Buscar

o diabo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

COLEÇÃO MIR
Marina Tsvetáieva
0 DIABO
Tradução do russo Aurora Fornoni Bernardini
TÍTUL0
TÍTUL0 0RGINAL
AUTOR
TRADUÇÂO do FWSS0
REVISÃO
REVISÃO
CAPA e PROJET0 GRÁFico
Áuolo
EDIÇÃO
PRODUÇÃO EXECUTIVA
FOF"AT0
NÚMER0 de PÁGINAS
ISBN
0 dlabo
Tchort
Ma rina Tsvetáieva
Aurora Fomoni Bemardini
Cecília Rosas
Paulo Hemque PompemaiEr
Kallnka
Ma ria víagova
Kallnka
Hedr8
14 x 19 cm
138
978-65-86862-02-7
Copyrlght © Kalinka, 2020
Tradução © Aurora Fornoni Bemardini, 2020
primelra edição, 2020
São Paulo, SP Brasil
Esta publicação está de acordo com a reforma ortográfica
A tíaduçâo baseoii-se em Mar/na Tsveíó/eva PÍoza.
Eksto-Press. Moscou, 2001 (Aqui citada, TsvETÁiEVA, 2001.)
Textos cle apoio Au/as de /ÍÍ€raíura russa, de Aurora Fomoni Bemaídini (Kalinka, 2018),
Avicibiograíí{cheska(a prciza Mariny Tsvetáievoi v .russkom tiekste. iurni3la 'Sovremiéririye zi3píski., de
Anna Ksmiénskaia (Viéstnik VolGU, série 9, 6/2007)
As notas de rodapé, quando não creditadas, são da tradução com colaboíação da edição
0 áudio do conto (em russo) pode seí acessado pelo lmk
https //sounclcloud com/editoraka linka/diabo-tsvetaieva
S0BRE A 0BRA
Parte da prosa autobiográfica de Marina Tsvetáíeva (1892-1941), 0 d/.a-
bo foi publicado primeiramente em Paris, em 1935, no número 59 da
Sovr€m/.emye zap/'ski (Woías coníempora^neas), importante revista literária
da emigração russa na França que funcionou de 1920 a 1940 e reuniu escri-
tores como Andrei Biély, lvan Búnin, Nadiejda Teffi, Vladímír Nabókov.
0 díabo reconstrói em prosa as lembranças de Marina Tsvetáieva de si
mesma menina (até seus sete anos). "Não vou falar daquilo que não acon-
teceu, pois a única finalidade, o único valor desses escrjtos está em sua
identidade com o passado, na coincidêncía consigo mesma daquela meni-
na, reconheço-o, esquisita, mas que existiau.
No entanto, o texto não é "apenas um quadro vÍvo de sua infância, mas
a interpretação mitologizada de sua vocação poética", como escreveu Anna
Kamiénskaia. A obra traz as impressões ambíguas, sensuais, sensoriais,
literárias e pluriculturais da figura do diabo para Tsvetáíeva 0 Mycháty
(como ela o chamava), qiie vivia no quarto de Valéria, sua meía-irmã, é
dual e paródíco. "Um de meus primeiros medos secretos e dos terríveis
segredos de críança (de minha infância) era `Deus-Diabor. Não por acaso
o texto tem a epígrafe "Diabo liga com criança", uma expressão russa que
denota atração de diferentes.
COLEÇÃO MIR
A Coleção Mir reúne edições bilíngues da prosa curta russa de escrito-
res consagrados, mas também de nomes menos conhecidos no Bíasil,
Cada livro acompanha uma leítura do texto feita por um russo nativo -o
áudio pode ser acessado pelo OR Code impr.esso na capa Mir, em russo,
significa "paz" e "mundo".
qÊPT
C6jt3a/icfl uepm C /iújiaôe7tt4e".
tlepT xH7I 8 KOMHaTe y cecTpbl Ba7IepllH, - HaBep-
Xy, IIpjlMO C 7IecTH14I|I,I - KpacHOÍí, aT7IacHO-Myapo-
BO-mTO®HOíi, C BeyHblM 14 C147IbHI,IM KOcblM CT07160M
coJiHiia, rHe HenpephiBHo H iioq" Heiio;iBHXHo Kpy-
TH7IacI, Ilbl7Ib.
HaqHHaJiocb C Toro, qTO MeHji TyFia 3a3biBaJiH:
<<MqH, Mycji, TaM Teõji KTo-To )KHeT», 7"6o: «CitopeíI,
cKopeií, MyceHbKa! TaM Te6jl jKz|eT (IlpoTjlxHo) cKlp-
iipH-i43>>. TaHHCTBeHHocTb qiicTo ycjioBHaji, i46o fl-To
oT7IHqHo 3Ha7Ia, HTo 9To 3a «KTo-To» H KaKoji 3To clop-
iipH3, i4 3a3i.iBaBmHe 3HaJ", qTo - 3Haio. Bi.i7" 9To
- 7"6o ABrycTa 14BaHOBHa, 7"õo ACHHa HflHji, Aj]eK-
caHzipa Myxi4Ha, Hi]orzia H KaKafl-"6y;]b rocTi,fl, Ho
Bcerna - xeHII|HHa, H HHKorF[a - MaTb, H HHKorHa -
caMa Ba7iepHH.
H BOT, IIojlylloI|Ta7IKHBaeMaH, I]07Iy - KOMHaTOíi -
BTjlrl4BaeMajl, 1107IOMaB11114CI, Ilepe;| ;|BepI>IO, Ital( ziepe-
0 DIABO
Diabo légci com crionçci,
0 diabo morava no quarto de minha irmã Valéria,t no
andar de cima, bem em fi.ente à escada: quarto vemelho,
de um vemelho adamascado cambiante, com um etemo
e poderoso mio de sol atravessando-o de ponta a ponta,
onde incansável e quase imóvel volteava a poeira.
Tudo começou quando me chamaram para ir lá: "Vá,
Mússia, lá tem alguém à tua espera", ou então: "Rápido,
rápido, Mússenka!2 Tem uma ®ausado) sur-pre-sa te es-
perando". Um mistério puramente fictício, pois eu sabía
perfeitamente quem era esse "alguém" e qual era essa
surpresa, e quem me havia chamado sabia que eu sabia.
Tratava-se de Augusta lvánovna, ou então da babá de
Ássia,3 Aleksandra Múkhina, e - às vezes - também de al-
gum hóspede, mas sempre de alguma mulher, e nunca de
mamãe e nunca da própria Valéria.
Eis, então, que meio empurrada, meio engolida pelo
quarto, depois de hesitar um pouco diante da porta, como
i Valéria Tsvetáieva (1883-1966), pedagoga do vitHUTEMAs, foi meia-
-irmã de Marina do lado patemo.
2 Mússia, Mússenka: apelidos de Marina.
3 Ássia, Ássenka, apelidos de Anastassia Tsvetáieva (1894-1993),
escritora, irmã mais nova de Marina.
BeHCKHe llepeH yroll|eHMeM, HeMHo)KI(o õoKOM H He-
MHoxKo Bo7]KOM - BxoH147Ia.
tlepT Ci4HeJi Ha BaJiepi4HHoíi KpoBaTi4, - ro7ibifí, 8
cepo# Koxe, KaK Hoi`, c 6e7io-roJiy6i.i", KaK y Hora
147" y ocT3eHCKoro 6apol]a, r;Ia3aMH, Bbl"HyB pyKH
BHo7II> KOJleH, KaK pjl3aHCKafl õa6a Ha q)oTorpa¢" H"
¢apaoH 8 JlyBpe, 8 TOH xe no3e Hei436i.iBHoro Tepiie-
H" H paBHOHylllHjl. t]epT cHHe7I Tal( cMHPHo, ToqHo
ero cHi4Ma7iH. lllepc" He 6i,i;io, 6i,i7io o6paTHoe iiiep-
cT14: I]o7IHajl r7Ia[|KocTb 14 ;|axe 6pl4TocTI,, 143 cTaj" Bbl-
7iHTocTi,. Tei]epb BH)Ky, qTo Te7io y Moero qepTa 6i]iJio
14Hea7IbHo-cllop"BHoe: 7IbBHI|I]IHo, a llo Mac" - z|o-
roBO. KorHa MHe, Z|Ba;iiiaTb jieT cnycTji, 8 PeBOJiioiiHio,
Ilpl4Be7" Ha lloHepxaH14e j|ora, fl cpa3y y3Ha7Ia cBoero
MbiiiiaToro.
Poi`oB He rioMHio, MoxeT 6i]iTb, H 6bi7" Ma7ieHb-
K14e, Ho cKopeH -yll". qTo 6bl/Io -xBocT, 7II,BHI|I>IH,
6o7Iblllori, ro7Iblü, cHjlbHblÉ H xl4BoÍí, KaK 3MeH, rpa-
I|Ho3Ho H MHoroKpaTHo I]epeBHTI,IH BOKpyr cTaTy-
apHo-HeHBHXHI,Ix Hor - TaK, qTo6I.I H3 Iloc7IeHHe-
ro iiepenJieTa BbirJiflHi,iBa7ia KHCTb. Hor (cTyn") He
fazem os camponeses cónvidados a um banquete, um
pouco de lado e um pouco desconfiada -entrei no quarto.
0 diàbo cstam sentado na cama de Váléria - nu, com
a pele cinza e os olhos bmncx)-azuis como os de um dogue
alão,oudeumbarãodoMarBáltico,comosbmçosesticados
até osjüüios, feito uma camponesa de Riazan posando para
Lma fotQgmfia ou um faraó do l.ouvie, naquela mesma pose
de interminável paciência e indiferença, 0 diabo estau sen-
tado tão impassível como se estivesse sendo retratado. Não
tinha pelos, ao conüário: em completamente pehdo, como
feito de um molde de aço. Agora vejo que meu diabo tinha o
corpodeumesporistaideal:deleoa,masarnantaeradedo-
gue. Quando, vinte anos mais tarde, já durante a Revolução,
trouxemm-me um dogue para eu tomar conta, reconheci
nele logo o meu Mycháty.4
Não lembro se ele tinha chiffes - pode ser que tives-
se pequenos -, mas lembro-me das orelhas. Com certeza
tinha rabo, de leoa, grande, pelado, forte e vivo como uma
serpente, enrolado graciosamente várias vezes em volta
das pemas imóveis feito estátua, mas de modo que da úl-
tima volta despontava um rabinho. Pés (artelhos) ele não
4 Mycháty, vem de mych, "rato" em russo.
6bl7Io, Ho H ltolll,IT He 6bljlo: tle7IOBeqecKHe M ;|ax(e
aT7IeTHtlecKIle HO" Olmpa7"Cb Ha 7Ial]bl, OIlflTb-Ta-
KH JibBHi]biHo-HoroBi,i, c KpynHi>iMH, CepbiMH xe,
ceporo pora, KorTHMH. Kor;ia oH XoHiiJi - oH cTy-
qa/I, Ho I]pH MHe oH H14Korz|a lle xoHIIJI. r7IaBHI>IMH xe
llpHMeTaMH 61,1/" Ile 7Ianl,I, He xBocT, - He aTPH6yTbl,
rjiaBHoe 6i>iJ" - rJia3a: 6eciiBeTHi]ie, 6e3pa3JimHi.ie H
6eci]OuaHHbie.fl ei`O Ho Bcero y3HaBaJia rio i`7ia3aM, H
3" r7Ia3a y3Ha7Ia 61,1 - õe3 Bcero.
HeHCTBHH He 6bi7io. OH ci4He7i, ji - cTomia. H q ei`o
- Jzio6Hna.
iio7IeTaM,Kor#aMblI]epee3Xa"HaqaTy,tiepTIle-
pee3xa7I c HaM14, BepHeri yxe oKa3blBa7Icfl - 8 Ilo7IHOH
coxpaHHoC" iiepecax(eiiHoro HepeBiia, c i(oPHHMH H
c llllo[|aMH - cl4Hjlll|MM Ha Ba7IepMmoji KpoBaTH, 8 ee
TapyccKori, y3KOH, xe7Io6oM BI,IjleTaBIIlejí 8 xacM14H
KOMHaTe, c BepTiiKaJii>HbiM XeJi060M Oi`PoMHoÍI, HMKoü
8 Hiojie, qyryHHOH iieqKH. KorHa Ha Bajiepi4imori itpo-
Ba" CMl|e7I tiepT, Ka3a7IOcb, qTO 8 I(OMHaTe BTOpafl qy-
ryH" iieqii, a KorHa He CHjieji - HyryHHaq i]eqb 8 yrJiy
Bi>irJijiHeJia HM. 06iuHMH 6biJ": MacTb - c cepo-cHHHM
iio qyryHy oTJiiiBOM jieTa, nojimifi 7ieH: iie" - JieTOM,
no[|lloTo7Iot]HI,IÍí pocT - H Ilo7IHaH Hel]oHBHmocTb.
tinha, porém também não tinha cascos: pemas humanas
e até atléticas apoiavam-se sobre patas, elas também de
leoa-alã, com umas unhas espessas, de chifi.e cinza. Elas
batiam no chão quando ele andava. Mas ele nunca andou
à minha fl.ente. 0 que mais chamava a atenção não eram
nem as patas, nem o rabo, nem os detalhes - o principal
eTam os olhos: descorados, invariáveis, impiedosos. Eu o
reconhecia antes de tudo pelos olhos, e esses olhos eu re-
conheceria mesmo sem todo o resto.
Nenhum de nós dois se mexia. Ele ficava sentado - eu
de pé. E eu o amava.
