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RECICLAGEM: COMO O SEU LIXO PODE IMPACTAR O PLANETA

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RECICLAGEM: COMO O SEU LIXO PODE IMPACTAR O PLANETA
Evelyn Sousa
Izabela Bonzanini[1: Alunas do sétimo semestre, noturno, do curso de Relações Públicas, disciplina filosofia da tecnologia.Artigo produzido na disciplina de Filosofia da tecnologia, FAPCOM, sob orientação do prof. Dr. Claudenir Módolo Alves.]
RESUMO
	Resíduo sólido é qualquer material gerado por atividade humana ou não humana, podendo ser classificados como materiais, substâncias ou objetos, podendo ser orgânicos ou inorgânicos. Enquanto a reciclagem é a transformação de materiais recolhidos, sendo os resíduos sólidos recicláveis todo/qualquer objetivo que possa ser reciclado/reconstituído de alguma forma. São responsáveis por promover a economia, devido ao reaproveitamento de matéria-prima como plástico, alumínio e papel. A partir deste processo a coleta seletiva é responsável pela diferenciação de resíduos que foram previamente separado, segundo a sua constituição ou composição. São resíduos com características similares selecionados pelo cidadão, e disponibilizados separadamente, para coleta, geralmente feita por catadores. 
Palavras-chave: Resíduos Sólidos. Reciclagem. Coleta Seletiva. Catadores.
INTRODUÇÃO
O presente artigo tratará da história da reciclagem, analisando o seu surgimento, como foi e está introduzida na rotina e no mundo. Considerando diversos pontos como lixo, reciclagem, coleta seletiva etc., para debate e conhecimento do leitor, desde sua história e trajetória para existir ao formato e importância da nossa atualidade. O objetivo com este artigo, é gerar reflexão para a relevância da reciclagem para a vida de nosso planeta.
1 LIXO: O QUE É?
Os dicionários, como Michaelis, conceituam o lixo como: 1. qualquer material sem valor ou utilidade, ou detrito oriundo de trabalhos domésticos, industriais etc. que se joga fora; 2. tudo o que se retira de um lugar para deixá-lo limpo. Além de outras visões como sujeira, imundice, sobras de alimentos ou resíduo sólido. Resíduos sólidos, segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, são definidos como sendo todo material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade. O autor Sidney Grippi, escritor do livro: “Lixo - Reciclagem e sua história” uma grande base para a pesquisa, nos auxiliando e baseando nele, como a definição de lixo da forma que queremos tratar.
O lixo é matéria-prima fora do lugar. A forma com que uma sociedade trata do seu lixo, dos seus velhos, dos meninos de rua e dos doentes mentais atesta o seu graus de civilização. O tratamento do lixo doméstico, além de ser uma questão com implicações tecnológicas é antes de tudo uma questão cultural. (Grippi, 2006).
2 O ATO DE RECICLAR
Primeiramente é importante compreender o conceito de reciclagem, que é definido como a transformação de materiais recolhidos, promovendo uma economia da matéria-prima, como plástico, alumínio e papel, por exemplo, através do reaproveitamento deste material, produzindo novos produtos e gerando também diminuição nos números de poluição (PNUD, 2018, apud GALBIATI, 2005).
Reciclar é dar uma nova vida ao lixo (resíduo sólido) descartado, transformando-o no que fora jogado ou em outro item. A ação de reciclar significa economizar energia, poupar recursos naturais, sobretudo em tempos atuais, em que há consumo excessivo de produtos, que muitas vezes, não têm ciclo fim reciclável. 
Reciclar significa = Re (repetir) + Cycle (ciclo). 
A imagem da Terra vista pelos astronautas teve a virtude de nos incutir a consciência de que, longe de habitar um espaço infinito, habitamos uma espécie de nave espacial isolada, dentro de uma cápsula de recursos constantes, que consumimos, e que somente não esgotamos porque reciclamos. Este conceito da necessidade de reciclagem - de nada perder, de nada destruir, de tudo usar de novo - desta cápsula de recursos constantes acordou-nos para a ameaça da poluição, que interrompe o processo de reciclagem pela inutilização do recurso ou pelo envenenamento. (Silva, 1975:1).
