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A Avaliação do Desenvolvimento Socioeconómico, MANUAL TÉCNICO II: Métodos e Técnicas A Análise da Informação: SWOT A Análise da Informação Análise input-output Modelos Econométricos Análise de Regressão Técnicas experimentais e quasi-experimentais Inquéritos Delphi SWOT SWOT Descrição da técnica O objectivo da técnica Circunstâncias em que se aplica Os principais passos da sua implementação Pontos fortes e limitações da abordagem Bibliografia Palavras-chave Descrição da ferramenta A análise SWOT (strengths, weaknesses, opportunities and threats – forças, fraquezas, oportunidades e ameaças) foi desenvolvida há 50 anos para ajudar as empresas a definir as suas estratégias em contextos oscilantes e competitivos. Esta ferramenta de apoio a tomada de decisão deve o seu nome ao facto de examinar os pontos fortes e fracos de uma empresa, bem como as oportunidades e as ameaças do mercado envolvente em que esta se posiciona. É uma das ferramentas clássicas de análise estratégica, tal como a matriz BCG, do Boston Consulting Group que lhe da o nome, similar em alguns aspectos. As autoridades municipais e regionais estiveram entre as primeiras entidades públicas que usaram a análise SWOT nos anos 80, servindo de enquadramento para reflexão sobre diferentes cenários de desenvolvimento. A ferramenta é hoje frequentemente utilizada enquanto componente de exercícios de planeamento e da avaliação ex-ante de programas de desenvolvimento regional. Caixa Exemplo: Avaliação prévia do plano do Objectivo 6 na Suécia Caixa Exemplo 1: Uso da Análise SWOT para efeitos de programação (ex-ante e intercalar) Caixa: Exemplo: Avaliação prévia do plano do Objectivo 6 na Suécia A análise SWOT foi aplicada na concepção do plano de desenvolvimento regional do Objectivo 6 na Suécia. Os resultados obtidos através deste método salientaram as características ambientais, estruturais e demográficas da região. A identificação das estratégias e prioridades, bem como a formulação do plano de acção foram subsequentemente efectuadas com base nos principais factores identificados através da análise SWOT. Estes podem ser resumidos da seguinte forma: Forças/Pontos fortes: Grandes reservas naturais, recursos naturais consideráveis. Fraquezas/Pontos fracos: Região isolada com baixa densidade populacional; A Avaliação do Desenvolvimento Socioeconómico, MANUAL TÉCNICO II: Métodos e Técnicas A Análise da Informação: SWOT vulnerabilidade a flutuações económicas e nos orçamentos públicos; debilidades estruturais das empresas. Oportunidades: Turismo, qualidade dos recursos florestais, produção em aquacultura; prospecção e exploração mineira. Ameaças: Perda de população; falta de postos de trabalho. Esta análise baseada na análise dos dados socioeconómicos regionais levou a conclusões consideradas pelos gestores, como sendo relevantes o seu planeamento estratégico. Foi reconhecida a sua utilidade para justificar as escolhas feitas no quadro do Plano de Desenvolvimento Regional. Fonte: Prior appraisal of the regional development plan for the Objective 6 region of Sweden, Nordland Research Institute, Bodo, June 95. Caixa: Exemplo 1: Uso da Análise SWOT para efeitos de programação (ex-ante e intercalar) Em regiões apoiadas pelos Fundos Estruturais, a análise das suas principais forças e fraqueza é essencial antes de conceber o Documento Único de Programação (DUP), ou Programa Operacional. A realização de uma análise SWOT permite à Autoridade Pública responsável identificar as áreas em que os recursos devem ser concentrados. Para este efeito, os indicadores de contexto são úteis, dado que descrevem a situação actual de uma região (ou sector) e a sua evolução ao longo do tempo. Assim, a recolha de dados de base deve partir de diferentes fontes de informação. Apesar da análise SWOT ex-ante se basear no uso dos dados de base, numa fase intercalar, a SWOT deverá ser revista e actualizada para assegurar que o programa ainda é relevante e que está centrado nas áreas mais adequadas, de modo a cumprir com os objectivos previamente definidos para a região. A mesma informação deve ser recolhida no sentido de analisar se ocorreram mudanças na região. Um exemplo da aplicação deste processo pode ser visto no contexto do Programa de Desenvolvimento das West Midlands (Objectivo 2). Antes de conceber o Documento Único de Programação (e fazendo igualmente parte