No verão, qundo nos mudávamos para a datcha, em
Tarússia, o Diabo se mudava com a gente, ou melhor, ele
já se encontrau lá - com a plena segurança de uma áwo-
re transplantada com raízes e fiutos - na cama de Valéria,
no quarto dela, apertado por causa dojasmim enrolado no
tubo vertical da enome estufa de ferro, uma esquisitice
no calor dejulho. Quando o Diabo estava sentado na cama
de Vàléria, parecia haver uma segunda estufa de ferro no
quarto e, quando ele não estava lá, a estufa do canto se pa-
recia com ele. Eles tinham em comum: a üpa com reflexos
azul-cínzadoverão;ogelototal(aestufa,noverão);aaltum
que chegava ao forro e a completa imobilidade. A estufa
iieqb CTojl7Ia TaK CMHPHO, ToqHO ee CH14Ma7IH. oHa ero
BceM CBOHM Xo7IOHHblM KOprlycoM 3aMell|a7Ia, 14 fl C
oco6oH yc7ia;ioH TaiiHoro y3HamH" npi4xHMa7iacb K
HeH CTPHxeHI,IM, ropjl"M OT 7IeTa, 3aTI,IjlltoM, qHTafl
Ba7IepHH Bc7Iyx 3allpelHeHHble MaTepblo H no9TOMy Ba-
7lepHeri pa3pellleHHI,Ie - 8 pyK14 F[aHHble - «MepTBble
ziyii"», flo KOTopbix - MepTBel|OB H ;|ym - TaK H14Kor-
jia ii He zioqi4Tajiaci., H6o 8 nocJieHHK)m CeKyHHy, Kor-
Ha BOT-BOT Ho/l)KHI,I 6bl" Ilojl814Tbcfl - H MepTBel]bl H
Z|yl" - KaK HapoqHo cJlblmaJlcfl lllar MaTepl4 (I(cTa",
oHa TaK HHKorHa 14 He Bomjla, a Bcerj]a TOJlbKo, 8 Hy)K-
HyKI MHHyTy - KaK Ilo 3aBoz|y - IlpoxoHHjla) - H jl, o6-
MHpajl oT CoBceM y)Ke Hpyl`oro -alct+6o3o cTpaxa, nHxa-
7Ia orpoMHylo KH14ry rlol| ltpoBaTI, (Ty!). A 8 c7IeHyloll|Hri
pa3, oTI]ICKaB I`7Ia3aM14 MecTo, C KOToporo luaroM MaTe-
pH 6biJia CorHaHa, o6HapyxHBa7ioci,, qTo tuc y)Ke HeT,
qTO OUU yxe OI]jlTI, OTT,exa7m BIlepe;| - Ha KaKoe-TO
MecTo, Kai( pa3 Ha To MecTO, c KOTOporo oilflTI] 6yfly
corHaHa. TaK H jio "epm6u)C ôytu HHKorHa H He zio"-
Ta7Iacb, m TorHa, m lloc7Ie, 116o HHKaKaH Mopa7II,Hajl
cTpaiiiHocTb (4)H3mecKaji yioTHocTi,) repoeB roro"
HHKorHa He coBIla]Ia Bo MHe c llpocTOH cTpalllHOTOÉ
Ha3BaHHfl: He yj|087IeTBOP117Ia 80 MHe CTpac" CTpaxa,
pa3xHraeMOH cTpalllHocTI,Io Ha3BaHHH.
estava tão empertigada como se também a estivessem re-
tratando. Ela o substituía com todo aquele seu corpo fiio, e
eu, com o deleite especial de um secreto reconhecimento,
meapertavaaela,comanucadecabeloscortados,quente
porcausadoverão,eliaemvozaltaparaValériaasAlmis
mortas, proibidas para mim por mamãe e por isso mesmo
permitidas a Vãléria - e entregues nas mãos dela. Mas os
mortos e as almas, nunca corEegui terminar de lê-1os, pois
um segundo antes que eles aparecessem - os mortos e as
almas - como que de propósito se ouviam os passos de
mamãe (pr sinal, ela nunca chegou a entrar, mas sempre,
no momento exato - como que sob o efeito de uma mola
-,elapassavaporlá)eeu,sentindo-mepetrificadaporum
outro tipo de medo, completamente diferente, um medo
t*m, enfiava o enome livro embaixo da cama (aquela!). Na
vez seguinte, ao procurar com os olhos o lugar de onde os
passos de mamãe me haviam aftigentado, descobria que
ek3snãoestavammaislá,queebsjáhaviamsemudadopara
adiante,pamalgumlugar,justamenteparaaquelelugardo
qualeu,novamente,seriaaftigentada.Assim,nur"conse-
gui terminar de ler as olmas mortfls, nem então, nem de-
pois, pois nenhum pavor moral (prazer físico) dos heróis
de Gógol nunca coincidiu, dentro de mim, com o simples
pavor do título: nunca satisfez em mim a paixão do terror
suscitada pelo espantoso do título.
...oTOPBaH" OT KH14rH, H npHXHMa7Iacb K IleqKe,
KpacHori ll|eKoü K CHHeMy qyryHy, XapKoji ll|eKofi -
K /IeHjlHOMy. Ho K IleMy - To7IbKo 8 o6pa3e lleqKH, K
HeMy - TOMy - HHKorHa. BnpoqeM, Bce Xe - Ha, HO 9TO
noTOMy t]TO Ha PyKax H qepe3 PeKy.
KyllaK>cb Hot]blo 8 oKe. He Kynalocb, a olta3I>IBaK]cb
-oHHa, Ha cepe[iHHe OKH, He qepHofi, a cepojí. M ;iaxe
He OI(a3blBalocb, a I]POCTO Cpa3y, TOHy. yxe noTOHy7Ia.
HaqHeMcHaqaJia:TOHyHacepeHHHeOKH.MKorHayxe
COBceM IIOTOHy}Ia H, KaxeTCH, yMep7Ia - 837IeT (KOTO-
pblü 3tla}m c I]epBOÉ ceKyHHI,I!) - fl - Ha pyKax, Bblco-
Ko Hafl oKoü, l'o7IOBa lloz| He6oM, H HecyT MeHfl «yTo-
117IeHHMKM>>, co6cTBeHHo - oHHH H, KOHeqHo, coBceM
He yToll7IeHI"K (yToll7leH"K - fl!), IloTOMy qTo H ero
6e3yMHo iiKi6Hm H coBceM He 6oK)ci,, H oH He cHHMÉ,
a Cepblíi, M XMycb K HeMy BceM CBO" MOKPI," ]"I]OM
M 117IaTI,eM, o6HqB 3a meD - I]o llpaBy Bcflltoro yTol]a-
IOIIlero.
H]araeM c HHM iio BOHaM, To ecTb maraeT - oH, fl
- eHy. A jipy"e («yTori7ieH"i(H}> - H" KTo? Ero rioH-
BJiac"bie) rpoMKO H paHOcTHo, r;ie-To iio;i Hii3oM -
..Arrancada do livro, apertava-me à estufa, com mi-
nha face vemelha encostada ao ferro azul, a face quente
-àquelegelo.MasaeleapenasquandoerÀfomadeestu-
fa, a ele - enquanto Diabo - nunca. Aliás, na verdade, sim,
quando pelas ondas do rio estive em seus bi.aços.
Eu me banho à noite no rio Oká. Não é que me banhe,
eumedoucontadeestarsozinha,nomeiodoOká,quenão
é preto, mas cinza. E não é que me dê conta de estar, mas
simplesmente, de repente, aflindo. Já aflindei. Comecemos
de novo: eu aftindo no meio do Oká. E, quando aflindo de
vez e - parece - morro em voo (que tt;conheço desde o pri-
meiro instante!), eu, em um abraço, estou no alto, sobre o
Oká,acabeçaencostadanocéu,elevam-me"osafogados",
emespecialumque,natumlmente,nãotemnadadeafoga-
do (a afogada sou eu!), porque eu o amo tresloucadamente
e não tenho o menor medo dele, e ele não é azul, mas cinza,
e eu me aperto a ele com todo meu rosto molhado, com
minha roupa molhada, e me agarro a seu pescoço - como
é i.egra para qualquer um que esteja se afogando.
Caminhamos, eu e ele, pelas águas, ou seja, ele ca-
minha, eu sou carregada. E os outros (os "afogados" -
ou quem, então? Seus súditos) ui-vam alto e alegre-
Bo-oK)T!M,cTyi"BHa;ipyroíí6eper-TOT,rHezioM110-
JieHOBa H HepeB" BêxoBo - oH, c pa3Maxy cTaBfl MeHq
Ha 3eM7IIO, C rpoMOBI]IM - TaK H rpoM He rpoxoqeT! -
CMexoM:
- A Koma-"6yHb Mbl c Toõofi rloxeHHMCH, qepT
803I'MH!
0,KaKMHeTorHa,8MJiafleHqecTBe,3ToHpaBH7iocb:
«qepT Bo3bMH>> - i43 ero ycT! KaK Ho rJiyõi4Hbi xHBOTa
oxHI`a7Io3ToMo7Io[|eqecTBo!rlepeHecrloBOHaM,M,KaK
caMblü o6I,IKHOBeHHblü MyxMK - H" cTyHeHT - «qepT
Bo3bMH!>>, - ToqHo oH MoxeT 3Toro õojlTI]CH - "H Xe-
7IaTb, - ToqHo el`o, H7m Me" Ha el`o pyltax, - Boo6-
ll|e MoxeT 83flTh qepT! M IIHKorHa MeHq He oMpaqH7Ia
Mblcj]b, qTO 9TO - mfl MeHfl M3 CHHCXOXHeHHjl K MO-
eMy Majio7ieTCTBy, Totiita HaH i co6cTBeHHojí identité,
qTo6bi H He oim67iaci,, qTo oH - HeÉCTBHTejibiio - oH.
HeT,oHiipocToiirpaH-8iipocTorocMepTHoro,qTo«fl
He fl H /IolllaHI, He Mojl}>.HyxHo cKa3aTb, qTo, 3a oiiiejioMJiflioiiiHM - H3 ero
ycT - «qepT Bo3bMH», caMo o6eHiaHHe «Mi,i c To6oÉ
Koma-"6yHb I]OxeHHMcfl>> Heclt07IbKO OTXOHH7IO Ha
mente, de algum lugar, embaixo d'água! E, chegando à
outra margem - aquela onde e.stá a casa de Polénov e o
vilarejo de Biókhov -, ele me coloca no chão gargalhando,
com uma risada trovejante, como nem o trovão troveja:
- Um dia eu casarei com você, com os diabos!
Ah, como eu gostava, quando criança, desse "com os
diabos!" - de seus lábios! Como eu ardia, desde o mais pro-
fundo de minhas entranhas, pela ousadia! Ele me carregou
para atravessar as águas e depois, como o mais simples
dos camponeses - ou dos estudantes -, um "com os dia-
bos!", quase como se ele pudesse ter medo dos diabos - ou
como que a desejar que pegassem a ele ou a mim em seus
braços! E nunca me perturbou o pensamento de que de-
pendesse de mim e da indulgência para com minha pouca
idade o pingo no i da éde"tité5 dele, para que eu não me
enganasse quanto ao fato de que ele era - realmente - ele.
Não, ele simplesmente brincava de ser um simples mortal,
tipo "eu não sou eu e o cavalo não é meu".
Éprecisodizerque,depoisdaqueletãosurpreendente
"com os diabos!" que seus lábios proferiram, a própria
promessa "eu casarei com você um dia" passava um pou-
5 Do francês: "identidade".
3aj]HHH iiJiaH, Ho Korzia ji, ycJiaHHBmHcb Bo3rJiacoM Bo
Bcex ero, 80 MHe, OT3ByKax, CaMa Heclt07IbKO Omxoôw-
m - o, HecTepnl"ocTb eToro Tpl4yMõa! oH, 6e3 Bcjl-
i(oÉ Moeü i]pocb6i,i, caM... OH co MHoií - iioxeiiMTcji!
Ha coBepllleHHo MOKpofi, Ma7IeHI,Kojí...
M BOT, oHHaxz|bl, He BI>IHep>KaB oz|HHOKol`o TPH-
yM¢a, yxe yrpI,13ajlcI,, HO OCTaHOBHTb lIOTOKa - He 8
CHJlax:
- MaMa! MHe ceroH" cHH7iHci .... yToriJieiiHHKH...
By;iTo o" Me" 83fl7" Ha pyKH H Hec/iH qepe3 peKy, a
TOT, r7IaBHblÉ yTorl7IellHHlt, MHe cKa3a7I: «Mbl c To6ojí
Korz|a-"6yHb iloxeHiiMcji, HepT Bo3i>Mii!}>
- Ilo3HpaB"io! - cKa3ajia MaTb. - fl Te6e BcerHa
roBoplljla!Xopomllxl|eTejíqepe3rlpollacTbI]epeBOHflT
aHreJlbl, a TaKHX, KaK TI,I...
BOHci,, qTo oHa floraHa7iacb M cefitiac Ha3oBeT H
oT" HaBel( IIpeceqeT, fl, Topoll7"Bo:
- Ho 9To, rlpaBHa, 6I,Ij" yTonjleHHHKH, caMble-co-
BepllleHHble, cHH14e...
co para o segundo plano, mas, uma vez deliciada com
todas as repercussões daquela exclamação dentro de
mim e uma vez recttpe"da --oh, como é insuportável
esse triunfo! -, ele, sem que eu lhe tivesse feito qual-
quer pedido, ele sozinho... querendo casar - comigo!
Com umazinha tão molhada, tão pequena...
E eis que uma vez, não conseguindo suportar so-
zinha o triunfo, já sentia remorsos, mas não podia me
segurar, assim como um rio na enchente:
- Mamãe! Hoje sonhei com„. os afogados... Que
eles me pegaram nos braços e me fizeram atravessar o
rio e aquele, o chefe dos afogados, disse-me: "Eu casa-
rei com você um dia, com os diabos!".
- Parabéns! - disse mamãe. - Sempre falei para
você! As crianças boas, os anjos é que as levam para lá
do abismo, mas aquelas como você...
Com medo de que ela adivinhasse e agora o cha-
masse por seu nome e com isso o fizesse desaparecer
para sempre, eu, afoita:
- Mas é verdade, eram os afogados, exatamente
como eles são, azulados...
(:,'1,,,,,,
H 8 pacnyxHyBiiiee Te7io
paKH qepHI,Ie Br"j"cb!
- M Tbi HaxoHiiiiib, qTo 3To - Jiyqiiie? - HpoHMqe-
cKM cKa3a7Ia MaTb. - KaKajl raHocTb!
Ho 6bljla y Mem c HMM, KpoMe paccKa3aHHI.Ix I]o-
BTOPHblx BCTpet], - "Ila BCTpeq, OHHa-ez|HHCTBeHHaH
- Hei]oBTopi4Bmaflcfl. Me", Kai( BcerHa, 3aMaHMBa-
ioT 8 Ba7iep"Hy TpexiipyHHyK) KOMiiaTy, Ho He oHm
i(To-To, a MHoro, - HeJibiÉ iiiemyiiiHÉ H TI>iqyuHÉ
Ilajlbl|eM Kpyl`: TyT H mll", H ABrycTa HBaHOBHa, H Bec-
Hori, C HOBori TpaBO# 803HMKaK>ll|afl CyHHyqHO-IIIBejí-
Hafl MapbH Bac"beBHa, H flpyraq Mapbq BacMJibeBHa,
c/mHOMpbi6biHcTpaHHo꒢aMH"efiCyM6y7i,HHaxe
Ta llopTHHxa, y H om KOTopo# TaK I]axHeT KacTopltoÉ
(KyMaqoM) - H Bce oHH, 8 roJloc:
- CKopeíi, MyceHbKa, cKopefi, TaM Te6fl KTo-To
XHeT...
