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Proposta de Projeto de Pesquisa - 2019 - Maria Eduarda Gimenes - Revisado

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IFES - CAMPUS CARIACICA
DIRETORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO
COORDENADORIA DE PESQUISA
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CADASTRO DE PROPOSTA DE PROJETO DE PESQUISA - 2018
	NATUREZA: ( ) PESQUISA BÁSICA 	(X) PESQUISA APLICADA
	
	
	
	
	
	
	
	PROJETO
	
	
	
	TÍTULO DO PROJETO DE PESQUISA
	Estruturação de processos decisórios no contexto da permanência e êxito de um curso de graduação
	
	
	
	
	
	GRUPO DE PESQUISA
	NEAPE - Núcleo de Estudos sobre Acesso, Permanência e Êxito
	
	
	
	
	
	LINHA DE PESQUISA
	Processos decisórios
	
	
	
	
	DURAÇÃO:
	INÍCIO 
	05/2018
	TÉRMINO (PREVISÃO)
	12/2018
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	PALAVRAS-CHAVE
	Apoio à Decisão
	
	Soft Systems Methodology
	
	
	
	
	
	
	
	
	Estruturação de problemas
	
	Permanência e êxito
	
	
	
	
	
	
	
	
	Pesquisa Operacional Soft
	
	Sistemas Complexos
	
	
	
	
	
	
	
	GRANDE ÁREA DO CONHECIMENTO
	Engenharias
	
	
	
	
	
	
	
	ÁREA DO CONHECIMENTO
	Engenharia de Produção
	
	
	
	
	
	
	
	SUB-ÁREA DO CONHECIMENTO
(VER TABELA DO CNPq)
	Pesquisa Operacional
	
	
	
	
	
	
	
