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DIREITO DE GREVE 3

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FACULDADE SÃO FRANCISCO DA PARAÍBA
CURSO DE BACHAREL EM DIREITO
MARIA THAMILLYS ARISTOTELIS DE OLIVEIRA
ANA PAULA DE OLIVEIRA CAVALCANTE
DIREITO DE GREVE
CAJAZEIRAS PB
DEZEMBRO/2019
MARIA THAMILLYS ARISTOTELIS DE OLIVEIRA
ANA PAULA DE OLIVEIRA CAVALCANTE
DIREITO DE GREVE
Trabalho apresentado ao Curso de Bacharelado em Direito da Faculdade São Francisco da Paraíba, em cumprimento as exigências de avaliação Direito do Trabalho II, ministrada pela Prof. Hellen Damália.
CAJAZEIRAS – PB
DEZEMBRO/2019
DIREITO DE GREVE
A greve são condutas coercitivas pela qual os trabalhadores exercem o seu direito ao exercício da autotutela, tendo a liberdade de fazer cessar temporariamente suas atividades econômicas em prol de interesses coletivos da classe trabalhadora. Esta cessação acontece como instrumento de pressão, que se forma em um protesto social, afim de que com este protesto, possa convencer o patrão sobre determinada questão, e assim buscar alternativas mais convenientes para ambos, e dessa forma pôr fim ao inconformismo de diversas classes em seu próprio âmbito de trabalho. 
Fundamentação da Greve
A greve é amparada legalmente, e se trata de um direito assegurado pela constituição como sendo direito fundamental. 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
Do mesmo modo, a lei nº 7.783/1989 também estabelece conceitos e regras sobre a greve.
Lei nº 7.783 de 28 de Junho de 1989
Dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá outras providências.
Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador.
 
Portanto, a greve por ser um direito fundamental reconhecido pela constituição, ela é uma forma de protesto de determinados grupos de trabalhadores que exercem profissões ou atividades semelhantes, em busca de almejar benefícios inerentes ao seu trabalho, e para uma melhor condição de vida. 
Sua paralização ocorre através de um movimento popular organizado pelos trabalhadores, onde é atribuída a eles, a faculdade de escolher o momento certo em que deve exercer seus direitos, de acordo com o interesse e a conveniência de cada um e sempre respeitando os limites impostos por lei. 
A greve como um movimento social
Logo, não se trata de um movimento individual, mas sim coletivo, não sendo também obrigatório que todos os trabalhadores de determinada categoria devam aderir a greve, pois ela é desempenhada de acordo com a conveniência de cada categoria trabalhadora, como em situações em que há geralmente um conflito entre os empregados e o empregador, ou que tenham o intuito de buscar melhorias salariais através de acordos em que seja favorável para o trabalhador. 
Assim denomina Vólia Bonfim Cassar que a greve é “essencial na luta de classe, pois demonstra ferocidade e união entre as classes trabalhadoras”. Também por ser uma maneira de estabelecer novamente o equilíbrio dentro do âmbito de trabalho, a greve deve ser pacifica, e irá constituir uma manifestação ilícita e não amparada se nela houver o uso da violência.
 Então a greve deve ser licita e respeitar todos os preceitos legais que a tornem válida para o seu funcionamento.
Lei nº 7.783 de 28 de Junho de 1989
Art. 6º São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos:
§ 1º Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem.
Procedimentos prévios
Antes de iniciar a greve, os empregados devem tentar negociar diretamente com o patrão, através de reuniões, pautas, convocações, ou seja, somente quando frustrada todas essas tentativas de acordo, é que se poderá iniciar uma greve e dessa forma não ser considerada como abusiva, depois disso, deverá ainda ser aprovada pela assembleia dos trabalhadores, é uma formalidade que deve ser respeitada.
A paralisação por ter caráter coercitivo, deve ser determinada por atos preparatórios, como comunicar antecipadamente ao empregador sobre a paralização do trabalho, é ilícita a greve quando for de surpresa, tem que ter divulgação acerca do movimento, como também determinar o seu desenvolvimento, a forma como a greve será administrada.