KaKBcema,HeMHoxKoyl"pamcb,HeMHoxKoy7lbl-
6aK]cb, - MHycb. HaKOHeu Bxoxy. M - o, yxac! rlycTo.
E no corpo inchado
cravavam-se negros iagostins!6
- E você acha que isso - é melhor? - disse mamãe,
irônica. - Que nojo!
Mas, entre mim e o diabo, além dos frequentes ti-
pos de encontros, já descritos, houve um - irrepetí-
vel. Chamam-me, como sempre, do quarto de Valéria
(aquele da casa dos Três Lagos), mas não é uma pessoa
que me chama, são muitas, um grupo inteiro que sus-
surra e me faz sinal com o dedo: lá está a babá, está
Augusta lvánovna, está a costureira-bordadeira Maria
Vassílievna, que desponta na primavera junto com a
relvinha nova, e a outra Maria Vassílievna, com cara de
peixe e sobrenome gozado: Sumbul, e até mesmo aque-
la costureira que tem e exalfl cheiro de óleo de rícino
(de tecido de algodão bruto) - e todas elas, juntas:
- Venha depressa, Mússenl(a, tem alguém que está
esperando por você...
Como sempre, titubeio um pouco, sorrio um pou-
co - hesito. No final, entro. E - que horror! Está vazio.
6 Do poema "Os afogados" (1828), de Aleksándr púchkin (1799-1837).
Ha KpoBa" - HHKoro. Ero Ha iiocTeJm - HeT. OHHa
KpacHaH KOMHaTa, nojlHafl C07IHI|a H Ilbl7IH. KOMHaTa -
o;|Ha, KaK fl - o||Ha. Be3 Hero.
ocTojl6eHeB, nepexo)Ky r7Ia3aMH oT IlycTOH KpoBa-
" K xap-II"l|blHOH mHPMe (3a KOTopoH ero, HaBepHo,
HeT, H6o He 6yHeT xe oH HrpaTb 8 npflTKH!), oT ii"pMi>i
K KHHXHOMy lnKa¢y, - TaKOMy CTpaHHOMy: r;|e BMecTO
KHHr BH;]Hiiib ce6ji, H Haxe K iiii(ad)"Ky c - KaK HflHji
roBopHT -«6e3ZieJiiomKaMH», oT «6e3HeJiiomeK» i( jiBHo
nycTOMy KpacHOMy HHBaHy c nyl`o814I|aMH, BTHCHyTI>I-
MH 8 Ma7IHHOBoe Ma7IbBOBoe Mjlco aTjlaca, OT aT7Iaca
K 6e7IOH, 8 cHHlolo K7IeTKy, IleqKe, yBemaHHori ypa7II,-
ci(HM xpycTa7ieM H KOBi>iJieM... 8 TOM xe cTOJi6HflKe
iiiaraio K oKHy, H3 KOToporo Bi4;iHbi me HepeBi.H: CepI>Ie
HBbl BOKpyr 3ejleHOÍí l|epKBH, CepI,Ie HBI,I Moeri TOcltl4,
MecTOHaxoxfleHHfl i(oTopbix 8 MocKBe H Ha 3eMJie ji
Tal( H14Kor;|a H He y3HaJla 14 He llol]blTa7Iacb y3HaTI>.
C cocyll|MM qyBCTBOM: o6MaHy-y7I! - cTolo, yllep-
iiiHcb ji6oM 8 nepBi.iH Hi43KHH KBazipaT oKHa, )icry ce6e
rJla3a y;|epxHBaeMblMH c7Ie3aMH, H orlycTHB, HaKOHel|,
r7Ia3a, tlTo6bl oTIlycT14Tb, HaKOHel|, c7Ie3bl ...- Ha BaT-
HOM z|He oKHa, Me)KHy HByMfl paMaMH, 8 3e7IeHOBaTOM
Sobre a cama não há ninguém. Ele não está sobre os len-
çóis. Só há o quarto vemelho, cheio de poeira e de sol. 0
quarto sozinho, como eu - sozinha. Sem ele.
Petrificada, passeio os olhos da cama vazia ao biombo
com a estampa do pássaro de fogo (atrás da qual, é claro,
ele não pode estar, pois não iria brincar de esconde-
-esconde!), do biombo à estante dos livros, bem esquisita,
por sinal: em lugar dos livros você vê a si mesma. E ain-
da os corro ao amarinho "com os cacarecos", como diz
a babá, e dos "cacarecos" ao sofá vemelho, ele também
visivelmente vazio, com os botões afimdados na came
vermelho-malva do cetim, do cetim à estufa branca deco-
rada com uma rede de quadradinhos azuis, coroada com
o cristal e o linho dos Urais... Ainda petrificada vou até a
janela da qual se veem ciq'uelas árvores: os salgueiros cinza
emvoltadaigrejaverde,ossalgueiroscinzademinhasau-
dade, de cuja localização em Moscou e na Terra eu nunca
soube nem nunca procurei saber.
Com o sentimento de haver sido traída que me con-
some - fico imóvel com a testa encostada ao primeiro
quadradinho dajanela e meus olhos queimam de lágrimas
mal contidas e, quando os abaixo para finalmente deixar
correrem as lágrimas ..., no parapeito da janela, entre as
CTeK7Ie, KaK 8 C"PTy! - I|ejlajl POCCI>Inb KPOXOTHblx
cepblx cKaqyll|Hx, cTpamHo-Bece7II,Ix, Bep6HI,Ix, c pox-
KaMH-C-HOXKaMH, Bce OKHO IIpeBpaTHBII"X 8 BepõHylo
qepTMKOBy 6yTbl/I I,.
Bex7"Bo y7II,16HyBIIIHcl,, ItaK Ha c7IHmltoM M7IaHeH-
tlecKylo HI`PyH]Ky, 14IIOCToflB CKojlbKO Hy]KHO, qT06I,I He
o6HHeTb - He i4x, 6eccMbicJieHHo-CKaqyiiiHx H MeHji
3HaTb-He~3HaK)Il|HX, a - Toro, HeMIIOXKO yTellleHHajl,
HeMHoxKo o6HxeHHajl, 8 Iloc7Ie;|"jí pa3 IlpoBepllB
IlycTyloll|yK) I(poBaTb - Bblxo)Ky
- Hy KaK? Hy KaK? - c rpHMacaMH H y)KiiMKaMi4
HjiHH, ABrycTa 14BaHOBHa, HBe Map" BacH7ibeBHbi,
iiopTHiixa Mapm 14rHaTbeBHa H eiiie Tpi4 HaSTaj"H-
Hblx MOHalllK14, KOTopble, npll oco6blx o6cTojlTejlb-
CTBax BpeMeHH H MecTa, HHKO II|eKoqa, 3allHXHBaloT
Me" 8 Ba7iepi4HH KpacHi]iH cyHHyK 3a nepei`opoziKOH.
- HHtlero. CnacHõo. oHeHb xopomo, - jl, Hapo-
ql4TO-Me]|7IeHHO H HanpjlxeHHO-Iiel]PHHyxHeHHo
np0XoHjl CKBo3b 14x TjlHyll|Hecfl H HecMeloll|He PyKH.
(rlpoxoHjl H He rjmHjl, BH3Ky, qTo ABlycTa MBaHOBHa He
otleHb yx lIoxoxa, H y "" noqeMy-To H3 yrjla PTa BH-
CIIT fl3blK...)
duas folhas, no vidro duplo meio verde, como se conser-
vado em álcool!, um depósito inteiro de diabinhos risonhos
cinza saltitantes, terrivelmente alegres, com chiffinhos e
peminhas, que haviam transfomado ajanela inteira numa
garrafacomodiabodentro,comoadoDomingodeRamos.
Sorindo gentilmente, como diante de um brinquedo
demasiado infantil, e ficando parada o suficiente para não
ofender - não a eles, que saltitam despreocupados e nem
ligam pam mim, mas a ele -, um pouco consolada e um
pouco ofendida, saio após verificar, pela última vez, que a
cama está vazia.
- E ai'? E aí? - com caretas e zombarias dizem a babá,
Augusta lvánovna, as duas Marias Vassilievnas, a costu-
reira Maria lgnátievna e mais três ffeims-naftalinas, que,
nas devidas circunstâncias de tempo e lugar, fazendo-me
cócegas insuportáveis, me empurram no baú vemelho de
Valéria, atrás do anteparo.
- Tudo bem, obrigada, tudo em ordem - e eu passo
devagar, de propósito e aparentando desembaraço, por
seus braços estendidos, cautelosos. (Mesmo que eu passe
de uma para outra sem olhar, reparo que Augusta lvánovna
não parece mais ser ela mesma e a babá tem a língua que
pende de um lado da boca, não se sabe por quê...)
tlep"KH 8 oKHe H cTpaxo6ecl4e y HBepH He lloBTo-
pHT"cb. qTo 3To 6bl7Io? rlpocTaH 3aMeHa, oTToro qTo
caM He Mor llpHH", - H7IH HCKyc, HcllblTaHHe 83poc-
Jloc" H BepHoCTH: rlpoMeHfllo 7" jl, mlTH7IeTHfljl, ero,
HacToj]iiiero H eHHHCTBeHHoro, Ha To Bep6Hoe MHoxe-
cTBo? To ecTI,, BCTaB cnHHoÍí K rlycTOH - 1" - ItpoBa-
TH, He cTaHy J" IlonpocTy - HrpaTb?
HeT, c Hrpoíí 6biJio KomieHo! Z|i.jiBOJi Moero MJia-
HeHqecTBa MHe, CpejiH MHoro Hpyroro, ocTaBHJi 8 Ha-
cJlez|CTBo: Hell36I,IBIloe, KaK I|oroB 3eBOK, oT Bcero, qTo
14rpa: «CKy-yqHo!}>
rloqeMy qepT xi47i 8 KOMHaTe Ba7iepHH? TorF[a ji o6
9TOM He HyMaJia (a BaJiepHfl TaK HHKorHa H He y3HaJia).
9To 6i>iJio TaK xe iipocTo, KaK To, qTo ji xHBy 8 HeT-
cKori. Ilana xHBeT 8 Ka6HHeTe, 6a6ymKa Ha nopTpeTe,
MaMa Ha pojiJibHOM Ta6ypeTe, Ba7iepi4ji B EKaTepHHi4H-
cKOM HHCTi4TyTe, a tlepT - 8 i(oMHaTe BaJiepHH. TorHa
3To 6bl7I ¢aKT.
A Tellepb - 3Halo: qepT )K117I 8 KOMHaTe Ba7IepHH,
iioTOMy HTo 8 i(oMiiaTe BajiepHH, o6epHyBii"cb KHHx-
Hi,iM iiiKa¢oM, cTojiJio iipeBo n03Hamq Ho6Pa H 3Jia,
Os diabinhos na janela e a petrificação na porta
não se repetiram. 0 que terá sido aquilo? Uma simples
troca, porque ele em pessoa não tinha podido vir - ou
então, quem sabe, uma tentação, uma experiência de
maturidade e de fidelidade: eu, com cinco aninhos, te-
ria traído a ele, verdadeiro e único, por aquela multidão
de diabinhos de Páscoa? Ou seja, de pé, eu, de costas
para - sua - cama vazia, teria eu - simplória - come-
çado a brincar?
Não, chega de brincadeiras! 0 diabo de minha in-
fância, entre outras coisas, deixou-me como herança,
tão inevitável como o bocejo do alão, um "que tédio!"
para tudo o que é jogo.
Mas por que o Diabo vivia no quarto de Valéria?
Naquele tempo eu não pensava nisso (e Valéria nunca
ficou sabendo). Era tão simples como o fato de eu viver
em meu quarto de menina. Papai vivia em seu escritó-
rio, vovó no quadro com o retrato, mamãe no banqui-
nho do piano, Valéria no lnstituto Ekaten'nski e o Diabo
- no quarto de Valéria. Naquela época, isso era um fato.
Mas agora eu sei: o Diabo vivia no quarto de Valé-
ria porque no quarto de Valéria, disfarçada de estante
para livros, vivia a árvore do conhecimento do bem e
"
riJioflbi KOToporo - «fleBoqKH» JlyxMaHOBOÉ, «BOKpyr
cBeTa iia Kopii]yHe>> CTaHK>KOBHqa, «KaTaKOM6bi» EB-
reHMH Typ, «CeMeficTBo Bop-PaMeHCKHx>> H I|e7Ible
roHbi xypHaJia «PoHHHi(>> ji TaK xaHHo H ToponJ"Bo,
BHHOBaTo H HeyHepxHMo iioxHpaJia, OrJijiHbiBaflcb Ha
HBepi>, Kai( Te Ha Bora, HO HHKorHa He npeziaB cBoero
3Meji. («E)To Te6e Jlêpa HaJia?>> - «HeT, caMa 83fl7ia>>.)
qepT 8 BaJiepHHHy i(oMHaTy npHiiie7i Ha roTOBoe Me-
cTo: Moero llpecTyllJleH" - MaTepMHCKoro 3anpeTa.
Ho õiiiJio eiiie - Hpyroe. 8 BaJiepHHHOH KOMHaTe
MHOIO, HO CeMM 7IeT, TaüKOM, PblBKOM, C OI`7IflHltori M
oc7IbllllKOÉ Ha MaTb, 6bl" Ilpo"TaHbl <{EBreHHri oHe-
i`HH>>, <<Ma3eiia>>, <<PycaJiKa», «Bapi>iiii"-KpecTMiiKa>>,
<<I|blraHbl» - H IlepBI,Iía poMaH MoeH xH3" - «Anais>>.
8 ee KOMHaTe 6tm /iio6oBi,, xHJia - 7iio6oBb, - H He
do mal, e seus frutos - As me7rinfls de Lukhmánova,
A Üoltai ao muTtdo no /alcõo, de Staniukóvitch, As ccita-
cumbas, de Evguénia Tour, A/am{lta dos Bor-Rflméénskó
e assinaturas anuais completas da revista Rod7ttk7 -, eu
os devorava tão esfomeada e apressada, sentindo-me
irresistivelmente culpada e sem freios, sempre com
um olhar dirigido à porta, como se olha para Deus, mas
sem nunca trair a própria serpente. ("Foi Lioras quem
os deu para você?" "Não, eu peguei sozinha.") 0 Diabo
havia chegado no quarto de Valéria, no lugar prepara-
do para meu crime - da proibição materna.
