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Monografia_de_educação_especial-08_04_2013

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Monografia de educação
especial
RESUMO
O objetivo deste trabalho é promover uma
sensibilização e uma melhor qualificação dos
profissionais que trabalham com alunos com necessidades especiais
auditivas. A inserção e permanência à
escolarização dos alunos estão amparados pela Lei de
Salamanca.   Infelizmente enfrenta-se um desafio para tornar a escola
um espaço aberto e adequado ao ensino inclusivo.  Obstáculos 
são encontrados para se que atenda as especificidades de cada um.
Acredita-se que à medida que os profissionais envolvidos nesse processo
recebam um assessoramento de técnicos e uma formação
continuada mais direcionada ao desenvolvimento da prática
pedagógica, certamente serão minimizados em parte a
problemática encontrada no processo de inclusão. 
PALAVRAS-CHAVE: Processo de inclusão, educação, deficiente
auditivo. 
ABSTRACT 
The goal is to promote a better awareness and skills of professionals working
with students with special needs hearing. The insertion and retention of school
pupils are supported by the Law of Salamanca. Unfortunately it is facing a
challenge to make the school an open and appropriate for inclusive education.
Obstacles that are found to meet the specificities of each. It is believed that
as professionals involved in this process to receive technical advice and
continuous training more directed to the development of pedagogical practice,
will certainly be minimized in part the problems encountered in the process of
inclusion. 
KEYWORDS: Process of inclusion, education, the hearing impaired. 
INTRODUÇÃO 
A educação especial assume, a cada ano, importância maior,
dentro da perspectiva de atender àscrescentes exigências de uma
sociedade em processo de renovação e de busca incessante da democracia,
que só será alcançada quando todas as pessoas,
indiscriminadamente, tiverem acesso à informação, ao
conhecimento e aos meios necessários para a formação de
sua plena cidadania. Já que a educação especial em seu
primeiro momento caracterizava- se pela segregação e
exclusão, logo os portadores de necessidades especiais eram simplesmente
ignorados, evitados, abandonados ou encarcerados e muitas vezes eliminados. 
Após a evolução histórica, a educação
especial até 1990, passou a ser vista de outro modo após o evento
que formalizou a “educação para todos” como
plataforma básica para o sistema educacional, segundo a proposta na
Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), que levanta aspectos do
contexto brasileiro a serem considerados na adoção e na
implantação do processo de inclusão. Por mais paradoxais e
contraditórios que possam parecer, esses aspectos vêm se
refletindo conjuntamente nos sistemas educacionais muito embora esses reflexos
gerem conseqüências inevitáveis para a educação
especial já que a humanidade prima pela igualdade de valores dos seres
humanos e, pela garantia dos direitos entre eles. 
Por outro lado, essa mesma humanidade exclui de um ritmo de
produção cada vez mais vital à crescente competitividade,
pela dificuldade de exercer o pleno dever de cidadão de uma humanidade
trabalhadora, produtiva, participativa e contribuinte.
Emergem, assim, a necessidade de indivíduos- cidadãos, sabedores
e conscientes de seus valores, direitos e deveres. Sendo assim, há,
portanto a necessidade de inserção de todos numprograma
educacional flexível que possa abranger o mais variado tipo de alunado e
oferecer o mesmo conteúdo curricular sem perda da qualidade do ensino e
da aprendizagem. O primeiro capítulo aborda o Histórico de Exclusão:
o que é? Por que acontece? Onde acontece?, Conceito de
Educação Especial, o Conceito de Educação
Inclusiva. O segundo capítulo aborda Quem é o aluno da
educação especial, suas características e os problemas que
enfrentam, o terceiro capítulo trata da Preparação dos
profissionais para atender de maneira satisfatória as pessoas com
necessidades especiais educacionais auditivas, o quarto capítulo
apresenta a pesquisa realizada na E.M.E.I.E.F. “Brejo dos Patos”,
com alunos com necessidades especiais, familiares e educadores buscando
compreender a inclusão escolar de alunos com necessidades educativas
especiais auditivas, através de um questionário com cinco
perguntas a respeito do tema em discussão (Inclusão de pessoas
com necessidades especiais auditivas do no Ensino Regular).
