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INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA PROF.A DRA. CONSTANZA PUJALS Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica: Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Felipe Veiga da Fonseca Luana Ramos Rocha Marta Yumi Ando Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Aliana de Araujo Camolez © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Só- crates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande res- ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie- dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conheci- mento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên- cia no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de quali- dade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mer- cado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 5 1 - O QUE É A PSICOLOGIA? .................................................................................................................................... 6 2 - ESPECIALIDADES DA PSICOLOGIA .................................................................................................................... 7 3 - BREVE HISTÓRIA DA PSICOLOGIA ................................................................................................................... 9 4 - MARCOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA ............................................................................................................... 11 4.1. ESTRUTURALISMO: OS ELEMENTOS DA MENTE .......................................................................................... 11 4.2. FUNCIONALISMO: A FUNÇÃO DA MENTE ..................................................................................................... 12 4.3. BEHAVIORISMO: OS ELEMENTOS DO COMPORTAMENTO ......................................................................... 12 4.4. PICOLOGIA DA GESTALT: A PERCEPÇÃO DO TODO ...................................................................................... 12 4.5. PSICANÁLISE: O INCONSCIENTE ................................................................................................................... 13 4.6. PSICOLOGIA HUMANISTA: O SER HUMANO COMO UM TODO ................................................................... 13 A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA INDEPENDENTE E PROCESSOS PSICOBIOLÓGICOS (CÉREBRO, SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO, ATENÇÃO E MEMÓRIA) PROF.A DRA. CONSTANZA PUJALS ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA 4WWW.UNINGA.BR 4.7. PSICOLOGIA COGNITIVA: A CAIXA PRETA ..................................................................................................... 14 5 - DEBATES DA PSICOLOGIA ................................................................................................................................ 15 6 - CÉREBRO ............................................................................................................................................................ 16 7 - SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO ................................................................................................................................. 21 8 - ATENÇÃO ............................................................................................................................................................ 23 9 - MEMÓRIA ........................................................................................................................................................... 25 9.1. MEMÓRIA SENSORIAL (MS) ........................................................................................................................... 26 9.2. MEMÓRIA A CURTO PRAZO (MCP) ............................................................................................................... 26 9.3. MEMÓRIA A LONGO PRAZO (MLP) ................................................................................................................ 27 5WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO O estudo do porquê as pessoas se comportam de certa forma tem sido durante muito tempo o tema preferido de � lósofos, poetas, historiadores, escritores e de muitos outros. A unidade 1 apresenta diversos temas, tais como a Psicologia como ciência independente, os diferentes ramos ou especialidades que a psicologia oferece à sociedade, os principais marcos teóricos desta disciplina e, ao � nal, dois grandes debates polêmicos dentro da psicologia. 6WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - O QUE É A PSICOLOGIA? A Psicologia é uma disciplina ampla e a de� nimos como sendo a ciência que estuda os processos mentais e o comportamento dos organismos, principalmente dos seres humanos. No entanto, vamos analisar esta de� nição palavra por palavra. O termo “Psicologia” procede das palavras gregas psyche (alma) e logos (estudo), e revela que em suas origens se referia ao estudo da alma (mais tarde, o estudo da mente). Literalmente, Psicologia signi� ca ciência da alma, no entanto, contemporaneamente, a Psicologia faz parte das ciências humanas, sociais e da saúde (DAVIDOFF, 2002; MORRIS; MAISTO, 2013). Figura 1 - A Psicologia. Fonte: Wikimedia commons, 2016 Neste sentido, se a Psicologia é considerada uma ciência, o que ela tem em comum com as outras ciências? Para uma ciência ter esse status, deve-se utilizar o método cienti� co. Sendo assim, os psicólogos recolhem dados através da observação sistemática e tratam de explicar o que observaram desenvolvendo teorias, e fazendo novas predições a partir dessas teorias, logo submetem essas predições a prova sistemática por meio de novas observações e experimentos controlados para determinar se são corretas ou não (KANTOWITZ; ROEDIGER III; ELMES, 2006). Os psicólogos não se contentam apenas com a descrição dos eventos, eles vão mais longe e tentam explicar, predizer e por último modi� car, visando melhorar a vida das pessoas e da sociedade em geral. Alguns dos objetos de estudo são: a) O comportamento dos organismos individuais em interação com seu ambiente; b) Os processos mentais dos indivíduos. 7WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Mas por que a Psicologia é tão fascinante? São muitos os desa� os que a Psicologia enfrenta e que a fazem uma disciplina complexa. Entre esses desa� os estão (MORRIS; MAISTO, 2013): • Em primeiro lugar, o comportamento humano é difícil de predizer, em parte porque existe causalidade múltipla em quase todas as ações, ou seja, são produzidos por vários fatores. Por isso, deve-se ser cético com as explicações do comportamento baseadas em uma só variável, fato muito comum na psicologia popular. É bastante habitual explicar comportamentoscomplexos, como a violência, por exemplo, em termos de um só fator (a pobreza ou a genética). • Em segundo lugar, as pessoas se diferenciam entre si na forma de pensar, de sentir, tipo de personalidade e comportamento. Essas diferenças individuais ajudam a explicar por que cada um responde de forma diferente diante de uma mesma situação. Essas diferenças individuais fazem que a psicologia tenha um desa� o, ou seja, é difícil encontrar explicações de comportamentos aplicados a todo o mundo. • E por último, o comportamento de uma pessoa também está determinado pela cultura. As diferenças culturais, na mesma medida que as diferenças individuais, limitam as generalizações que os psicólogos possam estabelecer sobre a natureza humana. Por todas estas razões deve-se ter cautela ao con� ar no senso comum ou nas intuições. Porque a compreensão intuitiva que possuímos de nós mesmos e do mundo costuma ser errônea. A con� ança no senso comum deve-se à tendência que temos de crer que vemos o mundo exatamente tal e como é. Ou seja, pressupomos que ver é crer e, dessa forma, acreditamos em nossa percepção intuitiva, tanto do mundo, como de nós mesmos. Em alguns casos essa percepção intuitiva pode nos ajudar na vida cotidiana. Mas, às vezes as aparências enganam, a terra parece plana, o sol parece girar ao redor da terra. Para os cientí� cos o senso comum tem uma utilidade, serve para gerar hipóteses, que os cientí� cos põem a prova mediante pesquisas. Algumas noções de psicologia popular podem ser certas. Todavia, para pensar cienti� camente, deve-se aprender quando podemos con� ar no senso comum e quando não. Isto nos ajudará a ter melhores decisões sobre o mundo real (BOCK, 2002). 2 - ESPECIALIDADES DA PSICOLOGIA Como visto até o momento, a psicologia é uma ciência complexa e com formas diferentes de observar a mente e o comportamento humano. Assim, por ser um campo tão variado, oferece uma rica seleção de oportunidades pro� ssionais para os indivíduos, em diferentes áreas de atuação como mostra a tabela 1. 8WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA ALGUMAS ESPECIALIDADES DA PSICOLOGIA Psicologia clínica Psicologia escolar ou Psicologia educação Psicologia experimental Psicologia fisiológica ou Psicologia comparativa Psicologia social Psicologia do trabalho ou Psicologia organizacional Psicofarmacologia Psicologia da Saúde Psicologia da Aviação Psicologia Hospitalar Psicologia do Esporte Neuropsicologia Psicologia forense e jurídica Psicologia do consumidor Psicologia do desenvolvimento e Psicologia do envelhecimento Psicometria Psicologia do trânsito Tabela 1: Especialidades da Psicologia. Fonte: autora Nesse sentido, a medida que os psicólogos começaram a pesquisar os diferentes aspectos do comportamento, dos processos mentais e da experiência, foram surgindo diversas áreas de especialização em Psicologia nos limites entre a Psicologia e outras disciplinas. A Psicologia é uma ciência e estuda os processos mentais e os comportamentos dos organismos, principalmente dos seres humanos. Quais são os benefícios de ter conhecimentos em Psicologia? O que é Psicologia? Acesse esse conteúdo através de um leitor de QR Code ou pelo link: http://tiny.cc/0vcpez 9WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 3 - BREVE HISTÓRIA DA PSICOLOGIA Como surgiu a psicologia como disciplina independente? Pode-se dizer que o estudo cienti� co da mente e do comportamento surgiu lentamente e as primeiras tentativas mostravam muitas das debilidades dos enfoques pseudocientí� cos atuais. As tentativas formais de estudar e explicar como funciona a mente estão presentes na humanidade durante muito tempo. Mas a psicologia como disciplina cienti� ca só existe há 130 anos (KANTOWITZ; ROEDIGER III; ELMES, 2006). Ao longo da sua história pode-se dizer que a psicologia teve que enfrentar muitos desa� os. Por esta razão, é importante entender como a psicologia evoluiu como ciência, com métodos de pesquisa sistemáticos. A psicologia é � lha de dois pais: a � loso� a (a busca da sabedoria através do raciocínio lógico) e a � siologia (o estudo dos processos vitais de um organismo, tais como a respiração, a digestão e a reprodução, entre outros). Desde a perspectiva da � loso� a, durante dois mil anos quase ninguém dedicou tempo para re� etir sobre a natureza do pensamento humano e sua relação com o comportamento. No começo da revolução cienti� ca, o � lósofo René Descartes (1596-1650) adotou a postura de que a mente humana, diferente do mundo físico não está sujeita às leis da física. Em outras palavras, segundo este � lósofo, mesmo que a mente não seja observável, ela controla o corpo e, este, por sua vez, proporciona informação. Esse evento é conhecido como dualismo (GOODWIN, 2005). A in� uente obra de René Descartes contribuiu para enfraquecer a crença de que o corpo e a mente não interagem, no entanto, foi só a partir da aplicação do método cientí� co, no início no século XIX, que essa teoria pôde ser comprovada. De acordo com Schultz e Schultz (2007), durante os séculos XVIII e XIX, os pesquisadores � siológicos empregaram o microscópio, inventado nessa época, para examinar animais e cadáveres humanos, realizando importantes descobrimentos sobre a função da medula espinal. Quase todos os pioneiros da psicologia experimental em Alemanha estudaram medicina ou � siologia. A busca da psicologia para entender como pensam, sentem e agem as pessoas, segue sendo baseada no conhecimento da biologia humana. Ainda de acordo com os mesmos autores citados acima, a psicologia cientí� ca iniciou-se na Alemanha com quatro pioneiros (Weber, Fechner, Ebbinghaus e Wundt) que contribuíram para que isso sucedesse. Ernest Weber (1795-1878) era � siologista em Leipzig e sua contribuição mais importante para a psicologia foi descobrir que os julgamentos eram mais precisos quando os indivíduos aplicavam seus músculos ativamente, denominando esse evento de diferença apenas perceptível (DAP), passando a ser conhecido como Lei Weber. Gustav Fechner (1801-1887) era físico e começou na década de 1850 a encontrar a forma em que os métodos cientí� cos pudessem contribuir na investigação dos processos mentais. Em 1860, publicou sua principal obra “Elementos da Psicofísica” em que mostrou como utilizar os procedimentos experimentais e matemáticos para estudar a mente humana. Esse autor se interessou pela Lei de Weber e realizou uma extensão dos experimentos de Weber e a denominou de Lei Fechner. Hermann Ebbinghaus (1850-1909) era � lósofo e iniciou seus experimentos em temas como aprendizagem e memória humana, publicou sua obra “Memória” em 1885, em que mostra que os fenômenos complexos podiam ser estudados. 10WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Wilhelm Wundt (1832-1920), em 1879, fundou o primeiro laboratório de Psicologia em Leipzig, na Alemanha, por essa razão, é considerado fundador da Psicologia Cientí� ca. Desde o princípio de sua carreira sempre mostrou interesse pelos processos mentais, utilizou uma combinação de métodos experimentais para medir os tempos de reação denominando tal técnica como introspecção. Ela consistia em que observadores treinados comunicavam suas experiências mentais quando executavam uma tarefa (KANTOWITZ; ROEDIGER III; ELMES, 2006). Em muitos sentidos, o trabalho pioneiro de Wundt marcou o início da Psicologia como ciência. Ele estava empenhado em que a psicologia adquirisse uma identidade própria. Outro autor que contribuiu para o aparecimento da Psicologia foi Wiliam James (1842- 1910), considerado psicólogo americano, que também fundou um laboratório (Universidade de Harvard), em 1875 e publicou em 1890 sua principal obra “Princípios de Psicologia”. Esse autor apresentava a mesma formação que Wundt, � siologista, e tinha grande interesse nas questões relacionadasà mente. Contudo, o objetivo de James era o ensino, visando demonstrar como os aspectos � siológicos interferem na Psicologia (GOODWIN, 2005). Tabela 2: Cronologia dos acontecimentos mais importantes da História da Psicologia Cienti� ca. Fonte: autora Esse movimento histórico deu origem à Psicologia como ciência independente. Todas as perspectivas teóricas deram alguma contribuição valiosa a psicologia cienti� ca. Por esta razão, dando continuidade, vamos percorrer os sete marcos e veremos que a opinião da psicologia sobre o que a constitui como ciência e seu enfoque foi mudando ao longo do tempo. MARCO HISTÓRICO DA PSICOLOGIA 1649 – René Descartes escreve sobre a questão mente-corpo. 1829 – 1839 – Ernst Weber realiza uma série de experimentos com percepção tátil. Lei Weber. 1850 – Gustav Fechner realiza um descobrimento fundamental ao relacionar as mudanças físicas do mundo exterior com as mudanças subjetivas na percepção e inicia o caminho da psicofísica. 1860 – Gustav Fechner publica sua obra “Elementos da Psicofísica”. 1875 – William James cria um pequeno laboratório psicológico na Universidade de Harvard. 1879 – Wilhelm Wundt cria o primeiro laboratório psicológico como ciência experimental. 1881 – Wilhelm Wundt edita a primeira revista sobre Psicologia. 1885 – Hermann Ebbinghaus publica sua obra “Memórias” 1890 – William James escreve sua obra sobre Princípios de Psicologia. A obra fi losófi ca de René Descartes ajudou a enfraquecer a crença de que o corpo e a mente não interagiam, propondo a ideia da interação mútua: o corpo afeta a mente e a mente pode afetar o corpo. Como surgiu a psicologia como disciplina independente? 11WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 4 - MARCOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA Desde seu início, a ciência psicológica enfrenta uma questão de difícil resposta: Qual é o marco teórico que explica melhor o funcionamento dos processos mentais e o comportamento? Existem sete marcos teóricos fundamentais que desempenham um papel essencial na formação do pensamento psicológico contemporâneo: estruturalismo, funcionalismo, comportamentalismo, psicanálise, psicologia da gestalt, psicologia humanista e psicologia cognitiva. É muito comum que os estudantes de psicologia, no início da graduação, perguntem qual destes marcos é o correto? É evidente que não existe uma resposta conclusiva. Todos os marcos teóricos contribuíram de forma valiosa com a psicologia cienti� ca, contudo, todos apresentam limitações. Os marcos teóricos serão descritos a seguir, bem como seus autores mais representativos: 4.1. Estruturalismo: Os elementos da mente Edward Bradford Titchener (1867-1927) Titchener foi aluno de Wilhelm Wundt que emigrou aos Estados Unidos e fundou a escola estruturalista. Esta escola pretendia identi� car os elementos básicos ou “estruturas” da experiência psicológica mediante o método de introspecção de Wundt. Os estruturalistas tinham a intenção de criar um “mapa” completo dos elementos da consciência que estava composto por sensações, imagens e sentimentos (SCHULTZ; SCHULTZ, 2007). O estruturalismo foi perdendo força devido a dois problemas principais: • Em primeiro lugar, os introspeccionistas mais experientes não entravam em acordo sobre seus relatórios subjetivos realizados na observação dos experimentos. • Em um segundo lugar, o psicólogo alemão Oswald Kulpe (1862-1915) demonstrou que as pessoas que eram submetidas aos testes resolviam os problemas mentais recorrendo ao pensamento sem imagens, ou seja, o pensamento sem o acompanhamento da experiência consciente. O estruturalismo contribuiu na psicologia ao dar ênfase sobre a importância da observação sistemática para o estudo da experiência consciente. No entanto, os estruturalistas se enganaram ao utilizar somente um método, a instrospecção, considerando que tal método poderia proporcionar toda a informação necessária para a ciência psicológica. 12WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 4.2. Funcionalismo: A função da mente William James (1842-1910) John Dewey (1859-1952) Entre os fundadores desta escola, William James é considerado o precursor da psicologia funcional, contudo, John Dewey foi o fundador do funcionalismo por causa da publicação do seu artigo “� e re� ex are concept in psychology”, em 1896, no qual criticava a tendência para o elementarismo na psicologia, que consiste no desmembramento de processos psicológicos em suas supostas partes elementares. Os defensores do funcionalismo esperavam entender a função adaptativa dos processos psicológicos como o pensamento, os sentimentos e o comportamento. A comparação com a escola anterior pode ser feita da seguinte forma, enquanto os estruturalistas se perguntavam “como” (como é o pensamento consciente?), os funcionalistas se perguntavam “por que” (por que às vezes se esquecem as coisas?) (KANTOWITZ; ROEDIGER III; ELMES, 2006). William James rejeitou o enfoque e os métodos estruturalistas, argumentando que a introspecção rigorosa não produz uma quantidade estável de elementos da consciência, mas sim, um � uxo de consciência que está constantemente em mudança. Entretanto, do mesmo jeito que aconteceu com o estruturalismo, o funcionalismo também não existe atualmente em sua forma original, essa escola foi absorvida gradualmente pela psicologia cientí� ca e continua in� uenciando de forma indireta, em muitos sentidos outros marcos teóricos. 