Buscar

Olavo de Carvalho - 26 - Hegel

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 37 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 37 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 37 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Hegel
Atila26
por Olavo de Carvalho
coleçáo
História
Essencial da
Filosofia
IloSel
por Olavo dc carualho
Colecáo HisLaria Essc.cialda Fibsoii
Aconrpanha csta publicação unr DVD,
quc não pode scr vendido separadanrente
IoDresso no Brasil, Iêvereiro de 2008
Copyrighr o 2008 by Olavo dc Carvalho
Foto Olavo de carvâlho
Edilor
Edson Manôel dc Oliveira Iilho
Monique Schcnlels e Dagmar Rizzolo
Estudio E Ândra Cavalcante GinreneT
lcsé de Àlmeidâ Pdmo
Os direitos autoÉis dessa ediçáo pedencetu à
É Realizaçóes Editora, Lilraria e Distribui.lora Lrda
CEP:04010-970 - Sáo Pauh - SP
Telefax: ( 11) 5572-5363
E-mai| e@ereâlizacoes com hr
werealiza.ocs com br
Rê.ê !,Jo. odo. o. Ji . 1 . 0 ...â ob'd poo.do'oJo lL 1,.
o Jq'e''..,.iÍo.
Hegel
Aula26
por Olavo de Carvalho
coleçáo
História
Essencial da
Filosofia
repróduçxo dcsti c{l(ào p.r
gravâçio o( qu.lquor nrcio -_\
:Ü-
Ei cü
2004
( olcçâo História Essenciâl da Filosofia
Hegel - Aula 26
por Olavo de CaÍvalho
vamos ver aqui o lceorge Mlhelm Friedrich] Hegei. Na verdâde,
cl1nÍÍogicamente, o lFriedrich Wilhelm Joseph von] Schelling deveria
anloccdêlo, mas foi assim um equivoco feliz nosso. Por quê? A ordem
cronológica é [ohann Gottlieb] Fichte, depois Schelling e depois He-
gcl, quer dizef o Schelling exerce umâ grande influência sobre Hegel
o começo, e daí o Hegel tomâ uma outra direçáo. Mas acontece que
a pârte mais significativa do ensinamento de Schelling veio no finâl
dâ vida. Schelling teve duas carreiras acâdêmicas, uma quando era
be jovem, fez um sucesso enorme, depois ele se retirâ, porque houve
uns problemas lá, umas persegüições e tâI. e ele se retira, ficâ fora dâ
vidâ acadêmica por quase quarenta anos. e no f1nal ele volta com os
dois cursos, â "Filosofia da Mitologia" e a "Filosofia dâ Revelaçáo".
Aquilo também fez um sucesso muito grande na época, mas foi mais
um sucesso de manifestaçáo de respeito pela voltâ do professo! essa
coisa toda, ninguém prestou muita atençáo no conteúdo do que estavâ
sendo dito âli, De uns vinte ânos para cá comeÇou a apzfecer estudo
sobre isto, entáo, hoie é possível reconstituir melhor o sentido integrâl
do que Schelling estavâ buscândo nâquele tempo todo- Schelling era
uma cara assim como lEric] Voegelin, ele ia um pouco por tentativa e
erro, tentêvâ um esquema aqui, náo deu muito certo, entáo, comeÇavâ
de outro, etc., etc., até que no final ele fechâ. Isso quer dizer que a
parte mais substantiva da filosolia de SchelLing é reâlmenie posterior a
Hegel; bastante posterior
Àquela influência mais ou menos episódica que â filosofiâ de
Scheliing exerce sobre Hegei no começo pode ser anotada de passagem
na exposiÇáo da filosofia de Hegel e mais tarde. entáo, abordaremos
o Schelling. Dlgalnos. t ntâ anos atrás. â idéia de vocô anteceder o
Hcgcl ao Schelling pareciê âbsxrda â quâlquer hisioriadlrr, todos, to-
dos. todos colocan ncsia ordem: Fichtc. Schelling e Hcgel l:toje cnr
dia esta ordcff é até contcsiá\,el porquc a parte tinâl dâ filosolia cle
SchcUing, Hegcl não chegâ nem â conhecer Hegcl morre en1 18j1 e
esses cursos de Schelling já sáo posteriores
Se vocês estáo bem lembrados dâ âula sobre Fichte. vocês verao
cntão que a introdüÇão do mótodo diâlético por Fichle reln algo a ver
con1 a idóia de qlre o proccsso r.eal, o processo iemporal da aquisiçâo
do conhecimcnlo é trânsl'ormado ai nunlâ nova espécie dc lógjca, quer
dizer â lógicâ quc eles usarn náo reflete apenâs a ordem ideal do pensa
mento. a orden ideâi no scntido do dcdutivo, irdo gcral pâra o particu-
iar, mas elcs âcredji.nquc na busca dêvcrdade o pensârncnto percorre
um cerio nÍüncro de etapâs quc sáo necessárias c são repetívcis. Vocés
lembram da fbrmulaÇáo que Fjchte dá â isso. náo é? Elc cotrrcâ corno
ponlo de partida. por exemplo. como prirncira certezâ, como princÍrio.
o eu; e o eu, ao Se definir tcm que Se definir em face de Lrm não eu.
cntáo, ele meslno. por assim dizer, constiilri um náo-eu pêra ele poder
se identificar, e assim por diante.
[,Iuiiobem, cxistem nlritas maneíras devocê entrarna diâlótica he
gcliâna, mas tern uma que é pârticularmente propícia. Hegel acrcdita
que eDrbora o conhecimento intuiiivo c imodiato possa tcr alguma uti-
lidade ou impoúância, o vcrdadeiro plâno no quat se movc a filosofiâ
ó o plâno dos concciios e dâ pura deduçáo ]ógica. tem que ser daí pala
cima. A filosofia para cle é uma atividade construtiva da mente qlrc vai
consruindo o cdilicio dedutii,o com puros conceitos sen1 tcr quc prcs
tar muira atenção âo lado empirico. e ele tem moiivos pêra proccder
assim, náo é uma coisa ârbitrária, na própria exposiçáo da litosofia jsso
vai se lomândo claro. Mais ainda, ele acrcdiiâ que um conhcclnrenll)
só pode ser dito vcrdâdejro quando considerâdo como sislemâ, corno
o
,r, r , ,,rr rrrr 0 rrrLL gr'rl. qucr clizcrl não há para clc afirmativas que en si
r ,1|'r :l trLr vfl1ladcirâs ou laLsas. qucr dizer só inseridâs dentro do
,r ,1, r rrr r r lrre voci vai pcgar â vedadc olr làlsidadc de una afinnâiiva.
I L, t,,!( s|{)rdc nrâis ou nrenos ao cspírito dâ iilosolia crn geral; na
rrl( rtú'li(-nr) dc lodos (x filósolbs, sc o que o sujcito es1á dizcndo é
u r|,,l.f o ou l lso, vocô vai ter quc reconsÍuir de 1ãlo todâ a filosol]a
, Li. r' lsl() acontccc assim de lato. mês Parâ Hcgel isso não ó só uma câ_
,,,, 1, , slicr do discuiso fiLosófico. isto ó uma câÍacteristicâ dâ realida_
Ll, r|! eslrutura da rcâlidade como tal, â realidade. para elc. ó sisiena.
,.,, rlrnr. ó lotalidade. eiláo, as peqas soltâs nunca signilicnm nada
N.slr scrlido, ele é urr anti-empirisra c a idéia mcsmâ de tàto pârà
Itrqcl scriâ uma idéia âbsolutamcnte insensata, porque fato seria uff
,lir(lo dos scntidos consideÍado aiomisticâncnte em separâdo de quâl_
(t er outr) A criticâ que eic 1ãz é que ncnhun dado consideÍado assin
sigrilicâ âbsolutarncnie llada; e que sempre quc nós cstamos alegândo
üIr lrto. nós esiamos subeniendenalo por dctrás dele todo un sistema,
(t cr dizer, nós náo olhamos parir um sistema de rclaçóes e concxôes
quc cstá scrvindo de chave para intcrpretâçáo c dc lundamcnto para
lcgitimação dessc làto. mas quc esse sistema esiá 1á, estál
Ele quando falâ e conceito verifica em prlmciro lugar quc cxiste
ulra clilercnqa lundarncntal entÍe os conceitos mâtenáticos c os con
ccitos ale quâlquer ouira coisa. Ele diz quc um conceito de qllalqucr
cntidade rratcmáticâ é scmpre lechado cm si mesmo e reflete a abso
hria imutabilidade do scu objeio. Por cxemplo, unl número, o conceiio
de um nÍLmero, o conceito do número 2. ou do número 3, expÓe ine_
diatanenle o conteúdo, o./ id, o sentido desse número. de tal modo
que esse núnero jamais se convertc cm outrc, não há jamais a pos
sibilidâdc de o númcro 2 ser 3 ou de unr quadraalo ser um círculo. E
clc pergünta: "Essa eslabilidade dos cntes natemáticos, que iá tinlú
sido constatâda e emitida por Plâtão náo é nem un dâdo da natureza
cxlcrlrâ. ncr)r un lãto dâ nârurcza exrernâ. poque vocô náo verifica
cslr pcrlcicáo nrâtcnráticâ cm lato ncnhum da ordcm externa, mas elâ
i rnbúnr pr)dc scr considerada meÍa invcnçáo dà rncnte humana,. Aí
vr)cc lcnr urra terccirâ oÍdem dc entidades que não sâo nem mcntais
(clc di7 espirituais, n1âs eu acho que o reÍmo é incxaio). ou culturais.
ncm nâturais. Mais tarde, Ednrund Husscrl lârá a mesma constataçáo
c chàmârá esses entcs de entes ideâis no sentido plâtônico dâ idéia.
qucr dizer, sâo formas que sáo indcpendentes de tod:r â rcalidâdc lisica
existcntc, mas quc não sáo dc maneira alguna incxistentes. clcs sáo
exislentcs, eles sâo rcais, eles tôm propric.iâdes reais que podcm ser
dcscobertas p€la mentc humana, dcscobertâs c jamâis invcntaalâs. isso
quer dizer que quândo você investiga as pÍoprjedâdes ale uma figllrâ
geonétricâ, por excmplo, não é você que cstá inventando a figurâ, elê
rcm uma série de exigências intcrnas que provam que cla iem uma
substancialidadc, clâ é algumâ coisa em si mesn1a.
Àdmitidâ â existônciâ dessas entidâdcs ideais, quândo vooê pode
cstruiurá'las todês nurn editicio lógicoperlêitamenie cocrcnte, que sc-
ria juÍamente a estrutura da áritmética, elâ é inteiramentc dedutivâ
e náo tcm furo, não tem salto ncsse edilício dealutivo. Isso quer dizer
que quando você está falando de objetos nâtcmáticos existe realmentc
umâ relâçào lógica entre o fundamcnro alegâdo, ou seja. a premissê e
a coisâ fündamentada, ou seja, âs conclusões. Enrâo, â relâçáo lógica
seria â do fundanenro pâra o lundamentado.
Ele diz quc quando nós abàndonamos a esltra dos entcs matemá-
ticos oü lógicos - â estrutum lógica seria tambóm desse tjpo
pariimos para o enâmc dos latos da natureza. nós observânros qlre nâo
existe umâ correspondência exaia. porque aquilo que na ordcm lógico,
nâtcmática era a relaÇáo do ftlndaDlento pam o lundamentaclo, ou da
premissâ para a conclusáo. se transÍoma quando fansposto pêrâ a
ordcm da naturera numa simples rclação temporal que nós dizenos
8
(Lt i,rrsrcctcilo Mâs nós percebenros qü€ entrc umâ causae unr efeito
,,l)ri,rvrtrl)s nâ naturczâ exisle um elo. mas nâo é un1 elo táo firmc e táL)
ir.\ortn,clquanto o dâ iundamcntaçào lógica. Vocêpodcmais ou nenos
i(l(irlil'icâr processos causais, mas cono houve ai a introdução das va_
riirvris tcrnpo e cspaço. então aquelas rclaEôes lógico matemáticas nâo
irt)i cccln na natureza nem com a nitidez, nem corr incxorabilidade da
1 LrÇro largico naienática.
I ALuno) : Seria nais prcbabilístíca?
