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Hepatites virais

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Microbiologia 
 
 
 
 
 
 
HEPATITES VIRAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
 
Introdução ...........................................................................................................................2 
Objetivos ..............................................................................................................................2 
1. Hepatites virais..........................................................................................................2 
1.1. Hepatite A ...............................................................................................................2 
1.2. Hepatite B ...............................................................................................................4 
1.3. Hepatite C ...............................................................................................................5 
1.4. Hepatite D (hepatite delta) ...................................................................................6 
1.5. Hepatite E ...............................................................................................................7 
1.6. Outros tipos de hepatite .......................................................................................7 
Exercícios .............................................................................................................................8 
Gabarito ...............................................................................................................................8 
Resumo ................................................................................................................................8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
Na apostila intitulada “vírus respiratórios”, aprendemos sobre a estrutura e 
divisão do sistema respiratórios e algumas das principais doenças virais que acomete 
esse sistema. 
Nesta apostila iremos aprender sobre os principais tipos de hepatites virais 
que apesar de ser uma doença caracterizada pela inflamação do fígado, os diferentes 
tipos de hepatite são causados por diferentes vírus. Veremos também sobre a forma 
de transmissão, prevenção, diagnóstico e tratamento de cada tipo de hepatite. 
Objetivos 
• Conhecer os principais tipos de hepatites virais; 
• Aprender sobre as formas de contaminação, diagnóstico laboratorial, 
prevenção e tratamento das hepatites. 
 
1. Hepatites virais 
Você sabia que os diferentes tipos de hepatite são causados por vírus de 
famílias diferentes? 
A seguir, falaremos um pouco sobre cada tipo de hepatite. 
 
1.1. Hepatite A 
A hepatite A é causada pelo vírus da hepatite A (HAV), um vírus não-
envelopado com RNA de fita simples pertencente à família Picornaviridae. Esse vírus 
apresenta algumas características que são distintas dentro da família, como por 
exemplo resistência à altas temperaturas, replicação lenta e sem efeitos citopáticos 
em culturas celulares, 
O HAV tem capacidade de infectar humanos e primatas não humanos, como 
por exemplo o macaco rhesus e chimpanzé. 
A hepatite A é uma das causas mais comuns de icterícia infecciosa no mundo e 
normalmente está associada a surtos epidêmicos recorrentes, principalmente em 
locais com saneamento inadequado. 
A transmissão do vírus ocorre através de contato fecal-oral, seja em contato 
com indivíduos infectados ou até mesmo alimentos e água, visto que o vírus é 
 
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resistente a condições ambientais, podendo sobreviver por meses fora de um 
hospedeiro. 
Após a exposição ao vírus, o período de incubação varia entre 10 a 50 dias. 
Durante esse período, o paciente não apresenta sintomas da doença em seguida, os 
sintomas apresentados podem incluir febre, cansaço, náusea e vômito. 
O próximo estágio da doença, que normalmente se inicia após cerca de 10 dias 
do aparecimento dos primeiros sintomas, é caracterizado pela icterícia. No processo 
de destruição das hemácias, há formação de bilirrubina, que por sua vez é 
transportada até o fígado. Quando esse processo não ocorre, há deposição de 
bilirrubina nos tecidos, o que dá a cor amarela na pele, mucosas e olhos em pacientes 
com icterícia, além de indicar algum problema hepático. 
A hepatite A pode causar encefalopatia hepática pois a necrose do tecido 
hepático afeta a fisiologia do fígado, fazendo acumular compostos tóxicos no sangue 
que podem causar danos cerebrais. 
O diagnóstico laboratorial é feito através da detecção de anticorpos IgM anti-
HAV em amostras de sangue que tende a aumentar no período entre 4 a 6 semanas 
após a exposição ao vírus e tende a cair dentro de 3 a 6 meses. Os anticorpos IgM anti-
HAV são detectáveis na fase aguda e permanecem por toda a vida. 
 
 
IMPORTANTE! 
 
