Buscar

TCC: O ensino da cultura Afro-brasileira e Africana nas escolas

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
NATÁLIA NASCIMENTO DOS SANTOS OLIVEIRA
O ENSINO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA NAS ESCOLAS
RIO DE JANEIRO
2019
NATÁLIA NASCIMENTO DOS SANTOS OLIVEIRA
	
O ENSINO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA NAS ESCOLAS
Trabalho de conclusão de curso, apresentado a banca de graduação em Pedagogia da Universidade Estácio de Sá.
Orientador: Gláucio Dirè
RIO DE JANEIRO
2019
RESUMO
	Este trabalho tem por objetivo analisar o ensino da cultura Afro-brasileira e Africana nas escolas do Rio de Janeiro. Mesmo como prever a Lei federal 10.639 a obrigatoriedade de se ensinar sobre cultura afro-brasileira muitas escolas deixam passar desapercebida essa temática, algumas só fazem trazem trabalhos próximo a data de 20 de novembro pois se é comemorado o dia da consciência negra. O que não deveria ocorrer, pois é uma temática rica e dar para se explorar bem com os alunos o ano letivo todo se quisessem. E não apenas em novembro, existem conteúdos ricos que se dá para trabalhar até mesmo a questão do preconceito seja ele racial, estrutural, econômico. As práticas pedagógicas da escola pode ser um diferencial para essa abordagens com os educandos e docentes. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, além de outros documentos de orientação para a Educação das Relações Étnico-Raciais, com vistas a implementar práticas pedagógicas de feição intercultural que contribuam para a constituição de espaços educacionais nos quais a diferença e a diversidade sejam respeitadas e valorizadas. 
Palavras-chaves: Lei 10.639, práticas pedagógicas, ensino da cultura afro-brasileira e Africana.
Sumário
1- Introdução	……………...….……………………………………...…..……….…………..4
2-Desenvolvimento…………………………………………………………………………...6	
2.1-Continente desconhecido……………………………………………………………….…6	
2.2- Ensino da história Afro-Brasileira e Africana………………………..…………………..9
2.3- Africanidades em seu âmbito histórico……………………………………………….....12	
2.4- As dificuldades da implementação do ensino de história e cultura Afro-Brasileira e Africana nas escolas…….……………..…..............……........….………..………………………17
Conclusão…………....…....…….…………….……………………………………………...21	
Referências…………………………………………………………………………………...22
INTRODUÇÃO 
	
	A escolha do tema específico foi devido à invisibilidade de uma cultura que tentaram aniquilar, através da cultura do embranquecimento. Uma cultura tão rica e com muitos conhecimentos para ser deixada de lado, ser desvalorizada, sofrer preconceitos e ser marginalizada.
	Na primeira seção do trabalho virá conhecer um continente desconhecido, seus aspectos tangíveis e intangíveis e os muitos significados de cultura. Na segunda seção encontraremos o ensino de História Afro Brasileira e Africana, como a lei 10.639/03 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação que inclui a obrigatoriedade da presença da temática História e cultura afro-brasileira e africana. Na terceira seção iremos ler sobre africanidades e seu âmbito histórico, multiculturalidade europeia, indígena e africana, a história de Zumbi dos Palmares. Na quarta seção iremos ler sobre as dificuldades da implementação do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e africana nas escolas.
	A cultura é uma palavra de vários significados. Para muitos, é usada para definir o conjunto de manifestações artísticas e religiosas de um povo ou de grupo inserido na sociedade. Por isso é comum que, ao ouvir falar de cultura afro-brasileira, se pensa logo em samba e candomblé. Mas cultura é muito mais que isso. É esse aspecto utilizado pelo indivíduo que determina uma cultura, como linguagem, forma de se vestir em datas específicas que formam uma cultura, que tem a função de possibilitar a comunicação entre aqueles que fazem parte. Ela diz respeito à maneira pela qual compreendemos e agimos na sociedade em que vivemos.
O latismoso da história é que os europeus justificavam o tráfico como instrumento de missão evangelizadora dos africanos, pois a África era considerada pagã para os europeus. O tráfico fazia parte de uma grande cruzada contra aos povos não católicos. E além de tudo era um negócio muito lucrativo na época, movimentava riqueza nas duas margens do continente.
	Com a escravidão os europeus acabaram africanizando o Brasil positivamente dizendo, pois é uma cultura rica e muitos brasileiros não conhecem a fundo suas origens. Os europeus exploraram também a inteligência e criatividade dos negros, as práticas utilizadas para criação do grado era africana, os instrumentos usados pelos ferreiros. Os africanos foram ativos criadores, as escravas forras e livres que tinham como ocupação no pequeno comércio ambulante que levaram para as ruas o acarajé, caruru, vatapá, abará, arroz-de-auçá e outras iguarias da culinária afro-brasileira. Muitas conseguiam comprar suas alforrias ou de familiares com o dinheiro ganho nesse comércio de rua. A culinária brasileira incorporou o azeite de dendê, a pimenta malagueta e o quiabo. Tudo herança dos africanos. 
	A desconhecida cultura afro-brasileira influiu os costumes atribuídos a sociedade brasileira, a cultura afro-brasileira nasceu do sofrimento, da escravidão de um povo que foi escravizado e retirado de sua terra natal e de um povo que sua terra invadida e roubada que são os indígenas. E a tortura psicológica que sofriam para esquecer suas raízes foram grandes, não podiam cantar, fazer seus cultos religiosos, foram perseguidos, mortos, abusados sexualmente, sofreram violência física, separados de seus entes queridos. E com tudo isso resistiram e influenciaram tanto a cultura brasileira. Com ritmos como: jongo, samba, capoeira, afoxé, maracatu, o famoso carnaval, o conhecimento com ervas. Os europeus aprenderam a tomar banho todo dia com os índios, à fruta que podia ingerir.
Nas instituições de ensino ainda é muito comum a discussão sobre aulas ministradas, projetos, textos, trabalhos sobre a cultura afro-brasileira, e a falta de conhecimento do corpo docente às vezes é muito maior que o preconceito em si. Com essa pesquisa deu para ver e entender a dificuldade de encontrar livros, artigos, textos que poderiam auxiliar para uma pesquisa muito mais rica. Foi necessário a ida a uma biblioteca de uma universidade pública para se conseguir alguns títulos relevantes, entre essas idas e vindas muito conhecimento foi adquirido.
