Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE RISCO DE INUNDAÇÃO: O CASO DA CIDADE DE TETE Jorge Eusébio Chagaca Gulambondo 1 Adélito Tomás Bernardo 2 Resumo Nos últimos anos, o mundo tem vindo a sofrer com as inundações e Moçambique em particular, tem passado por fenómenos hidrometeorológicos extremos, dos quais provocam modificações no tecido urbano, assim provocando modificações do ponto de vista, ambiental, económicos, paisagísticos, também provocando impactos negativos nos serviços, interrupção dos transportes, alagamento das áreas habitacionais. O presente artigo pretende mapear as áreas de riscos a inundação no Município de Tete e especificamente, identificar as áreas de riscos a inundação no Município de Tete, descrever os factores físicos-naturais e antropogénicos que influenciam a ocorrência de inundações. A metodologia utilizada para a elaboração do mapeamento de áreas de riscos a inundação no município de Tete, consistiu na revisão bibliográfica, trabalho de campo e trabalho de laboratório, contudo, foi utilizada a imagem de satélite LANDSAT 8, disponibilizada gratuitamente pelo site da NASA-USGS (http://earthexplorer.usgs.gov/), com resolução espacial de 30 metros, a qual serviu de base fundamental para geração das variáveis morfométricas. Portanto, o mapeamento foi feito no ambiente de SIG (Sistemas de Informação Geográfica), com o auxílio de alguns softwares. Palavras-chaves: Mapeamento, riscos, inundação, SIG. MAPPING OF RISK-FLOOD AREAS: THE CASE OF CITY OF TETE Abstract In recent years, the world has been suffering from the floods and Mozambique in particular has been experiencing extreme hydrometeorological phenomena, causing changes in the urban fabric, thus causing environmental, economic, landscape changes, also causing impacts. negative effects on services, disruption of transport, flooding of housing areas. This article aims to map the flood risk areas in Tete Municipality and specifically to identify the flood risk areas in Tete Municipality, to describe the physical-natural and anthropogenic factors that influence the occurrence of floods. The methodology used to elaborate the mapping of flood risk areas in the municipality of Tete, consisted of the literature review, fieldwork and laboratory work, however, the LANDSAT 8 satellite image, freely available from NASA- USGS (http://earthexplorer.usgs.gov/), with a spatial resolution of 30 meters, which served as the fundamental basis for the generation of morphometric variables. Therefore, the mapping was done in the GIS (Geographic Information Systems) environment, with the help of some software. Keywords: Mapping, risks, flood, GIS. 1. Introdução Nos últimos anos, o mundo e Moçambique em particular tem vindo a sofrer com fenómenos hidrometeorológicos extremos, dos quais provocam modificações no tecido 1 Licenciado em Ensino de Geografia com habilidades em História pela UP – Universidade Pedagógica – Delegação de Tete. E-mail: gulambondo@gmail.com 2 Mestrado em Planeamento e Desenvolvimento Regional pela UCM – Universidade Católica de Moçambique. Licenciado em Ensino de Geografia pela UP – Universidade Pedagógica – Delegação de Nampula. É docente do curso de Geografia na Universidade Púnguè – Extensão de Tete, afecto ao Departamento de Geociências e Ambiente. E-mail: adelitobernardo@gmail.com 2 urbano, assim podendo considerar alterações do ponto de vista, ambiental, económicos, paisagísticos, também provocando impactos negativos nos serviços, interrupção dos transportes, alagamento das áreas habitacionais. Esses vão se manifestar quando da ocorrência de fenómenos naturais espontâneos, eventos esses que mesmo de baixa magnitude ocasionam perdas ambientais, humanas e económicas