Mas havia mais alguma coisa. No quarto de Valéria
eu li escondido e aos poucos, antes de meus sete anos,
com ouvidos e olhos atentos à chegada de mamãe, EÜ-
guéri Oriégtttn, MCLzepa, A "sscilka, A semhoritcL ccm-
poneso, Os ctgcmosg e o primeiro romance de minha
vlda - A"ts. Naquele quarto de Valéria hoüta o amor,
morava o amor, e não apenas o dela e para com ela,
} Dté`)otchkó, de Nadiejda Lukhmánova (1844-1907). Vokrug süietflna
Kórchune, de Konstantin Staniukóvitch (1843-1903). Kcitcikómby, de
Evguénia Tour, pseudônimo de Elizaveta Salias de Toumemire (1815-
1®92). Rodntk (A fmte,1882-1917), revista infantil de Petersburgo.
') Apelido de valéria.
1 Obras de púchkin.
To7ibKo ee H K iiefi, ceMHaHiia"7ieTHeH: Bce 3" aj]b6o-
Mbl, 3allHCKII, nally7", CnHPHTHqecKHe CeaHcbl, CHM-
naTHqecKHe qepH117Ia, PelleTIITOPI,I, PelleTHI]HH, Ma-
CKHPOBaH14jl 8 MapKH314 Ba3e7114HeHHe PecHHI| - HO TyT
ocTaHOBi(a: H3 rJiy6oKoro KOJioHiia KOMOHa, H3 BoPoxa
6apxaTOK, Kopa717IOB, BI>IqecaHHblx Bo7Ioc, 6yMaxcHI,Ix
l|BeTOB, Ha Me" - r7Ia3aMH r]IjlHjlT! - cepe6pflHble lIH-
JIIOJ114.
KOH¢eTKi¢ - Ho cTpamHbie, nH7iioJ" - Ho cepe-
6pjiHi.ie, cepe6pjiHbie c'beiio6Hi>ie 6ycbi, KOTopi>ie oHa
lloqeMy-To TaK xe TaHHo - 3aropa)KHBajlcl, cl"HOH H
7i6oM 8 KOMOH -rjioTajia, KaK fl -7i6oM 8 iiiKa4) -«XeM-
qyxHHbl pyccl(oH Iloo3HH>>. oF|Ha)Kz|bl MeHjl o3apIIJlo,
qTo 1114]IK)7m - jll|o814TI.Ie H qTo oHa XoqeT yMepeTI,. OT
71106BH, KOHeqHO. HOTOMy qTO eü He HaloT Bblri" 3a-
My)K - 3a Bopi4c-MBaHbitia i47m AJii>caH-Ha7iqa? Mj" 3a
CTpaTOHOBa? Mj" 3a AriHa7IOBa? IloTOMy TTo ee xoTflT
BblHaTb 3aMy)K 3a MHxaHJi-MBaHbiqa lloi(poBCKoro!
«Jlêpa, a MHe Mo)Kiio cT,ecTb TaKyK) iii47iio7iio?»
- «HeT». - «IloqeMy?>> - «TloTOMy qTo Te6e He Hy)K-
para com os seus dezessete anos, mas todos aqueles
álbuns, apontamentos, patchuli, sessões espíritas, tin-
ta simpática, preceptores, aulas particulares, máscaras
de marquesa e vaselina para os cílios - e aqui faço uma
pausa: do poço fundo da cômoda, do emaranhado de
fitinhas,de contas, de meadas de cabelos, de flores de
papel, olhavam pra mim - apontavam para mim como
olhos! - as pílulas prateadas.
Balas - pensava eu. Mas estranhas, pi'lulas pratea-
das - contas prateadas comestíveis que Valéria, não se
sabe por quê, engolia tão misteriosamente, de costas
e com a testa encostada na cômoda -, e ela as engolia
como eu engolia, com a testa encostada na cômoda,
As pérolas dfl poesta ntssa.`° Uma vez cheguei a pensar
que aquelas pílulas eram envenenadas e que ela queria
morrer. De amor, claro. Porque não a deixavam casar
com Boris lványtch ou Alsan Paltcha? Ou então com o
Stratónov? Ou com o Ainálov? Porque queriam casá-la
com Mikhail-Iványtch Pokróvski!
"Liora,possotomarumadessaspílulas?""Não.""Por
que não?" "Porque não precisa delas." "E, se eu tomar,
10 Jemtchújtmy rússkoi poezti, antologia irifantil russa do início do
século xx. (TsvETÁiEVA, 2001)
Ho>>. - <<A ecjm cbeM - fl yMpy?>> - «Bo BcjlKOM c7Iyqae,
3a6oJieemb>>. IloTOM (qTo6bi yciioKoi¢Tb "TaTe7iji) o6-
Hapyx117IOCI,, t]TO nl4jll07" - CaMI,Ie HeBMHHI,Ie, Contre
les troubles H T.H. - caMi]ie o6biqHbie 6apbim"HCKHe,
Ho HHI(aKaH IlopMajll.HocTb Kx llpHMeHeHHH He BI.ITpa-
BH7Ia H3 Mem CTpaHHOI.O 06Pa3a Xe7ITOI"I|eü M07IO-
HoÍí HeBylllKI1, TariHo Hae;|aloll|eíícq H3 KOMo;|a c7Iaz|-
i(oro jiHOBHToro Cepeõpa.
Ho lle Toj]I,Ito ee ceMHal|ua"7Ie"Íi I]o7I l|apHjl 8
9TOÊ KOMHaTe, a Bcq 7iio6oBHocTb ee riopoHi]i, nopoFibi
ee Kpaca814I|I,I-MaTepH, 7]Io6" He H3xl4BmeÊ H 3apblB-
meH ee no BceM 3T" aT7IacaM H MyapaM, HaBeK-Ilpo-
HymeHHblM H HeHapoM TaK )KapKo - Ma7IHHOBI,IM.
A He i]pMxoHi4ji 7m tlepT K caMOH BajiepHH? BeHb
OI]a-TO He 3Hajla, qTO OH KO MHe npMXO;|HT, TaK Xe H
fl Mor7Ia He 3HaTb, tlTo oH - K HeH. (BecKpoBHoe cMy-
r7ioe J"iio, orpoMHbie 3MeHHOHparoiieHHbie i`Jia3a 8
BeHI|e qepHejíml4x pecHHl|, Ma7IeHI,KHn TeMHblH cxa-
Tblfi POT, Pe3KHn HOC HaBCTpeqy I]O;|60POI|Ky, - m
vou morrer?" "De qualquer maneira, vai ficar doente."
Depois (para tranquilizar o leitor) descobriu-se que
as pílulas eram completamente inofensivas, contre les
troubles,11 etc. As pílulas mais comuns para mocinhas,
mas nenhuma normalidade no uso podia apagar para
mim a imagem estranha de uma jovem de rosto amare-
1o que se enchia secretamente com a doce prata vene-
nosa da cômoda.
Mas não era apenas seu sexo de dezessete anos que
imperava naquele quarto. Havia lá toda a amabilidade de
sua linhagem, a linhagem de sua belíssima mãel2 que não
havia teminado de viver o amor e o havia sepultado em
todos aqueles cetins e tafetás ondulados, etemamente
perfiimados e não por acaso tão fogosamente vemelhos.
Será que o Diabo não havia visitado a própria Valé-
ria? Se ela não sabia que ele vinha me ver, eu também
podia não saber que ele ia vê-la. (Rosto moreno sem
cor, enormes olhos com brilho de serpente-dragão,
coroados por cílios negríssimos, pequena boca escura
apertada, nariz arqueado para o queixo, sem naciona-
11 Do francês: "contra os incômodos" (espécie de calmante).
12 0 pai de Marina era casado pela segunda vez; aqui há referência
à primeira mulher, Varvara llováiskaia (1858-1890), mãe de Valéria.
Hal|HOHa7lbHoc", " Bo3pacTa y 9Toro 7IHI]a He 6bl7Io.
Hi4 KpacoTi,i, " HeKpacoTbi. 9To 6bi7io Jii4iio - Bejib-
Mbi.) M Bce xe - HeT. HeT, Hõo oHa iioc7ie EKaTepH-
HMHCKoro 14HC"TyTa lIOCTyl"7Ia Ha xellcKHe Kypcbl
repbe 8 Mep3"KOBCKOM IlepeyjlKe, a lloTOM 8 coH14-
aJI-Z|eMOKpaTIHecKylo llapTHlo, a rloTOM 8 yt"Te7IbHH-
1]1>1 Ko37IOBCKoü rHMHa31414, a lloTOM 8 TaHI|eBa7IbHyK>
CTy+|HIO, -BOoõll|e BCIO XH3Hb nponocmy71Clm. iiepBafl
xe npHMeTa ero 7Ilo6HMI|eB - Ilo7IHafl pa3o6II|eHHocTI,,
oTpoHjlcb H oTBcloHy - BblK7IK>qeHHocTI,.
HeT, qepT HHKaKoÍí Ba7lepHH He 3Hajl. Ho oH H
MaTepH Moeri He 3Ha7I, TaKofi onHHOKoÍí. OH Haxe He
3Ha7i, qTo y Me" ecTb MaTb. Korzia ji 6i.i7ia c HHM, fl
6biJia - ero HeBoqKa, ero qepTOBa ci4poTi4HotiKa. t]epT
8 MeHjl, KaK 8 Ty ltoMHaTy, npHIIle7I Ha roTOBoe. EMy
npocTO Hpa814jlacb KOMHaTa, TariHaq KpacHaH KOMHaTa
- H TaHHafl KpacHaji HeBoqKa 8 cTo7i6HjiKe 7iio6BH Ha
lIOpore.
HO O;|Ha Mofl BCTpeqa C H14M, KaK " CTpaHHO, rlpo-
H3ollljla qepe3 MaTb, tlepe3...
«KpacHbiíi itap6yHKyJi, -
lidade nem idade - esse rosto. Nem belo nem feio. Era
o rosto - de uma bruxa.) Porém - não. Não, porque
Valéria, depois do lnstituto Ekaten'nski, havia ingressa-
do nos cursos femininos Guerrier, no beco Merzliakóvski,
depois no partido social-democrático, depois no curso de
proféssores do Liceu Koslóvski, depois em uma escola de
dança - eh praticamente passou a vida inteira tngmssando.
Aocontiário,oprimeirioindl`ciodequeebescolheualguémé
a solidão total, sempit e em qualquer lugar - a exclusão.
Não, o Diabo não conheceu nenhuma Valéria. Mas
minha mãe também não o conheceu, embora tão solitária.
Ele nem sabia que eu tinha uma mãe. Quando eu estava
com ele, eu era a menina dek3, a orfãzinha do diabo. 0 Dia-
bo tinha vindo me ver como fora àquele quarto, para se
acomodar. Ele simplesmente gostou daquele quarto, um
quarto secreto, vermelho - e uma menina seci.eta rubra
de amor, petrificada, na soleira.
Mas um de nossos encontros, é estranho, aconte-
ceu graças a minha mãe, graças a um ...
Ca7.búnculo Üeme|ho,13
13 Krásnyi karbú7ikuL conto de Johann Peter Hebel (1760-1826)
traduzido por Vassíli Jukóvski (1783-1852) em 1816.
IlpoBo3r7IacH7Ia MaTI,. - tlTo TaKoe «KpacHbljí Kap-
6yHKy7i}>? Hy, Ti,i, AHHpioma!}> - «He 3Haio>>, - TBepj]o
oTBeTH7i oH. «Hy, tiTo Te6e KaxeTcji?» - «Hi4qero He
KaxeTcji!» -TaK Xe TBepHo oTBe"7i oH. -«Ho KaK 3To
MoxeT 6biTb, qTo6i>i HHqero He i(a3aJioci,! BcerHa - Ka-
xeTcji! H Te6e - Ka)KeTcji! Kap-6yH-Ky/i. Hy?» - «Kap-
6oJiKa?» - paBHo;iyiiiHo iipej]Jioxi4Ji AHqpioma. MaTb
To7ibKo pyKoíá MaxHy7ia. «Hy, a Ti,i, AceHi,Ka? To7ii,Ko
Bc7IylllaHCH BHHMaTe7IbHo: Kap-6yH-Ky7I. Heyxe"
Te6e HHqero He npeHCTaBJijieTcji?>> - «IIpeH-cTaB-
7"eTcji!» - c7ieri(a npeTKHyBii"ci], Ho c 6o7ibiiiHM
anJioM6oM Bi,inaJi"a ee 7iio6HMHiia. «Hy - qTo xe?»
- C CTpacTHori XaF|IIOCTblo yxBaTH7Iacb MaTI,. «T07IbKO
He 3Haio - `iTo!» - c TOH xe 6i.icTpoTOM H ari7ioM6oM
- Acjl. «Ax HeT, AceHI,Ka, Tbl, Ho7IXHo 6I,ITb, z|ericTBH-
Te7]bHO, c7IHmltoM Majla n7" TaKoro qTeH14fl. MHe 9TO
Hez|ylllKa qi4TaJI, KorHa MHe 6bi7io y)Ke ceMb 7ieT, a Te6e
To7IbKo lIHTI,». - «MaMa, MHe Toxe y)Ke ceMI,!» - Ha-
KOHeü He Bbl]|epxa7Ia jl. «Hy H HTo xe?» Ho He lloc7le-
HOBaJio - Hi4qero, iioTOMy `iTo fl y)Ke onjiTb opo6ejia.
«Hy, a no-TBoeMy, qTo TaKoe Kap6yHKy7i? KpacHbiH
i(ap6yHivJI?>> - <<Tai(oü KpacHbiíí rpa¢HH?» - ynaBmi"
ro7iocoM, o6Mi4paji oT HaHe>KHbi, ciipocHjia fl (Karaffe,
- confome exclamou mamãe. 0 que vem a ser "carbúncu-
lo vermemo'? "Diga, Andriucha!'" "Não sei", respondeu ele,
fime. "Mas lhe parece o quê?" "Não me parece mda!", disse
ele de novo, cortante. "Ora, como pode ser que não lhe pait-
ça nadâ? Sempr€ parece alguma coisa! E alguma coisa deve
parecer-lhe! Car-bún-cu-lo. E então?" "Carbônico?': propôs
Andriucha sem ligar muito. Mamãe contentou-se em sacu-
dir a mão. "E você, Ássenka? Ouça com atenção: `car-bún-
-cu-1o'. Não é possível que não üie sugira nada." "Su-ge-re!",
tropeçando um pouco, soltou com grande convicção a sua
predileta. "E ai? 0 que sugere?", insistiu mamãe, com avidez
üpaixonada "Eu só não sei o que é!", fflou Ássia, com a mes-
masolturaeamesmasegurança."Nãoénada,Ássenka,com
ceti:eza você deve ser ainda nou demais pam uma leitum
tJessas.Vovôleuissopammimquandoeujátinhaseteanose
vtx:êsótemcinco.""Mamãe,eutambémjátenhoseteanos!",
l`ülei, finalmente, sem mais me conter. "E daí?", perguntou
mamãe. Eu não continuei pois já estam de novo com ver-
gonha. "Mas, e ai', vejamos, o que você acha que é um car-
l)únculo? Carbúnculo vememo?""Tipo jarro vemelho?",
i>c`rguntei eu, em voz mais baixa, entorpecida de esperança
14 Apelido de Andrei Tsvetáiev (1890-1933), meio-irmão de Mari-
i`ii do lado patemo.
