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Resenha - Estou me guardando para o carnaval

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Prova 2 de Filosofia da Tecnologia 
A presente proposta de avaliação consiste na realização de uma 
resenha integrada entre um documentário ou filme com um (ou mais) dos textos 
que foram propostos no SIGAA para a disciplina de Filosofia da Tecnologia. Para 
tanto, deve-se realizar livremente essa atividade escolhendo um fio condutor que 
se adeque ao seu título (todos os trabalhos devem ter um título ligado a um 
problema que se verificou entre o filme/documentário e o texto). No que toca o 
problema escolhido, não se faz necessário o vínculo com a engenharia civil, mas 
sim, com as questões ligadas à tecnologia e/ou a filosofia. 
Documentário: Estou me guardando para o carnaval 
Textos: A condição humana e A autonomia e os sujeitos bem adaptados 
(breve referência) 
O sistema vigente em Toritama: A autonomia extenuante dos confeccionadores 
de jeans 
Utilizando um dos versos da canção “Quando o carnaval chegar” de Chico 
Buarque como título da obra, o filme “Estou me guardando para o carnaval” trata-
se de um documentário nacional produzido no ano de 2019 e dirigido pelo 
Marcelo Gomes que consiste em mostrar como é o cotidiano de uma pequena 
cidade no interior de Pernambuco, Toritama ou a capital do jeans como é 
conhecida, por produzir anualmente mais de 20 milhões de jeans. Tudo começa 
quando Gomes chega ao município com sua equipe observando um cenário 
completamente tomado pelo jeans uma cena totalmente distinta com a que ele 
tinha visto em uma viagem com seu pai, as atividades agrícolas foram 
substituídas pelas maquinas de costura e a cidade rural estava se tornando 
industrial. Entrevistando cada pessoa, o diretor descobre o que cada um faz e 
como funciona aquele sistema capitalista. Basicamente uma fábrica de jeans 
havia se mudado para Toritama e fez o fluxo natural da cidade se modificar por 
inteiro, no fundo do quintal das casas surgiram as facções do jeans uma com 
função diferente da outra, mas todas com o mesmo propósito, produzir muito 
para ganhar mais. Várias filmagens do longa retrata o dia a dia exaustivo da 
população acompanhados pelo barulho ensurdecedor das máquinas de costura 
com movimentos manuais repetitivos, com uma carga horária mais extensa que 
o normal, uma linha de produção em massa que nos remete a um processo 
parecido com o método criado por Henry Ford, o Fordismo. Entretanto, de acordo 
com os moradores eles são os próprios empreendedores e autônomos, sendo 
assim qual seria o motivo que os faz se submeterem as essas condições 
desgastantes? Em conformidade com um dos habitantes que ainda mantém o 
hábito agrícola, a razão seria, como foi mencionado acima, trabalhar muito para 
maximizar o lucro, ou seja, eles estão determinados a subsistir apenas para 
gerar o ouro (jeans), podemos estabelecer uma relação com um texto de grande 
importância para a filosofia escrito pela renomada Hannah Arendt para 
exemplificar e explicar a presente situação. A Condição Humana traz as três 
atividades da vita activa, o labor, o trabalho e a ação. Associando ao labor, os 
homens estão deixando de viver, para apenas sobreviver, isso faz com que o 
animal laborans – animal trabalhador se torne cada vez mais consistente, no 
entanto essa consistência acarreta no descaso e na impulsividade, essa 
modificação surge após o implemento do culto ao trabalho pelo capitalismo. 
Correlacionando, por sua vez, o trabalho a autora alemã diz que a sociedade 
hodierna está voltada para a cultura do trabalho, pela produção em massa, para 
produção de bens, não abstendo os impactos negativos oriundos dessa 
condição. Nesse documentário acontece exatamente conforme os conceitos 
analisados pela Hannah Arendt, porém o diretor demonstra de uma maneira bem 
mais didática como a manipulação capitalista instituiu em primeiro plano a 
servidão em apenas gerar lucros, deixando viver, adotando a cultura do trabalho 
o ano inteiro nas confecções de jeans em condições que o submetem quase a 
escravos modernos devido as explorações, para que no final eles vendem tudo 
aquilo que foi e que não foi conquistado afim de lembrar o que realmente é viver 
passando as suas melhores férias de carnaval em uma praia, podemos 
estabelecer a esta questão entre a venda dos seus bens com a produção em 
massa, uma relação com o texto A autonomia e os sujeitos bem adaptados de 
Wolfgang Leo Maar, que aborda sobre a adaptação da sociedade às imposições 
de uma situação vigente, em uma determinada parte do texto trata que a 
liberdade da autonomia dos sujeitos frente a um sistema de produção que cobra 
cada vez mais e o retorno é inversamente proporcional, apesar de essa ser a 
realidade deles, a população produz jeans de maneira exorbitante, e do mesmo 
jeito eles negociam seus bens e lucros para poder curtir suas férias, como 
mencionado acima. O longa se despede com uma chuva, antes sendo um 
indicativo de plantio para os agricultores, atualmente é um indicativo que as 
férias acabaram e os moradores de Toritama recomeçam esse ciclo repetitivo e 
extenuante para reconquistar tudo novamente.

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