Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Capacidade de Carga das Fundações 1 Capítulo II - Capacidade de Carga das Fundações 1. Generalidades 1.1. Capacidade de Carga ou Pressão de Ruptura (prup) É a pressão que provoca a ruptura da fundação. 1.2. Pressão Admissível (padm) É a pressão máxima que pode ser aplicada na fundação, com segurança, de modo que ela não rompa nem sofra recalques excessivos. FS p p rup adm FS = 3,0 para fundações rasas; FS = 2,0 para fundações profundas sem prova de carga; FS = 1,6 para fundações profundas com prova de carga. 1.3. Pressão de Trabalho ou Pressão Atuante (ptrab) É a pressão considerada como efetivamente atuando na base da fundação. admtrab p LB Q p 3,0 p p FS trab rup Capacidade de Carga das Fundações 2 2. Tipos de Ruptura 2.1. Abordagem Clássica – Terzaghi A ruptura generalizada é característica dos solos de resistência média a alta. Solos arenosos (SPT médio >15): areia medianamente compacta, compacta ou muito compacta Solos argilosos (SPT médio >10): argilas de consistência média, rija ou dura SPT (Standard Penetration Test) = número de golpes para cravação dos últimos 30 cm de um amostrador padrão. A ruptura localizada é característica dos solos de resistência média a baixa (solos arenosos de compacidade muito fofa, fofa e pouco compacta, e solos argilosos de consistência mole e muito mole). 2.2. Abordagem Mais Recente – Vésic (1975) a) Ruptura Generalizada Características: Padrão de ruptura bem definido; Ruptura brusca e catastrófica; Grande levantamento de solo nas adjacências da fundação. Capacidade de Carga das Fundações 3 b) Ruptura por Puncionamento Características: Padrão de ruptura difícil de observar; A ruptura se dá por cisalhamento em torno da base; Não há levantamento de solo nas adjacências da fundação. c) Ruptura Localizada Características: Padrão de ruptura definido claramente apenas imediatamente abaixo da fundação; Não há colapso catastrófico ou rotação da fundação. Pequeno levantamento de solo nas adjacências da fundação. Assim, considera-se que ocorre ruptura generalizada em solos mais rígidos (areias compactas a muito compactas e argilas rijas a duras), ruptura por puncionamento em solos mais compressíveis (areias pouco compactas a fofas e argilas moles a muito moles), e ruptura localizada em solos intermediários (areias medianamente compactas e argilas médias). Capacidade de Carga das Fundações 4 3. Teorias de Capacidade de Carga 3.1. Teoria de Terzaghi I ..... zona ativa II .... zona de cisalhamento radial III .. zona passiva a) Sapata Corrida Ruptura generalizada ........... γNBγ 2 1 NqNcP qCrup onde: c.......................... coesão do solo de apoio q ......................... sobrecarga (pressão efetiva que atua ao nível da base da fundação) γ ........................ peso específico do solo de apoio B ....................... menor dimensão da fundação γN;N;N qC ....... fatores de capacidade de carga f Ruptura localizada ................ ** q * C ** rup γNBγ 2 1 NqNcP c 3 2 c* ; tg 3 2 tg * Parâmetros da resistência do solo: c → coesão → ângulo de atrito interno Capacidade de Carga das Fundações 5 Fatores de Capacidade de Carga – Teoria de Terzaghi Generalizada Localizada Nc Nq N Nc * Nq * N * 0 5,7 1,0 0,0 5,7 1,0 0,0 5 7,3 1,6 0,5 6,7 1,4 0,2 10 9,6 2,7 1,2 8,0 1,9 0,5 15 12,9 4,4 2,5 9,7 2,7 0,9 20 17,7 7,4 5,0 11,8 3,9 1,7 25 25,1 12,7 9,7 14,8 5,6 3,2 30 37,2 22,5 19,7 19,0 8,3 5,7 35 57,8 41,4 42,4 25,2 12,6 10,1 40 95,7 81,3 100,4 34,9 20,5 18,8 45 172,3 173,3 297,5 51,2 35,1 37,7 48 258,3 287,9 780,1 66,8 50,5 60,4 50 347,5 415,1 1.153,2 81,3 65,6 87,1 b) Sapata Quadrada γNBγ4,0NqNc3,1P qCrup ** q * C ** rup γNBγ4,0NqNc3,1P c) Sapata Circular γNDγ3,0NqNc3,1P qCrup ** q * C ** rup γNDγ3,0NqNc3,1P Exemplo: Calcular a capacidade de carga da sapata corrida abaixo. Capacidade de Carga das Fundações 6 Solo: areia siltosa pouco compacta 3 2 kN/m 16γ 15º kN/m 10,5c Solução: tipo de ruptura: areia pouco compacta ruptura localizada (sapata corrida) ** q * C ** rup γNBγ 2 1 NqNcP c 3 2 c* 2* kN/m 7,0 10,5 3 2 c sobrecarga: FDγq 23 kN/m 24,0m 1,5kN/m 16q m 2,0B 9,0 7,2 7,9 º15 * * * N N N q C 2* rup /10,1479,00,20,61 2 1 7,20,427,90,7P mkNxxxxx pressão admissível: 0,3 * * FS p p rup adm 2* /03,49 0,3 10,147 mkNpadm carga admissível: ApQ * admadm m/m2,01,02,0A 2 mkN /06,980,203,49Qadm OBS.: A área é calculada multiplicando-se 2,0 por 1,0 porque é sapata corrida e está sendo calculada a área por metro linear. Capacidade de Carga das Fundações 7 OBS.: INFLUÊNCIA DA ÁGUA NγBγβNqNcαp qCrup CNcα ............. parcela de coesão qNq ................. parcela de sobrecarga γNBγβ ....... parcela de atrito 1) NA1 BDH FA HA – profundidade do nível d’água Não há influência. 2) NA2 BDHD FAF Influência na parcela de atrito: ba bγaγ γ subh onde: b = B – a 3) NA3 FA DH Influência na parcela de atrito: subγγ Influência na parcela de sobrecarga: yγxγq subh 3.2. Teoria de Vésic a) Fórmula para Sapata Corrida γVqvCVrup N.γ 2 1 NqNcp B Capacidade de Carga das Fundações 8 fN;N;N γVqvCV Fatores de Capacidade de Carga – Teoria de Vésic NC Nq N Nq/NC tg 0 5,14 1,00 0,00 0,20 0,00 5 6,49 1,57 0,45 0,24 0,09 10 8,35 2,47 1,22 0,30 0,18 12 9,28 2,97 1,69 0,32 0,21 15 10,98 3,94 2,65 0,36 0,27 18 13,10 5,26 4,07 0,40 0,32 20 14,83 6,40 5,39 0,43 0,36 23 18,05 8,66 8,20 0,48 0,42 25 20,72 10,66 10,88 0,51 0,47 28 25,80 14,72 16,72 0,57 0,53 30 30,14 18,40 22,40 0,61 0,58 32 35,49 23,18 30,22 0,65 0,62 35 46,12 33,30 48,03 0,72 0,70 38 61,35 48,93 78,03 0,80 0,78 40 75,31 64,20 109,41 0,85 0,84 42 93,71 85,38 155,55 0,91 0,90 45 133,88 134,88 271,76 1,01 1,00 48 199,26 222,31 496,01 1,12 1,11 50 266,89 319,07 762,89 1,20 1,19 Ruptura localizada: c 3 2 c* tg 3 2 arctg* b) Efeito da Forma γqCrup Nγ 2 1 NqNcp BqC Capacidade de Carga das Fundações 9 Coeficientes de forma: ;; qC Coeficientes de Forma Forma da Sapata C q Corrida 1,0 1,0 1,0 Retangular C q N N L B 1 tg L B 1 L B 0,4-1 Quadrada ou Circular C q N N 1 tg1 0,6 c) Efeito da Inclinação e Excentricidade das Cargas iqiqcic B γqcrup N'γ 2 1 NqNcp Fatores de inclinação de carga: iqici ;; Menor dimensão útil dafundação: B’ LB Q p trab 0,3 trab rup p p FS Capacidade de Carga das Fundações 10 LB Q pmáx L'B' Q p trab Le LL 2 ' 2 Cálculo das Dimensões Úteis B L eBB eLL 2' 2' Observação: m 1,600,3022,20L' 1,80m0,1022,00B' Na fórmula, para este caso, o adotado será 1,60mB' . 