severas, principalmente nos países em desenvolvimento (VEYRET, 2007; VEYRET e RICHEMOND, 2007b; CRUZ, 2007). A maior parte dos estudos em torno da temática das inundações, cingem-se sobre este fenómeno que têm como causa ou factor primordial o alto índice pluviómetro, que com o transbordo dos leitos dos rios invadem a área habitacional, por consequente provocando as inundações, contudo, ganhou-se consciência de monitoramento e prevenirem-se da ocorrência das inundações, entretanto, especialmente, no processo de tomada de decisão dos governos e sector privado. O presente artigo pretende mapear as áreas de riscos a inundação no Município de Tete e especificamente, identificar as áreas de riscos a inundação no Município de Tete, descrever os factores físicos-naturais e antropogénicos que influenciam a ocorrência de inundações. As inundações nesta urbe é um fenómeno cíclico normalmente, provocado pelas condições hidrometeorológicas, mas intensificadas pelas actividades antrópicas (humanas), visto que, com o rápido crescimento/desenvolvimento das cidades moçambicanas nos últimos anos, foram surgindo novas e muitas áreas habitacionais irregulares e inadequadas, construídas sem nenhum planeamento físico prévio, exacerbados gradualmente no decurso em que o uso e ocupação do solo de modo inadequado. Para a elaboração do mapeamento de áreas de riscos a inundação no município de Tete, foi utilizada a imagem de satélite LANDSAT 8, disponibilizada gratuitamente pelo site da NASA-USGS (http://earthexplorer.usgs.gov/), com resolução espacial de 30 metros, a qual serviu de base fundamental para geração das variáveis morfométricas, o mapeamento foi feito no ambiente de SIG (Sistemas de Informação Geográfica). 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Inundações Inundações são fenómenos naturais que afectam a vida da humanidade desde a antiguidade. Entre todos os tipos de desastres naturais, as inundações são os que impactam o 3 maior número de pessoas, deixando centenas de milhares de desabrigados todos os anos (TUNG, 2002; MOORE et al., 2005). De acordo com Goerl e Kobiyama (2005) observam que o termo inundação, geralmente é associado a termos como enchentes, inundações graduais, inundações repentinas, inundações ribeirinhas, alagamentos dentre outras, sendo que os referidos autores alertam, ainda, que tais designações se refiram a um processo similar, não representam um mesmo elemento conceitual. Kron (2002) comenta que as inundações se tornaram extremamente severas nas décadas recentes. Isto evidencia que ambos, a intensidade e a frequência, vêm aumentando. Este incremento pode estar associado principalmente ao crescimento populacional ocorrido nas últimas décadas. Muitas planícies de inundações foram ocupadas por parques industriais e áreas residências. Além disto, os centros urbanos desenvolveram-se, fato que diminui a capacidade de infiltração, aumenta o volume do escoamento superficial e, consequentemente, o pico da vazão das cheias (VENDRAME e LOPES, 2005). 2.2. Risco A ocorrência de um desastre natural está sempre associada às perdas, sejam elas económicas, sociais ou ambientais. Neste contexto, adopta-se o termo risco, que pode ser considerado com a probabilidade de consequências prejudiciais ou perdas (económicas, sociais ou ambientais) resultantes da interacção entre perigos naturais e os sistemas humanos (UNDP, 2004). Usualmente para a definição de risco, adopta-se a seguinte função: R = f(H,V) (1) Onde R é risco, H é perigo (hazard), e V é vulnerabilidade. CHEN et al. (2004) sugerem que risco pode ser visto como uma função do perigo, exposição e vulnerabilidade. STEPHENSON (2002) adopta risco como sendo a probabilidade de ocorrência de um