1- HISTÓRICO DE EXCLUSÃO 
1.1- O QUE É? PORQUE ACONTECE? ONDE ACONTECE? 
Sabe-se que as pessoas com necessidades especiais, desde os tempos
primórdios não recebiam nenhuma atenção
educacional, nem outros serviços, simplesmente por parte da sociedade
que os ignorava, rejeitava, perseguia e explorava essas pessoas, por serem
consideradas “possuídas por maus espíritos ou
vítimas de sina diabólica e feitiçarias” (JONSSON,
1994, p.61).
Dado a esses procedimentos da sociedade e da família direcionadas as
pessoas deficientes serem freqüentes e excludentes surgiram vários
problemas sociais como exploração do trabalhoinfantil,
prostituição e privação cultural e a falta de
estímulo do ambiente e da escolaridade. Dessa forma começou-se a
praticar a exclusão social dessas pessoas por pertencerem à
minoria da população. Em várias partes do Brasil ainda
vemos a exclusão e a segregação de diversos grupos sociais
vulneráveis. Muito embora na segunda metade dos anos 80 nos
países mais desenvolvidos começaram a surgir movimentos de
inclusão social, tomando impulso na década de 90.
Esses movimentos tem por objetivo a construção de uma sociedade
para todos inspirado nos princípios de celebração das
diferenças, direito de pertencer, valorização da
diversidade humana, solidariedade humanitária, igual importância
à minorias, cidadania com qualidade de vida.
Dessa forma, segundo Jonsson (1994, p.61) começou a surgir em muitos
países desenvolvidos, a “educação especial”
para crianças deficientes, que antes eram atendidas em
instituições por motivos religiosos ou filantrópicos e com
pouco ou nenhum controle sobre a qualidade da atenção recebida.
Assim sendo, algumas dessas crianças passaram a vida inteira dentro
dessas instituições, fazendo com que surgissem as escolas
especiais, pois a sociedade começou a admitir que as pessoas deficientes
poderiam ser produtivas e recebessem escolarização e treinamento
profissional. Em seguida surgiram as classes especiais dentro de escola comum,
o que aconteceu não por motivo humanitários e sim para garantir
que as crianças diferentes não “interferissem no em
sino” ou não “absorvessem as energias do professor” a
tal ponto que o impedissem
de “instruir adequadamente o número de alunos matriculadosnessas
classes”. (CHAMBERS e HARTMAM in JONSSON, 1994, p.62).
Para que as pessoas com deficiência pudessem ter
participação plena e igualdade de oportunidades, seria
necessário que não se pensasse em adaptar as pessoas à
sociedade e sim a sociedade as pessoas (JONSSON, 1994, p.63).
Isso fez com que no final da década de 80 surgisse a idéia de
inclusão. Logo os países desenvolvidos como os EUA,
Canadá, Espanha, Itália..., foram os pioneiros na
implantação de classes inclusivas e de escolas inclusivas.
Conforme pudemos constatar a educação inclusiva começa a
ganhar novos adeptos logo após a Declaração Mundial de
Educação para todos, aprovada pela ONU (1990), inspirado no Plano
Decenal de Educação para todos (BRASIL, MEC, 1993). Em seguida, a
UNESCO registrou na Declaração de Salamanca (1994), o conceito de
“inclusão” no campo da educação comum.
1.2- CONCEITO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
É um processo que visa promover o desenvolvimento das potencialidades de
pessoas portadoras de deficiências, conduta típica ou de altas
habilidades, e que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de
ensino.
Fundamenta-se em referenciais teóricos e práticos
compatíveis com as necessidades específicas de seu alunado. O
processo deve ser integral, fluindo desde a estimulação essencial
até os graus superiores de ensino sob o enfoque sistêmico, a
educação especial integra o sistema educacional vigente,
identificando-se com sua finalidade, que é a de formar cidadãos
conscientes e participativos.
Segundo Scotti (1999, p.20), “a educação deve ser, por
princípio liberal, democrática e não doutrinária.
Dentro desta concepção oeducando é, acima de tudo, digno
de respeito e do direito à educação de melhor
qualidade”.
A principal preocupação da educação, dessa forma,
deve ser o desenvolvimento integral do homem e a sua preparação
para uma vida produtiva na sociedade, fundada no equilíbrio entre os
interesses individuais e as regras de vida nos grupos sociais.
