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mamas • A mama é um órgão hormônio-responsivo que sofre alterações em sua composição ao longo da vida da mulher. • Na maior parte dos casos, a mama é composta quase que inteiramente por gordura. • O tecido fibroglandular esparso, ou seja, o parênquima da mama, varia entre 25-50%, dependendo da genética e da idade da mulher. • Já a densidade da mama varia de pessoa para pessoa, sendo que, quanto mais glândulas maior densidade, e quanto mais estroma menor a densidade. • A importância da densidade está no fato de que quanto menos densa a mama, mais fácil é o rastreio pela mamografia e, dessa forma, as lesões são vistas e graduadas. • Um dos motivos que mulheres jovens não possuem indicação para realizar a mamografia é porque elas possuem mamas mais densas, o que dificulta a visualização no exame. No gráfico é possível perceber que com o passar dos anos, a % das glândulas tende a diminuir enquanto a % de tecido adiposo tende aumentar. Isso ocorre porque ao longo da vida ocorre uma inversão e, assim, há aumento da proporção de tecido adiposo na mama enquanto o tecido glandular aumenta em determinado período, atingindo seu pico aos 20 anos, mas tende a diminuir após certo tempo. • Vale ressaltar que o pico do tecido glandular é o momento no qual normalmente as mulheres engravida, e, dessa forma, ocorre uma hiperplasia do parênquima estimulado pelos hormônios. Após a gestação, a mulher tem uma tendência a atrofia do parênquima mamário, visto que após o parênquima ficar hiperplásico e o estímulo hormonal for cessado, ele involui e reduz ao seu volume original. Sendo assim, ao final da vida, há aumento da proporção de tecido adiposo e tecido conjuntivo. Gabriela Reis Viol A mama, como toda glândula, é composta por uma porção celular luminal (célula secretora), a b a i x o h á m i o e p i t é l i o (sustentação), e abaixo há uma fina camada de membrana basal e, por fim, há tecido conjuntivo que separa a glândula da lâmina própria do órgão. Dessa forma, cada ácino da mama possui esse arranjo celular. Tem-se o lóbulo e ductos normais. Na mama, cada ácino possui o arranjo celular citado acima. Um conjunto de ácinos forma o lóbulo. O lóbulo junto com o começo do túbulo forma a unidade tubulolobular que desemboca no ducto terminal, em seguida no ducto principal e por fim, no mamilo. BIRADS • Todos os componentes da mama podem ser acometidos por lesões. Cada lesão que aparece é vista primeiramente clínica (palpação), e radiologicamente, sendo a mamografia o exame de escolha para avaliação primária da mama. Além da mamografia, pode-se utilizar RM e USG. • Quando o radiologista avalia uma mamografia, o laudo baseia-se no sistema BIRADS: BIRADS 0: indica que a mamografia está limitada, ou seja, que é complementar com outros métodos. Normalmente ocorre porque a lesão precisa de outro método de investigação ou porque a mama da mulher é muito densa e, portanto, difícil de ser avaliada apenas na mamografia, sendo necessário USG ou RM. BIRADS 1: indica que a mama normal, ou seja, sem nenhum tipo de lesão ou alteração. Recomenda-se mamografia de rotina anual. BIRADS 2: indica que a mama está com alterações, contudo, são alterações benignas. Recomenda-se mamografia de rotina anual. BIRADS 3: há uma alteração, mas possui características benignas, por exemplo: é um nódulo bem delimitado, não infiltrativo e com ecogenidade parecida com o parênquima adjacente. Como ocorre no fibroadenoma, adenose, microcalcificações benignas e etc. Gabriela Reis Viol Recomenda-se acompanhamento do achado em 6 meses e depois anualmente até completar 2-3 anos. A partir daqui, SEMPRE VAI pra biópsia. BIRADS 4: indica que há uma alteração na mama que não é nitidamente benigna e nem maligna, sendo assim, aponta que há necessidade de avaliação histológica (biópsia). É subdividido em a, b e c, sendo “a" baixa probabilidade de câncer e “c" alta probabilidade. BIRADS 5: câncer. Apresenta uma imagem sólida, com padrão irradiado e sombra acústica posterior (tecido do tumor é mais denso que do parênquima adjacente). BIRADS 6: diagnóstico histológico de