Com a escravidão os europeus acabaram africanizando o Brasil positivamente dizendo, pois é uma cultura rica e muitos brasileiros não conhecem a fundo suas origens. Os europeus exploraram também a inteligência e criatividade dos negros, as práticas utilizadas para criação do gado era africana, os instrumentos usados pelos ferreiros. 
A população brasileira não tem a maior conhecimento da riqueza que seu país tem e herdou em cultura e conhecimento de um povo que foi escravizado, torturado, abusado fisicamente e psicologicamente. Após a libertação continuaram em sofrimento e marginalização .
	O trabalho apresentado foi escrito mostrando as diversidades de uma sociedade que não tem tamanha ideia de sua história e mostrando algumas dificuldades de se ministrar aulas dessa temática tão rica e deslumbrante. Mas que é marginalizada e discriminada por muitos que não tem o devido conhecimento da influência negra na sociedade brasileira.
2 - DESENVOLVIMENTO 
2.1 O ENSINO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA NAS ESCOLAS
O CONTINENTE
DESCONHECIDO
Cultura é uma palavra de muitos significados. Para muitos, é usada para definir o conjunto de manifestações artísticas e religiosas de um povo ou de grupo inserido na sociedade. Por isso é comum que, ao ouvir falar de cultura afro-brasileira, se pensa logo em samba e candomblé. Mas cultura é muito mais que isso. É esse aspecto utilizado pelo indivíduo que determina uma cultura, como linguagem, forma de se vestir em datas específicas que formam uma cultura, que tem a função de possibilitar a comunicação entre aqueles que fazem parte. Ela diz respeito à maneira pela qual compreendemos e agimos na sociedade em que vivemos.
Pode se dizer que a cultura possui aspectos tangíveis e intangíveis, como por exemplo; tangíveis objetos ou símbolos que fazem parte do contexto – intangíveis ideias ou normas que regulam o comportamento formas de religiosidade.
Os valores e as normas variam de cultura para cultura com diferentes variações que podem ser observadas, e mesmo dentro de uma sociedade existe divergência cultural. A cultura não é estática tem constantes mudanças de acordo com os acontecimentos vividos por seus integrantes. Mas na atualidade tem se encontrado muito empoderamento e representatividade pelo multiculturalismo, porém ainda são poucas os movimentos culturais em relação a cultura afro-brasileira.
Com suas diferenças e aproximações, tais autores têm buscado fazer face às demandas apresentadas pelas sociedades multiculturais, reconhecendo e buscando de superá los. A própria aceitação da multiculturalidade como descrição do mundo os tem levado a interagir com teorizações pós-modernas e pós estruturais. (MACEDO, ELIZABETH, 2014. p.194)
	Porém não se tem um número ao certo, mas entre o século XVI e meados do século XIX, mais de 11 milhões de africanos foram trazidos para as Américas como escravos. Este número não inclui os que não conseguiram sobreviver ao longo processo de captura na África e ao rigor da grande travessia atlântica. Em seguida a captura nos portos eram alocados em grandes barracões ou em cercados, onde poderiam permanecer por muitos dias e até meses à espera que as cargas humanas dos navios negreiros ou tumbeiros partissem para um continente desconhecido. E nesse longo período de espera vinham a falecer muitas pessoas, pois as construções onde ficavam instalados eram totalmente insalubres, mal ventiladas e pequenas. Uma caravela portuguesa tinha capacidade para transportar cerca de 500 cativos, e um bergantim poderia transportar cerca de 200.
Descrição do interior de um navio negreiro por Mahommah G. Baquaqua em 1854.
Fomos arremessados, nus porão adentro, os homens apinhados de um lado e as mulheres do ouro. O porão era tão baixo que não podíamos ficar em pé, éramos obrigados a nos agachar ou a sentar no chão. Noite e dia eram iguais para nós, o sono nos sendo negado devido ao confinamento de nossos corpos. Ficamos desesperados com o sofrimento e a fadiga.
Oh! A repugnância e a imundície daquele lugar horrível nunca serão apagadas de minha memória. Não: enquanto a memória mantiver seu posto nesse cérebro distraído, lembrarei daquilo. Meu coração até hoje adoece ao pensar nisso.
Biografia de MOHAMMAH BAQUAQUA, op. cit.
	
Era notório no interior dos navios negreiros, mudanças culturais significativas começavam a ocorrer. E no decorrer da angustiante travessia, os cativos estabeleciam laços de amizades, laços que geravam profunda solidariedade e verdadeiras obrigações de ajuda mútua, o que influenciou e muito a vida dos africanos no Brasil. Se tratavam de malungos uns aos outros. Malungo significava companheiro de travessia. Pois eles temiam o que encontrariam quando o navio chegasse ao seu destino, a angústia era grande tinham deixado parentes, amigos, conhecidos em solo africano que a certeza que jamis os veriam novamente, submetidos a violência psicológica, física, com a certeza do incerto. 
Segundo Walter Fraga e Wlamyra R. de Albuquerque: Diante das péssimas condições de vida e maus-tratos, a população escrava não crescia na mesma proporção da população livre. A maioria das crianças morriam nos primeiros anos de vida, e os adultos morriam muito cedo. Além dos que morriam, o tráfico funcionava para substituir os que conseguiam alforria ou fugiam para os quilombos. Assim havia necessidade constante de buscar mais africanos para trabalharem nos engenhos e nas minas.(FRAGA, ALBUQUERQUE; 2009, p.27.)
O triste da história é que os europeus justificavam o tráfico como instrumento de missão evangelizadora dos africanos. Pois a África era considerada pagã para os europeus. O tráfico fazia parte de uma grande cruzada contra aos povos não católicos. E além de tudo era um negócio muito lucrativo na época, movimentava riqueza nas duas margens do Atlântico. Ainda segundo Walter Fraga e Wlamyra R. de Albuquerque: Em meados do século XVII, o padre Antônio Vieira considerava o tráfico um “grande milagre” de Nossa Senhora do Rosário, pois em sua visão, ao serem retirados da África pagã, os negros teriam chances de salvação da alma no Brasil católico. (FRAGA ALBUQUERQUE; 2009, p.28.)
