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O Ensino do Design no Brasil - FERREIRA, Fernanda K.; FRANCK, Fabiana S.; HELMS, Fernanda K.

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INSTITUTO FEDERAL SUL-RIOGRANDENSE
CURSO DE BACHARELADO EM DESIGN
FABIANA SIMÕES DE FRANCK
FERNANDA KEMS FERREIRA
FERNANDA KRUMREICH HELMS
DESIGN NO BRASIL
ENSINO
PELOTAS – RIO GRANDE DO SUL
2015
1 FICHAMENTO
	Autor
	NIEMEYER, Lucy
	Título e subtítulo
	Design no Brasil: Origens e Instalação
	Edição
	1
	Local de publicação
	Brasil
	Editora
	2AB
	Data de publicação
	01/09/2009
	Número de páginas
	132
Tabela 1. Ficha técnica do Livro
2 CITAÇÕES
“O designer terá que ser, assim, um arquiteto polivalente, capaz de projetar todos os tipos de produtos que a sociedade industrial precisa fabricar em série.” (p. 27)
“A palavra design permaneceu sem uma denotação específica no Brasil, não particularizando a profissão ou o seu conceito. No momento há o termo design em áreas nas quais não há um trabalho conceitual e de projeto.” (p. 27)
“(...) como mostrou parecer da Comissão de Educação, Culura e Desporto da Câmara dos Deputados, de 1 de julho de 1993, em, em que se entendeu o termo designer como outra designação para desenhista.” (p. 27)
“(...) o intento de substituir o trabalho da mente e da mão por processos mecânicos, em nome da economia, terá sempre o efeito de degradar e, em última instância, de arruinar a arte.” COCKEREAL, Charles (p. 32)
“ (...) a disciplina é apenas uma forma de sistematizar o conhecimento e de transcender o senso comum e a experiência.” (p.124)
“ (...) a Esdi tem sobre as outras escolas de design é que ela, por ser mais antiga, errou mais. Acreditamos que o erro pode ser um excelente mestre quando é parte de um processo de crescimento e renovação, do contrário passa a ser a mola da repetição.” (p.121)
“ (...) a rápida trajetória desenvolvida, no mundo contemporâneo, pelo desenvolvimento industrial vem confirmar a sua capital importância, não só no sentido de valorização dos produtos industrializados, mas também, no de mostrar que no fim das contas, o mundo de hoje está voltando à tradição milenar, pela qual o objeto utilitário deve ser também, um objeto belo.” (p.83)
“A Bauhaus não era uma instituição com um programa claro - era uma idéia ." (p. 122)
“Ao longo do tempo, como observou Oberg (1962), o design tem sido entendido segundo três tipos distintos de prática e conhecimento. No primeiro, o design é visto como atividade artística, em que é valorizado no profissional o seu compromisso como artífice, com a estética, com a concepção formal, com a fruição do uso. No segundo entende-se o design como um invento, como um planejamento, em que o designer tem o compromisso prioritário com a produtividade do processo de fabricação e com a atualização tecnológica. Finalmente, no terceiro aparece o design como coordenação, onde o designer tem a função de integrar os aportes de diferentes especialistas, desde a especificaçiio de matéria-prima, passando pela produção à utilização e ao destino final do produto. Neste caso, a interdisciplinaridade é a tônica.” (p. 24)
3 RESUMO
Como quase toda publicação sobre design, a autora inicia a obra discutindo sobre as origens e o significado do termo design. Não só o público em geral tem dificuldades em definir o termo design, também como os próprios profissionais da área e estudantes, conforme pesquisa, citada no capítulo um, realizada por Geraldina Witter (1985). A mesma ainda concluiu no seu trabalho que:
“Desenho Industrial é a atividade científica de projetar, integrando várias áreas de conhecimento, estabelecendo relações múltiplas para a solução de problemas de produção de objetos que tem como alvo final atender às necessidades do homem e da comunidade.”
	A definição do termo design é importante para a discussão sobre o ensino do design no Brasil pois a errônea tradução do termo acarretou em uma confusão entre design (projeto) e desenho. Como citado por Niemeyer, “Na década de 1950, quando a atividade de industrial design passou a ter referência no país, foi empregada a expressão desenho industrial. Essa tradução foi inadequada pois contrariou o significado original de design, e fez prevalecer para o desenho industrial a conotação de habilidade de representar graficamente à de projetar.” Outras traduções foram cogitadas na época, tais como Projetos para a Indústria e Projética. Finalmente, em 1988, na Endi, foi decidida a mudança de designação de desenho industrial para design. Devido essa confusão causada por uma tradução não adequada, a Comissão de Educação, Cultura e Desporto da câmara dos Deputados rejeitou, em 1993, o projeto de lei que regulamentava a profissão de designer, por entender o termo designer como outra designação para desenhista. Ainda, o fato da palavra design ser empregada em áreas em que nem ao menos há algum tipo de projeto atrapalha ainda mais a definição do termo.
