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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA Cristian Borges dos Santos Relatórios de Determinação do Circuito Equivalente de Motores de Indução Trifásicos Conversão Eletromecânica de Energia II Professor: Moises Machado Santos Ijuí/RS, Brasil, dezembro de 2019 Sumário 1.INTRODUÇÃO: ............................................................................................................................ 3 2. ENSAIO EM CORRENTE CONTÍNUA: .......................................................................................... 4 3. ENSAIO EM VAZIO: .................................................................................................................... 5 4. ENSAIO COM ROTOR BLOQUEADO: ........................................................................................ 10 5. CURVAS OBTIDAS APARTIR DOS ENSAIOS ............................................................................... 15 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 18 1.INTRODUÇÃO: É desejável ter um circuito equivalente do motor de indução trifásico (MIT), de forma a conduzir a análise da operação e facilitar o cálculo de seu desempenho. Uma vez que um MIT tem seu funcionamento baseado no princípio da indução eletromagnética, o seu circuito equivalente assume uma forma semelhante ao circuito equivalente de transformadores, como mostrado na Fig. 1. Fig. 1 – Circuito equivalente de uma fase de um MIT. Os elementos desse circuito equivalente são: R1 → resistência do estator; X1 → reatância de dispersão do estator; RC → resistência para perdas no núcleo; XM → reatância de magnetização (corrente que cria o fluxo); R2/s → resistência que modela as perdas no cobre do rotor e a potência mecânica de saída em função do escorregamento (refletida ao estator); X2 → reatância de dispersão do rotor (refletida ao estator). Para a obtenção desses parâmetros são necessários três ensaios: 1) Ensaio em corrente contínua; 2) Ensaio em vazio; 3) Ensaio com rotor bloqueado. R1 RC jXM jX1 jX2 I1 I2 IM E1 = ER’ + - s V1 + - R2 2. ENSAIO EM CORRENTE CONTÍNUA: O ensaio em corrente contínua é realizado para obtenção da resistência no estator (R1), como ilustra a Fig. 2. Fig. 2 – Ensaio em corrente contínua. A corrente no estator é ajustada no seu valor nominal, usando uma fonte de tensão contínua controlada. A corrente é ajustada no seu valor nominal em uma tentativa de aquecer o enrolamento na mesma temperatura em sua operação normal. Medindo-se a corrente que flui pelo estator e a tensão aplicada, pode-se calcular a resistência R1 pela seguinte fórmula: 1 2 CC CC V R I = R1 = 285 2 ∗ 3 = 4,75Ω ICC[A] VCC[V] R1[Ω] 3 285 4,75 O valor de R1 calculado com esse ensaio não é completamente preciso, pois não considera o efeito pelicular que ocorre com tensões alternadas. R1 I1,nom VCC + - A V R1 R1 Limite corrente 3. ENSAIO EM VAZIO: Diz-se que um motor está girando em vazio, quando o mesmo não está acionando nenhuma carga externa. Como, para o seu funcionamento o único torque a ser vencido seria aquele devido ao atrito com mancais e ventilação, e desprezando praticamente tais efeitos, teríamos que o motor estaria girando a uma velocidade praticamente igual a do campo girante, isto é, o rotor teria: N1 = N2. Nestas condições, a tensão induzida no rotor seria nula e a potência consumida pelo motor seria: in SCL core mecP P P P= + + onde: PSCL = Perdas no cobre do estator; Pcore = Perdas no núcleo (ferro); Pmec = Perdas mecânicas (não existe potência mecânica no eixo). Sendo a corrente absorvida pelo estator, da ordem de 20% a 40% da corrente nominal correspondente, as perdas no cobre se tornam apreciáveis, o que não ocorre para transformadores, onde