 
 
Não existe tratamento específico para hepatite A, mas a alimentação, 
especialmente o aporte de proteínas, é um fator importante para a recuperação. 
A prevenção do HAV está relacionada à melhora das condições de higiene e 
saneamento básico (por exemplo lavagem das mãos) e também com a vacinação. No 
Brasil, a vacina contra hepatite A faz parte do Calendário Nacional de Vacinação para 
crianças entre 15 meses a 5 anos. 
 
 
Estima-se que cerca de 100 pessoas morrem 
anualmente nos Estados Unidos em decorrência de 
hepatite A, sendo mais comum em adultos acima de 49 
anos. 
 
 
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1.2. Hepatite B 
A hepatite B é causada pelo vírus da hepatite B (HBV), um vírus pertencente à 
família Hepadnaviruses, têm aproximadamente 42 nm, são envelopados e 
apresentam DNA. Estima-se que anualmente, cerca de 1 milhão de pessoas no mundo 
morrem em decorrência da doença. 
A transmissão do HBV ocorre através da exposição a sangue ou produtos 
derivados do sangue, como por exemplo durante o nascimento, transfusões 
sanguíneas ou relações sexuais. A maior parte das infecções ocorre através de 
transmissão vertical, ou seja, passada de mãe para filho. 
Os hepatócitos são o principal alvo do HBV, sendo o local de replicação do 
vírus, mas a infecção não causa efeito citopático, o que de fato causa danos ao fígado 
é a resposta imune do organismo. O período de incubação varia entre 30 a 180 dias e 
os primeiros sintomas a surgir são febre, náusea, vômito e dor no corpo. Em seguida 
surge a icterícia e caso a duração da doença seja superior a 6 meses, já é considerada 
hepatite crônica. 
 
FIQUE ATENTO! 
 
 
 
O antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg) é utilizado para o diagnóstico 
de hepatite B, além de promover imunidade contra a doença. Inclusive, o HBsAg serviu 
de base para o desenvolvimento de vacinas contra a hepatite B atualmente 
disponíveis. O anticorpo contra o HBsAg é detectável em pacientes que foram 
imunizados com a vacina e nos que se recuperaram de uma hepatite aguda. 
Outras formas de diagnóstico incluem a detecção de anticorpos IgM e IgG 
contra antígenos do nucleocapsídeo (Anti-HBc), no caso do Anti-HBc IgM, há a 
elevação ao mesmo tempo que a alteração das transaminases e declina entre 6 a 8 
meses, já o Anti-HBc IgG se eleva a partir da oitava semana e continua a ser detectável 
por toda vida. 
Profissionais da saúde que manuseiam objetos 
perfuro cortantes contaminados com sangue ou outros 
fluidos humanos, têm uma incidência 
consideravelmente maior de hepatite B que os membros 
da população geral. A vacinação para esses profissionais 
é obrigatória. 
 
 
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O HBeAg é uma proteína do nucleocapsídeo que é produzida durante a 
replicação do vírus, indicando alta carga viral. Normalmente é detectável após o 
HBsAg. Em seguida, há a produçãode anticorpos anti-HBe, dessa forma, a presença 
de anti-HBe indica redução do risco de contágio e melhor evolução do quadro da 
doença. 
Após o período de incubação, a resposta inflamatória é desenvolvida, 
induzindo a lise celular e o início do processo inflamatório. Em pacientes com hepatite 
aguda, essa fase pode durar em média 4 semanas e em pacientes com hepatite 
crônica, essa fase pode durar mais de 10 anos e levar a complicações como cirrose. 
O tratamento para hepatite B varia de acordo com o estágio da doença, no 
geral, o tratamento é feito para evitar a evolução do processo inflamatório. Nos 
estágios iniciais e finais da doença, o tratamento não é recomendado. 
Durante muitos anos o tratamento da hepatite B era feito com interferon alfa, 
mas diversos efeitos colaterais dificultavam o uso em alguns pacientes. Outros 
medicamentos foram desenvolvidos, inclusive a lamivudina que é bem tolerada na 
maior parte dos pacientes, mas há a possibilidade de desenvolvimento de resistência. 
Outro medicamento disponível para o tratamento de hepatite B é o adefovir, um 
análogo de nucleotídeo que atua inibindo a polimerase do vírus. 
O transplante de fígado pode ser uma alternativa no caso de infecções 
recorrentes pelo HVB. 
A principal medida de prevenção contra a hepatite B é a imunização através de 
vacina que está disponível no SUS para crianças de até 1 ano, entre 1 e 19 anos, 
profissionais da saúde e dentre outros. 
 