Com a escravidão os europeus acabaram africanizando o Brasil positivamente dizendo, pois é uma cultura rica e muitos brasileiros não conhecem a fundo suas origens. Os europeus exploraram também a inteligência e criatividade dos negros, as práticas utilizadas para criação do gado era africana, os instrumentos usados pelos ferreiros. Os africanos foram ativos criadores, as escravas forras e livres que tinham como ocupação no pequeno comércio ambulante que levaram para as ruas o acarajé, caruru, vatapá, abará, arroz-de-auçá e outras iguarias da culinária afro-brasileira. Muitas conseguiam comprar suas alforrias ou de familiares com o dinheiro ganho nesse comércio de rua. A culinária brasileira incorporou o azeite de dendê, a pimenta malagueta e o quiabo., tudo herança dos africanos.
Segundo Walter Fraga e Wlamyra R. de Albuquerque: Para os africanos, a ligação entre os vivos e os mortos continua após a morte. A morte não significa o fim da existência, mas a passagem de uma vida para outra. É por isso que no candomblé os orixás são agraciados com muita música, danças, comida, bebida e roupas. A intervenção dos ancestrais é importante, mas os vivos não podem se acomodar. A cada um cabe mudar o mundo a seu favor. Daí a valorização da criatividade e da disposição de luta contras as adversidades como formas de alcançar a felicidade neste mundo. (FRAGA. ALBUQUERQUE; 2009, p. 54.)
O que também uniu diversas tradições religiosas africanas no Brasil foi o culto aos ancestrais. Um outro aspecto bastante importante nas religiões de matriz africana foi a capacidade de dialogar respeito as religiões dos outros. Até mesmo porque muitos santos e santas cultuados na igreja católica, fazem parte da devoção dos iniciados no candomblé. E fora que os africanos também incorporaram divindades indígenas muitas entidades que passaram a ser chamadas de caboclos.
Mas para o Brasil também vieram africanos iniciados em religiões que surgiram na África após a chegada de povos árabes e europeus. Um número grande de seguidores de Alá chegaram ao Brasil, mais precisamente na Bahia. Adeptos de uma religião militante, eles organizaram na Bahia algumas rebeliões como: a Revolta dos males, ocorrida em janeiro de 1835. Que buscavam principalmente liberdade religiosa, porém foram impedidos pelas tropas imperiais.
Segundo Walter Fraga e Wlamyra R. Albuquerque; Enfim, os quilombos foram a forma mais típica de resistência escrava coletiva, e eles interferiram de modo decisivo na maneira como os senhores tratavam seus escravos.(FRAGA, ALBUQUERQUE; 2009, p. 70.)
A tão desconhecida cultura afro-brasileira influenciou muito os costumes atribuídos a sociedade brasileira. Além de tudo a cultura afro-brasileira nasceu do sofrimento, da escravidão de um povo que foi escravizado e retirado de sua terra natal. E a tortura psicológica que sofriam para esquecer suas raízes foram grandes, não podiam cantar, fazer seus cultos
religiosos, foram perseguidos, mortos, abusados sexualmente, sofreram violência física, separados de seus entes queridos. E com tudo isso resistiram e influenciaram tanto a cultura brasileira. Com ritmos como: jongo, samba, capoeira, afoxé, maracatu, o famoso carnaval.
2.2 O ENSINO DE HISTÓRIA AFRO BRASILEIRA E AFRICANA 
A lei 10.639/03 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação que inclui no currículo da Rede de Ensino a obrigatoriedade da presença da temática História e cultura afro-brasileira e africana. Mesmo sendo obrigatório as escolas encontram muitos preconceitos para abordar o tema, os pais não aceitam por causa das religiões de matrizes africanas, a maioria dos professores não se aprofundam em estudos para quebrar alguns tabus, o preconceito que os alunos e os pais apresentam sobre uma cultura rica. E quando a escola consegue trabalhar essa temática sempre tem um contra. O que muitos não sabem é que se dá para fazer trabalhos maravilhosos com as crianças e os adolescentes sobre cultura afro-brasileira.
A dificuldade em encontrar materiais, conteúdos sobre a história dos negros desanima muitos docentes a abordar essa temática. Muitas obras inéditas se perderam com o tempo, em outros casos houve apagamento deliberado da história negra. O processo de miscigenação branqueadora que perpassa a trajetória desta população. Como se quisessem apagar a mancha negra da história do Brasil. Fora que escritores, autores de cultura afro-brasileiro ficaram silenciados, é possível encontrar vários trabalhos que evidenciam esse fato: como mapas quantitativos e outros trabalhos.
Existem várias literaturas africanas de diferenciadas línguas como por exemplo: língua portuguesa, língua inglesa, língua francesa, entre outras, a partir da multiplicidade linguística do continente. As literaturas africanas de língua portuguesa, podem ser encontrados em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe,
Literaturas africanas de diferentes línguas (língua portuguesa, língua inglesa, língua francesa, entre outras) a partir da multiplicidade linguística do continente.
Literaturas africanas de língua portuguesa – o recorte de pesquisa e análise pode ser demarcado pelo país (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São tomé e Príncipe), sem adentrar na especificidade da negritude dessa literatura. Essa categoria sugere outras subcategorias, como literatura vinculada à origem oral (lendas, fábulas, entre outras) e literatura contemporânea (narrativas, curtas em 
diálogo com a ilustração). (DEBUS; 2017, p. 26).
Ainda encontra se dificuldades para trabalhar a representatividade negra, na literatura infantil já se encontra uns livros como a Menina do Laço de fita, O cabelo de Lele, Kiese e muitas outras obras para trabalhar a diversidade. Como a cor da pele, o tipo de cabelo. Para não haver preconceitos como trabalhar a diversidade cultural como a culinária, ritmos musicais, capoeira e até mesmo religiões de matrizes africanas.
Na década de 90 as pesquisas realizadas a maioria das obras pesquisadas os personagens negros como protagonistas, em muitas produções encontrava se um discurso contraditório e preconceituoso. Foram observadas três tendências denúncia a pobreza, o preconceito racial e o enaltecimento da beleza “marrom” e “pretinha”. O preconceito racial existe há tempos, o que não deveria ocorrer em um país miscigenado como o Brasil. Ainda mais com a diversidade cultural que existe no país, que teve influência negra, indígena e europeia em sua formação cultural.
