Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
e colaboradores G in ec ol og ia R ot in as e m Fernando Freitas Carlos Henrique Menke Waldemar Augusto Rivoire Eduardo Pandolfi Passos e colaboradores 6a edição Capa e projeto gráfico: Paola Manica Ilustrações: Vagner Coelho dos Santos Preparação de originais: Mariana Medeiros Lenz Leitura final: Márcio Christian Friedl Editora sênior – Biociências: Letícia Bispo de Lima Editora responsável por esta obra: Laura Ávila de Souza Editoração eletrônica: Techbooks Freitas-Ginecologia_Iniciais.indd iv 25/março/11 13:36 Fernando Freitas. Professor Titular de Obstetrícia do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Presidente do Instituto de Reprodução Humana do Rio Grande Sul. Doutor em Medicina: Ginecologia pela Univer- sidade Estadual Paulista (UNESP). Carlos Henrique Menke. Professor Associado do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Chefe do Serviço de Mastologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Waldemar Augusto Rivoire. Professor Associado do Departamento de Ginecologia e Obstetrí- cia da UFRGS. Chefe do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Chefe do Setor de Oncologia Genital Feminina do HCPA. Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Eduardo Pandolfi Passos. Professor Associado do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Chefe do Setor de Reprodução Assistida do Serviço de Ginecolo- gia e Obstetrícia do HCPA. Gestor do Instituto da Mulher do Hospital Mãe de Deus. Livre-Docente em Ginecologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Autores Adriana Prato Schmidt. Médica Ginecolo- gista e Obstetra. Mestre em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Adriane Camozzato Fontes. Médica do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira das Associações de Gineco- logia e Obstetrícia (FEBRASGO). Especialista em Patologia Cervical pela Associação Brasileira de Genitoscopia (ABG). Adriani Oliveira Galão. Professora Adjunta do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Mestre em Clínica Médica: Nefrologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PU- CRS). Doutora em Medicina e Ciências da Saúde pela PUCRS. Alberto Mantovani Abeche. Professor Ad- junto do Departamento de Ginecologia e Obste- trícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Chefe do Setor de Gestação na Adolescência do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Alexei Peter dos Santos. Oncologista Clí- nico. Coordenador do Programa de Residência Médica em Cancerologia do Complexo Hospi- talar Santa Casa de Porto Alegre. Médico Con- tratado do Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre. Vice-Presidente da Sociedade Bra- sileira de Oncologia Clínica (SBOC-RS). vi Autores Ana Cristina Costa Bittelbrunn. Médica Geneticista do Serviço de Mastologia do HCPA. Especialista em Genética Clínica pela Sociedade Brasileira de Genética Médica (SBGM). Mestre em Psicologia Social pela PUCRS. Ana Lúcia Letti Müller. Médica Plantonis- ta do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Coordenadora do Programa da Gestante - Centro de Saúde Navegantes, Porto Alegre/RS. Doutora em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Ana Maria Carvalho Vidal. Médica do Ser- viço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Membro da Equipe de Ginecologia Infanto-Pu- beral do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Coordenadora do Programa de Melhoria da Qualidade Assistencial e Segurança da Pa- ciente do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Andréa Barleze da Costa. Médica Residente em Radioterapia do HCPA. Antônio Barbato. Médico Ginecologis- ta-Obstetra Contratado da Emergência Gineco- lógica do HCPA. Antônio Dal Pizzol Jr. Médico Oncologista do Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre e do Hospital Mãe de Deus. Coordena- dor do Programa de Residência em Cancerolo- gia do Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre. Beatriz Valiati. Médica do Serviço de Gineco- logia e Obstetrícia do HCPA. Mestre em Clínica Médica pela UFRGS. Camile Cesa Stumpf. Médico Residente do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Carlos Alberto Ribeiro. Farmacêutico Indus- trial e Bioquímico. Bioquímico da Unidade de Bioquímica e Imunoensaios do Serviço de Pato- logia Clínica do HCPA. Especialista em Análises Clínicas pela PUCRS. Carlos Augusto Bastos de Souza. Médi- co do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Médico da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Pós-Doutor em Ginecologia Mini- mamente Invasiva: Endometriose pela Universi- dade de Paris - Group Hospitalier Cochin. Carlos Fernando Francesconi. Professor As- sociado do Departamento de Medicina Interna da UFRGS. Professor Adjunto do Departamento de Medicina Interna da PUCRS. Carolina Giordani Andreoli. Médica Gineco- logista e Obstetra. Mestre em Medicina: Ciên- cias Médicas pela UFRGS. Carolina Leão Oderich. Médica Ginecologis- ta e Obstetra. Mestranda em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Christiane Cardoso Falcão. Médica Gineco- logista e Obstetra. Médica Residente do Serviço de Mastologia do HCPA. Cláudio Lima. Chefe da Unidade de Urodinâ- mica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Cristiano Caetano Salazar. Médico do Servi- ço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Mé- dico do Centro da Mulher do Hospital Mãe de Deus. Especialista em Humanização da Atenção e Gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Cristina Luce Glitz. Médica Ginecologista e Obstetra. Médica Contratada do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Mestre em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Daniel Ferreira. Consultor de Tecnologia da Informação. Sócio e Diretor da GOFIX - Tecnolo- gia da Informação. Denise da Cunha Pereira. Farmacêutica Bio- química da Unidade de Bioquímica e Imunoen- saios do Serviço de Patologia Clínica do HCPA. Edimárlei Gonsales Valério. Médica do Hos- pital de Clínicas de Porto Alegre. Doutora em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Edison Capp. Professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Doutor em Medicina pela Universidade Ludwig-Maximilians, Munique, Alemanha. Eunice Beatriz Martin Chaves. Médica Gi- necologista e Obstetra do HCPA. Mestre em Clí- nica Médica pela UFRGS. Autores vii Fabiola Satler. Médica Internista e Endocrino- logista. Mestranda Endocrinologia pela UFRGS. Fernando Rocha de Oliveira. Médico do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Fernando Schuh. Médico Ginecologista, Obstetra e Mastologista. Médico do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Mestre em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Dou- torando em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Francieli Maria Vigo. Médica Ginecologista e Obstetra. Médica Residente do Serviço de Re- produção Humana da Escola Paulista de Medi- cina (EPM). Geane Garlet. Médica Residente do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Gustavo Peretti Rodini. Médico do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Mãe de Deus. Mestre em Medicina: Ciências Médi- cas pela UFRGS. Especialista em Laparoscopia, Histeroscopia, Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO. Heitor Hentschel. Professor Associado do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Helena von Eye Corleta.Professora Associa- da da Faculdade de Medicina da UFRGS. Coor- denadora do Gerar - Núcleo de Reprodução Hu- mana do Hospital Moinhos de Vento. Doutora em Medicina pela Universidade Ludwig Maximi- lians, Alemanha. Heleusa Ione Mônego. Médica do Setor On- cologia Genital Feminina do HCPA. Preceptora da Residência Medica do Hospital Materno-In- fantil Presidente Vargas. Médica do Centro de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento. Ilma Simoni Brum da Silva. Professora Asso- ciada da UFRGS. Orientadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas: Fisiolo- gia da UFRGS. Doutora em Ciências Biológicas: Fisiologia pela UFRGS. Pós-Doutora em Endocri- nologia pelo Institut National de la Sante et la Recherche Medicale, França. Ivan Sereno Montenegro. Médico Residente do Setor de Reprodução Humana do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. James Freitas Fleck. Professor de Oncologia do Departamento de Medicina Interna da Facul- dade de Medicina da UFRGS. Janete Vettorazzi. Médica Ginecologista e Obstetra Contratada do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA e Membro da Equipe de Gestação de Alto Risco. Médica Ginecologista e Obstetra do Centro da Mulher do Hospital Mãe de Deus. Membro do Comitê de Mortalidade Materna de Porto Alegre. Mestre e Doutora em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Jaqueline Neves Lubianca. Professora Ad- junta de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Doutora em Medicina pela UFRGS. Fellowship em Ginecologia Infan- to-Puberal do Children’s Hospital, Boston, EUA. Jean Carlos de Matos. Médico Contratado do HCPA. Ginecologista e Obstetra Especialista em Patologia Cervical pela Sociedade Brasileira de Genitoscopia. Mestre em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. João Paolo Bilibio. Médico Ginecologista e Obstetra. Mestre em Medicina: Ciências Médi- cas pela UFRGS. João Sabino L. da Cunha Filho. Professor Associado do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Pesquisador CNPq. Pós-Doutor em Reprodução Humana pela Universidade de Paris, França. Jorge Villanova Biazús. Professor Adjunto do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Mastolo- gista do Serviço de Mastologia do HCPA. Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. José Antônio Cavalheiro. Médico Mastolo- gista do HCPA. Responsável pelo Setor de Trata- mento Complementar do Câncer de Mama do Serviço de Mastologia do HCPA. José Antônio Magalhães. Professor Asso- ciado do Departamento de Ginecologia e Obs- tetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Chefe do Setor de Medicina Fetal do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Doutor em viii Autores Medicina pela Universidade Federal de São Pau- lo (UNIFESP). José Augusto Sisson de Castro. Professor Doutor de Clínica Médica do Departamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da UFRGS. José Geraldo Lopes Ramos. Professor Asso- ciado do Departamento de Ginecologia e Obs- tetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Vice-Diretor da Faculdade de Medicina da UFRGS. Chefe do Setor de Uroginecologia do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Gestor do Ins- tituto da Mulher do Hospital Mãe de Deus. Dou- tor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. José Roberto Goldim. Biólogo. Professor da Faculdade de Medicina da PUCRS. Colaborador do Serviço de Bioética do HCPA. Doutor em Me- dicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Juliana Zanrosso Caran. Médica Residente do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Karen Oppermann. Médica Ginecologista. Professora Titular de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF). Coordenadora do Ambula- tório de Ginecologia Endócrina e Menopausa do Hospital São Vicente de Paulo, Passo Fundo. Doutora em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Lolita Schneider Pizzolato. Bióloga. Mestre em Fisiologia pela UFRGS. Lourdes Neves Ricco. Médica Ginecologista e Obstetra. Médica contratada da Emergência Ginecológica do HCPA. Luciano Serpa Hammes. Coordenador da Unidade de Pesquisa em Saúde do Instituto de Educação e Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento. Mestre em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Doutor em Medicina: Ciências Mé- dicas pela UFRGS e Universidade do Texas, EUA. Pós-Doutor pela Universidade do Texas, EUA. Luis Fernando Venegas. Membro do Serviço de Oncologia do HCPA. Diretor Médico do Gru- po de Tratamento Oncológico (GTTO). Márcia Appel. Ginecologista. Médica Con- tratada do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA, com área de atuação em Oncologia Genital. Mestre em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Márcia M. Raymundo. Bióloga do Grupo de Pesquisa e Pós-Graduação do HCPA. Doutora em Gastroenterologia pela UFRGS. Márcia Portela de Melo. Médica Mastolo- gista, Ginecologista e Obstetra. Especialista em Mastologia pela Sociedade Brasileira de Masto- logia (SBM) e pela Associação Médica Brasileira (ABM). Mestre em Clínica Médica pela UFRGS. Márcia Santana Fernandes. Professora de Direito do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter). Pesquisadora Associada do Labora- tório de Bioética e Ética na Ciência do HCPA. Doutora em Direito pela UFRGS. Pós-Doutora em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Maria Celeste Osório Wender. Professora Associada do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFR- GS. Coordenadora do Ambulatório de Clima- tério do HCPA. Doutora em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Maria Lúcia Rocha Oppermann. Professo- ra Adjunta do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFR- GS. Conselheira e Membro da Câmara Técni- ca de Ginecologia e Obstetrícia do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (CREMERS). Doutora em Epidemiologia pela UFRGS. Mariane Marmontel. Ginecologista e Obs- tetra. Médica Contratada da Emergência de Adultos do HCPA. Responsável pelo Programa de Assistência às Mulheres Vítimas de Violência Sexual do HCPA. Mirela Jobim de Azevedo. Médica Endo- crinologista. Professora Associada do Depar- tamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da UFRGS. Chefe do Serviço de Endo- crinologia do HCPA. Livre Docente em Endocri- nologia pela UFSP/EPM. Autores ix Nara Niederauer. Médica Contratada do Serviço de Anestesia e Medicina Perioperatória (SAMPE) do HCPA. Nilton Leite Xavier. Professor Associado do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Especialista em Mastologia pela SBM. Doutor em Medicina pela UFRGS. Oscar Andrade Miguel. Médico Ginecologis- ta e Obstetra. Médico do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Otávio Diaz. Médico Residente em Radiote- rapia do HCPA. Pânila Longhi Lorenzzoni. Psicóloga, Tera- peuta de Casal e Família. Especialista em Tera- pia Cognitivo-Comportamental pelo Centro de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental Wainer e Piccoloto. Patricia Pereira de Oliveira. Professora da Faculdade de Medicina da Universidade Comu- nitária da Região de Chapecó (UNOCHAPECÓ). Doutora em Saúde da Mulher pelo Instituto Fer- nandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/ FIOCRUZ). Paulo Renato Figueiredo Ferreira. Chefe do Centro de Radioterapia do HCPA. Doutor em Medicina pela UFRGS. Paulo Naud. Professor Adjunto do Departa- mento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculda- de de Medicina UFRGS. Coordenador do Projeto de Prevenção e Controle do Câncer da Cérvix - Projeto Vacina HPV no HCPA. Membro da In- ternational Federation of Cervical Pathology and Colposcopy e Educational Committee (IFCPC IT). Poli Mara Spritzer. Coordenadora da Unida- de de Endocrinologia Ginecológica do Serviço de Endocrinologia do HCPA. Professora Titular do Departamento deFisiologia da UFRGS. Co- ordenadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Hormônios e Saúde da Mulher/ CNPq. Rafaella Bombassaro. Médica residente do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Ricardo dos Reis. Professor Adjunto do De- partamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Professor da Equipe de Oncologia Genital Feminina do HCPA. Professor do Programa de Pós-Graduação em Medicina: Ciências Médicas da UFRGS. Ricardo Francalacci Savaris. Professor Ad- junto do Departamento de Ginecologia e Obste- trícia da UFRGS. Chefe da Unidade de Emergên- cia Ginecológica do HCPA. Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Pós-Doutor pela Universidade da Califórnia, São Francisco, Cali- fórnia. Rodrigo Cericatto. Médico Mastologista do Serviço de Mastologia do HCPA. Mestre em Me- dicina pela UFRGS. Rosi Pereira Balbinotto. Médica do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Professo- ra do Curso de Extensão em Cirurgia Videolapa- roscópica do Hospital Parque Belém. Professora do Curso de Cirurgia Minimamente Invasiva do Hospital Moinhos de Vento. Especialista em Ci- rurgia Videolaparoscópica e Ginecológica pela Sociedade Brasileira de Videocirurgia (SOBRA- CIL). Membro da Comissão de Qualificação de Cirurgia Ginecológica por Videolaparoscopia da SOBRACIL/RS. Mestre em Ciências Cirúrgicas pela UFRGS. Rosielle Mallmann Trombetta. Médica Gi- necologista e Obstetra. Sérgio H. Martins-Costa. Professor Asso- ciado do Departamento de Ginecologia e Obs- tetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Coordenador do Programa de Gestação de Alto Risco do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Chefe do Serviço de Ginecologia e Obs- tetrícia do HCPA. Gestor do Instituto da Mulher do Hospital Mãe de Deus. Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Sidnei S. Schestatsky. Psiquiatra, Psicana- lista. Professor Associado do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da UFRGS. Médico Assistente do HCPA. Doutor em Psiquiatria pela UFRGS. x Autores Solange Garcia Accetta. Professora Assisten- te do Departamento de Ginecologia e Obstetrí- cia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Che- fe do Setor de Ginecologia Infanto-Puberal do HCPA. Mestre em Clínica Médica pela UFRGS. Suzana Zachia. Enfermeira Obstetra do Servi- ço de Enfermagem em Saúde Pública do HCPA. Mestre em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Ursula Matte. Bióloga. Chefe da Unidade de Análises Moleculares e de Proteínas do Centro de Pesquisa Experimental do HCPA. Doutora em Genética e Biologia Molecular pela UFRGS. Valentino Magno. Médico Ginecologista e Obstetra do HCPA. Mestre em Medicina: Ciên- cias Médicas pela UFRGS. Vanessa Krebs Genro. Médica Ginecologista Obstetra. Doutoranda em Clínica Médica pela UFRGS/Universidade de Paris, França. Viviane Renata Philipsen. Médica Residen- te do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Apresentamos à comunidade médica mais uma edição das obras Rotinas em Ginecologia e Ro- tinas em Obstetrícia, publicações que se consti- tuem nas mais importantes fontes de atualiza- ção nessas áreas, estando presentes em diversos cenários de assistência, ensino e pesquisa em saúde do Brasil e da América Latina. Nossa Escola tem uma longa e consolidada trajetória de pioneirismo tanto em ginecologia quanto em obstetrícia. Já em 1897 – portanto no século XIX, quando no Brasil só existiam duas Faculdades de Medicina, em Salvador e no Rio de Janeiro –, um grupo de médicos liderado por Protásio Alves criou o Curso de Partos da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, com gran- de demanda e sucesso. A partir da fusão des- se curso com a Escola de Farmácia, criada em 1885, surgiu, em 25 de julho de 1898, a Facul- dade de Medicina e Farmácia de Porto Alegre. Esta é, assim, a primeira escola médica do regi- me republicano, a primeira criada a partir de um movimento da