1.3. Hepatite C 
Estudos sugerem que o aumento do número de infecções pelo vírus da 
hepatite C (HVC) no século 20 foi decorrente do aumento da produção de seringas 
que poderiam ser usadas na área da saúde ou por indivíduos usuários de drogas 
injetáveis. 
Por volta de 1970, houveram indícios do surgimento de outro agente viral 
hepático além do HAV e HBV, posteriormente chamado de vírus da hepatite C (HCV). 
O HVC é um vírus pertencente à família Flaviviridae, possui RNA e o alvo do vírus são 
os hepatócitos e possivelmente os linfócitos B. 
A transmissão do vírus pode ocorrer por conta do contato com sangue 
contaminado, transmissão vertical e relações sexuais. 
 
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O período de incubação pode variar entre 2 a 26 semanas após a exposição ao 
vírus. Os primeiros sintomas iniciam após esse período, mas a maior parte das pessoas 
infectadas são assintomáticas. 
O diagnóstico pode ser feito através de sorologia ou empregando técnicas 
moleculares. O método mais utilizado é o ensaio enzimático (EIA) que busca a 
presença de anticorpos contra HCV. O desenvolvimento desses métodos foi essencial 
para diminuir a taxa de infecção de hepatite C em transfusões sanguíneas. 
O tratamento da hepatite C também é feito com interferon alfa associado à 
ribavirina e como citado anteriormente, o uso de interferon alfa apresenta diversos 
efeitos colaterais. O transplante de fígado também pode ser indicado em alguns 
casos. Não há vacinas disponíveis contra o HCV e não há muitas formas de evitar a 
infecção, além de evitar o contato com material perfuro cortantes que possam estar 
contaminados. 
 
1.4. Hepatite D (hepatite delta) 
O vírus da hepatite D (HDV), é um vírus pequeno, envelopado e que apresenta 
RNA. É considerado como um subvírus satélite do HBV, dessa forma, a infecção pelo 
HDV só ocorre em pacientes infectados com o HBV. 
Como são infecções relacionadas, o HDV segue a mesma rota de transmissão 
do HBV, infectando os hepatócitos. A patogênese do HDV não é completamente 
conhecida, mas sabe-se que o vírus pode causar as formas mais severas de hepatite 
aguda e crônica. 
A coinfecção de HBV e HDV normalmente resulta em uma forma aguda que é 
clinicamente indistinguível da forma aguda da hepatite B. Já a infecção pelo HDV em 
um indivíduo com hepatite B crônica leva à uma superinfecção que pode evoluir para 
um caso fulminante. 
A hepatite crônica, frequentemente associada à hepatite D está relacionada a 
forma mais severa e progressiva de doença crônica do fígado, podendo levar a um 
quadro de cirrose em 70% a 80% dos casos. 
Até o momento não há tratamento específico para hepatite D, mas o interferon 
alfa é utilizado como única opção terapêutica no tratamento da hepatite crônica, mas 
não é recomendado para o tratamento de hepatite aguda. A única opção de 
tratamento disponível para casos de hepatite fulminante e de hepatite crônica em 
estágios finais é o transplante de fígado. 
A estratégia de prevenção da hepatite D é a vacinação contra o HBV, visto que 
a infecção pelo HDV só ocorre na presença do HBV. 
 