perigo, considerando para isso o tempo de retorno do mesmo (intensidade). UNDP (2004) sugere ainda uma modificação da relação apresentada anteriormente (Equação 1), sendo risco (R) uma função da probabilidade da ocorrência de um perigo (H), do elemento em risco (população) (Pop) e da vulnerabilidade (V).Dessa forma, tem-se: R = H∙Pop∙V (2) 2.3.Mapeamento das áreas de risco Conforme Enomoto (2004), o mapeamento de áreas de risco de inundação é uma ferramenta auxiliar muito poderosa no controle e prevenção de inundações. Estes mapas 4 deveriam ser a base para todos os programas de redução de danos, pois frequentemente têm uma importância legal em termos de zoneamento e outras medidas não-estruturais (FRIESECKE, 2004). Um dos pontos positivos dos mapas de risco, conforme Andjelkovic (2001), é que, tendo por base os mesmos, pode-se iniciar a construção de estruturas que previnam os danos, alertar actuais e futuros proprietários de terras sujeitas às inundações, bem como auxiliar as autoridades e tomadores de decisões a desenvolver novas ideias de desenvolvimento sustentável para estas áreas. Marcelino et al. (2006), argumentam que um dos instrumentos de análise de risco mais eficiente é o mapeamento de áreas de risco. A partir deste mapa é possível elaborar medidas preventivas, planificar as situações de emergência e estabelecer acções conjuntas entre a comunidade e o poder público, com o intuito de promover a defesa permanente contra os desastres naturais. Shidawara (1999) argumenta que os mapas de risco possuem um grande papel no sistema de prevenção de inundação, pois em municípios pequenos e com poucos recursos económicos torna-se muito difícil a implantação de sistemas mais sofisticados, como monitoramento e sistemas de alerta. Para Kobiyama et al. (2006), os mapas de risco visam suprir uma das maiores deficiências relacionadas aos desastres naturais no Brasil, que é a ausência de sistemas de alertas, uma das ferramentas fundamentais para a prevenção de desastres naturais, especialmente os súbitos. 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Caracterização da área de estudo O estudo foi realizado no Município de Tete, na Província de Tete em Moçambique, que se localiza nas margens do vale do Rio Zambeze, a mais de 200 km da costa moçambicana do Índico, inserido num planalto situado a 500 metros de altitude. Com suas coordenadas geográficas, de latitude 16º 14' 52''S e longitude 33º 39' 23''E. De acordo com PEUT (2012, p. 3), o Município de Tete faz fronteira a Norte e Este com o Distrito de Moatize, a Sul com o Distrito de Changara e Oeste com o Distrito de Marara. O Município tem uma superfície de 286 km2 e os seus limites oficiais foram definidos em 1981. 5 Figura 1: Localização da área de estudo Fonte: Os Autores, 2019. 3.3. Métodos A metodologia utilizada para a elaboração do mapeamento de áreas de riscos a inundação no município de Tete, consistiu na revisão bibliográfica, trabalho de campo e trabalho de laboratório/gabinete, contudo, foi utilizada uma imagem de satélite LANDSAT 8 do dia 30 de Julho de 2019, disponibilizada gratuitamente pelo site da NASA-USGS (http://earthexplorer.usgs.gov/), com resolução espacial de 30 metros onde construi-se o Modelo Digital de Elevação (MDE), a qual serviu de base fundamental para geração das variáveis morfométricos, o mapeamento foi feito no ambiente de SIG (Sistemas de Informação Geográfica), com o auxílio do Software ArcGIS 10.3.0, detecção remota e confrontados a partir de imagem do software Google Earth Pro, observação directa e a partir da colecta de pontos em GPS geodésico. Portanto, a metodologia usada para o trabalho foi primordial para que diminuíssemos as margens de erros toleráveis, como forma de trazer dados fiáveis e confiáveis, a revisão bibliográfica foi de suma importância para a percepção das classificações (classes) usadas para o trabalho de risco de inundações. 