primeiras propostas de elaboração de gramáticas textuais, nas 
palavras de Marcuschi (1998a), tentou-se construir o texto como 
objeto da Linguística. Apesar da ampliação do objeto dos estudos da 
ciência da linguagem, ainda se acreditavaser possível mostrar que 
o texto possuía propriedades que diziam respeito ao próprio sistema 
abstrato da língua. Dizendo de outra forma, as primeiras gramáticas 
textuais representavam um projeto de reconstrução do texto como 
um sistema uniforme, estável e abstrato. Neste período, postula-se 
o texto como unidade teórica formalmente construída, em oposição 
ao discurso, unidade funcional, comunicativa e intersubjetivamente 
construída. (Bentes, 2000. p. 263)
Talvez, a contribuição mais relevante deste momento foi uma mudança de olhar, passou-se a 
observar o texto não mais como uma projeção da frase para o texto, como se ele fosse o resultado 
do encadeamento contínuo dos enunciados. Os autores que trataram desse tema nos trouxeram 
contribuições interessantes pois “... possuem alguns postulados em comum. Em primeiro lugar, 
consideram que não há uma continuidade entre frase e texto porque há, entre eles, uma diferença 
de ordem qualitativa e não quantitativa, já que a significação de um texto, segundo Lang (1972), 
constitui um todo que é diferente da soma das partes.” (Bentes, 2000. p. 263)
O projeto da gramática textual não vingou, pois os estudiosos perceberam que o texto não se 
constituía como uma extensão das frases. Ao contrário, ele apresenta proposições bem distintas 
das que organizam frases e parágrafos.
10
Unidade: Introdução à Linguística Textual
Neste momento, emerge a noção de Competência Textual, que se apoia na percepção de 
que o falante/leitor ativa muito mais do que os seus conhecimentos sobre regras gramaticais ao 
produzir um texto, ele coloca em ação:
sua competência 
formativa
(de elaborar ilimitadamente um novo texto e avaliar se ele está bem 
construído ou não);
 
sua competência
transformativa
(competência a partir de um texto já existente de resumir, parafrasear ou 
reformular o texto original);
 
sua competência
qualificativa
( competência para dizer a qual tipologia um dado texto se insere: narração, 
descrição, dissertação ou argumentação).
Assim sendo, a necessidade agora passa a girar em torno de uma teoria que busque responder 
a questão. Quais os elementos que fazem de um texto um texto?
A Gramática textual não deu conta de responder a questão colocada acima, porém possibilitou 
a transposição para um terceiro momento, no qual: 
Os estudiosos começaram a elaborar uma teoria do texto, que, 
ao contrário das gramáticas textuais, preocupadas em descrever 
a competência textual de falantes/ouvintes idealizados, propõe-
se a investigar a constituição, o funcionamento, a produção e a 
compreensão dos textos em uso. (Bentes, 2000. p. 265)
Para pensar
Apesar de interessante e importante para os estudos textuais, o projeto 
de uma Gramática textual teria como dar certo? Você acredita ser 
possível construir um modelo de análise textual que abarcasse todo e 
qualquer tipo de texto?
Esse, terceiro momento de estudo sobre o texto, foi denominado de Teoria Textual ou 
Linguística Textual e será o sustentáculo dos estudos que norteiam o ensino de língua hoje 
em todos os seus aspectos. Na base dessa teoria são observados os elementos que constituem 
um texto, como ele funciona de forma prática ao circular nas mãos dos seus leitores, quais 
mecanismos estão implicados na sua produção e quais os conhecimentos ativados para a 
compreensão dos textos, ou seja, o texto passa a ser pensado pragmaticamente.
Glossário
Pragmática é a ciência que estuda os fatos relacionados ao 
uso efetivo da língua no momento da comunicação. 