	DECLARAÇÃO
	Declaro que:
	(X) não estou usufruindo de qualquer tipo de afastamento ou licença previstos pela legislação vigente.
	(X) pertenço a grupo de pesquisa certificado pelo Ifes.
	(X) estou em situação regular com relação à gestão de meu(s) projeto(s), em execução ou já finalizado(s) no Ifes, e meu(s) estudante(s).
	(X) sou servidor efetivo do Ifes.
1. Resumo do Projeto de Pesquisa
Os indicadores de evasão e retenção refletem em grande parte o desempenho de um curso de graduação. A melhoria destes indicadores depende da tomada de decisões complexas, uma vez que a situação problemática está inserida em um sistema complexo. Em uma Instituição Federal de ensino, cotidianamente deve-se lidar com problemas de natureza complexa, logo, estrutura-los é etapa fundamental para o processo de tomada de decisão. Neste contexto, este projeto propõe o desenvolvimento de um modelo de apoio à tomada de decisão baseado no SSM (clássico e reconfigurado), de forma a identificar possíveis transformações e ações necessárias para propor melhorias no problema. Este modelo será utilizado para apoiar a tomada de decisões no curso de Engenharia de Produção do IFES Campus Cariacica, visando aferir sua eficiência e validade. Espera-se que sua utilização resulte na tomada de melhores decisões e, consequentemente, na melhoria dos indicadores de permanência e êxito do curso supracitado.
2. Parcerias
Não foram realizadas parcerias.
3. Informações relevantes para avaliação da proposta
Esta proposta visa desenvolver e aplicar uma metodologia para tomada de decisões que melhore os resultados da política de permanência e êxito no curso de Engenharia de Produção do Ifes Campus Cariacica, com a possibilidade de ser replicada em outros cursos, em caso de sucesso.
4. Introdução e justificativa
Conceitos como permanência e evasão em ambientes educacionais têm sido cada vez mais recorrentes, tanto em pesquisas cientificas como em outros meios de comunicação. Esse crescimento reflete necessidade de discutir cientificamente essas questões, a fim de entendê-las em seus diversos aspectos e, assim, propor soluções para o problema.
Por relacionar o sucesso de uma instituição de ensino à redução de seus índices de evasão e retenção, foi criada, em 2016, no Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Cariacica, a Comissão de Permanência e Êxito, através da Portaria 53 de 17/02/2016, composta por professores, técnicos administrativos e discentes. Essa comissão tinha como objetivo estruturar e propor ações no âmbito das coordenadorias dos cursos oferecidos no campus, com o objetivo de melhorar os indicadores de permanência e êxito.
Dentro da Pesquisa Operacional (PO, disciplina importante no currículo do curso de Engenharia de Produção, existe o paradigma "alternativo" da PO (Rosenhead, 1989), também conhecido como paradigma “Soft”. Tal abordagem flexível surgiu a partir da necessidade de lidar com problemas organizacionais, nos quais o componente humano é fator predominante (Checkland, 1970). Aplica-se em situações problemáticas complexas, de natureza qualitativa, que compreendem alto grau de incerteza e que a pesquisa operacional tradicional - 'Hard' - com modelos matemáticos e bem estruturados - não é suficiente resolver.
Em diversos aspectos da vida cotidiana, o indivíduo é confrontado com problemas complexos que exigem soluções e tomadas de decisão, sejam elas imediatas ou não. Essas situações podem acontecer tanto no aspecto vida pessoal de cada indivíduo quanto em sua atuação nos outros espaços que atua: ambientes corporativos, ambientes acadêmicos, ambientes religiosos. 
Rosenhead et al. (2001) caracteriza problemas complexos como problemas que envolvem a existência de múltiplos atores, múltiplas perspectivas - uma vez que cada indivíduo possui sua trajetória e visão de mundo individual - diferentes interesses ou posições conflitantes e incertezas-chave. Situações permeadas por inúmeras percepções de ‘realidade’, intenções e conflitos pessoais (Checkland & Poulter, 2006). Ou seja, não são estáticas, não tem respostas prontas. 
Para estruturar, entender e modificar essas situações, é fundamental a compreensão do que é um sistema, suas definições e teorias, e da importância do pensamento sistêmico para lidar com problemas complexos. 
Um sistema, basicamente, é formado por elementos, as conexões entre eles e um propósito que os integra (OLIVEIRA, 2002, p.35). Ou seja, os elementos - interdependentes - são unidos a partir de um determinado objetivo em comum a fim de realizarem alguma função. 
A Teoria Geral dos Sistemas (T.G.S) foi estabelecida pelo biólogo austríaco Ludwig von Bertalanffy entre as décadas de 1950 e 1960. Essa teoria surgiu a partir de estudos que constataram que apesar das ciências físicas, químicas, sociais, biológicas, entre outras, não tratarem dos mesmos objetos – entendidos, individualmente, como sistemas - e não serem unidade enquanto ciência, vários princípios e conclusões de uma podia ser aplicada a outras, evitando retrabalhos. Possibilitou-se, assim, uma integração de ciências humanas e naturais e, a produção de teorias e formulações conceituas aplicáveis empiricamente.
