Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Monografia de educação especial RESUMO O objetivo deste trabalho é promover uma sensibilização e uma melhor qualificação dos profissionais que trabalham com alunos com necessidades especiais auditivas. A inserção e permanência à escolarização dos alunos estão amparados pela Lei de Salamanca. Infelizmente enfrenta-se um desafio para tornar a escola um espaço aberto e adequado ao ensino inclusivo. Obstáculos são encontrados para se que atenda as especificidades de cada um. Acredita-se que à medida que os profissionais envolvidos nesse processo recebam um assessoramento de técnicos e uma formação continuada mais direcionada ao desenvolvimento da prática pedagógica, certamente serão minimizados em parte a problemática encontrada no processo de inclusão. PALAVRAS-CHAVE: Processo de inclusão, educação, deficiente auditivo. ABSTRACT The goal is to promote a better awareness and skills of professionals working with students with special needs hearing. The insertion and retention of school pupils are supported by the Law of Salamanca. Unfortunately it is facing a challenge to make the school an open and appropriate for inclusive education. Obstacles that are found to meet the specificities of each. It is believed that as professionals involved in this process to receive technical advice and continuous training more directed to the development of pedagogical practice, will certainly be minimized in part the problems encountered in the process of inclusion. KEYWORDS: Process of inclusion, education, the hearing impaired. INTRODUÇÃO A educação especial assume, a cada ano, importância maior, dentro da perspectiva de atender àscrescentes exigências de uma sociedade em processo de renovação e de busca incessante da democracia, que só será alcançada quando todas as pessoas, indiscriminadamente, tiverem acesso à informação, ao conhecimento e aos meios necessários para a formação de sua plena cidadania. Já que a educação especial em seu primeiro momento caracterizava- se pela segregação e exclusão, logo os portadores de necessidades especiais eram simplesmente ignorados, evitados, abandonados ou encarcerados e muitas vezes eliminados. Após a evolução histórica, a educação especial até 1990, passou a ser vista de outro modo após o evento que formalizou a “educação para todos” como plataforma básica para o sistema educacional, segundo a proposta na Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), que levanta aspectos do contexto brasileiro a serem considerados na adoção e na implantação do processo de inclusão. Por mais paradoxais e contraditórios que possam parecer, esses aspectos vêm se refletindo conjuntamente nos sistemas educacionais muito embora esses reflexos gerem conseqüências inevitáveis para a educação especial já que a humanidade prima pela igualdade de valores dos seres humanos e, pela garantia dos direitos entre eles. Por outro lado, essa mesma humanidade exclui de um ritmo de produção cada vez mais vital à crescente competitividade, pela dificuldade de exercer o pleno dever de cidadão de uma humanidade trabalhadora, produtiva, participativa e contribuinte. Emergem, assim, a necessidade de indivíduos- cidadãos, sabedores e conscientes de seus valores, direitos e deveres. Sendo assim, há, portanto a necessidade de inserção de todos numprograma educacional flexível que possa abranger o mais variado tipo de alunado e oferecer o mesmo conteúdo curricular sem perda da qualidade do ensino e da aprendizagem. O primeiro capítulo aborda o Histórico de Exclusão: o que é? Por que acontece? Onde acontece?, Conceito de Educação Especial, o Conceito de Educação Inclusiva. O segundo capítulo aborda Quem é o aluno da educação especial, suas características e os problemas que enfrentam, o terceiro capítulo trata da Preparação dos profissionais para atender de maneira satisfatória as pessoas com necessidades especiais educacionais auditivas, o quarto capítulo apresenta a pesquisa realizada na E.M.E.I.E.F. “Brejo dos Patos”, com alunos com necessidades especiais, familiares e educadores buscando compreender a inclusão escolar de alunos com necessidades educativas especiais auditivas, através de um questionário com cinco perguntas a respeito do tema em discussão (Inclusão de pessoas com necessidades especiais auditivas do no Ensino Regular). 