O lixo passou a ser reciclado como uma forma de diminuição dos impactos no meio ambiente, em razão de excesso de lixo descartado de forma indevida. A ideia da reciclagem foi tomada como solução para gerar economia e lucros para o meio ambiente, além de diversos outros benefícios, como uma menor exposição à poluição para os seres humanos; economia de matérias primas para o meio ambiente; diminuição de poluentes etc.
3 RECICLAGEM NA IDADE MÉDIA
Para contextualizar a vida e o surgimento da reciclagem, precisamos voltar para a Idade Média, onde surgiram os primeiros serviços de coleta de lixo. O início dos serviços de coleta deu-se por empresas particulares que fracassaram, tornando-se um serviço público – passando a ser serviços para carrascos e muitas vezes, auxiliado por prostitutas. Com a Revolução Industrial, na segunda metade do século XIX, o lixo (resíduo sólido) teve um aumento significativo e providências precisaram ser tomadas. Com o número de indústrias crescendo, consequentemente o lixo aumentou também, sendo assim, o lixo orgânico, um problema pequeno perto da necessidade de criar um processo para evitar essa grande quantidade de lixo sólido. Devido às grandes guerras e crises econômicas como a de 1929, a necessidade de racionar produtos, reutilizar (que também pode ser considerado como o ato de reciclar) passou a ser ainda maior. 
A Revolução Industrial, século XIX, marca o início de novos tempos com a instalação de fábricas e produção de variados bens de consumo, contribuindo para substancial aumento no volume de resíduos nas áreas urbanas. É a sobrevalorização do capital e do lucro e o desenvolvimento em toda a ação humana. Os benefícios seguiram-se de males causados à natureza, mediante o consumo desenfreado, que provocou uma série de conseqüências. O desperdício passou a fazer parte da vida do cidadão e os alimentos continuam servindo para acúmulo do lixo; a degradação ambiental só não se tornou maior, porque mais da metade da população mundial vive às margens da sociedade de consumo. O homem é obrigado a conviver com rios poluídos, ruas entulhadas de resíduos, inclusive tóxicos, e com os lixões.
4 A RECICLAGEM NO BRASIL 
No Brasil, a reciclagem teve seus primeiros indícios em 1896, quando catadores de lixo recebiam ordem para separar os resíduos sólidos em: ferro, garrafas, folhas e outros materiais. No entanto, as preocupações em relação aos problemas trazidos pelo lixo excessivo no meio ambiente ganharam força em 1920 devido às aglomerações e divulgações que vinham sendo realizadas por países estrangeiros que realizavam a reciclagem do lixo, em que de instância o interesse era realmente ligado ao rendimento econômico que a reciclagem resultava.[2: Catador: trabalhador urbano responsável pelo recolhimento de resíduos sólidos recicláveis, tais como papelão, alumínio, vidro e outros.]
“A reciclagem economiza energia, resolve um dos problemas do lixo, que é o volume crescente nos aterros, e gera empregos. São preocupações econômicas e ecológicas, vantagens para as empresas.” (Pilcher, 1995)
No ano de 1970 o país viu-se mais possibilitado a realizar com maior extensão a reciclagem do lixo, isso se deu devido ao surgimento e criação de novas ferramentas e produtos que facilitavam a realização de cada processo para a reciclagem do lixo, o que inclui o retorno do lixo descartado para as indústrias e fábricas que reutilizam durante a produção de determinados produtos e serviços. A partir daí surgiram vários projetos e programas de incentivo a reciclagem do lixo procurando conscientizar a população brasileira de como é danoso ao meio ambiente e consequentemente a todos os seres vivos esses descarte excessivo de lixo que é realizado diariamente e que prejudica todo o ecossistema do planeta.
Dentre os benefícios da reciclagem, de acordo com o site Ambiente Brasil, são: contribui para diminuir a poluição do solo, água e ar; melhora a limpeza da cidade e a qualidade de vida da população;
prolonga a vida útil de aterros sanitários; melhora a produção de compostos orgânicos; gera empregos para a população não qualificada; gera receita com a comercialização dos recicláveis.
Em 2010, surge a sanção da lei n° 12.305 e a PNRS, Política Nacional de Resíduos Sólidos, foi instituída, regulamentada pelo decreto 7.404/10, foi um marco ao grande passo que é tornar a reciclagem cada vez mais conhecida, por ter objetivos e finalidades que dizem respeito a tratar de todos os resíduos sólidos domésticos, industriais, eletroeletrônicos etc., e o incentivo ao descarte dos resíduos sólidos de forma adequada.