câncer de mama, a mulher já foi submetida a um tratamento e está fazendo um exame radiológico para complementar. Isso é feito após a quimioterapia, por exemplo. PADRÃO DE LESÕES MICROCALCIFICAÇÕES • Regionais e difusas: normalmente benignas. • Agrupadas: demandam maior preocupação, mas podem estar presentes em lesões benignas. Essas microcalcificações ficam espalhadas ao longo de um setor da mama. • Lineares e segmentares: extremamente suspeitas, seguem a distribuição dos ductos e estão associados a carcinoma. • Normalmente, quando tem presença de microcalcificação em lóbulos, está ocorrendo alteração de células colunares dos lóbulos. Vale ressaltar que tem esse nome porque a célula do lóbulo fica colunar, deixando de ser cuboidal. Dessa forma, aumenta a secreção que se acumula dentro do lóbulo e ao longo do tempo essa secreção calcifica. É uma alteração benigna. Gabriela Reis Viol Subgrupo de alteração de células colunares: alteração colunar dos lóbulos; hiperplasia de células colunares; alteração colunar dos lóbulos com atipia; hiperplasia de células colunares com atipia. • Alteração de células colunares é algo muito comum, tendo significado de malignidade apenas quando há atipias, pois pode evoluir para carcinoma. Sendo assim, quando não há atipias não deve gerar preocupação, uma vez que não tem significado específico. Gabriela Reis Viol • A hiperplasia das células colunares com atipia possui coexistência com o aparecimento do câncer de mama, ou seja, se a mulher possui alteração na mamografia e a biópsia vem “alteração de células colunares com atipia”, ela possui 80% de chance de ter uma câncer que não apareceu na biópsia. Do ponto de vista genético, essas lesões são idênticas ao carcinoma, ou seja, elas possuem potencial genético de carcinoma, mas ainda não sofreram alteração fenotípica. A célula luminal que compõe as glândulas, se diferencia em células colunares sem atipia e em seguida elas se tornam atípicas. A partir daí, elas evoluem para um carcinoma ductal in situ de baixo grau. Entretanto, essa não é a única forma de originar o carcinoma. Essa mesma célula luminal pode assumir um padrão pro l i ferat ivo chamado de hiperplasia ductal que pode ter atipia e evoluir para um carcinoma. • Além das calcificações lobulares em que ocorre essa alteração de células colunares dos lóbulos, pode-se ter também as calcificações intraductais lineares. Há um carcinoma in situ dentro do ducto. As calcificações surgem porque esse carcinoma secreta muito material e as células do carcinoma morrem devido a alta proliferação, assim, tais células caem dentro do lúmen do ducto e sofrem necrose. Sendo assim, no interior do ducto tem-se secreção e célula necrótica: esse material proteico e amorfo, aos poucos vai se calcificando (achando da mamografia). Portanto, o ducto fica revestido de células neoplásicas (células necróticas + calcificadas). Preocupam muito. Gabriela Reis Viol observação: a mama não é constituída apenas por parênquima. Às vezes, algumas alterações que aparecem são o r iundas de tec ido ex t ra - parenquimatoso, como gordura, tecido conjuntivo e pele. Sendo assim, pode haver microcalcificações na pele da mama. Pode haver microcalcificações de padrão vascular, indicando doença arterioesclerótica. Há enrijecimento com calcificação de parede vascular. Calcificações lineares de padrão vascular. Lesões benignas também podem calcificar e, quando ocorrem são grosseiras.Sendo assim, aparecem na mamografia como “pipoca" Um exemp lo t íp i co dessa ca lc i f i cação é o fibroadenoma (tumor benigno mais comum da mama). NÓDULOS • Nódulo circunscrito: é bem definido com nítida demarcação de onde termina. Sendo assim, ele não parece infiltrar o parênquima adjacente e tende a ser um nódulo benigno. Durante a palpação é um nódulo móvel. Gabriela Reis Viol Lesão localizada na derme em QSL. Trata-se de um tumor de anexo cutâneo (siringoma). • Nódulo de margens mal definidas: essa má definição das margens levanta a possibilidade de infiltração no tecido adjacente. Nesse momento começa a infiltrar. • Nódulo com bordas espiculadas: BIRADS 5, a lesão possui linhas que se