1m γi m qi C qi qiCi cotgL'B'cQ P 1ξ cotgL'B'cQ P 1ξ tgN ξ1 ξξ θsenmθcosmm 2B 2 L B L 1 B L 2 mL L B 1 L B 2 mB θ = arc tg (eB / eL) Capacidade de Carga das Fundações 11 d) Verificação ao Deslizamento A'ctgQP amáx (carregamento horizontal) cca adesão do concreto e do solo L' x B'A' (área útil da sapata) 1,5 P P FS máxd e) Verificação da Situação de Compressão da Base 6 1 L e B e LB 9 1 22 L e B e LB Observação: θsenmθcosmm 2B 2 L 90ºθ 1m0mm BL Bmm 0ºθ 0m1mm BL Lmm Capacidade de Carga das Fundações 12 f) Viga de Equilíbrio (Viga Alavanca pela NBR 6122/2010) L e VVR L e VVR 122 111 Observações (NBR-6122/2010): a) Quando ocorre uma redução de carga, a fundação deve ser dimensionada considerando-se apenas 50% dessa redução. b) Quando da soma dos alívios puder resultar tração na fundação do pilar interno, sua fundação deve ser dimensionada para suportar a tração total e pelo menos 50% da carga de compressão desse pilar (sem o alívio). g) Pressão Máxima de Bordo LB Q Kσ máx K tabela Capacidade de Carga das Fundações 13 Exemplo do uso da tabela: B eB K L eL Supondo: 113,0 085,0 L e B e L B calcular o valor de K. 0,10 2,20 2,34 0,085 x K y 0,08 2,08 2,21 0,10 0,113 0,12 11,2 0,0850,10 0,080,10 2,20 2,082,20 x x 24,2y 0,0850,10 0,080,10 y2,34 2,212,34 23,2K 0,1130,12 Ky y2,34 xy Capacidade de Carga das Fundações 15 Tabela – Fator “K” Carregamento Excêntrico B eB 0,34 4,17 4,42 4,69 4,98 5,28 5,62 5,97 0,32 3,70 3,93 4,17 4,43 4,70 4,99 5,31 5,66 6,04 6,46 0,30 3,70 3,54 3,75 3,98 4,23 4,49 4,78 5,09 5,43 5,81 6,23 6,69 0,28 3,03 3,22 3,41 3,62 3,84 4,08 4,35 4,63 4,94 5,28 5,66 6,08 6,56 0,26 2,78 2,99 3,13 3,32 3,52 3,74 3,98 4,24 4,53 4,84 5,19 5,57 6,01 6,51 0,24 2,56 2,72 2,88 3,06 3,25 3,46 3,68 3,92 4,18 4,47 4,79 5,15 5,55 6,01 6,56 0,22 2,38 2,53 2,68 2,84 3,02 3,20 3,41 3,64 3,88 4,15 4,44 4,77 5,15 5,57 6,08 6,69 0,20 2,22 2,36 2,50 2,66 2,82 2,99 3,18 3,39 3,62 3,86 4,14 4,44 4,79 5,19 5,66 6,23 0,18 2,08 2,21 2,35 2,49 2,64 2,80 2,98 3,17 3,38 3,61 3,86 4,15 4,47 4,84 5,28 5,81 6,46 0,16 1,96 2,08 2,21 2,34 2,48 2,63 2,80 2,97 3,17 3,38 3,62 3,88 4,18 4,53 4,94 5,43 6,01 0,14 1,84 1,96 2,08 2,21 2,34 2,48 2,63 2,79 2,97 3,17 3,39 3,64 3,92 4,24 4,63 5,09 5,66 0,12 1,72 1,84 1,96 2,08 2,21 2,34 2,48 2,63 2,80 2,97 3,18 3,41 3,68 3,98 4,35 4,78 5,31 5,97 0,10 1,60 1,72 1,84 1,96 2,08 2,21 2,34 2,48 2,63 2,80 2,99 3,20 3,46 3,74 4,08 4,49 4,99 5,62 0,08 1,48 1,60 1,72 1,84 1,96 2,08 2,21 2,34 2,48 2,63 2,82 3,02 3,25 3,52 3,84 4,23 4,70 5,28 0,06 1,36 1,48 1,60 1,72 1,84 1,96 2,08 2,21 2,34 2,48 2,66 2,84 3,06 3,32 3,62 3,98 4,43 4,98 0,04 1,24 1,36 1,48 1,60 1,72 1,84 1,96 2,08 2,21 2,34 2,50 2,68 2,88 3,13 3,41 3,75 4,17 4,69 0,02 1,12 1,24 1,36 1,48 1,60 1,72 1,84 1,96 2,08 2,21 2,36 2,53 2,72 2,97 3,22 3,54 3,93 4,42 0,00 1,00 1,12 1,24 1,36 1,48 1,60 1,72 1,84 1,96 2,08 2,22 2,38 2,56 2,78 3,03 3,33 3,70 4,17 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0,20 0,22 0,24 0,26 0,28 0,30 0,32 0,34 L eL Capacidade de Carga das Fundações 16 h) Duas Camadas Esta situação corresponde à existência de uma segunda camada subjacente à