a corrente de magnetização era de 1 a 6% da corrente nominal. Para a separação destas perdas, aplica-se ao estator uma tensão de 120% de seu valor nominal. Diminui-se gradativamente tal valor até que o motor tenha grande variação na velocidade. Medem- se as potências (usando o método dos dois wattímetros), tensões e correntes da linha, a partir do esquema mostrado na Figura 3. Fig. 3 – Ensaio em vazio. V1 (V) I1 (A) W1 (W) W2 (W) Pin (W) 230,94 2,4 614 -357 86,67 207,84 1,9 444 -260 184 184,75 1,6 329 -191 138 161,65 1,37 245 -142 103 138,56 1,18 177 -101 76 115,47 1 126 -70 56 92,376 0,8 80 -42 38 69,28 0,64 48 -23 25 46,188 0,47 26 -9 17 23,094 0,33 10 0 10 11,547 0,34 8 1 9 8,66 0,56 8 0 8 Obs.: Para completar a coluna referente à tensão deve-se dividir o valor medido por 3 para obter a tensão de fase. Para completar a coluna referente a corrente no estator, realiza-se a média das três correntes medidas. Para completar a coluna referente a potência de entrada deve-se somar as potências medidas pelos wattímetros é dividir por 3 para obter a potência de entrada consumida por fase. A partir dos dados coletados no ensaio desenha-se a curva Pin = f(V1). Note-se que: I1 A V Fonte de tensão trifásica ajustável A A MIT W1 W2 a) As perdas no núcleo dependem da tensão aplicada no motor, logo para V1 0, Pcore 0. b) As perdas no cobre dependem da corrente no estator, logo para V1 0 temos que I1 0 e PSCL 0. c) As perdas por atrito e ventilação dependem unicamente da velocidade, e como para motores de indução esta não depende da tensão, concluímos que um ponto obtido com baixa tensão corresponderia de forma aproximada às perdas mecânicas. Assim, extrapolando a curva Pin = f(V1), como mostra a Fig. 4, teríamos que a potência no ponto onde a curva encontra o eixo vertical é igual às perdas mecânicas, ou seja, Pin(V1 = 0) = Pmec. Fig. 4 – Gráfico Pin = f(V1). Pmec = 8,66 W 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 0 50 100 150 200 250 P in [ W ] V1 [V] Pin = f(V1) Considerando agora o ponto nominal de funcionamento teríamos: Pcore = Pin – Pmec – PSCL onde: Pin = Potência total consumida pelo motor a vazio para a tensão nominal. Pmec = perdas mecânicas (calculado antes). PSCL = Perdas no cobre do estator = 3.R1.(I1)2 sendo R1 a resistência do estator medida através do ensaio CC. Pin = √3 ∗ 380 ∗ 1,9 = 1140 W Pmec = 8,66 W PSCL = 3 ∗ 4,75 ∗ 1,9 = 51,4425 W Pcore = 1140 – 8,66 – 51,4425 = 1079,8975 W Dividindo Pcore por 3, teremos a potência perdida no ferro por fase. Pcore, fase = Pcore 3 Pcore, fase = 1079,8975 3 = 359,97 W Com isto teríamos separado as três perdas. Para a determinação dos parâmetros do ramo magnetizante, tem-se: 2 1 , C core fase V R P Rc = 3802 359,97 = 401,14 Ω 1 1, M nom V Z I Zm = 380 1,9 = 200 Ω onde: ZM - Impedância de magnetização. Sendo XM uma reatância que associada em paralelo a RC deve corresponder a ZM, tem-se: 2 2 .M C MC M Z R X R Z = − Xm = 200 ∗ 401,14 √401,142 − 2002 = 230,72 ZM(Ω) RC(Ω) XM(Ω) 200 401,14 230,72 4. ENSAIO COM ROTOR BLOQUEADO: O ensaio em vazio foi realizado para determinar a impedância de magnetização. Com rotor bloqueado, tem-se que s = 1. Logo, a impedância de magnetização é muito maior que a impedância do rotor (referida ao estator) e, como estão em paralelo, pode ser desprezada, como ilustrado na Fig. 5. Assim, o ensaio com rotor bloqueado será realizado para obter as impedâncias do estator e do rotor. Fig. 5 – Circuito equivalente do MIT com rotor bloqueado. Nesse ensaio, aumenta-se a tensão aplicada no estator desde zero até um valor que resulte no valor nominal da corrente no estator. Nesse ponto, mede-se a corrente, a tensão e a potência de entrada, como apresentado na Fig. 6. Fig. 6 – Ensaio com rotor