Essa alteração na abordagem textual introduziu uma perspectiva que não apenas visualizava 
os elementos internos ao texto, mas também considerava o contexto (elementos externos) como 
responsável na produção de significados, e a partir de então o texto passa a ser visto como um 
objeto dialógico e concreto e não apenas como uma unidade virtual e fechada em si mesmo. 
11
Caro(a) aluno(a), essa nova perspectiva, como verá no decorrer dessa disciplina, tem uma 
função essencial no uso do texto pelos educadores, pois altera toda uma doutrina de análise 
textual estruturante que estava arraigada nos estudos e nas produções textuais. Aqui surge uma 
abertura na tratativa do texto. As mudanças teóricas
... fizeram com que se passasse a compreender a Linguística de Texto 
como uma disciplina essencialmente interdisciplinar, em função das 
diferentes perspectivas que abrange e dos interesses que a movem. 
Ou ainda, mais atualmente, segundo Marcuschi(1998a), pode-se 
desenhar a LT como “uma disciplina multidisciplinar, dinâmica, 
funcional e processual, considerando a língua como não autônoma 
nem sob seu aspecto formal.” (Bentes, 2000. p. 266)
Essas considerações nos permitem olharmos para o texto não mais fechado em si mesmo, 
mas principalmente num processo multidisciplinar, ou seja, em constante conversa entre diversos 
saberes e das mais diferentes formas. Atribuindo-lhe uma característica dialógica.
12
Unidade: Introdução à Linguística Textual
Alguns autores fundamentais
Você viu que a LT desenvolve-se a partir de estudos realizados na Alemanha. Agora, 
conversaremos um pouco sobre alguns autores que tiveram expressiva importância no 
desenvolvimento da LT e com os quais você irá se deparar ao ler as bibliografias a respeito de LT. 
Não faremos aqui um relatório exaustivo sobre cada um deles, ao contrário, apenas desejamos 
que você se familiarize com os nomes, pois é muito comum observar que o aluno, quando 
estuda sobre uma disciplina qualquer que seja, algumas vezes encontra enorme dificuldade em 
compreendê-la por se deparar com citações e nomes de autores que nunca ouviu falar. 
Respaldamo-nos aqui pelo texto “Linguística Textual: Retrospectos e Perspectivas”, da 
Professora Ingendore Grunfeld Villaça Koch - 1997, de quem falaremos mais adiante, e 
seguiremos a mesma ordem cronológica apresentada por ela no seu texto. Pois, como citamos 
anteriormente, o nosso objetivo é situar você dentro de um contexto.
Roland Harweg
Roland Harweg é considerado um dos primeiros estudiosos da Linguística Textual na 
Alemanha. Seus trabalhos adotam a noção de referencialização na análise textual e para 
a constituição do texto. Pois, ele define texto como “uma sucessão de unidades linguísticas 
constituídas por uma cadeia de pronominalizações ininterruptas”. 
Dentro dessa concepção o texto se constitui como unidade pela boa articulação dos usos 
dos pronomes ou expressões nominais quando retomam e/ou antecipam nomes. No entanto, 
esse conceito não dará conta de definir o que seria um texto, pois somente o recurso da 
referencialização não define a unidade textual e o texto como um todo.
Harald Weinrich 
Harald Weinrich é um estruturalista, portanto suas propostas serão de base estrutural de 
análise, para atingir esse intuito ele define o texto 
como uma sequência linear de lexemas e morfemas que se 
condicionam reciprocamente e que, também reciprocamente, 
constituem o contexto. Isto é, o texto é uma “estrutura determinativa”, 
“um andaime de determinações, em que tudo está necessariamente 
interligado. Assim sendo, para ele, toda linguística é necessariamente 
uma linguística de texto. (Koch,1997. p. 71)
Para esse autor tudo dentro do texto está intrinsecamente ligado formando uma estrutura 
maior que será concebida como a unidade textual, sendo passível a construção de uma 
“macrossintaxe do discurso” com o olhar voltado para as classes gramaticais. Koch comenta que 
ele “postula como método heurístico o da “partitura musical”, que consiste em unir a análise 
frasal por um tipo de palavras e a estrutura sintática do texto em um só modelo, tal como uma 
“partitura musical a duas vozes”.” (Koch, 2001. p.13)
13
Dieter Wunderlich
É um autor de grande importância na medida em que introduz os conceitos pragmáticos 
na análise textual, pois aborda questõesrelativas à interação face a face, aos atos de 
fala e a dêixis enunciativa.