[…] os personagens negros são;1) em grande maioria, associados à pobreza, quando não à miserabilidade humana; 2) desamparados, sem família, por conta da carência do pai e/ou da mãe; 3) tutelados pelo branco bom; 4) tecidos de maneira inferiorizada e sujeitos à violência verbal e/ou física; 5) enaltecidos pelos atributos físicos e/ou intelectuais, de modo a sugerir a democracia racial. Essas categorias analíticas subdividem-se em outros itens, tendo em vista a semelhança entre as ações 
e reações praticadas pelos personagens. (OLIVEIRA, 2003, p. 85).
No Brasil foi necessária uma lei para se falar de cultura afro-brasileira, da possibilidade a obrigatoriedade. Pois muitos brasileiros têm a mania de valorizar a cultura estrangeira e acabam desconhecendo e desvalorizando suas raízes. A inserção da temática em escolas da rede pública e privada, embora ainda não tenham sido implementadas de forma efetiva. E a sociedade brasileira não é homogênea, embora as marcas da diversidade, foram apagadas muitas vezes pela política de branqueamento. Com as exigências da Lei 10.639/03, culminou o florescimento de escritores e pesquisadores sobre a temática étnico-racial, discriminação, preconceito no espaço escolar.
Começou a se pensar na representatividade negra e como levar essa temática para as crianças e jovens, sendo necessária a promoção do respeito mútuo, respeito ao outro, o reconhecimento das diferenças, e a possibilidade de falar das diferenças sem temor. Mesmo sendo de forma tímida o mercado editorial brasileiro tem ampliado o número de títulos que tematizam a cultura negra.
[…] em alguns setores da mídia, dos meios intelectuais e políticos permanecem tensões e discordâncias sobre a importância da inclusão da temática étnico-racial nas políticas curriculares e nos processos de gestão. A Lei 10.639/2003, suas diretrizes nacionais e a Resolução n. CNE/CP 1/2004 podem ser consideradas como um divisor de águas e, ao mesmo tempo, a explicitação dos tensionamentos sobre a responsabilidade do poder público no combate às desigualdades raciais. (GOMES,2009, p. 51).
Nas instituições de ensino ainda é muito comum a discussão sobre aulas ministradas, projetos, textos, trabalhos sobre a cultura afro-brasileira, e a falta de conhecimento do corpo docente às vezes é muito maior que o preconceito em si. Com essa pesquisa pode se observar e entender a dificuldade de encontrar livros, artigos, textos que poderiam auxiliar para uma pesquisa muito mais rica. Foi necessário a ida a uma biblioteca de uma universidade pública para se conseguir alguns títulos relevantes, entre essas idas e vindas muito conhecimento foi adquirido.
No Museu dos Pretos Novos, situado na Gamboa por exemplo, muitos não sabem que ali era um cemitério de escravos que só foi descoberto por causa de uma obra em uma residência onde a proprietária queria aumentar sua casa. Com o começo da obra das começaram as escavações para fazer as sapatas da casa, e com isso foram encontrados vários tipos de ossos, quanto mais se cavava mais ossos eram encontrados e a proprietária imediatamente começou uma peregrinação com a prefeitura do estado do Rio de Janeiro para que mandassem uma equipe de historiadores e antropólogos.
Após muitos nãos, ela conseguiu com que uma equipe de historiadores comparecesse em sua residência e realizassem um estudo nos ossos, e foi constatado que eram ossos humanos de escravos mais precisamente dito. E assim nasceu o Museus dos Pretos novos que hoje funciona precariamente, pois a ajuda financeira que tinha da prefeitura foi cortada. A proprietária mantém o Museu com as doações que recebe dos visitantes.
Essas e muitas outras descobertas muitos brasileiros desconhecem, seja por falta de interesse, falta de divulgação, desconhecimento. A mídia contribuiu e contribui muito para essa falta de interesse dos brasileiros com sua história e raízes. A mídia venera o que vem de outros países, não olham o quanto o Brasil é rico com toda essa cultura de embranquecimento.
	Se no Brasil trabalhasse sobre cultura afro-brasileira da educação básica ao ensino médio, teríamos um país menos preconceituoso. Mas o racismo no Brasil é estrutural separado por raça/etnia. A separação do corpo populacional foi proporcionada, especialmente, pela escravidão, o regime de trabalho colonial por excelência. Ao se definir que uma parcela da população seria desprovida de lar, de direitos sobre o seu corpo e de direitos políticos, se rompeu com a unidade do
corpo-espécie, aceitando que uma parcela da população de um determinado território fosse mantida viva, mas em condições de domínio de senhores e colonizadores. E na atualidade alguns professores, sociólogos, filósofos, leis vem tentando quebrar esses tabus.
2.3 AFRICANIDADES EM SEU ÂMBITO HISTÓRICO
O Brasil é um país multicultural, pois teve influência de várias culturas como por exemplo: a europeia, indígena, africana. Mas infelizmente é algo desconhecido para muitos brasileiros, e o acervo de livros ainda é pouco comparado a outras nomenclaturas. Até em livrarias famosas é difícil achar um livro com o tema África ou afrodescendente, é uma pesquisa árdua para se achar arquivos, livros, cartas, fotos, relacionados a cultura afro-brasileira. Como foi e é negligenciada o ensino da cultura afro-brasileira nas escolas por décadas, é um assunto que por mais que seja obrigatório ser trabalhado com os alunos, muitas escolas não trabalham uma cultura tão rica de conhecimentos e descobertas. Fora a representatividade que isso pode trazer aos educandos, como a forma de se vestir, o tipo de cabelo, a cor da pele e muitas outras diferenças e adversidades encontradas no espaço escolar. E como a cultura africana é uma das mais influentes na formação do povo brasileiro, que por meio da Lei 10.639/03 tornou se obrigatório o seu ensino nas salas de aula. E mesmo assim a história da África e a cultura africana sempre ocupou uma posição sucinta, e por décadas o ensino da cultura africana foi fragmentado, e com isso o empobrecimento do conhecimento pleno por esse continente.
Muito ainda não tem o conhecimento que o Egito e Marrocos ficam na África e não no continente europeu. O continente africano é um dos mais antigos da história da humanidade. Portanto é incrível como os educadores das décadas passadas não tiveram esse olhar para um continente tão rico de cultura que poder explorados com os alunos.
Apesar de a África ser o continente mais próximo do Brasil, e existirem imensas semelhanças humanas e naturais entre ambos, de ter havido uma forte interação ao longo da história e de os afrodescendentes constituírem cerca de um terço de nossa população( o que faz do Brasil o segundo ou terceiro “país africano”, isto é, em número de afrodescendentes), existe um desconhecimento profundo de sua história e de nossas relações com ela. (PEREIRA, ANA 2014. p. 10.).