comunidade e a primeira a exigir um reconhecimento pelo governo federal. Além destes, outros pioneirismos nos relacionam com a ginecologia e a obstetrícia. Já na primeira turma, em 1904, colou grau o doutor e futuro professor Mário Totta, que se tornou um pioneiro na discussão e na qualificação da assistência às gestantes e na formulação de melhores estraté- gias de atendimento a essas pacientes, especial- mente agregando os novos conhecimentos cientí- ficos que surgiam. Na primeira turma, colou grau também a senhora Alice Maeffer, demonstrando precoce e pioneiramente a inserção da mulher no contexto do processo ensino-apredizagem. Assim, nossa instituição surgiu voltada para cui- dar, assistir e qualificar a saúde da mulher em todos os seus ciclos de vida, incluindo a fantás- tica experiência da gestação. Nos dias atuais, a saúde feminina inclui um amplo espectro de conhecimentos convergentes, a partir dos mais recentes avanços científicos, seja da epidemiolo- gia embasando as evidências, seja dos avanços moleculares antecipando diagnósticos e criando novos desafios éticos, seja da busca de evidên- cias para prevenção efetiva, viável, acessível e socialmente justa. Estas novas edições incluem uma série de avanços, tanto em sua forma de apresenta- ção como em seus diversos conteúdos, pro- curando oferecer ao leitor uma visão abran- gente da saúde da mulher e, principalmente, estimulando o que temos de mais importante em medicina, que é a possibilidade do apren- dizado continuado, ensinando o aprender a aprender. Nossos antepassados certamente sonharam com um futuro auspicioso para as sementes que produziram, e tenho a certeza de que hoje, se pudessem usufruir destes livros, muito se orgu- lhariam com a tradição e a vanguarda de conhe- cimento que eles expressam. A Faculdade de Medicina da UFRGS tem muito orgulho em ter contribuído para mais uma edi- ção destas obras e cumprimenta seus organiza- dores e colaboradores pelo antecipado sucesso das mesmas. Prof. Dr. Mauro A. Czepielewski Diretor da Faculdade de Medicina da UFRGS Apresentação à 6a Edição Levar um livro à 6a edição é um desafio que não imaginávamos 25 anos atrás. Esta edição de Ro- tinas em Ginecologia traz a experiência de um hospital que virou modelo de atendimento ao Sistema Único de Saúde dentro de uma Escola Médica de mais de um século de vida. A Faculdade de Medicina da Universidade Fe- deral do Rio Grande do Sul foi criada a partir da Escola de Partos da Santa Casa de Porto Ale- gre em 1898, em um período no qual o pen- samento positivista influenciava profundamente história desta cidade. Tendo permanecido até a década de 1980 dentro das enfermarias da Santa Casa, o Departamento de Ginecologia e Obstetrícia se transferiu para o Hospital de Clí- nicas de Porto Alegre de corpo e alma e criou um grupo de professores que já formaram mais de 300 médicos residentes, hoje espalhados nos quatro cantos do planeta. A possibilidade de ensinar alunos de medicina e médicos residentes permitiu ao corpo de pro- fessores da Faculdade de Medicina e de médicos do Hospital de Clínicas o crescimento por um mecanismo de retroalimentação do conheci- mento, evidenciando que o estímulo propiciado pelos alunos para que se produza mais conhe- cimento é inquestionável. Os pós-graduandos tornaram mais sólidas as pesquisas científicas, aumentando significativamente o número de publicações no âmbito internacional. Manter o conhecimento atualizado é uma tarefa das mais difíceis em uma época em que as ver- dades médicas podem ter vida mais efêmera do que o tempo entre a descoberta científica e a publicação. O que hoje se acredita como verda- de absoluta pode ser mudado na próxima sema- na com a publicação de estudos de um autor de qualquer ponto deste planeta. Na tentativa de manter este livro atualizado e driblar a velocida- dedo desenvolvimento científico, mesmo antes da próxima edição, a Artmed Editora nos pos- sibilitou ter um hotsite para disponibilizar con- teúdo complementar à edição impressa. Mais uma ação pioneira desta editora que há 25 anos acreditou em um projeto singelo e possibilitou que este livro recebesse o reconhecimento e a aceitação inquestionável dos ginecologistas. A 6a edição de Rotinas em Ginecologia nasce desse espírito, um misto de experiência secular e modernidade. As principais informações atuali- zadas da área de ginecologia serão encontradas neste livro, sempre tendo como norte a melhor evidência, as revisões sistemáticas, a boa prática local e os princípios éticos. Os organizadores Prefácio à 6a Edição Parte I Ginecologia Geral 1 Consulta Ginecológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Nilton Leite Xavier e Cristiano Caetano Salazar 2 Pré e Pós-Operatório em Cirurgia Ginecológica . . . . . . . . . . 34 Heleusa Ione Mônego, Nara Niederauer, João Paolo Bilibio, Ricardo dos Reis e Waldemar Augusto Rivoire 3 Ginecologia Infanto-Puberal: Abordagem Clínica e Doenças de Vulva e Vagina na Pré-Púbere. . . . . . . . . . . . . . 52 Solange Garcia Accetta, Alberto Mantovani Abeche, Ana Maria Carvalho Vidal, Camile Cesa Stumpf 4 Ginecologia Infanto-Puberal: Puberdade e Menarca, Distúrbio Menstrual e Dismenorreia . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Solange Garcia Accetta, Alberto Mantovani Abeche, Jaqueline Neves Lubianca e Rafaella Bombassaro 5 Ginecologia Infanto-Puberal: Anticoncepção na Adolescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 Alberto Mantovani Abeche, Solange Garcia Accetta e Geane Garlet 6 Dor Pélvica Crônica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 Maria Lúcia Rocha Oppermann, Carlos Augusto Bastos de Souza, Vanessa Krebs Genro, Juliana Zanrosso Caran e João Sabino L. da Cunha Filho 7 Síndrome Pré-Menstrual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 Maria Celeste Osório Wender, Beatriz Valiati, Solange Garcia Accetta, Fernando Freitas e Carolina Leão Oderich 8 Sangramento Uterino Anormal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 Fernando Freitas, Maria Celeste Osório Wender, Beatriz Valiati e Gustavo Peretti Rodini Sumário 16 Sumário 9 Miomas Uterinos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 Helena von Eye Corleta, Eunice Beatriz Martin Chaves e Edison Capp 10 Endometriose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144 Carlos Augusto Bastos de Souza, Vanessa Krebs Genro, Gustavo Peretti Rodini, João Paolo Bilibio, Carolina Giordani Andreoli e João Sabino L. da Cunha Filho 11 Doenças Sexualmente Transmissíveis. . . . . . . . . . . . . . . . . 159 Paulo Naud, Valentino Magno, Jean Carlos de Matos, Luciano Serpa Hammes, Janete Vettorazzi e Adriani Oliveira Galão 12 Doença Inflamatória Pélvica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181 Paulo Naud, Adriani Oliveira Galão, Jean Carlos de Matos, Janete Vettorazzi, Luciano Serpa Hammes e Valentino Magno 13 Vulvovaginites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 Paulo Naud, Jean Carlos de Matos, Janete Vettorazzi e Luciano Serpa Hammes 14 Anormalidades da Estática Pélvica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204 José Geraldo Lopes Ramos, Carolina Leão Oderich, Adriana Prato Schmidt e Sérgio H. Martins-Costa 15 Avaliação da Incontinência Urinária Feminina . . . . . . . . . . 221 José Geraldo Lopes Ramos, Fernando Rocha de Oliveira, Adriana Prato Schmidt e Sérgio H. Martins-Costa 16 Tratamento da Incontinência Urinária . . . . . . . . . . . . . . . . 238 José Geraldo Lopes Ramos, Adriana Prato Schmidt, Edimárlei Gonsales Valério, Sérgio H. Martins-Costa e Cláudio Lima 17 Ultrassonografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255 José Antônio Magalhães, Janete Vettorazzi, Ana Lúcia Letti Müller e Edimárlei Gonsales Valério 18 Anticoncepção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 270 Maria Celeste Osório Wender, Jaqueline Neves Lubianca, Carolina Leão Oderich e Fernando Freitas 19 Histeroscopia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295 Eduardo Pandolfi Passos, Rosi Pereira Balbinotto, Francieli Maria Vigo, Rosielle Mallmann Trombetta, Viviane Renata Philipsen e Valentino Magno 20 Videolaparoscopia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303 Eduardo Pandolfi Passos, Rosi Pereira Balbinotto, Francieli Maria Vigo, Rosielle Mallmann Trombetta, Viviane Renata Philipsen e Valentino Magno Sumário 17 21 Urgências em Ginecologia e Obstetrícia . . . . . . . . . . . . . . 324 Ricardo Francalacci Savaris, Adriane Camozzato Fontes, Beatriz Valiati, Mariane Marmontel, Oscar Andrade Miguel, Antônio Barbato e Lourdes Neves Ricco 22 Sexualidade Humana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 341 Heitor Hentschel, João Paolo Bilibio e Pânila Longhi Lorenzzoni 23 Violência Sexual Contra a Mulher . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 354 Fernando Freitas, Mariane Marmontel e Sidnei S. Schestatsky 24 Bioética e Ginecologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 363 José Roberto Goldim, Ursula Matte, Carlos Fernando Francesconi, Márcia M. Raymundo e Márcia Santana Fernandes 25 A Informática e o Ginecologista/Obstetra . . . . . . . . . . . . . 373 Daniel Ferreira e Edison Capp Parte II Neoplasias 26 Biologia Molecular do Câncer Cervical . . . . . . . . . . . . . . . 383 Edison Capp , Lolita Schneider Pizzolato, Ilma Simoni Brum da Silva, Heleusa Ione Mônego, João Paolo Bilibio, Waldemar Augusto Rivoire 27 A Lesão Intraepitelial no Colo Uterino . . . . . . . . . . . . . . . . 