A Educação Especial obedece aos mesmos princípios da
Educação Geral, deve se iniciar no momento em que se identifique
atraso ou alterações no desenvolvimento global da criança
e continuar ao longo de sua vida, valorizando suas potencialidades e lhe
proporcionando todos os meios para desenvolvê-las.
1.3- CONCEITO DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA
É a implementação de uma pedagogia que é capaz de
educar com sucesso todos os educandos, mesmo aqueles comprometidos, isto
é, oferecer às pessoas com necessidades especiais as mesmas
condições e oportunidades sociais, educacionais e profissionais
acessíveis as outras pessoas, respeitando-se as características
específicas de cada um.
Logo a Educação Inclusiva dar-se-á através de
mecanismos que irá atender a diversidade, como, por exemplo, proposta
curricular adaptadas, a partir daquelas adotadas pela educação
comum. O atendimento dos educandos portadores de necessidades educativas
especiais incluídos em classes comuns, exige serviços de apoio
integrado por docentes e técnicos qualificados e uma escola aberta
à diversidade.
1.4- PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ESCOLA INCLUSIVA
Partindo do princípio de “igualdade de oportunidade” e
“educação para todos” é inegável que
deve-se ampliar as oportunidades educacionais para uma grande parcela da
populaçãoem que está inserido o acesso e permanência
à escolarização aos alunos considerados portadores de
necessidades especiais.
As escolas inclusivas devem reconhecer e responder as necessidades diversas de
seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando
uma educação de qualidade à todos através de um
currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de
ensino, uso de recursos e parceria com as comunidades. Na verdade, deveria
existir uma continuidade de serviços e apoio proporcional ao
contínuo caso de necessidades especiais encontrados dentro da escola. As
crianças com necessidades educativas especiais /
auditivas, deveriam receber qualquer suporte extra requerido para assegurar uma
educação efetiva.
1.5- O IDEAL DAS LEIS E POLÍTICAS INCLUSIVAS
Nosso país não pode desperdiçar ninguém e
precisamos investir no enorme
potencial de cada pessoa através da implementação da Lei
dos Americanos
com deficiências. A minha administração compromete-se a
mudar a política
pertinente à deficiência; da exclusão para a
independência, do paternalismo
para o impowerment- Presidente dos E.U.A, Bill Clinton, 23/07/93.
Sabe-se que no Brasil quase tudo é espelhado em leis americanas e como
não deixaria de ser essa legislação tem sido vista como o
meio mais importante para acabar com a discriminação da
sociedade, de um modo geral, e das empresas, em particular, contra a inserção
de pessoas portadoras de deficiência (GIL e BENGOECHEA, 1991).
Portanto a legislação é uma faca de dois gumes. Por um
lado as lei forçam para pressionar empregadores a contratarem pessoas
deficientes, do outro ladoelas poderão criar antipatia em relação
a estas pessoas.
Por isso, percebe-se que elas precisam ser revistas, já que na maioria
das vezes, são demoradas ou nunca acontecem. 
Com relação às pessoas com deficiências, basicamente
existem dois tipos de leis: as gerais e as especificamente pertinentes à
pessoas deficientes.
Leis Gerais integração mistas: são aquelas que
contém dispositivos separados sobre o portador de deficiência para
lhe garantir alguns direitos, benefícios ou serviço. Temos como
exemplo as Constituições Federal e Estadual (BRASIL, 1998, por
ex. S. Paulo, s.d), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Brasil,
1993) e a Lei Federal nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, que trata da
educação profissional (BRASIL, 1996).
Leis Específicas integracionistas são aquelas que trazem no seu
bojo a idéia de que a pessoa com deficiência terá direitos
assegurados desde que ela tenha a capacidade de exercê-los. É o
caso da Lei nº 7.853/89, parágrafo único, II,
“f”, que trata da “matrícula compulsória em
cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas
portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de
ensino” (BRASIL, 1994 b); a Instrução Normativa nº 5,
que “dispõe sobre a fiscalização do trabalho das
pessoas portadoras de deficiência” (BRASIL, 1991); e a Lei nº
8.859, de 23/03/94, que entende “aos alunos de ensino especial o direito
à participação em atividades de estágios”
(BRASIL, 1994).
