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Interpretações e Fragilidades da Teoria Marxista

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Disciplina: Sociologia
Marx: Interpretações Históricas e Fragilidades da Teoria
Marxista
Professor: Marcelo Ottoni Durante
Universidade Federal de Viçosa 
Bibliografia:
• ARON, Raymond. As Etapas do Pensamento
Sociológico, São Paulo: Martins Fontes, 2008 -
Primeira Parte - Marx
02/09
Curso Sociologia Marx: Interpretações Históricas e Fragilidades da Teoria Marxista
Interpretações Marxistas da História
Abordagem Objetivista:
– A destruição do capitalismo e o advento da sociedade não antagônica seriam
fatos previstos, mas indeterminados quanto à sua data e a modalidade.
– Problema: Esta lei não é como as leis das ciências naturais, pois não é grande
coisa prever que algo irá ocorrer sem saber quando e o que vai ocorrer.
Abordagem Dialética e Materialismo Histórico:
– A história nasce da reciprocidade entre o mundo histórico e a consciência que
pensa esse mundo e entre os diferentes setores da realidade histórica.
– O mundo humano comporta uma progressão qualitativa que vai dos regimes
sociais primitivos até o regime que marcará o fim da pré-história, isto é, o
socialismo e ocorre por meio de transformações revolucionárias brutais que
obedecem a lei da contradição e da negação da negação.
– Esta abordagem une a interpretação da história à vontade política, já que
ordena a ação revolucionária como a única conseqüência legítima da análise.
– Problema: A interpretação dialética não explica a necessidade da revolução e
nem o caráter não antagônico da sociedade pós capitalista. Se todo sujeito
histórico pensa história em função da sua situação, não existe justificativa
para a interpretação marxista ou a do proletariado ser a única verdadeira.
03/09
Curso Sociologia Marx: Interpretações Históricas e Fragilidades da Teoria Marxista
Equívocos da Sociologia Marxista
• Marx busca compreender o conjunto das sociedades a partir da sua infra-estrutura, 
isto é, do estado das forças produtivas, dos conhecimentos científicos e técnicos, 
da indústria e da organização do trabalho. 
• Na interpretação do movimento histórico, o termo determinação é excessivamente 
rígido, enquanto condicionamento corre o risco de ser flexível demais. Passa-se, 
então, a falar em condicionamento dialético, e tem-se a impressão de que o 
problema foi resolvido.
• Marx propõe que o desenvolvimento das forças produtivas torna cada vez mais 
difícil manter as relações de produção capitalista, tornando a luta de classes algo 
inevitável. 
• Porém, os fatos a partir dos quais Marx encontra a totalidade social e histórica 
foram dissociados pela história. Em termos concretos, o desenvolvimento das 
forças produtivas se fez, em alguns casos, com a propriedade privada, e em outros 
casos com propriedade pública e a revolução não ocorreu onde as forças 
produtivas tinham atingido o maior desenvolvimento. 
04/09
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Classes Sociais
• Teoria marxista das classes:
– A distinção entre as classes se baseia na origem econômica das rendas: capital 
(lucro); terra (renda fundiária); e trabalho (salário). 
– Uma classe social é um grupo que ocupa um lugar determinado no processo de 
produção, que possui um duplo significado: lugar no processo tecnológico de 
produção e lugar no processo jurídico, imposto ao processo técnico. 
– As relações de classe se simplificam à medida que o capitalismo se desenvolve, 
pois existirão apenas 2 classes: proletariado, os que possuem apenas sua força 
de trabalho, e a burguesia, os que se apropriam de uma parte da mais valia.
• A comunidade de atividade, maneira de pensar e modo de vida são as condições 
necessárias da realidade de uma classe social, mas não a condição suficiente. Para 
que uma classe exista, é preciso de haja tomada de consciência da sua unidade e 
sentimento de separação das outras classes. No limite, os indivíduos só formam 
uma classe quando precisam desenvolver uma luta comum com outra classe.
• Constitui erro comparar a expansão do proletariado com a expansão da burguesia. 
No caso da burguesia, os burgueses são os privilegiados, os que dirigem o comercio 
e a industria, os que governam. Quando proletariado faz a sua revolução, são os 
homens que dizem representá-lo que dirigem as empresas comerciais e industriais 
e que exercem o poder. 05/09
Curso Sociologia Marx: Interpretações Históricas e Fragilidades da Teoria Marxista
• Relação entre regimes políticos e regimes econômicos:
– O Estado é um instrumento de dominação de uma classe, ou seja, um regime 
político é definido pela classe que exerce o poder. A democracia burguesa 
constitui o regime no qual a classe capitalista exerce o poder, embora 
mantenham a fachada das instituições livres. 