Porém a escravidão já existia na África antes mesmo dos europeus chegarem, por meio de derrota nas guerras, troca de familiares por alimentos, dívidas, delitos cometidos. A África tinha diversos reinos subdivididos, muitos eram inimigos. A chance de enriquecer vinha da aniquilação ou enfraquecimento de tribos rivais, o que ocasionou a serem os algozes de seus conterrâneos, pela prática do tráfico de africanos. E muitos africanos chegavam em seus locais de destino sem vida, com dor, fome, medo, tristes, desesperados, falta de esperança, presenciado e vividos momentos de grande crueldade com os cativos.
O estado brasileiro primeiro a receber escravos foi Salvador, no período colonial a economia era em cima de africanos escravizados que foram arrancados de sua terra natal para substituir a mão de obra indígena no engenho do açúcar, que gerava a maior economia da agricultura da época.
A importação de escravos africanos para a Bahia começou em seguida ao estabelecimento dos primeiros engenhos de açúcar. Não é possível estabelecer uma data precisa, mas é aceitável uma estimativa que localize não muito antes de 1549 nem muito depois de 1550. [...] O escravo era sempre escravo. Em quase nada diferenciava que trabalhasse nas plantações de cana-de-açúcar, fumo, algodão, com enxada e a foice, ou que trabalhasse no engenho ou no interior da casa do senhor, como doméstico, recadeiro, canoeiro, carregador, cozinheira, copeira, engomadeira. Era sempre escravo. (TAVARES, 2008, p. 54 e 55).
	
Os relatos da escravidão em todo o mundo são aterrorizantes. Contudo, os relatos do período de travessia entre a África e o Brasil expõem, mesmo que superficialmente, a dor, o desespero, a falta de esperança, vividos pelos cativos, como também, a dimensão da crueldade humana.
Em face ao terror e a violência que sofriam, os negros africanos não ficavam passivos a sua nova vida. Houve lutas e resistência dos africanos ao sistema escravista da época. Muitas revoltas ocorreram por todo o país. Inúmeros negros fugiam para quilombos, o que devolvia aos mesmos a esperançada liberdade.
Ninguém sabe ao certo quando começou a história do Rei Zumbi. [...] Velhos livros contam que, um dia, trinta ou quarenta escravos guinés fugidos de uma fazenda nordestina fundaram um núcleo independente em um outeiro inóspito da serra Barriga, nas Alagoas, então Capitania de Pernambuco. [...] Talvez isso tivesse acontecido por volta de 1605. [...] No Brasil daqueles tempos, mesmo na Bahia e em Minas Gerais, havia muitos quilombos, mas o QUILOMBO DOS PALMARES (o núcleo fundado pelos guinés e transformado, depois, em grande nação governada pela vontade suprema de um Rei negro) foi o maior de todos. [...] Composto de uma série de aldeias localizadas com estratégia e ligadas entre si por uma rede de caminhos ocultos na floresta, “Palmares” atravessou quase todo o século XVII e chegou a abrigar, de uma só vez, alguns milhares de negros encandeados pelos ásperos rumos de liberdade. (SANTOS, 2010, p.7)
	
Zumbi dos Palmares foi o líder do Quilombo dos Palmares e é, até hoje, o símbolo da resistência negra no Brasil. A região do Quilombo dos Palmares abrigava cerca de 20 mil escravos. De difícil acesso o quilombo era protegido por florestas tropicais. Lá os habitantes sobreviviam das plantações, caça e pesca. No entanto, por incomodar os brancos, o Quilombo dos Palmares passou a ser alvo do governador Souto Maior, o qual pediu auxílio ao bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, famoso pela crueldade de seus atos.
As autoridades coloniais até tentaram estabelecer acordos com os quilombolas, mas os escravos não aceitaram. Até que mandaram uma tropa com mais 3 mil homens numa expedição ao quilombo de Palmares. A missão era destruir o quilombo, cercaram o quilombo mataram e capturaram alguns homens e mulheres, mas quem eles queriam de verdade conseguiu se esconder na mata que era Zumbi dos Palmares. Em 20 de novembro de 1695, traído por um dos seus homens que sucumbiu às torturas, Zumbi e seus homens foram surpreendidos e mortos. Sua cabeça foi pregada em um poste de uma praça da capital pernambucana para servir de intimidação aos rebeldes. As terras do Quilombo dos Palmares foram distribuídas aos vencedores.
Em 1703, um dos negros de Palmares, Camuango, que fugiu nas primeiras investidas do bandeirante Domingos Jorge Velho, fundou um quilombo pequeno, mas que fora destruído anos depois. Alguns fugitivos de Palmares se refugiaram em quilombos na Paraíba, os quais foram destruídos em 1735.
Depois de Palmares, os quilombos de Minas Gerais eram os mais importantes, dentre os quais se destacaram o quilombo do Ambrósio e o quilombo Grande. O quilombo do Ambrósio atingiu uma população de mil negros. Destruído brutalmente pelo capitão Antônio João de Oliveira, formou-se, no mesmo local, o quilombo Grande. [...] Para exterminá-lo, foi organizada, em 1759, uma grande expedição, sob o comando do capitão Bartolomeu Bento de Prado, que, após um imenso massacre, voltou trazendo como troféu 3 mil pares de orelhas! (KOK, 2012, p.37)
Os negros não tinham sequer direito a vida. Já lhes foram tiradas a liberdade e a possibilidade de continuarem em sua terra natal e de praticarem os seus costumes, ainda eram perseguidos e massacrados. Nem mesmo após a morte seus corpos eram respeitados. Muitos eram degolados, mutilados e ainda tinham seus órgãos colecionados, como se fossem partes dos corpos de animais. Contudo, os negros lutaram desde as suas capturas em seus países de origem, até o fim de suas vidas. Mostraram aos seus algozes que pagariam qualquer preço por sua liberdade.
 [...] Vamos
encontrar quilombos em São Paulo, na Bahia, no Norte e em Mato Grosso, onde, curiosamente, uma mulher chegou a governar. [...] Por vezes os quilombos tinham constituição apressada e duração efêmera, sendo destruídos por alguns capitães do mato ou mesmo por dissensões internas. Noutros casos, porém, alcançavam tamanha importância que exigiam pedidos enfáticos por parte dos senhores, ao governo, no sentido de destruir o foco subversivo. É o que ocorre quando os “moradores e mineiros” próximos a Cuiabá pedem aogovernador para que mande destruir Quareterê, em 1769. (PINSKY, 2011, p. 85 e 86).