O ensino do design no Brasil está intimamente ligado ao design na Europa, principalmente na Alemanha, com influências das escolas de Ulm e Bauhaus e à Werkbund. Assim como a Alemanha buscava a união entre arte e indústria para expressar a supremacia do país como nação industrial, o Brasil da década de 50 também buscava o design para expressar sua ideologia nacionalista/desenvolvimentista. Logo, após a II Guerra Mundial, o Brasil estava assinalando um futuro promissor e precisava de profissionais com qualificação adequada para suprir a demanda de projetos nas indústrias.
Além da industrialização do país e em vista da necessidade de reafirmação da ideologia desenvolvimentista, Juscelino Kubitschek anunciou a construção de Brasília, causando uma explosão de inovação arquitetônica no país. Isso fez com que inúmeros artistas, designers e paisagistas fossem chamados para contribuir com a construção e embelezamento da futura capital nacional. Isso valorizou a inovação no país, já que, segundo Holston “os desenvolvimentistas viram uma afinidade eletiva entre design modernista e a própria modernização”.
Já em São Paulo, no Masp (Museu de Arte de São Paulo), fundado em 1947, “é que o design passou a ser sistematicamente tratado”. Apesar de ser uma cidade bastante industrializada, pouco se falava sobre design em São Paulo na época. Em 1951 foi inaugurado o Instituto de Arte de Contemporânea (IAC) do Masp, onde foram ministradas aulas para alunos como Alexandre Wollner. Vários profissionais ministraram aulas no IAC e receberam bolsas de estudos para Ulm. Porém o professor Geraldo de Barros repassou a sua bolsa para Alexandre Wollner. Os cursos e exposições do Masp fomentaram a discussão sobre design, arte, artesanato e indústria.
Em 1962 foi criado o curso de design na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (FAU-USP) e João Batista Vilanova Artigas foi o responsável pela renovação do ensino da arquitetura ocorrida nessa instituição. A FAU-USP defendia a proposta de que a arquitetura deveria solucionar os problemas de design, mas as demais escolas não aceitavam isso. O número de horas que os estudantes de arquitetura faziam destinadas a parte de design não era suficiente para uma formação completa dessa área. Porém um grupo da classe dominante acreditava que era necessário, nessa nova etapa da indústria, o incentivo da arte e cultura Moderna. Assim foi criado o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), em 1952.
 Acreditando que no Brasil havia um místico bem enraizado e uma presença de arte concreta, Max Bill propôs criar uma escola nos moldes de Ulm. Então em 1958 foi inaugurado o bloco escolas do museu do MAM por Juscelino Kubitschek. JK criou também o curso de desenho industrial do Instituto de Belas Artes (IBA) que resultou no curso que recebeu o nome de Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi), um marco histórico do design no Brasil. A justificativa maior para a criação do curso de design no IBA era de que a formação de profissionais seria necessária na evolução do processo de industrialização. A instalação do curso de design incentivou a formação de designers no Brasil. Essas obras foram parte do governo do Estado da Guanabara do governo de Carlos Lacerda.
O decreto de criação da Esdi foi assinado em 5 de dezembrode 1962 pelo governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda. A criação da Esdi foi orientada por Oberg, diretor do IBA, mas ao não reservar parte da verba da criação da escola para o fundo de campanha eleitoral de Flexa Ribeiro, o mesmo afastou Oberg do processo de criação e vetou o mesmo para a diretoria da Esdi. O curso possuía três habilitações: desenho industrial, comunicação visual e uma combinação das duas especializações anteriores, de nove meses. Até hoje as habilitações causam polêmica, não só na Esdi. Pois alguns defendem uma fomação generalizada de design. No primeiro ano, todos alunos frequentavam o cursofundamental porém, se o aluno não tivesse bom aproveitamento até metade desta fase, ele era automaticamente desligado da escola. A partir do segundo ano os alunos frequentavam somente as aulas de sua habilitação pretendida. Para ingressar na Esdi, os alunos passavam por testes vocacionais, teste de nível cultural e prova de língua estrangeira. Eles ainda eram entrevistados por professores que selecionavam alunos que sabiam os objetivos do curso e tinham o perfil desejado. Este método de ingresso foi susbstituído em 1976, quando a Esdi passou a fazer parte da Uerj.
O livro ainda abrange maiores detalhes sobre a história do design na Europa e detalhes sobre a fundação da Esdi.

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