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Mudanças no corpo da mulher durante a gestação

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ADAPTAÇÕES DO ORGANISMO MATERNO À GRAVIDEZ
Além do componente endócrino, a placenta também atua na resposta vascular, por meio da elaboração de maior quantidade de prostaglandina, comparativamente à produção de tromboxano, de renina, de angiotensina e de hormônios adrenais que agem na quantidade e na composição dos derivados do sangue e na atividade vascular.
 Consequentemente, é possível observar alterações essenciais para a adaptação do organismo materno à gravidez, em especial relacionadas aos sistemas circulatório (hematológico e cardiovascular) e endócrino (abrangendo também o metabolismo). As manifestações dessas adaptações em outros órgãos e sistemas são consideradas modificações do organismo materno à gestação e podem ser classificadas como locais (presentes nos órgãos genitais e/ ou sexuais) ou gerais (que surgem nos sistemas digestório, urinário, respiratório, nervoso, esquelético e em pele e anexos).
SISTEMA CIRCULATÓRIO
Adaptações hematológicas do organismo materno
A primeira adaptação circulatória observada na gestante se constitui de alterações do volume e da constituição do sangue. O volume sanguíneo materno aumenta consideravelmente durante a gravidez, atingindo valores 30 a 50% maiores do que os níveis pré-gestacionais. As variações relacionadas ao aumento da volemia se associam a diferenças individuais e à quantidade de tecido trofoblástico, sendo maior em gestações múltiplas e menor em gestações com predisposição a insuficiência placentária.
O papel da hipervolemia no organismo materno está associado ao aumento das necessidades de suprimento sanguíneo nos órgãos genitais, especialmente em território uterino, cuja vascularização apresenta-se maior na gestação. Além disso. tem função protetora para gestante e feto em relação à redução do retorno venoso, comprometido com as posições supina e ereta, e também para as perdas sanguíneas esperadas no processo de parturição.
Adaptações hemodinâmicas
O aumento da pressão venosa nos membros inferiores é justificado pela compressão das veias pélvicas pelo útero volumoso. Por essa razão, há maior chance de a gestante apresentar hipotensão, edema, varizes e doença hemorroidária.
As adaptações circulatórias se iniciam com 6 semanas de gestação e estão completamente instaladas entre o fim do primeiro trimestre e o início do segundo. A distribuição do fluxo sanguíneo se modifica durante a gravidez e vai sendo desviada com prioridade para útero, rins, mamas e pele.
Coração 
Com o decorrer da gravidez, o diafragma se eleva por conta do aumento do volume abdominal. Esse deslocamento altera a posição cardíaca, que está intimamente relacionada à localização do diafragma. Assim, o coração se apresenta desviado para cima e para a esquerda, ligeiramente rodado para a face anterior do tórax. Além desse deslocamento, o volume do órgão está maior como um todo, em função do aumento do volume sistólico e da hipertrofia dos miócitos (células que constituem os músculos). Pequenas alterações do ritmo cardíaco são frequentes, em especial as extrassístoles ventriculares (batimento cardíaco extra produzido pela ativação elétrica dos ventrículos antes de um batimento cardíaco normal) e taquicardias paroxísticas supraventriculares (frequência cardíaca uniforme e rápida).
SISTEMA ENDÓCRINO E METABOLISMO 
As adaptações endócrinas e metabólicas do organismo materno visam garantir o aporte nutricional para o desenvolvimento saudável do feto, de termo e com peso adequado. Para que isso ocorra, uma variedade de transformações funcionais das glândulas maternas coexistirá com um novo órgão que apresenta importante função endócrina: a placenta.
Adaptações e endócrinas do organismo materno 
Hipotálamo
Durante a gravidez, as concentrações de diversos hormônios produzidos pelo hipotálamo têm aumento na circulação periférica, apesar de não serem tipicamente detectadas fora do período gestacional. Isso decorre da produção placentária de variantes idênticas aos hormônios hipotalâmicos, como hormônio liberador da gonadotrofina (GnRH), hormônio liberador da corticotrofina (CRH), hormônio hipotalâmico estimulador da tireotrofina (TRH), somatostatina e hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH).
Hipófise
 Durante a gestação normal, a hipófise aumenta de tamanho à custa de hipertrofia e hiperplasia da sua porção anterior, a adeno-hipófise, especialmente dos lactótrofos, promovidas pela ação estimulante do estrógeno. Seu volume e peso chegam a dobrar ao fim da gravidez, sem maiores complicações quando a gestação e o parto cursam de forma tranquila.