E esse quilombo de Quariterê era liderado pela rainha Tereza, neste quilombo havia a produção de algodão para as vestimentas dos quilombolas e para comercialização da região, lavouras, tenda de ferro para transformar os ferros que eram utilizados contra os negros, em instrumentos para seu labor. A sua destruição foi festejada por Portugal e considerada como um ato heroico. Pois cada quilombo representava um insulto ao governo. Era a comprovação clara da fragilidade dos governantes perante os negros, os quais eram vistos como inferiores. O quilombo era uma aglomeração de negros livres numa sociedade que primava pela escravidão, tornando-se um mau exemplo para outros escravos e incentivo para novas fugas.
Quando um negro fugia, ele saía do encarceramento da terra de seus senhores e passava ao encarceramento da cidade. Porque a sua cor logo o denunciava. A força militar e os capitães do mato logo saíam a sua procura. Por sua vez, os cidadãos brancos de outras fazendas exigiam alguma comprovação de alforria. E, para a sociedade da época, negro era escravo, até que fosse provado o contrário. O quilombo representava um sonho de liberdade, dentro de uma sociedade de objetivos iguais, na qual um não era inferior ao outro, podendo viver como o ser humano que era.
Fora as fugas para os quilombos, houve inúmeras revoltas. Sendo uma das mais conhecidas, a Revolta dos Malês, na Bahia, em 1835. Planejada por um grupo de africanos convertidos ao islamismo, onde se encontravam escravos idosos e respeitados pelos conhecimentos e pela religiosidade. Os africanos se reuniam na residência de Manuel Calafate no dia 24 de janeiro de 1835. Houve uma denúncia e a polícia invadiu a residência. Os negros resistiram a polícia, partindo um grupo para invadir a cadeia instalada na parte inferior do prédio da câmara municipal. O outro grupo foi avisar o ocorrido aos escravos e libertos que trabalhavam nas residências de aristocratas no Corredor da Vitória. Os negros armaram-se de lanças, espadas e facas contra a polícia. Foram vencidos e muitos foram condenados à morte, castigos físicos e expulsão para a costa ocidental da África.
Em 1845 o parlamento inglês promulgou a Lei Bill Aberdeen, que declarou ilegal o tráfico negreiro. O Brasil ignorou a nova lei e continuou a traficar africanos cativos. Quando surgia a possibilidade de serem surpreendidos por navios fiscalizadores ingleses, a “carga” era lançada ao mar com pesos e pedras, uns presos aos outros, para morrerem afogados e assim, não serem flagrados em um comércio ilegal.
A Lei Bill Aberdeen conseguiu diminuir o tráfico de escravos ao Brasil, mas ainda não excluía a posição de escravos dos que foram traficados. Por fim, em 1850 foi promulgada a Lei Eusébio de Queiroz, a qual extinguiu o tráfico negreiro no Brasil. Assim, todos os tumbeiros que eram apreendidos com negros africanos, tinham que devolvê-los a costa africana.
Outras leis surgiram como paliativos para não cederem definitivamente a abolição da escravatura. Em 28 de setembro de 1871 foi promulgada a Lei do Ventre Livre, que declarou livres os filhos de escravos nascidos a partir daquela data. Apesar de a lei garantir a liberdade às crianças nascidas a partir daquela data, os pais ainda permaneciam como escravos. Dessa forma as crianças permaneciam, mesmo que indiretamente, subjugadas aos senhores de seus pais.
Em 1885 foi promulgada a Lei Saraiva – Cotegipe, mais conhecida como a Lei dos Sexagenários, a qual liberta os escravos a partir de sessenta anos. O que parece um alívio para os escravos idosos, torna-se um fardo. Quase que a totalidade dos escravos com 60 anos ou mais, foram nascidos no Brasil. Sendo assim, não tinham uma terra para voltar. Os seus pais, provavelmente já haviam falecido. Os filhos, quando não separados pelas comercializações, ainda eram cativos. Ou seja, foi dada uma liberdade que eles não tinham como usufruir plenamente, pois o vigor e a saúde física foram roubados durante os trabalhos árduos do cativeiro. Não tinham parentes para sustentá-los, não tinham mais a casa e o alimento fornecidos pelos senhores e agora estavam inseridos numa sociedade, na qual ainda era escravagista e na qual teria que abrir caminhos para conseguir sobreviver.
Em 13 de maio de 1888, pressionada pela Inglaterra e por outros países europeus, a princesa Isabel promulgou a Lei Áurea, através da qual, foi declarada a extinção da escravidão no Brasil.
O Brasil foi o último país a abolir a escravidão. O que deveria ser um dia de alegria, tornou-se uma faca de dois gumes. Os negros escravizados, agora livres, ganharam a sonhada liberdade, mas não tinham como usufruir a mesma. Agora não tinham casas, alimentos e empregos. Tiveram que voltar a trabalhar com seus antigos senhores, disputando as oportunidades de empregos com imigrantes europeus e asiáticos que chegam ao Brasil. O país não conseguiu absorver todos os negros libertos, o que ampliou em larga escala a desigualdade econômica e social no país, como também, o surgimento das populosas favelas das grandes metrópoles.
No Rio de Janeiro aonde se encontra a atual Avenida Presidente Vargas, após a libertação dos escravos havia barracos, era a moradia de muitos. Mas tiraram os moradores de lá e demoliram seus barracos e assim surgiu o Morro da Providência. Diferente de alguns países que quando se aboliu a escravidão os libertos tiveram um pedaço de terra e um jegue para começar a vida livre.
2.4 AS DIFICULDADES DA IMPLEMENTAÇÃO DO ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO- BRASILEIRA E AFRICANA NAS ESCOLAS
A Lei 10.639 traz mudanças na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, torna se obrigatório o ensino da História e cultura Afro Brasileira nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. Mas não é em todas as escolas que essa temática está sendo trabalhada pelo corpo docente, pelo menos não como se deveria. Pois está sendo trabalhado de forma institucionalizada e pela iniciativa de alguns professores.