389 Waldemar Augusto Rivoire, Heleusa Ione Mônego, Ricardo dos Reis, Márcia Appel, João Paolo Bilibio, Luciano Serpa Hammes e Edison Capp 28 Papel do HPV na Gênese das Lesões Pré-Malignas do Colo do Útero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 407 Paulo Naud, Luciano Serpa Hammes e Jean Carlos de Matos 29 Carcinoma de Colo Uterino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 417 Ricardo dos Reis, Heleusa Ione Mônego, Márcia Appel, João Paolo Bilibio, Edison Capp e Waldemar Augusto Rivoire 30 Neoplasia Intraepitelial Vulvar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 429 Waldemar Augusto Rivoire, Adriane Camozzato Fontes, Heleusa Ione Mônego, Ricardo dos Reis e Márcia Appel 31 Alterações Benignas da Vulva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 438 Paulo Naud, Jean Carlos de Matos, Luciano Serpa Hammes, Adriani Oliveira Galão, Valentino Magno e Janete Vettorazzi 18 Sumário 32 Neoplasia de Vulva e Vagina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 446 Waldemar Augusto Rivoire, Ricardo dos Reis, Heleusa Ione Mônego, Márcia Appel e João Paolo Bilibio 33 Neoplasias de Corpo Uterino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 460 Márcia Appel, Heleusa Ione Mônego, Ricardo dos Reis, Edison Capp, João Paolo Bilibio e Waldemar Augusto Rivoire 34 Neoplasias de Ovário e de Tuba Uterina . . . . . . . . . . . . . . 478 Heleusa Ione Mônego, Márcia Appel, Ricardo dos Reis, Edison Capp, João Paolo Bilibio e Waldemar Augusto Rivoire 35 O Papel da Quimioterapia e Hormonioterapia em Oncologia Genital Feminina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 498 Alexei Peter dos Santos, James Freitas Fleck, Antônio Dal Pizzol Jr. e Luis Fernando Venegas 36 O Papel da Radioterapia em Oncologia Genital Feminina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 507 Andréa Barleze da Costa, Otávio Diaz e Paulo Renato Figueiredo Ferreira 37 Procedimentos Diagnósticos no Trato Genital Inferior . . . . 526 Heleusa IoneMônego, Eduardo Pandolfi Passos, Ricardo dos Reis, Márcia Appel, Valentino Magno, Adriane Camozzato Fontes, Cristina Luce Glitz e Waldemar Augusto Rivoire 38 Patologia Benigna da Mama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 532 Carlos Henrique Menke, Jorge Villanova Biazús, José Antônio Cavalheiro, Rodrigo Cericatto, Ana Cristina da Costa Bittelbrunn, Nilton Leite Xavier, Fernando Schuh, Márcia Portela de Melo e Christiane Cardoso Falcão 39 Câncer de Mama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 554 Carlos Henrique Menke, Nilton Leite Xavier, Jorge Villanova Biazús, José Antônio Cavalheiro, Rodrigo Cericatto, Ana Cristina da Costa Bittelbrunn e Fernando Schuh 40 Quimioterapia no Câncer de Mama . . . . . . . . . . . . . . . . . 578 José Antônio Cavalheiro, Carlos Henrique Menke, Jorge Villanova Biazús, Nilton Leite Xavier, Rodrigo Cericatto, Ana Cristina da Costa Bittelbrunn e Fernando Schuh 41 Hormonioterapia no Câncer de Mama . . . . . . . . . . . . . . . 588 Nilton Leite Xavier, Carlos Henrique Menke, Jorge Villanova Biazús, José Antônio Cavalheiro, Rodrigo Cericatto, Ana Cristina da Costa Bittelbrunn e Fernando Schuh 42 Radioterapia no Câncer da Mama. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 593 Paulo Renato Figueiredo Ferreira e Andréa Barleze da Costa Sumário 19 Parte III Endocrinologia Ginecológica 43 Diferenciação Sexual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 611 Fernando Freitas, Maria Celeste Osório Wender, Carlos Augusto Bastos de Souza, Cristiano Caetano Salazar, Vanessa Krebs Genro e João Paolo Bilibio 44 Ciclo Menstrual Normal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 619 Helena von Eye Corleta e Fernando Freitas 45 Atraso do Desenvolvimento Puberal . . . . . . . . . . . . . . . . . 628 Fernando Freitas, Solange Garcia Accetta, Eduardo Pandolfi Passos, Cristiano Caetano Salazar e João Paolo Bilibio 46 Puberdade Precoce . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 636 Solange Garcia Accetta, Alberto Mantovani Abeche, Fernando Freitas, Cristiano Caetano Salazar e João Paolo Bilibio 47 Distúrbios do Desenvolvimento Sexual . . . . . . . . . . . . . . . 651 Fernando Freitas, João Sabino L. da Cunha Filho, Carlos Augusto Bastos de Souza, Vanessa Krebs Genro e João Paolo Bilibio 48 Amenorreias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 662 Fernando Freitas, Eduardo Pandolfi Passos, Cristiano Caetano Salazar e João Paolo Bilibio 49 Hiperprolactinemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 673 Fabiola Satler, Mirela Jobim de Azevedo e Poli Mara Spritzer 50 Hiperandrogenismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 681 Poli Mara Spritzer e Karen Oppermann 51 Infertilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 692 Eduardo Pandolfi Passos, Fernando Freitas, Valentino Magno, Francieli Maria Vigo, Rosielle Mallmann Trombetta, Ivan Sereno Montenegro e Suzana Zachia 52 Climatério . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 700 Maria Celeste Osório Wender, Fernando Freitas, José Augusto Sisson de Castro, Juliana Zanrosso Caran e Patricia Pereira de Oliveira Anexo Exames Laboratoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 723 Eduardo Pandolfi Passos, Carlos Alberto Ribeiro e Denise da Cunha Pereira Índice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 731 Capítulo 1 Consulta Ginecológica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23 Capítulo 2 Pré e Pós-Operatório em Cirurgia Ginecológica . . . .34 Capítulo 3 Ginecologia Infanto-Puberal: Abordagem Clínica e Doenças de Vulva e Vagina na Pré-Púbere. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .52 Capítulo 4 Ginecologia Infanto-Puberal: Puberdade e Menarca, Distúrbio Menstrual e Dismenorreia . . . .67 Capítulo 5 Ginecologia Infanto-Puberal: Anticoncepção na Adolescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .82 Capítulo 6 Dor Pélvica Crônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .96 Capítulo 7 Síndrome Pré-Menstrual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .113 Capítulo 8 Sangramento Uterino Anormal . . . . . . . . . . . . . . .121 Capítulo 9 Miomas Uterinos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .135 Capítulo 10 Endometriose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .144 Capítulo 11 Doenças Sexualmente Transmissíveis . . . . . . . . . . .159 Capítulo 12 Doença Inflamatória Pélvica . . . . . . . . . . . . . . . . . .181 Capítulo 13 Vulvovaginites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .191 Capítulo 14 Anormalidades da Estática Pélvica . . . . . . . . . . . . .204 Capítulo 15 Avaliação da Incontinência Urinária Feminina. . . . .221 Capítulo 16 Tratamento da Incontinência Urinária. . . . . . . . . . .238 Ginecologia Geral Parte I 22 Freitas, Menke, Rivoire & Passos Capítulo 17 Ultrassonografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .255 Capítulo 18 Anticoncepção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .270 Capítulo 19 Histeroscopia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .295 Capítulo 20 Videolaparoscopia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .303 Capítulo 21 Urgências em Ginecologia e Obstetrícia . . . . . . . . .324 Capítulo 22 Sexualidade Humana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .341 Capítulo 23 Violência Sexual Contra a Mulher . . . . . . . . . . . . .354 Capítulo 24 Bioética e Ginecologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .363 Capítulo 25 A Informática e o Ginecologista/Obstetra. . . . . . . .373 Consulta Ginecológica Nilton Leite Xavier Cristiano Caetano Salazar A consulta ginecológica é um capítulo especial na semiologia médica, por vários aspectos par- ticulares. Em primeiro lugar, durante a consulta são abordados assuntos relacionados à sexua- lidade, à intimidade mais profunda da mulher. Exige-se do médico uma postura diferenciada e cuidadosa, procurando deixar a paciente à von- tade e tendo o cuidado de não permitir que a situação de fragilidade em que a paciente ge- ralmente se encontra a impeça de expor seus receios, suas restrições e suas dúvidas. Em segundo lugar, muitas vezes o ginecologista é o “clínico da mulher”, ou seja, é a referência que a mulher tem como profissional da saúde, sendo o único médico que ela consulta regular- mente. Isso quer dizer que, além dos aspectos relacionados à revisão ginecológica, é impor- tante avaliar globalmente a paciente, a fim de detectar alterações em outros sistemas e fatores de risco para doenças importantes. Assim como a pediatria, a geriatria e algumas poucas espe- cialidades, a ginecologia tem a peculiaridade de não necessariamente lidar com doenças, mas é de grande importância na prevenção de patolo- gias e na orientação de saúde. O ginecologista, portanto, tem o dever de priorizar esse aspecto na consulta rotineira. Anamnese Esse é um momento decisivo na consulta gine- cológica, pois é quando se inicia o relaciona- mento médico-paciente e se cria o vínculo entre a paciente e o ginecologista. Nessa hora, é es- sencial observar os cuidados comentados ante- riormente quanto à conduta. A naturalidade, o respeito à intimidade, a cordialidade e uma pos- tura amigável são aconselháveis, além de ser es- sencial inspirar confiança. Há sempre transferên- cia e contratransferência de sentimentos, que podem ser bons ou hostis; se ficou estabelecida uma relação empática e satisfatória, com certe- za a tendência será uma evolução favorável no processo saúde-doença. O “olho clínico” mani- festa-se durante a anamnese, e o treinamento clínico ajuda a identificar a ansiedade existente. Conhecendoas patologias da paciente e da fa- mília, já se saberão quais os exames mais úteis para o caso. Essa é a visão da medicina de famí- lia, que hoje está voltando e torna a assistência médica menos onerosa. A consulta inicia pela identificação da paciente (nome, idade, estado civil, grau de instrução, naturalidade e procedência, profissão, telefones e endereços). Seguem-se, como no processo clássico de entrevista de saúde, a pesquisa da queixa principal e a evolução e o comportamen- to da patologia que traz a paciente ao consultó- rio. Os passos da anamnese são comuns aos de qualquer consulta clínica e devem ser sempre observados de forma completa, pois a pacien- te tem de ser vista como um todo, não apenas como portadora de uma doença, tampouco como somente portadora de problemas gineco- lógicos. Devem, entretanto, ser enfatizados os seguintes pontos: > Revisão de sistemas: alterações no hábito intestinal (relacionadas à dor pélvica), alte- rações urinárias (infecções), dificuldade para dormir, apetite. 