Com relação à adeno-hipófise, observa-se aumento considerável da produção de prolactina, que chega a níveis dez vezes maiores que em mulheres não gestantes (cerca de 200 ng/ml). A elevação desse hormônio tem por finalidade preparar as glândulas mamárias para a produção de leite no pós-parto.
Tireoide 
A regulação da tireoide está evidentemente alterada na gravidez em razão de três modificações do organismo materno: 
• Redução dos níveis séricos de iodo pelo aumento da taxa de filtração glomerular e pelo consumo periférico.
 • Aumento da produção e da glicosilação da globulina transportadora de hormônios tireoidianos (TBG, do inglês thyroxine-binding globulin) com consequente aumento das frações ligadas dos hormônios. 
• Estimulação direta dos receptores de TSH pelo hCG.
Paratireoides 
A função das paratireoides está intimamente ligada ao metabolismo do cálcio. A demanda de cálcio na gestação é maior em função da unidade fetoplacentária, que absorve cálcio e outros elementos do organismo materno para a formação do esqueleto fetal. Na lactante, as demandas são ainda maiores. pelo alto teor de cálcio no leite materno, que deve suprir as necessidades do recém-nascido, exigindo um aporte materno de cálcio de 300 a 1.000 mg/dia durante a lactação.
Adrenais 
O aumento generalizado das atividades do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e do sistema renina-angiotensina-aldosterona fazem da gravidez um período de hipercortisolismo e hiperaldosteronismo. O aumento do cortisol sérico decorre da redução de sua excreção e do aumento de sua meia-vida. Tem relação direta com a unidade fetoplacentária, que produz CRH e ACTH, e, no terceiro trimestre, os níveis de cortisol chegam a ser três vezes maiores que os níveis basais.
Ovários
Durante a gravidez normal, a função endócrina ovariana está relacionada à produção de progesterona pelo corpo lúteo. Sua importância se limita até a sétima semana de gravidez, pois está associada à manutenção da gestação até o período em que o trofoblasto cresce suficientemente para sua autonomia hormonal.
Adaptações metabólicas do organismo materno
O ganho de peso materno decorre, em grande parte, do acúmulo de componente hídrico intra e extravascular, e em menor proporção, do acúmulo de componentes energéticos e estruturais (carboidratos, lípides e proteínas). O ganho de peso total se distribui de forma proporcionalmente diferente nos diversos segmentos do organismo, preferencialmente alocado no território uterino e fetoplacentário, nas mamas e nas estruturas vasculares. As demandas gestacionais não são constantes e diferem de acordo com os diversos trimestres e compartimentos, sendo maiores quanto mais avançada for a gravidez. de forma que o aporte calórico adicional é estimado em 85 kcal/dia, 285 kcal/dia e 475 kcal/dia. respectivamente, no primeiro, segundo e terceiro trimestres da gestação.
O ganho de peso materno adequado varia conforme a classificação de peso da mulher no início da gestação de acordo com seu índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional
Metabolismo dos carboidratos e lípides
É a partir de 30 semanas gestacionais que a mulher começa a mobilizar suas reservas energéticas para se adequar ao crescimento fetal. Para garantir o aporte de glicose necessário visando o crescimento e o desenvolvimento do produto conceptual, ocorre aumento da resistência periférica à insulina, criando um ambiente de hiperglicemia pós-prandial e consequente hiperinsulinemia, resultante da hipertrofia e da hjperplasiadas células beta pancreáticas mediadas pela prolactina e pelo hLP.
A hiperglicemia visa satisfazer a maior necessidade energética do feto no terceiro trimestre, favorecendo o transporte de glicose pela placenta, que ocorre por difusão facilitada.
Na gravidez normal, existe um aumento da leptina, com pico no segundo trimestre. Apesar disso, o apetite e a ingestão alimentar são maiores na gravidez porque as gestantes desenvolvem resistência relativa à leptina no centro de saciedade do sistema nervoso central. Já os níveis de adiponectina se encontram menores durante a gestação, o que contribui para a diminuição da sensibilidade à insulina.
Metabolismo proteico 
Existe aumento do balanço nitrogenado materno total com acúmulo de aproximadamente 1.000 g de proteína no termo da gestação. Metade desse acúmulo é direcionada ao feto e a seus anexos, sendo a outra metade destinada a suprir as necessidades da musculatura uterina hipertrofiada, do desenvolvimento mamário, da hipervolemia plasmática e da hiperplasia dos eritrócitos.