Funkeln). «HeT, Ho 67"xe. Kap6yHKy7i - 9To KpacHbifi
iiparoiieHHi,iH KaMeHb, no 6oi(aM (Kap-6yH-KyJi) - rpa-
HeHbiíá. IloHji7"?»
Bce iiiJio xopoiiio zio 3eJieHoro. KTo-To npHxoHHT
- He To 8 iiorpe6oK, He To 8 iieiiiepy. «A 3eJieHbiH y)i(
TaM, H cHflHT oH 14 KapTbl TacyeT». - «KTo TaKoÍí 3e-
7IeHI]IÍÍ? - cllpocH7Ia MaTI>, - Hy, KTo BcerHa Xoz|14T 8
3e7IeHOM, 8 OXOTHHqbeM?>> - «oXOTHHK>>, - paBHoZ|yill-
Ho cKa3a7i AHHpioiiia. «KaKoü oxoTHHK?» - HaBOHjiiHe
CIIPOC117Ia MaTb.
Fuchs, du hast die Gans gestohlen,
Gib sie wieder her!
Gib sie wieder her!
Sonst wird dich der Jaeger holen
Mit dem Schieassgewehr,
Sonst wird dich der Jaeger holen
Mit dem Schiess-ge-we-ehr! -
(Kfln#e, Ftmkeh).15 "Não, mas está chegando mais perto.
0 carbúnculo é uma pedra preciosa vermelha facetada
em seus lados (kor~bm-kul). Entenderam?"
A história que estava sendo lida ia bem até o momento
em que apareceu o Homem Verde. É alguém que chega,
não se sabe se de um porão ou se de uma gmta. "E o
Homem Verdejá estava lá, sentado, misturando as cartas."
"Quem é o Verde?", perguntou mamãe, "ora, quem é que
anda sempre com roupa verde, de caça?" "0 caçador",
disse Andriucha, indiferente. "Que caçador?", perguntou
mamãe, como querendo sugerir.
Fuchs, du hast dte Ga7ts gestohlem,
Géb ste tüteder her!
Gib sie ti)ieder her!
Sonst u)trd dich der Jaeger holen
Mtt dem S chteassgett)ehr,
So7tst u)trd dich der JaegeT ho[em
Mit dem Schtess-ge-we-ehrl6
lb Do alemão: "jarro", "brilho".
10 Lengalenga alemã para crianças: "Raposa, tu roubaste o gan-
m,/Traz ele de volta aqui!/Traz ele de volta aqui!/Senão o Caça-
doi. vai te pegar/Com a arma cospe-fogo,/Senão o Caçador vai te
P.#iir/Com a arma cospe-fogo!".
Í
C rl07IHOü roTOBHOCTI,D I]Polle7I AHqpKIIIla. «rM ...-
H HaMepeHHO MMHyH MeHfl, yme H ma% %e PByll|yHmq C
MecTa, KaK cjloBo c ycT. - Hy, a Tbl, Acjl?» - «oxoT"K,
KOTopi,i# BopyeT ryceÉ, J"cHq M 3afiiieB», - 6bicTpo
cpe3K)MiipoBa7ia ee jiio6HMHiia, Bce MJiaj]eiHecTBo
ltopMHBIIlaflcfl 117Ial`HaTaMII. «3HaqHT - tte 3HaeTe? Ho
3aqeM Xe jl BaM TorHa "Tam?}> - <KMaMa! - 8 oTtla""
iipoxpimeJia ji, BHHfl, qTo oi]a yxe 3aKpbiBaeT KHi4ry c
CaMI,IM HellpeK7IOI]Hb" M3 CBOHX 7"1|. - q - 3Halo!>> -
«Hy?» - yxe 6e3 BcjiKori cTpac" cripocH7ia MaTi>, oH-
HaKo 3aK7IaHblBafl llpaBoíi pyKori 3axjlolll,IBaHHe KH14rH.
<<3e7ieHbiíz, 9To - der Teufel!» - «Xa-xa-xa!>> - 3axox-
oTan AmpK)ma, BHe3allHo pacllpflM7Ifljlcb H cpa3y HH-
I`I|e He yMelqaflcb. «X14-xH-xH!>> - yroHj"Bo 3a/IHjlacb
3a H" Acfl. «Heqel`o cMeflTbcfl, oHa llpaBa, - cyxo
ocTaHOBma MaTi,. -Ho iioqeMy xe der Teufel, a He...
MHoqeMy9TOBcerHaTi>iBce3Haeilib,KorHaflBceMTH-
Talo?!,>
-cantou Andriucha, com total prontidão. "Mm...", e ig-
norou-me de propósito, e eu jó estava querendo pular
no lugar onde estava, assím como as palavras em meus
lábios. "E você, Ássía?", perguntou mamãe. "É o caça-
dor que rouba os gansos, as lebres e as raposas", sen-
tenciou logo, resumindo, sua predileta, que alimentou
toda sua infância de plágios. "Significa que vocês tiõo
sabem? Para que eu vou ficar lendo isso para vocês, en-
tão?" "Mamãe!", gritei eu desacorçoada, com voz fraca,
vendo que ela já ia fechando o livro com uma daquelas
expressões inflexíveis que seu rosto era capaz de to-
mar. "Eu sei, mamãe!" "E aí?", perguntou mamãe sem
nenhum entusiasmo, mas mantendo marcada com a
mão direita a página. "0 Homem Verde é - der Tewjél!",17
disse eu. "Ah, ah, ah!", riu Andriucha, endireitando-se
de repente, todo desconjuntado. "Ih, ih, ih!", imitou-o
Ássia. "Não há nada para rir, ela está certa", disse ma-
mãe secamente. "Mas por que então der Teu/el, e não...
E por que é sempre você que sabe tudo quando eu leio
para todos?!"
CX)
17 Do alemão: "o diabo".
OT 3eJieHoro H «TacyeT», a oTqac" pi oT MaMi4HOH
ropHi4qHofí Ma" KpacHOBOH, Bce po"Bmeji H3 PyK:
rloj|HOcbl, CepBH3I>I, rpa¢14Hbl - H j|axe l|e7Iblx Cy;|aKOB
Ilo;| coycaMH! HHqero He yMeBmeJi F[epxaTb 8 pyltax,
KpoMe KapT, ji i( CeMH roHaM npiicTpac"7iacb K Kap-
TaM - Ho cTpac". He 1( Hrpe, - K HHM caMHM: Ko BceM
9THM 6e3Hori4M ii HByroJioBbiM, 6e3Ho"M H oHHOpy-
KHM, Ho o6paTHo-ro7ioBbiM, H oõpaTHo-pyKi", caM"
ceõe-o6paTHi.iM, caMMM oT ce6fl oTBopoTiibiM, caMi4M
ce6e H3Homi,iM H caMi4M c co6oio He3HaKOMbiM Bi.ico-
KoriocTaB/ieHHbiM J"iiaM 6e3 MecToxHTejibcTBa, Ho c
l|eJlblM IloHHaHCTBOM o;|HOMacTHblx TpoeK H qeTBepoK.
tlTo TyT 6biJio 8 Hi4x, iiJiH, KaK Acfl - i4MH i4rpaTb, Korzia
o" caMi4 Hrpa7", caMH H 6i>i]m - Hrpa: caMHx c co6oK)
H caMHx 8 ce6fl. 9To õi,iiio iie7ioe xHBoe HeqejioBeqe-
cKoe no-rlojlcHoe nJleMjl, cTpamHo-87IacTHoe H He Co-
BceM flo6poe, 6e3HeTHoe H 6e3HeHHoe, He "ByHiee
HHrHe, KaK Ha CTOJie i4" 3a iiiHTKOM Jla[ioHH, iio TorHa
H 3aTo - c KaKoÍí cHJiofi! qTo 8 HloxHHe - HBeHaHI|aTb
Por causa do Homem Verde e por "misturar" as
cartas do baralho, um pouco também pela cozinheira
de mamãe, Macha Krasnóvaia - que deixava cair tudo o
que tinha nas mãos: bandejas, serviços de louça, jarros
e até pratos inteiros de peixe em conserva!, não con-
seguia segurar nada nas mãos, a não ser as cartas do
baralho -, eu, aos sete anos, me apaixonei pelas cartas
-perdidamente. Não pelojogo, mas pelas cartas em si:
por todas aquelas personagens sem pernas e com duas
cabeças, sem pernas e com um braço só, mas com as
cabeças viradas ao contrárío, os braços ao contrário,
i.las próprias viradas ao contrário, reviradas sobre si
mesmas, rebatidas sobre si mesmas, ignaras de si mes-
mas, fidalgas sem moradia, mas com um séquito inteiro
di. três e quatro do mesmo naípe. 0 que havia nelas,
püra quejogar cartas, ou -como Ássia -para quejogar
ctirh as cartas, quando elas mesmasjogavam, elas mes-
mas eram o jogo, delas consigo mesmas e delas em si
mi`smas? Era uma tribo inteirinha de meias pessoas não
humanas viventes, muito poderosas, e não propriamen-
t.` benévolas, sem filhos e sem avós, morando em lugar
i`t`iihum, como sobre a mesa ou além do biombo dos
(l..{Jos, mas -justamente por isso - com quanta força!
j"I|, 9TOMy Me" y`"j" - roHI,I, HO qTO 8 KaxçnoH Ma-
cTH - TP14I]a[|I|aTI. KapT H qTo Tplma;|I|aTb - qepTOBa
ziioxHHa - c 3Toro 6bi Me" He c6H7" ziaxe 8 CaMOM
COHHOM CHe. o, KaK Cpa3y fl, TaK Me;|7IeHHO ycBaHBaB-
mafl qeTbipe iipaBiiJia - ycBOHJia tieTbipe MacTH! KaK
C iiepBoro pa3a ji, H0 Cero HHH He yBepeHHaH B 3Haqe-
HMH HeenplHacTHjl H, Boo6II|e, Ha3HaqeH14H rpaMMa-
THKH, yc80117Ia 3HayeHHe Ka7KHori KapTbl: Bce 9" ]|0-
Porll, j|eHI,", C117IeTH14, BecTH, X7IOIIOTbl, MapbjlxHI,Ie
]|e7Ia H Ka3eHHI>Ie ]|oMa - 3HaqeHHe KapTbl H Ha3Haqe-
HHe KapT. Ho 6oTibiiie Bcero, F[axe 6o7ibue 6y6HOBoro
HexeHaToro Kopo7Ifl, Moero xeHHxa qepe3 HeBjlTb JleT,
iiaxe 6oJii>me iii4KOBoro KopoJiji, - rpo3Horo, TaHHo-
ro, - JlecHoro l|apji, KaK ji ero 3Ba/ia, ;iax(e 6oJii]me
tiepBOHHoro Ba7ieTa cepiiiia H 6y6HOBoro BaJieTa Ho-
Por H BecTeH (HaM fl, Boo6iiie, He jiioõii7ia, y Bcex y HHx
6bl7" 37II,Ie, X07IO;|Hble r7Ia3a, KOTOPI,IMH 0" MeHjl, KaK
3HaKOMI,Ie HaMbl - Molo MaTb, cy;|117m), 6o/lI,IIle Bcex
KOP07IeH H Ba7IeTOB fl 71106Hjla - IllIKOBI,Iri Ty3!
Ili4KOBi,iri Ty3 y Maim 6i,i7i y;iap, H yHap - 6bLn,
yHap 3aHeceHHblM qepHblM BBepx I`7IjlHjlll|HM cepH-
iieM KOHiia a7ie6apzii,i - 8 cepfliie. IIHKOBi,iH Ty3 6bi7i
Que uma dúzia são doze ovos, os anos me ensinaram,
mas que cada naipe é de treze cartas e que o treze é a
dúzia do diabo, isso não tirarão de mim, nem me hip-
notizando. Oh, com qual rapidez eu - que tinha custa-
do tanto a aprender as quatro operações - me apro-
priei dos quatro naipes! Desde a primeira vez, eu, que
até hoje não tenhocerteza do significado do gerúndio
e, de uma maneira geral, de como usar a gramática, as-
similei o significado de cada carta: todos aqueles cami-
nhos, dinheiro, fofocas, notícias, cuidados, casamen-
tos, penalidades - o significado das cartas e o uso das
cartas. Mas quem mais que todos eu amava, até mesmo
mais que o solteiro rei de ouros - meu noivo dali a nove
®nos -, mais que o rei de espadas - tem'vel, misterioso -,
ti Rei do Bosque, como eu o chamava, mais que o valete de
i`tipas, do coração, e o valete de ouros, todo ele viagens e
ntiti'cias (das damas eu não gostava, tinham uns olhos ffios
c maus, elas me julgavam como julgavam mamãe umas
diimas, nossas conhecidas), mais que todos os reis e os
viili`tesjuntos eu amava o ás de espadas!
0 ás de espadas, para Macha, era um tiro e o tiro
•m disparado por um coração negro com a ponta de
iiim alabarda revirada -no coração. 0 ás de espadas
- qepT! PI Kor;]a Ta xe Mama, cHjlB Ilo7loxeHHI,Ie MHe,
6y6HOBori, H6o He3aMy>KIleíí, naMe Ha cepHI|e KapTbl 14
0TKpblBmH IIOcjleHHIOIO, Cep;|eqHylo, CaMa nyra7Iacb:
«AH-aíí-ari, MyceHbKa, ri/ioxoe TBoe ziej]o, a iiozi ca-
MblM H1430M-TO - yz|ap! Hy, H14qero, MOxeT, ell|e HMKTO
He noMpeT - Zia KOMy H noMi4paTi.? He;iyiiiKa - iioMep-
JIH, cTaporo 6o7II>me y Hac H14Koro - 3HaqHT, MaMallla
3apyraeT Mj" OnjlTb C rycTblBallHOÍz nol|epellll,Cjl», - jl,
co BceM iipeBOcxoHCTBOM 3HaHHji, co Bcefi iierioi(oJie-
6HMocTbK) TaHHbi: «9To He y;iap, - a - cei(PeT>>. yHap
6bl7] - rlpHBeT. yF|ap no MHe npHBeTa. ynap llo MHe pa-
j]oc" H cTpaxa: jiio6BH. TaK ji, HecKo7ii,Ko JieT criycTji,
8 reHy3BCKOM Hep", HeqajlHHo 3aBHl|eB 143 oKHa ro-
cTHHHiii,i «Beau-Rivage» H Hanpa87ijiioiiierocfl K iieH:
8 Heü 3aToqeHHblM HaM c Acefi - peBojlml|HOHepa
cra - o Diabo! E, quando a Macha pôs as cartas para
mim, descobrindo, na posição do coração, a dama de
ouros (porque eu era solteira) e abrindo a última car-
ta do amor, ela assustou-se: "Ai, ai, ai, Mússenka, que
i`oisa ruim, que golpe baixo te espera, bem no fim!
