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Devido Processo Legal

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Devido Processo Legal
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Com previsão expressa no art. 5º, LIV, da Constituição Federal, ao lado da Dignidade da Pessoa Humana, o Devido Processo Legal é um princípio regente, de valor pré-constituinte e hierarquia supraconstitucional, igualmente sustentáculo da efetividade das propostas do Estado Democrático de Direito, garantindo que a prestação jurisdicional somente se concretize mediante o respeito de regras instrumentais previamente estabelecidas, distante das quais ninguém poderá sofrer sanção penal. Em outras palavras, o devido processo legal exige respeito aos mecanismos procedimentais fixados, somente em razão dos quais o Estado pode conferir a cada um o que merece.
Depreende-se, pois, que o Devido Processo Legal possui dois aspectos:
A. Substantivo = voltado ao direito penal material, assegurando respeito a legalidade, a anterioridade, a irretroatividade, a proporcionalidade, a individualização, a vedação contra dupla punição e todos os demais;
B. Procedimental = de ordem processual penal, referente aos instrumentos necessários à formação da culpa, tendo como corolários a ampla defesa, a contraditório, o juiz natural, e todos os outros princípios processuais penais.
Com efeito, denota-se que o devido processo legal é sustentáculo para todos os demais princípios norteadores penais e processuais penais, reclamando sua observância e fiel cumprimento, como instrumentos de garantia da prestação jurisdicional.
Por fim, acerca da terminologia empregada, é certo que o devido processo legal deve ser observado por todos os ramos do direito processual e, em se tratando da seara penal, inexiste motivos para se conferir designação distinta¹, porquanto obviamente voltada ao processo penal.  
 
 
Aspectos criminais
Sob o viés substancial, o devido processo penal impõe o respeito ao princípio da legalidade, assegurando que ninguém responda por algo desprovido de previsão legal, ainda garantindo que a tipificação das condutas seja compreensível por todo o cidadão, como forma de orientar seus comportamentos futuros dentro da licitude, sem margem para arbitrariedades e autoritarismos pelo Estado, imperativos consubstanciados através da taxatividade, anterioridade e irretroatividade da lei penal.
Do mesmo modo, ilide a responsabilidade penal objetiva, a padronização das penas e a dupla punição pelo mesmo fato, exigindo a efetiva demonstração da presença de dolo ou culpa pelo acusado, somente mediante a qual restará justificada a aplicação da sanção penal, respectiva ao mal perpetrado, inclusive de forma direcionada à pessoa do infrator, respeitando, portanto, a culpabilidade, a proporcionalidade e a individualização da pena.
 
 
Aspectos Processuais
Sob o prisma procedimental, o devido processo penal se revela através das diversas garantias conferidas ao acusado, durante a persecução penal, para que desempenha sua defesa, diante de um juízo imparcial, contemplando, portanto, o contraditório, a ampla defesa, a publicidade, o juiz natural e imparcial.
O mesmo se observa durante a execução penal, onde o Judiciário segue gerindo o cumprimento da reprimenda pelo sentenciado, ao qual são garantidos todos os mecanismos de defesa.
Por certo, a execução penal integra a atividade jurisdicional, cabendo ao magistrado fiscalizar e conduzir a concretização da pretensão punitiva, permitindo ao executado formular pedidos ou defender-se em procedimento disciplinar.  
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1 - Nesse sentido Rogério Lauria Tucci opta por denominar como Devido Processo Penal (Direitos e Garantias Individuais no processo penal brasileiro, 3 ed, São Paulo:RT, 2009, p. 57-64) 
  
  
Leitura Complementar
NUCCI, Guilherme de Souza, Princípios Constitucionais Penais e Processuais Penais. 4. ed. Rio de janeiro: Forense, 2015 - págs. 62 a 65;
NUCCI, Guilherme de Souza, Código de Processo Penal Comentado. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016 - nota 1 do art. 1º;
NUCCI, Guilherme de Souza, Curso de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2017. Vol. 1, págs. 68 a 70.

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