MODIFICAÇÕES SISTÊMICAS DO ORGANISMO MATERNO
PELE E ANEXOS
 A produção placentária de estrógenos leva à proliferação da microvasculatura de todo o tegumento, fenômeno conhecido como angiogênese. Associado ao estado hiperprogestogênico, ocorre vasodilatação de toda a periferia do organismo. Observam-se, assim, eventos vasculares da pele e dos anexos, como eritema palmar (condição rara que faz com que as palmas das mãos fiquem vermelhas), telangiectasias (vasos muito finos existentes na superfície da pele), hipertricose (aumento da pilosidade) e aumento de secreção sebácea e da sudorese.
A hiperpigmentação da pele da gestante também está relacionada aos altos níveis de progesterona, que parecem aumentar a produção e a secreção do hormônio melanotrófico da hipófise. Agindo sobre moléculas de tirosina da pele, induz a produção excessiva de melanina, o que provoca máculas hipercrômicas denominadas cloasmas ou melasmas. Entre os locais de maior incidência estão face, fronte, projeção cutânea da linha alba (que passa a ser denominada linha nigra), aréola mamária e regiões de dobras.
As estrias são mais frequentes no período gestacional. Como não há alteração da qualidade das fibras colágenas nem da constituição da epiderme, atribui-se sua ocorrência à hiperfunção das glândulas adrenais, portanto, ao hipercortisolismo típico da gravidez.
SISTEMA ESQUELÉTICO
 As articulações, de modo geral, sofrem processo de relaxamento durante a gravidez, com acúmulo de líquido também denominado embebição gravídica. 
Durante a gravidez, observa-se que as articulações da bacia óssea (sínfise púbica, sacrococígea e sínostoses sacroilíacas) se apresentam com maior elasticidade, aumentando a capacidade pélvica e modificando a postura e a deambulação da gestante. o que prepara o organismo para a parturição. Essas modificações, por sua vez, parecem estar associadas à ação da relaxina e são mais evidentes na sínfise púbica, em que os ramos ósseos podem estar afastados até 2 cm.Em geral, os ligamentos estão mais frouxos e são mais complacentes à movimentação. Tais modificações são imprescindíveis para o fenômeno de expulsão fetal, pois elas permitem o aumento dos diâmetros e estreitos da pelve materna.
O aumento do volume abdominal e das mamas desvia anteriormente o centro de gravidade materno. Por instinto, a gestante direciona o corpo todo posteriormente, de forma a compensar e encontrar novo eixo de equilíbrio que permita que ela se mantenha ereta. Por essa razão, surgem hiperlordose e hipercifose da coluna vertebral, aumento da base de sustentação, com afastamento dos pés e diminuição da amplitude dos passos durante a deambulação (marcha anserina). 
SISTEMA DIGESTÓRIO 
Muitas gestantes se queixam do aumento de apetite e sede. A resistência à ação da leptina e as alterações da secreção de ADH, em nível de osmolaridade distinto da não grávida, parecem ser as explicações para tais alterações de sensibilidade na gestante. Náuseas e vômitos são ocorrências muito prevalentes no primeiro trimestre e desaparecem ao longo da gravidez. Por vezes, podem ser de difícil manejo, acompanhados de perda significativa de peso, o que configura hiperêmese gravídica. 
Sabe-se que a progesterona é um potente relaxante de fibras musculares lisas. O estrógeno, por sua vez, age como indutor dos efeitos progestogênicos no organismo materno. Esses efeitos levam a relaxamento do esfíncter esofagico inferior e redução de seu peristaltismo com aumento da incidência de refluxo gastroesofágico. '" A pirose é, portanto, queixa comum da gestante.
A contratilidade da musculatura lisa dos intestinos também se encontra reduzida, causando obstipação. A permanência prolongada do bolo fecal no lúmen intestinal expõe os alimentos ao contato com enzimas digestivas por tempo mais prolongado e aumenta a absorção de água, o que contribui para piora da obstipação.
SISTEMA RESPIRATÓRIO 
As vias aéreas superiores apresentam modificações significativas durante a gestação. Ocorre ingurgitamento e edema da mucosa nasal, que se traduz em maior frequência de obstrução, sangramento e rinite durante a gravidez. 
