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Mariana Queiroz BULOSES • São doenças autoimunes que cursam com vesículas/bolhas. CLASSIFICAÇÃO 1. Buloses intraepidérmicas: tende a ser mais efêmeras e superficiais. *Pênfigo: ✓ Grupos de doenças bolhosas autoimunes da pele e mucosas caracterizadas histologicamente por bolhas intraepidérmicas (perda de adesão dos queratinócitos). ✓ Fisiopatologia: ▪ Produção de anticorpos contra componentes estruturais dos desmossomos (desmogleínas); exceto o Pênfigo Paraneoplásico, que tem como antígenos a desmoplaquina e o antígeno do penfigoide bolhoso 1, além das desmogleínas. a. Pênfigo Vulgar: • É uma doença relativamente rara. • Acomete principalmente adultos (>40 anos); indivíduos de pele clara; com incidência igual entre os sexos. ❖ <20 anos: mais comum em mulheres (5,5:1). • Quadro clínico: ❖ Lesões bolhosas na mucosa oral e pele. → Atentar para aftas recorrentes como diagnóstico diferencial. → 90% dos pacientes têm acometimento mucoso. ▪ Pode ser a única manifestação. ▪ 50-70% dos casos pode preceder o quadro cutâneo. ❖ As bolhas são efêmeras, deixando áreas erosivas nas mucosas e na pele: “aspecto em bife sangrento”. ❖ Difícil reparação: atinge anexos cutâneos (clivagem e destruição de folículos pilosos). • Possui anticorpos anti-desmogleína tipo 3 e 1. b. Pênfigo Foláceo: • Subdividido em (clinicamente se manifestam igualmente): ❖ PF clássico: acomete adultos > 40 anos, incidindo igualmente mulheres e homens. ❖ PF endêmico (PF brasileiro, Fogo selvagem): → Acomete crianças e adultos (ocorrência familiar); → Incide principalmente em países sul-americanos: ▪ Populações rurais: região centro-oeste, triângulo mineiro e oeste paulista. ❖ Autoimunidade é desencadeada por proteínas presentes na saliva do mosquito Simuliun nigrimanum (borrachudo). • Quadro clínico: ❖ Lesões vesicocrostosas no couro cabeludo, face, região esternal e interescapular. → A lesão elementar é muito efêmera; → Ao diagnóstico, é mais comum encontrar erosões e crostas. ❖ Surtos recidivantes podem deixar crostas secas e escamas (aspecto foleáceo). ❖ NÃO acomete os anexos cutâneos (melhor cicatrização). ❖ NÃO acomete mucosas. ❖ As lesões mais superficiais quando comparados com ao Pênfigo Vulgar. • Possui anticorpo anti-desmogleína tipo 1. c. Pênfigo Paraneoplásico: • Acometimentos intenso das mucosas. ❖ Principalmente oral (intenso e doloroso). → Mucosite dolorosa + lesões de pele. • Não responsivo ao tratamento (imunossupressão, geralmente, mas o tratamento da doença base é primordial). • Está relacionado com neoplasias tanto benignas quanto malignas: Linfoma não Hosgkin, Leucemias, Timoma. • Possui anticorpos anti-desmogleína, anti-desmoplaquina e anti- agente penfigóide bolhoso 1. • Síndrome de Estive-Johson como diagnóstico diferencial. Mariana Queiroz d. Pênfigo por IgA: • Trata-se de uma entidade rara responsiva a dapsona. • Caracterizada por vesículas ou pústulas, sobre base eritematosa ou pele normal. ❖ Lesões agrupadas de aspecto anular. 2. Buloses subepidérmicas: tendem a ser maiores e mais duradouras. *Causados por autoanticorpos contra componentes da Zona da Membrana Basal/Junção Dermoepidérmica: queratinócitos basal e seu hemidesmossomo; lâmina lúcida; lâmina densa; sublâmina densa. a. Pênfigiode bolhoso: • Acomete principalmente idosos (>60 anos), igualmente em ambos os sexos. • Quadro clínico: ❖ Bolhas difusas, que podem ser hemorrágicas; ❖ Acometimento mucoso em 30% dos casos: mucosa oral e nasal; ❖ O quadro pode se iniciar com lesões eritematosas ou placas. • Possui anticorpos contra componentes da ZMB: AP1 e AP2 (BPAg1 e BPAg2). • Prognóstico: ❖ Quadros recorrentes. ❖ Boa resposta ao tratamento. • Diagnóstico: ❖ Quadro clínico + Histopatológico (bolhas subepidérmicas com infiltrado de eosinófilos ou neutrófilos) + Imunofluorescência direta (C3 e/ou IgG na ZMB). • Tratamento: ❖ Prednisona; ❖ Corticoide tópico potente em casos localizados; ❖ Imunossupressores e plasmaférese. b. Pênfigoide cicatricial: • Acomete principalmente idosos, com maior incidência no sexo feminino (2:1). ❖ Não há predileção por raça ou área geográfica. • Penfigóide