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gestão empresarial Gestão Financeira administração de capital de giro: administração de caixa 10 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Ao final da Unidade o aluno deverá ser capaz de analisar a gestão do recebimento e pagamento, incluindo float na administração do caixa de um negócio. COmpetênCias Entender a importância de uma administração sadia de caixa, como capital de giro em um negócio. Habilidades Aplicar os modelos da administração sadia de caixa em um negócio. gestão Financeira AdministrAção de cApitAl de giro: AdministrAção de cAixA ApresentAção Você nesta Unidade vai saber analisar a gestão do recebi- mento e pagamento, incluindo float na administração do caixa de um negócio. Entender a importância de uma administração sadia de caixa como capital de giro em um negócio e aplicar os mode- los da administração sadia de caixa em um negócio. pArA ComeçAr Geralmente, as organizações de forma geral, buscam manter um equilíbrio específico entre ativos e passivos circulantes e entre vendas e cada categoria de ativos circulantes em suas operações. Enquanto esse equilíbrio for mantido, os passivos circulantes podem ser pagos em tempo, os fornecedores con- tinuam a embarcar os produtos e a restabelecer os estoques, que serão suficientes para atender à demanda de vendas. No entanto, se a situação financeira fica fora de equilí- brio, os problemas surgem e se multiplicam, e a empresa pode entrar rapidamente em uma situação declinante que pode levar a concordata e em seguida até a falência. Vale ressaltar que a maior parte do tempo do gerente financeiro é dedicado à administração do capital de giro e muitas das primeiras incumbências dos estudantes de fi- nanças no emprego envolvem o capital de giro. Por estes motivos, a política e administração do capital de giro consti- tuem um tópico importante de estudos, nesta Unidade da- remos uma visão geral da política de capital de giro, admi- nistração de caixa e orçamento de caixa. FundAmentos 1. administraçãO de Capital de girO O conceito de capital de giro está associado aos re- cursos que estão em constante movimentação, estas Gestão Financeira / UA 10 Administração de Capital de Giro: Administração de Caixa 4 contas estão no ativo circulante e no passivo circulante (MEGLIORINI; VALLIM, 2009). A administração de capital de giro envolve o ciclo operacional e o ci- clo financeiro. Para os autores Megliorini e Vallim (2009), o ciclo operacional corres- ponde ao intervalo de tempo que vai desde a compra da matéria-prima até produção ou de mercadorias para revenda até o recebimento do va- lor gerado pela venda. E o ciclo financeiro envolve as entradas e saídas de caixa. Para você entender melhor como isso acontece, utilizemos o exemplo proposto pelos autores: suponhamos que uma empresa adquira matéria- -prima de fornecedores e que esta deve ser paga em 30 dias. Essa matéria é aplicada imediatamente na produção para produzir o produto e este processo demora 15 dias. Fabricado os produtos, estes por sua vez são vendidos a prazo com recebimento para 30 dias após a venda. Portanto, o ciclo operacional desta empresa a partir da compra de matéria prima e os 15 dias do processo de fabricação equivale à 45 dias. E o ciclo financei- ro que vai a partir do pagamento da matéria prima até o recebimento do valor gerado pela venda é de 15 dias. Observe abaixo este ciclo esquema- tizado na Figura 1. Conclusão do processo de fabricação Pagamento da matéria-prima Recebimento da venda pago pelo cliente Ciclo financeiro Ciclo operacional Compra de matéria-prima 15 30 450 Nas organizações a administração de capital de giro completa as decisões do gestor finan ceiro em relação aos ativos e passivos circulantes. A articu- lação ideal das contas desses dois grupos assegura à empresa capacidade de liquidez e de obtenção da rentabilidade exigida pelos fornecedores de capital. Megliorini e Vallim (2009) afirmam que: A liquidez de uma empresa é associada ao fato de que ela precisa ser capaz de hon- rar suas obriga ções nas datas de vencimento. Para isso, é necessária uma gestão Figura 1. Ciclo operacional e financeiro. Fonte: Megliorini, Vallim (2009). Gestão Financeira / UA 10 Administração de Capital de Giro: Administração de Caixa 5 articulada das disponibili dades, duplicatas a receber e estoques. Para honrar suas obrigações, a empresa deve manter um saldo de disponibilidade adequado, repre- sentado por dinheiro em caixa, dinheiro em conta corrente bancária e aplicações em títulos de alta liquidez. Estes recursos, por sua vez, são oriundos de vendas realizadas, as quais geram duplicatas a receber e, para isso, há a necessidade de estoques. Quan- to maior for o montante de recursos investidos em cada uma dessas contas, maior será a capacidade de liquidez da empresa e menor o risco de inadim plência por falta de pagamento a seus credores. Contudo, montantes elevados de recursos investidos nesses ativos têm impacto nega tivo na rentabilidade do capital investido na empresa. Observe na Tabela 1, a estrutura de um balanço patrimonial, já conhecida por você na disciplina de contabilidade, em que os agrupamen tos de con- tas estão representados por retângulos. bAlAnço pAtrimoniAl Ativo circulante Passivo circulante Passivo não circulante Ativo não circulante Patrimônio líquido Segundo os autores Megliorini e Vallim (2009), as contas que você ver do seu lado direito representa as fontes de recursos e elas podem ser divi- didas em dois grupos: → Fontes não onerosas. São as aquelas contas que fornecem recursos que, tecnicamente, não apre sentam custos explícitos. Constituem-se de salários a pagar, impostos a recolher, duplicatas a pagar (consi- derando que são pagas por seus valores nominais, sem o acréscimo de juros) etc; → Fontes onerosas. São aquelas contas que fornecem recursos sobre os quais se exige remuneração na forma de juros ou dividendos. In- cluem os empréstimos, as debêntures e o capital próprio. Na Tabela 1 o retângulo que representa o Ativo Circulante é um pouco maior que o Passivo Circulante, esta diferença é denominada de Capital Circulante Líquido que vamos representar pelas siglas – CCL. O CCL é decorrente dos descompassos entre os fluxos de pagamento e de recebi mento no curto prazo (ciclo financeiro), uma vez que as contas do passivo circulante devem ser liquidadas na data do vencimento, e os recursos para a liquidação podem não estar disponíveis, pois resultam de vendas à vista e das duplicatas a receber, que têm data incerta para rece- bimento (MEGLIORINI; VALLIM, 2009). Tabela 1. Estrutura de um balanço patrimonial. Gestão Financeira / UA 10 Administração de Capital de Giro: Administração de Caixa 6 1.1. Capital CirCulante líquido O conceito de capital circulante líquido envolve as comparações de di- versas contas apresentadas nos balanços da empresa, representado abai- xo na Tabela 2. A sua definição básica é a seguinte: C.C.L. = ATIVO CIRCULANTE (-) PASSIVO CIRCULANTE Desta forma podemos definir o capital circulante líquido, como a parte do ativo circulante, que efetivamente pertence à empresa. Você pode visua- lizar isto analisando o exemplo abaixo na Tabela 2. bAlAnço em 30/04/x1 contAs do Ativo vAlor contAs do pAssivo vAlor Ativo circulante Passivo circulante Caixa 200 Fornecedores 300 Contas a Receber 300 Contas a Pagar 150 Estoques 500 Salários a Pagar 200 Impostos a Pagar 150 Somas 1.000 Somas 800 Real. Longo prazo Ativo permanente 250 Exigível longo prazo 350 550 Patrimônio líquido 650 Total do ativo 1.800 Total do passivo 1.800 Ativo Circulante 1.000 (-) Passivo Circulante 800 Capital Circulante Líquido 200 O resultado indica que a empresa tem mais valores que serão transfor- mados em recursos, do que valores que devem ser pagos no curto prazo, o valor de $ 200 representa o recurso que a empresa tem de capital de giro, o qual ela pode comprar matéria prima ou fazer investimentos em máquinas eequipamentos. Contudo, é importante destacar que, dependendo do segmento do mercado em que a empresa atua você deve manter maior ou menor valor em cada conta do ativo circulante. Por exemplo, se por um lado o negócio Tabela 2. Balanço patrimonial, ano 1. Gestão Financeira / UA 10 Administração de Capital de Giro: Administração de Caixa 7 analisado é um supermercado cujas vendas são realizadas basicamente a vista apresenta um pequeno valor em contas a receber, por outro, se o negócio analisado é do setor atacadista cujas vendas ocorrem basicamen- te a crédito e apresenta um elevado valor nessa mesma conta. Para que uma empresa tenha disponibilidade de capital de giro, o ges- tor financeiro precisa ter controle da evolução do CCL da empresa, para isto, ele precisa conhecer as técnicas de administração das disponibilida- des, das contas a receber e do estoque, neste capítulo iremos abordar as técnicas de administração das disponibilidades, na sequência trataremos as contas a receber e o estoque. 