dele), foi realizada uma análise SWOT da região. A SWOT foi dividida em Questões Estratégicas, a Evidência de Base e as Implicações Estratégicas (ou acção/intervenção necessária). Uma das componentes da avaliação intercalar do programa consistia na actualização da SWOT e em determinar se esta e, portanto, o DUP eram ainda relevantes para as necessidades da região. A análise dos dados relativos às principais tendências na região revelou que houve poucas mudanças. O objectivo da ferramenta O objectivo da análise SWOT consiste em incorporar nas reflexões sobre um programa socioeconómico tanto as características intrínsecas do território em questão como os factores determinantes no ambiente em que o programa será implementado. A ferramenta destina-se a reduzir as áreas de incerteza relacionadas com a implementação de um projecto ou medida aplicável ao respectivo território. Permite a definição de uma estratégia relevante para o contexto em que a acção terá lugar. Assim, os objectivos da ferramenta são: salientar os factores dominantes e determinantes, tanto internamente como externamente ao território, que poderão influenciar o sucesso do projecto, e; A Avaliação do Desenvolvimento Socioeconómico, MANUAL TÉCNICO II: Métodos e Técnicas A Análise da Informação: SWOT produzir orientações estratégicas relevantes, aliando o projecto ao seu contexto específico. A análise SWOT pode ser alargada por meio de ferramentas similares às que são conhecidas ao nível da "gestão de carteiras / portfolios", tais como a matriz BCG, para examinar a validade de uma estratégia proposta ou em execução, e recomendar mudanças quando tal se considerar relevante. A classificação das diferentes possibilidades tem em conta a sua viabilidade (activos disponíveis internamente = forças e fraquezas) e o seu potencial (aspectos relativos ao ambiente externo = oportunidades e ameaças). A utilidade destas ferramentas em processos de avaliação reside na sua capacidade de conceber uma imagem sistemática das relações entre o programa avaliado e o seu ambiente externo. Circunstâncias em que se aplica Desenvolvidas há cerca de vinte anos por especialistas em gestão no sector privado, as ferramentas estratégicas para a tomada de decisão, tais como a SWOT, são hoje usadas na reflexão estratégica ao nível das políticas públicas. Inicialmente criadas em termos de produtos, clientes, mercados e vantagens competitivas, o seu uso alargou- se actualmente a localidades, cidades e regiões, num contexto em que as políticas dedicadas a estes territórios visam também a criação de vantagens competitivas. As noções de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças podem aplicar-se a uma economia regional no quadro da competitividade a nível nacional, europeu e global. A análise SWOT ajuda a identificar as linhas de orientação estratégica mais relevantes em relação ao desenvolvimento socioeconómico. O uso da ferramenta é, assim, particularmente útil no planeamento de um programa e durante a sua avaliação ex- ante, dado que poderá ajudar a melhorar a integração do programa no seu contexto. A análise SWOT também poderá servir de ferramenta de gestão para a análise da relevância de uma estratégia durante a sua fase de implementação. Apesar das análises SWOT terem sido desenvolvidas na fase de concepção do programa, éaconselhável revê-las regularmente e, sobretudo, na fase da avaliação intercalar, para que se possa ter em conta os últimos dados disponíveis e assegurar de que as linhas de orientação estratégica se mantêm relevantes. No contexto do período de programação dos Fundos Estruturais de 2000-2006, o uso da análise SWOT é um requisito consagrado nos regulamentos da UE, tanto nos Programas Operacionais como na avaliação intercalar. Os principais passos da sua implementação A implementação de uma abordagem estratégica, como a análise SWOT, implica seis passos: Passo 1. Uma “apreciação” do contexto do programa Este passo permite detectar as principais tendências e problemas que podem afectar o futuro do território sob consideração. Deve fazer-se uso de indicadores sócio- demográficos, económicos, políticos e físicos. Os indicadores de disparidade regional e os padrões de comparabilidade / benchmarks são particularmente úteis para revelar as oportunidades e as ameaças. Este passo não deve ser exaustivo, visto que o objectivo principal consiste em obter uma imagem global que possa ilustrar os