A Educação Inclusiva teve início nos Estados Unidos
através da Lei Pública 94.142, de 1975, encontrando-se na segunda
década de implementação.
No contexto daDeclaração de Salamanca consiste:
proporcionar uma oportunidade única de colocação da
educação especial
dentro da estrutura de ‘educação para todos’ firmada
em 1990 [...] ela promoveu uma plataforma que afirma o princípio e a
discussão da prática de garantia de inclusão das
crianças com necessidades educacionais especiais nessas iniciativas e a
tomada de seus lugares de direito numa sociedade de aprendizagem (UNESCO, 1994,
p.15)
No que diz respeito ao conceito de necessidades educacionais especiais, a
Declaração afirma que: 
“Durante os últimos quinze ou vinte anos, tem se tornado claro que
o conceito de necessidades educacionais especiais teve de ser ampliado para
incluir todas as crianças que não estejam conseguindo se
beneficiar com a escola seja por que motivo for. (UNESCO, 1994, p.15).”
2- QUEM É O ALUNO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL?
O aluno da Educação Especial é aquele que, por apresentar
necessidades diferentes dos demais alunos no domínio da aprendizagem
curricular correspondente à sua idade, requer recursos
pedagógicos e metodológicos educativo específicos. E podem
ser classificados em: pessoas com necessidades especiais mental, visual,
auditiva, física, múltipla e de altas habilidades (superdotados).
2.1- CARACTERÍSTICAS DO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA
O deficiente auditivo é considerado dessa forma, ao ser constatado sua
perda total ou parcial de resíduos auditivos, por doenças
congênitas ou adquiridas dificultando assim a compreensão da fala
através desse órgão (ouvido).
A deficiência auditiva pode manifestar-se como: 
- Surdez leve / moderada: é aquela em que a perda auditava é de
70 decibéis,que dificulta, mais não impede o indivíduo de
se expressar oralmente, bem como de perceber a voz humana com ou sem a
utilização de um aparelho auditivo.
- Surdez severa / profunda: é a perda auditiva acima de 70
decibéis, que impede o indivíduo de entender, com ou sem aparelho
auditivo, a voz humana, bem de adquirir naturalmente o código da
língua oral.
Os alunos portadores de deficiência auditiva necessitam de
métodos, recursos didáticos e equipamentos especiais para
correção e desenvolvimento da fala e da linguagem.
2.2- PROBLEMÁTICA ENCONTRADA NA INCLUSÃO DO DEFICIENTE AUDITIVO
A educação dos deficientes auditivos é um assunto
polêmico, que traz a tona limitações e problemas do sistema
educacional vigente. As propostas educacionais
direcionadas para crianças surdas tem como objetivo proporcionar o
desenvolvimento pleno de suas capacidades. Contudo, diferentes práticas
pedagógicas envolvendo tais sujeitos apresentam uma série
de
limitações e estes, ao final da escolarização
fundamental (que não é alcançada por muitos) não
são capazes de ler e escrever satisfatoriamente ou ter um domínio
adequado dos conteúdos.
Dessa forma as diretrizes oficiais e discussões sobre a inclusão
de surdos mostram ambigüidade e indefinições. Reconhecem que
o uso da língua de sinais é um direito do surdo e uma forma de
garantir melhores condições de escolarização. Por
exemplo o Plano Nacional de Educação Especial (MEC/SEESP, 1994)
propõe o “incentivo ao uso e à oficialização
da Língua Brasileira de Sinais”.
Entretanto, são vagas as recomendações para a escola,
comum e seus professores, não ficam especificadas diretrizesno sentido
de oportunizar a construção de uma condição
bilíngüe do surdo ou de oferecer um ensino que, em algum aspecto,
seja desenvolvido por meio da Língua de Sinais.
Os discursos atuais evidenciam uma urgência em incluir o aluno portador
de deficiência auditiva na escola regular. O argumento mais invocado
é a Declaração de Salamanca junto com outros 87 governos.