Bertalanffy (1968) concebeu o modelo do sistema aberto e o definiu como um sistema complexo, com elementos em interação e que realizam intercambio com o ambiente.
O Instuto Federal do Espírito Sano - Cariacica é um sistema social, e um sistema social é um sistema complexo. Parsons (1951) ao teorizar sistematicamente o sistema social classificou-o um subespaço da teoria da ação, teoria que trata da análise de processos que causam os movimentos humanos voluntários. Assunto também abordado por Mingers (1980).
O IFES – Campus Cariacica é uma organização, composta por diversos colaboradores – técnicos administrativos, professores, servidores, discentes O cenário atual em que está inserido (ambiente) necessita de que os colaboradores da instituição estejam aptos a lidar com as situações problemáticas e tomar decisões. 
Os recursos encontrados ao longo do tempo, com o intuito de buscar metodologias para resolução de problemas complexos que a metodologia analítica não dava conta de resolver (MARTINELLI;VENTURA, 2005) fazem parte do chamado pensamento sistêmico. Esses recursos são conhecidos como Problem Structuring Methods (PSM). O PSM abrange metodologias que visam estruturar os problemas, para que os colaboradores ou os envolvidos possam compreendê-los, e, então, definir ações para garantir sucesso na tomada de decisão. São metodologias que apoiam a decisão em ambientes complexos, a partir de incertezas ou falta de conhecimento acerca da situação problema.
Considerando este cenário e as inúmeras incertezas que permeiam a problemática de evasão e retenção em uma
Instituição Federal, este projeto busca desenvolver um modelo de tomada de decisões a partir da aplicação de um PSM - a Soft Systems Methodology (SSM) levando em conta a sua reconfiguração proposta por Georgiou (2005; 2008;2012). Objetiva-se possibilitar que seu uso resulte na tomada de decisões acertadas pela coordenadoria de Engenharia de Produção do IFES - Campus Cariacica, no campo dos indicadores de permanência e êxito. 
Neste sentido, busca-se responder a seguinte pergunta de pesquisa: Como desenvolver uma abordagem de tomada de decisões para melhor os indicadores de permanência e êxito no âmbito do curso de Engenharia de Produção do Campus Cariacica?
5. Objetivos da Pesquisa
5.1 Objetivo geral
Aplicar praticamente uma metodologia de tomada de decisão a fim de para ser utilizada na melhoria dos indicadores de permanência e êxito do curso de Engenharia de Produção do Ifes Campus Cariacica.
5.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos são:
Produzir conhecimento sobre a problemática de evasão e retenção no curso de Engenharia de Produção do Ifes Campus Cariacica.
Identificar as decisões que afetam o problema.
Realizar um planejamento sistêmico de ação para tratar o problema.
Desenvolver e aplicar uma metodologia de apoio à decisão para a melhoria da política de permanência e êxito no curso de Engenharia de Produção do Ifes Campus Cariacica.
6. Fundamentação teórica
O objetivo dos Métodos de Estruturação de Problemas (PSM) é possibilitar a “estruturação exploração de espaços de solução para ajudar os atores a elaborar planos igualmente estruturados para ação futura” (Rosenhead, 1996). 
Dos principais PSMs (Rosenhead, 1989; Rosenhead e Mingers, 2001a), quatro lidam com incerteza e complexidade em profundidade relativamente maior: Desenvolvimento e Análise de Opções Estratégicas (SODA), Metodologia de Sistemas Soft (SSM), Abordagem de Escolha Estratégica (SCA), e análise de robustez. 
Georgiou (2016) afirma que dos quatro PSMs - que melhor lidam com incertezas e complexidades - SODA e SSM estão melhor equipados para lidar com altos níveis de variabilidade nas interpretações. 
Além disso, os PSMs também começam a ser apresentados explicitamente como sistemas de suporte para aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento (Rosenhead e Mingers, 2001a:315-33)
No ano de 1972, Peter Checkland, publicou o artigo “Towards a systems-based methodology for real world problem solving”. O paper, fruto de suas pesquisas iniciadas em 1969, discutia a necessidade de uma metodologia de uso pratico em situações problemáticas do mundo real e propunha o modelo de blocos retangulares e setas. 
Entende-se modelo como representação abstrata de um sistema real (Cougo, 1997)
Morgan e Morrison (1999) colocam que a construção de modelos permite o estudo e entendimento de comportamentos individuais ou coletivos, a partir de modelagens e simulações. Uma alternativa em situações que o sistema real não está a disposição de estudos, ou quando os experimentos possuem alto custo ou altos riscos envolvidos.