Alterações anatômicas da caixa torácica podem ser notadas tão logo se inicia a gestação. Assim, observam-se elevação diafragmática de aproximadamente 4 cm e maior capacidade de excursão desse músculo, que aumenta em cerca de 2 cm. A amplitude de movimento do diafragma se reduz ao longo da gravidez devido ao aumento do volume abdominal que ocorre com o crescimento uterino.
Na capacidade inspiratória, reconhece-se o conjunto volume corrente e reserva inspiratória, enquanto a capacidade residual funcional é definida como a soma da reserva expiratória e do volume residual. Durante a gestação, ocorre deslocamento de volume entre essas duas capacidades, com acréscimo na capacidade inspiratória (pelo aumento do volume corrente, como visto anteriormente) e redução da capacidade residual funcional à custa da diminuição de seus dois componentes.'' A capacidade pulmonar total (somatório das duas capacidades já relatadas) está reduzida na gravidez em aproximadamente 200 mL em razão da elevação do diafragma à custa da redução do volume residual.
SISTEMA URINÁRIO
 Anatomicamente, os rins apresentam aumento de cerca de 1 cm em seus diâmetros durante a gestação. Modificações vasculares das arteríolas renais são fruto das adaptações circulatórias maternas descritas previamente. Assim, o aumento da volemia em associação com a redução da resistência vascular periférica provoca elevação do fluxo plasmático glomerular com consequente aceleração do ritmo de filtração glomerular.
Ao contrário do que ocorre em mulheres não grávidas, o padrão de excreção urinária é maior à noite em função do repouso em decúbito, com maior mobilização dos fluidos extravasculares e menor capacidade de reabsorção de água livre. Dessa forma, é muito comum a queixa de noctúria durante a gravidez.
A bexiga se encontra mais elevada ao longo da gestação, com retificação do trigono vesical, provocando refluxo vesicoureteral. lncontinência urinária é queixa comum
embora mecanismos protetores estejam mais desenvolvidos, como aumento do comprimento absoluto e funcional da uretra e aumento da pressão intrauretral máxima."
SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
As principais queixas das gestantes quanto ao sistema nervoso central (SNC) relacionam-se a discretas alterações de memória e de concentração, geralmente no último trimestre, e sonolência. Acredita-se que a sonolência esteja associada aos altos níveis de progesterooa, hormônio conhecidamente depressor do SNC e à alcalose respiratória
causada pela hiperventilação.
O psiquismo da mulher se modifica no ciclo gravídico-puerperal. Assim, manifestações como hiperêmese gravidica, enxaquecas e alguns distúrbios psiquiátricos (episódios conversivos ou isolados de hipomania e depressão) possivelmente se relacionam com alterações vasculares e hormonais exclusivas da gravidez. É importante ressaltar que, por se tratar de um momento único de vivência psicológica, a maternidadepode ser acompanhada de inseguranças e dificuldades emocionais. É papel do obstetra que assiste a gestante atentar para suas
necessidades psíquicas a fim de aliviar suas apreensões e orientar para que seja uma experiência rica e agradável, solicitando auxílio especializado toda vez que julgar pertinente. 
VISÃO, OLFATO E AUDIÇÃO
Modificações da acuidade visual podem estar presentes e decorrer de alterações da córnea, como edema localizado e opacificações pigmentares. A pressão intraocular costuma estar reduzida pelo aumento da velocidade de reabsorção do humor aquoso.
Como já discutido, a mucosa nasal apresenta-se edemaciada e hipervasrularizada e a hiposmia pode ser uma queixa da gestante. A acuidade auditiva também pode estar discretamente comprometida, com regressão após o pano.
MODIFICAÇÕES LOCAIS DO ORGANISMO MATERNO
ÚTERO
Modificações gravídicas
Assim como ocorre com outros órgãos genitais, a coloração uterina passa a ser violácea, por causa do aumento da vascularização e da vasodilatação venosa. A retenção hídrica do espaço extravascular, por sua vez, toma a consistência do útero amolecida, em especial na região de implantação ovular, onde as influências mecânicas e humorais são mais diretas e, portanto, mais intensas. A consistência uterina se modifica na vigência de contração uterina ou aumento do tônus muscular. o que pode ser notado pela palpação abdominal a partir da segunda metade da gravidez.
Embora retome a posição, forma e consistência pré-gestadonais após o puerpério, com redução significativa de suas dimensões, o útero mantém tamanho pouco maior progressivamente a cada gestação.