interação face a 
face
A Interação face a face se estabelece em um contexto comunicativo onde os 
participantes do discurso estão presentes.
 
atos de fala Os atos de fala estão relacionados a produção linguística de certo tipo 
enunciados e como eles devem ser compreendidos pelo receptor. (pedido, 
ordem, proibição, desejo etc.)
 
dêixis 
enunciativa
Dêixis enunciativa designa um conjunto de palavras, conhecidos como dêiticos, 
que possibilita instaurar as categorias de pessoa, espaço e tempo no discurso. 
 
Siegfried J Schmidt 
Segundo Koch, este autor prefere a denominação Teoria de Texto à Linguística de Texto. 
Isso se deve a sua concepção de texto como “qualquer expressão de um conjunto linguístico 
num ato de comunicação – no âmbito de um ‘jogo de atuação comunicativa’ – tematicamente 
orientado e preenchendo uma função comunicativa reconhecível”.
Elisabeth Gülich 
Seus trabalhos se desenvolveram na Alemanha da década de 1970 e segundo Koch, sua 
contribuição foi que “Entre seus objetos de pesquisa, destacaram-se os sinais de articulação 
do texto (Gliederungssignale), os procedimentos de reformulação textual, a narrativa oral (em 
conjunto com U. Quastoff), bem como a interação face a face de modo geral.” 
Robert de Beaugrande e Wolfgang U. Dressler 
Beaugrande & Dressler contribuíram na medida em que fazem uma abordagem considerando 
tanto os elementos centrados no texto quanto aqueles centrados no usuário (leitor/ falante); ou 
seja, trataram tanto do campo da coerência quanto da coesão, trazendo à tona o que chamaram 
de padrões ou critérios de textualidade, como também questões relativas ao uso do texto. Koch 
faz o seguinte comentário sobre eles:
Na obra Einführung in die Textlinguistik, Beaugrande & Dressler (1981) procederam ao 
levantamento do que denominam critérios ou padrões de textualidade, que, segundo eles, seriam: 
coesão e coerência (centrados no texto); informatividade, situacionalidade, intertextualidade, 
intencionalidade e aceitabilidade (centrados no usuário). A obra é dedicada ao exame de cada 
um desses critérios, bem como ao estudo do processamento cognitivo do texto, tomando por 
base os pressupostos da semântica procedural. A maioria dos trabalhos posteriores na disciplina 
incorpora essas questões, inclusive alargando o rol dos fatores de textualidade e dedicando 
especial atenção, à questão da coerência. (Koch, 1997. p. 72)
14
Unidade: Introdução à Linguística Textual
Teun A. Van Dijk 
Van Dijk, na década de 1970 e meados da década de 1980, contribui com os conceitos:
• de macroestruturas textuais que está intrinsecamente ligado às questões de produção de 
resumo;
• de superestruturas ou esquemas textuais que diz respeito ao estudo descritivo dos mais 
diversos tipos de texto que circulam na sociedade. 
Koch conta que Van Dijk “no início da década de 1980, passa a dedicar-se, parcialmente 
em coautoria com Walter Kintsch (Van- Dijk & Kintsch, 1983), ao estudo das estratégias de 
processamento textual, buscando construir um modelo de compreensão do discurso.”(1997, p. 
73) e também desenvolve estudos com notícias de jornal. Esses estudos irão direcioná-lo a uma 
linha de pesquisa denominada Análise Crítica do Discurso.