6 Figura 2: Fluxograma de procedimentos metodológicos do trabalho Fonte: Os Autores, 2019. Para extrair as áreas de inundações no município de Tete usou-se o Modelo Digital de Elevação, Declividade, Depressões, Uso e Ocupação/Cobertura do Solo, e análise dos riscos/vulnerabilidade. A análise e processamento de dados na geração de mapas hipsométricos, de uso do solo e tipo de solo da área de estudo que culminou com a geração de mapas de riscos a inundação no município de Tete. Análise e processamento de dados Laboratório de SIG (ArcGIS 10.3.0 & Google Earth Pro) Trabalho de Campo Revisão bibliográfica Base cartográfica Mapa de Riscos a Inundação Digitalização de Mapas 7 3.3. Materiais Tabela 1: Materiais Material Cena/Articulação Escala/Resolução Ano Executor Carta Topográfia Cidade de Tete, SD-36/ Q-III-NO, 1434 C1 Folha n° 345 1:50 000 1950 – 1960 DINAGECA/Artop Imagem LANDSAT 8 OLI/TRIS 30 metros 2019 USGS/NASA(http://earthexplorer.usgs.gov/) GPS “GARMIN Etrex Vista 78” ------- 5 metros 2015 ------ Imagem Google Earth Pro ------- ------- 2018 Google/Keyhole ArcGIS 10.3.0 ------- ------- 2015 Esri Fonte: Os Autores, 2019. Considerando que o presente artigo, objectiva mapear as áreas de riscos a inundação no Município de Tete, para o mapeamento foi utilizado um (1) Modelo Digital de Elevação (MDE) em quatro (4) etapas diferentes, entretanto, na primeira (1ª) etapa, para a extracção das áreas de risco, foi mediante a uma Carta Topográfica, com uma cena/articulação da Cidade de Tete, SD-36/Q-III-NO, 1434 C1 Folha n° 345, a luz duma escala/resolução 1:50 000, do ano 1950 – 1960, que têm como o seu executor DINAGECA/Artop, que serviu de base para a construção do nosso MDE, com o intuito de construir as variáveis morfométricas para o mapeamento das áreas de risco de inundação. Nesse contexto, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT e Serviço Geológico do Brasil – CPRM (2014) indica o uso de variáveis morfométricas para mapeamento de susceptibilidade a inundações, por constituírem elementos permanentes e predisponentes da superfície que quando associadas a eventos de precipitação favorecem a ocorrência do fenómeno. Todavia, na segunda (2ª) etapa uso-se uma imagem LANDASAT 8, cena/articulação da OLI/TRIS, com uma escala/resolução de 30 metros do ano de 2019 e tem como executor a USGS/NASA (http://earthexplorer.usgs.gov/). http://earthexplorer.usgs.gov/ 8 Portanto, com vista a fazer o trabalho de mapeamento a ser apresentado, optou-se em adoptar as seguintes variáveis morfométricas: curvas de níveis de equidistância de 5 metros do ano 2019, hipsometria ou altimetria, declividade, uso e ocupação/cobertura do solo, geomorfológicas, hidrológicas, fluxo de acumulação como base do nosso presente trabalho. As curvas de níveis de equidistância de 5 metros do ano 2019, serviu de base para a construção do nosso MDE (Modelo Digital de Elevação), que foi fundamental para produção das variáveis. O MDE, por sua vez, tal como é definido por Florenzano (2008), constitui uma tipologia de Modelo Numérico de Terreno em que cada pixel (unidade mínima do arquivo matricial ou raster) representa a superfície por meio de valores altimétricos. Terceira (3ª) etapa, as considerações do IPT e CPRM (2014), o mapeamento deve apresentar variáveis hipsometria, declividade e fluxo de acumulação como base. A tal escolha é porquê pretende-se demonstrar os desníveis do relevo (a variação altimétrica) e os locais de maior acumulação do escoamento superficial. Contudo, está factores estão ligadas directamente