4.3. Behaviorismo: Os elementos do comportamento John B. Watson (1878-1958) No início do século XX, muitos psicólogos americanos criticavam o caráter intangível da disciplina. Acreditavam que Titchener e outros introspeccionistas estavam levando a psicologia por um caminho errado. Para os críticos, o estudo da consciência era uma perda de tempo, porque os pesquisadores nunca poderiam veri� car completamente a existência dos elementos básicos da experiência psicológica. Nesse sentido, a ciência psicológica, deveria ser objetiva e não subjetiva. Foi John B. Watson um dos psicólogos mais críticos sobre a objetividade da psicologia. Watson foi o fundador da escola do behaviorismo, ainda in� uente hoje em dia, centrava sua atenção nos princípios gerais da aprendizagem subjacentes ao comportamento humano e animal (CATANIA, 1999). Em 1913, publica o manifesto “A psicologia tal e como os behavioristas a veem“, defendendo que o verdadeiro objeto da psicologia era o comportamento observável e mensurável. As pesquisas subjetivas realizadas sobre a experiência consciente não deviam desempenhar nenhum papel na psicologia. Watson queria que a psicologia fosse tão cientí� ca como a física, a química ou qualquer outra ciência pura. 4.4. Picologia da Gestalt: A percepção do todo Max Wertheimer (1880-1943) Wolfgang Köhler (1887-1967) Kurt Ko� a (1886-1941) O funcionalismo e o behaviorismo foram uma reação ao estruturalismo e ocorreram nos Estados Unidos. Pode-se dizer que a psicologia da gestalt foi outra reação contra o estruturalismo que ocorreu na Alemanha. 13WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A psicologia da gestalt teve três psicólogos que foram os iniciadores dessa abordagem. De acordo com Kantowitz, Roediger III e Elmes (2006), os psicólogos da gestalt defendiam que a percepção dos objetos era de um todo agregado e não a soma das partes. Com o passar do tempo, a psicologia da gestalt também mostrou descontentamento com o behaviorismo. Os psicólogos gestaltistas não aceitavam que as descrições dos comportamentos se de� nissem simplesmente em termos de estimulo e resposta. Contudo, os psicólogos da gestalt contentavam-se em apresentar um ou outro conceito por meio de demonstrações simples, sem recorrer ao método cienti� co. 4.5. Psicanálise: O inconsciente Sigmund Freud (1856-1939) A psicanálise foi fundada pelo neurologista Sigmund Freud e diferente do behaviorismo,se centrava em processos psicológicos internos, especialmente nos impulsos, pensamentos e as lembranças daquilo que não somos conscientes. Para Freud, as principais in� uências sobre o comportamento não provêm de fatores externos ao organismo, como as recompensas e os castigos, mas sim do instinto inconsciente como a sexualidade e a agressividade. Para Freud, a estrutura psíquica do indivíduo estava composta por três elementos, o id, o superego e o ego (BOCK, 2002). Os psicanalistas sustentam que grande parte da vida psicológica cotidiana está repleta de símbolos que representam outras realidades. Por exemplo, se alguém se refere acidentalmente a sua professora como mãe, os freudianos não tratariam este erro como um simples engano ou confusão. Um dos objetivos dos psicanalistas é decodi� car o signi� cado simbólico de “lapsos”, os sonhos e os sintomas psicológicos. A psicanálise dá maior importância que outras escolas de pensamento ao papel da experiência ao início da vida, ou seja, para Freud, o núcleo da personalidade se con� gura nos primeiros anos de vida. 4.6. Psicologia Humanista: O ser humano como um todo Abraham Maslow (1908-1970) Carl Rogers (1902-1987) Esse marco teórico iniciou-se nos anos 50. Muitos foram os psicólogos que in� uenciaram essa escola de pensamento, mas existem dois autores que são os principais, Abraham Maslow e Carl Rogers. Eles defendem que o behaviorismo fala muito coisas sobre o comportamento, mas pouco sobre as pessoas, e a� rmam que a psicanálise fala muito sobre os transtornos mentais, mais pouco sobre as pessoas saudáveis. Ao longo do tempo, o humanismo tentou amplicar os conteúdos da psicologia, para que se incluissem as experiências humanas, que são únicas, tais como o amor, o ódio, o temor, a esperança, a alegria, o humor, o afeto, a responsabilidade e o sentido da vida (SCHULTZ; SCHULTZ, 2007). 14WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 4.7. Psicologia Cognitiva: A caixa preta Na presente escola, não se fala em fundadores especí� cos, porque foram vários os autores que contribuíram para o seu desenvolvimento. De acordo com Sternberg (2008), no princípio das décadas 50 e 60, um número crescente de psicólogos começou a sentir-se decepcionado pela falta de atenção dos behavioristas à cognição, termo utilizado para descrever os processos mentais. Para o autor, enquanto alguns behavioristas sabiam que os seres humanos e inclusive alguns animais inteligentes pensavam, consideravam que o pensamento não era mais que outro comportamento. No entanto, os cognitivistas, a� rmavam que o pensamento in� uia sobre o comportamento. Por exemplo, o psicólogo Jean Piaget (1896- 1980) a� rmou que as crianças conceituam o mundo de forma muito diferente dos adultos. Mais tarde, liderados por Ulric Neisser (1928-2012), os cognitivistas defenderam que o pensamento era uma parte tão importante da psicologia que merecia constituir uma disciplina própria (GOODWIN, 2005). Os cognitivistas defendem que sem entender a forma como as pessoas avaliam a informação que recebem do exterior, nunca seremos capazes de entender completamente as causas do comportamento. A psicologia cognitiva é uma abordagem que continua se desenvolvendo atualmente e que se estende a domínios tão diversos como a linguagem, resolução de problemas, inteligência, tomada de decisão, memória e psicoterapia. Os principais marcos teóricos da Psicologia são estruturalismo, funcionalismo, behaviorismo, psicanálise, psicologia da gestalt e psicologia cognitiva. Qual marco teórico seria o mais adequado para explicar o comportamento? História da Psicologia Acesse esse conteúdo através de um leitor de QR Code ou pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=Hv3pUEW58PY 15WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 5 - DEBATES DA PSICOLOGIA Existem principalmente, dois grandes debates que determinaram a Psicologia desde seus inícios e parece que continuarão no futuro. A. CONTROVÉRSIA HERANÇA-AMBIENTE Este debate levanta a seguinte questão: - Nossos comportamentos são atribuíveis a nossos genes (herança) ou ao entorno em que somos criados? Esta controvérsia herança-ambiente tem sido polêmica em diversos campos da Psicologia, tais como o da inteligência, personalidade e da psicopatologia (transtornos psicológicos). Isso começou na época em que John Locke (1632-1704), � lósofo britânico, comparava a mente humana ao nascer com uma folha em branco, mais tarde, outros autores se referiam à mente como uma tábua rasa, isso quer dizer, que para Locke e seus seguidores, as pessoas veem o mundo sem ideias preconcebidas geneticamente, que vamos formando a partir do meio, do entorno. Durante o século XX, a maioria dos psicólogos supôs que praticamente a totalidade do comportamento humano era exclusivamente produto da aprendizagem. Mas pesquisas levadas a cabo por geneticistas do comportamento, que empregam modelos complexos sobre as bases de estudos com gêmeos e adoção, puderam demonstrar que os traços psicológicos mais importantes, incluindo inteligência, personalidade e muitos transtornos psicológicos vêm determinados fundamentalmente pelos genes (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2007; MORRIS; MAISTO, 2013). Contudo, o problema é muito mais complexo, pois não se sabe em que medida, ou seja, qual é a porcentagem em que a genética e o meio ambiente contribuem para as diferentes características individuais e comportamentais e como cada um desses fatores interfere mutuamente entre si. B. LIVRE-ARBITRIO-DETERMINISMO Outra controvérsia é o livre arbítrio – determinismo que apresenta a seguinte questão: Até que ponto nossos comportamentos são selecionados livremente ou causados por fatores que escapam a nosso controle? A maioria de nós gosta de crer que somos livres para escolher o curso dos acontecimentos de nossas vidas. Por exemplo, neste momento você pode decidir se continuar lendo este material até o � nal, ou fazer um descanso para ver televisão. No entanto, muitos psicólogos mantêm a a� rmação de que o livre arbítrio é uma ilusão (SKINNER, 1972). Skinner a� rmava que nossa sensação de livre-arbítrio surge de que não somos conscientes das muitas in� uências ambientais que afetam a nosso comportamento em todo o momento. A Psicologia ainda apresenta grandes debates um deles é se as características psicológicas são adquiridas pelos genes ou pelo ambiente. O livre-arbítrio é uma ilusão ou uma realidade? 16WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 6 - CÉREBRO A mente é um conceito abstrato que tenta de� nir o que o homem tem de místico ou espiritual, envolve todo o leque de emoções, sentimentos, pensamentos e funções intelectuais. Esta mente (ou psique ou alma) foi objeto de estudo de muitos pesquisadores e � lósofos que tentaram dar uma explicação de sua presença no ser humano, assim como de sua estrutura. No debate mente-corpo os psicólogos se colocam em uma encruzilhada em que o sentido do “eu” cruza com os avanços no conhecimento cientí� co. Como é que o órgão que chamamos cérebro cria a experiência do que chamamos mente? Até a pouco tempo essa pergunta parecia não ter resposta. Depois, o corpo e o cérebro passaram a ser entidades físicas observáveis. Em contraste a mente, que é uma entidade subjetiva, particular e única sendo só observável pelo seu possuidor (DAMASIO, 1996). Desde a década de 90 (conhecida como a década do cérebro), os neuropsicólogos aprenderam mais acerca do cérebro, do que durante toda a história anterior da psicologia. Novas tecnologias permitiram identi� car quais áreas do cérebro se ativam durante a atividade como, por exemplo, ao nomear um objeto ou estudar um rosto. De acordo com Nolen Hoeksema et al. (2009), os antigos egípcios acreditavam que a alma humana estava localizada no coração e que o cérebro carecia de importância para a atividade mental. Quandoos egípcios preparavam o cadáver extraiam os miolos pelo nariz. Já os gregos da era clássica acreditavam que o cérebro era a origem da psique. Atualmente, sabemos que o cérebro humano é o órgão mais complexo de todas as estruturas vivas, porque processa informação sensorial, ao mesmo tempo em que coordena e mantém funções vitais do organismo. Grande parte das funções � siológicas do cérebro implica receber informação do resto do corpo, interpretá-la e orientar a resposta do organismo. Segundo Lent (2010) o cérebro intervém em operações vitais como respirar, liberar hormônios ou manter o nível de pressão arterial, mas também o cérebro está composto por células nervosas que interagem com o resto do corpo através da medula espinhal e o resto do sistema nervoso. Para que vocês entendam a complexidade do cérebro, vamos relatar um caso interessante e curio- so que ocorreu no século XIX. No mês de setembro de 1848, um rapaz chamado Phineas Gageen, com idade de 25 anos, sofreu um acidente laboral. Ele trabalhava no setor ferroviário colocando explosivos. Por causa de um erro no procedimento houve uma explosão a poucos centímetros de seu rosto e como resultado uma das barras de metal de um metro de comprimento e uns três centímetros de diâmetro atravessou o crânio do rapaz (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2007). Figura 2 - Phineas Gageen. Fonte: Wikimedia commons (2014). 17WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Gageen não morreu, perdeu a visão do olho esquerdo e os médicos trataram suas feridas durante algumas semanas, até que se recuperou e pode voltar junto à sua família. Fisicamente parecia recuperado, mas seu temperamento havia mudado, não voltou ao trabalho e seus colegas diziam que “após o acidente nunca mais foi o Gageen”. Como está organizado o sistema nervoso central? Todas as partes do sistema nervoso se conectam entre si. No entanto, para entender sua anatomia e funções é necessário analisar o sistema nervoso a partir de suas divisões e subdivisões como mostra a � gura 3. Figura 3 - O sistema nervoso. Fonte: autora. O sistema nervoso central está composto pelo encéfalo e a medula espinhal, que em conjunto contêm mais de 90% dos neurônios do corpo. Por outro lado, o sistema nervoso periférico consta de nervos que conectam o cérebro e a medula espinhal com todas as partes do corpo, levando e trazendo mensagens entre o sistema nervoso central e os órgãos sensoriais, os músculos e as glândulas. O sistema nervoso periférico se subdivide por um lado em sistema nervoso somático, que transmite a informação acerca dos movimentos corporais e o ambiente externo e, por outro, em sistema nervoso autônomo, que transmite informação a partir das glândulas e órgãos internos (NOLEN HOEKSEMA et al., 2009). Quais são as principais estruturas e áreas do encéfalo e que funções cumprem? O encéfalo humano é o produto de milhões de anos de evolução durante os quais aumentou de tamanho e complexidade sináptica. Uma forma de entender o encéfalo é examinando as três capas que evoluíram em diferentes etapas na linha do tempo (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2007). 1. Núcleo central primitivo; 2. Sistema límbico; 3. Hemisférios cerebrais; 18WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A medula espinhal se converte no metencéfalo. Dado que esta estrutura se encontra inclusive nos vertebrados mais primitivos, é possível que possa ter sido a primeira parte do encéfalo que evoluiu. A parte do metencéfalo mais próxima à medula espinhal é o bulbo raquídeo, uma estrutura estreita de uns 3.8 centímetros de comprimento que controla as funções corporais como a respiração, o ritmo cardíaco e a pressão sanguínea. Perto do bulbo raquídeo se encontra a ponte que produz substâncias químicas, que ajudam a manter nosso ciclo de sono e vigília (LENT, 2010). A parte do metencéfalo localizada na parte superior e posterior do talo cerebral é conhecida como cerebelo ou também pode levar o nome de pequeno cérebro. Tradicionalmente se pensava que o cerebelo era o responsável pelo equilíbrio e a coordenação das ações do corpo. No entanto, a partir de casos de adultos com dano cerebelar observou-se graves problemas de movimento, como tropeços. Do mesmo modo, as pesquisas recentes sugerem que o cerebelo também participa em processos psicológicos como o controle emocional, a atenção, a memória e a coordenação da informação sensorial (MORRIS; MAISTO, 2013). Continuando com o tour do encéfalo, logo acima do cerebelo, encontra-se o talo cerebral que forma o mesencéfalo, que é importante para a audição e visão. Sobre o talo cerebral se encontram duas estruturas ovais que compõem o tálamo e o hipotálamo e falaremos deles quando tratemos do sistema límbico. A próxima estrutura é uma protuberância que rodeia o núcleo central, conhecida como cére- bro que se divide em dois hemisférios, o esquerdo e o direito, deles também falaremos mais adiante. Sobre o cérebro, pode-se dizer que é a parte do sistema nervoso de evolução mais recente e seu desenvolvimento é muito maior nos seres humanos que em qualquer outro animal. Segundo Lent (2010), o cérebro humano ocupa a maior parte do espaço dentro do crânio e representa aproximadamente 80% do peso do encéfalo, além disso, contém ao redor de 70% dos neurônios de todo o sistema nervoso central. A superfície do cérebro é uma capa � na de matéria cinza chamada córtex cerebral. Vale acrescentar que uma serie de marcas no córtex cerebral permite identi� car as diferentes áreas e cada uma de suas funções. A primeira é uma � ssura longitudinal, que vai da parte frontal a posterior e divide o cérebro em hemisfério direito e esquerdo. Cada um dos hemisférios divide-se em quatro lobos, os quais estão separados por sulcos e giros. Os diferentes lobos dos hemisférios cerebrais se especializam em diferentes funções. O lobo frontal localizado justo detrás da testa recebe e coordena mensagens dos outros três lobos. A superfície mais dianteira do lobo frontal é conhecida como córtex pré-frontal, sua função é crucial no comportamento dirigido a alcançar objetivos, a capacidade de controlar impulsos, o juízo, e a metacognição, a qual implica a consciência e controle dos nossos pensamentos. O lobo occipital localizado na parte posterior dos hemisférios cerebrais recebe e processa a informação visual. O lobo parietal ocupa a metade superior e posterior de cada hemisfério, é responsável por receber informação sensorial de todo o corpo. O lobo temporal localizado atrás dos templos desempenha um papel importante nas tarefas visuais complexas como o reconhecimento dos rostos e a interpretação das emoções faciais em outros. Além disso, também recebe e processa informação dos ouvidos, contribui ao equilíbrio, regula emoções e motivações como a ansiedade, o prazer e a raiva (NOLEN HOEKSEMA et al., 2009). 19WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Outra estrutura do encéfalo é o sistema límbico. Esse sistema tem o formato de um anel de estruturas indiretamente conectadas, que se localizam entre o núcleo central e os hemisférios cerebrais. O sistema límbico desempenha um papel importante, pois é o que regula as emoções, como por exemplo, nos momentos de estresse em que coordena e integra a atividade do sistema nervoso. Pode-se imaginar o sistema límbico como o centro emocional do cérebro (DAVIDOFF, 2001). O sistema límbico está formado por quatro áreas; o tálamo, o hipotálamo, a amígdala e o hipocampo (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2007). O tálamo contém muitos núcleos, e, cada um deles está conectado com uma região. Uma parte do sistema límbico, especí� ca do córtex cerebral. Podemos pensar no tálamo como uma porta de acesso às áreas corticais sensitivas. O hipotálamo situa-se na zona inferior do cérebro e regula o meio interno do organismo. As diferentes áreas do hipotálamo têm variadas funções relacionadascom a emoção e a motivação. Alguns dos seus núcleos participam no controle da fome, da sede, da motivação sexual e outros comportamentos. A amígdala é denominada assim por causa do seu aspecto, ou seja, possui uma forma amêndoa. Ela participa na regulação das emoções e no estabelecimento de lembranças emocionais, principalmente aquelas emoções que se relacionam com o temor e a autopreservação. O hipocampo realiza várias funções relacionadas com a memória, principalmente mantém a memória espacial. Quando imaginamos um mapa mental de como chegar de um lugar a outro estamos utilizando o hipocampo. Tabela 3: O Encéfalo.Fonte: adaptado de Morris e Maisto (2013). 20WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Como o hemisfério esquerdo e o hemisfério direito se especializam em diferentes funções? A conexão principal entre os hemisférios é uma banda grossa denominada corpo caloso. Os dois hemisférios estão constantemente em comunicação e trabalham juntos como uma unidade coordenada. Algumas das funções do hemisfério esquerdo são controlar a escrita e o movimento do lado direito do corpo. Além disso, o hemisfério esquerdo costuma ser dominante na linguagem e nas tarefas que implicam raciocínio simbólico. Já o hemisfério direito, controla o tato e o movimento do lado esquerdo do corpo, e, geralmente, destaca-se nas tarefas não verbais, visuais e espaciais. Existe uma crença popular que os hemisférios cerebrais se especializam em diferentes tarefas, fazendo que a predominância de um ou outro predisponha a pessoa a se desenvolver em variados âmbitos. A verdade sobre esta crença é totalmente falsa. A partir de uma pesquisa realizada na Universidade de Utah, os autores Nielsen; ZielinskI; Ferguson; Lainhart; Anderson (2013) examinaram através de escâneres cerebrais, a atividade cerebral de aproximadamente 1000 pessoas e comprovaram que não existe evidência de que os seres humanos utilizem preferentemente e exclusivamente o hemisfério esquerdo ou o direito de seus cérebros. Na verdade, todos nós utilizamos ambas as partes cerebrais de forma integral para desenvolver-nos nas diversas tarefas. Como a experiência de vida do indivíduo, o amadurecimento pode mudar no cérebro? É possível que o cérebro e o sistema nervoso se reparem por si mesmos? Finalizaremos nossa visita pelo cérebro examinando a capacidade de mudança do sistema nervoso. De acordo com a comunidade cientí� ca, este fato conhece-se como plasticidade, ou seja, descreve a capacidade que o sistema nervoso tem para mudar. No entanto, o sistema nervoso tem mais capacidade de mudança nas primeiras etapas da vida e o seu amadurecimento completo ocorre no � nal da adolescência ou princípio da idade adulta. O mito das especialidades de cada hemisfério do cérebro http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0071275 O cérebro Humano Acesse esse conteúdo através de um leitor de QR Code ou pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=wvCC3o-DAgE Como funciona o cérebro Acesse esse conteúdo através de um leitor de QR Code ou pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=Q6bNdlWnO8A 21WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA O cérebro humano é o órgão mais complexo de todas as estruturas vivas, porque processa informação sensorial na mesma hora que coordena e mantém funções vitais do organismo. Como está organizado o sistema nervoso central? 7 - SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO De acordo com Davido� (2001), os sentidos são canais de informação que captam os estímulos e os transmitem ao cérebro onde se geram sensações. Pode-se dizer que todo o conhecimento da realidade e do mundo começa com as sensações, visto que vemos a luz e cores, escutamos sons e barulhos, captamos cheiros e sabores etc. A sensação é o mais básico dos processos psicológicos já que é o procedimento habitual de entrada pelo qual os organismos detectam e identi� cam a estimulação interna (de seu corpo) e externa (de seu meio). Este é o principal fornecedor de informação do organismo e a conexão fundamental com seu meio habitual. A percepção, segundo a mesma autora, é um processo cognitivo pelo qual nos organizamos e interpretamos as sensações. Pode-se dizer que é o ponto onde a cognição e a realidade se encontram, ou seja, captamos a realidade através dos sentidos e a compreendemos. A percepção contribui para que a realidade nos pareça organizada, estruturada, plena de sentido e signi� cado. Dentre suas características estão: - Ser um processo que depende das características do estímulo, da experiência sócio- cultural e afetiva do indivíduo que percebe. - Ser um processo de informação-adaptação ao ambiente. - Ser um processo de seleção de estímulos de grande importância para nossa adaptação e sobrevivência que se produz mediante a atenção. 22WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA ESTÍMULOS SENSORIAIS Luz, som, cheiro, etc. RECEPTORES SENSORIAIS Olhos, ouvidos, nariz, etc. IMPULSOS NEUROLÓGICOS CÉREBRO Áreas visual, auditiva e olfativa. ▶▶▶ SENSAÇÃO PERCEPÇÃO▶ ▶ ▶ Figura 4 - Sensação e percepção. Fonte: Adaptado de C.P.E.P.A Miguel Hernández (2010). O processo sensorial, tal como mostra a � gura 4, só implica a detecção e discriminação da estimulação através dos órgãos dos sentidos. Já o processo perceptual requer a interpretação do organismo de uma ou várias sensações. Por exemplo, vamos imaginar uma pessoa que quando criança teve um cachorro Doberman e tinha muito carinho pelo animal. Agora, pense em outra pessoa que quando jovem foi atacada por um cachorro da mesma raça. Suponhamos que anos mais tarde, essas duas pessoas caminham juntas e se encontram com um cachorro Doberman. A sensação é a mesma para os dois (ver o cachorro), mas a percepção é muito diferente, para um, os sentimentos são positivos, enquanto para o outro, é de temor. Portanto, a mesma sensação para duas pessoas pode provocar percepções diferentes. Existem fatores que podem interferir na percepção, de acordo com Gazzaniga e Heatherton (2007): - Características dos estímulos que condicionam nossa capacidade perceptiva; - Intensidade de um estímulo pode captar nossa atenção e desviá-la do que estamos fazendo. - Repetição. - Tamanho, os objetos grandes atraem nossa atenção com maior probabilidade que os objetos pe- quenos. - A experiência previa, quando acontece não é simplesmente um conjunto de qualidades, senão um objeto de eventos que têm signi� cado para nós. - A atenção. - A cultura que exerce um papel fundamental na percepção, pois nos ensina a perceber (atitudes, valores e etc.). 23WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Diferentes teorias foram propostas ao longo da história para explicar os mecanismos da percepção. As teorias mais conhecidas são de Morris e Maisto (2013): a. O associacionismo é um enfoque ligado à escola de pensamento psicológico do estruturalismo. b. A gestalt é oposta ao associacionismo. Para os psicólogos da gestalt, o todo não pode ser entendido pela soma dos elementos que o compõem, mas pela sua forma ou estrutura. Ainda continuando com os mesmos autores, pode-se dizer que foram os gestaltistas que se aprofundaram no estudo da percepção e formularam uma série de princípios, principalmente sobre fenômenos visuais, que descrevem como o cérebro organiza as sensações em um todo signi� cativo. Alguns desses princípios são: - Relação � gura e fundo. Dividir as impres- sões visuais em � gura e fundo é fundamental na organização das percepções visuais. A � gura possui uma forma e contorno de� nido e se percebe mais próxima ao indivíduo que o fundo. A � gura, pelo contrário, carece de contornos precisos e se percebe menos nítida. Existem � guras ambíguas que admitem diversas interpretações. - Leis de agrupação de estímulos. Essa lei mostra a forma que agrupamos oselementos da informação visual que recebemos. Nossas percepções tendem por um lado a fazer com que a forma se organize de tal modo que a � gura percebida seja o mais simples possível, por outro, tendemos necessariamente a perceber a � gura da forma mais de� nida possível. As leis que fazem parte dessa categoria são a lei da proximidade, lei da continuidade, lei da semelhança e lei do contraste. 8 - ATENÇÃO Estudar a atenção signi� ca entender a for- ma como o cérebro escolhe determinados estímulos sensoriais, considerando aqueles que vai descartar e os que vai processar. Um dos aspectos que di� cultam o estudo da atenção é a existência de uma variedade de de� nições, que causam uma di� culdade em entendê-la. No presente material vamos nos centrar na de� nição de Luria (1979). Segundo este autor, a atenção consiste em um processo seletivo da informação necessária, a consolidação dos programas de ação elegíveis e a manutenção do controle permanente sobre o curso dos mesmos. Sendo assim, a atenção pode ser de duas formas: O acesso a informação é fornecido por meio das sensações, cabe a percepção realizar a interpretação dessas sensações no cérebro. PENSE NISSO! Por que duas pessoas podem ter as mesmas sensações e percep- ções diferentes? 24WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA - Atenção involuntária é o tipo de atenção produzida por um estímulo intenso, novo ou interessante para o indivíduo; equivale ao re� exo de orientação. - Atenção voluntária implica concentração e controle, está relacionada à vontade e consiste na seleção de uns estímulos independentemente de outros. Ainda de acordo com o mesmo autor, as características mais importantes da atenção são: - Amplitude se refere tanto à quantidade de informação que uma pessoa pode se ater ao mesmo tempo. - Seleção se refere ao tipo de estímulos ou de tarefas. - Intensidade se refere à quantidade de atenção que damos a um objeto ou tarefa. Está diretamente relacionada com o nível de alerta e vigilância e não é constante. - Oscilamento se refere à contínua mudança que realiza a atenção quando o indivíduo tem que se ater a diferentes tarefas ou processar dois ou mais tipos de informação ao mesmo tempo. Sobre a sua classi� cação, ou seja, os tipos de atenção Morris e Maisto, (2013) destacam: - Atenção externa e atenção interna. - Atenção aberta e atenção fechada. - Atenção voluntária e atenção involuntária. - Atenção visual e atenção auditiva. - Atenção seletiva. Segundo Gazzaniga e Heatherton (2007), as teorias e modelos explicativos da atenção mais consolidados aparecem a partir da segunda meta- de do século XX. Alguns deles são: a. Modelo de � ltro. Esse tipo de modelo se baseia na consideração da atenção como um mecanismo de seleção da informação e na necessidade de um � ltro que regule a entrada da informação (modelo de Broadbent, modelo de Treisman e modelo de Deutsch e Deutsch); b. Modelo de recursos atencionais. Esse tipo de modelo se refere à capacidade limitada dos mecanismos atencionais, quando o indivíduo tem que atender a mais de uma tarefa. c. Modelo de atenção visual. A partir da década de 80, a maior parte dos pesquisadores da atenção se interessaram mais pela modalidade de atenção visual do que pela auditiva. 25WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA d. Modelo conexionista. Está fundamentado na teoria da inteligência arti� cial na simulação do funcionamento das redes conexionistas. Desde essa perspectiva, o modelo mais relevante do mecanismo atencional é o desenvolvido por Phaf et al., (1990) conhecido como SLAM (Selective Attention Model), que trata da simulação desde uma perspectiva conexionista da execução de tarefas de atenção visual. e. Neurociência cognitiva. Hoje, a neurociência cognitiva estuda os fundamentos neurobiológicos da cognição humana. Os avanços técnicos e metodológicos desenvolvidos desde essas disciplinas, esclarecem a natureza do mecanismo atencional. 9 - MEMÓRIA A memória é uma das capacidades mentais mais importantes que possui o ser humano. Quase todas as decisões que se tomam ao longo do dia estão baseadas na memória. Se não tivéssemos memória seriamos incapazes de perceber, aprender ou pensar ou ter lembranças. Assim, seria muito difícil sobreviver em um mundo em constante mudança (NOLEN HOEKSEMA et al., 2009). Ainda de acordo com os mesmos autores, para estudar a memória, o modelo mais conhecido é o do processamento da informação, tal processo é semelhante à forma de um computador que codi� ca, armazena e recupera os dados, considerando os demais fatores sociais, emocionais e biológicos. Nesse sentido, a memória pode ser de� nida como o processo pelo qual somos capazes de recuperar a informação que previamente foi registrada no nosso cérebro. Nossos sentidos são bombardeados por muita informação, as quais podemos processar, sendo que a primeira etapa do processamento da informação, implica a seleção da parte do material para pensar nele e lembrar. Uma vez selecionado o material (percepção e atenção), ocorrem três operações básicas: a codi� cação, o armazenamento, e a recuperação, ou seja, recolher informação, guardá- la de forma organizada e recuperá-la quando seja necessário. A atenção consiste em um processo seletivo da informação necessária. PENSE NISSO! Como o cérebro escolhe determinados estímulos sensoriais que vai descartar e os que vai processar? Acesse esse conteúdo através de um leitor de QR Code ou pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=WhL4ntndnrs 26WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA - Codi� cação. Por meio da atenção, selecionamos parte da informação para seu processo posterior. Dessa forma, a informação selecionada � ca registrada como uma representação mental. No entanto, essa codi� cação nunca é neutra, pois interpretamos a informação de acordo com nossas ideias sobre o mundo. - Armazenamento. Após a codi� cação da informação, o próximo passo é retê-la na memória para sua utilização posterior. - Recuperação. É a forma de acessar a informação armazenada na memória. Os psicólogos cognitivos tentaram responder à pergunta, Quais as estruturas que permitem que as lembranças sejam armazenadas? E, a partir disso, várias teorias foram desenvolvidas (DAVIDOFF, 2001; GAZZANIGA; HEATHERTON 2007; MORRIS; MAISTO, 2013). Nesta unidade vamos nos centrar na teoria multi-armazens (NOLEN HOEKSEMA et al., 2009): 9.1. Memória sensorial (MS). A informação procedente do meio (imagens, sons, sabores, cheiros e textura dos objetos), está localizada no primeiro armazém, a memória sensorial tem três características principais: o armazenamento sensorial, que contém toda a informação do meio, capturada pelos órgãos do sentido, ela é geralmente muito fugaz e desaparece rapidamente, sendo substituída por outra nova. Ou seja, a informação nesse primeiro armazém, vai sendo perdida com o passar do tempo. No entanto, a pequena parte de informação que recebe atenção é transferida ao segundo componente essencial do sistema, que é o armazenamento a curto prazo. 9.2. Memória a curto prazo (MCP). Parte da informação captada pela memória sensorial passa ao segundo sistema, que é a memória a curto prazo, onde ocorre uma elaboração mais complexa dos dados sensoriais, a informação é organizada, analisada e interpretada. Nesse procedimento ocorrem quatro características principais: - A informação armazenada na memória a curto prazo é de que o indivíduo é consciente, ela é facilmente acessível e constitui a base de tomada de decisões ou da realização de uma tarefa em questão de segundos; - A informação da memória a curto prazo se perderá em aproximadamente 20 segundos; - A memória a curto prazo não pode conter um número ilimitado de elementos, segundo a teoria somente pode reter 7 itens ou unidades de informação não signi� cativas, tais unidadessão pacotes de informação (letras, palavras, números, imagens e frases), mas sempre agrupadas com um máximo de 7 blocos. 27WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 9.3. Memória a longo prazo (MLP). Neste armazém a informação � ca registrada de forma permanente, mesmo que às vezes seja difícil recuperá-la. Assim como a memória a curto prazo, a de longo prazo também possui características fundamentais: - A informação é introduzida através de vários tipos de operações desde a memória a curto prazo, tais como a repetição. A repetição alonga o tempo durante o qual a informação se mantém na MCP, mas para fazer com que passe a MLP é necessário que tal informação seja elaborada e organiza- da. - O tamanho da memória a longo prazo é ilimitado. - A informação do armazenamento a longo prazo é adquirida através do processo de recuperação e volta a ser situada na MCP, onde pode ser manipulada e utilizada para desempenhar a tarefa do momento. Dentro da MLP podemos encontrar diferentes tipos de lembrança tais como: a Memória Episódica, que armazena lembranças pessoais de eventos experimentados em um lugar e momento especí� co (como a sensação de retroceder no tempo); a Memória Semântica se parece a um dicionário ou enciclopédia, cheia de fatos e conceitos, tais como o signi� cado da palavra empatia, ou a localização de Nápoles ou ainda quem foi Cristovão Colombo, etc. Permite-nos elaborar abstrações, relacionar conceitos, etc.; a Memória procedimental formada por hábitos e habilidades motoras; e a Memória emocional, que compreende respostas emocionais aprendidas (nossos amores e ódios, medos racionais e irracionais, sentimentos de ansiedade, vergonha, etc.). Tudo o que aprendemos é registrado pelo cérebro e produz mudanças no tamanho, forma, funcionamento químico e conexão entre os neurônios. Desde o século XIX, houve tentativa de localizar no cérebro a área onde está localizada a memória, no entanto, algumas pesquisas recentes mostram que não existe uma única região que se corresponda exatamente com o armazém da memória. Sendo assim, o processo de memorização interconecta diversas áreas: - A memória a curto prazo parece que está localizada no córtex pré-frontal e no lobo temporal; - A memória semântica está localizada nos lobos frontais e temporal do córtex; - A memória episódica também está localizada nos lobos frontais, mesmo que esteja situada em partes diferentes destas estruturas; - A memória procedimental parece que está localizada no cerebelo e no córtex motor; - O hipocampo está vinculado com a memória episódica e com a transferência de dados desde a memória a curto prazo. - A amídala se relaciona com a memória emocional; 28WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 5 - Esquema da estrutura da memória. Fonte: autora 29WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A memória é uma das capacidades mentais mais importantes que possui o ser humano. Quase todas as decisões que se tomam ao longo do dia estão baseadas na memória. PENSE NISSO! Por que certa informação capta a nossa atenção enquanto outra fi ca de lado? Memória Acesse esse conteúdo através de um leitor de QR Code ou pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=XpZlYp1- B 5 I & l i s t = P L z 9 Y P n V w C g D k k H Z Y N z f _ SxIXJYyS2ZqYU&index=40 Como sua memória operacional percebe o mundo Acesse esse conteúdo através de um leitor de QR Code ou pelo link: h t t p s : / / w w w . y o u t u b e . c o m / watch?v=UWKvpFZJwcE&list=PLOGi5-fAu8bGhN49N MZF0C_3HPCREDHx_&index=1 Daniel Kahneman: O enigma da experiência x memória Acesse esse conteúdo através de um leitor de QR Code ou pelo link: h t tps : //www.youtube .com/watch?v=XgRl rB l - 7Yg&list=PLOGi5-fAu8bGhN49NMZF0C_3HPCREDHx_ &index=7 3030WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 32 1 - CONDICIONAMENTO CLÁSSICO OU PAVLOVIANO ....................................................................................... 33 2 - CONDICIONAMENTO OPERANTE OU INSTRUMENTAL ............................................................................... 