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DESNUTRIÇÃO Professora: Marcella Guedes Weinsier e col (1979) - Pacientes desnutridos: 48% - Maior tempo de internação: 20 vs 12 dias - Maior mortalidade: 13 vs 4 % - Maior custo Warnold e Lundholm (1984) - Complicações pós cirúrgicas: 48 vs 29% - Internação: 29 vs 14 dias - Permanência pós operatória: 10 dias maior IBRANUTRI (1999) - Pacientes desnutridos: 48,1% de desnutrição ( 12,6% graves e 35,5 moderados) - Tempo de internação: 13 vs 6 dias - 81,6% não tinham anotações sobre peso/ altura no prontuário - Uso de terapia nutricional: 10,1 (enteral) e 1,2% (parenteral) Epidemiologia Causas Primárias (referente a alimentação): - Ingestão insuficiente de nutrientes essenciais devido a falta de alimentos ou de apetite - Seleção inadequada de alimentos - Perda de dentes Secundárias (decorrentes de uma falha fisiológica): - Má absorção (doenças pancreáticas, biliares, intestinais) - Problemas relacionados à digestão (doenças gastrointestinais) - Metabolismo intermediário anormal (doenças hepáticas) - Excreção excessiva (doenças intestinais) - Doenças metabólicas e febris Causas Terciárias ou Iatrogênicas (’’alteração patológica provocada ao paciente ”): - Dados antropométricos não medidos - Longos períodos a que o paciente é submetido a jejum (exames, cirurgias) - Não percepção do aumento das demandas energéticas - Falta de monitorização ingestão alimentar - Retardo da indicação da terapia nutricional - Ausência de terapia nutricional pré ou pós-operatória - Alta rotatividade de pessoal Depleção reserva adiposa e muscular ‘’Asa quebrada’’ → Atrofia musculatura temporal + perda da bola gordurosa de bichat Abdome escavado, depleção subcutânea de tecido adiposo, proeminência crista ilíaca e arcos costais Tipos de desnutrição Desnutrição aguda (anteriormente chamada Kwashiorkor) - Déficit proteico; - Classicamente descrita na África em crianças, por diminuição de ingestão proteica; - Em adultos, está associada à resposta aguda em situações críticas como trauma e infecção (principalmente em pacientes internados em UTI) – ESTÍMULO INTENSO A PROTEÓLISE - Reservas adiposa e muscular depletadas; Características: Presença de edema Hepatomegalia Cabelos ralos e frágeis Má cicatrização ↓ resposta imune Laboratorialmente: Hipoalbuminemia (Alb < 2,8 mg/dl) Transferrina < 150 mg/dl Leucopenia < 1500 cel/mm3 Anergia cutânea Tipos de desnutrição Mista - Forma combinada de desnutrição crônica e aguda; - Ocorre quando um paciente em desnutrição crônica é submetido a um estresse agudo; Consequências da perda de massa magra Massa muscular estriada Resposta imune Cicatrização Proteína visceral Função orgânica (intestino, fígado e coração) Complicações da desnutrição Alterações do aparelho digestivo - Atrofia das vilosidades da mucosas intestinal e ↓ superfície absortiva; - ↓ produção de secreções gástricas, pancreáticas e biliares; - ↓ da produção de enzimas da borda em escova intestinal; - Edema de alças intestinais por hipoalbuminemia → diarreia e má absorção; - ↓ atividade imunológica do GALT; MÁ DIGESTÃO E MÁ ABSORÇÃO Microvilosidades atrofiadas Sarcopenia Redução de massa muscular e força; Muito comum em idosos, pacientes crônicos; Pode ocorrer em obesos também (obesidade sarcopênica – inflamação) Caquexia Caracterizada por perda de peso acentuada associada a inflamação. Desnutrição Hospitalar - Causas Fatores ligados a doença Fatores circunstancias Apetite Dor Digestão Ansiedade/depressão Má absorção Alimentação diferente Perdas (fístulas, vômitos, diarreia) Mudança de hábitos e horários Anabolismo Infecções nosocomiais Catabolismo Medicamentos Diferença entre tecido perdido durante o jejum ou estresse e o recuperado na reabilitação MELHOR AGIR PARA PREVENIR DO QUE AGIR NO SEU DESENVOLVIMENTO Inflamação e proteínas plasmáticas SÍNTESE PROTEÍNAS DE FASE AGUDA NEGATIVA ALBUMINA PRE-ALBUMINA TRANSFERRINA PTN LIGADORA DE RETINOL Logo, não refletem estado nutricional nessa condição! PROCESSO INFLAMATÓRIO ↑ produção de ptns de fase aguda +: - PCR - Fibrinogênio - Anti-proteases etc ATUAÇÃO NA DEFESA DO HOSPEDEIRO! RELAÇÃO ALBUMINA/GLOBULINA >1 é sinal de melhora da inflamação!!! Dietoterapia Pode-se encorajar o uso de suplementos comuns de vitaminas e minerais. Além de uma ingestão de acordo com as