1 24 Freitas, Menke, Rivoire & Passos > Antecedentes mórbidos: doenças da infância (p. ex., rubéola), cirurgias prévias (cistos de ovário, histerectomia, ooforectomia, cesaria- nas, curetagens), obesidade, uso de álcool, cigarro, drogas ou outros medicamentos, tromboembolismo, hipertensão, diabete. > Antecedentes familiares: história de câncer ginecológico (útero, ovário, endométrio) e câncer de mama (atenção à idade em que surgiu: pré ou pós-menopáusica), outras neoplasias (lembrar o câncer colorretal, pois requer realização mais precoce de testes de rastreamento, como toque retal, pesquisa de sangue oculto nas fezes, colonoscopia/ retossigmoidoscopia), diabete, hipertensão, tromboembolismo, patologias de tireoide, osteoporose ou fratura de ossos longos em idade avançada. > Perfil psicossocial: condições de habitação, noções de higiene, nível socioeconômico e grau de instrução (também dos pais), situa- ção familiar, animais em casa, hábitos de vida (exercícios atualmente e no passado, exposi- ção ao sol, ingestão de laticínios – avaliação de risco de osteoporose). Antecedentes gineco-obstétricos Para o ginecologista, este é um capítulo à parte, pois representa o centro da sua consulta, sendo necessário colher informações sobre os seguin- tes aspectos: > Menarca, início das relações sexuais, meno- pausa; desenvolvimento puberal (menarca, telarca, pubarca), acne e hirsutismo, bem como velocidade de crescimento e obesidade, em comparação às colegas da mesma idade. > Data da última menstruação (DUM), regula- ridade dos ciclos, número médio de dias (mí- nimo e máximo, quando ciclos irregulares), duração do mênstruo e quantidade de fluxo menstrual, sintomas perimenstruais (cólicas, sensação de inchaço, labilidade emocional, dor mamária, cefaleia, prurido ou secreção vaginal), ciclos anovulatórios, alterações no padrão menstrual, atrasos. > Anticoncepção: qual o tipo, se já usou anti- concepcional hormonal (idade de início, por quanto tempo), quais os métodos já tentados e se os utilizou corretamente, nível de adap- tação e satisfação com o método corrente, conhecimento de outros métodos. > História obstétrica: número de gestações, partos por via baixa, cesarianas, abortos (es- pontâneos ou provocados); anormalidades detectadas no acompanhamento pré-natal, particularidades dos partos (fórceps, indu- ção, etc.), indicações das cesarianas, peso dos recém-nascidos, tempo de amamenta- ção; anticoncepção no puerpério, intervalo interpartal, infecções puerperais, ameaça de abortamento, partos prematuros; gestações ectópicas e molares. > Fluxos genitais: tipo de corrimento, se com ou sem odor, coloração, prurido. Já é oportu- no orientar quanto à normalidade e às carac- terísticas da leucorreia fisiológica e do muco cervical. Devem ser investigados sintomas no parceiro, úlceras genitais, prurido vulvar e em monte púbico, adenomegalias inguinais e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) tratadas previamente. O uso de jeans aperta- do, roupa íntima de material sintético, sabão em pó (não neutro) na lavagem das roupas e desodorante íntimo estão frequentemente relacionados a queixas de prurido vulvar. > Vida sexual: atividade, satisfação, libido, orgasmo. Pesquisar anorgasmia, frigidez, dispareunia (profunda ou à penetração), po- sições menos dolorosas, vaginismo, sangra- mento pós-coital. Também se devem aferir os riscos de exposição a DSTs (uso de preserva- tivo, número de parceiros sexuais). Esse é um assunto difícil de abordar na primeira consul- ta; muitas vezes tais questões afloram em en- contros subsequentes, quando a confiança já foi conquistada. É aconselhável, no entanto, que se pergunte algo sobre essa área, para demonstrar interesse e possibilidade de dis- cussão de assuntos desse foro. > Sintomas climatéricos: fogachos, atrofia uro- genital (dispareunia, secura vaginal, perda de urina), perda de libido, alterações cutâneas. Devem ser avaliados fatores de risco para os- teoporose, doenças cardiovasculares, presença Rotinas em Ginecologia 25 de diabete ou de outras endocrinopatias e dis- lipidemia. Além disso, pesquisar uso de hormo- nioterapia, por quanto tempo, de que tipo (cí- clica ou contínua, combinada ou monoterapia). É importante determinar o padrão menstrual na perimenopausa, pois alterações caracteriza- das pelo aumento de fluxo (em quantidade de sangramento ou número de dias) geralmente exigem avaliação endometrial. > Queixas mamárias: nódulos palpáveis, mas- talgia (e padrão – se perimenstrual ou não), derrame papilar (se espontâneo ou somente à expressão intencional, além de sua caracte- rística – sanguinolento, amarelado e espesso, água-de-rocha). Fumo, idade na primeira gra- videz a termo e número de gestações, uso de anticoncepção hormonal, idade na menopau- sa e antecedentes familiares são fatores epide- miológicos importantes a serem investigados. > Queixas urinárias: incontinência urinária (de esforço, de urgência ou mista), sensação de prolapso genital (“peso” ou “bola” na vagi- na, dificuldade na evacuação), infecções res- piratórias de repetição, hábito miccional. > Tratamentos ginecológicos prévios, como cirurgias, cauterizações de colo e vulva, hi- menotomia e uso de cremes vaginais. Impor- tante questionar sobre o último exame cito- patológico (CP) de colo e seu resultado. Ao final da anamnese, é importante deixar à paciente um espaço para que resolva algumas dúvidas persistentes, revelar motivos ocultos para a consulta com o ginecologista ou liberar ansiedades. Perguntas abertas são aconselhá- veis, como: “Alguma outra dúvida?”, “Alguma coisa a mais que você acha importante me dizer, mas que ainda não perguntei?” ou “e como vai a sua vida?”. Exame físico O exame físico deve ser completo, como em qualquer avaliação clínica eletiva. Especial atenção deve-se prestar ao abdome (cicatrizes, ascite, irritação peritoneal), pressão arterial, peso, altura, impressão geral (estado geral, de- ambulação e postura, estado nutricional, auto- cuidado). Fazem parte da consulta ginecológica: Exame de mamas Inicia-se com a paciente sentada, colo desnudo, braços ao longo do corpo (inspeção estática); em seguida, observam-se as mamas enquanto a paciente ergue os braços acima da cabeça, depois com as mãos na cintura e fazendo uma contratura contra esta (inspeção dinâmica). Essa parte do exame é relevante para se detectarem retrações e abaulamentos, simetria entre as ma- mas, tumorações evidentes, secreção papilar espontânea e anormalidades nos mamilos (Fig. 1.1). Nas pacientes com linfadenectomia axilar prévia, deve-se aferir o edema do membro supe- rior ipsilateral, muitas vezes medindo o períme- tro braquial para comparações subsequentes. Aindacom a paciente sentada, procede-se à pal- pação das cadeias de linfonodos mais propensas a serem atingidas por um tumor. Palpam-se as regiões supraclavicular e cervical e, então, a ca- deia axilar bilateralmente, procurando deixar o braço da paciente relaxado, geralmente apoian- do seu membro superior no ombro e braço do examinador. Prossegue-se com a palpação de cada mama. A paciente fica em decúbito dorsal, e o examinador deve ficar do lado da mama a ser examinada. O exame compreende dois momentos, ora com a mão espalmada e dedos juntos, realizando uma exploração completa da mama, ora com as pol- pas digitais para avaliar detalhes. Além de nódulos e massas, devem-se avaliar a presença de sinais inflamatórios, alterações na vascularização super- ficial e edema da pele da mama (peau d’orange). A expressão mamilar só é necessária quando há queixa de derrame papilar espontâneo. É reali- zada de maneira centrípeta, seguindo o movi- mento dos ponteiros de um relógio, para que se descubra o raio correspondente ao derrame, útil na abordagem cirúrgica, quando necessária. As figuras demonstrativas do exame clínico das mamas (Fig. 1.1) representam a mesma sequên- cia do autoexame das mamas. Um trabalho publicado em 2008 mostra, em uma avaliação prospectiva de 728 mulheres com mais de 20 anos, que apenas 28% delas faziam o autoexa- me mensalmente. O autor propõe a denomina- ção de “autoconhecimento das mamas”, para afastar a conotação de exame médico (Xavier et al., 2008). O autoconhecimento só é adquirido 26 Freitas, Menke, Rivoire & Passos após a repetição mensal por 5 a 6 meses – de- pois desse período de treinamento, a mulher deve encontrar sempre os mesmos achados, e qualquer mudança (um nódulo ou um endure- cimento local) precisa ser motivo de consulta. O período do exame, para mulheres na menacme, deve ser na semana seguinte à menstruação e, para mulheres na menopausa, todos os meses no mesmo dia (sugere-se o dia que corresponde ao seu