1- HISTÓRICO DE EXCLUSÃO 1.1- O QUE É? PORQUE ACONTECE? ONDE ACONTECE? Sabe-se que as pessoas com necessidades especiais, desde os tempos primórdios não recebiam nenhuma atenção educacional, nem outros serviços, simplesmente por parte da sociedade que os ignorava, rejeitava, perseguia e explorava essas pessoas, por serem consideradas “possuídas por maus espíritos ou vítimas de sina diabólica e feitiçarias” (JONSSON, 1994, p.61). Dado a esses procedimentos da sociedade e da família direcionadas as pessoas deficientes serem freqüentes e excludentes surgiram vários problemas sociais como exploração do trabalhoinfantil, prostituição e privação cultural e a falta de estímulo do ambiente e da escolaridade. Dessa forma começou-se a praticar a exclusão social dessas pessoas por pertencerem à minoria da população. Em várias partes do Brasil ainda vemos a exclusão e a segregação de diversos grupos sociais vulneráveis. Muito embora na segunda metade dos anos 80 nos países mais desenvolvidos começaram a surgir movimentos de inclusão social, tomando impulso na década de 90. Esses movimentos tem por objetivo a construção de uma sociedade para todos inspirado nos princípios de celebração das diferenças, direito de pertencer, valorização da diversidade humana, solidariedade humanitária, igual importância à minorias, cidadania com qualidade de vida. Dessa forma, segundo Jonsson (1994, p.61) começou a surgir em muitos países desenvolvidos, a “educação especial” para crianças deficientes, que antes eram atendidas em instituições por motivos religiosos ou filantrópicos e com pouco ou nenhum controle sobre a qualidade da atenção recebida. Assim sendo, algumas dessas crianças passaram a vida inteira dentro dessas instituições, fazendo com que surgissem as escolas especiais, pois a sociedade começou a admitir que as pessoas deficientes poderiam ser produtivas e recebessem escolarização e treinamento profissional. Em seguida surgiram as classes especiais dentro de escola comum, o que aconteceu não por motivo humanitários e sim para garantir que as crianças diferentes não “interferissem no em sino” ou não “absorvessem as energias do professor” a tal ponto que o impedissem de “instruir adequadamente o número de alunos matriculadosnessas classes”. (CHAMBERS e HARTMAM in JONSSON, 1994, p.62). Para que as pessoas com deficiência pudessem ter participação plena e igualdade de oportunidades, seria necessário que não se pensasse em adaptar as pessoas à sociedade e sim a sociedade as pessoas (JONSSON, 1994, p.63). Isso fez com que no final da década de 80 surgisse a idéia de inclusão. Logo os países desenvolvidos como os EUA, Canadá, Espanha, Itália..., foram os pioneiros na implantação de classes inclusivas e de escolas inclusivas. Conforme pudemos constatar a educação inclusiva começa a ganhar novos adeptos logo após a Declaração Mundial de Educação para todos, aprovada pela ONU (1990), inspirado no Plano Decenal de Educação para todos (BRASIL, MEC, 1993). Em seguida, a UNESCO registrou na Declaração de Salamanca (1994), o conceito de “inclusão” no campo da educação comum. 1.2- CONCEITO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL É um processo que visa promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas portadoras de deficiências, conduta típica ou de altas habilidades, e que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de ensino. Fundamenta-se em referenciais teóricos e práticos compatíveis com as necessidades específicas de seu alunado. O processo deve ser integral, fluindo desde a estimulação essencial até os graus superiores de ensino sob o enfoque sistêmico, a educação especial integra o sistema educacional vigente, identificando-se com sua finalidade, que é a de formar cidadãos conscientes e participativos. Segundo Scotti (1999, p.20), “a educação deve ser, por princípio liberal, democrática e não doutrinária. Dentro desta concepção oeducando é, acima de tudo, digno de respeito e do direito à educação de melhor qualidade”. A principal preocupação da educação, dessa forma, deve ser o desenvolvimento integral do homem e a sua preparação para uma vida produtiva na sociedade, fundada no equilíbrio entre os interesses individuais e as regras de vida nos grupos sociais. A Educação Especial obedece aos mesmos princípios da Educação Geral, deve se iniciar no momento em que se identifique atraso ou alterações no desenvolvimento global da criança e continuar ao longo de sua vida, valorizando suas potencialidades e lhe proporcionando todos os meios para