irradiam das bordas, indicando infiltração de parênquima adjacente. Papiloma intraductal • A papila é um eixo fibrovascular e em torno desse eixo tem o crescimento do epitélio típico do local. • Na mama tem-se uma papila fina e delicada revestida por células luminais sem atipia. • É um tumor benigno, normalmente solitário, que acomete ducto grande e em região retroareolar. Portanto, tem-se uma lesão papilar dentro do ducto da mama que vai crescendo e formando um eixo fibrovascular. • Clínica marcada por descarga mamária: saída de líquido que pode ser sanguinolenta e pode haver presença de uma mama, seja à palpação ou por imagem. Essa descarga é unilateral, só ocorre no lado do papiloma. • Não aumenta o risco da mulher ter CA de mama. Contudo, sabe-se que na biópsia de papiloma, em 10% dos casos, há outra lesão associada, que pode ser câncer ou foco microscópico de carcinoma. observação: um papiloma infartado gera preocupação, pois a área informada não consegue ser avaliada na histologia e, assim, se houver uma parte maligna, não dá para reconhecer. Pode ser encapsulado ou intra-cístico. Forma um eixo fibrovascular revestido por epitélio, mioepitélio e membrana basal. Nesse caso é cístico e o ducto dilatou devido ao crescimento do papiloma. Tem-se um nódulo bem delimitado com a presença de uma pseudocapsula (comprime a mama). Gabriela Reis Viol Fibroadenoma • É a neoplasia mais comum da mama e apresenta-se como um nódulo bem delimitado que vai crescendo e comprimindo o parênquima adjacente, formando uma pseudocapsula ao redor do tumor. • Composto por um estroma delicado com glândulas e espaços císticos. • Fibroadenoma: composição fibroconjuntiva do estroma e uma composição glandular epitelial. • Na maioria das vezes é único, tem 2-3cm, superfície lisa e é móvel (para ser fixo tem que estar infiltrando), pode ser profundo ou superficial (possibilitando a palpação). • É um tumor benigno e, portanto, não evolui para câncer, podendo acontecer em qualquer idade, mas normalmente auge em torno dos 20-30 anos. • O máximo que pode ocorrer é o fibroadenoma calcificar em forma de “pipoca”, mas ele não evolui para câncer. • Esse tumor é de uma família de lesões mamárias denominadas: lesões fibroepiteliais, que são lesões constituídas por dois componentes (epitelial e estromal - fibrosa). Ao longo do tempo, quando o tumor vai crescendo, o epitélio vai sendo comprimido pelo crescimento do estroma e pode haver calcificação e fibrose. • Não há indicação cirúrgica de retirada de um tumor por ser fibroadenoma. A cirurgia pode ser feita para retirar o nódulo que incomoda a paciente ou porque cresceu demais e comprimiu algum nervo, causando dor. Logo, a indicação cirúrgica ocorre por outros fatores e não pela natureza do tumor, uma vez que é benigno e não oferece risco a paciente. observação: o fibroadenoma normalmente possui tamanho entre 2-3cm, mas existem os fibroadenomas gigantes que podem possuir mais de 5cm. Esses casos ocorrem normalmente em mulheres jovens, visto que os hormônios estimulam o crescimento de forma rápida. Possui componente estromal e epitelial comprimido no meio. É bem delimitado. Não infiltra (devido a isso é um nódulo móvel). Gabriela Reis Viol Tumor filoides • Lesão fibroepitelial, sendo um “tipo especial” de fibroadenoma, análogo maligno deste. • Possui comportamento incerto, podendo ser benigno ou maligno, como um sarcoma (neoplasia maligna de estroma de mama). • Ocorre em mulheres mais velhas, normalmente a partir dos 60 anos, sendo raro a presença dele em pacientes com menos de 40 anos. • A maioria é benigno (sem metástase). • Seu tamanho é variável, podendo atingir até mais de 15cm e ulcerar a pele. • Sua graduação é feita de acordo com a quantidade de mitoses, celularidade e atipia. • Mesmo quando benigno, possui alta taxa de recidiva. • FILOIDES x FIBROADENOMA: ambos possuem composição fibroepitelial, e portanto, é importante saber distingui-los. Possuem arquitetura diferente. • FIBROADENOMA: é todo sólido e homogêneo. • FILOIDES: heterogêneo, possui áreas císticas e dentro dessas áreas há projeções foliáceas-digitiformes do estroma, possuindo