Checkland (2000) constatou o modelo de blocos e setas como muito básico e rígido para o fim que se propunha observar. A partir da melhora dessa abordagem, surgiu a Soft Systems Methodology, uma metodologia sistêmica, desenvolvida para a identificação e a estruturação de problemas complexos.
Com o objetivo de enfrentar situações problema, a SSM propõe a aplicação de ideias sistêmicas a situações reais (Simonsen, 1994). A utilização de modelos, então. 
'Soft' refere-se ao paradigma "alternativo" da Pesquisa Operacional (Rosenhead, 1989), que surgiu a partir da necessidade de lidar com problemas organizacionais nos quais o componente humano é fator predominante (Checkland, 1970). Aplica-se em situações problemas, de natureza qualitativa, que compreendem alto grau de incerteza e que a pesquisa operacional tradicional - 'Hard' - com modelos matemáticos e bem estruturados - não consegue resolver.
Mingers (2000) aponta a evolução na metodologia de Checkland a partir da cronologia: nascimento, crescimento e maturidade. 
O nascimento aconteceu com a publicação “Systems Thinking, Systems Practice” (Checkland, 1981), onde foi apresentado o desenvolvimento das primeiras técnicas da metodologia – propostas no primeiro artigo, publicado em 1972. Nesse momento o processo sequencial - modelo de blocos retangulares e setas - foi substituído pelo modelo de sete estágios. Define-se, então, que analise por si só não é suficiente, e que o objetivo geral da SSM é desenvolver uam metodologia para facilitar a ação em situações problemas (Checkland, 1981) 
O crescimento ocorreu durante a década de 1980, período em que a metodologia já estava disseminada no ensino e o modelo proposto sendo aplicado. O refinamento da SSM, nesse momento, incluiu a história como papel crucial nas questões humanas, uma vez que a história de cada indivíduo interfere na maneira com que enxergam, percebem e significam o meio e as situações problemas. As diferenças entre os indivíduos e suas percepções passam a ser consideradas, e, então, o modelo de 7 estágios tornou-se insuficiente para capturar a flexibilidade que a metodologia buscava. “Soft Systems Methodology in Action” (SSMA) (Checkland e Scholes, 1990) define esse momento de crescimento e, com o refinamento, incorpora a análise da corrente cultural na metodologia SSM. Ao entender as dimensões culturais e politicas como complemento à dimensão lógica estabelecida, as mudanças nas culturas organizacionais e nas situações problemas tornaram-se, além de desejáveis, questões viáveis. A publicação trouxe aplicações de sucesso da metodologia, em situações reais do setor público e privado.
A fase maturidade, colocada por Mingers (2000) descreve a evolução da metodologia nos anos 1990, com sua difusão e aplicações. Desenvolvimento documentado em “Information, Systems and Information Systems” (Checkland e Holwell, 1998). Nessa publicação os autores dissertam acerca do crescimento da metodologia SSM nas aplicações em sistemas e tecnologias da informação. 
Mingers (2000) destaca as seguintes publicações que aplicam SSM: Interaction, transformation and information systems development - an extended application of Soft Systems Methodology – Rose (2002); Exploratory Practice and Soft Systems Methodology – Tajino e Smith (2005); Performance Evaluation Using Soft Systems Methodology – Le-Saint (1991); The Use of Soft Systems Methodology in Practice – Mingers e Sarah (1992). 
Nessa etapa Checkland e Scholes (1999) apresentaram o modelo das quatro atividades básicas da SSM reformulada, após tanta maturação da metodologia, e constatou-se que a metodologia dos 7 estágios não possuía flexibilidade necessária para desenvolvimento da SSM, mesmo considerando o modelo das duas correntes (análise cultural e baseada na lógica) São elas, as fases: a) definição da situação de interesse/problema, incluindo dimensões culturais e politicas; b) formulação de modelos relevantes na situação problemática; c) debate da situação, usando os modelos, em busca de mudanças que possam melhorar a situação de interesse e que sejam desejáveis e viáveis culturalmente, além de buscar as acomodações entre os interesses conflitantes que permitirão tomada de decisão para ação buscando a melhora da situação problema; d) tomada de ação na situação de interesse no mundo real a fim de produzir melhorias. 
Os autores propõem um modelo que apresenta o ciclo total de investigação e aprendizagem tanto em relação à situação de interesse quanto à aprendizagem sobre a aplicação da SSM. 
Cada uma das 4 atividades básicas possui um, ou mais de um, objetivo, e abrange uma ou mais etapas da metodologia, de acordo com o modelo de 1999. Essas etapas são realizadas a partir de ações e de aplicações das técnicas da metodologia SSM para alcançar os objetivos das 4 atividades básicas. Checkland e Schole (1999) propõem técnicas, tais quais: 1) rich pictures (figuras ricas) - representação