nascimento). O exame deve iniciar já ao acordar (ao se espreguiçar); sabe-se que o ba- nho é um bom momento, porém, a palpação ideal é na posição deitada. Muitas mulheres re- latam que ficam ansiosas porque encontram no- dulações (tecido fibroglandular, que é diferente para cada uma). Deve-se enfatizar que sempre serão encontradas as mesmas nodulações, e só a repetição vai deixar a mulher tranquila. No caso de aumento da nodularidade, endureci- mento ou inchaço, é preciso que ela procure o seu médico e relate a mudança. Em abril de 2009, no X Encontro Anual dos Cirurgiões de Mama (San Diego, Califór- nia), concluiu-se que o autoexame é tão acurado quanto a mamografia e a resso- A C E B F D Figura 1.1 Exame físico de mamas: (A) inspeção estática; (B) inspeção dinâmica com braços erguidos, (C) com as mãos na cintura e (D) com a paciente curvada; (E) palpação de mamas; (F) sentido da palpação. Rotinas em Ginecologia 27 nância nuclear magnética em mulheres de alto risco, sendo útil tanto para estas quanto para mulheres jovens (antes dos 40 anos). Nas discussões sobre a verdadei- ra relevância do autoexame em reduzir a mortalidade, chegou-se à conclusão de que há uma grande diferença entre encorajar as mulheres a ficarem familiarizadas com seu próprio corpo e estabelecer, por meio de programas públicos, uma forte recomenda- ção para que realizem o autoexame. Impor- tante lembrar – sem, obviamente, deixar de lado todos os outros exames fundamentais para o rastreamento do câncer de mama – que o autoexame de mamas pode levar ao tratamento precoce muitas mulheres aco- metidas (Mulcahy, 2009). Exame pélvico: posicionamento Quando se passa ao exame pélvico, é importante o posicionamento correto da paciente. O ideal é a posição de litotomia em mesa ginecológica: decúbito dorsal, nádegas junto à borda da mesa de exame, com coxas e joelhos fletidos, descan- sando os pés ou a fossa poplítea nos estribos (perneiras). É importante que a paciente esteja despida e, de preferência, coberta com um aven- tal de abertura posterior e um lençol para cobrir parcialmente o abdome e os membros inferiores. Além da posição descrita, pode-se utilizar a po- sição lateral ou lateral-oblíqua-esquerda ou posi- ção de Sims, que permitem a realização do toque em uma gestante em trabalho de parto e a visua- lização da vulva, mas exigem maior manipulação. Quando não se dispõe de mesa ginecológica ade- quada, pode-se colocar a paciente em decúbito dorsal, deve-se solicitar que deixe os calcanhares próximos e que afaste bastante os joelhos. Exame da vulva e do períneo Esse momento do exame é basicamente reali- zado somente com a inspeção. Observam-se a distribuição e as características dos pelos, o trofismo vulvar, as lacerações no períneo, a se- creção exteriorizada, os condilomas e outras le- sões cutâneas (erosões, ulcerações, discromias), a presença ou ausência de hímen, o tamanho dos pequenos lábios e o clitóris. Na região anal, procura-se por plicomas, hemorroidas, fissuras ou prolapsos. Quando há áreas suspeitas na vul- va, pode-se utilizar o teste de Collins (com azul de toluidina a 2%), que colore com mais força as áreas com maior replicação celular, marcando assim o local para biópsia. O vestíbulo e o introito vaginal devem ser avalia- dos também sob esforço (manobra de Valsalva), para verificar se ocorre descida da mucosa vagi- nal para próximo do vestíbulo, ou mesmo além dele (exteriorização). Com dois dedos introduzi- dos na entrada da vagina, solicita-se o esforço, e se observa que parte da vagina prolapsa: parede anterior (cistocele), uretra (uretrocele, ocorrendo retificação progressiva do seu ângulo), parede posterior (retocele) ou colo uterino/útero (pro- lapso uterino), ou mesmo a cúpula vaginal, nas histerectomizadas (elitrocele). Na presença de retocele, é importante realizar o toque retal e vaginal unidigital simultaneamente, para avaliar a presença ou não de alça intestinal entre o reto e a vagina (enterocele), e o quanto de tecido é interposto entre eles. Palpando-se o vestíbulo e solicitando que a paciente contraia o ânus, ava- lia-se quanta força exercem os músculos perine- ais e os elevadores do ânus; quando há rotura perineal ou diástase desses músculos, sente-se pressão mínima ou nula sobre os dedos, geral- mente associada a uma menor quantidade de tecido entre a vagina e o reto. Exame especular Introduz-se o espéculo bivalve na vagina em sentido longitudinal-oblíquo (para desviar da uretra), afastando os pequenos lábios e impri- mindo delicadamente um trajeto direcionado posteriormente, ao mesmo tempo em que se gira o instrumento para o sentido transversal (Fig. 1.2). Sempre se deve avisar a paciente de que se está introduzindo o espéculo, preveni-la quanto ao desconforto e tranquilizá-la em rela- ção à dor. É aconselhável tocar com a ponta do espéculo no vestíbulo antes de introduzi-lo, para a paciente sentir a temperatura e o material do instrumento. Não se deve utilizar lubrificante, pois confunde a avaliação de secreções. Após introduzido e aberto, procura-se individu- alizar o colo uterino e avaliar pregueamento e trofismo da mucosa vaginal, secreções, lesões da mucosa, septações vaginais, condilomas, pólipos, cistos de retenção e ectopia. Após a co- leta de secreção vaginal para o exame a fresco, 28 Freitas, Menke, Rivoire & Passos devem-se limpar as secreções que ficam à frente do colo (pode-se utilizar soro), e só depois pro- ceder à aplicação de ácido acético (concentra- ções podem variar de 1 a 5%). Aguardam-se al- guns minutos (2-4 min), e se realiza novamente a inspeção do colo uterino, à procura de lesões que foram realçadas pelo produto (mais brancas e brilhantes, ou leucoacéticas). Depois, aplica-se a solução de lugolpara o teste de Schiller: se o colo se cora de for- ma uniforme, escura, o teste é considerado normal (“iodo positivo” ou “Schiller nega- tivo”); se, ao contrário, há áreas que não se coram, o teste é considerado alterado (“iodo negativo” ou “Schiller positivo”). Por vezes, quando se trata de mucosa vaginal atrófica, a coloração pode não ser uniforme, ou o colo adquire uma tonalidade mais fraca, até amarelada; nesse caso, o teste é normal, comu- mente designado como “iodo-claro”. Cabe res- saltar que somente a área de mucosa escamosa deve ficar corada. Não se espera, portanto, que as zonas com epitélio glandular (endocérvice, ectopia) fiquem coradas, bem como a zona de transformação epitelial, que pode adquirir colo- ração irregular. A análise da secreção vaginal é importante para o diagnóstico de vulvovaginites. Em nosso servi- ço, sempre se realiza o exame a fresco: coleta-se a secreção vaginal com a extremidade arredon- dada da espátula de Ayre e se espalha o material A B C Figura 1.2 Introdução do espéculo: (A) posição de introdução; (B) posição após totalmente introduzido; (C) direção da introdução do instrumento. Rotinas em Ginecologia 29 sobre duas gotas colocadas nas extremidades de uma lâmina previamente preparada – uma com KOH a 10% e outra com soro fisiológico. A lâmi- na, depois do teste do odor amínico (whiff test: cheira-se a lâmina para detectar odor semelhante a peixe, indicativo de vaginose bacteriana), é le- vada ao microscópio para análise. A outra extremidade da espátula de Ayre (em rabo-de-peixe) é utilizada para coleta de raspa- do cervical para CP de colo (ou exame preventi- vo do câncer de colo). A parte maior da espátula deve ser colocada no orifício cervical e depois girada em 360°, para coletar células de toda a circunferência da zona de transição. O objetivo é destacar células da junção es- camocolunar (JEC), isto é, a área em que a mucosa escamosa e a glandular se encon- tram, pois essa é a sede da maioria das alterações celulares neoplásicas e pré-neo- plásicas (Fig. 1.3). Hoje em dia, praticamente todos os profissionais empregam também a escova endocervical para coleta de CP, especialmente nos casos em que a JEC localiza-se internamente no canal cervical. O material, depois de colhido, deve ser imedia- tamente espalhado sobre a lâmina e fixado (em geral com álcool etílico a 95%), para posterior análise citopatológica. Há também escovas es- peciais fabricadas para realização de citologia em meio líquido ou para realização de exames especiais, como captura híbrida para papiloma- vírus humano ou clamídia. Nesse caso, a escova é introduzida quase que totalmente no canal cervical (apenas as cerdas mais proximais entram em contato com o orifício externo e a superfície do colo), devendo ser girada no mesmo sentido cerca de cinco vezes; após a retirada, sua ponta é colocada por inteiro em um frasco contendo o meio específico para análise. O Instituto Nacional de Câncer do Brasil (INCA) recomenda oferecer rastreamento organizado para mulheres de 25 a 60 anos por meio do CP Junção escamocolunar A B Figura 1.3 Coleta de raspado do colo uterino para exame citopatológico (preventivo ou Papanicolau): (A) com espátula de Ayre; (B) com escova endocervical. 