Na verdade, o que fica no esquecimento é o que diz seu artigo 19,
assumindo pelos órgãos oficiais: “Políticas
educacionais deveriam levar em consideração as diferenças
e as situações individuais. “A importância da
língua de sinais como meio de comunicação entre surdos,
que deveria ser reconhecido”. O fato é que os órgãos
governamentais legitimam o compromisso com a inclusão social, mas
não provém de recursos para atendimento educacional das escolas
públicas. O caso do uso da língua de sinais pelo surdo é
um exemplo significativo, pois afirma-lhes o direito de uso, mas há
apenas uma recomendação para que pais e professores aprendam essa
língua.
A inclusão do aluno surdo não deve ser norteada pela igualdade em
relação ao ouvinte e sim em suas diferenças
sócio-histórico-culturais, às quais o ensino se ancore em
fundamentos lingüísticos, pedagógicos, políticos,
históricos, implícito nas novas definições e
representações sobre a surdez. Todavia, selecionar uma
língua traz uma série de tensões, principalmente por se
inscreverem um grupo majoritário de ouvintes, e outro grupo
minoritário daqueles que não ouvem. A escola, ao considerar o
surdo como ouvinte numa lógica de igualdade, lida com a pluralidade
dessas pessoas de forma contraditória, ou seja,nega-lhe sua
singularidade de indivíduo portador de deficiência auditiva. Tais
inconsistências reivindicam uma revisão educacional, que trace uma
nova visão curricular com base no próprio surdo. Em
relação à polêmica discussão acerca da
educação dos surdos, configura-se a questão curricular,
pois as escolas encontram-se atreladas a uma ideologia oralista, conveniente
aos padrões dos órgãos de poder.
Na educação dos surdos, o currículo faz parte de
práticas educativas e é efeito de um discurso dominante nas
concepções pedagógicas dos ouvintes. Estas
ações materializam-se na afirmação de que o
currículo é um espaço contestado de relação
de poder, o que significa dizer que, nas práticas escolares, estas
questões estão literalmente veiculadas em uma ordem
necessária.
O que a escola discute atualmente, por meio de seu currículo, é
que “como se organizam os saberes e o conhecimento dentro do
espaço para se ter uma educação de qualidade” Silva (2001,
p.21).
Mas, para que estas questões passem a ser legítimas, é
necessário ir além delas, olhando o currículo não
apenas como organização de conteúdo, pois a
educação não é neutra em seus valores. “No
currículo há o conflito na compreensão do papel da escola
em uma sociedade fragmentada do ponto de vista racial, étnico e
lingüístico. É preciso, assumir uma perspectiva
sócio-lingüística e antropológica na
educação dos surdos dentro da instituição escolar,
considerando a condição bilíngüe
do aluno surdo” Silva (2001, p. 21).
Atualmente tem-se falado muito em mudanças educacionais dos surdos.
Repensar esta proposta, na verdade, é uma tarefa desafiadora. A Lei de
Diretrizes eBases da Educação (LDB- Lei nº 9394/1996), em
seu artigo 58, capítulo V, define a Educação Especial: 
“...como modalidade escolar para educandos portadores de necessidades
especiais preferencialmente, na rede regular de ensino deverão
assegurar, entre outras coisas, professores especializados ou devidamente
capacitados para atuar com qualquer pessoa especial em sala de aula. Admite
também que, nos casos em que necessidades especiais do aluno
impeçam que se desenvolva satisfatoriamente nas classes existentes, este
teria o direito de ser educado em classe ou serviço especializado.”
3- PREPARAÇÃO DOS PROFISSIONAIS
Para se incluir crianças com necessidades especiais no ensino regular,
deve-se pensar em uma preparação para os profissionais que
irão estar envolvidos nesse processo, principalmente o educador que
irá contactar diretamente com essas crianças, desta forma, o
desenvolvimento de seus conhecimentos e habilidades facilitarão a sua
prática pedagógica na identificação precoce,
avaliação e estimulação dessas crianças
desde a pré-escola, com o auxilio de um programa assistencial infantil
que atendesse a criança de 0 (zero) a 6 anos de idade no sentido
de promover o desenvolvimento físico, intelectual, social e a
prontidão para a escolarização.
Contudo é necessário a intervenção de profissionais
especializados no processo pedagógico, pelo fato do mesmo ter
experiência e fundamentações teóricas que
irão facilitar o trabalho pedagógico tornando-o mais eficaz.