desenvolvê-las. 1.3- CONCEITO DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA É a implementação de uma pedagogia que é capaz de educar com sucesso todos os educandos, mesmo aqueles comprometidos, isto é, oferecer às pessoas com necessidades especiais as mesmas condições e oportunidades sociais, educacionais e profissionais acessíveis as outras pessoas, respeitando-se as características específicas de cada um. Logo a Educação Inclusiva dar-se-á através de mecanismos que irá atender a diversidade, como, por exemplo, proposta curricular adaptadas, a partir daquelas adotadas pela educação comum. O atendimento dos educandos portadores de necessidades educativas especiais incluídos em classes comuns, exige serviços de apoio integrado por docentes e técnicos qualificados e uma escola aberta à diversidade. 1.4- PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ESCOLA INCLUSIVA Partindo do princípio de “igualdade de oportunidade” e “educação para todos” é inegável que deve-se ampliar as oportunidades educacionais para uma grande parcela da populaçãoem que está inserido o acesso e permanência à escolarização aos alunos considerados portadores de necessidades especiais. As escolas inclusivas devem reconhecer e responder as necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade à todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos e parceria com as comunidades. Na verdade, deveria existir uma continuidade de serviços e apoio proporcional ao contínuo caso de necessidades especiais encontrados dentro da escola. As crianças com necessidades educativas especiais / auditivas, deveriam receber qualquer suporte extra requerido para assegurar uma educação efetiva. 1.5- O IDEAL DAS LEIS E POLÍTICAS INCLUSIVAS Nosso país não pode desperdiçar ninguém e precisamos investir no enorme potencial de cada pessoa através da implementação da Lei dos Americanos com deficiências. A minha administração compromete-se a mudar a política pertinente à deficiência; da exclusão para a independência, do paternalismo para o impowerment- Presidente dos E.U.A, Bill Clinton, 23/07/93. Sabe-se que no Brasil quase tudo é espelhado em leis americanas e como não deixaria de ser essa legislação tem sido vista como o meio mais importante para acabar com a discriminação da sociedade, de um modo geral, e das empresas, em particular, contra a inserção de pessoas portadoras de deficiência (GIL e BENGOECHEA, 1991). Portanto a legislação é uma faca de dois gumes. Por um lado as lei forçam para pressionar empregadores a contratarem pessoas deficientes, do outro ladoelas poderão criar antipatia em relação a estas pessoas. Por isso, percebe-se que elas precisam ser revistas, já que na maioria das vezes, são demoradas ou nunca acontecem. Com relação às pessoas com deficiências, basicamente existem dois tipos de leis: as gerais e as especificamente pertinentes à pessoas deficientes. Leis Gerais integração mistas: são aquelas que contém dispositivos separados sobre o portador de deficiência para lhe garantir alguns direitos, benefícios ou serviço. Temos como exemplo as Constituições Federal e Estadual (BRASIL, 1998, por ex. S. Paulo, s.d), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Brasil, 1993) e a Lei Federal nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, que trata da educação profissional (BRASIL, 1996). Leis Específicas integracionistas são aquelas que trazem no seu bojo a idéia de que a pessoa com deficiência terá direitos assegurados desde que ela tenha a capacidade de exercê-los. É o caso da Lei nº 7.853/89, parágrafo único, II, “f”, que trata da “matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino” (BRASIL, 1994 b); a Instrução Normativa nº 5, que “dispõe sobre a fiscalização do trabalho das pessoas portadoras de deficiência” (BRASIL, 1991); e a Lei nº 8.859, de 23/03/94, que entende “aos alunos de ensino especial o direito à participação em atividades de estágios” (BRASIL, 1994). A Educação Inclusiva teve início nos Estados Unidos através da Lei Pública 94.142, de 1975, encontrando-se na segunda década de implementação. No contexto daDeclaração de Salamanca consiste: proporcionar uma oportunidade única de colocação da educação especial dentro da estrutura de ‘educação para todos’ firmada em 1990 [...] ela promoveu uma plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de garantia de inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais nessas iniciativas e a tomada de seus lugares de direito numa sociedade de aprendizagem (UNESCO, 1994, p.15) No que diz respeito ao conceito de necessidades educacionais especiais, a Declaração afirma que: “Durante os últimos quinze ou vinte anos, tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve de ser ampliado para incluir todas as crianças que não estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for. (UNESCO, 1994, p.15).” 