A proposta trazida pela Lei é de grande importância, pois leva aos alunos representatividade, cultura, aspectos que foram esquecidos pela política do embranquecimento e sempre ficaram em segundo plano pelos professores e as próprias escolas. Se realmente essa temática fosse abordada há anos o racismo existiria, mas seria em menor escala. Pois haveria conscientização de onde vieram seus antepassados, o que passaram, da forma que viveram, da exploração, dos abusos sofridos, dos sofrimentos. Além da representatividade que é muito importante, pois ser diferente é normal.
O ensino da história e cultura afro-brasileira e africana no Brasil sempre foi lembrado nas aulas de História com o tema da escravidão negra africana. No presente texto pretendemos esboçar uma reflexão acerca da Lei 10.639/03, alterada pela Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio. (Leandro Carvalho, Mestre em História) educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/lei-10639-03-ensino-historia-cultura-afro-brasileira-africana.htm
A Lei 10.639/03 após ser promulgada, foi necessária para uma ressignificação e valorização cultural das matrizes africanas que forma a diversidade da população brasileira. Assim os professores podem reavaliar sua forma de ministrar as aulas dessa temática, buscar materiais, levar seus alunos a pensar
e voltar ao passado pela história que possui conteúdo riquíssimo para se explorar com os alunos. É necessário conhecer a história de seu povo, das influências dos índios, negros e europeus que teve na cultura brasileira. Como por exemplo os europeus aprenderam a tomar banho com os índios, a culinária que utilizamos até hoje teve muita influência africana, a feijoada por exemplo é um prato africano, as sinhás davam os restos de carnes as escravas que misturavam no feijão para se alimentar.
Um importante material sobre a história da África, o qual os professores poderão utilizar como suporte teórico para a compreensão da diversidade étnica que constitui o continente africano, é a coleção História Geral da África, que tem aproximadamente dez mil páginas, distribuídas em oito volumes. Criada e reeditada por iniciativa da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a coleção aborda desde a pré-história do continente africano até os anos 1980, e está disponível para download gratuito em http://www.dominiopublico.gov.br.
Outro fato importante também herdado de outras culturas foi a religião o catolicismo que os portugueses catequizaram os índios impondo sua crença, com os africanos não foi diferente foram perseguidos por cultuarem seus deuses. Para conseguirem cultuar seus deuses foi preciso utilizar os mesmos santos da igreja católica como por exemplo São Jorge na igreja católica e na religião de matriz africana é Ogum, Santo Antônio na igreja católica e Exu na religião de matriz africana. São apenas alguns exemplos de várias adaptações feitas para se fugir da perseguição de seus senhores. Na religião de matriz africana os orixás usam saias, porque na época da escravidão os vestidos que as sinhás não queriam mais elas davam as escravas, que quando tinha seus cultos religiosos elas davam as entidades o que tinham de melhor e no momento o que era de melhor seria o vestido doado pelas sinhás.
Os professores têm um importante papel contra o preconceito racial, pois tem materiais didáticos que podem ser usados de forma brilhante com os alunos. E não só se falar de preconceito racial na época da consciência negra que é comemorada no dia 20 de novembro por causa da morte do quilombola Zumbi dos Palmares. Os empecilhos são muitos e não são simples de se resolver. Um exemplo é realmente saber trabalhar com uma temática transversal. As atividades escolares estão, geralmente, todas voltadas para trabalhar com o currículo das disciplinas. Sobra pouco espaço para as temáticas transversais, como é o caso do ensino de história e cultura da África e afro-brasileira. E também os professores não tem uma formação apta para se trabalhar cultura afro-brasileira e africana nas escolas, as universidades estão, por meio dos seus cursos de licenciatura e pedagogia, formando educadores sem que haja a devida preocupação em capacitá-los para trabalharem com a temática da cultura afro-brasileira.
A formação inicial e continuada de professores na perspectiva da diversidade étnico-racial foi indicada nos diversos depoimentos como um dos principais elementos para uma mudança de práticas e posturas racistas. Para a equipe de pesquisadores, tal fato indica a necessidade de que a formação em serviço seja seriamente rediscutida, isto é, o direito de profissionais da educação à sua formação e qualificação em seu próprio local de trabalho (GOMES, 2012, p. 355-356).
Os docentes precisam se atentar para as relações raciais, a educação tem potencial de qualificar a educação brasileira. Não trata se apenas de seguir a Lei que torna obrigatório o ensino de História e cultura afro-brasileira e africana, vai muito além disso. É uma forma de situar o continente africano em escala mundial, com livros, contos, representatividade. Apresar dos esforços empreendidos com a modificação da Lei 10.639/03, ainda existem muitos seres humanos sendo vítimas do racismo, da xenofobia, da discriminação racial e várias outras formas de intolerância. E é preciso acabar com isso. Tendo em vista a ética nas escolas sugere que os docentes se qualifiquem para trabalhar a temática nos objetivos de seu planejamento pedagógico, como nas atividades extracurriculares da escola.
É necessário abrandar a perspectiva de ética e trazer um enfoque conceitual possibilitando aos discentes compreender a relação entre o continente africano e o brasileiro no passado e no presente, assim como o continente africano com o mundo. É uma análise importante em constituição como sociedade, assim fornecendo importante conteúdo para a construção e interpretação do próprio pertencimento do discente e sua identidade étnico-racial.“a necessidade de avançar no debate conceitual sobre a história e a cultura africana e afro-brasileira” (GOMES, 2012, p. 354).
LEI FEDERAL 10.639/03 - A obrigatoriedade de se trabalhar nos currículos escolares o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, surgiu por meio de um conjunto de decisões políticas discutidas longamente com fortes repercussões pedagógicas, inclusive na formação de professores. No dia 09 de janeiro de 2003, foi aprovada a Lei nº 10.639/03-MEC que alterou a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira. Assinada pelo então Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva. Com esta iniciativa, com vista a reconhecer e garantir vagas para negros nos bancos escolares é preciso ainda valorizar devidamente sua história e a cultura manchada pelo trabalho escravo ao longo de séculos em nosso país. Buscando reparar danos, garantindo direitos negados no passado, e que, ainda hoje são negados em nossa sociedade.
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino de História e Cultura Afro- Brasileira.
1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
2º os conteúdos referentes à história e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e Histórias Brasileiras.
3º (Vetado)
Art.79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra”. Art.2º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação (DCN, Educação das Relações Étnico Raciais, MEC, 2005, p. 35).