ligadas com as condições topográficas do Município de Tete, que levam a ocorrência do fenómeno das inundações. Vale salientar que o mapeamento foi feito no ambiente de SIG (Sistemas de Informação Geográfica), com o auxílio do Software ArcGIS 10.3.0, detecção remota e confrontados a partir de imagem do software Google Earth Pro e observação directa. Contudo, na quarta (4ª) etapa, foram confrontados das informações hipsométricas relativas a elevação a partir da colecta de pontos em GPS geodésico e o mesmo processo serviu para as outras variáveis morfométricas. 4. Discussão de resultados 4.1. Hipsometria A hipsometria ou altimetria, de acordo com Valeriano (2010), constituiderivação geomorfológica/geomorfométrica local de ordem zero do MDE em que representa a altitude em relação ao nível do mar. Com o intuito de demonstrar as variações hipsométricas do relevo, em todo o local de estudo. E conhecendo a sua distribuição lógica, hipsometria foi dividida e reclassificada em 16 classes de intervalos iguais, com 20 metros de amplitude em todas as classes reclassificadas. A Cidade de Tete, está localizada entre as duas margens do Rio Zambeze e delimitada pelo Rio Révuboè, o relevo é caracterizado, em grandes linhas, pelas planícies baixas do vale do Rio Zambeze, até uma altura de aproximadamente 150 metros acima do nível do mar e o planalto onde o terreno sobe a partir da planície para sudeste e norte, com os pontos mais altos 9 definidos pelo Monte Caloera de 468 metros de altura acima do nível médio do mar, e a zona alta no norte da cidade entre o limite do bairro Chingodzi e Matundo e o Distrito de Moatize com mais de 200 m. (PEUT, 2012, p. 16) A parte mais antiga da cidade, a zona de cimento, localiza-se ao longo de uma colina rochosa entre o Rio Zambeze e o Vale de Nhartanda, que se torna num ramal do Rio Zambeze nos momentos de cheias, deixando o centro da Cidade uma ilha. Figura 3: Mapa hipsométrico Fonte: Os Autores, 2019 Com os resultados colhidos no ambiente de geoprocessamento confrontados a partir da colecta de pontos em GPS geodésico, concluiu-se que a altura ou elevação mínima, partindo do nível médio das águas do mar é de 119 à 141 metros de altitude, em locais com as planícies do Vale Rio do Zambeze, Nyartanda, Rio Révuboè, que ocupa vastos terrenos da urbe, nalgumas áreas do centro, norte e sul da cidade com altitudes de 142 à 164 metros, uma vez que norte e sul da cidade, incluindo os montes Canongola e Mateus Sansão Muthemba com 165 à 186 metros e com os pontos mais altos a serem definidos pelo afloramento rochoso, onde encontramos o Monte Caloera de 477 metros de altura acima do nível médio do mar, e a zona alta no norte da cidade do bairro Matundo. 10 4.2. Declividade A declividade, por sua vez, representa o nível de inclinação de uma determinada superfície, calculada em graus ou em percentagem, e constitui derivada de primeira ordem do Modelo Digital de Elevação. No presente trabalho, a mesma foi segmentada em 6 classes, constituindo adaptação da escala proposta por FLORENZANO (2008). Figura 4: Mapa de Declividade Fonte: Os Autores, 2019 Contudo, como ilustra o mapa acima, percebe-se que nas regiões, zonas, áreas que correm os grandes rios que atravessam a Cidade de Tete, tais como, Rio Zambeze, Rio Révuboè, Rio Mufa e áreas arredores dos mesmos, com uma hipsometria de 119 à 141 metros de altitude, como o Vale do Nyartanda é predominante uma declividade PLANO, por sua vez, áreas do centro, norte e sul da cidade (isto inclui todos os bairros) com altitudes de 142 à 164 metros com declividade SUAVEMENTE ONDULADO, uma vez que, nalgumas áreas do norte e sul da cidade (entre os bairros de Chingodzi, Matundo, M’padwe, Samora Moisés Machel, Mateus Sansão Muthemba e Déguè), com 165 à 186 metros de altitude, onde a sua declividade é ONDULADO. Entre o afloramento rochoso do Monte Caloera e Bairro Matundo 187 à 208 metros, possuindo uma declividade FORTEMENTE ONDULADO, uma parte do Monte Caloera com 299 à 320 metros tem uma declividade MONTANHOSO e 11 finalmente o ápice do Monte Caloera de 477 metros de altitude, possui uma declividade ESCARPADO. 4.3. Hidrologia O Município de Tete localiza-se próximo da confluência do Rio Zambeze com o seu afluente o Révuboè. Estes dois rios são os únicos na área municipal com caudal permanente. Existem também vários rios com leito seco, salvo na época chuvosa quando se tornam em torrentes após as fortes chuvas. Destes, destacam-se os Rios Révuboè, Quiro, Pote-Pote, Nhamularo e Mufa, todos confluindo o Rio Zambeze pela margem direita (sul). O caudal do Rio Zambeze é controlado pela Barragem de Cahora Bassa, pelo que o regime das cheias já não é natural, podendo haver fluxos grandes em qualquer altura do ano, dependendo da abertura das comportas da barragem. (PEUT, 2012, Pp. 20-21) Figura 5: Mapa Hidrológico Fonte: Os Autores, 2019 O fluxo de acumulação, por outro lado, representa superfície matricial em que cada célula ou pixel é identificada pela quantidade de pixéis que convergem ou confluem para ela do ponto de vista hidrológico (JENSON e DOMINGUE, 1988). Portanto), não foram considerados todos os fluxos de acumulação apresentados pelas células da área de estudo, precisou-se definir um limiar. Nesse ponto, foram consideradas como canais de acumulação 12 somente as células com valor numérico superior ou igual a 10 mil (isto é, convergência entre 10 mil a 3,5 milhões de células para cada pixel de 25 m²), pois o reticulado de tais células foi a que mais se aproximou dos canais fluviais como Rios Quiro, Pote-Pote, Nhamularo e Mufa, todos confluindo o Rio Zambeze e por constituírem também os canais em que ocorrência de inundações tem carácter mais provável. 4.4. Uso e ocupação do solo O estudo do uso da terra e ocupação do solo consiste em buscar conhecimento de toda a sua utilização por parte do homem ou, quando não utilizado pelo homem, a caracterização dos tipos de categorias de vegetação natural que reveste o solo, como também suas respectivas localizações, na perspectiva de (ROSA, 2007, p. 163). Portanto, dentre tantos usos e ocupações do solo identificados ao nível da Cidade de Tete, mantemos apenas o uso e ocupação que diz respeito à todas áreas construídas, uns concentrados e outros dispersos e distanciados do centro da cidade. Contudo, o conhecimento e o monitoramento do uso e ocupação da terra são primordiais para a compreensão dos padrões de organização do espaço, uma vez que suas tendências possam ser analisadas. Figura 5: Mapa de Área Construídas Fonte: Os Autores, 2019 13 Este monitoramento consiste em buscar conhecimento de toda a sua utilização por parte do homem ou, quando não utilizado pelo homem, a caracterização de tipos de categorias de vegetação natural que reveste o solo, como também suas respectivas localizações. De forma sintética, a expressão “uso da terra ou uso do solo” pode ser entendida como sendo a forma pela qual o espaço está sendo ocupado pelo homem (ROSA, 2007). Entretanto, o mapa de áreas construídas acima ilustra, contempla construções como: 1. Áreas Habitacionais: áreas urbanizadas, semiurbanizadas, não urbanizadas e urbanizáveis. 2. Área Industrial: indústria de processamento, de bebidas alcoólicas, manufactureira, transformadoras e metalurgias, armazéns, estaleiros, oficinas; 3. Áreas comerciais: formal e informal. 