– Em oposição ao regime social feito de classes antagônicas e baseado na 
dominação de uma classe sobre as outras, Marx concebe um regime social 
onde não mais haja dominação de classes. Por isso, o Estado desaparecerá, pois 
ele só existe por que uma classe precisa dele para dominar as outras. 
– Se chamamos de Estado o conjunto das funções administrativas e dirigentes da 
coletividade, não é admissível que o Estado pereça em nenhuma sociedade 
industrial e menos ainda numa sociedade industrial planificada. O 
planejamento central implica que o governo tome um maior número de 
decisões do que no caso da economia capitalista, que se define, em parte, pela 
descentralização do poder de decisão. 
– O desaparecimento do Estado não pode ocorrer, a não ser num sentido 
simbólico. 
06/09
A Possibilidade do Fim do Estado
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• Para Marx, todas as características essenciais do regime capitalista têm origem no 
fato da sociedade capitalista ser antagônica. Não se pode deduzir a certeza da 
ausência de antagonismo do simples fato da inexistência da propriedade privada 
dos meios de produção e do fato de todas as pessoas dependerem do Estado. Se 
as decisões do Estado são tomadas por indivíduos, essas decisões podem 
corresponder aos interesses destes indivíduos. Numa sociedade planificada não 
há uma harmonia pré-estabelecida entre os interesses.
• No socialismo, não é o proletariado que exercerá o poder. Trata-se de determinar 
quais pessoas irão exercer as funções políticas, como recrutá-las, de que forma 
devem exercer a autoridade e qual é a relação entre elas e os governados.
• Marx entende por ideologia uma falsa representação, que uma classe tem quanto 
à sua própria situação e da sociedade em conjunto. Essa concepção traz duas 
dificuldades: 
(1)se uma classe tem uma falsa idéia do mundo, não existe porque um indivíduo 
conseguir se livrar dessa falsa consciência e 
(2)se todas as classes têm uma maneira de pensar parcial, então não existe uma 
verdade plena. Esse modo de pensar leva a um ceticismo integral, onde todas as 
ideologias são equivalentes: parciais, facciosas, interessadas e mentirosas.
07/09
Pontos Vulneráveis da Teoria Marxista
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Nos últimos cem anos houve três grandes crises do pensamento marxista:
1. Revisionismo da Social-Democracia Alemã: Uma vez que os antagonismos entre 
classes não se acentuavam e que a concentração não se produzia nem tão 
rápida nem tão completa, não era provável que a dialética histórica realizasse a 
catástrofe da revolução e a construção da sociedade não antagônica. 
2. Crise do Bolchevismo:
– Tese de Lênin: O partido bolchevique, que se proclamava marxista e 
proletário, representa o proletariado no poder. O poder do partido 
bolchevique é a ditadura do proletariado. 
– Segundo Kautsky, a revolução feita num país não industrializado, onde a 
classe operária era uma minoria, não podia ser uma verdadeira revoluçãosocialista. A ditadura do proletariado seria a ditadura sobre o proletariado. 
3. Crise do Termo Intermediário entre a Versão Bolchevista do Socialismo e a 
Versão Escandinavo-britânica: A sociedade sueca levou a diminuição na 
desigualdade de renda, misturando instituições públicas e privadas. A 
planificação parcial e a propriedade mista dos meios de produção se combinam 
com as instituições democráticas: pluralidade partidária, eleições livres e a livre 
discussão de idéias. 08/09
Crises do Pensamento Marxista
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Política X Economia
• No início e no fim do processo de evolução do regime capitalista existem fatores 
externos à economia do capitalismo, que são de natureza política. 
– No início, são fenômenos extra-econômicos que criam as condições nas quais o 
regime pode funcionar (deve existir um grupo de pessoas dispondo de capital e 
em condições de comprar a força de trabalho daqueles cuja única coisa que 
possuem é a força de trabalho). 
– No fim, Marx não demonstrou economicamente a destruição do capitalismo 
por suas contradições internas, mas sim como resultado da insatisfação do 
exército de reserva. 
09/09
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