4- A PESQUISA
4.1- A COLETA DE DADOS
Ao realizar a pesquisa de campo, para saber a opinião de algumas pessoas
que estão inseridas nesse “processo deinclusão”,
entrevistou-se cinco (5) educandos e três (3) educadores da rede
pública, juntamente com duas (2) famílias ou responsáveis
por esses educandos com necessidades especiais auditivas.
Segundo depoimento dos educandos, a maior dificuldade encontrada por eles
está no relacionamento com os educadores e com os próprios alunos
da sala, pelo fato dessa inclusão ser feita de forma brusca, encontrando
educadores sem preparo para recebê-los, e os educandos sem o hábito
de conviverem em sala de aula com pessoas diferentes.
Sabe-se que para que haja essa inclusão, precisa-se sensibilizar e
treinar todos os funcionários da instituição, desde o
pessoal de apóio até o diretor ou administrador, que o educando
portador de necessidades especiais requer um atendimento específico pela
dificuldade que tem em se comunicar com os demais, essa inclusão para
eles causou um grande impacto, fazendo com que os mesmos se
isolassem por determinado tempo até que se adaptassem ao meio a qual
estava se inserindo.
De acordo com o depoimento desses educandos entrevistados, foi muito
difícil a sua aceitação no grupo, com o passar do tempo
é que os colegas começaram a perceber que eles precisavam de
ajuda, passando assim a auxiliá-los no desenvolvimento e entendimento
das atividades propostas em sala de aula. O grande problema estava nos
educadores que para ministrar suas aulas não se preocupavam com a
presença do aluno portador de necessidades especiais auditivas que
precisam de certos requisitos para que possam entender melhor o que é
repassado em sala de aula, para o educador a aula é administrada como se
fosse uma turma de alunos“normais”, sem se preocupar com as
especificidades da escola inclusiva.
Segundo os educandos a disciplina mais difícil para entender é o
Português pela falta de comunicação, dificultando a
interpretação e a produção de texto, nas demais
disciplinas há dificuldade de assimilar os conteúdos,
porém se torna mais flexível a aquisição desses
conhecimentos até mesmo pela colaboração que os colegas
lhes dão, para que haja um aprendizado melhor.
Os alunos que participaram dessa entrevista, relataram que as escolas ainda
não estão preparadas para a inclusão dos surdos. Isto
ocorre desde o ambiente escolar que não é adequado, as
necessidades
mínimas do aluno, assim como os educadores não
estão capacitados para lidar ou se comunicar com surdos 
A dificuldade ao se relacionarem com os colegas dar-se-á pela forma de
comunicação, pois os mesmos não têm habilidade nem
conhecimento de como interagir com os portadores de necessidades especiais,
discriminando-os muitas vezes, fazendo com que se exclua do grupo.
De acordo com o posicionamento dos professores entrevistados o assessoramento
que lhes são oferecidos dar-se de forma insuficiente, já que os
profissionais (técnicos) que os assessoram, o faz uma vez por semana, ou
trocando idéias nos encontros realizados pelo órgão a qual
pertencem, sendo assim insuficiente para a sua prática
pedagógica.
Referente ao currículo não há especificidade para
adaptá-lo a essa clientela. A Metodologia aplicada depende muito do
professor que de acordo com seus conhecimentos e competência irá
desempenhar suas atividades em sala de aula.
Percebe-se que a dificuldade mais acentuada encontra-sena forma de como se
comunicar com essas crianças surdas, pelo fato de não conhecerem
a fundo a técnica de comunicação utilizada através
da língua de sinais que os profissionais não tem (domínio)
habilidades para que haja uma comunicação professor x aluno ou
vice-versa.
Um dos fatores que dificultam o desempenho desse profissional de
educação no que diz respeito ao ambiente de trabalho é a
falta de estrutura em que o espaço da sala de aula não esta
adequado para atuar com especificidade para o atendimento dessas crianças
de acordo com sua deficiência.
O desempenho do profissional dar-se-á de forma mais gratificante, quando
há a participação da família dando suporte de como
entendê-lo, já que os mesmos têm mais contato com a
criança, fazendo um resgate de sua auto estima.