Mas nada, nada, pode ser que não morra ninguém -
úe fato, quem deveria morrer? Teus avós já morreram,
não há nenhum outro velho - isso quer dizer que a
mamãe vai brigar com você ou que você brigará de
novo com Augusta lvánovna". E eu, com toda a supe-
rioridade de meu saber, com toda a firmeza do mis-
tério: "Não se trata de golpe, mas - de um segredo".
0 golpe era um cumprimento. De um cumprimento
que eu fazia. 0 golpe para mim era de felicidade e de
medo: de amor. Assim eu, alguns anos mais tarde, na
cldade de Nervi, perto de Gênova, olhando por acaso
pela janela do hotel Beau-Rivage e vendo que estava
chegando o "Tigre",18 o revolucionário, bem ali, aonde
18 Apelido de Vladisláv Kobyliánski (i876-igi9), revolucionário
russo emigrado na ltália que mantinha uma relação amorosa com
• mãe da menina Marina, Maria Mein (1868-1906), que estava em
Ncrvi tentando curar-se da tuberculose.
«"rpa», 14Cnyra7Iacb OT Pa;|OC" - TaK, qTO mBeril|ap-
cKafl 6a6ymKa, i4cnyraHHo: «Mais, qu'as-tu donc? Tu es
toute blanche! Mais, qu'as-tu donc vu?». jl, BHyTPH pTa:
«Lui».
Ha, Ty3 6i,i7i - Lui. OH, cryc"Bi"ricji Ho qepHo-
TI,I 14 COKpa"BII"ricH HO K]114Hlta. oH, C06PaBII"ficfl
8 yHap, KaK THrp - 8 Ilpl,IXoK. Ilo3xe H 3Toro CTa7Io
MHoro, iio3xe yHap c cepHHa, Ha i(oTopoM 7iexa7i, iie-
Pellle7I - 8 cepHI|e. M3HyTpl4 Me" - mejl, To7IKaH ~ Ha
Bce JleJla.
Ho 6bi7i y Meiiji, KpoMe iiHKOBoro Ty3a, eiiie oHHH
KapToqHI,I# oH, H Ha 9TOT Pa3 He OT PyccKori Mall", a
oT ;iepnTCKOH ABrycTbi MBaHOBHi,i, HenocpeHCTBeHHo
c ero 6apoHCKori poHHHbl, H y)Ke He raHaH14e, a 14rpa,
eu e Assia estávamos presas,]9 me assustei de alegria,
tanto que minha avó suíça me perguntou, espanta-
da: "Mats qu'6Ls-tu dotic? Tu es towte blanche! Mats,
qtt'as-tu donc Üu?".2° E eu, à flor dos lábios: "Lt4t".2i
Sim, o ás era - Lttt. Que havia se tornado espesso
até ficar preto e que havia se afinado até ficar lâmina.
Ele, que se preparava para o tiro como um tigre se
prepara para o salto. Depois isso também virou bem
mais, depois o tiro do coração, sobre o qualjazia, pas-
sou - ao coração. Saiu de dentro de mim, impelindo-
-me à ação.
Mas eu tinha outro Luó de papel, além do ás
de espadas, e - dessa vez - nada tinha a ver com
s russa Macha, nem com a estoniana Augusta lvá-
novna, vinda diretamente de sua pátria de barões,
e não se tratava de nenhuma adivinhação do fu-
turo, mas de um jogo, um jogo para crianças, co-
19 Trata-se da Pensão Russa, em Nervi, perto de Gênova, onde a
mãe e as duas meninas, Marina e a irmã Anastassia (Ássia), estavam
hospedadas em 1902.
20 Do francês: "Mas, afinal, o que você tem? Você está tão pálida!
0 que você viu, afinal?".
21 Do francês: "Ele".
o6II|eH3BecTHafl Z|eTCKaH Hrpa C HeMHo)KI(o ®aMlr
7ibjipHbiM Ha3BaHHeM «Der schwarze Peter)>.
Mrpa cocTojijia 8 TOM, qTo6bi c6biTb HpyroMy c pyK
nHKOBoro Ba7leTa: iiiBapI|ero iieTepa, KaK 8 CTapHHy
Coce;|y - r`OpjlqKy, a ell|e 14 HblHqe - HacMOPK: 71epe-
@cmb: Harpa;|HB, H36a814TI,cjl. CHaqa7Ia, Kor;|a KapT 14
nhecidíssimo, que tinha o nome meio familiar de Der
S chu)arze Peter.22
Parajogar era preciso passar para o outrojogador o
valete de espadas: o schtt)arze Peter, como antigamente
se passava ao vizinho a febre e ainda hoje se passa o
resfriado: trcmsmtttr: passando desse jeito você se livra
dele. No começo, quando as cartas e osjogadores eram
22 Do alemão: "o Pedro Preto". Ojogo infantil der schujarze Peter -
tal como é chamado na Alemanha - existe, na verdade, em muitos
países e pode serjogado com número variável de jogadores (até 20),
e com pequenas variantes mundo afora. (No Japão chama-se baba-
-nukt, na lnglatemi Okl ?'míd, na ltália As£no, e assim por diante.) As
cartas usadas por Marina são de um baralho normal de 52 cartas,
dito "francês". No começo do jogo, quem dá as cartas (o crupiê) es-
colhe uma do baralho e a esconde, sem que ninguém a veja. Quando
o jogo começa, todo jogador, após ter recebido as cartas que lhe ca-
liem até se exaurir o baralho, descarta os pares de cartas (dois reis,
tlois cinco, etc.) que tem m mão, jogando-os na mesa. Quem ficar
t`om o maior número de cartas na mão começa a jogar, tirando uma
(`arta (sem olhá-la) das mãos dojogador à sua esquerda: se esta fizer
par, descarta a ambas. 0 jogo continua com o jogador à sua direita,
r assim sucessivamente, até restar uma única carta sem par. Quem a
i x)ssui toma-se der scl"7arze Peter. No caso de Marina, der schu7arze
i'eter é sempre o valete de espadas. Nesse caso, no começo do jogo
tj crupiê descarta um dos outros três valetes, de modo que o valete
tle espadas não possa fazer par. 0 mais esperto, no jogo, é quem
t`onsegue ficar sem o tal valete ou. tendo-o recebido, fazer com que
Íilguém mais o pegue. Daí as expressões de alegria ou de tristeza
Íingidas (para engamr os parceiros) às quais Marina se refere.
Hrpaioiiii4x 6i,i7io MHoro, HHKaKOH Hrpi]i, co6cTBeHHo,
Ile 6I,17Io, Bcfl oHa cBOHH7Iacb K KpyroBoÍÍ MaHHIly7Ijl-
I|HH KapToqHI]IM BeepoM - H lleTepoM, Ho Korl|a, 8 Ilo-
cTeneHHoc" cyl|I,6I,I H c7Iyqajl, cTo7I oT Hrpaloll|Hx 11
Hrpaloll|lle oT qepHoro lleTepa - oqHII|ajlHcb, H oCTa-
BaJiocb - HBoe, - o, TorHa Hrpa T07ibKo H Hat"HaJiacb,
H6o TorHa Bce ;|e7Io 6bl7Io 8 7ml]e, 8 cTelle" TBepl|oKa-
MeHHoC" ero. IIpe)KHe Bcero, 9TO 6biJia HHCI|iiiiJ"Ha
HbixaHHji: He j|PorHyB BbiHecTH Ka)KHoe PemeHiie - M
IlepepellleHHe - To cxBaTblBamll|eH, To cnoxBaTblBalo-
IHeficjl, H BHOBb npoMa"Baloll|ericfl, 14 BHOBl, onoMH-
Haioii]eHcji iiapTHepoBoffi pyi(H. J]e7io 6epyiiiero 6bi7io
- We 83jiTi., HaK)iiiero - cHaTi>. Bepyiiiero - iiotiyjiTb,
;]atoiiiero - c6biTb, C6HTb zipyroro c BepHoro qyTbji,
BHyll"Tb BceM CBol¢M H3oJlraBmHMcfl Cyll|ecTBOM -
||pyroe: t]To tlepHoe- KpacHoe, a KpacHoe - tlepHoe:
IIIBapI|ero lleTepa z|epxaTI, C HeBIIHHocTm mecTepKH
6y6eH.
o,KaKaflqyz|ecHajl,MarHqecltajl,6ecTe7IecHaflHrpa:
I|ymH - C /|ymoK>, PyKH - C PyltoIO, 7IHI|a - C 7"I|OM,
Bcero - To7ibKo He i(apTi,i c KapTOH. M, KOHetiHo, 8 3TOH
muitos, praticamente ainda não haviajogo, tudo se re-
duzia a uma manipulação circular do leque de cartas
e do Peter; mas, quando, graças à intervenção da sor-
te e do acaso, a mesa ia definhando de jogadores e os
jogadores - do Peter Preto - acabavam sendo apenas
dois, oh, então ai' que se começava ajogar, isso porque,
naquele momento, tudo se concentrava no rosto, no
grau de sua impassibilidade. Em primeiro lugar, trata-
va-se de saber respírar com disciplina: tomar qualquer
decisão sem pestanejar - ou qualquer indecisão -, ora
pronto a pegar, ora a perceber. ora a largar, ora de novo
® lembrar a mão do parceiro. 0 objetivo de quem pe-
gava a carta era mõo pegá-la e de quem a passava de se
llvrar dela. Pegar com faro, passar a carta como quem
le livra de um peso, driblar o faro do outro, enganar
outro com toda a sua própria essência mentirosa: o
ue é preto é vermelho, o que é vermelho é preto: se-
rar na mão o Peter Preto com a mesma inocência de
uem segura um seis de ouros.
Oh, que jogo milagroso, mágico, incorpóreo: de
ma alma com outra alma, de uma mão com outra
ão, de um rosto com outro rosto - só não de uma
arta com outra carta. E, naturalmente, eu, que desde
14rpe fl, c MJlaz|eHqecTBa BocllHTaHHaH r7IOTaTb PacKa-
7IeHHI,Ie yrj" TaíiHI,I, 8 9Tori 14rpe MacTepoM 6bl7Ia - jl.
He 6yziy roBopi4Tb To, qero He 6biJio, i46o Bcji iie7ib
H iieHHocTb 9"x 3anHceH 8 Hx To)KHecTBeHHoC"
6blBIIleMy, 8 To)KZ|ecTBe Toro, Ilpl43Halocb, CTpaHHoro,
Ho 6bi6ue3o pe6eHKa -caMOMy ce6e. IlpocTo 6bi/io 6bi
cKa3aTb H ecTecTBeHHo 6bl7Io 6bl MHe noBepHTI,, qTo H
Moero t]epHoro HeTepa cocejiy coBceM He iioiicoBi.i-
Ba7Ia, a, Hao6opoT, - oTCTaHBa7Ia. HeT! fl 8 9Toü Hrpe
oKa3a7Iacb ero HacTOHII|eH Hotlepblo, To ecTb cTpacTb
HrpI,I, TO ecTb - TariHbl, OKa3blBa7IHcb 80 MHe C14jll,HeH
cTpac" 7iio6Bi4. 9To 6bua eiiie pa3 Moji c HiiM TaHHa,
H HHKor;|a, MoxeT 6blTb, oH TaK He qyBCTBOBaJI Me"
cBoeü, KaK KorHa H ero TaK xHTpocTHo H 6J"CTaTejib~
Ho - ciiaBa7ia - c6i,iBa7ia, eiiie pa3 Moio c Hi4M TaíãHy -
cKpblBa7Ia, 14, MoxeT 6blTb, r7laBHoe, - ell|e pa3 yMe7Ia
o6oHTHcb - Haxe 6e3 Hero. tlTo6bi Bce cKa3aTi,: i4rpa 8
schwarze Peter 6bi7ia To xe caMoe, qTo BCTpeqa c Tari-
Ho H xapKo 7lloõHMblM - Ha 7Ilol|jlx: qeM xojloHHee -
TeM ropjiqee, qeM Ha7ii,me - TeM 67"xe, qeM qy)KHee -
TeM "oee, qeM HecTepr"Mee -TeM 6jiaxeiiHee. Bezii>
a infância havia sido acostumada a engolir os carvões
ardentes do mistério, nesse jogo era mestra.
Não vou falar daquilo que não aconteceu, pois a
única finalidade, o único valor desses escritos está em
sua identidade com o passado, na coincidência consigo
mesma daquela menina, reconheço-o, esquisita, mas
que exéstú. Seria fácil dizer e seria natural para mim
acreditar que não empurrava para meu vizinho o Peter
Preto que eu tinha, mas que - pelo contrário - eu o
defendia até o fim. Não! Nesse jogo eu me revelei real-
mente como a verdadeira filha dele, ou seja: a paixão do
jogo, isto é, do mistério, revelou-se em mim mais forte
do que a paixão do amor. Tratava-se, mais uma vez, de
um segredo nosso, e quem sabe ele nunca tenha me
sentido tão sua como quando o passava - quando me
livrava dele -, astuta e lúcida, e, mais uma vez, escondia
o segredo de nós dois. Quem sabe seja isso o que mais
lmporta: uma vez maís eu conseguia me virar mesmo
Bi.m ele. Enfim, para não esconder nada: jogar schu)ar-
ze Peter era como encontrar o amado em segredo, no
meio da multidão: quanto mais você fica frio, mais você
Ürde, quanto mais longe, tanto mais perto, quanto mais
l ndiferente, tanto mais meu, quanto mais insuportável,
Korzia Acj], H AHzipioiHa, i4 Mama, H ABrycTa MBaHOBHa
- H" KOTopblx 3TO BXO;|147IO 8 Hrpy - C rl4KaHbeM H
TI,IKaHI,eM 8 xHBOT, Kalt 6ecbl KPH87Ijljlcb 14 Hocjlcb Bo-
i(pyr MeHfl, opa7": «Schwarze Peter! Schwarze Peter!>>
- fl ;|axe oTblrpaTI,cfl He Mor/Ia: Ha)r(e oz|Hori xo" 6bl
y7Ibl6Koii H3 Bcefí 3ajmBaBmeri Me" TariHoji PaHOCTH.