gráfica da situação de interesse; 2) mnemotécnica CATWOE - em que se definem os agentes da situação - clientes (C), os atores (A), as transformações (T), a visão do mundo (W - weltanschaunng), os proprietários ou donos (O) e as restrições e limitações externas (E); 3) construção dos modelos conceituais - conjunto de atividades estruturadas necessárias para realizar/compreender a definição raiz e o CATWOE. Fazem parte do modelo conceitual um subsistema operacional e um subsistema de controle e monitoração baseado nos Es; e 4) comparação de modelos – compara-se os modelos conceituais e o modelo real percebido, a fim de gerar debates sobre as percepções desse mundo e identificar mudanças consideradas benéficas. 
Por fim, identificam-se as mudanças desejáveis e culturalmente viáveis para os stakeholders e propostas de ações no mundo real para melhorar a situação interesse como resultado da operação do ciclo de aprendizagem. 
Em todas as etapas podem ser utilizadas tabelas estruturadas para registro de oportunidades, comparação e registro do plano de ação. 
Segundo Curo (2011), em Learning for Action (Checkland e Poulter, 2006) os autores descrevem a SSM como uma metodologia acessível e pratica para utilização de profissionais de diversas áreas, e aplicações em situações gerenciais, ou seja SSM estabelece em si um processo de investigação orientado para a ação em situações problemáticas no mundo cotidiano. 
A metodologia clássica de Checkland funciona como um dispositivo intelectual para ajudar na compreensão de situações problemáticas, sejam estas baseadas em tarefas, com problemas específicos, ou baseadas em dilemas- questões mais filosóficas. Aborda especificamente o fato de que diferentes pessoas envolvidas em qualquer situação problemática têm pontos de vista diferentes – as visões de mundo. SSM busca abranger essas visões para obter entendimento entre os participantes, mesmo entendendo que o consenso entre visões de mundo raramente é alcançado.
Esta literatura, no entanto, demonstra repetidamente a flexibilidade da metodologia, em particular sua capacidade de ser projetada de forma inovadora para contextos particulares.
Georgiou (2012) apontou as diferentes situações em que o SSM foi aplicado: demonstrado como um veículo de apoio à decisão (Winter, 2006), uma abordagem exploratória (Checkland e Winter, 2006), um processo de avaliação (Rose e Haynes, 1999), uma ferramenta de pesquisa em ciências sociais (Rose, 1997) e um método formal de tomada de decisão que oferece planejamento sistêmico para soluções sistêmicas para problemas sistêmicos (Georgiou, 2006, 2008), também foi descrito como um sistema de aprendizado, como um processo de investigação e como um ciclo de pesquisa-ação (Checkland, 2000). Além disso, SSM pode ser utilizado em parte, no todo, de forma iterativa ou não, e mesmo em conjunto com outros métodos – multimetodologia (Ormerod, 1995; Mingers e Gill, 1997; Sosu et al., 2008)
Georgiou (2006; 2008) considerou a SSM uma metodologia bastante eficiente para apoiar tomadas de decisões. Entendeu, porém, que poderia reconfigurar o modelo clássico a fim de torna-la mais compreensível e praticável a um fim específico – o de tomada de decisão.
 Georgiou (2006) propõe demonstrar como uma abordagem sistêmica bem estabelecida, que fornece uma maneira de pensar e que ajuda extrair conhecimento a partir de informações limitadas, possibilita construção de um planejamento sistêmico baseado em tal conhecimento e, portanto, realiza uso sistêmico eficaz e eficiente do conhecimento disponível. Essa configuração é direcionada para a eficácia gerencial (Galliani, 2015).
SSM fornece uma lógica que permite aos usuários estipular problemas de maneira exata. Em essência, a lógica diz: (1) uma situação problemática implica um estado indesejável que precisa ser transformado em um estado desejável; (2) identificar, portanto, as transformações que precisam ser realizadas para alcançar o estado desejável; (3) juntas, essas transformações definem simultaneamente a problema e o estado desejável.
Figura 1. A Reconfiguração do SSM. De: “Pensamento Sistêmico Aplicado a Problemática da Produção Científica em uma Instituição de Ensino Superior no Peru” por R. S. G. Curo, 2011, p. 61. Dissertação de mestrado, Instituto Tecnológico da Aeronáutica, São José dos Campos, SP, Brasil.
Esta reconfiguração baseia-se na premissa de que os tomadores de decisão possuem como objetivos principais: produção de conhecimento partindo de uma fonte limitada de informações; identificação e alcance do problema; elaboração de um plano sistêmico para resolução da problemática (CURO, 2011). 
Em seus trabalhos que se seguiram, Ion Georgiou sugeriu a utilização do PSM SODA, em especial o T- SODA, com foco nas transformações e investigações mais complexas dos problemas, na Fase 2 do SSM (Georgiou, 2012). Como metodologia soft, a SSM não produz respostas finais a questionamentos (CHECKLAND, 1985), mas ajuda, muitas das vezes, a abordagens hard (CHECKLAND, 1999).