30 Freitas, Menke, Rivoire & Passos de colo. Mulheres com vida sexual ativa, inde- pendentemente da faixa etária, devem realizar o teste. Segundo o INCA, a periodicidade do rastreamento deve ser anual, podendo ocorrer a cada 3 anos após dois exames normais con- secutivos com intervalo de 1 ano. Mulheres em grupos de risco (HIV-positivo ou imunodeprimi- das) devem realizá-lo anualmente (Brasil, 2003). Toque vaginal O toque é realizado após enluvar a mão, com um ou dois dedos lubrificados (médio e indicador), introduzidos no canal vaginal, tentando avançar no sentido posterior, com pressão uniforme para trás. Para introduzir o(s) dedo(s), afastam-se os grandes e os pequenos lábios com o polegar e o dedo mínimo. Às vezes, é necessário orientar a paciente a relaxar o assoalho pélvico, pedin- do-lhe que faça um breve esforço para baixo ou tossindo, o que facilita a penetração. Os dedos devem explorar a musculatura pélvica, as pare- des vaginais, a cérvice, o fundo-de-saco anterior e posterior. A outra mão é colocada sobre o baixo ventre, e as mãos são comprimidas deli- cadamente uma contra a outra, com o objetivo de apreender o útero e explorar sua forma, o tamanho, o posicionamento, a consistência, a sensibilidade e a mobilidade (Fig. 1.4). A retro- versão do útero pode prejudicar a avaliação, es- pecialmente do tamanho. No exame bimanual, o ovário direito costuma ser palpável na mulher não obesa, e o ovário esquerdo é dificultado pelo cólon. Trompas e ligamentos redondos são palpáveis quase so- mente quando estão aumentados de volume, por inflamação ou infiltração. Procuram-se de- tectar também nódulos e tumorações no fun- do-de-saco de Douglas, os quais podem signi- ficar endometriose e desencadear tenesmo ou dor quando tocados. Toque retal Não costuma ser realizado de rotina, mas não se deve dispensá-lo quando existem sintomas in- testinais, suspeita de endometriose profunda ou de neoplasia ou sangramento retal. Na avaliação de distopias pélvicas, também é importante, a Útero Bexiga Fundo-de-saco vaginal Reto Figura 1.4 Exame vaginal bimanual (toque). Rotinas em Ginecologia 31 fim de descartar enterocele, utilizando-se então o toque bimanual (uma mão examinando a va- gina; a outra, o reto). Métodos complementares A facilidade de acesso a alguns equipamentos es- peciais transformou em rotina, para muitos mé- dicos, a realização de exames complementares já na primeira avaliação ginecológica. Um exemplo disso é a colposcopia, largamente difundida no Brasil, mas de alto custo em outros países. Embora um grande número de médicos uti- lize o colposcópio para avaliar o colo de to- das as suas pacientes, as pesquisas científicas mostram uma boa acurácia para lesões cer- vicais histologicamente comprovadas quan- do se associa a inspeção com ácido acético e teste de Schiller a olho nu ao resultado do CP de colo. Para a inspeção a ácido acético, por exemplo, é descrita uma sensibilidade de 66 a 96%, e uma especificidade de 64 a 98% – semelhante ou até mesmo superior ao CP de colo (Gaffikin et al., 2003), correlacionando-se muito bem com a colposcopia (coeficiente de correlação de Spearman 0,61 a 0,74) (Arbyn et al., 2008; Chase et al., 2009). Assim, atualmente, a maioria dos guidelines e pro- tocolos utilizados em pesquisas e o Ministério da Saúde indicam o exame colposcópico em caso de alterações ou dúvidas na inspeção (lesão leucoa- cética, teste de Schiller positivo) ou no CP de colo. Além da colposcopia, a ultrassonografia e a his- teroscopia são métodos cada vez mais difundidos e utilizados no dia a dia do consultório gineco- lógico, para prosseguimento da investigação de várias queixas e sintomas ginecológicos (sangra- mento uterino anormal, dor pélvica, anovulação, amenorreia, etc.). Situações especiais A consulta ginecológica pode fluir de forma diferente em cada paciente. É importante ter mentalmente organizado o roteiro de entrevista e exame, mas variações são necessárias de acor- do com cada mulher que adentra o consultório do ginecologista. Algumas situações, no entan- to, são previsíveis e merecem atenção. O exame da paciente virgem é mais difícil, pois a avaliação da pelve é prejudicada. O toque retal é indicado por alguns, mas pode ser dispensado quando for possível substituí-lo pela ultrassono- grafia. À paciente que nunca teve relações se- xuais, é importante deixar claro, desde o início, que provavelmente não será realizado exame especular ou toque vaginal, paradiminuir a an- siedade. A coleta de CP, quando indicada, pode ser feita com pipeta, swab ou com a ajuda de espéculo de virgem. Muitas vezes, não se conseguem posicionar cor- retamente na mesa ginecológica pacientes com anormalidades ortopédicas, sendo necessário o uso das posições alternativas antes apontadas. Pacientes com neoplasias ou com cirurgias re- centes também podem ter dificuldades ou dor para deambulação e posicionamento, merecen- do atenção especial. Há quem aconselhe, principalmente nos países onde os processos contra médicos são mais fre- quentes, que sempre se mantenha no consultó- rio uma auxiliar do sexo feminino para acompa- nhar o exame ginecológico. Essa é uma conduta controversa e muitas vezes desconfortável para a paciente. No caso das pré-adolescentes e das crianças, no entanto, deve-se recomendar que um familiar da paciente (geralmente a mãe) acompanhe a consulta e o exame físico, para deixá-la mais segura e colaborativa. Equipamentos para o exame ginecológico Além da mesa especial e do foco de luz, são ne- cessários, para uma avaliação ginecológica de rotina completa, luvas descartáveis, espéculos bivalves de tamanhos 1, 2 (mais utilizados) e 3, pinça de Cheron, lâminas, lamínulas, álcool a 95%, lubrificante (vaselina), chumaços de al- godão hidrófilo, gaze, ácido acético, solução de lugol para o teste de Schiller, azul de toluidina para o teste de Collins, soro, hidróxido de po- tássio, microscópio, espátulas de Ayre, escovas endocervicais, fixador, iodofor aquoso. Quando for necessário realizar biópsia de colo ou endo- métrio, será utilizado material adicional, como pinça de Pozzi, histerômetro, cureta de Novak ou sonda de nelaton (no 7 ou 8) para biópsia endometrial por aspiração, pinça de biópsia, tesoura longa delicada e cilindro de Baliu para 32 Freitas, Menke, Rivoire & Passos biópsia de colo, cureta endometrial ou similar, cautério (eletro ou criocautério) ou alça de alta frequência. Aconselha-se também manter no consultório material para punção mamária com agulha fina: agulha 25�7 ou 25�8, seringa de 20 mL, gaze, esparadrapo e álcool iodado. Considerações finais: promoção da saúde Como comentado no início do capítulo, o gineco- logista muitas vezes é o único médico com quem a mulher consulta regularmente. Assim, é funda- mental que sejam abordados aspectos da promo- ção de saúde: dieta e atividade física adequadas, prevenção de doenças cardiovasculares, cessação do fumo, controle da obesidade, imunizações, rastreamento de patologias prevalentes na família ou na região, etc. Apesar de fugirem ao escopo deste capítulo, segue a sugestão de alguns sites na Internet para consulta acerca dessas questões: > Recomendações de exercícios físicos: http:// www.cdc.gov/nccdphp/dnpa/physical/recom- mendations/index.htm > Imunizações: http://www.immunize.org/ catg.d/p2011.pdf > Avaliação e tratamento da obesidade: http:// www.nhlbi.nih.gov/guidelines/obesity/ prctgd_c.pdf > Diretrizes para prevenção, detecção e trata- mento da hipertensão: http://www.nhlbi.nih. gov/guidelines/hypertension/express.pdf > Medidas antitabagismo: http://www.cancer. org/docroot/PED/content/PED_10_13X_Gui- de_for_Quitting_Smoking.asp > Rastreamento do câncer colorretal: http:// www.cancer.org/docroot/CRI/content/ CRI_2_4_3X_Can_colon_and_rectum_can- cer_be_found_early.asp > Rastreamento, avaliação e tratamento do diabete: http://professional.diabetes.org/ CPR_search.aspx > Vários tópicos sobre vida saudável: http:// www.cdc.gov/HealthyLiving/ > Ratreamento de câncer de mama e câncer de colo uterino: http://ww2.inca.gov.br REFERÊNCIAS ARBYN, M. et al. Pooled analysis of the accuracy of five cervical screening tests assessed in eleven studies in Africa and India. Int. J. Cancer, v. 123, n. 1, p. 153-160, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Insti- tuto Nacional de Câncer. Prevenção do câncer do colo do útero: normas e recomendações do INCA. Rev. Bras. Cancerol., v. 49, n. 4, p. 205-206, 2003. CHASE, D. M. et al. Colposcopy to evaluate abnormal cervical cytology in 2008. Am. J. Obstet. Gynecol., v. 200, n. 5, p. 472-480, 2009. GAFFIKIN, L. et al. Performance of visual inspeciton with acetic acid for câncer screening: a qualitative sum- mary of evidence to date. Obstet. Gy- necol. Surv., v. 58, n. 8, p. 543-550, 2003. MULCAHY, N. ASBS 2009: breast self-exam as aaurate as mammogra- phy, MRI in high-risk women. [S.l.]: Medscape Medical News, 2009. Dis- ponível em: <http://www.medscape. com>. Acesso em: 08 set. 2009. XAVIER, N. L. et al. Auto-exame de mamas e fatores associados em uma população atendida pelo Programa Saúde da Família. Rev. Bras. Mastol., v. 18, n. 3, p. 89-93, 2008. LEITURAS SUGERIDAS BRUBAKER, L. Initial assessment: the history in women with pelvic floor pro- blems. Clin. Obstet. Gynecol., v. 41, n. 3, p. 657-662, 1998. DEXEUS, S.; CARARACH, M.; DEXEUS, D. The role of colpopscopy in modern gynecology. Eur. J. Gynaecol. Oncol., v. 23, n. 4, p. 269-277, 2002. HALBE, H. W. As pacientes. In: ______. Tratado de ginecologia: I. São Paulo: Rocca, 1993. Rotinas em Ginecologia 33 TESTE SEUS CONHECIMENTOS 1. Em relação à consulta ginecológica, considere as seguintes afirmações: I. Quando se instila lugol no colo uterino, o teste de Schiller é considerado negativo se há áreas de epitélio escamoso não coradas. II. Após dois exames citopatológicos consecutivos negativos com intervalo de um ano, o Instituto Nacional de Câncer do Brasil (INCA) recomenda repetir a coleta a cada 3 anos em populações de baixo risco. III. A colposcopia é indicada como exame de rastreamento pelo Ministério da Saúde, devendo ser realizada anualmente na consulta ginecológica de rotina. Está(ão) correta(s): a. Apenas I. b. Apenas II. c. Apenas III. d. II e III. e. I, II e III. 2. É incorreto afirmar que: a. Uma vez que o ginecologista muitas vezes é o “clínico da mulher”, também é de sua competência a avaliação global e a promoção da saúde da paciente, não se devendo ater somente aos aspectos ginecológicos propriamente ditos. b. Mesmo na ausência de mesa ginecológica específica, é possível realizar o exame pélvico satisfatóriamente, deixando a paciente em decúbito dorsal e solicitando que deixe os calcanhares próximos, ao mesmo tempo em que afasta os joelhos. c. A liberação de odor amínico (semelhante a peixe) ao se misturar a secreção vaginal com hidróxido de potássio a 10% é indicativa de vaginose bacteriana. d. O autoexame de mamas, quando bem realizado substitui a mamografia como teste de rastreamento. e. Para a coleta de citopatológico de colo, a utilização de escova endocervical pode ser de grande importância, especialmente nos casos de junção escamocolunar não visível à inspeções. JONES JR., H. W.; JONES, G. S. Novak: tratado de ginecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1983. MACKAY, E. V. et al. A consulta gine- cológica. In: ______. Tratado de gine- cologia. Rio de Janeiro: Interamerica- na, 1985. MATOS, J. Estudo comparativo entre métodos de rastreamento para diag- nóstico das lesões precursoras e do câncer de colo do útero: exame cito- patológico, captura híbrida e inspeção visual. 