Segundo relatos da família, esse processo inicialmente trouxe bastante
problema para os portadores de necessidades especiais principalmente os surdos,
pelo despreparo profissional já que estes precisam de uma
comunicação específica, ou seja, o professor deveria pelo
menos ter um mínimo de conhecimento sobre a língua de sinais
(LIBRAS), para que houvesse um melhor relacionamento e entendimento entre
professores e alunos.
O processo de inclusão dos alunos com necessidades especiais auditivas,
para uns traz benefícios quando apresenta surdez leve, porém, aos
que apresentam surdez profunda ou severa, às vezes causa isolamento, ou
seja, exclusão, pelo fato de comunicar-se mais através de sinais,
e nem toda a comunidade escolar esta preparada para lidar com esse tipo de deficiência.
O relacionamento com a família segundo depoimento dos pais,
énormal. Já com os professores e colegas no início
apresentaram dificuldades, pois vinham de instituição ou escolas
especializadas, com convivência de pessoas portadoras da mesma
deficiência, facilitando assim seu entrosamento.
Sabe-se que esse processo terá melhores êxitos, no momento em que
os profissionais da educação se qualifique e capacite-se para
atender essa clientela que requer atendimento específico, no caso da
surdez severa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando a situação existente em nosso país, pode-se
constatar, nas últimas décadas, foi empreendido inegável
esforço por parte de determinados segmentos sociais e políticos
no sentido de incluir em várias leis o direito à igualdade
educacional e atendimento integrado de aluno com deficiência auditiva na
rede regular de ensino.
Mesmo com o respaldo legal, observa-se que o sistema educacional não se
estruturou para oferecer esse serviço educacional, as pessoas portadoras
de deficiência em geral, principalmente no sistema público de
ensino. Já que a inclusão não é de interesse apenas
dos alunos com deficiência auditiva, uma vez que ao inserirmos este
educando na escola regular estar-se exigindo da instituição novos
posicionamentos e procedimentos de ensino baseados em concepções
e práticas pedagógicas mais evoluídas, além de
mudanças na atitude de professores, modos de avaliação e
promoção dos alunos para séries e níveis de ensino
mais avançados. A inclusão é igualmente um motivo que
força o aprimoramento da capacitação profissional dos
professores em serviços e que questiona a formação dos
educandos.
A integração tem sido muito falseada na maior partedos planos e
projeto na área de educação do portador de
deficiência auditiva em nosso país, conforme o pensamento de Mazzotta
que diz ser a integração apenas constante nos documentos oficiais
e nos discursos políticos.
Na verdade, ainda persistem muitas polêmicas sobre o significado real de
integração, muitas vezes as pessoas envolvidas nesse processo
procede de forma instituitiva, não conduzindo uma
integração educacional efetiva, nesse caso há uma mera
integração física, e não um atendimento
específico que venha atender as necessidades do deficiente, principalmente
o auditivo que requer de especificidade em sua comunicação,
variando de acordo com o nível de perda auditiva.
No âmbito escolar, observa-se a falta de preparo pedagógico do
professor para atender essa clientela, torna-se necessária uma
preparação específica desse profissional. Há
necessidade também de redução de números de alunos
por turma, uma estrutura física adequada e o apoio especializado ao
docente regular, um acompanhamento permanente aos pais e uma campanha de
conscientização com a comunidade sobre a problemática da inclusão
do surdo em classe regular.
Sabe-se que, ainda há muito que fazer, pensar, pesquisar, discutir e
debater sobre esse assunto, que por si só é tão complexo.
As possibilidades não se esgotam com esta pesquisa, tão pouco
considera-se encerrado as discussões sobre o tema.
Logo, o objetivo maior é sensibilizar o meio acadêmico, os pais,
os professores que trabalham ou não com educação especial
e a própria comunidade
em geral a estarem atentos aos problemas encontrados pelos portadores de
deficiência auditiva, quanto aseus anseios, as suas dúvidas e os
seus desejos.
Pode-se falar em integração ou inclusão dos portadores de
deficiência auditiva no ensino regular a medida que esses segmentos se
mobilizarem para tentar minimizar o tema em estudo, certamente estaremos dando
um passo definitivo contra a exclusão e a favor da inclusão
constituindo um motivo para que a escola se modernize e atenta às
exigências de uma sociedade que não admite preconceito,
discriminação, barreiras sociais, culturais ou pessoais.
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