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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ Aline Machado Gaspar Clara Gabrielle Alves de Souza Isabelle Magalhães Nathyele Kettlin da Costa Walter Matheus de Bastiani RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA COLÓIDES: CONCENTRAÇÃO MICELAR CRÍTICA Curitiba 2019 INTRODUÇÃO Os surfactantes são substâncias que possuem propriedades tensoativas, isto é alteram a tensão interfacial quando dissolvidas em um solvente. A tensão interfacial está relacionada com o trabalho necessário para manter as moléculas de uma fase na superfície ou interface. Essas moléculas surfactantes, por exemplo sabão e detergente, são moléculas anfifílicas caracterizadas por possuírem ambas as regiões estruturais hidrofílica e hidrofóbica, que dinamicamente se associam espontaneamente em solução aquosa a partir de uma determinada concentração denominada concentração micelar crítica (CMC) e por isso, são também conhecidos como colóides de associação. Da associação das moléculas de tensoativos resultam agregados moleculares na faixa de tamanho dos colóides, a esses agregados, que geralmente contém 60 a 100 moléculas do surfactante, dá-se o nome de micelas. Abaixo da CMC, o tensoativo está predominantemente na forma de monômeros. Geralmente, em solução aquosa, as moléculas do surfactante agregam-se formando uma esfera com caudas hidrofóbicas voltadas para o seu interior e os grupos hidrofílicos ou carregados voltados para fora, o que é denominado micelas normais, onde as moléculas do surfactante vão envolver uma substância hidrofóbica, por exemplo óleo. (Figura 1). Ou pode ser formada micelas invertidas, onde o meio de dispersão é uma substância hidrofóbica e a fase dispersa é a água, assim, as cabeças hidrofílicas ficam em contato com a água e as caudas hidrofóbicas em contato com a substância hidrofóbica, blindando as gotículas de água. (Figura 2). Figura 1. Micela normal. Figura 2. Micela invertida. A CMC depende da estrutura do tensoativo: tamanho da cadeia do hidrocarboneto e das condições do meio: concentração iônica, contra-íons, temperatura etc. A formação de micelas é acompanhada por mudanças distintas em várias propriedades físicas, tais como: espalhamento de luz, viscosidade, condutividade elétrica, tensão superficial, pressão osmótica e capacidade de solubilização de solutos. O tensoativo utilizado no presente experimento é o dodecil sulfato de sódio (SDS) que é um tensoativo iônico que em quantidades significativas na água altera a tensão superficial da solução, pois permite o aumento da solubilidade de hidrocarbonetos, porém, esta alteração ocorre quando a CMC é alcançada. Devido as micelas não serem tensoativas, após a CMC a tensão superficial da solução mantém-se quase constante, considerando que a constituição da micelas não é estática e elas estão em constante reorganização. (Figura 3). Figura 3. Algumas propriedades em função da concentração de surfactante. A área hachurada corresponde a CMC. OBJETIVO Determinação da concentração micelar crítica do dodecilsulfato de sódio (SDS) por medidas de condutividade. METODOLOGIA ● Condutivímetro com célula de condutância, ● agitador magnético, ● béquer de 100,0 mL, ● bureta, ● pera, ● SDS 0,04 mol.L-1 Pipetou-se 50 mL de água para um béquer de 100 mL. Colocou-se o béquer sobre o agitador magnético e ajustou-se a célula de condutância conectada ao condutivímetro. Em uma bureta colocou-se a solução de tensoativos e adicionou-se quantidades crescentes da solução do tensoativo, de 1,0 em 1,0mL até 18 vezes no béquer. A cada adição o béquer era agitado e esperava-se o leitor estabilizar para afetuar a leitura da condutância. RESULTADOS E DISCUSSÃO Tratamento de dados Volume SDS (mL) 1 2 3 4 5 6 Concentração (mMol/L) 0,7843 1,538 2,2641 2,9630 3,6364 4,2857 Condutividade (μS/cm) 45,88 84 120 156,1 190,2 223,4 Volume SDS (mL) 7 8 9 10 11 12 Concentração (mMol/L) 4,9122 5,5172 6,1017 6,6667 7,2131 7,7419 Condutividade (μS/cm) 254,7 285,3 315,1 343,0 370,6 395,1 Volume SDS (mL) 13 14 15 16 17 18 Concentração (mMol/L) 8,2540 8,75 9,2310 9,6970 10,149 10,588 Condutividade (μS/cm) 416,4 434,0 444,1 454,7 464,5 473,5 FONTE: Os autores (2019) Tabela 1. Volume, concentração e condutividade. Cálculos Para obtenção dos resultados foram realizados os seguintes cálculos: ● Cálculo da concentração após adição de SDS -Para adição de 1ml: C i · V i = C f · V f 0 14 · 1 = C f · 5 , 843 mMol/LC f = 0 7 - Os cálculos foram repetidos para todos os volumes adicionados, conforme demonstrado na tabela 1. Traçando o gráfico da condutividade em função da concentração, obtemos o seguinte resultado: Discussão Com o aumento das concentrações de surfactante observou-se um proporcional aumento da condutância elétrica da água, o que pode ser justificado já que com a adição da mistura de SDS e os monômeros presentes na substância assumindo uma posição de eletrólitos fortes é registrado esse maior potencial de condutibilidade da solução. A partir do gráfico pode-se definir a concentração micelar crítica (ponto em vermelho), tal ponto mostra até que quantidade de tensoativos é eficiente em uma amostra, esse valor é de 8,254 mMol/L. O valor encontrado na literatura é de 8,1 mMol/L. Acima da cmc não existe um aumento significativo no número de monômeros isolados e não se observa efeitos significativos sobre a tensão superficial da solução. Neste ponto, a adição de surfactantes provoca a agregação da parte hidrofóbica das moléculas de surfactantes resultando em micelas o que faz com seja diminuído o incremento da condutividade na solução. CONCLUSÃO Neste experimento foi possível aprofundar o conhecimento sobre tensão superficial e sua organização estrutural através da técnica de determinação da concentração micelar crítica por condutimetria. Obteve-se o valor de indicativo da concentração mínima de SDS capaz de iniciar a formação de micelas. Também se constatou que a técnica é uma ferramenta adicional fundamentada em conceitos simples e capaz de fornecer resultados precisos na elucidação de sistemas surfactantes REFERÊNCIAS Moraes, S. L. Determinação da concentração micelar crítica de ácidos húmicos por medidas de condutividade e espectroscopia. Quím. Nova vol.27 no.5. São Paulo Sept./Oct. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422004000500004 >. Acesso em: 09 nov. 2019. Junior, M. J. O mundo dos colóides. Química nova na escola, n° 9, maio 1999. Disponível em:<http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc09/quimsoc.pdf>. Acesso em: 09 nov. 2019. Shaw, D. J. . Introdução a Química dos Colóides e Superfícies. Tradução Juergen H. Maar. São Paulo, Edgar Blucher, 1975. 4a Edição em inglês, 1992. Castellan, G. Fundamentos de Físico-Quimica. São Paulo, Livros técnicos e científicos,1986.
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