a arquitetura de folhaça. Tumor f i loide maligno: celular idade aumentada, muito núcleo. Isso não é normal em fibroadenoma e nem em filoide maligno, pois essa quantidade de células advém de uma proliferação celular muito alta. Q u a n t o m a i s a g r e s s i v o , m a i o r a celularidade. Cicatriz radial Processo reparador da mama que causa uma distorção no parênquima mamário, com penetração do estroma e das glândulas, imitando um câncer. Contudo, é uma lesão totalmente benigna. Mas na radiologia, macroscopia e biópsia parecem um CA e para fazer a diferenciação deve- se fazer a pesquisa do mioepitélio (presença de mioepitélio: não infiltrativo). Gabriela Reis Viol Assimetria focal • Presença de uma variação da densidade do tecido, mas sem formar nódulo, ou seja, não configura um nódulo. • Normalmente é uma lesão benigna, mas pela falta de especificidade, pode requerer estudos adicionais. E S C L E R O S E D O E S T R O M A ESPECIALIZADO: por algum motivo o estroma do lóbulo mamário fica mais denso, alterando a densidade da mama. DISTORÇÃO ARQUITETURAL: é mais preocupante que a esclerose. Quando há uma retração ou alteração na arquitetura dos ductos da mama, mas que não forma nódulo ou massa, ou seja, há uma lesão distorcendo o parênquima sem formar nódulos. Normalmente são lesões benignas e o mais comum é adenose esclerosante. Hiperplasia do epitélio da mama • As células epiteliais luminais podem se proliferar e virar alguma lesão. Pode assumir 3 padrões histológicos: 1. LOBULAR: quando se faz o diagnóstico já possui um padrão atípico. O grande problema dessas lesões é que a hiperplasia lobular atípica pode ter uma evolução para um carcinoma lobular in situ, que é uma lesão de comportamento extremamente indolente, podendo evoluir para um carcinoma invasor, mas não é progressão obrigatória. Gabriela Reis Viol 2. DUCTAL: são mais comuns. Importante saber se são típicas ou atípicas, visto que as atípicas irão sempre evoluir para câncer, mas o tempo dessa evolução é variável. 3. APÓCRINO: menos comum. A célula da mama pode sofrer uma metaplasia. observação: quando se fala “hiperplasia lobular” não quer dizer, necessariamente, que está crescendo dentro de um lóbulo, visto que pode ocorrer hiperplasia lobular em um ducto. E as lesões que podem progredir para câncer são: hiperplasia lobular atípica, hiperplasia ductais e lesões de células colunares. Todos possuem potencial, são de evolução lenta e não obrigatória. HIPERPLASIA LOBULAR • Em 85% dos casos, quando presentes, são multicêntricas, ou seja, encontradas em mais de um foco. Sendo bilateral em 30% dos casos. Se a mulher possui a lesão em um local, possuimais de 80% de chance de ter em outro local. • Em geral, não geram alterações na mamografia e nem na clínica e, sendo assim, são de difícil diagnóstico, o que muitas vezes atrasa o diagnóstico. Portanto, ao diagnóstico pode estar invadindo ou ser muito grande. • O tratamento do carcinoma lobular in situ é muito controverso, sendo a tendencia hoje apenas acompanhar o paciente e, em alguns casos, utiliza-se tamoxifeno. Gabriela Reis Viol • Tais neoplasias lobulares - hiperplasia lobular atípica, carcinoma in situ ou carcinoma invasor - durante a sua carcinogênese, realizam uma mutação que perde a expressão do gene E-CADERINA, que é um gene de adesão celular, permitindo a existência da glândula. Ou seja, no carcinoma lobular, por não ter a E-CADERINA, as células são isoladas e soltas, não ficando ligadas umas as outras. Desse modo, quando o carcinoma invadir ele irá infiltrar com células isoladas. HIPERPLASIA DUCTAL Pode ser simples, moderada, com atipia, carcinoma ductal in situ e carcinoma ductal invasor. Possui uma progressão típica. A hiperplasia ductal sem atipias tem uma leve hiperplasia com 3-4 camadas de células e não tem risco de evoluir para CA invasor. A hiperplasia ductal moderada sem atipias também não tem risco de evoluir para carcinoma invasor. Gabriela Reis Viol A hiperplasia ductal atípica (HDA) é a lesão que gera preocupação visto que pode evoluir para câncer. Ela é, geneticamente, igual a um carcinoma ductal in situ, mas é