7. Metodologia e Estratégia de Ação
De acordo com Silva e Menezes (2001), a pesquisa é um conjugado de ações e propostas que buscam soluções para um determinado problema, e que é formado de or procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é proposta a partir da existência de um problema e da carência de informações para soluciona-lo. Faz-se uso, então, de uma metodologia de pesquisas para mitigar a falta dessas informações.
 A metodologia proposta para a execução desse projeto é de caráter participativo.
 Este projeto enfatiza a geração de conhecimentos para a solução de problemas práticos e com aplicação em curto ou médio prazo, portanto, sua natureza está inserida no âmbito da pesquisa aplicada. É qualitativa em relação à abordagem, tendo em vista que os dados gerados são de caráter qualitativo, a partir de interações entre colaboradores e ambiente. Quanto aos objetivos, a pesquisa será exploratória, pois utilizara de levantamento bibliográfico, entrevistas, entre outras estratégias. 
Em relação aos procedimentos técnicos: a) é uma pesquisa bibliográfica porque está elaborada a partir de material já publicado livros, artigos de periódicos, entre outros materiais disponibilizados na Internet. b) contém levantamento das informações – envolve entrevistas e conversas com pessoas a fim de levantar informações e conhecer comportamentos. c) contém Pesquisa-ação porque os pesquisadores e participantes da situação problemática estarão envolvidos de modo cooperativo e participativo.
 O primeiro passo do presente estudo consistirá no levantamento bibliográfico, a partir de uma Revisão Sistemática de Literatura utilizando a metodologia Methodi Ordinatio, uma metodologia multicritério de tomada de decisão que permite selecionar os artigos científicos considerando: atualidade (ano da publicação); a relevância da publicacão (número de citações do artigo); e o conceito do periódico (fator de impacto). (Pagani, 2018). A metodologia apresenta uma estratégia de investigação e coleta de trabalhos a respeito de um assunto específico, a partir do uso da tal, trabalhos não relevantes são filtrados e descartados. O Methodi InOridinatio, então, apoiará a decisão das referências a serem utilizadas, possibilitando uma visão mais ampla e crítica sobre o assunto. 
As etapas seguintes serão as etapas propostas pela Soft Systems Methodology de Checkland (1990) reconfigurada por Georgiou (2006) com foco no apoio à decisão. A primeira etapa objetiva a produção de conhecimento, realizando a analise diagramática, identificando atores e dinãmicas sociais e de poder, com auxílio das ferramentas propostas por Checkland (1990), como as análises 1, 2 e 3 e as figuras ricas. A segunda etapa consiste na definição do problema, identificando transformações, contextualizando as transformações e estabelecendo declarações do planejamento. As ferramentas utiilizadas nessa fase são as regras de transformacao SSM clássicas, a mnemotecnica CATWOE, e a definição raiz, também
proposta por Checkland (1990). A ultima etapa tem como objetivo o planejamento sistêmico, que inclui o planejamento de sistemas individuais e integrados, e utiliza os SAH (sistema de atividades humanas individuais), o supersistema e define os critérios de controle - efetividade, eficiência, eficácia, ética e elegância).
8. Resultados e impactos esperados
Com a realização deste projeto e com a respectiva aplicação da metodologia de apoio à decisão, espera-se estruturar o problema de evasão e retenção, compreendê-lo e realizar um planejamento sistêmico a fim alavancar os níveis de desempenho dos indicadores de permanência e êxito do curso de Engenharia de Produção do Ifes Campus Cariacica para níveis mais elevados.
9. Viabilidade técnica/financeira
	
A realização deste projeto demandará somente uma estação de trabalho para o bolsista com mesa e computador para o bolsista. Como consequência, não serão necessários gastos adicionais ao da bolsa, visto que o aluno poderá trabalhar no laboratório de informática.
10.Cronograma de atividades
As etapas do projeto devem ocorrer conforme as seguintes atividades: 
(1) Revisão Sistemática de Literatura acerca da ferramenta e da área de atuação; 
(2) Identificação dos stakeholders e apresentação do projeto
(3) Produção de Conhecimento (Fase 1) 
(4) Definição do Problema (Fase 2) 
(5) Planejamento Sistêmico (Fase 3) 
(6) Avaliação dos resultados; 
(7) Escrita do relatório. 
	Etapa (Detalhamento das atividades)
	Período (mês)
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	10
	11
	12
	1
	x
	x
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	2
	
	x
	x
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	3
	
	
	x
	x
	
	
	
	
	
	
	
	
	4
	
	
	
	x
	x
	x
	
	
	
	
	
	
	5
	
	
	
	x
	x
	x
	
	
	
	
	
	
	6
	
	
	
	
	
	x
	x
	
	
	
	
	
	7
	
	
	
	
	
	
	x
	x
	
	
	
	
11. Referências
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