Atualmente o assunto tem recebido uma atenção especial, já que, faz parte do “17 objetivos para transformar nosso mundo”, da Nações Unidas do Brasil, e grandes empresas fazem uso da responsabilidade social que une a responsabilidade pelo ambiente, por causas etc., deste modo, a importância pela reciclagem tem tomado uma proporção e relevância maior, sendo não só mais inserida em nosso cotidiano por meio de produtos e marcas que prezam por isso, por pessoas mais interessadas, mas também pela tecnologia que, nos dias de hoje, busca propagar, impactar e buscar formas para facilitar esta ação.
A Educação Ambiental vem sendo considerada interdisciplinar, orientado para a resolução de problemas locais. É participativa, comunitária, criativa e valoriza a ação. É transformadora de valores e atitudes através da construção de novos hábitos e conhecimentos, conscientizadora para as relações integradas ser humano, sociedade, natureza objetivando o equilíbrio local e global, melhorando a qualidade de todos os níveis de vida. (GUIMARÃES, 2005, p.17).
5 COLETA SELETIVA
O tema coleta seletiva teve as primeiras referências ao assunto na década de 60, em São Paulo, e 70 e 80 em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, respetivamente (CONKE e NASCIMENTO, 2018). No entanto, apesar do tema já circular há mais de 50 anos, a efetividade da coleta seletiva no país ainda é muito baixa. Coleta seletiva é a coleta diferenciada de resíduos que foram previamente separados segundo a sua constituição ou composição. Ou seja, resíduos com características similares são selecionados pelo gerador (que pode ser o cidadão, uma empresa ou outra instituição) e disponibilizados para a coleta separadamente.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a responsabilidade deste tipo de serviço é do poder público, seja através da coleta porta-a-porta ou em PEVs, os Pontos de Entrega Voluntárias (espaços onde cidadãos podem depositar seu resíduo sólido reciclável). Numa tentativa de tentar cobrir uma maior fatia da população com este serviço, municípios e estados podem fechar parcerias com empresas privadas, catadores e cooperativas para ampliar o alcance da coleta seletiva.
Apesar de alguns esforços, no Brasil, o serviço de coleta e reaproveitamento de resíduos sólidos ainda é muito deficitário. O IBGE apontou, em 2012, um número de 32% dos municípios brasileiros cobertos com este serviço - outras pesquisas divergem bastante deste número: o Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE, 2012) aponta um total de 14% dos municípios, o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2014) destaca que são 20% e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2010) aponta para 13%. Porém, apesar de algumas pesquisas mostrarem um cenário positivo nas estatísticas, é importante ressaltar que a coleta regular de lixo atinge 98% dos municípios do Brasil (IBGE, 2010), o que demonstra uma diferença bem grande do acesso da população a este tipo de serviço.
Em 2010, visando melhorar o cenário e o manejo dos resíduos sólidos no Brasil, o então presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a Lei 12.305/10 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Além de encerrar o projeto e a atividade de lixões, desenhar instrumentos “para permitir o avanço necessário ao País no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos” (Ministério do Meio Ambiente, PNRS), a Política Nacional de Resíduos Sólidos também prevê o investimento, a valorização do trabalho e a emancipação econômica dos catadores autônomos e também o investimento em organizações e cooperativas de catadores (GALBIATI, 2005).
No processo de coleta seletiva no Brasil, os catadores são os agentes mais frágeis da cadeia, no entanto, são os mais ativos e os que mais geram resultados positivos para esta atividade. Segundo o censo do IBGE de 2010, 400 mil pessoas afirmaram ter a coleta de resíduos recicláveis como atividade remunerada principal e, de acordo com o IPEA (2010), os catadores são responsáveis por 90% dos materiais reciclados recolhidos em todo o Brasil, ou seja, é o trabalho diário de centenas de milhares de catadores que mantém a coleta seletiva e o reaproveitamento dos materiais em expansão e funcionamento no país.