uma lesão muito pequena (menor que 2mm) e, por isso, não é considerada um carcinoma in situ (>2mm). Porém pode evoluir para um carcinoma invasor. Possui atipia leve. observação: para todas as lesões intraductais suspeitas em que se preenche o ducto, mas não há um padrão típico, deve-se utilizar a imuno-histoquímica para pesquisa: citoqueratinas (citoqueratinas de padrão basal são expressas por hiperplasias ductais sem atipias); mioepitélio p63 para ver a lesão toda é in situ, ou se há algum foco de invasão; receptor de estrógeno (lesões neoplásicas de baixo grau de mama tendem a ter superexpressão de estrógeno); KI-67 se for baixo a lesão é benigna. Pesquisa-se também E-caderina que se positiva é ductal e se negativa é lobular. Carcinoma ductal in situ é uma lesão semelhante à hiperplasia atípica, porém maior que 2 mm. Gabriela Reis Viol Proliferação monoclonal (está ocorrendo a multiplicação a partir de uma única célula) e por isso elas são iguais entre si. Há uma proliferação homogênea: hiperplasia atípica. Neoplasias malignas da mama • O câncer de mama é uma doença heterogênea, ou seja, não existe apenas um tipo de carcinoma da mama. • Existem 3 tipos de lesões precursoras: hiperplasia lobular atípica, hiperplasia ductal atípica e alteração de célula colunar com atipia. • A mama normal sofre alterações proliferativas (hiperplasias sem atipias), seguido por hiperplasias com atipia e carcinoma in situ, e logo carcinoma invasor. • Gera doença proliferativa: alteração de células colunares com atipia e evolução com carcinoma in situ, podendo virar um carcinoma de baixo grau e posteriormente de alto grau. • Outra via carcinogênica, faz com que surja um carcinoma in situ de alto grau que tende a virar um carcinoma invasor de alto grau. FATORES PROGNÓSTICOS DO CA DE MAMA • Deve-se classificar o tipo histológico, visto que o carcinoma invasor possui vários subtipos. Fala se o tumor é ductal, mucinoso, etc. • Tamanho da lesão: depende das estruturas da mama que a neoplasia acomete. • Status da invasão: se for um carcinoma invasor o prognóstico é pior. Gabriela Reis Viol • Grau de diferenciação: se é um tumor pouco ou muito diferenciado (semelhante a mama). • Status de invasão angiolinfática: presença de invasão angiolinfática ou perineural - aumentam a chance de metástase. • Status de invasão perineural: invasão de nervos. • Status do estroma: situação do estroma ao redor do tumor. • Reação inflamatória desencadeada pela neoplasia: se o tumor está desencadeando uma reação inflamatória. A reação inflamatória depende da capacidade da resposta imune em volta do tumor. • Status da pele: disseminação do tumor na mama, como está a pele e o mamilo. • Status do mamilo. • Padrão de distribuição no parênquima adjacente: disseminação por ductos terminais e/ ou cancerização de lóbulos. • Margens cirúrgicas: o princípio de qualquer cirurgia oncológica é remover todo o tumor e por isso deve-se conhecer suas margens. • Status linfonodal de sua gordura adjacente: se acometeu linfonodos. TIPO HISTOLÓGICO • NÃO ESPECIAL/SEM OUTRA ESPECIFICAÇÃO/DUCTAL: o tumor não tem nenhuma característica que o permita ser enquadrado em nenhum tipo de tumor especial. O tipo histológico já traz consigo a agressividade biológica do tumor. Esse é o CARCINOMA DUCTAL INVASOR (componente invasor do carcinoma ductal in situ), representa 75-90% dos tumores da mama, o mais comum. Seu tipo histológico não traz um comportamento biológico específico, sendo necessário avaliar outros parâmetros de graduação, como estadiamento e imunohistoquímica, mas normalmente é um comportamento ruim. • ESPECIAIS: 10-15% dos cânceres em que seu padrão histológico já demonstra qual será seu comportamento, sua agressividade. Cada tipo de tumor especial possui um comportamento distinto, que lhe confere um prognostico diferenciado, em geral é excelente. O comportamento deles é pré-definido. Os tipos especiais carregam consigo um prognóstico estabelecido. observação: os tumores de prognóstico excelente possuem comportamento indolente e na maioria das vezes o tratamento é feito apenas com a retirada cirúrgica do tumor, sem