4. Infra-estruturas sociais, recreação, restauração, hotelaria e turismo: escolas públicas e privadas, hospitais e centro de saúde, universidades, institutos superiores, técnicos profissionais públicas e privadas, campos de futebol, basquetebol, ginásios entre outras modalidades, parques, jardins, praças e pracetas, centro de interpretação da história, locais históricos culturais, turísticos, restaurantes, bar, discotecas, hotéis, pensões, guest house, logde, entre outros; 5. Terminais de transportes e mercadorias: rodoviárias e aéreas locais, interprovinciais e internacionais. Entre outros, locais que não ocorrem na memória neste momento, este material foi produzido e colocado no presente trabalho, na medida em que há ocorrências dos fenómenos hidrometeorológicos (Cheias, inundações, enchentes e alagamentos), nalgumas destas áreas construídas são impactadas directamente e negativamente, isto porquê uma boa parte das áreas foram erguidas em meio a margens plenas dos leitos dos principais rios, tais como Rios Révuboè, Quiro, Pote-Pote, Nhamularo e Mufa, todos confluindo o Rio Zambeze. Nesta senda, algumas dessas áreaspodem ser encontradas nas planícies de inundação como o Vale de Nyartanda, que se torna num ramal do Rio Zambeze nos momentos de cheias, deixando o centro da Cidade uma ilha, mercado canongola, os campos agrícolas da cadeia feminina, cemitério Xibuma, só para exemplificar. Contudo, vale ressaltar que, né todas as áreas ou zonas são favoráveis para a construção de empreendimentos públicos ou privados, antes de mais precisa-se fazer um estudo de diagnóstico, monitoria, avaliação para o levantamento e conhecimento das condições fisicogeográficas da área em questão. 14 4.5. Mapeamento das áreas de risco de inundação Para o mapeamento foi utilizada uma imagem de satélite LANDSAT 8 do dia 30 de Julho de 2019, disponibilizada gratuitamente pelo site da NASA-USGS (http://earthexplorer.usgs.gov/), com resolução espacial de 30 metros onde construi-se o Modelo Digital de Elevação (MDE), a qual serviu de base fundamental para geração das variáveis morfométricos, o mapeamento foi feito no ambiente de SIG (Sistemas de Informação Geográfica), com o auxílio do Software ArcGIS 10.3.0, detecção remota e confrontados a partir de imagem do software Google Earth Pro. Figura 6: Mapa de Risco de inundação Fonte: Os Autores, 2019 Portanto, nas áreas com elevação mínima de 119 à 141 metros de altitude e com predominância duma declividade plana, em locais como o Vale Rio do Zambeze, Nyartanda, Rio Révuboè, Rio Mufa, voz do Rio Chimadzi e uma parte do bairro Samora Moisés Machel são as áreas com risco Altíssimo de inundação que é parte com uma coloração verde escura, assim, deixando algumas áreas do centro da Cidade de Tete submersas e uma ilha, nalgumas áreas do centro, norte e sul da cidade com altitudes de 142 à 164 metros com declividade suavemente ondulado, que conscidentemente são as áreas com risco Alto de inundação a parte com cor verde clara, contudo, uma vez que norte e sul da cidade, incluindo os montes 15 Canongola e Mateus Sansão Muthemba com 165 à 186 metros e com os pontos mais altos a serem definidos pelo afloramento rochoso, com uma declividade ondulada, como ilustra o mapa é a parte com cor amarela que são áreas com um risco Médio de inundação, nesta senda, as zonas com de cor alaranjadas são as de risco Baixo de inundação, com uma hipsometria de 187 à 208 metros de altitude e com uma declividade fortemente ondulada, e por fim a área com cor vermelha que é a zona com um risco Baixíssimo de inundação, que também possui uma declividade Escarpada (abrupto), com uma hipsometria de 277 à 477 metros de altitude que é a área mais elevada da Cidade de Tete. 5. Conclusão Para fazer-se o mapeamento foi utilizado um (1) Modelo Digital de Elevação (MDE) em quatro (4) etapas