2- QUEM É O ALUNO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL? O aluno da Educação Especial é aquele que, por apresentar necessidades diferentes dos demais alunos no domínio da aprendizagem curricular correspondente à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodológicos educativo específicos. E podem ser classificados em: pessoas com necessidades especiais mental, visual, auditiva, física, múltipla e de altas habilidades (superdotados). 2.1- CARACTERÍSTICAS DO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA O deficiente auditivo é considerado dessa forma, ao ser constatado sua perda total ou parcial de resíduos auditivos, por doenças congênitas ou adquiridas dificultando assim a compreensão da fala através desse órgão (ouvido). A deficiência auditiva pode manifestar-se como: - Surdez leve / moderada: é aquela em que a perda auditava é de 70 decibéis,que dificulta, mais não impede o indivíduo de se expressar oralmente, bem como de perceber a voz humana com ou sem a utilização de um aparelho auditivo. - Surdez severa / profunda: é a perda auditiva acima de 70 decibéis, que impede o indivíduo de entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz humana, bem de adquirir naturalmente o código da língua oral. Os alunos portadores de deficiência auditiva necessitam de métodos, recursos didáticos e equipamentos especiais para correção e desenvolvimento da fala e da linguagem. 2.2- PROBLEMÁTICA ENCONTRADA NA INCLUSÃO DO DEFICIENTE AUDITIVO A educação dos deficientes auditivos é um assunto polêmico, que traz a tona limitações e problemas do sistema educacional vigente. As propostas educacionais direcionadas para crianças surdas tem como objetivo proporcionar o desenvolvimento pleno de suas capacidades. Contudo, diferentes práticas pedagógicas envolvendo tais sujeitos apresentam uma série de limitações e estes, ao final da escolarização fundamental (que não é alcançada por muitos) não são capazes de ler e escrever satisfatoriamente ou ter um domínio adequado dos conteúdos. Dessa forma as diretrizes oficiais e discussões sobre a inclusão de surdos mostram ambigüidade e indefinições. Reconhecem que o uso da língua de sinais é um direito do surdo e uma forma de garantir melhores condições de escolarização. Por exemplo o Plano Nacional de Educação Especial (MEC/SEESP, 1994) propõe o “incentivo ao uso e à oficialização da Língua Brasileira de Sinais”. Entretanto, são vagas as recomendações para a escola, comum e seus professores, não ficam especificadas diretrizesno sentido de oportunizar a construção de uma condição bilíngüe do surdo ou de oferecer um ensino que, em algum aspecto, seja desenvolvido por meio da Língua de Sinais. Os discursos atuais evidenciam uma urgência em incluir o aluno portador de deficiência auditiva na escola regular. O argumento mais invocado é a Declaração de Salamanca junto com outros 87 governos. Na verdade, o que fica no esquecimento é o que diz seu artigo 19, assumindo pelos órgãos oficiais: “Políticas educacionais deveriam levar em consideração as diferenças e as situações individuais. “A importância da língua de sinais como meio de comunicação entre surdos, que deveria ser reconhecido”. O fato é que os órgãos governamentais legitimam o compromisso com a inclusão social, mas não provém de recursos para atendimento educacional das escolas públicas. O caso do uso da língua de sinais pelo surdo é um exemplo significativo, pois afirma-lhes o direito de uso, mas há apenas uma recomendação para que pais e professores aprendam essa língua. A inclusão do aluno surdo não deve ser norteada pela igualdade em relação ao ouvinte e sim em suas diferenças sócio-histórico-culturais, às quais o ensino se ancore em fundamentos lingüísticos, pedagógicos, políticos, históricos, implícito nas novas definições e representações sobre a surdez. Todavia, selecionar uma língua traz uma série de tensões, principalmente por se inscreverem um grupo majoritário de ouvintes, e outro grupo minoritário daqueles que não ouvem. A