Abordamos alguns autores que participaram ativamente nas discussões que ocorriam entre 
as décadas de setenta e oitenta e que colaboraram para a elaboração de um constructo teórico 
a respeito dos estudos dos textos, cada qual com suas contribuições. No entanto, como bem nos 
lembra Koch 1997, p. 73):
Não se pode falar de Linguística Textual sem mencionar alguns 
autores funcionalistas, cujos trabalhos, embora não sejam 
comumente considerados como fazendo parte dos quadros dessa 
disciplina, tiveram enorme importância no seu desenvolvimento. É 
o caso de Halliday e Hasan (1976), cuja obra Cohesion in English 
define e explica o conceito de coesão, básico para os estudos 
textuais; e dos funcionalistas de Praga (Danes, Firbas, Mathesius, 
Sgall, entre outros), que descreveram a organização hierárquica da 
informação em frases e sequências textuais, a partir da perspectiva 
funcional, desenvolvendo as noções de tema/rema, dinamismo 
comunicativo e progressão temática, que não só se mostraram 
bastantes produtivas para o estudo do texto, como podem ser 
consideradas como um de seus pontos de partida. 
Apesar de não comentarmos sobre a relevância dos estudos dos linguistas franceses vale 
colocar aqui uma pequena nota da Prof. Koch (2001:14) a respeito deles:
É preciso lembrar, também, os linguistas franceses como Charolles, 
Combettes, Vigner, Adam e outros que se dedicaram aos problemas 
de ordem textual e à operacionalização dos construtos teóricos para 
o ensino de línguas. Eles abarcaram as questões relativas à coesão 
e coerência que estavam em destaque na década de oitenta.
15
Como as coisas aconteceram no Brasil
Para conversarmos a respeito da introdução da Linguística Textual no Brasil, contaremos 
com um trabalho da Profa. Leonor Lopes Fávero, chamado “Linguística Textual: Memória e 
Representação”- 2012. 
Anteriormente, falamos sobre os grandes nomes da Linguística Textual, principalmente na 
Alemanha, agora queremos que você conheça os três primeiros textos que introduzem essa 
disciplina no Brasil. 
Como mencionado anteriormente, foi na década de setenta que os estudos a respeito do 
texto se desenvolveram até chegar a uma Teoria do Texto (conhecida como Linguística Textual). 
No entanto, no Brasil, foi apenas na década de oitenta que surgiram os primeiros trabalhos 
nesta área. Aqui, nos deteremos nos três primeiros trabalhos que se tem notícia (e que são 
objeto do referido artigo da Prof. Fávero) 
Ano Autor Obra
1981 Prof. Dr. Ignácio Antonio Neis Por uma gramática textual
1983 Prof. Luiz Antônio Marcuschi Linguística de texto- o que é e como se faz?
1983
Profas. Ingendore Villaça Koch e 
Leonor Lopes Fávero
Linguística textual - Introdução
Essas três obras formam juntas um marco inicial nas discussões sobre linguística textual, 
falaremos um pouco de cada uma delas a seguir.