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1.5. Hepatite E 
A hepatite E só foi considerada uma doença distinta após 1980, até então, 
acreditava-se que a doença era causada pelo vírus da hepatite A. A doença é causada 
pelo vírus da hepatite E (HEV) que pertence à família Hepeviridae, é um vírus não-
envelopado, com tamanho entre 30-34 nm e que contém RNA. 
A patogênese da hepatite E também é pouco conhecida, mas acredita-se que 
a entrada do vírus se dá através da via oral e o período de incubação varia entre 2 
semanas e 2 meses. O local de replicação inicial não foi identificado até o momento, 
mas presume-se que seja o trato intestinal e depois chega ao fígado, provavelmente 
pela veia porta hepática. 
Anticorpos IgM anti-HEV desaparecem após alguns meses e o IgG persiste por 
um tempo, mas diminui rapidamente após a infecção. Grandes quantidades de HEV 
são encontradas na bile, dessa forma, a hepatite E é similar à hepatite A, mas ao 
mesmo tempo é menos severa. 
Ao contrário dos outros 4 tipos de hepatite, a hepatite E é mais grave em 
mulheres grávidas do que no resto da população e a mortalidade tende a aumentar a 
cada trimestre, podendo chegar a uma taxa de mortalidade de 20%. 
Também não há tratamento específico para a hepatite E aguda, mas o 
interferon alfa e a ribavirina podem ser utilizados em casos de hepatite crônica. Ainda 
não há vacina contra o HEV disponível comercialmente. 
 
1.6. Outros tipos de hepatite 
Há indícios de outros vírus causadores de hepatite, mas ainda não há 
confirmações. Esses vírus são chamados de vírus da hepatite F (HFV) e vírus da 
hepatite G (HGV). 
Em casos em que o vírus causador da hepatite não se classifica como os vírus 
de A a E, há evidências de que são causadas por outros vírus. 
O vírus da hepatite F (HFV) foi inicialmente classificado como um togavírus de 
tamanho entre 60-70 nm. O vírus foi identificado a partir de hepatócitos de pacientes 
que tinham falência hepática e foram transplantados. 
O vírus da hepatite G (HGV) foi identificado através da técnica de PCR em 
amostras de sangue ou tecido hepático de pacientes com falência hepática de origem 
desconhecida. 
 
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Exercícios 
1) (Autora, 2019). O que é hepatite? 
2) (Autora, 2019). Quais são os tipos de hepatites conhecidos? 
3) (Autora, 2019). Qual a forma de transmissão da hepatite A? 
Gabarito 
1) Hepatite é uma inflamação no fígado. 
2) Hepatite A, B, C, D e E. Alguns autores não consideram os tipos F e G. 
3) A transmissão da hepatite A se dá por via fecal-oral. 
Resumo 
A hepatite é caracterizada por uma inflamação do fígado e pode ser causada 
por diferentes tipos de vírus. O vírus da hepatite A (HAV) é o agente infeccioso da 
hepatite A, que pode ser transmitida via fecal-oral, contato entre pessoas, alimentos 
e água, não apresentando forma crônica e nem tratamento específico. A prevenção da 
hepatite A é possível através da vacinação. 
A hepatite B é causada pelo vírus da hepatite B (HBV), pode ser transmitida por 
via sexual, contato com sangue ou fluidos contaminados e mais frequentemente por 
transmissão vertical. O tratamento pode ser feito com uso de interferon alfa e 
lamivudina, além de havervacina contra hepatite B disponível. 
A hepatite C é causada pelo vírus da hepatite C (HCV) que pode ser transmitido 
por via sexual e com o uso de material perfuro cortante infectado, sendo esta a forma 
de transmissão mais frequente. O tratamento pode ser feito associando interferon alfa 
com ribavirina. Não existem vacinas contra o vírus da hepatite C. 
O vírus da hepatite D é considerado um subvírus do HBV e a infecção pro HDV 
só ocorre em portadores do HBV, dessa forma, a estratégia de prevenção é a 
imunização contra o vírus da hepatite B. 
A hepatite E é causada pelo vírus HEV e a forma de transmissão é bem similar 
ao HAV e apesar das similaridades, é menos severa que a hepatite A, com exceção de 
grávidas. No caso de mulheres grávidas, a doença pode ser fatal e o taxa de 
mortalidade aumenta a cada trimestre. A existência de vírus da hepatite F e G ainda 
não é confirmada, mas há indícios. 
 
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Referências bibliográficas 
FIELDS, Bernand Nathan. FIELDS VIROLOGY. 6ª Edição;. Philadelphia: Wolters 
Kluwer/Lippincott Williams & Wilkins Health, 2013. 
TORTORA, Gerard J. MICROBIOLOGIA, 10ª Edição. Porto Alegre: Artmed, 2012.

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