escola, ao considerar o surdo como ouvinte numa lógica de igualdade, lida com a pluralidade dessas pessoas de forma contraditória, ou seja,nega-lhe sua singularidade de indivíduo portador de deficiência auditiva. Tais inconsistências reivindicam uma revisão educacional, que trace uma nova visão curricular com base no próprio surdo. Em relação à polêmica discussão acerca da educação dos surdos, configura-se a questão curricular, pois as escolas encontram-se atreladas a uma ideologia oralista, conveniente aos padrões dos órgãos de poder. Na educação dos surdos, o currículo faz parte de práticas educativas e é efeito de um discurso dominante nas concepções pedagógicas dos ouvintes. Estas ações materializam-se na afirmação de que o currículo é um espaço contestado de relação de poder, o que significa dizer que, nas práticas escolares, estas questões estão literalmente veiculadas em uma ordem necessária. O que a escola discute atualmente, por meio de seu currículo, é que “como se organizam os saberes e o conhecimento dentro do espaço para se ter uma educação de qualidade” Silva (2001, p.21). Mas, para que estas questões passem a ser legítimas, é necessário ir além delas, olhando o currículo não apenas como organização de conteúdo, pois a educação não é neutra em seus valores. “No currículo há o conflito na compreensão do papel da escola em uma sociedade fragmentada do ponto de vista racial, étnico e lingüístico. É preciso, assumir uma perspectiva sócio-lingüística e antropológica na educação dos surdos dentro da instituição escolar, considerando a condição bilíngüe do aluno surdo” Silva (2001, p. 21). Atualmente tem-se falado muito em mudanças educacionais dos surdos. Repensar esta proposta, na verdade, é uma tarefa desafiadora. A Lei de Diretrizes eBases da Educação (LDB- Lei nº 9394/1996), em seu artigo 58, capítulo V, define a Educação Especial: “...como modalidade escolar para educandos portadores de necessidades especiais preferencialmente, na rede regular de ensino deverão assegurar, entre outras coisas, professores especializados ou devidamente capacitados para atuar com qualquer pessoa especial em sala de aula. Admite também que, nos casos em que necessidades especiais do aluno impeçam que se desenvolva satisfatoriamente nas classes existentes, este teria o direito de ser educado em classe ou serviço especializado.” 3- PREPARAÇÃO DOS PROFISSIONAIS Para se incluir crianças com necessidades especiais no ensino regular, deve-se pensar em uma preparação para os profissionais que irão estar envolvidos nesse processo, principalmente o educador que irá contactar diretamente com essas crianças, desta forma, o desenvolvimento de seus conhecimentos e habilidades facilitarão a sua prática pedagógica na identificação precoce, avaliação e estimulação dessas crianças desde a pré-escola, com o auxilio de um programa assistencial infantil que atendesse a criança de 0 (zero) a 6 anos de idade no sentido de promover o desenvolvimento físico, intelectual, social e a prontidão para a escolarização. Contudo é necessário a intervenção de profissionais especializados no processo pedagógico, pelo fato do mesmo ter experiência e fundamentações teóricas que irão facilitar o trabalho pedagógico tornando-o mais eficaz. 4- A PESQUISA 4.1- A COLETA DE DADOS Ao realizar a pesquisa de campo, para saber a opinião de algumas pessoas que estão inseridas nesse “processo deinclusão”, entrevistou-se cinco (5) educandos e três (3) educadores da rede pública, juntamente com duas (2) famílias ou responsáveis por esses educandos com necessidades especiais auditivas. Segundo depoimento dos educandos, a maior dificuldade encontrada por eles está no relacionamento com os educadores e com os próprios alunos da sala, pelo fato dessa inclusão ser feita de forma brusca, encontrando educadores sem preparo para recebê-los, e os educandos sem o hábito de conviverem em sala de aula com pessoas diferentes. Sabe-se que para que haja essa inclusão, precisa-se sensibilizar e treinar todos os funcionários da instituição, desde o pessoal de apóio até o diretor ou administrador, que o educando portador de necessidades especiais requer um atendimento específico pela dificuldade que tem em se comunicar com os demais, essa inclusão para eles causou um grande impacto, fazendo com que os mesmos se isolassem por determinado tempo até que se adaptassem ao meio a qual estava se inserindo. De acordo com o depoimento desses