O trabalho do Prof. Ignácio Antônio Neis é um artigo publicado na revista Letras de Hoje, 
revista do curso de Pós-Graduação em Linguística e Letras do Centro de Estudos Portugueses da 
PUCRS, em junho de 1981, n. 44. Esse artigo, apesar da sua importância, foi pouco mencionado 
e utilizado nos trabalhos de LT, no entanto, cabe ressaltar o que Fávero (2012. p. 228) comenta 
sobre ele:
O artigo objetiva dar uma visão de conjunto quanto ao surgimento 
e ao objeto da gramática textual. Divide-se em quatro partes mais 
uma introdução em que diz ser de grande interesse a hipótese de 
que a comunicação linguística se efetua, não com frases sucessivas, 
mas com textos, e em qualquer texto, encontram-se elementos 
essenciais, ausentes ou inexplicáveis dentro das frases tomadas 
isoladamente 
E continua:
Constatando a existência de relações específicas interfrasais e a 
possibilidade de se definir um texto como um todo coerente, um 
grande número de linguistas modernos europeus desde a década 
de 1960, passaram a formular hipóteses e a estabelecer princípios 
de novos modelos de descrição linguística que ultrapassem o 
16
Unidade: Introdução à Linguística Textual
âmbito da frase; e procuraram elaborar gramáticas que deem 
conta dos problemas de coerência textual e que sejam adequadas 
tanto para caracterizar os diversos aspectos dos diferentes tipos de 
textos quanto para engendrar modelos de produção de textos bem 
formados de acordo com determinada língua. (Fávero 2012: 228)
Neste trabalho, o Prof. Neis falou sobre diversos conceitos da teoria do texto voltados para as 
questões da pragmática, da coesão e coerência e seus precursores.
Já o trabalho do Prof. Luiz AntônioMarcuschi, surgiu por ocasião de uma conferência 
realizada na PUC/SP no IV Congresso Brasileiro de Língua Portuguesa do Instituto de Pesquisas 
Linguísticas. O que foi em um primeiro momento um artigo tornou-se depois um livro (apesar de 
algumas modificações) com o mesmo nome e publicado pela editora Parábola. Marcuschi deixa 
claro que o objeto da linguística é o texto, “o texto é uma unidade linguística hierarquicamente 
superior à frase. E com certeza: a gramática de frase não dá conta do texto.” (2012. p.16) e 
ainda nos diz mais...
Julgo de interesse uma análise sistemática do que seja e como se 
faz a LT, pois ela é uma das linhas de pesquisa mais promissoras 
da linguística atual. Os resultados existentes, mesmo não sendo 
definitivos, são muito animadores, especialmente pelas perspectivas 
de revitalização teórica que oferecem à linguística e pelas soluções 
que poderão propiciar ao estudo da comunicação humana e ensino 
de línguas. (2012. p.16)
Neste trabalho, Marcuschi trará algumas definições de texto e as categorias textuais, a saber: 
Fatores de contextualização, Fatores de conexão sequencial (coesão), Fatores de conexão 
conceitual-cognitiva (coerência) e Fatores de conexão de ações (pragmática).
Por fim, veremos a obra das Professoras Leonor Lopes Fávero e Ingedore Villaça Koch – 
Linguística Textual – Introdução, foi escrita em 1982 e publicada em 1994. Esse livro nos permite 
criar um panorama da linguística textual, e está dividido em três capítulos:
1° O primeiro capítulo apresenta quais fatores propiciaram o surgimento das gramaticas textuais;
 
2° O segundo é voltado aos autores que abordaram em seus estudos elementos que vão além da fronteira dos enunciados além de falarem de algumas disciplinas que tiveram 
o texto como interesse;
 
3° O terceiro volta-se para autores tanto estruturalistas quanto gerativistas. 
 
Caro(a) aluno(a), sugiro como leitura de aprofundamento tanto o livro do 
Prof. Marcuschi, como o livro das Professoras Fávero e Koch, que estão na 
bibliografia dessa unidade ao final do material teórico.
17
O Texto, Nosso Incrível Objeto de Estudo
Vamos conversar um pouco sobre o objeto de estudo da Linguística Textual, o texto. Esse que 
desperta fascínio em todos aqueles que se interessam por ele e que apesar de nos ser tão familiar 
no dia a dia, também nos reserva mistérios ainda por serem decifráveis. 
Existe uma única coisa da qual se pode ter certeza, lembrando Marcuschi (2012. p.16), ao falar 
que a LT dispõe, porém, de um dogma de fé: o texto é uma unidade linguística hierarquicamente 
superior à frase. E a gramática de frase não dá conta do texto.