2002. 109 f. Dissertação (Mes- trado em Ciências Médicas) – Univer- sidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2002. PINHEIRO, M. V. Medicina psicosso- mática. Femina, v. 8, n. 9, p. 658-668, 1980. PINHEIRO, R. Medicina psicossomática: uma abordagem clínica. São Paulo: Bik, 1992. SARMENTO, R. A relação médico-pa- ciente: ponto de vista psicológico. In: HALBE, H. W. Tratado de ginecologia: I. São Paulo: Rocca, 1993. SILFA FILHO, A. L. Consulta ginecoló- gica: uma oportunidade para rastrea-mento do câncer colorretal. Femina, v. 37, n. 3, p. 121-122, 2009. STEFANI, S. D.; VILLARROEL, R. U. On- cologia. In: STEFANI, S. D.; BARROS, E. (Coord.). Clínica médica: consulta rápi- da. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. Para consultar as respostas desta seção e outros conteúdos complementares, acesse o hotsite do livro: www.grupoaeditoras.com.br/rotinasginecoeobstetricia. As atitudes da paciente frente a um procedi- mento cirúrgico são muito variadas e, às vezes, difíceis de explicar, mesmo quando esses proce- dimentos são considerados de pequeno porte pelo cirurgião. Antes de qualquer procedimento cirúrgico, o cirurgião deveria ter certeza de que os benefícios são maiores do que os riscos que a paciente irá correr. A cirurgia em aparelho reprodutor requer uma discussão particularmente cuidadosa com a pa- ciente. Dúvidas sobre a capacidade reprodutora ou a continuação da função sexual podem ser supervalorizadas na mente da paciente. Nesse momento, o ginecologista não pode prome- ter sucesso na preservação ou restauração da fertilidade, visto que a doença primária pode tornar impossível esse reparo ou, contrariamen- te, não ser possível a preservação dos órgãos reprodutores, especialmente nas cirurgias on- cológicas e, principalmente, em pacientes jo- vens (Monego, 2001). No entanto, a paciente deverá ter assegurado que seus desejos serão respeitados, desde que não entrem em conflito com as necessidades médicas de tratamento, com as quais ela deverá estar de pleno acordo. A seleção cuidadosa do procedimento apro- priado para a correta indicação, isto é, salvar a vida, aliviar o sofrimento ou corrigir deformida- des, é mandatória. É fundamental que a paciente e seus familiares sejam esclarecidos inteiramente, uma vez que eles próprios reconhecerão as suas expectativas e as limitações do procedimento proposto. Além disso, com o aumento da média de idade da população feminina, mais pacientes com pro- blemas clínicos se apresentarão para cirurgia. O procedimento cirúrgico poderá exacerbar esses problemas clínicos e resultar em um aumento de risco para complicações anestésicas e maus resultados cirúrgicos. É fundamental esclarecer a paciente e seus fa- miliares sobre o alcance da cirurgia e sobre seus potenciais riscos. Cuidados pré-operatórios Esse período abrange as 24 a 48 horas que an- tecedem a cirurgia, tempo mínimo necessário para a adaptação física e psicológica da paciente ao ambiente hospitalar. O período pode, entre- tanto, sofrer variações individuais, dependendo do estado de saúde da doente, do tipo de ci- rurgia e das necessidades de preparo pré-ope- ratório. Geralmente, as cirurgias oncológicas radicais necessitam de um maior preparo, tanto orgânico como psicológico, e essas também são as pacientes que se apresentam em pior esta- Pré e Pós-Operatório em Cirurgia Ginecológica Heleusa Ione Mônego Nara Niederauer João Paolo Bilibio Ricardo dos Reis Waldemar Augusto Rivoire 2 Rotinas em Ginecologia 35 do nutricional e imunológico, necessitando de maiores cuidados prévios. O cirurgião é responsável principalmente por três itens: > Avaliação pré-operatória: inclui o diagnós- tico, o procedimento proposto e o esclareci- mento adequado da paciente sobre os riscos e os tratamentos alternativos disponíveis. > Consentimento: os consentimentos infor- mados deverão ser colhidos preferencialmen- te no ambulatório. Isso evita retardo e confu- sões no período pré-operatório. > Exames: todos os exames laboratoriais e de imagem, solicitações de acompanhamentos, instruções e aconselhamentos pré-operató- rios deverão ser padronizados. A avaliação pré-operatória inclui, na admissão hospitalar, uma anamnese bem feita, exame fí- sico detalhado, exames laboratoriais, visita do anestesiologista e, eventualmente, de outros profissionais solicitados. Essa avaliação tem o ob- jetivo de identificar fatores que possam interferir no procedimento cirúrgico ou convalescença. Avaliação anestésica Toda paciente que será submetida a um proce- dimento cirúrgico deverá ser previamente ava- liada pelo médico anestesiologista, profissional responsável pelo ato anestésico (Roizen, 1995). A avaliação será feita em consultório médico, semanas ou dias antes, na sala de preparo ou na véspera da cirurgia, o que é mais usual. No Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), existe um Serviço de Avaliação Médica Periope- ratória, que inclui a avaliação, antes da cirurgia e em ambulatório de pré-anestesia (APA), dos pacientes com alguma intercorrência clínica ou problema que necessite de avaliação prévia para que se decida a respeito de técnicas anestésicas, bem como para esclarecimento sobre os cuida- dos pós-anestésicos (CPA). A paciente é encaminhada para avaliação pré-anestésica, seguindo critérios estabele- cidos no protocolo de avaliação pré-opera- tória do Hospital. No APA, é realizada uma entrevista, com relato de experiências pré- vias e história familiar (complicações, aler- gias, doenças genéticas). A paciente deverá estar no seu melhor condi- cionamento físico e psicológico para o completo êxito da intervenção proposta. Diminuir ao má- ximo os riscos anestésico-cirúrgicos e propor- cionar maior segurança, tanto para a paciente quanto para a equipe, é o objetivo do trabalho do anestesiologista. O APA avalia o paciente e institui tratamentos e cuidados (fisioterapia respiratória, medicação anti-hipertensiva) visando a otimizar e adequar o quadro clínico ao procedimento proposto. A técnica anestésica e analgesia pós-operatória podem ser sugeridas e oferecidas à paciente, a qual deverá decidir a respeito da aceitação ou não do que lhe foi proposto. Nas intervenções de grande porte, em que é usada a técnica anestésica combinada (anestesia condutiva � anestesia geral), além da menor necessidade de agentes anestésicos e adjuvantes no tran- soperatório, também há necessidade de menos analgesia pós-operatória, com consequente saída mais precoce do leito (Arenson-Pandikow; Mantovani, 1999). No momento da avaliação pelo APA e de acordo com as condições físicas e clínicas, a paciente será enquadrada na classificação ASA (American Society Anesthesiology). O risco anestésico é es- timado pelo estado físico associado ao tipo de cirurgia (Roizen, 1995). ASA I: paciente hígida. ASA II: paciente com doença sistêmica leve ou moderada sem limitação funcional (p. ex., taba- gismo ou hipertensão leve). ASA III: paciente com doença sistêmica grave, com limitação funcional, mas não incapacitante (doença broncopulmonar obstrutiva crônica – DBPOC – grave, porém compensada). ASA IV: paciente com doença sistêmica grave incapacitante (p. ex., infarto agudo do miocár- dio, insuficiência respiratória descompensada). ASA V: paciente moribunda, sem esperança de vida por mais de 24 horas, com ou sem cirurgia (aneurisma roto de aorta). 36 Freitas, Menke, Rivoire & Passos ASA VI: paciente com morte cerebral, doadora de órgãos. Essa classificação permite avaliar o grau de ris- co a que a paciente será submetida e, a partir disso, planejar a técnica anestésica e o monito- ramento necessário a cada paciente. Todas essas medidas visam a reduzir a morbimortalidade pe- rioperatória (White, 1991). Anamnese O tempo despendido em uma história detalhada permite ao cirurgião avaliar as expectativas e os medos da paciente em relação ao procedimen- to cirúrgico; e, além de aliviar sua ansiedade, é considerado tão valioso quanto aquele despen- dido na sala cirúrgica. A história ginecológica deverá incluir perfil menstrual detalhado, data da última menstru- ação (DUM), doenças ginecológicas e/ou pro- cedimentos prévios e resultados de biópsias ou exames citológicos anteriores. As medicações hormonais
Compartilhar