educandos entrevistados, foi muito difícil a sua aceitação no grupo, com o passar do tempo é que os colegas começaram a perceber que eles precisavam de ajuda, passando assim a auxiliá-los no desenvolvimento e entendimento das atividades propostas em sala de aula. O grande problema estava nos educadores que para ministrar suas aulas não se preocupavam com a presença do aluno portador de necessidades especiais auditivas que precisam de certos requisitos para que possam entender melhor o que é repassado em sala de aula, para o educador a aula é administrada como se fosse uma turma de alunos“normais”, sem se preocupar com as especificidades da escola inclusiva. Segundo os educandos a disciplina mais difícil para entender é o Português pela falta de comunicação, dificultando a interpretação e a produção de texto, nas demais disciplinas há dificuldade de assimilar os conteúdos, porém se torna mais flexível a aquisição desses conhecimentos até mesmo pela colaboração que os colegas lhes dão, para que haja um aprendizado melhor. Os alunos que participaram dessa entrevista, relataram que as escolas ainda não estão preparadas para a inclusão dos surdos. Isto ocorre desde o ambiente escolar que não é adequado, as necessidades mínimas do aluno, assim como os educadores não estão capacitados para lidar ou se comunicar com surdos A dificuldade ao se relacionarem com os colegas dar-se-á pela forma de comunicação, pois os mesmos não têm habilidade nem conhecimento de como interagir com os portadores de necessidades especiais, discriminando-os muitas vezes, fazendo com que se exclua do grupo. De acordo com o posicionamento dos professores entrevistados o assessoramento que lhes são oferecidos dar-se de forma insuficiente, já que os profissionais (técnicos) que os assessoram, o faz uma vez por semana, ou trocando idéias nos encontros realizados pelo órgão a qual pertencem, sendo assim insuficiente para a sua prática pedagógica. Referente ao currículo não há especificidade para adaptá-lo a essa clientela. A Metodologia aplicada depende muito do professor que de acordo com seus conhecimentos e competência irá desempenhar suas atividades em sala de aula. Percebe-se que a dificuldade mais acentuada encontra-sena forma de como se comunicar com essas crianças surdas, pelo fato de não conhecerem a fundo a técnica de comunicação utilizada através da língua de sinais que os profissionais não tem (domínio) habilidades para que haja uma comunicação professor x aluno ou vice-versa. Um dos fatores que dificultam o desempenho desse profissional de educação no que diz respeito ao ambiente de trabalho é a falta de estrutura em que o espaço da sala de aula não esta adequado para atuar com especificidade para o atendimento dessas crianças de acordo com sua deficiência. O desempenho do profissional dar-se-á de forma mais gratificante, quando há a participação da família dando suporte de como entendê-lo, já que os mesmos têm mais contato com a criança, fazendo um resgate de sua auto estima. Segundo relatos da família, esse processo inicialmente trouxe bastante problema para os portadores de necessidades especiais principalmente os surdos, pelo despreparo profissional já que estes precisam de uma comunicação específica, ou seja, o professor deveria pelo menos ter um mínimo de conhecimento sobre a língua de sinais (LIBRAS), para que houvesse um melhor relacionamento e entendimento entre professores e alunos. O processo de inclusão dos alunos com necessidades especiais auditivas, para uns traz benefícios quando apresenta surdez leve, porém, aos que apresentam surdez profunda ou severa, às vezes causa isolamento, ou seja, exclusão, pelo fato de comunicar-se mais através de sinais, e nem toda a comunidade escolar esta preparada para lidar com esse tipo de deficiência. O relacionamento com a família segundo depoimento dos pais, énormal. Já com os professores e colegas no início apresentaram dificuldades, pois vinham de instituição ou escolas especializadas, com convivência de pessoas portadoras da mesma deficiência, facilitando assim seu entrosamento. Sabe-se que esse processo terá melhores êxitos, no momento em que os profissionais da educação se qualifique e capacite-se para atender essa clientela que requer atendimento específico, no caso da surdez severa. CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisando a situação existente em nosso país, pode-se constatar, nas últimas décadas, foi empreendido