2. administraçãO da dispOnibilidade Os recursos que estão nas contas de disponibilidades são aquelas que permitem à empresa efetuar pagamentos imediatos e fazer girar o seu negócio e fazer em investimentos. De um lado temos a conta caixa que representa o dinheiro vivo em notas de papel-moeda e moedas metálicas. O caixa representa o óleo que lubrifica as rodas dos negócios. Sem um óleo adequado, as máquinas rangem até parar, e o mesmo acontecerá com uma empresa sem um nível desejado de caixa. Do outro lado temos a conta “Banco” que refere-se aos saldos mantidos em contas bancárias. 2.1. administração de Caixa O caixa pode ser entendido como um ativo que não gera retornos, um ativo sem lucro. Ele é necessário para pagar mão de obra e matérias- -primas, pagar ativos imobilizados, pagar impostos, pagar dividendos e assim por diante. Contudo, o caixa em si (e as contas correntes em bancos comerciais) não ganha juros. Assim, o objetivo do administrador do caixa é o de mini- mizar a quantia de caixa que a empresa deve manter para conduzir suas atividades empresariais normais e também ter caixa suficiente para: 1. Obter descontos comerciais; 2. Manter sua classificação de crédito; 3. Atender a necessidade de caixa inesperada. Quando uma empresa A tem dinheiro disponível para compra de matéria- -prima, por exemplo ela pode negociar preço, inclusive baixar o preço do produto, pois aumentar o poder de negociação desta empresa, diferente de uma empresa B que não tem disponibidade de dinheiro, e esta por sua vez pode pagar mais caro no preço do produto devido a falta de dinheiro. Gestão Financeira / UA 10 Administração de Capital de Giro: Administração de Caixa 8 A empresa que paga suas contas em dia vai ter sempre crédito no mer- cado, já a empresa que tem dificuldade de pagar suas contas não terá de crédito no mercado. Além de algumas vezes pagar mais caro em produtos ou serviços, bem como pagará juros do dinheiro para manter capital de giro. Você vai entender que quando administramos o nosso caixa pode- mos atender o inesperado. 2.2. JustifiCativa para a manutenção de Caixa Ross (2008) escreve que a empresa mantêm caixa por dois motivos apre- sentados a seguir: a. Transações: os saldos em caixa são necessários nas operações cor- rentes de negócios. Os pagamentos devem ser feitos em dinheiro e os recebimentos são depositados no caixa. Os saldos em caixa as- sociados com pagamentos e cobranças rotineiros são conhecidos como saldos de transações. Observe na Tabela 3,como apresenta- mos os saldos; b. Compensação aos bancos pelo fornecimento de empréstimos e ser- viços: um banco faz dinheiro emprestando recursos que foram depo- sitados, de forma que quanto maiores os depósitos, maior a lucrativi- dade do banco. Além do mais, se um banco está fornecendo serviços a um cliente,ele pode requerer que o cliente deixe um saldo mínimo em depósito para ajudar a compensar os custos de fornecimento dos serviços. Esse tipo de saldo, é definido como reciprocidade. ConCeito Com base nos conceitos tratados até aqui, é possível afir- mar que saldo de transação é um saldo em caixa associa- do com pagamentos e cobranças sendo necessário para as operações do dia a dia, e reciprocidade é um saldo em conta corrente que uma empresa deve manter com o banco para compensar os serviços prestados. empresA q.mArAvilhA – fluxo de cAixA diário contAs diA diA diA totAl Recebimentos Vendas à vista Duplicatas à receber Outros recebimentos Tabela 3. Modelo de orçamento de caixa. Gestão Financeira / UA 10 Administração de Capital de Giro: Administração de Caixa 9 empresA q.mArAvilhA – fluxo de cAixA diário contAs diA