Para nos apropriarmos de uma definição de texto que nos seja mais confortável, trataremos 
de algumas definições propostas por Marcuschi em seu texto “Algumas definições de texto” que 
se encontra no livro “Linguística de texto: o que é e como se faz?”. 
Caro(a) aluno(a), sugiro a leitura do livro Linguística de texto: o que é e 
como se faz?, por tratar-se de obra indispensável para quem deseja aprofundar-
se nos estudos textuais.
Apesar de as pessoas saberem intuitivamente o que seja um texto e quais as suas diferentes 
funções, a dificuldade está em definir esse objeto. Essa dificuldade não se encontra apenas 
entre pessoas leigas no assunto, mas também ocorre entre aqueles que desejam tomar o texto 
como seu instrumento de análise.
As definições que mostraremos a seguir, orientam-se por dois caminhos distintos, a saber:
A partindo de critérios internos ao texto (olhando-o do ponto de vista imanente ao sistema linguístico) e
 
B partindo de critérios temáticos ou transcendentes ao sistema (considerando o texto como uma unidade de uso ou unidade comunicativa) (Marcuschi, 2012. p.22)
Glossário
Imanente significa interno ao texto. Transcendente que 
está fora do texto.
Essas duas definições dizem respeito a duas possibilidades de observação analítica do texto: 
1° A primeira, diz respeito a uma abordagem que considere os elementos constitutivos do texto e a sua boa formação interna e 
 
2° A segunda, parte dos elementos ativados quando se coloca esse texto em uso, os critérios externos, relativos ao contexto. 
Agora, observaremos algumas definições que se baseiam nos critérios da alternativa A e, 
logo em seguida, algumas definições que se sustentam nos critérios da alternativa B.
A classificação de texto baseada no primeiro critério de imanência do sistema linguístico 
subsidia a proposta de criação das gramáticas textuais, pois considera o texto como uma 
sequência coerente de sentenças.
18
Unidade: Introdução à Linguística Textual
Ou seja, o texto seria definido apenas pelos seus elementos internos, desconsiderando os 
elementos que fazem parte do nível cognitivo-conceitual e pragmático. 
No entanto, essa abordagem do texto apresentou uma série de brechas porque na construção 
de sentido dos textos os elementos do nível cognitivo-conceitual e pragmático são fundamentais. 
A seguir, apresentaremos as definições de Zellig S. Harris, Roland Harweg, Irena Bellert 
e Harald Weinrich. Que se definem pelo primeiro critério, aquele que observa os elementos 
internos do texto. Veja:
Zellig S. Harris
“Um texto (discurso) compõe-se de uma sequência 
de expressões ou sentenças ligadas, podendo ir desde 
sentenças de uma só palavra até uma obra de vários 
volumes”. (Apud Marcuschi, 2012. p.23) 
Roland Harweg
“Texto é uma sucessão de unidades linguísticas 
constituídas por uma cadeia pronominal 
ininterrupta”(1968, p. 148.). (apud Marcuschi, 2012. p 24)
Irene Bellert
“Um texto é uma sequência de sentenças S1S2,...Sn 
de tal modo que a interpretação semântica de cada 
sentença Si (para 2> i>n) depende da interpretação 
S1 ... Si1”[Cf. I. Bellert (1970, p. 335)]. (apud Marcuschi, 
2012. p.25)
Harald Weinrich
“Texto é uma sequência ordenada de signos linguísticos 
entre duas interrupções comunicativas importantes”[cf. 
H. Weinrich (1976, p. 186 – 187)]. (apud Marcuschi 
2012. p.25)
Observe que todas as definições propostas trabalham com a ideia de ordenação das palavras 
na frase como forma de constituição do texto. 
Passemos agora, as definições de texto a partir de critérios temáticos e transcendentes ao texto. 
Essas definições encontram suas bases em relações que ultrapassam o limite do encadeamento 
frasal, ao perceberem que existem elementos que colaboram para a construção do texto e que 
estão fora dele. 