inegável esforço por parte de determinados segmentos sociais e políticos no sentido de incluir em várias leis o direito à igualdade educacional e atendimento integrado de aluno com deficiência auditiva na rede regular de ensino. Mesmo com o respaldo legal, observa-se que o sistema educacional não se estruturou para oferecer esse serviço educacional, as pessoas portadoras de deficiência em geral, principalmente no sistema público de ensino. Já que a inclusão não é de interesse apenas dos alunos com deficiência auditiva, uma vez que ao inserirmos este educando na escola regular estar-se exigindo da instituição novos posicionamentos e procedimentos de ensino baseados em concepções e práticas pedagógicas mais evoluídas, além de mudanças na atitude de professores, modos de avaliação e promoção dos alunos para séries e níveis de ensino mais avançados. A inclusão é igualmente um motivo que força o aprimoramento da capacitação profissional dos professores em serviços e que questiona a formação dos educandos. A integração tem sido muito falseada na maior partedos planos e projeto na área de educação do portador de deficiência auditiva em nosso país, conforme o pensamento de Mazzotta que diz ser a integração apenas constante nos documentos oficiais e nos discursos políticos. Na verdade, ainda persistem muitas polêmicas sobre o significado real de integração, muitas vezes as pessoas envolvidas nesse processo procede de forma instituitiva, não conduzindo uma integração educacional efetiva, nesse caso há uma mera integração física, e não um atendimento específico que venha atender as necessidades do deficiente, principalmente o auditivo que requer de especificidade em sua comunicação, variando de acordo com o nível de perda auditiva. No âmbito escolar, observa-se a falta de preparo pedagógico do professor para atender essa clientela, torna-se necessária uma preparação específica desse profissional. Há necessidade também de redução de números de alunos por turma, uma estrutura física adequada e o apoio especializado ao docente regular, um acompanhamento permanente aos pais e uma campanha de conscientização com a comunidade sobre a problemática da inclusão do surdo em classe regular. Sabe-se que, ainda há muito que fazer, pensar, pesquisar, discutir e debater sobre esse assunto, que por si só é tão complexo. As possibilidades não se esgotam com esta pesquisa, tão pouco considera-se encerrado as discussões sobre o tema. Logo, o objetivo maior é sensibilizar o meio acadêmico, os pais, os professores que trabalham ou não com educação especial e a própria comunidade em geral a estarem atentos aos problemas encontrados pelos portadores de deficiência auditiva, quanto aseus anseios, as suas dúvidas e os seus desejos. Pode-se falar em integração ou inclusão dos portadores de deficiência auditiva no ensino regular a medida que esses segmentos se mobilizarem para tentar minimizar o tema em estudo, certamente estaremos dando um passo definitivo contra a exclusão e a favor da inclusão constituindo um motivo para que a escola se modernize e atenta às exigências de uma sociedade que não admite preconceito, discriminação, barreiras sociais, culturais ou pessoais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUENO, José Geraldo Silveira. Educação especial brasileira: integração segregação do aluno diferente. S.P: Cortez, 1993. CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE NECESSIDADES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL. A Declaração de Salamanca sobre princípios. Política e Prática em Educação Especial. 1994. GÓES, Maria Cecília Rafael; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa. Surdes, processo educativo e subjetividade. São Paulo: Lovise, 2000. GOTTI, Marlene. O processo de aquisição de linguagem por crianças surdas. Integração. Ano 7, n. 18, p.30.33, 1997. JOVER, Ana. Inclusão: uma utopia possível. Nova Escola. n. 123, p.8-17, jun. 1999. MAZZOTTA, Marcos José Silveira. Fundamentos de educação especial. São Paulo: Pioneira, 1982. SANTOS, Mônica Pereira. Educação inclusiva. Integração. Ano 10, nº 22, p.35, 2000. SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão, construindo uma sociedade para todos. RJ: WVA, 1997. SCOTTI, Annete Rabelo. Adaptação curricular na inclusão. Integração. Ano 9, nº 21, p. 19-20, 1999. SILVA, Marília da Piedade Marinho. A construção de sentidos na escrita do aluno surdo. São Paulo: Plexus, 2001.
Compartilhar