Apesar de todo o papel social e sustentável que desempenham na sociedade, os catadores ainda são muito marginalizados e vivem em condições pouco favoráveis quando levamos em conta aspectos demográficos, sociais e econômicos. Usando como base o Censo de 2010 do IBGE, quando comparamos os níveis de analfabetismo dos catadores com o restante da população ocupada (PO), podemos perceber que o primeiro grupo tem um grau muito maior de analfabetismo frente ao segundo, como demonstra a tabela abaixo:
Brasil: taxa de analfabetismo da PO total e dos catadores, por grupos etários decenais (2010)
Fonte: Censo de 2010/IBGE e microdados da amostra CEM (USP, 2016)
Elaboração: Ricardo de Sampaio Dagnino e Igor Cavallini Johansen
A partir destas informações é possível visualizar e entender que, apesar de essenciais para a atividade que exercem, inclusive gerando aumento dos números de materiais reciclados no Brasil, como a variação de 56% para 91,5% no índice de reciclagem de latas de alumínio e de 18% para 54,8% de embalagens PET, entre 1994 e 2008 (Besen, 2011, apud SILVA, IPEA, 2017), os catadores ainda têm pouco acesso aos serviços básicos de educação e têm baixo poder aquisitivo, tendo pouco ou nenhum acesso a atividades de lazer, cultura e desenvolvimento profissional, por exemplo.
Para a análise da inserção dos catadores no cenário cultural e visualização do grau de participação e acesso deste público neste tipo de atividade, vamos considerar as informações demográficas descritas acima, no entanto, para melhor localização, definimos um filtro para a cidade de São Paulo devido às atividades do projeto em análise terem o foco de atuação em cooperativas nesta região. 
6 LIXO E CIDADANIA 
É importante entender que todo o material que nós, indivíduos, como seres únicos, geramos, pode virar renda, cidadania e desenvolvimento para muitas pessoas. Sem contar, é claro, com a quantidade de pessoas que, nos dias de hoje, ainda dependem de lixões para se alimentar e sustentar. 
Há uma gigantesca quantidade de lixo que é gerado diariamente, não tem reaproveitamento algum, e tornar-se prejuízo ambiental. Daí a importância de falarmos tanto sobre lixo, cidadania e reciclagem. 
Em 2000, visando uma implementação de um sistema de recuperação de resíduos, contando com a participação de associações e cooperativas de catadores. O Instituto Pólis, criou o Fórum Lixo e Cidadania da Cidade de São Paulo, que passou a ser uma forma de pressão ao poder público de São Paulo.
A concepção do Fórum surgiu a partir de uma pesquisa feita pela Unicef, que revelou a existência de 50.000 crianças e adolescentes vivendo no e do lixo no Brasil. Para enfrentar essa realidade, um conjunto de instituições – órgãos públicos federais, organizações não-governamentais, o Ministério Público, igrejas e prefeituras com experiências em andamento –, realizaram um workshop e criaram o Fórum Nacional Lixo e Cidadania, que hoje envolve 49 parceiros.
A reflexão sobre essas experiências consolidou uma nova forma de se tratar a gestão do lixo nas cidades, batizada de Gestão Compartilhada do Lixo Urbano,
e inspirou o Programa Nacional Lixo e Cidadania.
Para a implementação desse Programa, o Fórum Nacional Lixo e Cidadania tem desenvolvido ações de mobilização social, de organização e sistematização das informações em banco de dados e de apoio técnico, financeiro e político.
7 O PAPEL DO PIMP MY CARROÇA PARA OS RESÍDUOS SÓLIDOS
Atualmente há uma busca por novas formas de vivência sustentável, que cause menos impacto ambiental e que seja ecológico. As mídias sociais digitais têm sido grandes aliados dos profissionais de comunicação, visto que oferece grande alcance para aqueles que buscam por sustentabilidade. Caminhando juntamente com as mídias sociais digitais, há uma busca crescente por utilização de aplicativos para o telefone que possam trazer formas de um indivíduo inserir-se em um mundo sustentavelmente correto. 
O Pimp My Carroça é um movimento que luta para tirar os catadores de recicláveis da invisibilidade, segundo sua descrição do Facebook. Foi uma iniciativa pensada em Fevereiro de 2012, com o plano de unir artistas grafiteiros para customizar carroças de catadores de recicláveis, mas a ideia só foi realizada em Junho de 2012. No entanto, a ideia surgiu em 2007, pelo fundador, Thiago Mundano, após um financiamento coletivo feito pelo site Catarse, uma plataforma que trabalha com Crowdfunding. O financiamento foi muito importante para a criação da empresa. Foi histórico: o primeiro financiamento do Catarse a dar certo, ultrapassando a meta que foi atingida.	