necessidades de energia estimadas para o peso atual, deve-se planejar a ingestão de 500 a 1.000 kcal a mais por dia. Ex: Se 2.400 kcal mantêm o peso atual, seriam necessárias 2.900 a 3.400 kcal para o ganho de peso. Deve-se aumentar a ingestão gradualmente para evitar o desconforto gástrico, o desequilíbrio eletrolítico e a disfunção cardíaca. KRAUSE, 2010. ASPEN, 2013. Os hospitais devem desenvolver orientações de alta, com informações claras e padronizadas para cuidados nutricionais em casa, incluindo detalhes sobre a dieta e quaisquer suplementos recomendados que possam ser administrados após a alta hospitalar – EVITAR READMISSÃO HOSPITALAR. Importância da equipe multidisciplinar para garantir que o paciente receba o suporte nutricional prescrito! Consequências da desnutrição hospitalar > Tempo de hospitalização > Infecções/ comorbidades Prejuízo cicatricial > Custos hospitalares (necessitam de mais cuidados; apresentam mais intercorrências devido a desnutrição; reabilitação) > Necessidade de medicações e equipe especializada > Mortalidade PIOR DESFECHO CLÍNICO!!! Síndrome de realimentação Alterações metabólicas e bioquímicas decorrentes de distúrbios severos de eletrólitos e fluidos em pacientes malnutridos, realimentados via oral, enteral ou parenteral. Fósforo Potássio Magnésio Fatores de risco Fatores de risco para síndrome de realimentação Anorexia nervosa Alcoolismo crônico Câncer Pós-operatório Pacientes idosos (comorbidades, baixa reserva fisiológica) Diabetes mellitus descompensado (distúrbio de eletrólitos, diuréticos) Pacientes com má nutrição crônica: - Marasmo - Período longo de jejum ou baixa ingestão energética - Obesidade mórbida com perda ponderal aguda - Estresse severo associada a jejum > 7 dias - Condições disabsortivas (doenças inflamatórias intestinais, pancreatite crônica, fibrose cística, síndrome do intestino curto) Uso crônico de diuréticos Uso crônico de antiácidos (sais de alumínio e magnésio) Classificação de alto risco Presença de um ou mais critérios: - IMC < 16 kg/m2; - Perda ponderal não intencional > 15% em 3-6 meses; - Baixa ingestão alimentar > 10 dias; - Baixos níveis de potássio, fósforo ou magnésio antes de nutrir. Presença de dois ou mais critérios: - IMC < 18,5 kg/m2; - Perda ponderal não intencional > 10% em 3-6 meses; - Baixa ingestão alimentar > 5 dias; - História de alcoolismo ou drogas, incluindo insulina, quimioterápicos, antiácidos ou diuréticos. Manifestações clínicas Cardiovascular: arritmia, hipotensão, choque cardiogênico, morte Renal: necrose tubular aguda, acidose metabólica Hipofosfatemia Esqueleto: rabidomiólise, fraqueza, mialgia, fraqueza diafragmática Neurológico: delirium, coma, tetanismo Endócrino: hiperglicemia, resistência insulínica, osteomalacia Hematológica: hemólise, trombocitopenia, disfunção leucocitária Manifestações clínicas Cardiovascular: arritmia, hipotensão, bradicardia ou taquicardia Respiratório: hipoventilação, insuficiência respiratória Hipocalemia Esqueleto: fraqueza, fadiga, espasmos musculares Gastrointestinal: diarreia,náusea, vômito, anorexia, íleo, constipação Metabólico: alcalose metabólica Cardiovascular: arritmia atrial ou ventricular, repolarização Hipomagnesemia Respiratório: hipoventilação, insuficiência respiratória Neuromuscular: fraqueza, fadiga, ataxia, parestesia, convulsão Gastrointestinal: dor abdominal, diarréia, vômito, anorexia, constipação Neurológico: síndrome Wernicke-Korsakoff Hipovitaminose Cardiovascular: insuficiência cardíaca congestiva, acidose metabólica, beriberi Muscular: fraqueza Manifestações clínicas (Vit B1 - Tiamina) NICE, 2006. Caloria Reposição/suplementação Dia 1 10kcal/kg/dia Ou para casos extremos (IMC<14kg/m2 ou jejum > 15 dias): 5kcal/kg/dia Carboidrato: 50-60% Lipídio: 30% Proteína: 15-20% PO4: 0,5-0,8mmol/kg/dia K: 1-3mmol/kg/dia Mg: 0,3-0,4mmol/kg/dia Na: <1mmol/kg/dia (restringir) IV Tiamina + complexo B 30 minutos antes de alimentar Restringir fluidos, manter BH neutro Dia 2-4 5kcal/kg/dia Em caso de intolerância involuir ou manter aporte mínimo Monitorar eletrólitos e corrigir alterações Dia 5-7 20-30kcal/kg/dia Monitorar eletrólitos, função renal e hepática Manter BH neutro Considerar suplementação de ferro a partir do dia 7 Dia 8-10 30kcal/kg/dia ou aumentar até aporte pleno Recomendação Nutricional