 Em se tratando da greve onde há serviços indispensáveis a população, fora outros requisitos especiais para ser válida, como abastecimento de água, e assistência medica a população, antes de ser iniciada, deverá conter um aviso prévio ao empregador com antecedência em 72 horas da paralisação, (art. 13, Lei de Greve), como também deve ser avisado aos usuários do serviço. Enquanto para a modalidade de greve com serviços dispensáveis, seu aviso deve anteceder em 48 horas do inicio da paralisação, (artigo 3º, parágrafo único da lei 7.783/89).
Causas da Greve
A greve poderá ser exercida, tanto por motivo econômico a qual a doutrina á denomina de greve típica, aquela que busca melhores condições de trabalho e ajustes salariais, como também pode ser exercida por motivos políticos ou sociais denominado de greve atípica, não se trata diretamente de uma greve trabalhista, seu papel se dirige ao governo como forma de reivindicação de direitos que fora abalados, e dessa forma, diante do inconformismo popular, que pode ter como causa também, o aumento de preço dos produtos necessários para a coletividade, as pessoas saem nas ruas para protestar. Em suma, a greve poderá ser para diversos fins. Importante mencionar que não só os empregados podem se valer da greve, mas também os empregadores, pois se trata de um direito conferido a todo trabalhador.
Efeitos da Greve
Os trabalhadores que participarem da greve, não serão prejudicados contratualmente, visto que, a greve por ser um direito fundamental, tem como característica, a de proteger o empregador enquanto perdurarem o período de greve, e o seu contrato ficará suspenso, ou seja, todos os seus efeitos ficaram paralisados até o fim da greve. 
 Lei nº 7.783 de 28 de Junho de 1989
Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho.
Também é entendimento dos tribunais que nessas circunstâncias, o empregador também terá o direito de, enquanto durar a greve, não realizar o pagamento mensal do salário do empregador em virtude da ausência do empregado e sua não prestação de serviços.
 A lei de greve também veda a possibilidade do empregador demitir o funcionário que aderiu a greve, pelo fato de seu contrato estar suspenso durante esse tempo. De igual forma também proíbe a contratação de substitutos para ocupar o lugar do funcionário, salvo exceções expressas na lei, e nos casos em que se tratar de greve abusiva, quando há o uso de violência contra o patrão, os colegas e contra o estabelecimento, por exemplo, jogar pedras e dessa forma danificar o patrimônio do empregador.
 Nesse caso, por a greve ser ilegal, terá pleno direito o empregador de contratar substitutos, como também se admite a contratação de substitutos nos casos em que os serviços prestados a qual foi paralisado, são essenciais para a coletividade, como a saúde e a segurança, é uma das limitações do direito de greve, quando se tratar de necessidades indispensáveis a sociedade que devem ser atendidas, de modo que,
sua paralização iria prejudicar também a população, e sendo assim, o Ministério Público do Trabalho poderia ajuizar dissídio coletivo.
A greve também dar o direito aos grevistas de arrecadar fundos lícitos para o movimento. Importante mencionar, que se apenas um trabalhador não comparecer ao trabalho alegando motivo de inconformismo e pretende fazer greve, nesse caso não será válido, pois o direito de greve se trata de um movimento coletivo e não individual, mesmo se tratando de direitos garantidos individualmente a cada trabalhador.
Restrições ao direito de greve
A greve deverá ser licita, e pacifica, de forma a não prejudicar os empregadores, não podendo violar os direitos que são inerentes as outras pessoas, como a liberdade e a segurança, e nem que seu tempo se prolongue demasiadamente, deve ser por um período provisório e temporário, para que dessa forma não prejudique negativamente toda a sociedade e também o empregador, pela paralização do trabalho.
Em síntese, por se tratar de uma conduta facultativa, os grevistas não poderão impedir que os outros empregados trabalhem, feito isso, irá violar os direitos inerentes a todo cidadão trabalhador, porém, admite-se que os grevistas, pacificamente, usem como meio a persuasão para fazer com que os outros empregados tornem a aderir a grave. 
A greve não é um direito absoluto, pois sofrem limitações e restrições a serem seguidas, do mesmo modo, os empregadores também não poderão impedir que os empregados paralisem suas atividades. 