Com um objetivo ambiental, humanitário, sociológico, culturais a organização do Terceiro Setor criou um aplicativo que busca unir a tecnologia e a sustentabilidade, o Cataki, plataforma que criou encanto e vontade de trabalhar em favor dele. Por acreditar no que o Pimp My Carroça propõe e buscar alternativas de impacto social, optamos por apresentar a organização no presente artigo.
Com o passar dos anos e o sucesso que o Pimp My Carroça conquistou não só por São Paulo, mas também por outros estados do Brasil e até mesmo fora do país, surgiu a iniciativa de fazer ainda mais pelos catadores, estes que pediam indicação e sugestão de pontos de coleta. Com isso, criou-se o Cataki, um aplicativo capaz de conectar catadores de resíduos reciclados e pessoas que desejam reciclar, conhecido também como “tinder da reciclagem”. O aplicativo é porta de entrada para uma grande variação de ações e programas do Pimp My Carroça.
O idealizador e fundador do Cataki é Breno Castro Alves. O aplicativo foi criado em 2017 e hoje conta com mais de 300 catadores cadastrados em mais de 30 cidades brasileira, tendo um serviço estruturado apenas em São Paulo e Recife. O Cataki é exemplo de como uma plataforma colaborativa, solução emergente, pode mudar a realidade de uma profissão marginalizada no Brasil.
O autor da plataforma pensou em criá-lo, pois ao participar da Pimp My Carroça, projeto que contava com intervenções artísticas nas carroças como forma de dar visibilidade aos catadores, recebia dúvidas e pedidos de indicações de lugares para reciclar.
Para tirar o Cataki do papel, quatro anos atrás, os criadores enxergaram uma solução muito criativa numa pilha de madeira. Em vez de descartar os resíduos da reforma de seu escritório, decidiram usá-los como matéria prima para obras de arte, organizando uma grande exposição em São Paulo/SP. Chamaram 250 dos maiores artistas urbanos do Brasil, que criaram peças, podendo assim, gerar uma exposição e reflexão artística sobre os catadores de recicláveis. Além disso, foi criado um acervo que vale mais de R$ 100 mil.
O aplicativo já recebeu um prêmio em Paris, pelo Fórum NetExplo, como melhor alternativa para reciclagem de produtos sólidos e referência para inovação social em todo mundo. Foi selecionado dentre cerca de 2000 soluções, escolhido por 19 universidades de diferentes países – localizados na América do Norte, Europa, região da Ásia-Pacífico, África, Oriente Médio e América Latina. Nos 11 anos em que existe o NetExplo, foi a primeira vez que um projeto brasileiro chegou aos Top 10.
A grande inovação e trabalho do Cataki é esse, transformar a possibilidade da reciclagem numa atividade econômica não apenas viável, mas digna, para os catadores. O caminho encontrado vai além do emprego da tecnologia, e tem as pessoas como foco. Porque, como contaram os responsáveis, o aplicativo só funciona graças a uma interação e união de esforços entre comunidades de catadores e voluntários. O aplicativo usa uma tecnologia relativamente simples para mapear um serviço prestado por uma população à beira da miséria, que normalmente não tem acesso a esse tipo de tecnologia. Então, a inovação, nesse caso, está muito mais na prática da tecnologia do que no código, no desenvolvimento do app.
Atualmente a organização conta com 30.900 mil seguidores no Instagram, 32.772 seguidores e 33.447 curtidas na página do Facebook e um site que responde bem às possíveis dúvidas. A comunicação da empresa funciona por meio de WhatsApp, tanto com os oito colaboradores que compõem o time da empresa, como para os diversos catadores que trabalham pelo Cataki. O que foi afirmado durante a reunião com João Bourroul, único responsável por toda a comunicação da empresa, é que muitos dos catadores não conseguem ter acesso ao serviço ou darem a devida atenção ao aparelho.
	Com isso, achamos de suma importância apresentar o Pimp My Carroça, por ter grande relevância para o assunto prestado durante o artigo, onde envolve coleta seletiva, resíduos sólidos, reciclagem e catadores que são pouco valorizados apesar de seu grandioso papel. A função desempenhada pela organização é, além do enaltecimento e reconhecimento do trabalho dos catadores de resíduos sólidos reciclados, com o intuito de tirá-los da invisibilidade por meio da customização de suas carroças, promovendo a autoestima dos catadores e projetos sociais voltados para este público e causa, desenvolver, através do aplicativo Cataki, o intermédio de público-interessado para catadores, promovendo a possibilidade de aumento de reciclagem, juntamente com o aumento de trabalho para os catadores. 