diA diA totAl 1 Total dos recebimentos Pagamentos Compras à vista Duplicatas a pagar Salários Encargos Aluguéis Impostos Outros pagamentos 2 Total dos pagamentos 3 Fluxo de caixa (1-2) 4 Saldo inicial 5 Saldo Final do caixa (3+4) Na Tabela 3, se você colocasse alguns números obteria na última linha os valores dos saldos existentes no fim de cada um dos subperíodos escolhi- dos. Cada item do quadro possui elementos de incerteza peculiares; esta incerteza pode levar à realização efetiva de entradas e saídas diferentes, em termos de momento de ocorrência e montante, do que aconteceria nas circunstâncias normais. Em outras palavras, certa parcela do saldo mantido em disponibilidade deve a sua existência apenas à não-coinci- dências das entradas e das saídas prevista. Além das transações e das compensações aos bancos pelo fornecimen- to de empréstimos, são observados outros motivos para manter caixa. Na literatura de finanças e economia observa-se também os termos precau- ção e especulação (ROSS, 2008). As entradas e saídas de caixa são imprevisíveis e variam de empre- sa para empresa. Contudo, as empresas necessitam manter algum saldo de caixa em reservas para flutuações imprevistas em entradas e saídas. Esses instrumentos de segurança podem ser chamados de saldos pre- ventivos ou precaução, e quanto menos previsíveis os fluxos de caixa da empresa, maiores devem ser esse saldo. No entanto, imagine a seguinte situação: “se a empresa tem fácil acesso a recursos tomados de empréstimos em banco (por exemplo) e se estes empréstimos for para pagamento a curto espaço de tempo”, a sua neces- sidade de saldos de caixa preventivos é reduzida (ROBALLO, 2010). Alguns saldos de caixas são mantidos dependendo do negócio, para capacitar a empresa à aproveitar compras de pechincha que possam Gestão Financeira / UA 10 Administração de Capital de Giro: Administração de Caixa 10 surgir, geralmente esses fundos de caixa são chamados de saldos de caixa especulativos. Contudo, como ocorre com os saldos preventivos, é mais provável hoje em dia você confiar na capacidade de captação de empréstimos de reser- vas e/ou nas carteiras de duplicatas a receber, do que em caixa propria- mente dito, para fins especulativos. Atenção Geralmente as empresas consideram todos os quatros mo- tivos para liquidez: transações, reciprocidade, preventivo e especulativo, quando estabelecem suas posições de caixa- -alvo. (ROSS, 2008) 3. téCniCas de administraçãO de Caixa A administração de caixa nos últimos anos tem mudado significativamen- te, no Brasil as taxas de juros tem apresentado oscilações de altas e bai- xas ao mesmo tempo. Se a movimentação desta taxa for para cima, o custo de oportunidade da empresa aumenta,como mostra a reportagem no inicio desta Unidade. Ainda você pode observar que as novas tecnologias, em particular os mecanismos computadorizados de transferências eletrônicas de recur- sos, têm tornado possível uma melhor administração de caixa, hoje você consulta as movimentações de caixa/banco ou seja as entradas e saídas em tempo real através da internet bank, ou de um sistema telefônico (ROSS, 2008). A administração efetiva de caixa abrange a gestão apropriada tanto dos fluxos de entrada quanto de saída de caixa em uma empresa. Em especial, a administraçãodas entradas e saídas envolve: a. Sincronização dos fluxos de caixas; b. Processo de compensação de cheque; c. Uso de float (equivale a aproveitar dos prazos de compensação de cheques); d. Concentração bancária; e. Controle de desembolsos. Para melhor entendimento abordaremos a seguir estas técnicas de forma mais detalhada para que você as entenda no passo a passo: Gestão Financeira / UA 10 Administração de Capital de Giro: Administração de Caixa 11 a. Sincronização dos fluxos de caixas Se você, como indivíduo, recebesse uma renda anual, acredito que provavelmente você colocaria esta renda em um banco, e faria sa- ques de sua conta periodicamente e desta forma teria um saldo mé- dio durante o ano igual a cerca da metade de sua renda anual. Se recebesse a renda mensal, em vez de anual, agiria de forma semelhante, mas agora seu saldo médio seria bem menor. Se você conseguisse receber sua renda diariamente e pagasse o aluguel, a mensalidade escolar do seu filho e outras despesas diárias, e tivesse muita confiança em sua capacidade de prever suas entradas e suas saídas, então poderia ter um saldo de caixa médio bem pequeno. Esta mesma situação aplica-se a empresas de negócios, as quais, ao fazer arranjos de forma que seus recebimentos de caixa coinci- dem com suas saídas exigidas de caixa, podem reduzir seus saldos de transações para um mínimo. b. Processo de compensação de cheque Quando um cliente preenche um cheque e entrega para a empresa em forma de pagamento, isto significa que o dinheiro ainda não está disponível para a empresa, este cheque deve ser depositado em um banco de preferência no mesmo banco do cheque, esse banco sim- plesmente transfere o dinheiro mediante entradas contábeis de um depositante para outro. Normalmente a extensão de tempo exigida para compensar os cheques depende da distância entre os bancos do sacado e do sacador. No caso de sistema de compensação priva- da, esse tempo varia de um a três dias, segundo Banco Central. c. O uso de Float Um float é definido como sendo a diferença entre o saldo mostrado no talão de cheque de uma empresa (ou indivíduo) e o saldo nos registros do banco, ou seja, o valor que você tem em dinheiro de acordo com o seu talão de cheque, pode ser diferente do valor em dinheiro que o seu banco apresenta no extrato. O motivo é que, alguns dos cheques que você emitiu ainda não foram apresentados ao banco para pagamento. Este mesmo raciocínio você pode utilizar para uma empresa. Segundo Ross (2008, p. 659). O saldo de caixa que uma empresa mostra em seus livros é chamado de saldo contá- bil ou razão da empresa. O saldo mostrado em sua conta bancária como disponível para gastar é chamado de saldo disponível ou que pode ser recebido. A diferença entre o saldo disponível e o saldo do razão é chamada de float e representa o efeito líquido dos cheques no processo de compensação (que passa pelo sistema bancário). Gestão Financeira / UA 10 Administração de Capital de Giro: Administração de Caixa 12 As demoras que causam o float ocorrem porque leva tempo para os cheques: 1) serem processados pela empresa recebedora (float de processamento); e 2) serem compensados pelo sistema bancário (float de compensação, ou disponibilidade). Basicamente, o tamanho do float líquido de uma empresa depende de sua capacidade de ace- lerar as cobranças sobre cheques recebidos e reduzir a velocidade das cobranças dos cheques emitidos. (ROSS, 2008). 1. Aceleração dos Recebimentos Os gerentes financeiros têm buscado meios de cobrar as contas a receber mais rapidamen te, uma vez que as transações creditícias tenham começado. Embora o recebimento de caixa seja respon- sabilidade do gerente financeiro, a velocidade com que os che- ques são compensados depende do sistema bancário. 2. Débitos Automáticos em Conta Um débito automático em conta permite que os recur sos sejam automaticamente transferidos da conta de um cliente para a con- ta da empresa em datas específicas. Essas transações não envol- vem emissão de cheques, já que são reali zadas sem utilizar che- ques tradicionais de papel. Portanto, um registro de pagamento aparece nas demonstra- ções bancárias de ambas as partes. O processamento de débitos automáticos em conta acelera a transferência de recursos e o tempo da compensação de che- ques é totalmente eliminado. Embora esses débitos automáticos sejam eficientes e pareçam ser a tendência do futuro, o ritmo de aceitação pelos sacados tem sido muito mais lento do que se previa originalmente. Naturalmente, um sacado que concorde com um sistema de débito automático em conta perde o float de desembolso ine rente ao sistema baseado em papel e melhora a eficiência do seu caixa. d. Concentração Bancária O objetivo principal da concentração bancária é mobilizar recursos a partir dos locais de recebimento descentralizados (quando uma empresa trabalha com mais de um banco) os locais descentralizados da empresa, rumo a um ou mais pools centrais de caixa. O gerente responsável pelo caixa, portanto, utiliza esses pools para investimen- to de curto prazo ou para realocação entre os bancos da empresa. Em um típico sistema de concentração bancária, os bancos de cobrança da empresa registram os depósitos recebidos a cada dia. Gestão Financeira / UA 10 Administração de Capital de Giro: Administração de Caixa 13 Então, baseados nas necessidades de desembolso, o gerente res- ponsável pelo caixa da empresa transfere os recursos a partir desses pontos de recebimento para um banco principal. Essa concentração bancária per mite que as empresas aprovei- tem ao máximo as economias de escala na administração de caixa e investimento. Um dos aspectos principais da concentração bancária reside na capacidade de transferir recursos rapidamente a partir dos bancos de cobrança para os bancos principais, a ferramenta utiliza- da é o cheque de transferência de depósito. (ROSS, 2008). Desta forma, o gerente financeiro centraliza os recursos em único banco, ficando mais fácil a disponibilidade de recursos para a em- presa, contudo, vale ressaltar que este processo geralmente demora e os processos de transferências, tem custo para a empresa os quais são cobrados pelos bancos. e. Controle de Desembolso Uma administração de caixa eficiente requer que tanto as entradas quanto as saídas sejam manejadas eficientemente. O aceleramento dos recebimentos representa um lado da admi nistração de caixa, e o controle das saídas de recursos é o lado arriscado. 3.3. investindo o Caixa oCioso Segundo Ross (2008) se uma empresa tem excedente temporário, ela pode investir em títulos de curto prazo, ou seja, em ativos do mercado financeiro, este ativo tem rentabilidade garantida e resgate rápido, e não trazem transtornos para a empresa quando necessitam do dinheiro. 4. OrçamentO de Caixa Após tratarmos das técnicas de gerenciamento das disponibilidades, em especial a administração de caixa, é relevante aprendemos sobre o orça- mento de caixa, para que você exerça um controle das disponibilidades da empresa. O orçamento de caixa é um demonstrativo onde são descriminadas as projeções das entradas (vendas à vista, recebimentos de duplicatas etc.) e das saídas (pagamentos a fornecedores, salários etc.). Na próxima seção, Antena Parabólica apresenta-se um modelo de or- çamento de caixa. Tal orçamento propicia ao gerente financeiro um visão dos momentos em que ocorrerão sobras ou necessidades de recursos. Com isto, você pode tomar as decisões antecipadas e planejar novos in- vestimentos com os excedentes ou tomar empréstimos para os fecha- mentos do caixa. antena pArAbóliCA Atualmente, sabe-se que o sucesso de uma empresa de- pende basicamente de uma boa Administração financeira. Quando se fala em boa administração, deve-se levar em consideração não só as políticas de recursos humanos ou as estratégias de marketing, mas principalmente uma boa administração financeira. Sendo assim, a administração financeira podeagrupar meios que permitam o exercício de procedimentos geren- ciais com elevado grau de eficiência e eficácia. O processo de planejamento financeiro consiste numa das grandes fontes de contribuição para o sucesso organizacio- nal, visto que muitas vezes o capital de giro, através da aná- lise da liquidez, proporciona respostas para o administrador com relação a decisões fundamentais como, por exemplo, o aproveitamento de oportunidades de investimento. É preciso que se tenha uma administração financeira eficaz, de modo a satisfazer a necessidade da organização, deixando-os a par do que vêm acontecendo com as finanças da empresa. Quando a organização não consegue manter um nível satisfatório de caixa para honrar seus compromissos por causa do desequilíbrio de capital de giro, provavelmente ela poderá ser forçada a sair do mercado, principalmente se perder os créditos junto a fornecedores e bancos. Exemplificando Meglirioni; Vallim (2009) apresentam um exemplo de or- çamento de caixa, o qual foi adaptado pela autora Roballo (2010) para ilustrar o que foi comentado nesta Unidade. Suponha uma empresa Q. Maravilha esteja preparando o orçamento de caixa para os meses de junho a setembro. → Em Maio, as vendas realizadas formam de $ 350 mil. → São projetadas vendas de $ 340 mil para julho, de $ 360 mil para julho, de $ 380 mil para agosto e de $ 400 mil para setembro. → Das vendas efetuadas 30% serão recebidas à vista e o restante está previsto para recebimento em 30 dias fora do mês, inclusive as vendas de maio. Os pagamentos previstos correspondem: → Fornecedores $ 200 mil em junho, $ 220 em julho, $ 250 em agosto e $ 240 mil em setembro; → Os salários serão pagos $ 50 mil para os meses de ju- nho a setembro; → O aluguel a ser pago é no valor de 15 mil de junho a setembro; → Os impostos serão pagos no valor $ 40 mil em ju- nho, $ 60 mil em julho, $ 50 mil em agosto e $ 70 mil para setembro; → A empresa tem que pagar um empréstimo bancário no valor de $ 100 em agosto. A Tabela 1 apresenta o orçamento de caixa da empresa Q. Maravilha. orçamento de caixa (R$) maio junho julho agosto setembro Vendas realizadas 350.000 Vendas projetadas 340.000 360.000 380.000 400.000 Recebimentos Vendas à vista 102.000 108.000 114.000 120.000 Duplicatas 245.000 238.000 252.000 266.000 1 Total de recebimentos 347.000 346.000 366.000 386.000 Pagamentos Fornecedores 200.000 220.000 250.000 240.000 Salários 50.000 50.000 50.000 50.000 Aluguéis 15.000 15.000 15.000 15.000 Impostos 40.000 60.000 50.000 70.000 Empréstimo bancário 100.000 2 Total de pagamentos 305.000 345.000 465.000 375.000 3 Fluxo líquido de caixa (1 – 2) 42.000 1.000 (99.000) 11.000 4 Saldo inicial 50.000 92.000 93.000 (6.000) 5 Saldo final (3 + 4) 50.000 92.000 93.000 (6.000) 5.000 6 Saldo mínimo de caixa 30.000 30.000 30.000 30.000 7A saldo excedente (5 – 6) 62.000 63.000 O O 7B valor a financiar (5 – 6) O O 36.000 25.000 O saldo final de caixa da empresa no final do mês de maio é de $ 50 mil e ela considera que deve ser mantido um sal- do mínimo de caixa de $ 30 mil no mês de junho a setem- bro. Sempre que houver um saldo excedente, ele deve ser aplicado, se o saldo final de caixa for menor que o saldo míni- mo desejado pela empresa, a empresa efetuará um emprés- timo de curto prazo no banco onde ela tem conta corrente. Na Tabela 1, observe que os meses de junho e julho apre- sentam excedentes de caixa, nos montantes de $ 62 mil e $ 63 mil, os quais deverão ser aplicados. No mês de agosto, o saldo final é de $ 6 mil negativo, a empresa vai precisar buscar um financiamento de curto prazo no valor de R$ 36 mil para cobrir o saldo negativo e manter o saldo mínimo estipulado. No mês de setembro, o saldo final de caixa ficou em R$ 5 mil, o que torna necessário um financiamento de R$ 25 mil a fim de manter o saldo de caixa com o valor míni- mo estipulado. Para simplificar não considere os recebimentos relati- vos à remuneração da aplicação do saldo excedente, bem como pagamentos relativos aos juros incidentes sobre o valor a financiar. e AgorA, José? Agora que você já sabe como gerenciar as disponibilidades de um negócio, através de uma sadia administração de caixa, e examinamos algumas técnicas de administração de caixa. Na próxima Unidade, vamos estudar o outro ativo que foi abordado aqui que é a administração das contas a receber ou das duplicatas a receber. Para um melhor aproveitamento da Unidade é impor- tante que você releia o conteúdo desta Unidade antes da próxima. Gestão Financeira / UA 10 Administração de Capital de Giro: Administração de Caixa 17 reFerênCiAs ASSAF, A.; LIMA, G. F. Curso de Administração Financeira. Atlas, 2009. GITMAN, L. J. Princípios da administração fi- nanceira, 12ª ed. Pearson, 2009. MEGLIORINI, E.; VALLIM, M. A. Administração financeira: uma abordagem brasileira. Pearson, 2009. JORDAN, B.; ROSS, S. A.;WESTERFIELD, R. W. Ad- ministração Financeira. Mcgraw-Hill Bra- sil, 2008. glossário Desconto: aqui tratado é a redução de preço que os fornecedores oferecem aos clientes pelo pagamento antecipado. Alta liquidez: significa que a empresa pode apresentar a duplicata em um banco e trocá- -lo por dinheiro com segurança e o banco irá receber esta duplicata, cobrando uma baixa taxa de juros. Capital de giro: é o conjunto de valores neces- sários para a empresa fazer seus negócios acontecerem (girar). Existe a expressão “Ca- pital em Giro”, que seriam os bens efetiva- mente em uso. Saldo mínimo de caixa: é um valor previsto pela empresa, normalmente neste valor as empresas projetam para não ficarem sem reservas de caixa.