necessidade de realizar quimioterapia. Gabriela Reis Viol Carcinoma lobular • Há uma mutação da E-caderina (proteína da adesão celular que faz com que a célula fique unida e a glândula fique redonda). Essa mutação faz com que a E-caderina perca sua expressão e as células fiquem isoladas (“soltas”). • Quando o carcinoma lobular da mama infiltra o parênquima ele o faz de maneira isolada (não forma glândulas ou túbulos), as células ficam dispostas em “fila”. • A presença ou não de mutação da E-caderina tem relevância, visto que a não expressão da E-caderina faz com que o carcinoma lobular tenha afinidade por dar metástase em locais como meninge, cérebro, pleura e peritônio. Núcleo pequeno, homogêneo, com infiltração por células isoladas e em fileiras. Gabriela Reis Viol Carcinoma com características medulares • Tumores pouco diferenciados, com núcleos atípicos e carga mutacional muito grande. • Cada mutação que a célula sofre gera uma alteração na sua expressão de proteínas. Com isso, quando o tumor infiltra, há uma grande reação imune no tecido que explica o infiltrado exuberante característico do tumor. • Possui prognóstico razoável. Denso infiltrado linfoide, núcleos a t í p i c o s , a r r a n j o s s i n c i a i s , normalmente triplo negativos. Adenoide cístico • Em algumas situações, existem tumores análogos aos de glândulas salivares. Isso ocorre porque a mama nada mais é do que um anexo cutâneo modificado. • A pele possui diversas glândulas cutâneas que durante o período embrionário sofrem modificações e podem se tornar glândulas salivares, mamas, etc. • Tumores naturais de glândulas salivares podem ocorrer fora delas. Nesses casos, o prognóstico é muito bom, visto que normalmente são tumores de baixo grau e não geram muita repercussões clínicas. Arquitetura cribriforme com secreção de membrana basal like. Gabriela Reis Viol Carcinoma micropapilar • Quando infiltra amama forma micropapilas. • Quando tem dúvida se é carcinoma micropapilar deve-se fazer a pesquisa imuno- histoquímica de EMA: a formação de micropapilas pode ser demonstrada pela imuno- histoquímica, através da pesquisa EMA (antígeno epitelial da membrana). • No carcinoma micropapilar a borda secretora das células será marcada, pois significa que a célula está secretando para fora, pois no seu interior tem as micropapilas. Algumas vezes pode ter alguns artefatos ou um padrão que imitem o carcinoma micropapilar, mas não é verdadeiro. • O carcinoma micropapilar possui um prognóstico ruim, com tendência a metástase linfonodal. • Algumas vezes o diagnóstico diferencial é um carcinoma de bom prognóstico, como o mucinoso coloide. Carcinoma coloide • Tumores produtores de muco. • A imuno-histoquímica diferencia o carcinoma micropapilar do carcinoma coloide. Gabriela Reis Viol Imunohistoquímica • RECEPTORES HORMONAIS: estrógeno e progesterona. Os receptores hormonais foram importantes, visto que o tratamento feito com bloqueador hormonal associado à cirurgia é extremamente eficaz. Além de identificar a positividade e negatividade, é necessário falar o quanto as células marcaram e a intensidade desses corpos. • SUPEREXPRESSÃO OU NÃO DO HER-2: o HER-2 é um receptor de membrana da família do EGFR-2, que é codificado pelo C-ERB-B2. Quando um receptor de membrana é estimulado, ele leva as células a se multiplicarem e, por isso, nos casos em que há superexpressão desse receptor de membrana o prognóstico é ruim, pois a célula tumoral se divide constantemente e de maneira descontrolada, com alta atividade mitótica. Assim, além do próprio estímulo intrínseco do câncer de se dividir, há ainda ajuda externa do receptor de membrana. O Trastuzumab (anticorpo monoclonal) se liga no receptor de membrana e impede que o receptor original se ligue e bloque essa via de estímulo e o tumor morre de “inanição”. • MARCADORES DE PROLIFERAÇÃO CELULAR (KI-67): demonstra toda célula que está fora do estado de repouso, entrando ou saindo da mitose. Informa se há necessidade do paciente receber quimioterapia além do tratamento de base. • P53: não é obrigatória pois há dúvida quanto a sua importância. observação: os receptores hormonais e a HER-2 mudaram a história natural dos tumores de mama, visto que formas de tratamento eficazes surgiram. DEFININDO O TRATAMENTO • É necessário estrógeno e progesterona, receptor de membrana do HER-2 e marcadores de proliferação KI-67. 