8 A QUESTÃO DA TÉCNICA
Antes de respondermos o que é técnica, devemos entender que a essência da técnica, não é nada técnica, conforme dito por Martin Heidegger.
A técnica não é a mesma coisa que a essência da técnica. Quando procuramos a essência da árvore, devemos estar atentos para perceber que o que domina toda árvore enquanto árvore não é propriamente uma árvore, possível de ser encontrada entre outras árvores.
Para encontrarmos a essência da técnica, pensar em algo técnico, não é o melhor caminho.
A essência da reciclagem, de acordo com os pensamentos de Heidegger e nossos estudos, é de transformar materiais que outrora seriam considerados como lixo, além de exercer um papel fundamental para o meio ambiente, oferecendo questões de sustentabilidade. Reciclagem, enquanto reciclagem, é todo o potencial, as possibilidades que a ação da reciclagem oferece. A essência da reciclagem não é a reciclagem em si. 
Para Heidegger, essência é agir com sentido, nesse caso, toda a questão que gira em torno da importância da reciclagem, como sustentabilidade. É por isso que a essência da técnica não é algo técnico. Questionar a técnica nos faz chegar à essência da técnica, de forma que, para alcançarmos a essência de técnica, devemos questionar. Ao chegarmos à essência da técnica, chegamos ao agir com sentido. E esse é o propósito. A técnica, como instrumento para alcançar algo, no caso desse texto, é a reciclagem. 
Relacionando o texto de Heidegger com o nosso estudo, partimos da questão de quando os medievais utilizavam a navegação, que não gerava tantos impactos ambientais, outra coisa foi a criação de indústrias, que gerou substâncias como lixo, mudou o ecossistema para a exploração, mudando estruturalmente o meio ambiente, graças ao meio técnico.
A técnica, dado grau de intervenção que fazemos na natureza, como por exemplo os resíduos, é produção técnica. O grau do impacto de, por exemplo, indústrias,
é alto, e vemos os efeitos disso em oceanos, anos depois. Heidegger diz que isso pode nos levar a um tipo de catástrofe, mas mesmo que cheguemos a esse ponto, temos como reverter esses processos catastróficos. 
Diante dos impactos negativos causados, Heidegger usa a técnica para trazermos aspectos positivos, como as possíveis transformações. A reciclagem é uma dessas transformações, e o trabalho feito pelo Cataki, é uma solução possível, um trabalho de reversão de quase 300 anos de avanços industriais, de forma prática, rentável. 
BIBLIOGRAFIA
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Critério de Classificação Econômica Brasil. Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa (2018). Disponível em: <http://www.abep.org/Servicos/Download.aspx?id=14>. Acesso em: 03 abr. 2019
História e Evolução da Reciclagem de Lixo no Brasil. 2012. Disponível em: <https://www.educacao.cc/ambiental/historia-e-evolucao-da-reciclagem-de-lixo-no-brasil/>. Acesso em: 25 de abr. de 2019.
QUADRADO, Abajur. História e Reciclagem. 2017. Disponível em: <https://blog.bemglo.com/reciclagem-e-historia/>. Acesso em: 25 de abr. de 2019. 
Viver em São Paulo: Hábitos Culturais. Rede Nossa São Paulo e IBOPE Inteligência (2018). Disponível em: <https://www.nossasaopaulo.org.br/pesquisas/viver_em_sp_cultura_2018.pdf>. Acesso em: 02 abr. 2019. 
CONKE, Leonardo Silveira; NASCIMENTO, Elimar Pinheiro. A coleta seletiva nas pesquisas brasileiras: uma avaliação metodológica. Revista Brasileira de Gestão Urbana. 2018;
FONSECA, Lúcia Helena Araújo. Reciclagem: O primeiro passo para a preservação ambiental. 2013. Acesso em: 02 abr. 2019
GRIPPI, Sidney. Lixo - Reciclagem e sua História. Interciência. 2001. 
MIRANDA, Luciana Leite de. O que é lixo. São Paulo: Brasiliense. 1995.
SILVA, Sandro Pereira. A Organização Coletiva de Catadores de Material Reciclável No Brasil: Dilemas e Potencialidades sob a Ótica da Economia Solidária. IPEA (2017);

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