3aHepxaHHi>ifi aq)q)eKT pazioc" 6poca7icfl 8 pyKi4. H
Hpa7iacb. Ho 3aTo - c Bi,icoTi,i KaKori y6e)KHeHHoc",
c KaKOH qepe3-Kpaü HaiioJiHeHHoCTbm ji, jioHpaBmHCI],
pomJia HM 8 BeceJii>ie Jiiiiia: «fl - Schwarze Peter, 3aTo
Bbl - Hy-pa-KH».
Ho TaK xe TpyHiio, ec" He eliie TpyHHeü, KaK He
llpocHjlTb JIHI|oM oT llIBapl|ero lleTepa, 6I>17Io He llo-
TeMHeTb J"I];oM, Korz|a 8 pyKe, BMecTo HaBepHoro ero
- BHpyr - iiiecTepi(a 6y6eH, iiapa K y)Ke HMeH)iiieízcfl,
yBOHjlll|aH MeHjl H3 14rpl>I H qepHblM lleTepoM ocTaB-
Jmioiiiaji - Hpyroro. M n7iflcaTb BOKpyr iiiBapiie-iie-
TPHHCKoÍÍ ABlycTI,I MBaHOBHbl c llpecTyllHblM14, 143j]e-
BaTe7IbcK14MH, Ilpez|aTe7IbcKHMH KPHKaMH: «Schwarze
Peter! Schwarze Peter!>> - 6i>i;io, MoxeT 6i]iTb, eiiie
6o7IbmllM reporicTBOM (117" yc7Ia;|ofi), qeM KaMeHHblM,
a 3aTeM H flepyiiii4Mcji cTo7i6oM cTojiTi, cpeziH 6ecHyio-
uHxcH «no6eHHTe7ieH>>.
tanto mais divino. Porque, quando Assia, e Andriucha,
e Macha, e Augusta lvánovna - para os quais isto fazia
parte do jogo - gritavam para mim entre urros e pipa-
rotes na barriga, fazendo caretas como diabretes e cor-
rendo ao meu redor: "Schu)cirze Peter! Schujarze Pete`r!",
eu não podia sequer rebater, conceder-me a satisfação
de um sorriso, por toda aquela alegria secreta que me
lnundava. 0 impulso de alegria retido desembocava nas
mãos. E eu combatia. Depois da luta, porém, era do alto
dc minha convicção, de minha plenitude ilimitada, que
", lutadora, jogava sobre seus rostos felizes: "Schu]orze
Peter sou eu, e vocês são uns to-los".
Mas tão ou mais difícil do que não fazer cara alegre
PorterderschujaTzepeternamãoeranãofazercaratriste
cm lugar do provável Peter, acontecia de eu receber -
c ri`pente - um seis de ouros que, com aquele que eu já
nhu, me eliminava do jogo e alguém mais ficava com 0
cr Preto. Dançar em volta da schujarze-peter Augusta
Vlntma - com os gritos culposos de denúncia, de trai-
i): "Schu)citze Peter! Schu)a7ze Peter!" - era, provavel-
®i`ie, ainda mais heroico (ou gozoso) do que pemane-
r l't!lto um poste de pedra, e ainda por cima litigiosa, no
lti dos `Vencedores" endiabrados.
MoxeT 6biTb, fl 3Ty i4rpy paccKa3aJia c7iHinKOM 6e-
cTeJiecHo? Ho tiTo TyT 6bi7io paccKa3biBaTi,! Be;ib iieH-
cTBHfl He 6bl7Io, Bcfl Hrpa 6bl7Ia BHyTpl4. 81,17" To7Iblto
xecTbi pyK, xecT c6pacbiBaeMofi KapTi.i, BaxcHOH To7ib-
Ko, KaK iiapa: TeM, qTo ee MoxHo 6i,iJio c6pocHTb. Be3
Ko3blpeH, 6e3 cTaBOK, 6e3 83HTOK, 6e3 (caMol]eHHoc")
KOP07Ieri, HaM, Ba7IeTOB, - Wflpm, C KO]IO;|Ojí, COCTofl-
IHeri To/II,Ko 143 oHHOH KapTI,I: Hero! - KOToporo Hy>KHo
6i,i7io c6i,iTi,. Mrpa He 83jiTb xoTjiiiiaji, a oTHaTb. 8 9Toíi
Hrpe, no ee 6ecii7ioTHoc" ii cTpamHocTH, HeHCTBH-
TeJibHo 6biJio tiTo-To aHOBo, aHHOBo. y6eraHHe pyK oT
6pa2a. TaK ;ipyr Hpyry, 8 a;iy, cMejicb H Tpjicjicb, c6i,i-
BaloT ropjlll|HH yro7II,.
CMbic7i 9Tofl Hrpi>i -r7iy6oK. Bce KapTbi -iiapHbii`,
OH oziHH - ofli4H, H6o ero Hapa zio i4rpi>i - c6poii]c-
Ha. BcflKafl KapTa iio7ixHa HaH" CBOK) napy H c Hcjt
yri", IIPOCTO - Cori" CO CI|eHI,I, KaK Kpaca814Ha Hjm
aBaHTDPHCTKa, BI,IXOHflll|afl 3aMy>It, - CO CT07Ia Bcl`X
ell|e Bo3MoxHocTeH, BceMo)KHocT14, eF|HHo7114qHblx M ,
MoxeT 6blTI,,14cTopHqecKHx cyl|e6 -8 THxylo, HHKOMv
yxe He 7Ilo6onblTHylo, He Hy>KHylo 14 He cTpalllHylo c'l 11
Seráqueconteiessejogodeumjeitopordemaisima-
icrial? Mas o que havia para contar? Não havia ação, era
umjogo totalmente interior. Havia apenas os movimentos
das mãos, o gesto de descartar uma carta, que só era im-
portante se formava par com outra:justamente por isso
você podia descartá-la. Sem tripúdíos, sem apostas, sem
mnhos, sem (o valor de) reis, damas, valetes, sem cflrtfls,
Mi`t`nas com um maço feito só de uma carta: dek3! - que
•mprecisopassaradiante.Umjogoquenãoqueriapegar,
mw dar. Nesse jogo, por sua imaterialidade e estranheza,
Iiwla de fato algo de infemal, de Hades. As mãos fogem
ún (ntmtgo. Assim, no infemo, rindo e estremecendo, um
im para o outro o tição ardente.
0 significado desse jogo é profundo. Todas as car-
Íormam um par. Apenas ele é sozinho - ele está só
`ir o par dele é desfeito antes do jogo. Cada car-
!om {iue achar seu par e depois é descartada, sim-
i`t`nic sai de cena, como uma bela moça ou uma
lui.t`lra que vai se casar, sai da mesa de todas as
i iit )ssibilidades, da onipotencialidade, dos desti-
|iiulvlduais e quem sabe históricos, e passa a fazer
do umt)ntoado silencioso, que não atiça a curio-
1® ili! nlnguém e não serve para amedrontar mais
rly OTblrpaHHblx - napHI,IX KapT. iipeHoCTa87IjlH eMy -
Becb CT07I, ero - CBoeri el|HHCTBeHHOCTH.
Eii]e oHHHM BHHOM Moero HHTi4MHoro o6iiieHMH c
lleTepoM 6bl7la Hrpa «qepT-tlepT, rlol4rpaía Ha oTHaíí!»,
Mr`Pa - T07IbKO OT C7IOBa «noHrpafi>>, eMy - 14rpa, a 80-
Bce He llpocHTe7IIo, 3aBeTHylo Bell|I> KOToporo: rlallHHbl
- OqKH, MaM14HO - K07II,I|O, Mon - IlepoqHHHblri HOX,
oH - 3ai4rpaji. <<HHKaK He HHaqe, KaK qepT 3aHec! Hpi4-
BjlxH, MyceHbKa, 117IaToqeK K CTyjloBori HOXKe 14 TPH
Pa3a, Ha TaK - 6e3 Cepiiiia, 7iacKOBo: „qepT-qepT, noH-
rpari iia oTqaH, tiepT-qepT, noHrpafi F[a oT;iaH..."
cTjlHy"Íi y37IOM IuaTOK KOHI|aMH TOpqa7I, KaK flBa
pora, MaJloJleTHjlfl xe llpocHTeJII]H14I|a coMHaM6y7"-
qecKH iiiJiH7iacb iio orpoMHoÍí, jiBHo iiycTofi 3aJie, Hi4-
`Iero He Hua H Bo BceM noJloxacb H To7II>Ko rlpHroBa-
pHBaH: «tlepT-qepT, nol4rpaíí ;|a oTHari... qepT-HepT...>>
M - oTz|aBa7I, KaK pyKoÍÍ no;|aBa7I: c qHCToro lloF|3ep-
Ka7IbHMKa, r;]e T07II,KO qTO H CT07IbKO 6e3Hane]KHblx H
0qeBiiHHbix Pa3 He õbi/io HHqero, Hj" npocTo c7iyqaH-
nenhum dos pares de cartas eliminados. Concedendo a
ele a mesa toda, a ele - à unicidade dele próprio.
Outro aspecto de minha relação íntima com Peter
era a brincadeira: "Diabo-diabo, divirta-se e devolva!".23
Era uma brincadeira só por causa da palavra "divirta-
-se"; era uma brincadeira para ele, mas decerto não para
aquele que pedia para devolver as coisas com as quais
ele se divertia: os óculos de papai, o anel de mamãe, meu
canivete, e ele se entregava ao jogo. "Mas onde diabo
foram parar? Mússenka, amarre o lenço na perna da
cadeira e repita três vezes, mas docemente, assim, sem
sentimento: `Diabo-diabo, divirta-se e devolva..."
0 lenço amarrado despontava com as duas extre-
midades feito chifres, a pessoinha que era eu que pe-
dia para achar as coisas vagueava feito sonâmbula pela
grande sala evidentemente vazia, sem procurar nada,
só confiando, e apenas repetia: "Diabo-diabo, divirta-
-se e devolva! Diabo-diabo...". E ele tornava a dar, quase
estendida, a mão: da cristaleira esvaziada, onde pouco
antes e inúmeras outras vezes, infrutíferas e patentes,
nada havia; ou, simplesmente, como por acaso, uma
23 Adágio russo usado quando se perde alguma coisa, no espírito
de``SãoLonguinho,SãoLonguinho,seeuachar...,doutrêspulinhosn.
Ho pyKy 8 KapMaH - TaM! He roBopfl y)Ke o TOM, qTo
rlalle rlporla)Ky oH Bo3Bpall|a7I HenocpeHCTBeHHo Ha
Hoc, a MaMe - Ha rlaJlel|, HellpeMeHHo Ha TOT.
Ho lloqeMy xe tlepT He oTz|aBajl, KorHa noTepflHo
6bi7io Ha y"iie? A Ho" He 6bi}io, qTo6i,i npHBji3aTb! He
i( ¢oHapHOMy xe cTOJi6y! J]py"e npi4Bji3biBa7" KyF[a
rioiia7io (H, o, y)Kac! Acfl oHHaxHi,i, 3aToponjicb, Haxe
K Ko3I,efi Ho)KKe 6Hz|e!), y MeHjl xe 6I,17Io Moe 3aBeTHoe
MecTo, 3aBeTHoe Kpec7Io... Ho He HaHo llpo Kpec7Io, H6o
Bce npe]iMeTbi Hamero TpexnpyziHoro HOMa - 3aBOHjiT
HaJlél(o!
c BOHBOpeH14eM 8 I|OMe llap14XaHK14 A7II,q)OHCHHI>I
HHxoH «tlepT-tiepT, iioi4rpaH» yHJ"HiiJicfl Ha iieJibiH
KaTojlmecKHH Be)K7mBI,Iri oTpocTOK: «Saint-Antoine
de Padoue, trouvez-moi ce que j'ai perdu», tiTo 8 KOH-
TeKCTe j|aBa7Io HeqTo Hexopomee, H6o llocJle TpeTbero
qepTa, 6e3 3amiTofi H Haxe 6e3 rjioTaTejibHoro HBi4xe-
HHji, KaK iipiiiiajiHHi,iH: «Saint-Antoine de Padoue...>>
M Mou Bell|H Haxo;|H7I, KOHeqHo, tlepT, a He AHTOH14H.
(Hjl", c noHo3peH14eM: «AHTo-oH? CBjl-To-ori? Ha To
mão no bolso e pimba! Sem falar do fato de que ao papai
devolvia a coisa perdida diretamente no nariz e à ma-
mãe no dedo - infalivelmente ali onde estavam antes.
Mas por que o Diabo não devolvia a coisa perdida
tiuando a perdíamos na rua? Ora, porque não havia ne-
nhuma pema de madeim pam dar o nó! Como se poderia
tJar nó no poste de um lampião! Os outros davam nó em
tiualquerlugar(equehorror!Ássia,umavez,porestarcom
i)ressa, chegou a dar o nó num pé de cabra do bidê!). Eu, ao
contrário, tinha meu lugar secreto, uma poltrona secreta„.
mas de nada adianta falar da poltrona: todos os objetos de
nossa casa nos Três ljagos nos levariam longe!
Com a instalação em nossa casa da parisiense Al-
l.onsine Dijon, o "Diabo-diabo, divirta-se" alongou-se,
num inteiro broto católico delicado: "ScitTit-Antotne de
l'Ítdoue, trouüez-mot ce que j'cLt perdw",24 que no contex-
iti soava meio mal, porque, depois do terceiro "diabo-
-diabo", vinha sem vírgulas e mesmo sem tomar fôle-
m como que uma solda: "Sat7tt-Antotme de Padoue...".
Quem achava mtnhas coisas era - obviamente - o Dia-
ho, e não Antônio. (A babá, desconfiada: "An-tô-nio?
;'.4 Do francês: "Santo Antônio de pádua, encontre para mim o que
l,erdi".
H 4)paHiiy3HHKa, tiTo6 8 TaKoe He7io cBflToi`o MemaTi,!»)
M Zio CHx iiop He npoH3Hoiiiy TBoero cBjiToro, AHTOHHH
llaHyaHCKi4Íí, HMeHH, 6e3 Toro, t]To6i.i cpa3y 8 rjia3ax:
TopqoK 6ecoBCKoro ii7iaTKa, a 8 ymax - co6cTBeHHoe,
TaKoe ycrloK014TejlbHoe, TaKoe ycIIOKoeHHoe - ToqHO
yxe Bce HamJia, qTo Korzia-J"6o eue iioTepHio! - BoP-
KOBaHMe: «tlepT-qepT, nol4rpaH ;|a oTHaH, qepT-HepT„.»
oHHOH BeuH MHe LlepT HHKor`I|a He oT;|ajl - MeHfl.
Ho He BaJiepHHHbi Ko3HH. He MaTepi4HCMÍI «Kap-
6yHKyJi». He Maii"H i(apTex. He ocT3eücKaji Hrpa. Bce
9To 6I,17lo To7II,Ko - c7Iy>K6a cBfl3eü. C tlepTOM y Me"
6bl7Ia cBojl, npjlMajl, oTpo)KfleHHafl cBfl3b, IlpjlMori
lIPoBOF|. oHHHM H3 IlepBI,Ix TafiHblx y)KacoB H y3Kac-
HI,Ix TariH Moero z|eTCTBa (M7Iane"ecTBa) 6bl]Io: <<Bor
- qepT!>> Bor - c 6e3Mo7iBHbiM Mo7iHHeHocHbiM HeH3-
MeHHI,IM Ho6a87IeH14eM - qepT. M 3z|ecb yxe BajlepHjl
6biJia " iipH qeM - Ha H KTo ripH qeM? M 8 KaKHx 3To
- i(Hiirax H iia Kai(i4x 9To - KapTax? 9To 6biJia - fl, Bo
MHe, tieH-To ;]ap MHe - 8 Ko7ii,i6ejib. «Bor - tlepT, Bor
0 san-to? Tinha que ser uma francesa para meter um
santo nesse assunto!".) Até hoje não pronuncio o seu
santo nome, Antônio de Pádua, sem ver imediatamente
diante de meus olhos os cotos do lenço diabólico e ter
nas orelhas meu arrulhar, tão tranquilizador, tão tran-
quilizado - como se eu já tivesse encontrado aquilo
que um dia terei perdido de novo!: "Diabo-diabo, divir-
ta-se e devolva, diabo-diabo...".
Uma coisa o Diabo nunca me devolveu - a mim
mesma.
Não se tratava das intrigas da Valéria. Nem do "car-
húnculo" da mamãe. Nem das cartas de Macha. Nem
tltj jogo do Báltico. Tudo isso não passava de admi-
iiistração ordinária. 0 que existia entre mim e o Dia-
ht> era uma ligação particular, pessoal, ancestral, um
Íiti direto. Um de meus primeiros medos secretos e
iltis terríveis segredos de criança (de minha infância)
cra: "Deus-Diabo!". Deus - com o acréscimo fulmíneo,
it`udo, incomensurável: Diabo! E com isso também Va-
lt'`ria nada tinha a ver -mas quem tinha algo a ver? E em
{iuais livros, em que cartas, afinal? Tratava-se de mim,
{l;i dádiva que recebi no berço. "Deus-Diabo, Deus-Dia-
- tlepT, Bor - tlepT>>,H TaK HecqeTHoe tiHCJio Pa3, Xo-
7IO;|efl OT KOH|yHCTBa 14 He MOxa OCTaH0814Tbcjl, IIOKa
He OCTaHOBHTcfl MI,IC7IeHHblri jl3blK. «HaH, rocHOHH,
qTo6i,i H He Mo7iHJiaci>: Bor - qepT>>, - ii KaK c iieiiH
copBaBmHcb, HopBaBii"ci>: «Bor - tlepT! Bor - qepT!
Bor -tlepT!» -H, o6paTHo, mecTI,IM HOMepoM raHOHa:
«tlepT - Bor! tlepT - Bor! tlepT - Bor!» - iio JiezijiHoÍI
K7iaBi4aType co6cTBeHHoro ciiHHiioro xpe6Ta H cTpaxa.
Me7Kziy BoroM H tlepTOM He 6i,i7io " Ma7ieÉmeü
ll|e7m - qT06bl BBec" 807110, HH Ma7Ierimero OTCTO-
jlHHjl, qToõbl yclleTb BBecTH, KaK na7Iel|, co3HaH14e H
3T14M rlpeHOTBpa"Tb 3Ty y)KacHylo cpall|eHHocTb. Bor,
H3 KOTOporo Bbl7IeTa7I qepT, qepT, KOTOpblri Bpe3a7Icfl
8 <<Bor», KOHeqHoe r (x) KOToporo y)Ke 6i,ijio - q. (0,
ec7" 61,1 jl Torz|a j|ora||ajlacb, BMecBTo Koll|yHCTBeH-
Horo «Bor - t]epT>> - «Hor - qepT>>, oT cKOJibKHx 6ec-
rio7ie3Hbix Tep3aHi4Íl ji 6bi7ia 6bi H36aBJieHa!) 0, BoxHe
HaKa3aH14e H Tep3aH14e, TbMa ErHrleTCKafl!
bo, Deus-Diabo", e assim inúmeras vezes, enregelada
pelo sacrilégio, e sem poder parar até que não parasse
a língua mental. "Permita, Deus, que eu não reze: Deus-
-Diabo", e, como desvencilhada de correntes, esfolhan-
do-me, atingindo o almejado: "Deus-Diabo! Deus-Dia-
bo!" e, ao contrário, como o número seis do Hanon:25
"Diabo-Deus! Diabo-Deus! Diabo~Deus!", sobre o tecla-
do gelado de minha espinha dorsal e do medo.
Entre Deus e Diabo não havia a menor fissura para
levar para dentro a vontade, nem o menor interstício
para fazer entrar, como um dedo, a consciência e, com
lsso, prevenir essa terrível fusão. Deus, do qual levan-
iava voo o Diabo, o Diabo que se enganchava em "Bog",
em que o g üh)26 final já soava como tch.27 (Oh, se eu
adivinhasse, então, que em lugar do sacn'lego "Deus-
-Diabo" se tratava, na verdade, de "Dog-Diabo",28 de
quantos inúteis tomentos eu teria sido poupada!) Oh,
castigo e tormento divino, trevas egípcias!
Z5 Trata-se do exercício Hanon n°6 para piano.
26 "Deus", em russo, é Bog (pronuncia-se bokh).
27 De tchort, "diabo" em russo.
28 Dog (pronuncia-se dok) é o termo russo que designa o cão
•lao, um dogue, e ao mesmo tempo é uma quase homofonia de Bog,
"Deus" em russo.
A - MoxeT 6i,iTi, - iipoiiie, MoxeT 6i,iTi,, oTpo)KHeH-
HaH n03TOBa CorlocTaBHTe7lI,HaH - npoTHBOIIOCTa814-
Te7IbHafl - CTpacTb - H CK7laH, Ta Xe Hrpa, 8 KOTOpylo
H 8 HeTCTBe TaK 7IK16Híla HrpaTI,: qepHoro H 6ejloro He
noKynariTe, F[a H HeT He roBopHTe, To7IbKo Hao6opoT:
TOJii>i(O zia - HeT, qepHoe - õe7ioe, H - Bce, Bor - qepT.
Korzia fl, oHHHHaiiiia" JieT, 8 Jlo3aHHe, Ha cBoefl
llepBoÍí 14 eF|14HCTBeHHofí HacTojlll|eíI HcnoBeflH pac-
cKasa7ia o6 3TOM KaToj"qeci(oMy cBjiiiieHHHi(y - He-
BHflHMOMy H TaK IIOTOM 14 He y814z|eHHOMy - oH, Bep-
Heü TOT, 3a qepHOH pellleTKoÍZ, Te tlepHble r7Ia3a H3-3a
qepHOH peiiieTKH cKa3a7" MHe:
- Mais, petite Slave, c'est une des plus banales
tentations du Démon! - 3a6biBafl, qTo eMy-To, TepTOMy
H MaTepoMy, - «banale», a MHe - KaKOBo?
Ho Ho BTOH IlepBOH HcnoBe;|14 - 8 `Iy>Kori l|epKBH,
8 tlyx(ori cTpaHe, Ha qyxoM jl3I,IKe - 6bl7Ia nepBaH npa-
BOC7IaBHajl, qecTI, qecTblo, CeM117IeTHflfl, 8 MOCKOBCKori
yHHBepcHTeTCKori l|epKBH, y 3HaKOMoro CBjlll|el]HHKa
OTHa, «npoõeccopa aKaiieMMi4».
Mas pode ser - mais simplesmente -, quem sabe,
a paixão congênita que o poeta tem de comparar, de
querer opor, sua obsessão por antepor, semelhan-
te àquele jogo que eu tanto gostava de jogar quando
criança: não comprar preto e branco, não falar sim e
não, mas apenas os contrários, apenas sim-não, preto-
-branco, eu-todos, Deus~Diabo.
Quando, aos onze anos, em Lausanne, em minha pri-
meira e única confissão sincera, contei isso a um padre
católico, invisi'vel e depois também não mais visto, ele, ou
melhor, aquele que estava atrás da grade preta, ou aque-
les olhos pretos atrás da grade preta me disseram:
- "M6ris, petite Sküe, c'est me des plus bamks te"tci-
tions dw Démon!'29 - esquecendo que "bfl7iak" ela podia
pareceraele,inveteradoegasto,masparamim,eraoquê?
Mas, antes dessa primeira confissão - numa igre-
ja estrangeira, num pai's estrangeiro, numa língua es-
trangeira -, houve uma primeira ortodoxa, conforme
• regra, quando eu tinha sete anos, na capela da Uni-
versidade de Moscou, com um padre amigo de papai e
"professor da academia".
29 Do francês: "Mas, pequena eslava, essa é uma das mais banais
tcntações do Demo!".
<<A 9TOT py6Jib Ti>i iiocJie HciioBeziH oTHamb 6a-
TiomKe.„» y Me" 8 xH3" 8 pyKe He 6bi7io py6", "
cBoero, m qyxoro, a ec" Ha 6eHHyio Me;iHyK) oHHy
KoneííKy F[aioT y ByxTeeBa HBa HPMca, To cKo7ibKo xe
Ha cepe6pjlHblH py67Ib? M He To7IbKo HPHcoB, a KHH-
xeK, BpoHe «AKcloTKa-HjlHbKa» H7" «Ma7IeHI,KHri 6a-
pa6aHiiii4K}> (2 i(on.). M 9To Bcê, i4 HPHcbi M AKCK>TOK, H,
3a CBOK] Xe HenpHjlTHOCTb C rpexaMH, C yTaHKori rpe-
XOB - H60 He Mory Xe H PaccKa3I,lBaTb llalll4HOMy lIPH-
Í"tlHOMy 3HaKOMOMy 14 3aBeHOMo pacnoJloxeHHOMy
Ko MHe aKa-He-Mi4-Ky, qTo ji roBopm «Bor - tlepT»? M
qTo xo)Ky K Ba7IepH14 8 KOMHaTy Ha CBHl|aH14e K ro7IOMy
zioI`y? M tlTo, Kor;ia-"6yzii„ Ha 9TOM roJioM ;iore -TOM
r7IaBHOM yToll7IeHHHKe - xeHlocI>? - MTaK, 3a cBolo xe
cMepTHylo onacHocTb, a MoxeT 6I,ITb, Ha3Ke - cMepTb
(<<OHHa HeBoqKa Ha i4ciioBeF[H yTaHJia rpex H Ha HpyroH
HeHb, KorHa rl0F[XoHi4Jia K iipHqacTHio, yna7ia MepT-
Bafl„.>>), ||oJIXHa oTflaTb -Cpa3y Bce, caMa no7IoxHTI> 8
pyKy «aKa-zie-MH-Ky>>?!
x07IOZ|Hblji HOBI,IH Kpyr7IblH, KaK Hy7Ib - 1107IHblri,
py67II, KaK 3y6aMM Bpe3a7lcfl oTTot]eHHblM cBOHM Kpa-
"Eesterublovocêvaidá-loaopadre,depoisdaconfis-
são..." Eujamais tivera em mãos um mblo em minha vida,
nem meu nem de ninguém, e, se davam duas balas ao lei-
te, no Bukhtéiev, por um copeque de cobre, o que eu não
teria podido comprar com um rublo de prata? Não apenas
balas, mas livrinhos, do tipo Aksiútka, a bcibd ou 0 pequetio
tocadoi. de tcmbo7€° (2 copeques). E tudo isso, balas e Ak-
slútkas, eu o trocava pelo incômodo dos meus pecados,
pelo ocultamento dos pecados - isso porque não podia
decerto contar ao amigo ilustre de papai e respeitável
•-ca-dê-mi-co bem-disposto para comigo que eu dizia
"Deus-Diabo", não é? E que eu ia ao quarto de Valéria para
encontrar um dog alão nu! E que, mais cedo ou mais tar-
de, com este alão nu - o chefe dos afogados - eu iria me
Casar! E assim, pelo perigo mortal que me ameaçava, ou
quem sabe a própria morte ("uma menina, durante a con-
fissão, escondeu um pecado e no dia seguinte, quando ia
comungar,caiumorta...'),eutinhaqueentregarlogotudo,
colocá-lo eu mesma nas mãos do "aca-dê-mi-co"?!
Frio, novo, redondo feito um zero - cheio, o rublo
como que com os dentes aflmdava sua borda afiada na
30 Conto de Klávdia Lukachévitch (1859-1931).
eM 8 pyKy, CxaTyK> Z|7Ijl BepHOC" 8 Ky7IaK, H jl BCIO HC-
rloBe;|I, KaK HoraM14 IlpocTojl7Ia Ha o;|HOM - He j|aM! H
;]a7Ia TorlbKo 8 noc7IeHHK)Io ceKyHHy, coBceM y)Ke yHHH,
C BeJ"qaííll"M yc14J"eM H Hac14J"eM, 14 BOBce He llo-
TOMy qTo - ii7ioxo, a i43 cTpaxa: a B;ipyr 6aTmiiiKa noro-
HHTcfl 3a MHori qepe3 BCIO I|epKOBb? Heqero roBOPHTI,,
qTo MHe, 3aHjlTori py67IeM, H 8 ro7IOBy He llpl4m7Io oc-
BeF[oM14Tb 6a"lmKy o Mol4x qepHI,Ix, cepl,Ix ;|e7Iax. Ba-
TioiiiKa cnpaiimBa7i - fl oTBeqaúia. A oTKyHa eMy 6blJio
3HaTb, uTo mcl7{oe Hy)KHo cllpocHTb: «He roBoPHIIII, j"
Tbi, Haiipi4Mep, Bor - qepT?>>
9Toi.o He Cnpoci47i, ciipocHji -;ipyroe. IlepBbiM ero
BonpocoM, iiepBi>iM BonpocoM MoeH HciioBeHH 6biJio:
«Ti.i qepTbixaemi>cji?>> He noHjiB i4 cH7ibHo yji3BJieHHafl
8 CBoeM CaM07lIOõ" IIP113HaHHO yMHOÍÍ ;|eBotlKH, jl,
He 6e3 3aiiocqHBocTH: «Z|a, BcerHa». - «AÍZ-aíí-aH, KaK
cTblHHo! - cKa3a7I 6aTlolllKa, co6o7Ie3Hyloll|e Kaqafl ro-
7ioBOH. - A eiiie jiotii, TaKi4x xopomHx 6oro6oji3HeHiii,ix

Continue navegando