1. Tumor que tem alto índice de expressão de hormônios, negativo para HER-2, negativo para mutação de p53 e tem KI-67 baixo: tumor de bom prognóstico. 2. Tumor negativo para hormônios, com superexpressão do HER-2, mutação de p53, alto índice proliferação pelo KI-67: tumor de mau prognóstico. FATORES MORFOLÓGICOS QUE INFLUENCIAM NO PROGNÓSTICO • INVASOR x MICROINVASOR x IN SITU • Tipo histológico • Estadiamento Gabriela Reis Viol • Grau de diferenciação GRADUAÇÃO • 3-5: grau I - bem diferenciado. • 6-7: grau II - moderadamente diferenciado. • 8-9: grau III - pouco diferenciado. Carcinoma invasor com disseminação para ductos terminais Houve disseminação para ductos terminais, o que significa que o tumor é mais extenso do que se observa em exames de imagem. O problema é que em uma cirurgia provavelmente terá tumor residual na paciente. Gabriela Reis Viol observação: outro fator importante é o acometimento do mamilo. Da mesma forma que o tumor pode se espalhar pelos ductos terminais, ele pode atingir o mamilo caracterizando a doença de Paget. É um marcado prognóstico e faz parte do estancamento, pois aumento a chance de recidiva e metástase linfonodal. Além disso, impede que seja feita uma cirurgia conservadora. Carcinoma inflamatório • É um diagnóstico clínico • É um carcinoma da mama que acomete a pele e infiltra os linfáticos da derme, deixando a região acometida vermelha, sensível ao toque e quente. • Uma situação de pior prognóstico, com aumento de chance de recidiva local e metástase para linfonodo. Haverá uma área nodular, eritematosa e com infiltração dos linfáticos da pele. Não há um processo inflamatório de fato, e sim uma “simulação clínica”. Gabriela Reis Viol Classificação • Importante para definir qual o tratamento será utilizado. LUMINAL A: 40-55%, traz tumores de melhor prognóstico. Tem alto índice de expressão de receptores de hormônios, baixo índice de Ki67 e são negativos para supreexpressão de HER-2. Não expressa marcadores basais (CK5, CK14, EGFR). Tratamento: a maioria do tumor com células bem diferenciadas possui células luminais e assim, esse tumores não se beneficiam com quimioterapia. O tratamento será feito com o uso de bloqueador de hormônio Tamoxifeno ou equivalente. LUMINAL B: 15-20%, traz tumores de pior prognóstico que o tipo A. São receptores de hormônio positivos (mas com intensidade menor que os do tipo A), alto índice de Ki67 e, em alguns casos, podem ser HER-2 positivos. Não expressam marcadores basais. Tratamento: além do bloqueador de hormônio, deve-se usar também a quimioterapia devido ao índice de proliferação desse tumor. TUMOR TIPO HER-2: tem apenas superexpressão de HER-2 e, normalmente, terá um índice de proliferação muito alto (alto Ki67). Esse tipo de tumor é negativo para receptores hormonais. Tratamento: quimioterapia e imunoterapia com Trastuzumab. TUMOR TRIPLO NEGATIVO: negativos para receptores hormonais (estrógeno e progesterona) e HER-2. Além disso, possui um alto índice de proliferação Ki67. Sendo assim, é um tumor muito agressivo e pouco diferenciado. Tratamento: quimioterapia. Gabriela Reis Viol TUMOR BASAL-LIKE: expressam proteínas basais e se assemelham as células do mioepitélio. São carcinomas que acometem mulheres jovens, linfonodos negativos e normalmente não dão metástase para o local que CA de mama costuma dar (fígado ou osso), sendo comum para cérebro, pulmão e pleura. São extremamente agressivos e 80% são triplo negativos, contudo, não são assim chamados pois possuem similaridade com o mioepitélio. É um tumor com positividade variável para receptores hormonais, HER-2 variável, Ki67 normalmente alto, mutação do p53 e é associado a mutação do BRCA-1. Tratamento: quimioterapia. observação Ki67 < 15% índice de proliferação baixo. Ki 67 > 20% índice de proliferação alto. Gabriela Reis Viol
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