	É necessário que as escolas se atentem para essa temática, avalie conteúdos para trabalhar com seus alunos, na formação continuada do corpo docente em relação a cultura afro-brasileira. Pois é importante que os discentes saibam a história de seus antepassados, que o Brasil o último país a acabar com a escravidão, que o negro foi tirado de sua terra natal e trazido para o país para ser escravizado, torturado, abusado, humilhado, teve sua liberdade roubada. Cabe as escolas criarem projetos, conteúdos voltados para a educação racial para que os profissionais possam colocar em prática a Lei.
Mas é preciso a participação de todos, família, escola, comunidade para que haja uma qualidade social e justa em nossa sociedade. Pois não houve uma universalização dessa temática nos conteúdos de ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nos livros didáticos. Visando um trabalho de forma conjunta contra a desigualdade, o racismo, discriminação e sim um trabalho que vá impôr troca de conhecimentos, debates étnicos raciais, aprofundamento da cultural sobre a influência africana na sociedade brasileira.
 A escola tem um poder muito importante na formação do cidadão, por isso é necessários essa representatividade, trabalhos, debates, exposições, mostrar a realidade de um povo que foi escravizado e com
isso tudo a influência exercida pelo povo africano em território nacional. A escola é um lugar privilegiado e pode usar isso ao seu favor para troca de conhecimentos entre os alunos independentemente da cor de sua pele, do tipo de seu cabelo, de como se veste, da sua crença religiosa. É necessário romper as abordagens do currículo tradicional da escola, que tem como modelo o europeu, o conhecimento científico e como complemento a contribuição de vários grupos que formaram nosso país. Fazendo com que a história contada rompa o silêncio dos livros, sobre o negro na historiografia brasileira.
CONCLUSÃO
	
	Ao final desse estudo foi observado o preconceito com o Ensino da cultura Afro-Brasileira e Africana nas escolas. De forma deliberada até o preconceito sobre uma temática rica e obrigatória respaldada pelo currículo e Leis, e mesmo assim ignorada por muitas instituições de ensino e docentes. A LEI FEDERAL 10.639/03 trás a obrigatoriedade de se trabalhar a cultura Afro-brasileira e Africana nas escolas, que surgiu de discussões políticas e até para a formação dos docentes.
	Os docentes podem se aprofundar nessa temática em forma de conhecimento para o mesmo e para seus alunos. Desconstruindo pensamentos, ideias, preconceitos seja ele religioso ou étnico. Está na hora de olharmos para essa cultura e nos apropriarmos de algo que é nosso. São nossas raízes, nossos antepassados, nossa cultura, nosso povo, nossa diversidade, nossa multiculturalidade.
	 Se a sociedade brasileira despertar desse pensamento de que a cultura do outro é mais bela, e não der o devido valor a sua própria cultura ficará difícil de ter um olhar mais amplo do que é sua cultura de fato. Pois a cultura do embranquecimento já dominou muitos da sociedade brasileira.
 	 A população negra no Brasil sofreu e sofre preconceito, seja ele direta ou indiretamente no seu dia a dia. Seja o racismo institucional, estrutural, étnico, pelo simples fato da cor da pele, do tipo de cabelo, da forma de se vestir, se portar, se pronunciar. Mas ninguém olha para trás e ver como a população negra é vista e tratada. Há um tempo atrás a segregação era maior, pois não se encontrava negros cursando nível superior, muito menos em uma graduação de medicina.
	 Muitos falam em tom preconceituoso que são contra cotas nas universidades, mas a verdade é que as oportunidades para a população negra e pobre não pode ser comparada a elite existente no país. A dificuldade do acesso á escola, a marginalização, a pobreza, a falta de instrução. Isso tudo marca a luta contra o racismo e preconceito.
	 Em um país miscigenado não poderia haver preconceito de forma alguma, pois a miscigenação deveria ser vista de outra forma, por exemplo como melhoramento riqueza nas informações sobre sua própria cultura e enriquecimento genético de raízes ancestrais. Levando se em consideração que a diferença é normal e um sempre pode enriquecer o outro com seus conhecimentos, sejam eles culturais, básicos ou científicos. Não se faz nada sozinho, sempre depende se de algo ou alguém para executar algo.
REFERÊNCIAS 22
AZEVEDO, Israel Belo de. O prazer da produção científica: Descubra como é fácil e agradável elaborar trabalhos acadêmicos. 12. ed.São Paulo: Hagnos, 2001.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília, 2005.
COSTA, Marcos A História do Brasil para quem tem pressa. Ed. Valentina Rio de Janeiro, 2016.
CARVALHO, Leandro Mestre em História. Disponível em: httpeducador.brasilescola.uol. com.br/estrategias-ensino/lei-10639-03-ensino-historia-cultura-afro-brasileira-africana.htm. Acesso em: 14 de agosto de 2019
Disponível em: //www.dominiopublico.gov.br. Acesso em 13 de julho de 2019
FOUCAULT, Michel. O Sujeito e o Poder. In: RABINOW, Paul e DREYFUS, Hubert. Michel Foucault, uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. 
GOMES, Nilma Lino (org.) Práticas Pedagógicas de trabalho com as relações étnico-raciais
KOK, Glória Porto. A escravidão no Brasil colonial. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
Monografias Brasileiras https://monografias.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/africanidades-um-olhar-pedagogico-para-ensino-cultura-africana-sala-de-aula.htm Acesso em: 25 de abril de 2019
MBEMBE, Achille. Necropolítica. Arte & Ensaios: revista do ppgav/eba/ufrj, Rio de Janeiro, n. 32, 2016 
PEREIRA, Analúcia Danilevicz. História da África e dos Africanos. 3ª ed. Rio de Janeiro: editora
vozes, 2014.
Presidência da República. Lei 10.639 de 09 de janeiro de 2003. Brasília, 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm>. Acesso em: 10 de fevereiro de2019.
PINSKY, Jaime. A escravidão no Brasil. 21. ed. São Paulo: Contexto, 2011.
SANTOS, João Felício dos. Ganga-Zumba: A saga dos quilombos de Palmares. 2ª. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010.
SANTOS, Ynaê Lopes dos.. História da África e do Brasil afrodescendentes 1ª ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2017.
Scielo.orghttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2179-89662019000301834&lang=pt Acesso em: 25 de setembro de 2019

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais