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Devido processo legal

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MÓDULO 1: PRINCÍPIOS DAS CIÊNCIAS 
CRIMINAIS 
 
TEMA 1 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
EXPLÍCITOS I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Conceito 
 
Com previsão expressa no art. 5º, LIV, da Constituição Federal, ao lado da Dignidade da Pessoa 
Humana, o Devido Processo Legal é um princípio regente, de valor pré-constituinte e hierarquia 
supraconstitucional, igualmente sustentáculo da efetividade das propostas do Estado 
Democrático de Direito, garantindo que a prestação jurisdicional somente se concretize mediante 
o respeito de regras instrumentais previamente estabelecidas, distante das quais ninguém 
poderá sofrer sanção penal. Em outras palavras, o devido processo legal exige respeito aos 
mecanismos procedimentais fixados, somente em razão dos quais o Estado pode conferir a cada 
um o que merece. 
 
Depreende-se, pois, que o Devido Processo Legal possui dois aspectos: 
 
a) Substantivo = voltado ao direito penal material, assegurando respeito a legalidade, a 
anterioridade, a irretroatividade, a proporcionalidade, a individualização, a vedação 
contra dupla punição e todos os demais; 
b) Procedimental = de ordem processual penal, referente aos instrumentos necessários à 
formação da culpa, tendo como corolários a ampla defesa, a contraditório, o juiz natural, 
e todos os outros princípios processuais penais. 
 
Com efeito, denota-se que o devido processo legal é sustentáculo para todos os demais 
princípios norteadores penais e processuais penais, reclamando sua observância e fiel 
cumprimento, como instrumentos de garantia da prestação jurisdicional. 
 
Por fim, acerca da terminologia empregada, é certo que o devido processo legal deve ser 
observado por todos os ramos do direito processual e, em se tratando da seara penal, inexiste 
motivos para se conferir designação distinta1, porquanto obviamente voltada 
ao processo penal. 
 
 
1 Nesse sentido Rogério Lauria Tucci opta por denominar como Devido Processo Penal (Direitos e Garantias Individuais no processo 
penal brasileiro, 3 ed, São Paulo:RT, 2009, p.57-64) 
 Aula II – Devido Processo Legal 
 
Aspectos criminais 
 
Sob o viés substancial, o devido processo penal impõe o respeito ao princípio da legalidade, 
assegurando que ninguém responda por algo desprovido de previsão legal, ainda garantindo que 
a tipificação das condutas seja compreensível por todo o cidadão, como forma de orientar seus 
comportamentos futuros dentro da licitude, sem margem para arbitrariedades e autoritarismos 
pelo Estado, imperativos consubstanciados através da taxatividade, anterioridade e 
irretroatividade da lei penal. 
 
Do mesmo modo, ilide a responsabilidade penal objetiva, a padronização das penas e a dupla 
punição pelo mesmo fato, exigindo a efetiva demonstração da presença de dolo ou culpa pelo 
acusado, somente mediante a qual restará justificada a aplicação da sanção penal, respectiva 
ao mal perpetrado, inclusive de forma direcionada à pessoa do infrator, respeitando, portanto, a 
culpabilidade, a proporcionalidade e a individualização da pena. 
 
Aspectos Processuais 
 
Sob o prisma procedimental, o devido processo penal se revela através das diversas garantias 
conferidas ao acusado, durante a persecução penal, para que desempenha sua defesa, diante 
de um juízo imparcial, contemplando, portanto, o contraditório, a ampla defesa, a publicidade, o 
juiz natural e imparcial. 
 
O mesmo se observa durante a execução penal, onde o Judiciário segue gerindo o cumprimento 
da reprimenda pelo sentenciado, ao qual são garantidos todos os mecanismos de defesa. 
 
Por certo, a execução penal integra a atividade jurisdicional, cabendo ao magistrado fiscalizar e 
conduzir a concretização da pretensão punitiva, permitindo ao executado formular pedidos ou 
defender-se em procedimento disciplinar. 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
NUCCI, Guilherme de Souza, Princípios Constitucionais Penais e Processuais Penais. 4. ed. Rio 
de janeiro: Forense, 2015 – págs. 62 a 65; 
 
 
 
 
NUCCI, Guilherme de Souza, Código de Processo Penal Comentado. 15. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2016 – nota 1 do art. 1º; 
 
NUCCI, Guilherme de Souza, Curso de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2017. Vol. 1, 
págs. 68 a 70.

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