camada superficial onde está embutida a sapata, com características de resistência e compressibilidade diferentes da outra, sendo ambas atingidas pelo bulbo de pressões. Um procedimento prático é determinar a capacidade de carga considerando apenas a primeira camada (σr1) e, depois, a capacidade de carga para uma sapata fictícia, com dimensões conforme indicado a seguir, apoiada no topo da segunda camada (σr2). Capacidade de Carga das Fundações 17 Ou seja, se a sapata real tem dimensões B e L e está apoiada a uma profundidade Df, a sapata fictícia terá dimensões B+a e L+a, apoiada a uma profundidade Df+a. Ao se comparar os dois valores de capacidade de carga, se: σr1 ≤ σr2 → OK Isso significa que a parte inferior da superfície de ruptura se desenvolve em solo mais resistente e, então, pode-se adotar, a favor da segurança, que a capacidade do sistema (σr) é: σr = σr1 No entanto, se a segunda camada é menos resistente, ou seja, σr1 > σr2, adota-se a média ponderada dos dois valores, dentro do bulbo de pressões. a. σr1 + b. σr2 σr1,2 = ───────── a + b Em seguida, verifica-se se não haveria antes a ruptura da segunda camada, na iminência de se aplicar esse valor de tensão na sapata fictícia. Para isso, calcula-se a parcela propagada dessa tensão até o topo da segunda camada (Δσ) e compara-se esse valor com σr2. σr1,2.B.L Δσ = ──────── (B+a).(L+a) Se Δσ ≤ σr2 → OK. A capacidade de carga do sistema (σr) será a própria capacidade de carga média do bulbo (σr1,2). Caso Δσ > σr2, será necessário reduzir o valor da capacidade de carga média, de modo que o valor propagado (Δσ) não ultrapasse σr2. Para isso, aplica-se uma regra de três simples: σr2 σr = σr1,2.─── Δσ OBS.: PARÂMETROS DO SOLO Apresentam-se, a seguir, métodos para estimar os parâmetros dos solos envolvidos na determinação da capacidade de carga de uma fundação. Coesão Para a estimativa do valor da coesão, sugere-se a seguinte correlação com o índice de resistência à penetração (Nspt) médio da camada (Teixeira e Godoy, 1996): c = 10.Nspt (kPa) Capacidade de Carga das Fundações 18 Ângulo de Atrito Interno Para a adoção do ângulo de atrito interno de uma areia, pode-se utilizar o gráfico a seguir (Mello, 1971), que mostra correlações estatísticas entre os pares de valores (σv; Nspt) e os prováveis valores de ϕ, em que σv é a tensão vertical efetiva à cota de obtenção de Nspt. Ainda para a estimativa do ângulo de atrito interno do solo, podem ser usadas as seguintes correlações empíricas: ϕ = 28o + 0,4.Nspt (Godoy, 1983) ϕ = (20.Nspt) 1/2 + 15 o (Teixeira, 1996) Capacidade de Carga das Fundações 19 Peso Específico Se não houver ensaios de laboratório, pode ser adotado o peso específico do solo a partir dos valores aproximados das tabelas a seguir: Peso Específico de Solos Argilosos (Godoy, 1972) NsptConsistência Peso Específico (kN/m 3 ) ≤ 2 muito mole 13 3 - 5 mole 15 6 - 10 média 17 11 - 19 rija 19 ≥ 20 dura 21 Peso Específico de Solos Arenosos (Godoy, 1972) Nspt Compacidade Peso Específico (kN/m 3 ) Seca Úmida Saturada < 5 fofa 16 18 19 5 - 8 pouco compacta 9 - 18 medianamente compacta 17 19 20 19 - 40 compacta 18 20 21 > 40 muito compacta
Compartilhar