principais problemas que a comunidade / território em questão terá de enfrentar. A Avaliação do Desenvolvimento Socioeconómico, MANUAL TÉCNICO II: Métodos e Técnicas A Análise da Informação: SWOT Passo 2. A preparação de um inventário das possíveis acções Este passo implica a identificação de possíveis acções, formuladas em termos gerais em relação aos principais problemas identificados. Passo 3. A análise externa: oportunidades e ameaças Este passo consiste na listagem de parâmetros do ambiente que não estão sob o controlo directo das autoridades públicas e que se supõe irão influenciar fortemente o desenvolvimento socioeconómico. Passo 4. Análise interna: forças e fraquezas Neste passo, é necessário realizar-se um inventário dos factores que estão, pelo menos em parte, sob o controlo das autoridades públicas e que podem promover ou prejudicar o desenvolvimento socioeconómico do território em causa. Passo 5. Classificação das possíveis acções Este passo destina-se a salientar as acções (linhas de orientação estratégica) para reduzir os problemas de desenvolvimento, ao centrar a atenção sobre as forças e reduzir ou mesmo eliminar as fraquezas, com o intuito de maximizar as oportunidades e minimizar as ameaças. Passo 6. Avaliação de uma estratégia Este passo opcional pode ser incluído se for adequado para avaliar a relevância de uma estratégia que já está a ser implementada ou a ser planeada. O passo pode ser concebido com base numa análise de uma “carteira de actividades”. Tal como uma empresa com os seus produtos e mercados, um programa socioeconómico contém um conjunto de intervenções, algumas das quais reforçam as forças e as oportunidades enquanto outras tentam compensar as fraquezas ou alertar para as ameaças. O avaliador deve situar as intervenções num plano com dois eixos: (1) viabilidade interna, forças e fraquezas, e (2) ambiente externo, oportunidades e ameaças. A discussão do esquema assim produzido pode ser usada para avaliar da relevância da estratégia implementada. Pontos fortes e limitações da abordagem A análise SWOT aplicada à acção pública é direccionada para a busca de uma estratégia eficaz. A matriz de análise é baseada em teorias de gestão clássicas e muitas vezes criticadas pela sua demasiada simplicidade. Esta limitação deve ser tida em conta na sua transposição para a gestão pública, para evitar limitar a análise a um quadro simplista. A análise SWOT, enquanto ferramenta de avaliação, serve para efectuar uma classificação simplificada das actividades em termos de relevância. As suas principais fraquezas dependem do procedimento, muitas vezes, subjectivo usado pela equipa de avaliação para classificar as actividades. O envolvimento de diferentes parceiros nesta classificação é uma forma de aumentar a credibilidade e a utilidade da análise. A análise SWOT pode ser particularmente útil nas avaliações intercalares, dado que pode dar pistas úteis em relação aos objectivos intermédios do programa (sobretudo no que diz respeito à capacidade de explorar as oportunidades e evitar as ameaças). A Avaliação do Desenvolvimento Socioeconómico, MANUAL TÉCNICO II: Métodos e Técnicas A Análise da Informação: SWOT A análise SWOT requer uma intenção deliberada por parte dos diferentes actores que participam na sua aplicação, para se chegar a um consenso. O processo de formulação de linhas de orientação estratégica só é válido sob esta condição. De outro modo, este modelo poderá tender a produzir um diagnóstico erróneo e/ou não aplicável. Bibliografia Bryson J.M. and Roaring W.D. (1987) "Applying Private Sector Strategic Planning in the Public Sector", Journal of the American Planning Association, n53, pp. 9-22. Mairate, A. (2001) Indicators for Monitoring and Evaluation, Conference on Decentralised management of the Structural Funds (Objective 2) http://ec.europa.eu/regional_policy/sources/docconf/manag2/maira_en.pdf Quinn, J.B. & al (1988) The Strategy Process, New Jersey: Prentice hall. Critical study of strategic planning. Palavras-chave SWOT Matriz BCG Gestão de carteiras Análise estratégica SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats – Forças, Fraquezas, Oportunidades, Ameaças) Trata-se de uma ferramenta de avaliação usada para verificar se uma intervenção pública é adequada ao seu contexto. Esta ferramenta ajuda a estruturar o debate sobre as orientações estratégicas.
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