Hojc nós lormülaríâmos âssilll. mas isso náo quer dizer que vocÔ
vai poder redlrzir â ordern nalural ao ptobabilisno. O que ele diz ó
rüis cxato, cle cliz que sinplesmcntc nào correspondc bcm Já na An
rigriidâde, Arislóleles iinhâ dito que o método matenático ráo serve
para a Íisica porque náo há correspondônciâ cxata enre a ordem mâ_
lcrnática c a ordem dos latos da nâturezâ. Nlais iarde sc acreditou que
hâviâ. Galileu Galilei diz: "Nâo... Deus escrevcu o livro da natureza
oom cârâcteres matemáticos'. E hoje se sabc que de làto náo é bcm
êssim, de faio qucm tinh râzão é Arisiótele!. Exlste um hiato entre
um mundo e outÍo) vocô tcnr uDra esirutuÍa lógico-matemáticâ da rea_
lidade. estruiura dentro da quâl a própria idóia de probabilidade é um
componente dcla. e em segujda vocô tcnl a realidâde manifesta, a qual
dependc dâ anterior qtl€ por suâ vez náo dependc dela de mâneira
alguma, quer dizer, as lcis da matemática e da lógica náo dependerr da
existência deste universo tal co o elc cstá constituído. E no entanto é
uma orden pedeilanentc real e eistenle. Levando isso em conta hoje
cm dia, se a gente sc lcmbrar disto hoje em dia, nós vemos que iodâs
essas discussocs sobre â origeff do cosmos. etc.. etc., sáo de um nivel
metafísico muito baixo porqüe nâo levân em contâ quc a estrutura
lógico-matemálica é prccxistente, independcntc da existência do uni_
verso colr]o tâI, c no entânto ela é âlgo. cia náo é um nada. O problemâ
.lâ origcm do cosrnos está vinculâdo, estí dcpcndcnre de uln ourro
problcnra nmito maior que é: qual a origcm dê esirurura da rcâliciade?
Náo da rcâlidâde anilcsta. mas da estrutluâ dcla. l\'lâs isso ai. você
exigir quc as pcssoas que discutcm o êssunto hojcj csses cosmólogos c
ató do tipo de Siephcn Hâwking e tal chcgue r a conccbcr isso issl)
cslá iâo acirnâ da iDaginâçáo dcles quc ncln cnir.a enr linha do contâi
isso qlrcr dizcr que essas abordâgcrs baixar.rm para um rnateriâlismo
pucril, um nraterialisuro de criançâ
l\lutrr): Os lefiônrc as da naturcza el1úo peb latc) (le eles pas
sarcm por essas duas |It]idüeis eLes nào têfi a fiesma petleiçAa dos
Íe ômenas tnatenálicasl
(.4luna): Essa pe4eiçaa... aacê usou ale m Íetmo aí que.._
VÊt,.I r.l',.à., dc.l-.,'i qui or.uâ\ frer i\.rt \..8U. nácon.r
qüência ncccssarianente. ao passar para o proccsso espâço temporâI,
cla se convertc num tipo de succssáo que náLr é cxatamcnie assjln, quc
não lern essa incrorabilidade.
l^luna):VoLê nàa ca segue isalat as cÍtüsas exatas que dAo tul eÍeito
Náo. náo é só quc você náo conscguc isolar..
(Aluna): Não exisle..
Náo conseguir isolâr seÍiâ umâ dcficiôncia do nosso conhcci rento.
(/\lLtnL)): Não é passíüe|...
Náo. mas nâo a possível, isso 1ãz pate do modo dc cxisiô cia da
naturczâ. ela nao scr rcclutível à plrra lógica maiemáticâ Elâ cstá
colocada dcntro do quâdro dc possibilidâdes dclincado pelas relâça)cs
lógico'm.rlemáticâs, mas ela náo o rcprodLlz perfeitamcntc, e\jste
uma convcrsáo. â reiâção fundamento lundaffcnrado se iranslorma
l0
lLLLirl sucessáo tcmporâI. Porqüe i,ocô iem além do elemento razão
{ Ic scria â eslrulura lógico-matemálica, você tcm a inlroduçáo dc
rnrtfi)s clenentos físicos que nós châ]nariamos. por eremplo. ldcl
ii,rqa. energia. etc., etc.
Comparado a esses existlr um lerceiÍo estrâto que é o que nós cha_
llrâriamos mâis propriamente lde] o reino da mente ou da psiquc, mâs
quc cle chamâva ldc o reino do espÍito, no quâL as chaves dos outros
dois mundos anieriores. qucr dizer o Drundo dâ razâo e o mundo da
nâturcza. âparecem sintetizÍtdos. [le diz que no mundo da mcntc o
moiivo de u â ação é aiorqa que a dctcrmina, é â suaverdâdcira cau
sa. quândo cu decido lazer isto ou âquilo aí está lembrândo n1âis ou
nrcnos o Fichle, qüe o cu se determita â si mcsmo livrenrenie. quando
o clr ton1â umâ dccisâo, eslâ decisáo é ao mesn1o tenrpo a cxplicaçáo
que ele dá para si nesnro, é a justificaçaro do seu âto c é a verdadeira
causa do ato. Enião, o clcmento l'orça quc haviâ na nalureza e o cLc_
mcnto razão que havia no lnlrl1do lógico'matemálico apareccm unidos
irsepaÍavclmcnte. lsso quer dizcr que ele vê entre o mundo dâ razáo
lógico-matemática e o mundo da natlrreza e o ffundo da menle uma
cstrutlrrâ dialética como aquela que Fichte tinha âssinalado. Você tem
Llma tese. uma antítese e uma sÍrtcse.
(Alu a): Se a rerdadeita causa de aLguna coisa é a decisão de
uecutá1a. isso setia a caüsa tínãI {laqüele eüefito na íerminologict
da Aistóteles. Nào é? Então. eLe esÍatia assin rcduzindo as ouÍrus
uusas díze do que eLas são nodas da causa Íinal?
Olha, para cle, causâ linâl e causa cliciente não tôl1l a mâis míninra
difercnça, cntào...
(ALufio): Pata ele. qüen?
Hegcll
1L
Essa distinÇão no sisrcmâ hegeliano náo laz scntido porque se eu
decidi âlgo. bon, eu no momento efl que eu.iccidi estou vcndo esse
algo como finalidâde. mas aconiecc que estâ finalidade iá é câusa eli
ciente do mcu ato naquclc mesno momento. euer dizer superar ossa
disiinção é uln dos moiivos dâ existênciâ do sistema de Hcgel. NÀo é
prcciso dizcr que tanto o começo dâ filosofia dc Hegel quanro vários
dos desenvoivimentos inrcrnos que ela tcm são obms de puro gênio, é
assim mâjestoso mcsn)o. E é aqücle negócio qtle assinala o Voegelin.
ele é uma cstranha mistura de ulll filósofo autêntjco e Lrm dos gran
dcs filósolbs que a hunianidade já produziu com um prolerâ gnósiico
auto-di!inizado. E como diz o Voegelin, os dois existem realmente, os
dois aspcctos de Hegcl e)ristem reâlmente e eles náo pâram dc brigar
um com o olrtro o iempo todo. Outro dia, nós lemos o iexio do Vocge
lin sobre o Hegcl onde ele mostra bem essc aspecto gnóstico e eu estou
insistindo hoje no outro aspecto euer dizer Hcgel como um filósolo
de verdade, cntáo. estâmos aí mais iniercssâdos naquilo quc clc nos
dcu de verdadeiramente útil.
Essa disiinçâo desses três cstratos de rcalidâde pârecc assim intei-
mmente válida. E quando ele coloca entÍe elas unrâ Íelaçáo diâlótica.
clc esiá certo náo só logicamente, mas tambén está certo historica-
mentc, eslá cerlo tcmporâlmcnte Porquc é fácil você pcrceber que a
eslrutura lógico natcmática do univeso é uma cstruiurâ de possib;li
dades que independem dâ manilestaçáo de qualqucr ümê delas. euer
dizcr, a existência desie univcrso coDr a sua estrutura lisica presentc
náo dclerminâ â estruiura lógico-matemática, mâs ao contrário. ele é
a realizàção de um coniunto de possibilidacles dentro dela. Mas jsto é
para as pessoas €nlenderem que o univcrso fís;cL, nào ó u ra realidadc
inicial, ele nAo é o começo das coisas. Origcm desle cosmos ó unla coi-
sa. origem da realilâde é outrâ complctamente difcrenteQuer dizeÍ,
qLlândo nâo cxistia nada, nadê: eu digo: esperâ âi. a possibiiidadc es
r,,\,r i*ilrruftda, cla náo erâ ânárquica. antes da criação do cosnros iá
,1, r rris dois nào dava cinco. lsso estava pcúêitamente detcrrninado,
1.,,r,!) v()ca poderia dizer: bom, eniáo, nós tcmos âqui ulrra cstruiura
rr i,)rrlquc ó independentc detempo e poúanto ela é eterna Daívocê
r,'r r r círuturà da eiemidade. E a esirutura dâ eteÍnidadc é a primeira
r{rLlidndc evidentemcnte. Acontece que cssa estrutura da etemidâdc
ii,,,'r I l"dq\ a. pn.-ioi idrde. qu. .. nrd ile.rdran no r(rnpu. náo.
,l.lfllninada por nenhumâ delas. c se contém todas as possibilidadcs
,tlle sc rnaniÍestam dentro do campo dâ realidadc cosnicame|tc cxis-
Lortc. não há nada que exista ncstc cosmos quc nâo esteja contido na
rslrutlra da possibllidade. Basta isso parê você vcr que a hipótcse de
1Ir desenvolvimento aleatório dâ realidâdc ó âbsurda in limine, náo
prccjsa nem continuâr porque se nàda ei{isic no cosmos qlrc não esteja
(lcntro da cstrutura dâ possibilidâde, e se a estrutura da possibilidade é
or'gânizada iniernainente. eniáo, a razâo preexiste à rcalidâde, o /-ogos
prccriiÍc à reêlidade, ou 'no princípio crâ o Verbo',r náo pode ser dc
Agora. âs pessoas que discutem csse âssunto hoic são de uln pri_
rnârismo lal quc nâo são capazcs nem de chegar âo mínimo conccito
rnctal'ísico. einborâ eles tenhâm uma neiafísicâ implícila. eflbora o
simples lêto de o suieito usâr dc instrumentos matemáticos para es'
tudar isso está afirnlando â ordem natemático_racional preexistente e
cstá atimrândo a existência da ordem lógico_matenálica etcrna e não
percebe que cstá iaze.do isso. À hora em quc o suieilo lez uma conia.
o lisico que fez unâ continha pequenininha de dois mais dois. eie já
está afirmando isio.
Entáo. â disiinçáo dc Hegel é pedcitânlente válida. quer dizer. exis-
le o nrundo dâ razáo. cxiste o rlundo da natlrreza espaçotemporal c
Ioio l:1 Li,.ifri'ir ô inrq, rri n ió1or ri', ncÀr trn' iIó', («i o.iri ir a idÍo!
(h prlncipn, loL verlrun, ct lerbr er.t apud Drm et Deus .rat \!rhunl)
tl
cxisie o nundo dâ menie humanâ ou o mundo do cspírito como ele o
chama que de fato sinietiza os dois. Se náo sintetizasse os dois, nós
não seríânos càpazes de dizer isso quc cstamos dizendo agora. Eu
posso peÍceber islo porque o mundo da minha mcntc sinictizâ os dois
anteriores, ele nâo sintetiza quantitativamente, claro. porque para isso
eu precisâriâ corhecertoda â estrutura darazâo e todo o univeÍso, mas
funcionalmente ele sinteliza, quer dizer que o modo dc cxistência da
mente humana é um modo que é diie.ente do mundo lógjco n1âtemá
tico e do mllndo da nâtureza. E âí Hegcl cntáo tem o primeiro modelo
do desenvolvin1enio dialético.
Acontccc quc com base nisso e,e lança uma hipóiese, uma segun'
da eiapa, essa etapâ é lógica, náo é ctâpa cronológicâ, seria a idéia de
uma históÍia da consciência. isso quer dizer quc a consciôncia humâ-
na náo nascc prontâ. O eu, como já linhâ visto Fichte, se consiitui a
si nesmo no conlionto com aquilo quc nâo é ele. no conlronto com
aqueles elementos estrânhos. perânte os quais clc se define. Quer
dizcf vocô tcm primeiro um eu absirâro. O qlre é um eu abstrato?
E â simples possibilidade de ter um €ü. Qrândo nasce. todo lnundo
já tem isto, ou seja, você tem um eu de direito, mas náo teff de faio
ainda; para que este eu se consliiua de faio, vai ter que âcontecer cn-
tre ele e os elcmentos opositivos. que no lundo nâscen dele mesmo.
uma Íelêção parecida com âquela quc cxistc enire â ordeÍn da rêzáo
lógico-matemáiica e a nalureza.
(Alu .r): Isso. HeEeL esü pensand.o'?
É, cu cstou tentândo traduzjr n1âis ou nenos o que ele diz.
(ALuno): Quer dizet, o eu de lalo é o subcaniunío do eu possibiLidade?
É, por um lado. é o subconjunlo, mâs, por oulro lado, o cu-possi-
bilidade só cxistc como possibilidade. ele náo é eleiivàmente existen-
l+
i. lrlc cxiste como possibilidade, não podc dizcr que ele é üm nâda.
llle cxislc como possibilidade, nras pâra ele se iornar clciivaDlente
r\istcntc. clc vâi ter que exisiir onde? No espaçotcmpo Pâra isso ele
! i tcr que integraÍ el€mcntos que lbe são estranhos. Mas de ondc clc
vri liràÍ esscs clcmentos que the são esirânhos? Dele mcsn1o, porque
nro cxistc outrà coisâ a náo ser ele, como iá tinhâ dito !_ichte Isso
qucr dizer que a história do eu eietivo, o cLr reâl que nós temos nL)
curso da üossa vida, é a hisióriâ dc uma auto constit iÇáo quc se dá
p()r um processo dialético...
(Att1t1O: É a passage tl| potência paru o 4lo?
Sc vooê quiser explicar cm termos aristotólicos, sim. Mâs é melhor
(Aluna): Por que ten esse dado do eu e o nao-eu? O qúe surye daí?
Náo, você lem o cu abstrâto, vai passâr parâ o eu concreto. Para
o cu âbstrÂio chegar ao eu concÍeto, clc vai se lazer o quê! Elc vai se
negar, ou s€ja. cle vâi colocâr um clcmento opositivo.
(ALütla): Esse eu da opasiçao é o eu t)bstrato, etlÍao?
E nâ horâ en1 que elc colocâ â suâ própria oposiÇáo. nahora em quc
clc se nega, ele vai cm seguida chegar a uma integraçáo na qual aquilo
que ioi colocado como opositi\,o passa novamente a serpartc dele, mas
âgora de uma manciÍâ difcrcnciadâ, já nâo é mais â negâção em bloco.
Entáo, você vai lazcr umâ espécie de âcordo entre o seÍ e o náo_ser
Ele diz lqu c] se você pegaÍ u m ponto no espaÇo.. . por cxemplo, você
lern o conccito de ponto. o conceito de ponto é pcrfeito en1 si. Agora.
quândo vocé o coloca no espâçoi o que é um ponto senáo â relaçáo que
eie lem com todos os demais pontos? Porque entre um ponto no espa_
li
ço e o outro ponto não teff nenhurnâ diferençâ quâlitativâ. Essc aqui
é um ponto. esse âqui tambérn ó um ponto. Náo é isso? EntAo. como é
quc vocô sâbe que Lrn1 é um e que o outro é o outro? Só pclas relaçoes
deles. Vocô tcm, por um lado. a definição, o conceito de ponto, quc é
perfeiio enr si, e que náo requcr ncnhum outro ponto.
(Aluno):A deÍiniçAa de panb nAo é enfutlçaa (le lutlw. de plano
e a de l.inha en Íunçâo dos pantos?
Náo, náo é definiçAo. lem un1 conceito iniuitivo dc ponio.
(41úno): Conceíto?
Conceiio irtuiiivode ponto, que é aquib quc náo ocupa nenhum lugar.
(Alu no) : CanceiÍo intuit iao!
Pa'i qu( "lto iio uLup( r'inlrurn luga. nân. re(e..ario que ne
nhun outro ocupe âlgun lugar Mas acontece que o conccito dc ponto
é pe eito em si, â noção de ponio que você tem é auto,suficicntc. Mas
quando você passâ disso pâra â cxistência real de ponios no espêço.
nâo tcm ncnhuma diíerença entre ull1 ponlo c outro ponto â não ser
â relâção cntrc clcs c os denais, quer dize! o lugar que clcs ocupaÍL
Bom. o hgar (as posiçôcs quc clcs ocupam) não 1àz parte da suâ de-
finição; e no entanto sem elas, ele náo podcria existir, não poderiâ
ser distinto dc um outro ponto. A pâssagen do eu abstrâiô para o eu
concreio é do mcsmo tipo. Embora o elr em si sej;L auto-suficicntc. clc
seja um dâdo inicial dâ realidadc como bem viu o Fichic. alr passar d.r
mera possibilidade âbsirata parâ â eistência. neccssita dc vários não-
eus em face dos quais clc se define. ele se plrsicionâ. E quando vocô
tiveÍ no iim o eu completo c rcalizado, você teÍá o quê? Uln sistema
de rclâçócs c distinçÕes entÍe o eu e o nâo-eu. quc ó cxâiamenle o que
constitui a nossâ pcrsonalidade adulia.
l6
l/\Ltoto): E o ponÍo'?
Unr ponto que tivesse intcgrâdo em si através do lênômeno da
r,nrsciência. o conhecinenio das suas ÍelaÇões posiciLrnais coln outros
|orÍos, ó o ponio que sabc onde eslá.
(^Lunã): O exe plo do panto é mtlilo didaitico, mas só que 11ocasa
ussim o eu setía ufi ponlo.. e o tlAo eu setia um aulrc ponto
O náo eu scria um outro ponto.
(Alu a): Só dá paru aplitaÍ essa rcqv para os próptios ponÍas-.-
Como'l
(Aluna): Não eriste, un pa to úao pode set o eu!
Nâo. mâs a idéia dclc é precisamenic cssal
(ALuna): É? Qúet dizer, Eeoneticane te... parque SeaneÚica-
/nentt naú t , i,tp lile)ctt\o ?tltt. ufi fant.t p --
Mas esse é uln dos segredos do mórodo dialético. No ffótodo lógico
você vê quc uma afimlaçáo. umâ seniença. umaproposição implica
outras proposições e você por processo ânalítico vâi lirando â dcdu_
Ção dc dentro dela. No método dialético nâo é bem êssirn, no método
dialético quando você coloca um conceito. esse conccito úâz em si um
problemâ, clc náo traz só as suas conseqúôncias lógicas, ele traz um
problcmâ; \.ocê vê que o ponto iáo logo vocô o deliniu, você diz: "ah.
cssa dcfiniçáo, cla é conpletâ eln si mcsmal ' Sim. só que cla depende
de outras coisas, ela dependc de coisas que náo sâo o ponto Se você
diz lqucl um poito é âquilo que náo ocupa lugâr no espaço, você iá
atclor prr" Jrâ'.ni.a.: ltExr e e.1â.n u l-!,f ( e'prc. ráu \iu u
ponto. Da dcfiniçào de ponto você náo tem só implicâçÕes que vocô
pode exirair de denro dela por análise lógicâ você ien conplicaÇõcs.
l
17
I
I
Flntáo o mótodo lógico tirâ dc dcnt.o do conceito âs suas inrplicâçôes
O nrótodo dialético tira de dentro dele o quô? As suas complicaÇóes, os
seus prcblemas. Ulll conccito se complica em outros conceitos Qucr
dizer a .lialótica é essenciâlmcnte uma arte de iiclar com problenâs.
Entáo. yocê vé quc o conceito de ponto. tão logo deiinido o ponto, ele
tcm unrâ cclta auto suficiência. ele l1ao dependc dc outras coisas, mas
acontece quc dentrc do próprio conceiro vlrcê tem clcmentos que náo
são o ponto. E tudo o que você defina na nâiurcza ó assim Qrcr dizer,
ctlda concciio relerente àrealidade ten1 uma complicação Éporissoquc
subneter o sujcito a unla dieta dc Idealismlr Alemâo ó absoluiamente
fundamental para â folnlaqáo filosarfica. Por exenpio. essc pcssoal todo
qLL fi.à J,.cLL r Jor..sa qI.. âo ue eruluri,,ri5r rô e..rie(iuni.m,,
eu vejo quc náo há pensaDrento diâlético nenhum Qucr dizer é âquele
r c.rri.i.r.lu lô!ic4 \o(! r(m 'rqui .\ol. .ioni.n u c . riac', I i. I'u eu
digo: bom. de carÂ, se você csludoo um pouco dc Schelling, HeÍ{el. tal,
você vai tratar dialeticâmentc isto. De onde você tirou este conceito.
por exemplo, dc cvolucionismo, ou o conceito de criaciorisrno? Esses
corceitos sáo âuio-suficientes? Se você cstudou dez páginas dc Hêgel
ou de Schclling. \,ocê entende quc esses conceiros não são âuto sufi-
cienles. imediâtamcnte. E se você cria um conceito quc cstá cheio de
complicaçóes intemas, cntáo, êntes de podcrverilicar sc emplricamen-
le csse conccito funciona ou não, \,ocê iem que âcabar de elâborá-lo
dialelicâmentc pâra locé sâber o que você vai verificar na reâtidâde.
Vocô náo pode partir pâra as verificaçôcs cmpiricâs la pârrirl de um
concciio que está todo cncrencâdo dentro dc si. Você n,ro podc làzcr
isso porque essc concejto está chcio de anrbigüidâdes.
Co o o pessoal náo tem treino dialótico, eles lentan sc livrâr dâs
ambiguidades tornândo rnais precisâ â definição. N{âis precisae dando-
the uma cxprcssão atenática Eu digo: ras escuta, mâs a prccisão de
um conceiio é apcnâs a possibilidade clo seu reconhecimento verbal
lll
tx ir unrâ outra pessoâ qlle ouve. lsso náo tem nada a ver com â consis-
lrncia rcal do objcio a que você está se relêrindo. Se você está usando
r) r(nrccito pâra se relerir a âlgo de real, então certamente o conceito
lcrr complicaçôes dentro dc si. ele sernpre tcm. Enquânio você náo
e!tlrliu de dentro dele o conjunto das suas conplicaçôcs, entáo você
riro lem realmcnte o conceito. Este é outro ponlo fundâmenial. a con_
(tuistâ hegclianâ é inorredoura. Do coiceito sai o sistema, quer dizc!
pela sondagem diâlótica do conceiio. você vê que um conccito, um
rlrico conceito implica um sistcma inteiro. Então, cnquanto você náo
plrxou de dcntro do conceito o conjunto dâs suas complicâÇóes dialóti-
cas. você náo sabe do quc está lalando. É claro que se fossc parâ elsâs
discussócs mesmo terem alguma estruturâ científica real. o pÍimeiro
pâsso ó essc aqui. O primeiro passo de loda ciôncia é de ordeÍn mctafi_
sicâ. você vâi pegar os conceiios e vai tirâr âs complicaçóes dialéticas
de dentro delcs. Mas hoje em dia as pessoas discutcm c náo sâbem nem
issol O quc cles esiAo lazendo nào é científico. Por exemplo, eu acho
quc todo esie debate, criâcionisno e evolucionismo, náo é cicntilico
dc mâneira algüma. Náo cieniífico no s€ntido eminentc da palavrai é
cientifico no sentido convencional. qüe é puramente un1â questáo de
r cgulamento univeÍsiiário.
(ALutla) : De lin\üaeem!
Umâ questáo de linguagenl
(Aluno): TrlLtez até ideoLóEíco, hoie en dia!
E totâlmente ideológicol
Mâs agora se vocô úeirlou urn pouquinho de Fichic, Schelling e
Hegel, você já cstá vâcinado contra essas coisas. o sujeito là1a o con_
ccito, você já \,ê que tem LLm monle de complicâçAo dialética. mas é
instlntivo vr)cê ver isso.
l9
S( voca Ii() tcnr o conccito dialcticamente clesenvotvido. você tem
lnllentc r) quc Hegcl chamaria [de] o conceiro abstrato. O conceito
tlhslrato náo podc ser âvcriguâdo empiricamente porque ele náo ó um
conceito de umâ realidade. ele é uln conceito de uma possibilialade
abstrata; umapossibili.iadeâbstratasópodeserdemonsiradânoplano
lógico-matemático, náo empírjco.
O que os caras estáo fazendo é o seguinie: cles fazcm um con
ceiro abslmto lógico-matemáiico e tcniêmvcriticá-lo empiricamente.
O que aconiecc? O que acontcce é que existe um paralelismo entre
a ordem dos conceiios e a ordem dos faios. Mas não que existc um
âjuste perfeito Cofl base nisso, vocé nâo pode provar nada nunca.
Se você náo pode provar nâda nunca. o quc aconicce? Depende do
nínnero de sinrulacros de comparâçâo que você âcha. Se o número
Ior grânde você vai dizcr que aquilo é veidadciro. E se for pequeno
você vai dizer que é falso ou inprovável. E é isso que os caras estáo
chamando dc ciência hoje.
(Aluna): Qüe é prcbabilidade estaÍísÍical
MeÍa probabilidade estâtísiical E se contentâm com isso. e âchám
isso lindo. Só que isto náo tcm nada a ver com Íeâlidade. É impossivcl
\o.,ê.preenocrquJlqucr reilidaoepur.!je merô
Veja que Hegel náo é nenhum cretino, só de tcr clescobe{o isso e1r
digo: ele sabe o quc é ciência e as gerações seguintes pârece que pcr,
deram de vista ist(J
Nenhun conceito âbstrêto pode ser lerificado empiricâncnte de
inaneirâ algumâ, só o conceito dcsenvolvido dialcticamcnie.
(Aluna): O que é àese üohtido dialeticamefite? Isso que elt
20
l/rlu a): É depuú(lo?
Náo. náo é depurado. Depurado seria o processo lógico de formali_
lrcrio do conceito. Mas um conceito mâl formâlizado ou bem formâli
/irdo a âbstmto do nesn1o modo. E se ele é abstrato, clc só corresponde
rr rlgo na ordem lógico-racional, runca na ordem do fêto, na ordcn dâ
Lrturozê. Entáo, como é que você vai vc ficá'lo na natureza? Nuncâ
'.,i , ufl e'pondcÍ n( n dei\"r de cor'.spunder l- 
pnr')sn e"" d.*u5'ao
(lc cvoLucionisno e anti-cvolucionisnro, isso é exemPlo caractcrístico
(lisso. Onde você procurar indícios de uma coisa você vâi cncontrar e
ondc procurar os da outra tambóm vai encontrat
(Alufio):lssa acantece a Íísica olôníca, haje...
Clârol
(Aluna) : O pessoal laz una teoria di.endo Ílu e exísle taL patícula. ..
a parÍícula que aoci inüefiLat ela aai set...
Clarol Vai haver indicios de que elâ e\isle e outros indícios de que
clâ náo existe. E iío náo vai ierminâr tão cedo. Como o prolonga'
mcnto dessa discussâo dá emprcgo para nuitâ gente e sustenta veiba
universitáriâ, cstá bom, ninguém querresolver esse problema ião cedo
PoÍque sc resolver, se chega um Hegel lá e diz: "OIha. isso aqui náo vai
dar nâda. lal, eniáo, vamos parar. náo ó por âÍ que nós temos que ir".
Você passaÍia uma nâvâlha de Ockham nà inslituiçáo universitária e
sobrâria nuito pouco ali
(Alutlo): E camo é que setia a dí.l\étíca do coficeiío'?
Qualquer conceito implica um problemai porquc a definiçáo de
lLuâlquer coisa apela a outrâ coisa. oulra coisa que náo é elâ. Quais
sáo as relaçóes prccisas enlre o obicto conceiiuado e o scu contrário?
Àí você vâi cxplorândo isso diâlcticâmenie. Por exemplo, as relaçÔes
?).
entre a noçào de ponto c â noçáo de lugâr, â noçáo de ponto c a noção
dc cspâço: quer dizer você teriâ que descnvolver o sisiema e dentro
do sistema os conceiios começên a fazer sentido, mas elessozinhos
náo làzem; agora sc você pega um conceito náo desenvolvido dia-
lcticamente, entáo, você tem apenas nomcs, na verdade; nomes de
intenções c nomes de intençóes de significados subjctivos que corres-
pondem â possibilidadcs abstratas, n1as que náo sáo realmcntc con-
ccitos de coisas, conceilos de entes; e sc náo são conceitos de entes,
entáo, a vcrificaçáo empírica deles será apenas a vcrificâçáo de um
paralelismo entrc duâs ordens. a oiden lógico-natemática c a ordem
da sucessáo espâço-temporal; mas acontece que como se trata apenâs
de unl paralclismo, náo de uma correspondéncia rcal. você nunca tem
o en{:aiae verílád.irô
(ALuno): Nem analoeia?
Você só tem analogia, na verdade. Vocé está estâbclcccndo uma
Íelaçáo analógica, por isso quc cu digo que tudo isio é mítico.
(Aluna): Como é que isso que a sefihor d.isse se ítaàuz na pútica,
o conceiLo de etolucíonismo e criacionísfio?
Dialeticamenie laqa o seguinte esforçor tente conceber um evolucio-
nismo scm criacionismo ou um criâcionismo sem evolucionismo. Qual,
quer um percebe que um dcsscs conceitos traz denlro de si o ouiro.
(Aluno): Não percebi, náo...
Bom, Deus criou o mundol Ele criou tudo como está âgora? Nàoi
Não é possível isso, senáo seria a ncgaçáo do tempo. Se você esiá 1ã-
lando de uma cÍiaçãoi criâçáo significa o seguinte: o começo do tem
po. Eu digo: bom, se o tcmpo teve um coneço, o que haviâ antes do
iempo? Náo pode ser um antes tcmporâI, tem que ser um antes eterno.
lirtlo, sc você já lâlou dc cvolucionlsmo, criâçáo. você já está falando de
cntrâdâ no tenpo c de processos tcmporâis. Se há proccssos tenporais,
signilica quc as coisas não cstào colno eram, sillnificâ que houve trans_
lormâçócs, e o número dc translbnnaçôes quc podem ler havido ali é ili
Lllitâdo. Àgora, falamos de evolucionismo: eu digo: muiio bem, quando
começou a cvoluçáo? Comcçou no nornento cm que tinha lá. .
(Aluüa): O BiE Ba 8?
Bom, você põe no Big Bâng, você pÕc na origem dos.. sei 1á...
Ia origcm dos seÍes vivos. Sempre vâi tcr um antes. E essc antes é o
quô? É o que Hegcl chamâva ldel a razào, a esirutura lógico mête-
nráticâ da possibilidade. Eu digo: mas a estrulurâ lógico-matcmática
da possibilidade náo ó ulll nada, ela é uma realidêde Entáo. eu nao
consigo conceber um conceilo desse sem o outro, clcs náo são autô_
no os dc mêneira alguma.
(Atutlo): Mas na aetilacle ele está lakfida da qiaçào das espécíes
Náo resolve absolutamente nadâi Você âcredita rcalmente que
cspécie animal é umâ reâlidade? Você está falando das espécies ani_
mais como sc clas lossem enlcs. Você nuncâ ouviu falaÍ da navalha
de ockhan?
(Aluno): O que é?
A navalha de Ockham é assim: a gcnte pega os conceitos uni-
vcrsais. raspa-os c você vê qlle em grande paÍie esscs conceitos uni_
versâis sáo criaçáo da mentc humana e nâo rcalidades. Está cnten_
dendo? Eu digo: espera aí, o conceito de cspécie animal aparece no
século XVlll, elc ó complicadíssimo, o conceito dc espécie animal
no seniido biológico atual âparece no século XVIII; quando aparcce
lCl'à csl D:fwin. Darwin já não sâbc n origcm.lo concciro dâs cspé
cics. náo sabc os proccdimentos lógicos que ibram leiios par chcgar
nisso. c ele está iratando a5 espócies animais como se lbsscm entes.
Segundo: qual é a distürçáo entre uma espócie e ourra? Ondc termi
na uma, ondc começâ ouira? Nós até hoje não sabemos isso direito.
Eu digor mas se você nâo sabe ncm o que ó â cojsa. como é que vlrcê
csrá discutindo a origem dclâ? Entâo, tudo isso é dc urna inabitidade
fi losólica assirn absolurârnentc nronsiruosa.
ll vocô vê qlrc o método diàtétjco desscs idealisras aleDrãcs é ab-
soluiamcnte lundamentâl para o esclarecjmcnto .listo. Na medida em
!uc pegâ cada conccito absirâto e diz: csperâ ai. cste conccito tenl ulna
complicaçáo, portanto. o conceito abslrâto só se tornârá num conceito
concreto, rcfercntc â coisas reais. sc você esciarecer essc conjunto das
suas complicaçóes. dos seus problernas, armando em rorno alelc um
sistema. Só o conhecinenio qlre scja organizado cm sistema ó verifi-
cável, o rcsto náoi o resto é mera possibijidadc abstratâ. E depois vocé
vcriicâr empiricamcnte uDra possibilidade abstrata lâz-mc rir Nâo iem
jeito \iocé só vâi p0dcr provar se aquilo ó nratemaiicâmcntc possivet
ou rnatcmâticanente inpossivel. agora se aconteceu ou náLr. iamajs
sâbcrcmos. 'Ah, Dras daí nós cntramos con raciocinio probabilisiicol,,
Í'udi.n bun. r\ro I r.. n q\iirô qLL \uccrri (u-ieguir ago.ar pr^-
babilidadc que você obtérn dependc do universo de cienentos veri-
ficados. vocô aumenia un1 pouquinho, a probabilidaclc â1rrnentou oLr
diniinuiu. Entáo, sigrifica o seguinle: o que eles estáo chanrando dc cj-
ênciê ó empurrar conr a bardga e nnnca sâber nadâ. cralamentc conlo
está na Bíblia. que no filn dos tempos haverá pcssoâs que aprcndcrn,
aprendem. aprcrdeln. c nunca sabem nada 2 Ou seja. isto, aprendcr.
aprendcr, aprender, e nuncâ sâber nâdâ, virou o mótorlo cienrífico.
V)cê vê para que quc scrvc o csiudo de Hegel. Se desse um He
fc pnrâ o Chêrles Darwin ler, ele já de carâ diria: "Bonl, isso aqui
fro. a ninha teoria pode ser quanto podc nâo ser e a teoria oposta
(Al.üt1a): Essa disÍiLçáo que é lundamenÍal ente o catlceil.o abs-
ltatlo e o catrceito desetlaakrído dialelicame le que setia o sisÍet a,
quü di.er. o conceito dese úbido diaLeticanente íá se ide titíca
cotn. . é o ptóptio sisíet a...
O conccito ó o ponto no espaEo c que integra ern si... clc nâo tcnr
s(i â sua definiçAo abslrata, ele tem o scu lLrgâr c o seu coniunto de
rclâçócs com os outros pontos.
(Aluna ) : DenLrc da rcalidade. .
(ALüfia): Oü seia, as rc/etênLias que estão conÍid.ts tM deÍit1içao
(leLe já estão situaàas aLi...
Estão c0ncretizadasl
(ALuna): lá esÍào dentro de un lodo...
Istol
(Aluna): Peteito! Só qüe nesse fioneüto a gente ainda está ía-
lando do Hegel acrediLatula que só o sistetna tem a aefiade. a siste
na lilosólíco, ou o Bente já está falanda da sislefia no geruL? Pory ue
tuú laLou qüe nao se apliüL sone.nÍe à líLosalia, potque se losse
sofie le à ftLosolia..
Nãol Para clc nâo existe elsa disiinçáo do lilosólico e do cien'
tífico, náo existe. Isso é ciênciâ. Nâol Isto ó. filosofia é ciência em
(Alu a): llas pan ele enl.ro ÍilosoÍia é a próptia rcalitlatLe'l
Mas ó claro qlre él Ou clâ é isso ou elâ náo é nadal
Agora, âconiece o seguintcr cssâs descobcrtas de Hegel sáo tâo ffâ-
ravilhosas e táo grandiosas que eu âcho que ô glória subiLr à cabeça. Ele
diz: 'mâs sc cu sei disso âqui. eu devo ser Dcust', Nlas à dcscobcria é
fântáslica. é marâvilhosa.
(Aluna): Esse loi Lm dos pimeias passos de Heget_._
Unl dos primciros passosl ,á cstá na "l'enomcnologia do Espírito,'.
O primeiro grande livro dele, ele tinha t rta e seis anos quândo escrc-
veu Hcgcl sabia o que era ciência, ele sâbia o que era conhccimenio. E
quando você confronta iudo o quc vcio depois com HegeL, vocé vê quc
as ciôncias da naturczâ não percebcranr o que ele disse, continuâran.
Quando fonnulâm o método científico, Claude Bemard com o método
da fornulaçáo moderna do méiodo cienrílico ignom rualo isro aqui.
eniáo, â ciênciâ continuâ inventando conceitos abstratos e quererdo
verificáJos empiricancntc, o que nuncâ dá certo e também nunca dá
lolalnlentc crrado. por definiçâo. Porque é âssim: con un1 pouquinho
de Hcgel você já pcrccbe inediatamentc que será assim. Você nuüca
vai provar que é verdâdciro e iambém nuncâ vai provâr quc é falso,
hêverá probabilidades eDr lãvor disso. probabilidades em lavor daquilo
e o âumenlo ou diminuiçáo dá probâbilidâde dependcrá. ou seja, lerá
Lrma variaçáo conlbrmc o üniverso estatístico abrângido. Uma coisa
será verdadc sc considerâdos tantos elementos, deixârá de servcrdade
sc considerados outros elenlentos, c enfirn jân1âis sabcrenros se qlrcm
gânhou a cleiçãoIoi o George Bush ou o lAlberil Gore. Mais ou mellos
assinll Está cniendendo?.
Ou scja. Hegel já sabia disto, já sâbia que o caminho da ciência
náo podia scr cste, nlâs acontccc que no campo das ciências naturais o
2.6
t)cssoal esqueceudisto. E a idéia de totalidâde e de sistemâ ó absoNida
rnrdc? No campo dâs ciências hulnanas. exclusivanenie: com Marx.
Iirlão, você terá ai a grândc glrerra do último sóculLr e nreio. quc você
Lcrn umâ ciência positivista e. Por outro lado. ê ideologia mârxistâ. Sáíl
dois nronstros, Leviâlã e Behcrnoth. E qualquer discussáo equacionâ_
da nos tcnnos de qualqucr um desses está errada. Quando você pcga.
por cxcmplo. esses críticos liberâls do malxjsmo. tipo Kârl Poppe! no
scnrido critico, tudo o que eles dizcm contrtL o Inarxismo é válido; só
que dizerr cssas coisâs válidas cn nome de premissas absolulamentc
irválidas. Então. o marxistâ faz a mesnâ coisa conl eles O marristâ
!âi olhar tuclo isso e dizer: 'Náo. ludo isto âí é pura ciência.. ó puro
discurso âbstrato, que vai separar o universo dos conccitos da realidâ_
de. quer dizcr. é o âbismo kântianoi temos aqui o mundo clo discurso c
(cmos lá â coisa en-si. ' E o narxútê estârá ccrto de dizeÍ isio
(AIu a): Pot quê?
Porquc é isto mesmol
(Aluna) : Di1et ísso en l eLação à ÍiLosofu:t he+eLiana?
Náo, náo, nãol Em Íelaçáo à tradiçáo positivista. O posiiivisra só
lida colil fcnônenos Mas cu digo: mas escuta, sc vocé só lidâ com lt_
nômcnos, ou com aparências. e não lcm a coisê enl-si, vocô pode pros
scguir indefinidamente iorna do a coisâ câda vez mais precisa, cada
vez mais prccisâ, cada vez mais precisâ. e nunca vai chegar a nadal
(Alüt1tl). Eo ma eista?
Fl o nârxisia? Bonl. o nrârxistâ tem a idéia dâ toialidâde e do sisic_
ma conl toial desprezo pcl(» lãtos. Tudo isto nasce de dentro dc Hegel.
Vocô veja a potênciâ que erâ esie sujcitol
)i
(Alu o):Quetdizet quesó ele e lendeu. não él Seaníes dele nAo
eristia e depois deLe i güém ente deu. só eLe efite deu!
Náo, dcpois que chega no século ).X tem muita gente que enten
deu, até eu estou entcndcndo issol Se aié eu entcndi, suponho que
outros tambóff entenderam
Mas acontecc que com esia descoberta da cÍftrtulil dialética da
rcalidade ele lanq.r uma hipótcsc que é o seguinte, e ai quc cnira o furo,
ele fâz uma âralogia enire à hiÍória do cu e a história enquânto tal. E
ele acrediiâ quc se é possível descrever â história clas etapas que o eu
pcrcorre, desde o eu absúâto aié o eu concreto, eniâo. devc scr possí-
vel descrcvcr pelo mesmo nétodo o dcscnvolvimento total da história
hulnàna. E isto hoje n(ts sabcffos que não é possÍvel.
lAlutla): Eu acho que nefi .r do eu é possíuel, fiãa é?
Benl, porquc acontcce o seguinie: você considcrado enquânto in
divíduo. \,ocô é Lrm eu. um cu indcpcndenie que surgc abstrato c sc
concretizâ no tcffpo. nas acontece quc vjsto de u a ouira maneira,
queÍ dizer, você pcgando esie mesmo conceiio c cxanrinando, você vê
que elc já icnt uma corplicaçâo dialóticâ. por quê? Porque vocô náo é
a únicâ pessoa quc cxisie. Entáo. enquânto tem um eu aqui pâssand.)
do abstrâlo para o concrcto, do outro lado tem um outro eu que está
lãzcndo exatamente â n1esrnâ coisa. O eu individuâl por um lado é um
modelo dâ rcalidadc, da passagen do êbstrato para o concretoj mas
por outro lâdo, considcrado nufl outro plâno, elc ó somcnie um pontc)
de uIn conjunto de ponios. Entâo, isso quer dizer que ele sozinho dcixâ
de significar algo e só âdquire significação dentro do sistenra. Entâo.
csscs cus h0maros precisârn scr iniegrados enl um outro sistcma pala
qLre signifiquem â1go
lAlutla): Que é a hístiria. .
Istol Agora. a histórla.
28
(Alüno): Espetu aí! Entáo, o sujeito na
l|tlo. ele nao lem... àiEttlkas que não telfi.-.
Parâ Hegel isso ai é um nâda.
(ALuno): Cana assi'n?
É um nâda. isso aí náo existc.
(ALuno):Masele tia éun eu? Nào éumapessoa? Ele nda é meu
que está se lofnando--- üm e1t abstruto que está se tof atfido concfeto?
Bom. primeiro â lipótesc do indivíduo isolâdo é assim: o Iiobinson
Crrsoe quando ele ioi parar na ilha levou todâ acultura dele. entáo, clc
n:ro cstá isolâdo, nâo eisle o individuo isolado, nâo precisâ scr lcvada
clr contâ estâ hipótese porquc nâo existe.
(Alunq:Te a caso daquel1s ctíanças qüe s1o ctiadas pot animais---
Bcm. não chcga â ser humâno. náo len eu nenhlrm. quer dizer o eu
lica no eu abstrato que náo se desenvolvc.
(Alutlo): O Tatzan.-.
L um 5er hunr"no pô.'rvui q-< nao 'c hun "nizotr
(ALuno) : Llm bebé e cafil] ada na líxeira como acol1Íeceu outro dia
talaez, seia um set isoLado?
Ele loi cncontrado, está integradol afinal de contâs â lixeira é um
objeto dc làbricâçáo hurnana, entáo...
(ALu a): Ele ao sobrcaiúe--. ele está isoLtdo, mas nào sabrerille
ísal.ado...
Náo. aí você veia, ele morrcl ou sobr€viver é um acidcnte da natu-
reza. E o acidentâl mesmo só exisie nâ nâiureza.
deserto, que cresQa üi e
29
(Aluno): No úfipo do ideaL não etiste acidefite.-.
No campo dos objeios ideâis náo tem acidentc, c no canpo da men-
ie humana, dâ psique tambén não teff âcidcnte. Só tem nesse interme_
diário que é a natureza e não significa nada.
(Aluno): O acíde te sefiprc ocotre!
Entáo. veja que o método de Hcgcl estâvâ nlrilo bom, as acontc_
ce que o pÍoblema quc clc pega en seguida, que é o problcma da histó
ria. ó unl macro-problema e ele não tom condiçóes de resolver isso aí.
Entâo, a hora em que ele decidc tomar como problemâ a históriâ como
um iodo, aí realmentc dcu un passo maioÍ que as pernas.
(Aluno): PrcÍessaL Íalw. um das entraz)es disso aí setia a laÍo de
queseelequer laaet uma analaEia da passaeefi do euabstmto para o
eu com a hístótitt, quer dizet, ele peg,a a humanidade como um toda, a
prcblema aí setia que nàa hd ouítas humanidades com as q ais essa
hüÍta idade passa se rcLaciona\ poÍque fio caso do eu existem ouÍros
eüs e aÍruüés deles é que uti t:tcofilecet essa passagen do absltala
para o cotrcrcto, fia caso da humanidÃde nãa é passí?eL-
Mi. e.seproblema c ju.ralr(n.ruq.reele\ai re'olvc_ f dc.l( pru
blema que ele está tratando Entáo, na passagem do indir,íduo para tt
históriâ tem umâ série de mediaçóes; do plano do eu individual para o
plâno da listória tem uma séric de mediaçôes. uma delas é o Estado.
Parâ Hegel o Esiado ó como se lbsse um eu. quer dizer, é dcnúo do Es
tâdo que se formam e que se hominizâm ess€s vários eus que esião âli
dcnrru, e (on.ider.rdo' rnra dc c elí' niu.io r dJa I fnÍ i..o qur eri
vai dizer assin, que âs lcis do Estâdo ién1 nais imporiância c têm n1êis
lunda enio do que o sentinento de jLrstiça ou iniustiça do individuo.
Porque o seitinrento dele ó apenas Lrmâ etâpa do desenvolvimcnto do
eu dele, é subjeth,o. Agora. no Estâdo, náot no Estado. o coniunto dâs
30
lL.is iri ú um sistcnla, eniáo aquilo ien1 uma exisiôncia concreta, agora o
scu scniinento de iustiçâ ou iniüsiiça pode ser âleatório. Eu âcho que
.lc oáo está certo nisso por motivos que eu posso ató expor ouiÍo dia,
rras náo é isso que vem ao câso no momento
Acontece que na hora eln qlte vocô percebe que o cu individuâl,
(trc ó dc ceÍto modo o modelo da constiiuiçáo dc toda â Íealidâdc,
clc corsiderado num outÍo plano é quase uma irrealidade, entáo, eie
tcrin quc pcrguntar: 'Mas afinal de conias, â hisiória é história do
(tuô'?" Êle diz Iquel Fichle tinha razào quando diz que só exisle o cu.
fràs nâo podc ser o eu e pÍrico de lulano, fulano, fulano. fulano. En
tlr(), existcn outros escatões cuja história iambém passará do âbstra
to para o concrcto no Tempo e que esies seráo objcio da hislóÍiâ. Vocô
poderia pegar os Estados. por crienplo. nas você sabe que os Estados
lànlbém nascem. cÍescem e morreÍn. Elcs sâo deuses mortais Entáo.
r história dos Estados tambén náo bâsta pâtâ fechar, c]â tanrbém é
abslrata. ela náo tem concretude.
(Aluno): A hisíótia é só üma rcprcsentaçao, üão é?
Conro reprcsentaçáo?
êlunot: Quandn úrà tala de hr.tana. acc
Não. você não está fâlando dâ ciência hisróriâ no sentido subictivo,
[mas] da história como processo rcal. náo da hisióÍia como ciênciâ
históricâ, aquilo que os histoiadores...
tAluttút: A hi'totio \ú ?xtrn tto p,e\PntÍ'- -
Náo. nào. nãol
(Aluno): Poruüe o que acofiLece.., zrocê fiao lefi como rcttalat .
quanda aocê ÍaLa de algutlltu coisaque acofilecelt...
rl
Náo, o presente para Hegel é que é inteiEmente absilato, ele di7
[\uc] u m. n-nrú pr. *r r( \ .umu u n p,,r ru ni,..pa;i' v'n. .ulrpr'
en.le o conceiio, nlas ele náo pode existir se não tivcr um antes e não
tiver um depois.
(llu a): Aí eu ào cotlcot'do cam ele ..
Enião, lodos os monentos considerados atoDristicamente salo me
ramente abstratos, clcs só cxistcm dcnim dâ estÍu!ura do ternpo Por
exemplo, o que nós estamos vcndo âqui no momcnto náo faz scntido
nenhun se nao lbr considerâdo ârticuladâmente com os momcntos
que o antecederam porque o precederan.. quer dize! o tempo é um
processo rcal. nlas o nromcnto ó apcnas um ponto âbstrâlo se é unr
ponto âbstrato. cni ro nâo ó uma rcalidadc, ó apc|âs tlma mâneira de
ver Ou seja. nós châmâmos dc DloDrento prcscnt€ âquilo quc csiá âo
nosso alcancc ncstc monrento. Não é isso? Dntáo, é subjeiivol
Quârldo rlós chamanos dc nroffcnio presenle, é nro enio pÍesenle
parâ nós. é aqlrilo qlre nós pcrccbcnns agorâl
(Aluna): Entào. é subíetilro...
A distinçâo é subjctival
(Aluno): E peLa lísíca aluaL essa abjelií)idade da subietiüida(le
dísso é conptaL)aàa potque «tda ente tefi tl sua púpria Linha de lefi1
Pa, tuto há um tempa co tutn...
Bom, nras náo podenos levar isso em conta agora senão nars vamos
nos confundir, cryem aí.
(Alufia): llssa sübietiúidade é etn comum com todos que esúa
oqLi no\ nào en t?lo\ao oo tc4tpa pr.i.tdo. .
lr.
[{csrno quc scja, vânos dize]. üma subictividade coleiivâ. nós cÍa'
rrr)s vivcndo este nro rerrto, cntáo, "este monrento ' ó âquiio quc chegâ
i!) nosso conhecimento agora. ele só se distinguc subietivêücnle
(Alutto): Nàol Ibfi um!1disÍinçãa, o nofiel7lo atual é o úttíco fio
ttutlL t) lente pode a+it.
^ 
genle pode âgirl A gente quen? Nós, snicitos. subielivos. eu. vocôl
lALuno): Sítn!
Nlas você pode âgir num moDlenlo? Você não pode agir num mo-
ncnto poÍque o nomcnto não teln dumçâo c náo exis(e ação sem du_
iaçáo. Eu nâo posso ir daqui âró o banheiro se só existircnr momentos
alomísticos. A âçAo exige prolongamenio no tempo. Entào, você vâl
vcr quc a noqão de instântc para Hegel é ioiâlmcntc âbsirata. Concre_
to é o quê? O tcmpo. a sucessáo. A succssáo é concrela e o instânte é
absúâto. E isso está intelramentc ccrto.
(^Lüfia): As Lontin\ê cias da |1aturc.a são potlttnla absÍtatas! E
isso? A histótia (la fialurcrl setia tatnbém absbala..
As contingênciâs sáo iodas abstratas. iodos os acidcntes são abs
(Aluno): E pot ísso a história do Estad.o lafibént setia abstrata...
Clâro, os aciclenles são l1lais lãcilmente perceptívcis parâ nós. mas
ai está a distinção âristotélica enlre a ordcn do sel e a ordem do co'
nheceri na ordcm do corlhecer o rromcnto presente é ffais âccssível â
nós do .{uc o passâdo ou o futüro. mas na orden do scr cste Dlolnerlo
prcsente só erisre p€las suâs relaqóes collr o anicrior e o poslerior, clc
on si nresrno náo ó nada.
3:l
No mâte âl que você está liclândo, você saber distinguir o abstra-
to do concrcto ó absolutamente lundamental. E o l:legel é o suieito
qlre tenl a vcrdadcirâ nocáo do concreto e do abstrato Hegel tinha,
Arislóleles tinha, mâs nuita gente nào tcm. cssc pcssoal positivistâ
todo náo tcnr. E quândo a gente lala "positivisia", quer dizer, âindâ
é a mentâlidâdc inpcrantc cm todo o mundo das ciências naturais.
Eles conlundem Lr abstrâto com o concrcto. E ó por isso quc certas dis-
cussÕcs absolutamenle beslas podem prosseguir indefinidamente sem
nunca tcr condiçâo porquc você cstá trâiândo uma abstração coúo se
i(Jsse Lrlna realidâde
(Aluno): É a bilurcaçàa, nao é?
A bifurcaçáo ldcl qüc falâ Wolfgang Smiih. Entáo, veja. lodo esie
periodo dahistóriaque se considera táo glorioso cicntificamente, um dia
as pessoas váo úr de nós. QueÍ dizel: "lh. esses carâs acreditavarn quc
cra possivcl provar ou impugnar a evoluçáo aninal empiricamentel"
Senpre que a gente pcnsa cm ciônciâ. não pode esqueceÍ que â
ciência é un] processo continlro que náo pára e que daqui a pouco tudo
isso quc nós esiamos dizendo val ser outrâ coisa Náo é isso? Não
precisâva ser táo mutávcl assim, rnâs de fato é. Você pode ter certeza
lde quel .r que quer que você diga hojc, daqui a pouco tcm alguém
rindo daquilo E no entanto as pessoas pegan o consenso cicntífico c
jogâm na sua câra como se fosse uma autoridade. Mas isso náo é âu-
toridade nenhuma, um conscnso científico é uma Íodada de baralho.
nesta rodada dell isso, nâ próxina vai dar outra coisa. E ntais aindâ,
enquanto a ciência for olganizada nesiâ base kantiânâ ou caftesiana,
dâ bifurcaçào conro charrâ oWolígang Smiih, vâi ser muiio mais âssim
do que ieriâ de ser: Quer dlzer, â ciência vâi scr muito mais relâtiva do
que elâ teria que ser
34
N\luna): O que üen a set essa biÍurcaçào, prclessot?
A biturcâção. nós já explicâmos isso âí quândo explicanros Des-
câúes. é o seguinte: quando Dcscartes diz que exisiern dois tipos de
substâncias, uma quc ele clülnâ ldel a substânciâ pcnsantc e outra
quc cie chênâ [de] a subsiância cxtcnsa, â substânciâ exlensa é defini-
dâ matematicamente. mâs sc cla ó definida maiemalicamente, ela nâo
co esponde aos objcios dos nossos seilidos. E os objetos dos nossos
scntidos, por sua vez, só existem subjctivamente para nós. Entáo, Íe-
sultado: você só ten a mâo duâs coisâs. você tenl as ilusóes da sua
Drente e, do outÍo lado, você tem objetos matenráticos náo cxisicntes;
( (.re e ^ as, rro dd r'r n( ic h1 qJ ro \ecu o.. L.o vu(í ulhar curn
olhos hegeliânos e você diz: faz-me rt isso náo vai dar nâda.
Agora. daí as pessoas âlegan a aplicabilidêde técnica; você consc-
,lue .r aplicabilidâde tócnica porque entre o conhecimento cicntifico
que você tcm e os objeios que você produz cxiste un sâ]to, um abismo
ontológico, que você nAo sabe do quc é preenchido É por quê? Porque
no instante en1 quevocê salta da ciência par.r a tecnologiavocê não usa
nrê \ â bilurca\ao. \ úrr vdi lid"r (orÍ .oi.a' ÍFai.. , orras r.r t qu< r;u
sáo ncm subsiâncià pensante. nem substância eÍtensa. Na hora en
quc, por exenplo, você: iAh, aqui nós vamos làbric.Lr um automóvell '.
entào, você vai peg um pcdaço de ierrlr. ninédo de ferro, e você nào
vai dizer nem quc ele éumâ entidade matemárica abstratâ, nem que ele
é umâ ilusáo do entendimento, você vai tratá-lo como se ele losse re-
almcnte ferro. É nisto que se bascja a tecnologia. Só que a ciência náo
1en1 nenhum lundamento pâra isto- eniáo a tecnologia existe porque
na hoÍa de praticá-lavocê esquece abendiia ciência. E \.ocê usa o quê?
A racionâlidade de senso co uln que diz que lerro é leüo, pau é pau,
e pedra é pedra. Entáo, ó mcntira que â tecnologia dependc da ciência.
e1ê náo depende, ela ó independenle. ela te uma lógicâ própriê.
(Abo1c'): Lla Íotnece caisas pata a ciência!
Clârol Ela rcsol\,e os problemas, â ciênciâ só cstá criando prcblenra.
VLrcê nnâghâ quc sc pâra você lãler um automóvel. para vocô furar unr
poqo de petrólco. vocô prccisâsse esperar pâra resolver o problema do
bulaco negrc, precisasse esperâr pâra ter â tcoria ccrtâ. Você nAo espe
râ, vocô sc bascia nuüa racionâlidâde técnica quc podc não icr â prora
Írllinê dâs lcis quc cla crnp.ega. niâs que âpela ao senso comunl dc quc
as coisas lirncionan. Eniáoj o quc salvâ a oossà ciência é a tecnologia.
nâo ó quc: 'Ah, a ciênciê criou essâ tecnoLogia marâvilhosal" Nãol A
ciôncia ó uurâ vcrgonha tr se não lbsse a te.nologiâ, cla náo tcria des-
culpâ nenhuma parâ cxistir. Mas você consegue praticar a tccnologia
porque locê nAo â pratica cicntificamcrte
(Alu o): Usando "ciê cia" sefiprc enbe aspos...
l,,rrr r rr.rid o-, l.IJ",r. ljr:r l(cn 1.. \ i, p.ufrd,,\ri,d.
você iem um âbisno Lrntológico. Quc você preenche como? Com
Nâ hora cln quc você criou a biturcâçào inicial, qucr dizcr, d€
0rn lado nós temos as nossas idéias, sáo tudo subjetivo. é ludo fan-
iâsia, e do outro l.Ldo \,ocê tcnt um conlunto de fipóteses lógicLr,
matcmáticas, er1ão, você está €nlre dois sonhos ou dois pesrdelos.
Quer dizer os objctos da ciêIlciâ nâo couespondcmaos objctos dos
nossos sentidos, c os obictos dos nossos sentidos sào apcnas ilusõcs
que nós tenlos. E claro quc inclo isso é rnâluqlrice. Fi é cl.Lro que na
horâ dc lurâr Lrm poqo de petróleo, dc làzcr um âutomóvel, você
náo teva nada dis$ e conia. O que está faltândo é üm vcrda.leiro
estudo sobre a iccnologiâ c pegar as premissas cpistcnnrlógicas dâ
tccnologia. Qlrando você vâi vcr sâo prcmissâs aristotélicir toDlistas,
todâs clas. Senão não luncionariâ.
(Alrma): O Robelo Cdnlpos costunla dize] qLte esses itteLectuais
nLn dizentlo qLLe tudo é rclatíüo, tnas tienhurt (Leles pe sa issa a
lnru tb IíEat a catro ou uperlar o ifileüüplor pata acetdet d luz.
tsonl. mas o probiema da relaiividade é olrúoi o problcffa do rciâ-
rivisrno ó outro, outro dcpârtaDlcnto. Veja. tanio relativistâs quanto
náo-rclatii,istâs cstào ambos denlro do negócio da bilLÍcação, não ó
.sse o problenâ. Até toctâ a discllssão em torno do relâtivismo padccc
do mesrro problelnâ. Se vocô levassc uma discussáo dessa pârâ Hegel,
quanios minutos Hcgel levâria para resoh,cr isso .ri? Dois segundos,
tâlvcz Qlrer dizer. você veln com urrê proposta de relâtivismo filosófi-
ljo. relâlivismo cogniiivo. ou relativismo morâI, muito bcm, rclaiivismo
ó nor conccito. ó um conceito absiraio; sendo uln concejio abstralo,
dcntro dclc tcnl Lünâ conplicâção. ele eslá apelancio â coisas cl0e não
sáo ele, umâ coisa é relativa a oulrâ coisa. â qual podc scr rclârivâ â
u nra lerccim coisai coiáo. você dizer que você é relativist.L nào quer di
zcr âbsolutamcntc nâda sc você ntLo lr;Lçar o nlâpeânenlo das Íelaçóes
qlre dcfinem o relaiivis o. E na hora elr q0e você rivcr trâçado cÍc
mapeâDerro, este coniunto de rclaÇóes, por suâ vcz. nâo scrá rclâtivo
aos elemcntos quc o conlpôen. pode ser relaiir,o a oulril coisâ. llntão,
o quc cstão discuiincto? Vão ianrber sabãol
De ceúo modo a lilosolia de Hegel, a filosofia rlo Idcalismo Alcmáo.
e pÍincipal'nenie â dc Hcgcl. a uma apoteose da técnica filosófica. A
tócnicâ ó marâvilhosa. varavilhosa e imbalível. e é um pinicLrlo dâ
intcligôncia humana. Se eles coneieram enos, e Hegel comeieu mons-
truosos. eu lâlor baÍn. elxlje hunãnun esi. trIas só conr isso quc clc
nos dcu, tcnlos quc csiâr gratLrs pclo resto dâ vida. quer di7er. Flegel
cnsina vocô a nêt os probleDl;rs na primeira. sem você errlrar em
romplLcaçóes que sAo absolulanrente esrércis. Não ó isso?
Quando o nosso ministro lLuizl Gushiken dlsseaí: l{liberciadede
imprcnsa ó rclatival". cu digLr: mas é claro que é relàtiva. seu rniristrcl
37
Só quc ó o scguinte: relativa a quê? Relativa a vossa excelôncia? Nâo é
isso? Porque no iundo o que esiá querendo dizer é isto: 'A liberdade de
imprensa é (elativa e o absolulo sou eul" Não podemos acreditar numa
coisa dessas, o scnhortrata de arrurnar outro absoluto mâis persuasivo
que esse ai nao dál
BoÍr, isto é relêtivo àquilo que é relativo àquilo, que é relêtivo
àquilo, chcga uma hora em quc o sistema fecha. E fechou, você sâiu
(Aluno):E ô sistema absoluto?
Agorâ, se você pega o conceito abstrato "relâtivismo" e o trata
como se fosse uma coisê, entáo, você está hipnotizado. Entendeu o
cspírito do hcgclianismo? O hegelianismo é assim: corresponde â um
desejo, a um instinto profundo, de sair do mundo da abstraçáo verbal
e câptâr a realidade concreta. Saber que os seus conceitos têm que
corrcspondcr a rcalidadcs, e para corrcsponder a realidades, nâda é
real isolâdamenie. Só é real no tecido das rclaçôcs que o detcrminam.
Entáo, se você ten1 âqui um discurso lógico, você lem que ier um dis
curso dialético do outro lado que complementâ uma coisâ com a outra
como dizia o nosso Mário Ferreirâ dos Santos, quer dizcr a dialéticâ é
defesa contm o abstratisDro.
Agora, quando nós nos lembramos que para Aristóteles a dialética
é o verdadeiro método cicntífico, quc a lógica é somentc o discurso
científico pronto. eniào. nós podemos dizer que a lógicâ está no come'
ço, está ântes dâ ciência e está no fim delâ. Quer dizer, você fazer um
discurso lógico que náo prccisc mais scr dialetizâdo ó o idcal dâ ciên'
ciâ; mas o método científico é a dialéticâ, é a conliontâçáo
(Aluno): lunto com o hegelianismo...
Él
3E
(ALuna): Cofio é qúe se atticula a dialética do HeEeL com a do
Atistóíeles? Ehs são muito diÍercnÍes? São maneitus dilercntes de se
iret a megna caísa? Não tetl1 nadct a üet?
'Iêm muito que veÍ, uma é diretâmente inspiradâ na outra, qucr
dizeÍ, Hcgel cra um profundo esiudioso de Àristóteles, â dilerençâ é
quc para Hegel existe ioda ulna dimensáo iemporal histórica pela qual
Àristóteles nunca se interessou. é um mundo estmnho para Aristótc-
les. É como sc Hcgcl passasse o aristotelismo do plano pêra o espaEo,
clc cria uma ierceirâ dimensáo, essa dinensáo do tenpo históÍico. E
náo digo que Aristóteles desconhecesse, mas náo foi objcto dc atcnçáo
dele isso aí. Aristóteles só se intcrcssava pclo processo temporâl con1o
passagcrn dâ poiência ao âto. Qüer dizer dadâ uma espécie, ou dado
um ente, você tem a sualornra essencial, e iudo o que aconteça com clc
no tempo é a mânifesiâção dcssa forma cssenoial. I sso, Hegel concorda
plcnamente, mâs enquanto Àristóteles âplicâ isto a entes individr.rais
ou espécies individuais. Hegel olha o coniunto da realidadc sob cstc
aspecto da passagen da potôncia ao âto. E isso Aristóteles náo fez.
Mâs o hegelianismo não dcixa de serum aristotelismo. O único proble
ma de Hegel é que ele descobre umâ dimensão nova. mas a dimcnsáo
náo é abarcável com os instrumcntos quc cle tem ncnl com os que nós
temos. É assim: o cara mâtou um leão e achou que podia mâtü todosl
Náo pode matarl
Eniáo, no instante em que ele coLocâ cssc proccsso do cu, a rcali-
zação do eu. cono modelo do conjunto da realidade, ele está ceÍo; só
que os eus individuais aí passam a scr apcnâs elementos mâteriâis de
um outro sisteÍna que está âcima dclcs. Quc sistcma é cste?
(Aluna): A ídéia do Estadol
Náol E1e percebe que o Estado ó só mais um clcmcnto, que o Es-
tado é uma forma abrangcnte dentro dâ qlral os lndi\,íduos são prâti
39
camente nâda c que só âdqüirem alguma realidâde na medida cm que
sc intcgrân no Dstado, tânto que ele diz assiff: "Os grândes homens.
os grandes lídcrcs. os grandes gé.ios. etc., sáo alguna cojsa náo cm si
mesmos ou por si n1esrnos por câusa de sua quâlidade, mas por terem
percebido. teÍen captâdo c tercn encaÍnado as tcnsÔcs c necessidadcs
hislóricas colocadâs por aqlrele nomcnto'
Bonl. é assin e náo é assirr, porqLre nós lambén podcmos diaietizar
isto. Mâs pârâ dialetizâr isio precisâilâ e\por o qrc cu acho do negócio
e eu náo sou o âsslrnto dessa âula. Bom, mas sÚ paÍa dar uma idéiâ:
cu pcnso tudo ao conrrário... rcconheço a gÍandeza dc Hegel. rnàs eu
penso ludo êo contrâio. rcconheço que o quc clc descobriu é impor-
raniíssimo, lnas â filosofia náo podc parâtl se você deu um passo. você
rcm qlre dâr o pâsso seguintci cntáo. o que eu pcnso ó o seguinle: se
você lonrar o conjunto do quc eu sei e reprcscntâr o conjunto do quc
eü sei por uln círclrlo, qüer dizc! pcga o horizonie dâ Í nha consci
ência e demarca, c pcgâ o conjlllllo do quê vocô sabe. represenla por
um cÍculo tâmbón, pega o seu horizontc de consciência, demarcai
vocô vai vcr que entre eles náo podc havcr coincidência total, mas vâi
haver unra inrcrsccaâo; mesmo que essa intcrsccçáo âbrarjâ, digamos,
Iroventâ c oito por cento de cada urn dos cículos. sei lá, vai hâvcr uma
intcrsccçâo que é nrenor do quc os dois círcuLos. Daí vocô pegâ um
lerceiro elemento, pcga âí o Jorge. pega o horizontc de consciência do
Iorgc, rcprcscntapor u cíÍclr1o, vai tcrun1â inlersecção, essa intcrscc
Çáo scrá ainda n1enor do quc os dois círculos anleÍiores c l1lcnor âinda
que a inleÍsecção entrc cu e vocêr e dâí você pcga o Alexander e laz o
dclc, ou seja, o conjunto dâqüilo quc nós temos consciêlrcia ao mcsn1o
tcmpo é nuito nlenor do que o horizonie de consciência de qualquer
um que está ali mctido.
(A|üno):O conlutlto é t aiot?
Menorl
40
lAholo): Metlarl.-
[4cnor porque essa jntersecçào vai diminuindo, diminuindo. dimi-
ruindot o conjunto do que nós percebeDros ao mcsmo tenpo...
(Aluna) : . . que é camun a l.odos..
Que é comunl a todos... então, essa intersecÇáo vai ficando cada
\]cz menor. meno! nenor meno! mcnor se você pegàr o coniunto do
quc iodos os blâsileiros sâbenr ao mesmo tcnpo, dá menos do quc uln
!a1o sabe. É por isio quc â idóia dc considerar o Estado como se fosse
um cu ó furada. E náo obstântc Hcgcl €stá certo nâ hora cm quc ele
cnlende quc a históriâ só pode ser a históriâ dc uur eu; poÍque se existe
unra dimensao chamâdâ história, cntão ten que ter uma consciência
qLrc a unifiquc. ela tem que ser a históriâ de algo Ora. se nós pcga-
rros a humanidadc inteirae lalamos âssirn:história dâ hLrnanidâdet eu
digo: muito ben1. nós podcmos coniâr a hlíórjà de uma unidade sociâl
nicnori na qual cxista continuidâde elêtiva, por eremplo, a listória dâ
sua lamiliâ. Cada gcrâçáo dc criança loi educada pcla gcrâçáo anierjo!
clc.. enláo, vocé tem umâ séric dc clementos conuns quc você vâi pas-
sando. Mas como ó quevocê vai coneclar jsso com a hisióÍia de outras
làrrí1las que nunca viram aqucla, qlre náo tiveram a mcnor conexão?
São processos absolulan1ente indepcndcntesl A história dâ suâ família
não tcm nada a ver com a hislóriâ de uma farrília da Zâmbiâl Náo é
âssim? [nlão, como é qucvocô vâiconeciar todas as histórias de todas
ls culturas, e de todas ês naçôes. e dc todâs as faníllas em um negócio
chaniado dc história da humanidade? Nâo tcm unidade. Mas se náo
lcrn unidade, como é que nós podcrÍamos teÍ lormado esta idóia de
históriâ da humânidade?
(ALw1a): Ntto depende dos t)spectos que esho se do atlalíslldos t1a
llisLótía de utna lamília também?
Náo esiou làlando do ponto d€ vista subjetivo..
(Aluna): Nao. nas depefidefido do aspecla.-.
Sc exisie ulna história...
(ALw1a): Se l)ocê esÍá esttlclLndo uma íamilia sob a aspecÍo da es
bLtturahumaru\ aí úacêpode sim col11Patt)r com a hisÍótia de outms
la'nttttt\ e no\ttot o qttP quc hcl t t4 cafi t - -
Entáo. estrutura humanâ significa o seglrintc: que você vai pegar
ünr elenento biológico (náo ó isso?) e vâi dizcr: a unidâde dâ história
humâna está no Iato de quc ela transcorre para individualidades que
biologicâmenie sáo idônticas. Lü digo: isso náo fomlâ unidadc. lsso
lornra âpenas aralogia.
(Aluno): Oü enlào, põe o [Jahn] DalÍon ai: a hístóth da humalli
dade é a histotia dos Eenes.
Náo rcsolve nâda tâl1lbóml Se lor a história dos gcnes, eu digo: mâs
isio náo lbrmâ unidade.
(Alüúa): Eu nào estaüa pensafida eraíame le na--
Só formâ unidadc pelo faio dc que as váriâs individuâlidades. os
'arin.,-rulipoi l|Ír uma e.lrulll-à.úrrr!lll.únluul'o' I 'u itl. \44'
isto é unidadc física. unidâdc natural dos indivíduos e náo do processo.
(Alu a): Então. qüa|Íoi a getal qüe llegel encotlíau?
Você pega unl baralho. você vê que âs cartas do bâralho são todas
compostas da nesma coistr; dai sc desenrolou um jogo. eniáo, eu ga_
nhci, você perdcu. etc., etc., houve um proccsso. Você pode dâ esiru_
tura das cadas (aqui leitas de pâpel, imprcssas com tinta tal) deduzir
. jogo. o pn,.i..u on i,,!ul Nio I "o pude' E Llc'rà rrrr:Jadc qu( ,o'
estamos lalando, destâ unidadc do processo tcmporal quc nós estamos
nos reierindo quando falamos em históriâ. Nós perccbenos lacilmcnte
quc a história dâ humanidade é concebível como conjunio, mas que
csse conjunto nâo eristc mateÍialmente.
(Aluno): Inclusiüe, p.ila cada Lu,at do ítündo que aocê /ot, a
histótia é dilerente!
Exatamenie, mas nós podcmos conceber â história, nós temos ê
noçáo de história dâ humanidade, nós podemos ter essa noçáo. e nós
sâbemos que â âigo cla coresponde. Por cxemplo, a história desta
espécie considerâda no coniionto com as outras espéciês ou com o
âúbiente fisico. Nós podenos ver quc há uma série de modificaçoes
no tempo que relletem as sucessivas âdaptaçóes deía espécie animâl
ao seu mcio; entáo, isto lbrmâ uma unidade lógico,ideal, náo unidade
rrralerial. Mas você também percebe facilmente que para cxistir esta
unidade é absolutamcntc necessário que exista um conjunto de possi-
bilidadc lógico-ideal em lãce da qual eia se defina. c este esquemâ de
possibilidade lógico-ideâi é transcendcntc à históriâ humana. esiá fora
c acima dâ hisró a humana. Entair, é perantc â €záo universal que
eiste a história humana Só ai, querdizer, é só nesic plâno do conlion-
io coln a râzão univcrsal que se pode falar de uma unidâde da hisióda
humana. Se você iirâI cstc plano e for apenas para o plano empírico.
não lem unidade nenhuma. a humânidade náo tem hisióÍiai só ierá
unidade genética biológlca. E você não vai poder trâçar a unidade do
processo, vai ser somente â unidade da continuidade física de alguns
dos seus componentes, mesmo qucvocê traçâsse a gcnótica da históriâ
humana inteira. cr digo: n1âs espera âí, o processo dâ herança genéiicâ
é um, e o processo histórico é outro.
(AlLtl1o): Aíé patque a patLir desse prccesso...
Istol A pariir desse mcsnro processo genético. vários desenvolvi-
ncnru, \i5rnrco) dilerentE. .iriam po.5rre 5
.13
Ertão, basta você làlar hisióriâ da humanidade e você iá cslá pos-
iulardo.r existência cla râzâo universal pemntc a qual essa históriâ é
história. Qucr dizcr qlre senl a noção da irânscelrdêncl não tcm his_
róriâ. Agorâ o que é que vim tlm histo ador positi!istâ? O historiâdor
posilivlsia é o süjcito que vêi ljonlar Llffa história no insiânte mesmo
em quc clc afirma taxalivamentc quc nâo existe hislória ncnhuma.
Entào. ludo isso âprcrdcmos cLrlll H€gell
\\tutto) L u,a ftp r,,fn'Lt ttaú drrtrt do- a to an
É o pressuposio nao dcclarâdo dâ exlstência mcsma dâ possjbilida'
cte de unrâ hisióriâ da humanidade.
(Alu d): IIisrótia Cetal, assitl1...
lAluno): U ta hislótia qúe tent... paryuc é a hisÍotiadat que
Claro- mâs ó cÍc o ponto n que Hegel chcga. quer dizel para havcr
a história. cssa história tem que scr a hisiória cle Lrm eu. nras náo é a
rrürha hislória. nenr â suâ história, náo é larnbém a históriâ do Eslado,
nào é a histó a das culturas. Então, é â histí)rja do quê? Do ffacro_cu
quc vivcnciâ tudo islo êo mcsrno tcmpo coniirualnentc. Só podc hàveÍ
umâ história se erisic uma consciência que sc historiciza no iempo.
Entao, se vocô pcqar a história da humanidâde e ntLo pe€uniar 'b qlre
é a humanidade?". mas "qucm ó a humanidade?' , vocô cstará próxho
clâ qu€sláo legeliana: dc quenl a históÍia.la humanidâde é história?
Isto é o quc cle chamará de "o cspírito âbsLrluio que sc maniLstâ
no telnpo''. Só ilue aí começa a burrÀclà. Se sc manifesh no lenrpo,
náo é âbsoluto: sc clc sc historLciza e só adquire a exisiênciâ concrcta
hisoricizando'sc. então. ele iambón crâ abstmto e pâssâ pârâ o con
crcto. Hegel dirá o seguintc: que o conceilo do scr c ccriâmente o con_
ceiio râis univcrsal e nlâis abrangcntc. c por isso nlesmo o conceito
râis vazio porque náo designâ nâdâ en1 pârlicular. Pârâ dcsignar enl
++
trLrticular é necessário quc haja o pLocesso de n'ânilest:rçáo no qual o
(,)rrrcito âbsimto do ser se rnâniLesia nos seres eristcntcs. na totalidâ-
Só que aí temos o lcguintc problcmar d€ntr.r deste enlbque o con
.cilo do scr tomâdo abstraiamente é o conceito do nâda. porquc não
1cn renhunâ determinâçãoi c cstc ó o grande erro de Hegel. Por quê?
,\ n.rçáo cle ser se aplicil por eriemplo aos cntcs rnaicffáticos, às relâ
çl-)cs matcnráiicas, elâs sáo sercs. elÂs existenr, sào rcais. cntáo. sá.)
c\isleDles. erlão. são scresi mâs sc aplicâ taffbóm aos seres biLrlógicos.
os rnincmis. elc.. eic.. il tudo o que cxiste. Sc sc âpljca a tudo, cntáo,
rurjo sc aplicâ a nada cm pâdiculafi se fiáo se aplica ê nada cnl paliicu-
hr não lenr deterninaçóesi sc náo tcm dctcrminâçocs é indeiernrilra
doi sc ó indeieürrinado. é abslràlo: e eln si mesrno ó uln nâda.
lÀlto1o): Se eLe se aplíca a tuí|o. pot que ào pade se E)licfi a
roda 0isa it LdüiiduLtl:'
À cada coisâ individual. clarol NÍas â nenhuma em particularl
(Alu o):A caàa una em pa|ÍiLulat!
A câdâ umâ em particular clarol
lAhno):A todas...
Clarol
(Aluna):Una au tadasl
Sim, só qle o ser lesmo nào é nenhum dos cntcs cm particulâr .
(Aluno): Ele àa dísÍítl\ue. .
Ele não pode ser delerDiirâdo a nào s€r pclos cntcs nos qLrais ele
se nârilêstai o scr só cxistc nos cntesi considerâdo seln os entcs. clc a
apenas un conceiio absüêto.
+5
t
Só que eu acho isto umâ conlusão absolutâncnte niserável. c cstc
é o calcanhâr de Aqlriles do sistcma de Hegel Porquc o ser nio está
colLrcado loÍa do proccsso lemporal qüc o manilcsta; o processo tcm-
poml cstá colocaclo dentÍo dclc. A maniiestÂçio do scr nos cntes é unr
processo inierno dclc, o conjunto dos rcmpos é unr porrlinho dcntro da
etcrnidadc. Não é que o ser, considerâdo em si mcsnlo, é abslrâlo, e
poÍnnto. nadâ: ráo, o scr é elerno; e clc iá ó siDrllltrLneâ rentc tudo o
quc sc manilestará no tclnpo; como dizi,r o AP(')stolo: 'Nclc vivcnros,
nos movemos c somos ' r lsso quer dizcr quc o scr só corrcspondc a0
nada, isso clr erpliquei no lardim das /\Íliçóes, o scr só corrcsponde ao
na.lê do ponto dc vista cognilivo, rnas náo do ponto cie visia ontológi-
co. rnas Hcsel acredilâ quc ó do ponto cle vislâ ontológico, quer di/eÍ, o
scr pârâ seÍ algumâ coisa ele tenr qlre sc manilcstar no te po Eu digol
náo, mas â DranileslàçAo do scr no ien1po nao é ej{icrna ao ser. el.r se dá
denlro da etcrnidâd.. llâciocinando cnr icrDros leológicosr tudo o que
nars sorms Deus já era Lrito antcs dc nós. jndepcrdcntcrnente da os-
sâ maniieslaçâo ro tcmpo. Enláo, â rtoção dc scrnão é a mais vâzia, cla
é vazia só do ponto .]c vistâ lógico e cognitivo, rnâs do ponio dc visla
ontológico é â mais cheiâ MÂis ainda, clc nâo é indeleÍminado, o ser
ieff dctcrninações mLrito prccisâs, por exelnplo, clc nào pode deixar
dc ser; ele nao potlc sc negar a si meslno cxcLÍo no plâIro das possibi
lidadcs náo reâlizáveis. ou scja. no plano clo âbsllrdo. o problenra dc
Hegel é que elc náo aprolundou a noçáo da cternidalle. o ahsoluto
dele é uur absollrto mujto rclâtivo quc só se existencia no tcmpo. Ilai
quc loi o desaslrc gnóstico da lilosoliâ dc Hcgcl. como ele pcgâ o cu,
o processo dc tcmporalizâçáo e dc rcalizaçáo do eu no tcmpo ronlo
modclo do processo universal intciro. cn1áo ele alribuirá â csie scr esla
(l.liriôncia. por assim .lizcr, dc só adqul r consistência concrcia no
lrnrpo e llc não scr nâdâ cDr si .resno Lu digor nâo, tuclo o que nra_
rilcslr)!i Io icmpo nào se maniieslou lora dclc. se ln<lnilcslou dcntR)
.lclc c cstá sc lnânilcslando, c não a conccbivcl que iênhâ criistido um
t. po onde iudo o quc hoje exisle o tctnpo nào tcnha c\lstido parâ
,) ser oü para Dcus llntio. ele scrnprc cstcvc Precnchitlo.lc rodo o scn
conicúdo temporal. O conicúdo tcmporal que parâ nós sc nrânifestou
num dep.ris. dcntro do scr não é depois. náoi 'r\ cicrniclade dcliniÇaio
.b Boócio ' ó a posse plerrâ c simultânca dc toclos os se0s rnorncnlos".
Qucr dizcr o cspiriio obicii\,o, quc Hcgcl chama dc cspÍito obietivo.
aquele que se manilcsta no lenrpo e que concspondc à história, náo ó
ii\.r11,^t\iàn( r,Jr..,,..r|rr:r,rôn..n.i
nrcsnroi nós eririrÍros na cxistônciâ. mas cle serrrprc cstcl,ci c nós náL)
sâínr)s dele. csiârnos dcntro ctele.
(Al1r1o): llsse set Lairu hístótia do LIeAel. setia ut sílnbola da set
enqLtto a lal, niio é?
\Jn par. H,r,l ni.,, pi r ll.,.lcl.. ,p'Jt'i,'.. ,, ,,, \i'"'.u In
(/\Lu11a): Eu di\o. colocqtldo a coisa e 1 Íe]' |os ttlais clatos
Lntáo. no momenlo em qlre clc pcgâ o prLrcesslr do eu co!ro rnodc-
lo do processo exislcncial connr un1 lodo, o qüc acontccc:) 
^conleceque o indivíduo humano. eu, ou você. ou Gcorgc wilhclml Friedri-
ch Hegcl, no instantc enr que âprccndc csta tolalidade do proccsso.
sc convcrie ele nrcsflx) 11o ser porque eslá olharrdo as coisas desdc o
ponlo de vistâ divino, clc n,o é nâis disiinguÍvcl de ccrlo rodo do
próprio cspírito absduto Aí \'ocô criâ unl problenra: Hcgcl ó Dcus?
Isso íica unr .rbsulÍlo dc|tro da filosolia de Hegcl. r{âs o absurdo
eslá enr quc o conccitLr quc elc tenr dô scr sc conluncle com o próprio
scri clc confundc o conceit() dc scr corr o scr Concefiualnrcntc fa-
rArDslr',28 i| rir;lnp (ô!r Íni r!.irÉil« küi id[i!,,;: .ni: !; r ko8'íra,:
ntrr:ú" ,ilrjoof" Íor t0 râ' ra'or ior'iln lin il§) Jtirn viri,rus !( ov.nur ot $trr§
si.ü1rl quidânr \rrruf pôúârü.r dLrc'unr iPrnrs rinr o1E.nüs strDrrn
1i
T
lando. o scr ó vazio, porquc clc scnclo o c$rlcito nrâis univcrsàl quc
tenr ele não é nada c padicular. náo ó nadâ dcicrnrinadâmcntc. cn-
ião. ele ó indctcÍninado, sc clc ó indcicrminâdo clc ó âbstrâto. nâs
isso só \,iilora conccptualncntc. c conro Hegel só admitc na lilosoiia
o conceito. ele não âdmilc o inruill!o, clc náo podc sâir dcsra. Vocô
Iáo p.rde IoÍnâr um conccito do scr quc náo scia o conccito âbstra
to, mas cristcnciâlmcntc c irlluitivaDlentc você sabc qlre vol-ê cstá
derlro dcle. Il esle é o negírcio da pârâlâxc cognitivâ crn Hcgcl. No
illsiânie cm quc clc contundc o conccito do scr quc clc forrou com
o próprio scr dcntro clo qual clc cstri c portântLr ele sc identiljca conr
o ser, conccptlralmenle ele nio eslá errado. ele só está errâdo c)iis-
tenciâlnrente, c clc naú podc sair dcl dcntrc disso conccptualnlenic.
só podc sair iniuitivamcntc. Ou scja. clc coDro ser humano sabe que
cstá dentro do ser c qlre ele é só mÂis u r elelnento do proccsso c
nrals nlldâ Mas conro ó qüc vocô vai crprcssar isso conceptlrallncn
tcl'Eu lalo: náo podcl Porquc o nundo do conceilo é o Nurdo dc)
sistcma ondc a indi!lduêl;dade nao conla Intão, o quc acontccc?
A indivi.lunli.l de de Heitel ó ar]rpliada pâra sc translormar no scr.
NÍâs só sc transforDrâ conccptuahncntc, cxistcncialnrefle nao. ele
continua seDdo o seu Ceorge I Iegel que inorâ na ruâ ial, núnrcro tâl.
elc.. etc.. e que solriâ.le pmblemâs inicstinais, ctc., ctc.
(Aluna): L tLí ttue asceu lada essa. a prcparução . Aí é que esÍá
u base k1n1béi1do iiListna que rcio depois, au nàa?
Não, Hcgcl náo a niilista, nadâ niiijsta, de nrancira algurna. nras o
niilisDro é unla relposta possivel a Hegel
lALuna): Poryue esse maziunenta ou seja lá a que fot. ele loi fiaíd'
(Lepois dele lanbé 1. t1o é? 
^l1Íes 
disso Íinhã ttlttlbént algna Loisu
clesse iiLisno. ou não?
+E
Nlo. o niilismo odcrno âparccc ellirc outras coisâs conro uma
t.r( o a Hegel, ó uma dâs muitas rcaça)es que tcm.. O mundo do
ll.scl nao é o mlrrdo .lo nâda. ó urn nundo rcplelo, a unl mlrrrdo
t,lrno. Por qua'l PortlLlc iá é o mundo dâ história, já ó o mÜndo
!rrLnilcsrâdo. e dcntro delc. tudo o qtlc cxiste esiá 1á alenlro clo pro
.esso. O Írnico ponto qtrc cstá eÍrâdo ó ele achâr que o scr cnquarrio
rlo se anifcsta hisioricamenic ó na.la A lâlha dc Hcgel é lráo
r(lnritir a importância do elclücnto irtiuitjvo no comcço. Por issL)
(tuc clr digo â vocês: eu pcnso ludo ao conlrário de lÍegcl. Eu perrso
rssim: q0c a intuiçáo a tudo. Eu nâo acrcdito seqlrer cn1 conhcci'
rncnlo racion.Ll, eu digo: â râzáo humâna nào é tr!n mcio de adquirir
cr)nhccimento, cla é apcnâs unr Lrcio dc e{prcssá lo. Tudo o quc
ilo loi perccbido de âlgum n,.rdo, ou seja, quc nio loi intuitlo. não
ú conlrccilllenlo dc maneira alglrnra. Aró â estrutura lógica: sc o
sulcito í.rz unr bclo raciocinio e vocô nào pcÍcebc inluitivâmcnte a
cstrutura c a unicladc (lo raciocínio dele, não adianla nâda. llnláo,
par{ rllim â inluiçáo ó tudo. ao conlrário dc llegcl onde elc vai
.iizer quc o indii,iduo é nada c que cssc conilrnto ó tlrclo, cu digol
náo. o jndi\,ídLro é {Lldo. Nlesmo porquc o coniunto só cxisic para o
indjví.luo quc l) Àprccrlde.
E cu penso muito assim no c\ernplo do Cristo na rru/: quantos
cstâvalll entcndendo a situaçao? Só uml Não ó istol Il hojc nós ve
rnos a shuâçâo loda através dos olhos de qucllll Daquclcs panacâs
que cstâvan lá cm volta? Náo, desse urn 
^gora. 
cstc un1. eu digo:
honr clc erâ Lrm indivkluo humano? Sc ele lossc un1 indivíduo hu
lnâno. entáo, por llraior que lossc o scu horizonte. seriâ nm horiTon_
le limitado, c elc dcveria podcr olhá lo dc lora Não ó isto? Sc \,ocê
não cntencie cxatanenle

Continue navegando