Na perspectiva que considera também os elementos externos ao texto, trabalha-se com as noções de 
contextos (os elementos que estão fora do texto) e cotexto (trata-se dos elementos de ligação estrutural 
dentro do texto). Esses dois termos, contextual e cotextual, são propostos por Petöfi.
Cotejemos as definições de Janos S. Petöfi, Teun van Dijk, Siegfried Schmidt e M. A. K. 
Halliday e R. Hasan:
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Janos S. Petöfi
“Uma sequência de elementos linguísticos escritos 
ou falados organizados como um todo, com base em 
algum critério qualquer (geralmente extralinguístico), 
resultam num texto”. (Apud Marcuschi, 2012: 26)
Teun van Dijk
O texto “é uma estrutura superficial governada por 
uma estrutura semântica profunda motivada”, ou seja, 
“um conjunto ordenado de sentenças da estrutura 
profunda”(cf. van Dijk, 1978 e 1977). (Apud Marcuschi 
2012: 27)
Siegfried Schmidt
“Texto é qualquer expressão de um conjunto linguístico 
num ato de comunicação (no âmbito de um jogo-de-
ação comunicativa), sendo tematicamente orientado e 
preenchendo uma função comunicativa reconhecível, 
ou seja, realizando um potencial ilocutivo reconhecível”. 
(Apud Marcuschi 2012: 28)
M. A. K. Halliday
e R. Hasan
“Um texto é uma unidade em uso. Não é uma unidade 
gramatical, tal como uma frase ou uma sentença; e não 
é definido por sua extensão. (...) Um texto é, melhor 
dizendo, uma unidade semântica:não uma unidade de 
forma e sim de sentido”. (Apud Marcuschi, 2012. p.28)
Nas definições propostas agora, observe que ocorreu uma transposição da abordagem 
puramente interna (cotextual) para a abordagem que considera os elementos externos 
(contextual). Essas definições consideram o texto como elemento comunicativo.
Chegamos ao fim da nossa unidade, você teve ao longo dela o prazer de passear pelo 
universo da Linguística textual, conhecendo sua trajetória, alguns de seus grandes nomes e seu 
objeto de estudo.
Esperamos ter despertado em você o interesse ou pelo menos a curiosidade de saber mais 
sobre os mistérios que envolvem o TEXTO. 
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Unidade: Introdução à Linguística Textual
Material Complementar
Para aprender mais sobre os conteúdos trabalhados nesta unidade, indicamos os links a seguir:
Vídeo:
Palestra de atualização do site Livro e Net, proferida pelo Prof. Aguinaldo Martino. Título: A 
linguística textual: um novo enfoque para o estudo da língua. A palestra aborda as questões 
sobre o desenvolvimento da Linguística Textual. Último acesso em 15/10/2014.
https://www.youtube.com/watch?v=iGpXlQzyckQ
Leituras:
Entrevista escrita, da Professora Ingedore Villaça Koch à Revista Virtual de Estudos da 
Linguagem - ReVEL. Vol. 1, n. 1, agosto de 2003. Nesta entrevista, a Prof. Ingedore fala 
sobre o ensino de Língua portuguesa a partir dos conceitos introduzidos pela linguística 
textual. Último acesso em 10/10/2014.
http://www.revel.inf.br/files/feae2f57341478af7ec218b4fc44d8e8.pdf
Linguística Textual X Produção de Texto na Escola: Uma Combinação Possível? - Artigo 
da Profª. Marcilene Oliveira Sampaio (UFES/UNEB) que traça um panorama dos 
desenvolvimentos da linguística textual.
http://www.filologia.org.br/xiicnlf/textos_completos/Linguística textual x produção de texto na escola- uma combinação possível - MARCILENE.pdf
Não deixe de acessar o material complementar, pois é muito importante sua ação como 
protagonista na construção dos seus conhecimentos.

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