bloqueado. V1 (V) I1, nom(A) W1(W) W2(W) Pin(W) 80 3 223 73 295 R1 RC jXM jX1’ jX2’ R2 I1 I2 IM E1 = ER’ + - s V1 + - I1,nom A V Fonte de tensão trifásica A A MIT W1 W2 = R2 Rotor bloqueado Obs.: Para completar a coluna referente à tensão deve-se dividir o valor medido por 3 para obter a tensão de fase. Para completar a coluna referente à corrente no estator, realiza-se a média das três correntes medidas. Para completar a coluna referente à potência de entrada devem-se somar as potências medidas pelos wattímetros é dividir por 3 para obter a potência de entrada consumida por fase. A potência de entrada medida com rotor bloqueado irá corresponder às perdas no cobre com corrente nominal, uma vez que não existem perdas mecânicas (velocidade nula) e as perdas no núcleo são muito pequenas (tensão reduzida). Um problema existe nesse ensaio: em condições normais, a frequência do rotor é baixa. Como usualmente a frequência da rede é aplicada, isso pode levar a resultados insatisfatórios das resistências para alguns tipos de motores. Como alternativa, pode- se usar uma frequência menor (25% da nominal). A impedância do motor com rotor bloqueado é dada pela seguinte equação: ' cos sen RB RB RB RB RB Z R X Z j Z = + = + Zrb = 26.67 ∗ cos65,81 + j26,67 ∗ sen65,81 = 10,93 + j24,34 Rrb = 10,93 Xrb = 24,34 . onde: 1 1, cos 3 in nom P FP V I = = FP = 295 3 ∗ 80 ∗ 3 = 0,4097 ∅ = cos(FP) = 65,81° 1 1, RB nom V Z I = = |Zrb| = 80 3 = 26,67Ω Uma vez encontrando a impedância com rotor bloqueado na forma complexa, pode-se separar a resistência do motor com rotor bloqueado e a reatância do motor com rotor bloqueado (na frequência em que foi realizada o teste), a partir das partes real e imaginária do número complexo: 1 2RBR R R= + Rrb = 4,75 + 6,18 = 10,93 1 2' ' 'RBX X X= + Xrb′ = 24,32 Uma vez que a resistência no estator foi calculada através do ensaio em corrente contínua tem-se que: 2 1RBR R R= − R2 = 10,93 − 4,75 = 6,18 Para obter as reatâncias de dispersão X1 e X2, deve-se primeiro fazer um ajuste de frequência, pois a reatância depende da frequência em que foi realizado o ensaio: 1 2' R RB RB teste f X X X X f = = + Xrb = 60 60 ∗ 6,18 = 6,18Ω onde fr é a frequência nominal do MIT. As reatâncias X1 e X2 em função de XRB dependem da classe de projeto do rotor e podem ser obtidas a partir da tabela abaixo. X1 e X2 como função de XRB Projeto do rotor X1 X2 Rotor bobinado 0,5 XRB 0,5 XRB Classe A 0,5 XRB 0,5 XRB Classe B 0,4 XRB 0,6 XRB Classe C 0,3 XRB 0,7 XRB Classe D 0,5 XRB 0,5 XRB Assim, consegue-se obter todos os parâmetros relativos às impedâncias do estator e do rotor. Motor classe B R1 () R2 () X1 () X2 () 4,75 6,18 2,742 3,708 Alguns cuidados práticos são fundamentais para a execução deste ensaio: a) O motor deverá ser firmemente preso em sua base, para que não se movimente quando do travamento do eixo; b) Se utilizada uma travessa para o travamento do eixo, é necessário que ela seja suficientemente resistente, de modo a evitar possíveis acidentes como a liberação de estilhaços, se houver a sua quebra; c) A direção de giro do eixo deve ser definida previamente, pois a travessa ou o freio pode ser submetido a esforços contrários ao desejado; 5. CURVAS OBTIDAS APARTIR DOS ENSAIOS 5.1 DADOS DE ENSAIO: V1(V) R1(Ω) R2(Ω) X1(Ω) X2(Ω) Xm(Ω) 380 4,75 6,18 2,742 3,708 230,72 5.2 Torque X Velocidade 5.3 FP X Velocidade 5.4 Corrente I1 X Velocidade 5.5 Corrente I2 X Velocidade 5.6 Rendimento X Velocidade 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COGDELL, J. R. Fundamentos de Máquinas Eléctricas, 2002. FITZGERALD, A. E. Máquinas Elétricas, São Paulo,1975. CHAPMAN, S. Fundamentos de Máquinas Elétricas, Porto Alegre, 2013.
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