No entanto, se durante a greve, houver risco de dano irreparável ao seu estabelecimento, como deterioração de maquinas e produtos utilizados para a produção do seu serviço, o sindicato ou a comissão de negociação deverá firmar um acordo com a empresa, com o intuito de organizar uma equipe de empregados para que assegurem os serviços que correm risco em detrimento da paralização, e se não houver acordo, o empregador terá o direito de contratar diretamente substitutos para a realização dos serviços enquanto durarem a greve.
Mecanismos utilizados para a realização da greve
O piquete, desde que pacífico e não violento, é permitido, essa conduta se trata de uma maneira de persuadir as outras pessoas a aderir a greve, e é admitida pela lei somente quando for legitima. Geralmente é conhecida como um bloqueio gerado pelos grevistas, dificultando para as outras pessoas não grevistas, o acesso ao trabalho, ou escolas. Porém, impedir o acesso ao trabalho, já se configura uma forma de violência, o que não é licito. Nesse sentido, a lei 7.783/89 garante o direito de persuasão:
Lei nº 7.783 de 28 de Junho de 1989
Art. 6º São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos:
I - o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve;
 Também é meio de protesto, a chamada operação tartaruga, são condutas que se caracteriza pela lentidão de determinados serviços prestados que ainda não foram paralisados. Há diversos outros métodos de realizar a greve, como a ocupação de estabelecimento, o ato de ocupação, em regra, constitui ilegalidade a depender do estabelecimento em que se é ocupado. 
Como melhor explica Maurício Godinho “não ser ideal esse método para a consumação de grande parte dos movimentos grevistas.”. Assim, esse tipo de protesto pode vir a trazer risco de dano ao patrimônio do empregador.
Mecanismos ilícitos para realizar a greve
Um exemplo de condutas ilícitas como forma de fazer greve, é a sabotagem, onde se utiliza como forma de pressão, atos capazes de causar dano ao patrimônio do empregador. São comportamentos totalmente inválidos para caracterizar a greve, pois a constituição e outras leis trabalhistas, reprime formas abusivas de realização de greves. 
Tais atos serão apurados conforme as normas trabalhistas, civis ou penais, e é assegurado ao empregador, se valer da justa causa para demitir os funcionários, que se utilizarem de meios ilícitos para realizar a greve, do mesmo modo quando se constituir abuso de direito. 
Por outro lado, o empregador também pode cometer atos ilícitos para frustrar o movimento coletivo, um deles é através do chamado “Lockout”, ele paralisa as atividades da empresa, com objetivo de assim falhar as tentativas de negociação para com os grevistas, os impedindo de reivindicar seus direitos. 
Como assim assevera a lei de greve:
Lei nº 7.783 de 28 de Junho de 1989
Art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout). 
Magnitude da greve
Mesmo se tratando de um movimento coletivo, não significa dizer que o movimento para ser válido, deve abranger o estabelecimento inteiro. A greve poderá englobar apenas parte do estabelecimento, atingir, por exemplo, um único setor integrante de determinada empresa, ainda assim será válida, desde que a greve contenha um movimento grupal, mesmo que não abarque todos os integrantes da empresa. 
Greve do servidor público
No momento atual, o servidor público civil, também tem o direito de fazer greve, seu procedimento tende a ser mais rígido, e é regulada pela lei 7783/89. Antes era vedado pelo ordenamento jurídico que os servidores fizessem greve, entendiam que a greve estabelecida nos serviços públicos poderia ser prejudicial para a sociedade em geral. A CF/88 proíbe que os militares façam greve. (Artigo. 42, § 5º)
 
Referências Bibliográficas
DELGADO. Mauricio Godinho/ Mauricio Godinho Delgado. Curso de Direito do Trabalho. rev. e ampl. São Paulo. 16º edição. LTR. 2017.
BARROS. Alice Monteiro de, et al. Curso de Direito do Trabalho. 10º edição. São Paulo- SP. Ed. LTR. Fevereiro, 2016.
CASSAR. Vólia Bonfim, Direito do Trabalho. De acordo com a reforma trabalhista, lei 13. 467/2017. 14º edição. Ed. Metodo.

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