36 3 - APRENDIZAGEM COGNITIVA ............................................................................................................................ 38 4 - APRENDIZAGEM POR OBSERVAÇÃO OU VICÁRIA ........................................................................................ 39 5 - MOTIVAÇÃO ....................................................................................................................................................... 40 5.1. TEORIA DO IMPULSO (CLARK HULL) ............................................................................................................. 41 5.2. TEORIA HUMANISTA (ABRAHAM MASLOW) ............................................................................................... 42 5.3. TEORIA COGNITIVA ......................................................................................................................................... 42 5.4. A ATRIBUIÇÃO DE FRITZ HEIDER ................................................................................................................... 43 5.5. A TEORIA DE BERNARD WEINER .................................................................................................................. 43 APRENDIZAGEM, MOTIVAÇÃO, EMOÇÃO, ESTRESSE E COPING PROF.A DRA. CONSTANZA PUJALS ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA 31WWW.UNINGA.BR 6 - EMOÇÃO ............................................................................................................................................................. 43 7 - BASES NEUROFISIOLÓGICAS DA EMOÇÃO .................................................................................................... 44 8 - TEORIAS DA EMOÇÃO ....................................................................................................................................... 45 8.1. TEORIA DE W. JAMES – K. LANGE ................................................................................................................. 46 8.2. TEORIA DE W. CANNON-P. BARD ................................................................................................................... 46 8.3. TEORIA BIFATORIAL DAS EMOÇÕES (S.SCHACHTER- J.SINGER) ............................................................. 46 9 - ESTRESSE .......................................................................................................................................................... 47 10 - COPING OU ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DO ESTRESSE ............................................................ 49 32WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO O elemento comum da unidade 2 é a aprendizagem. Mesmo que a maioria das pessoas associe a aprendizagem com as aulas e com o estudar para as provas, a de� nição dos psicólogos é mais ampla. Nesta unidade 2, trataremos de vários tipos de aprendizagens, tais como, o condicionamento clássico, o condicionamento operante ou instrumental, a aprendizagem cognitiva e a aprendizagem por observação. 33WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - CONDICIONAMENTO CLÁSSICO OU PAVLOVIANO Quando ouvimos a palavra aprendizagem, a maioria de nós pensa no estudo e na escola. Pensamos em disciplinas ou habilidades que tentamos dominar, como matemática, inglês, química ou karatê. Todavia, a aprendizagem não se limita à escola. Aprendemos todos os dias de nossa vida e nem sempre é intencional. A aprendizagem, segundo Moreira e Medeiros (2007), é o processomediante o qual a experiência causa uma mudança permanente no conhecimento ou comportamento do organismo. Essa de� nição se baseia na teoria comportamental. A mudança pode ser voluntária ou involuntária, para melhorar ou não. Para que a aprendizagem seja de� nida como tal, destaca-se que a mudança que ocorre no organismo deve ser produto da experiência da interação de uma pessoa com seu entorno. Aquelas mudanças que acontecem por causa do amadurecimento, resultados de doença, fadiga ou fome não se incluem na de� nição geral de aprendizagem. PRINCÍPIOS DA TEORIA DO COMPORTAMENTO Os princípios fundamentais das teorias do comportamento podem ser resumidos da seguinte forma: • O comportamento é regido por leis e está sujeito às variáveis ambientais; • O comportamento é um fenômeno observável e mensurável; • Os comportamentos desadaptados são adquiridos através da aprendizagem e podem ser modi� cados pelos princípios da aprendizagem; • A teoria comportamental está focalizada no aqui e agora. TIPOS DE APRENDIZAGEM NA TEORIA DO COMPORTAMENTO Partimos da base, como mencionado anteriormente, que a aprendizagem é a mudança permanente do comportamento. Tais mudanças devem ser observáveis e objetivas, portanto, devem poder ser mensuráveis. Alguns dos processos que explicam a aprendizagem na teoria do comportamento são: • Condicionamento clássico ou pavloviano; • Condicionamento operante ou instrumental; • Aprendizagem cognitiva; • Aprendizagem por observação. CONDICIONAMENTO CLÁSSICO OU PAVLOVIANO De acordo com Catania (1999), as origens da teoria comportamental da aprendizagem estão nos estudos do � siologista russo Ivan Pavlov (1849-1936), que com animais, descobriu por acidente o condicionamento clássico. Pode-se dizer que esses experimentos permitiram descobrir muitos princípios da aprendizagem, princípios da relação estímulo e resposta, que mais tarde foram a base do condicionamento clássico ou pavloviano para modi� car o comportamento humano. 34WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Ivan Pavlov, em seu laboratório, enquanto media a quantidade de saliva produzida por seus cachorros ao receber comida, percebeu que eles salivavam somente quando viam a comida ou escutavam o som de seus passos (SCHULTZ; SCHULTZ, 2007). Esse fato produziu uma pergunta em Pavlov, como os cachorros aprenderam a salivar frente a visões e sons? Ainda de acordo com os mesmos autores, para responder a essa pergunta, Pavlov tocou uma campainha, momento antes de apresentar a comida ao seu cachorro. Geralmente, o som de uma campainha não faz o cachorro salivar, mas o cachorro de Pavlov começou a salivar enquanto a campainha tocava, ou seja, depois de escutá-la várias vezes antes de obter comida. Era como se tivesse aprendido que o som da campainha indicava a aparição da comida e a boca enchia de saliva frente a esse sinal, inclusive, mesmo que não se apresentasse a comida. Esse cachorro havia aprendido um re� exo, o de salivar em resposta a um novo estímulo. O estímulo incondicionado (EI) é um evento que provoca de maneira automática uma reação re� exa que é a resposta incondicionada (RI). Nos estudos de Pavlov, a comida na boca era o estímulo incondicionado e a salivação era a resposta incondicionada. O terceiro elemento do condicionamento clássico é o estímulo condicionado (EC), um evento que se emparelha de maneira repetida e consistente com o estímulo incondicionado. Pavlov utilizou o som de uma campainha como estímulo condicionado. No princípio, o estímulo condicionado não provocava a resposta desejada, mas, logo ao ser emparelhado repetidas vezes com o estímulo incondicionado, chega um momento em que é capaz de desencadear por si só, uma reação similar à resposta incondicionada. Essa reação aprendida é a resposta condicionada (RC). O condicionamento clássico foi demonstrado em quase todas as espécies animais, inclusive em baratas, abelhas e ovelhas (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Possivelmente, você sem perceber já condicionou algum mascote seu. Outro autor importante que utilizou as descobertas de Ivan Pavlov, e já foi estudado na unidade 1, é John Watson, fundador da escola Behaviorista, segundo Schultz e Schultz (2007). Em 1920, Watson quis comprovar o experimento do condicionamento clássico no estudo das emoções. Seu objetivo era veri� car se através deste tipo de condicionamento, um ser humano poderia aprender emoções. Nesse caso, ele queria estudar se um bebê entre 9 e 10 meses poderia aprender a sentir medo de algo que inicialmente não apresentava ameaça. Esse experimento � cou conhecido como o “pequeno Albert”. O bebê Albert gostava de bonecos pequenos e peludos, como ratos brancos. No entanto, Watson queria mudar essa preferência. Inicialmente, Watson deixou que o bebê brincasse com um rato branco. Logo, segundos mais tarde, Watson se aproximou do bebê e sem que este o visse, fez um barulho muito forte com um martelo de metal, gerando um som ensurdecedor, que o pequeno Albert se assustou e começou a chorar. Depois de várias vezes feito esse tipo de emparelhamento da rata (EI), o pequeno Albert mostrou uma RC (choro) ante a presença do rato. Esse fato indicou que o rato se havia convertido em um EC. Após uns dias, quando Watson expôs o bebê Albert ao rato branco, a resposta condicionada continuou presente (MILLENSON, 1967). O condicionamento clássico identi� cou outros tipos de processos como podem ser a generalização, a discriminação e a extinção. Segundo Moreira e Medeiro (2007), os cachorros de Pavlov depois do experimento, aprenderam a salivar em presença do som da campainha, mas também começaram a salivar quando sons parecidos eram apresentados. Esse processo é conhecido como generalização, porque a resposta condicionada de salivar foi generalizada, isso quer dizer que ela ocorre na presença de estímulos similares. Outro processo é a discriminação, que também pode ser aprendida, e se refere a aprender a responder ante um determinado estímulo especí� co e não aos outros. No caso dos cachorros, eles respondem a sons de buzina, campainha, mas não ao som de um apito. 35WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Por último, está a extinção que ocorre frente a uma resposta já condicionada. Voltando ao experimento dos cachorros, o estímulo condicionado (som) se apresenta repetidas vezes, mas não é seguido pelo estímulo incondicionado (alimento), o que ocasiona que a resposta condicionada (salivação) desapareça de forma gradual e � nalmente se extinga, ou seja, desapareça por completo. Sem o condicionamento clássico não poderíamos desenvolver associações � siológicas frente a estímulos que indicam acontecimentos biológicos importantes, como o querer comer ou fazer com que outros gostem da gente. Muitas das respostas � siológicas que mostramos no condicionamento clássico contribuem para nossa sobrevivência, como por exemplo, a conexão entre o som da buzina de um carro e o risco de ser atropelado. A salivação, por exemplo, nos ajuda a digerir a comida. Sendo assim, pode-se dizer que o condicionamento clássico é aplicado a diferentes aspectos da vida cotidiana, como por exemplo, a publicidade (SCHULTZ; SCHULTZ, 2007). Os pro� ssionais da propaganda e marketing utilizam muito o condicionamento clássico. Eles associam repetidamente o aspecto e os sons de um produto com fotogra� as de beleza de grande atração, ou seja, pretendem estabelecer conexões de condicionamento clássico entre suas marcas e as sensações positivas. E eles o fazem por uma boa razão, porque funciona! A aprendizagem é o processo mediante o qual a experiência causa uma mudança permanente no conhecimento ou comportamento do organismo. PENSE NISSO! Você concorda com que tudo pode ser aprendido? Filme: Laranja Mecânica Condicionamento Clássico ou Pavloviano. Acesse esse conteúdo através de um leitor de QR Code ou pelo link: <https://www.youtube.com/watch?v=S6AYofQchoM>.36WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 2 - CONDICIONAMENTO OPERANTE OU INSTRUMENTAL No início do século XX, enquanto Pavlov estava ocupado com seus cachorros, o psicólogo americano Edward Lee � orndike (1874-1949) testava o que denominou de caixa problema para estudar a forma em que os gatos aprendem. De acordo com Catania (1999), � orndike trancava um gato faminto na caixa problema e colocava comida fora da mesma. Para obter a comida, o gato teria que averiguar como abrir o trinco da porta da caixa, um processo que � orndike cronometrou. No começo, o gato demorava para descobrir como abrir a porta, mas em cada tentativa o tempo diminuía, até que no � nal podia escapar da caixa quase que imediatamente. � orndike foi um pioneiro no estudo do tipo de aprendizagem que envolve emitir certa resposta, devido às consequências que implicam. � orndike denominou esse processo como lei do efeito (1911), o qual explicava que se as ações são acompanhadas ou seguidas de uma experiência agradável, o animal relacionará tal execução com a satisfação obtida e estará mais propenso a executar as mesmas ações quando se deparar a uma situação similar. Desse modo, se as ações do animal chegam a vincular-se com uma experiência desagradável, o animal não as repetirá. Burrhus Federic, Skinner (1904-1990) desenvolveu um procedimento padronizado para o estudo das respostas de outro condicionamento que denominou operante ou instrumental, e que pode ser aplicado tanto às pessoas como a animais (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Muitos comportamentos humanos são operantes e não respondentes. Skinner se interessou principalmente pela maneira como o comportamento afeta o ambiente para produzir consequências e como uma consequência favorável, o reforço, produz um incremento na probabilidade de que um comportamento volte a ocorrer. Skinner mantém que o reforço é o elemento fundamental de controle do comportamento (SKINNER, 2000). Ainda de acordo com o mesmo autor, pode- se dizer que existem dois tipos básicos de reforço: o positivo e o negativo. Os reforçadores positivos são estímulos agradáveis que aumentam as probabilidades de uma resposta quando se apresentam em uma determinada situação. Alguns exemplos podem ser a comida, a água, o contato sexual entre muitos outros. Os reforçadores negativos são estímulos desagradáveis, cuja supressão aumenta a probabilidade da resposta. Alguns exemplos que podem ser citados são som forte, luz potente ou uma descarga elétrica. Em qualquer caso, o efeito do esforço é o mesmo, capaz de aumentar a probabilidade de resposta. Não se deve confundir reforçamento negativo com o castigo ou punição, porque o reforçamento se dá como resultado à probabilidade de que um comportamento dado ocorra mais frequentemente enquanto o castigo é administrado para conseguir que um comportamento ocorra com menos frequência. Os reforçadores podem ser primários ou secundários. Os primários são importantes biologicamente, como a comida, a água, o sexo ou as situações nocivas. Os reforçadores secundários são aprendidos: chegam a ser reforçantes somente pela associação com os reforçadores primários. Nessa categoria podemos incluir o dinheiro, as notas escolares e o elogio. Sobre o castigo ou a punição, segundo Catania (1999), se refere a um choque, a uma bronca, à retirada de comida de uma pomba ou à liberdade de um preso. Os dois primeiros tipos de castigo descritos representam a apresentação de um estímulo que é desagradável para o organismo, por outro lado, os outros exemplos representam a retirada de um estímulo que é agradável. 37WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA A de� nição do castigo é um evento que quando administrado imediatamente após a resposta do organismo, diminui a probabilidade de que essa resposta ocorra novamente (SKINNER, 2000). Na sociedade, as pessoas preferem castigar a recompensar, mesmo que o ato de castigar seja um comportamento desaprovado por elas. Observem os efeitos dos procedimentos sobre o comportamento na tabela 1. Tabela 1: Resumo dos efeitos sobre o comportamento. Fonte: autora. Devemos enfatizar que o castigo é diferente do reforçamento negativo. O castigo tem o propósito de reduzir a resposta do organismo. Administrar descargas elétricas a um animal, cada vez que aperta uma tecla fará com que deixe de apertá-la. Em outros casos, o castigo não parece ser muito efetivo, por exemplo, os ladrões que foram presos por roubo, quando saem, compõem uma porcentagem, daqueles que voltam a roubar (MILLENSON, 1967). Então, por que o castigo parece ser que às vezes funciona e outras vezes não? E inclusive quando funciona, por que tem tantos inconvenientes, fazendo com que a maioria dos pesquisadores comportamentais e autoridades em educação infantil, aconselhem que seja uma segunda opção atrás do reforço? O castigo funciona frequentemente de forma imediatista na situação determinada, segundo Skinner (2000). Contudo, seu efeito a longo prazo é questionável. REFORÇO POSITIVO REFORÇO NEGATIVO CASTIGO/PUNIÇÃO POSITIVO CASTIGO/PUNIÇÃO NEGATIVO Apresentar um estímulo agradável Retira um estímulo desagradável Apresentar um estímulo desagradável Retirar um estímulo agradável PROCEDIMENTO EFEITO SOBRE O COMPORTAMENTO Aumenta a probabilidade de o comportamento voltar a ocorrer Aumenta a probabilidade de o comportamento voltar a ocorrer Diminui a probabilidade de o comportamento voltar a ocorrer Diminui a probabilidade de o comportamento voltar a ocorrer B.F. Skinner Acesse esse conteúdo através de um leitor de QR Code ou pelo link: shorturl.at/gJKQ6 Condicionamento operante Acesse esse conteúdo através de um leitor de QR Code ou pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=LSHJbIJK9TI 38WWW.UNINGA.BR IN TR OD UÇ ÃO À P SI CO LO GI A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Muitos comportamentos humanos são operantes e não respondentes. PENSE NISSO! Em que se diferenciam os condicionamentos operante e clássico? O tipo de aprendizagem que não é evidente porque ainda não foi demonstrado que ocorreu pelo indivíduo. PENSE NISSO! Qual a relação entre mapa cognitivo e aprendizagem latente? 3 - APRENDIZAGEM COGNITIVA Alguns psicólogos insistem em a� rmar que o condicionamento clássico e o condicionamento operante são os únicos tipos de aprendizagem que podem ser considerados no estudo cienti� co, porque podem ser observados e medidos. Mas outros, sustentam a ideia de que as atividades mentais são cruciais para a aprendizagem e por isso, não podem ser ignoradas. Nesse sentido, a aprendizagem cognitiva é de� nida como os processos mentais que operam em nosso interior quando aprendemos. Mesmo que seja impossível observar e medir diretamente a aprendizagem cognitiva, é possível inferi-la a partir do comportamento, o que a converte em um tema legítimo para o estudo cientí� co. Segundo Schultz e Schultz (2007), o interesse pela aprendizagem cognitiva começou pouco depois do trabalho inicial sobre o condicionamento clássico e operante. Na década de 1930, Edward Tolman (1886-1959), considerado como um dos pioneiros no estudo da aprendizagem cognitiva defendia que não é necessário exibir a aprendizagem para que esta tenha ocorrido. Esse autor suspeitava que o reforço não era o único fator determinante da aprendizagem. Aprendemos muitas coisas sem demonstrá-lo. Em outras palavras, existe uma diferença crucial entre competência (o que sabemos) e rendimento (demonstrar o que sabemos). Mas por que é importante essa diferença? Porque implica em a� rmar que o reforço não é necessário para aprender (CATANIA, 1999). O tipo de aprendizagem que não é evidente, porque ainda não foi demonstrado que ocorreu pelo indivíduo, Tolman o denominou, aprendizagem latente. Desde a época de Tolman, muito tem se estudado sobre a natureza da aprendizagem latente, em relação à distribuição e às relações espaciais.
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