das membranas mucosas. ❖ Doença autoimune crônica; ❖ Patologia rara: 1: 1.000.000 • Quadro clínico: ❖ Lesões vesicobolhosas efêmeras que cicatrizam formando siméquia e acometem principalmente mucosas. → Oral (91%): microstomia; → Conjunival (66%):amaurose; → Esofageana (60%): estenose esofágica; → Laríngea (21%): disfagia e odinofagia; Mariana Queiroz → Pele (25-35%): couro cabeludo, face, pescoço e tronco superior; → Genital (19%). • Prognóstico: ❖ Evolução insidiosa, crônica. ❖ Não evolui em surtos, como o PB. ❖ Geralmente não evolui com óbito, mas deixa sequelas importantes se não tratado. • Possui BPAg 1 e 2, Integrina β4α6, Laminina 5, Colágeno tipo VII. • Diagnóstico: ❖ Quaro clínico característico: úlceras/exulcerações crônicas nas mucosas, com sequela cicatricial (sinéquias) em uma paciente idosa. ❖ Histopatologia: bolha/clivagem subepidérmica. ❖ IFD: depósito linear de anticorpos na ZMB (IgG, IgM e IgA). • Tratamento: ❖ Corticóide oral ou IV, ou outro imunossupressores. ❖ Tratamento multidisciplinar. c. Penfigóide gestacional: • Acomete mulheres gestante e no puerpério. • Automune (AP1) + Fator hormonal (Estrógeno ?) • Quadro clínico: → Plomórfico: lesões urticariformes, eritema, vesículas, bolhas, escoriações. → Prurido; → Localização inicial clássica: cicatriz umbilical (com posterior “disseminação”. • Prognóstico: ❖ O quadro pode recidivar posteriormente: uso de ACO; em gestação subsequente geralmente recidiva. • Diagnóstico: ❖ Mulheres gestante e no puerpério com quadro polimórfico pruriginoso. ❖ Histopatologia e IFD semelhantes ao Penfigóide Bolhoso. • Tratamento: ❖ Corticóide oral ou tópico; ❖ Antihistamínicos. d. Epidermólise bolhosa adquirida (EBA): • Acomete adultos. • Doença autoimune: as bolhas são induzidas por trauma. • Possui antígeno colágeno VII. • Quadro clínico: ❖ Lesões com localização acral e em áreas de traumas. • Diagnóstico: ❖ Bolhas em locais de trauma. ❖ Histopatológico: bolha subepidérmica com infiltrado de neutrófilos. ❖ IFD: IgG ou C3 na ZMB. • Tratamento: ❖ Corticoide oral ou tópico. ❖ Imunosupressores. e. Dermatite herpertiforme (Dermatite de Duhring-Brocq): • Bulose autoimune subepidérmica: depósito de IgA na ZMB; • Acomete adultos jovens. ❖ 80-100% dos casos têm relação com a Doença Celíaca. • Possui anticorpos IgA contra Transglutaminases. • Quadro clínico: ❖ Início insidioso: prurido. ❖ Polimórfico: pápulas e placas urticariformes, vesículas agrupadas, bolhas; crescimento centrífugo. ❖ Localização: Nádegas, região interescapular e sacra, superfície extensora dos antebraços, joelhos e cotovelos. ❖ Pode ser desencadeada ou exacerbada por: → Ingestão excessiva de glúten; → Iodo: iodeto de potássio, contrate radiológico, alimento (frutos do mar), doenças da tireoide. • Diagnóstico: ❖ Quadro clínico; Mariana Queiroz ❖ Histopatologia: bolha subepidérmicas com infiltrado de neutrófilos nas papilas dérmicas. → Fase inicial: apenas infiltrado nas papilas. ❖ IFD: depósito granular de IgA. • Tratamento: ❖ Sulfas: Dapsona; Sulfapiridina. ❖ Dieta livre de glúten. f. Dermatose por IgA linear:• Doença autoimune. • Apresenta dois picos de incidência: ❖ Crianças em idade pré-escolar: bulose crônica da infância. ❖ Adultos >40 anos, principalmente do sexo feminino. • NÃO há relação com a Doença Celíaca. • Os antígenos se localizam na ZMB: AP2, AP1 e Colágeno VII. • Quadro clínico: ❖ Polimórfico: erupções bolhosas ou vesicobolhosas; ❖ Lesão característica: colar de pérolas. • Diagnóstico: ❖ Histopatológico: bolha subepidérmica com infiltrado de neutrófilos. ❖ IFD: depósito linear de IgA na ZMB. DIAGNÓSTICO • Quadro clínico e anamnese. • Biópsia de pele (lesão): exame histopatológico. • Biópsia de pele perilesional: imunofluorescência direta (pesquisar presença de anticorpos IgG nos espaços intercelulares da epiderme + C3). TRATAMENTO • Imunossupressão: ❖ Corticóide em doses imunossupressoras: 2-3mg/Kg/dia; ❖ Agente imunossupressores: Azotioprina, Metotrexate, Ciclofosfamida, Micofenolato de mofetila. ❖ Imunobiológicos: Rituximabe. !!!Complementar com as imagens do slide e do Azulay (Cáp. 21)
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