diferentes, entretanto, para a extracção das áreas de risco, foi mediante a uma Carta Topográfica, todavia, onde áreas com elevação mínima de 119 à 141 metros de altitude e com predominância duma declividade plana, são as áreas com risco altíssimo, nalgumas áreas com altitudes de 142 à 164 metros com declividade suavemente ondulado, são as áreas com risco alto, portanto, com 165 à 186 metros e com os pontos mais altos a serem definidos pelo afloramento rochoso, com uma declividade ondulada, são áreas com um risco médio, são as de risco baixo, com uma hipsometria de 187 à 208 metros de altitude e com uma declividade fortemente ondulada, com uma hipsometria de 187 à 208 metros de altitude e com uma declividade fortemente ondulada, e por fim zona com um risco baixíssimo de inundação com 277 à 477 metros de altitude. 6. Referências bibliográficas ANDJELKOVIC, I. Guidelines on non-structural measures in urban flood management. IHP, Technical Documents in Hydrology n. 50, UNESCO, Paris. 2001. 87p. CHEN, K.; MCANENEY, J.; BLONG, R.; LEIGH R.; HUNTER, L.; MAGILL, C. Defining area at risk and its effect in catastrophe loss estimation: a dasymetric mapping approach. Applied Geography, v. 24, 2004. p. 97-117. CRUZ, José et al. Ecología Social de Los Desastres. Montevidéu: Coscoroba ediciones, 2003. 176p. ENOMOTO, C. F. Método para elaboração de mapas de inundação estudo de caso na bacia do rio Palmital, Paraná. Curitiba. 122 f. Dissertação (Mestrado em Eng de Recursos Hídricos). Universidade Federal do Paraná. 2004. 16 FLORENZANO, T. G. Geomorfologia: conceitos e tecnologias atuais. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do estado de São Paulo - IPT; Serviço Geológico do Brasil – CPRM. Carta de Susceptibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações: 1:25.000: Nota Explicativa. 2014. JENSON, S.K.; DOMINGUE, J.O. Extracting topographic Structure from Digital Elevation Data for GeographicInformation System Analysis. Revista Photogrammetric Engineering and Remote Sensing. v. 54. n. 11. p. 1593-1600. 1988. KOBIYAMA, M.; MENDONÇA, M.; MORENO, D. A.; MARCELINO, I. P. V. O.; MARCELINO, E. V.; GONÇALVEZ, E. F.; BRAZETTI, L. L. P.; GOERL, R. F.; MOLLERI, G. S. F.; RUDORFF, F. M. Prevenção de Desastres Naturais: Conceitos Básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109p. KRON, W. Keynote lecture: Flood risk = hazard x exposure x vulnerability. Proceedings of Second International Symposium of Flood Defense, Beijing, 2002.Proceedings... Beijing: 2002. p. 82-97. PELLING, M. The Vulnerability of Cities: Natural Disasters and Social Resilience. London: Earthscan, 2003. 256 p. ROSA, Roberto. Introdução ao sensoriamento remoto. Uberlândia: Ed. UFU, 2007. 248 p. TUNG, Y. Keynote leture: Risk-Based design of flood defense system. Proceedings of Second International Symposium of Flood Defense, Beijing, 2002.Proceedings… Beijing: 2002. p. 71-81 UNDP – United Nations Development Program. Reducing disaster risk: a challenge for development. New York: UNDP, 2004. 130p. VENDRAME, I. F; LOPES, W. A. B. Análise do crescimento urbano e seus efeitos na mudança da dinâmica do escoamento superficial da bacia do Pararangaba. In: XII SBSR - Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. Goiânia. Anais… Goiânia: 2005. v. 1. p. 2555-2562. VEYRET, Yvette & RICHEMOND, Nancy Meschinet. Definições e vulnerabilidades do risco. In: VEYRET,Yvette (org.) Os riscos: o homem como agressor e vítima do meio ambiente. Tradução Dílson Ferreira daCruz. São Paulo: Contexto, 2007b. p. 25-46. VEYRET, Yvette. Introdução. In: VEYRET, Yvette (org.) Os riscos: o homem como agressor e vítima do meio ambiente. Tradução Dílson F. da Cruz. São Paulo: Contexto, 2007. p. 11-22.
Compartilhar