As dimensões, a forma e a posição do útero alteram-se ao longo da gravidez de forma sincrónica e progressiva. Assim, nota-se que até 2 semanas o útero é um órgão intrapelvico, com forma assimétrica decorrente da implantação localizada do embrião (sinal de Piscacek). A partir disso e até 20 semanas de gestação. assume a forma esférica e deixa de se localizar exclusivamente na região pélvica para se tomar um órgão abdominal. É nesse momento que o peso uterino e o amolecimento dos tecidos adjacentes Jevam-no a ocupar os fórnices laterais da vagina (sinal de Noble-Budin)
No início da segunda metade da gestação, por conta da hipertrofia das fibras musculares uterinas, pode haver comprometimento vascular com isquemia relativa. Por essa razão, o útero sofre fenômeno de conversão, ou seja, de mudança de forma para melhor suprimento sanguíneo local, com alongamento dessas fibras.
Miométrio
As fibras musculares do miométrio uterino se modificam substancialmente na gravidez, caracterizando-se três tipos de alterações: hiperplasia, hipertrofia e alongamento. A hiperplasia ocorre com menor frequência, sendo restrita às primeiras semanas de gestação. A hipertrofia é uma modificação mais intensa, aumentando em dez vezes o diâmetro da fibra muscular, que passa de 50 a 500 micras. O alongamento ocorre na segunda metade da gravidez e se relaciona ao estiramento da cavidade uterina pela presença do concepto.
O arranjo muscular apresenta outras peculiaridades quando observado ao cone transvenal. Em sua distribuição, as fibras musculares panem de determinado local na espessura do órgão e se dirigem para o interior. próximo à cavidade uterina. apresentando. portanto, diferentes comprimentos. Esse complexo arranjo das fibras musculares (de fora para dentro e de cima para baixo) permite que o útero se distenda e cresça em todas as suas dimensões, como uma espiral estirada. Da mesma forma, após o parto essa distribuição permite a involução uterina, funcionando como ligaduras mecânicas da intensa vascularização local.
Vascularização e inervação 
O útero é o órgão em que ocorre o fenómeno de hipervascularização mais intenso. O fluxo sanguíneo local, que fora do período gestacional é de 50 mL/min, chega a valores entre 500 e 700 ml/ min. A perfusão uterina é extremamente abundante. com surgimento de novos vasos e aumento da capacidade dos já existentes. As principais artérias que participam do suprimento sanguíneo do útero são as uterinas (ramos das artérias macas internas. antigamente denominadas artérias hipogástricas) e as ovarianas (ramos diretos da aorta. responsáveis por até um terço da perfusão do órgão).
A transferência de oxigênio e nutrientes da gestante para o produto conceptual ocorre entre dois compartimentos vasculares diferentes, mas interligados, que sofrem influências diversas, mas têm relação entre si: o compartimento uteroplacentário e o fetoplacentário. A elevação dos níveis séricos de estrógeno e de progesterona ao longo da gravidez aumenta o fluxo sanguíneo do compartimento uteroplacentário por meio da vasodilatação. O compartimento fetoplacentário, por sua vez, contribui para esse mesmo mecanismo por meio das ondas de invasão trofoblástica, que aumentam o número de vasos fetoplacentários e destroem a camada média das arteríolas espiraladas, transformando-as em uteroplacentárias.
A inervação uterina se dá pelo sistema nervoso autônomo, por meio de fibras aferentes (sensitivas) e eferentes (motoras ou secretoras, simpáticas e parassimpáticas). As fibras nervosas aferentes e as sinapses eferentes se reúnem em plexos ou gânglios. O mais importante desses gânglios, pela quantidade de fibras e localização, é o plexo de Frankenhauser também denominado plexo uterovaginal, situado posteriormente aos ligamentos uterossacros. O plexo de Frankenhauser é responsável pela atividade contrátil involuntária das musculaturas uterina, tubária e vaginal.
Istmo e segmento inferior
A alteração da consistência do istmo, com consequente edema e amolecimento do local, coincide com o alongamento da região e, ao toque vaginal combinado, é possível notar aumento da anteversoflexão uterina (sinal de Hegar), responsável pela polaciúria comum no início da gestação.
O istmo se alonga entre 8 e 12 semanas de gestação, para posteriormente incorporar-se ao corpo uterino com até 16 semanas, por meio de dilatação do orifício interno anatômico. É nessa ocasião que essa porção uterina passa a ser denominada segmento inferior. Com a incorporação do istmo ao corpo uterino, encontra-se dificuldade para definir seu limite superior. Classicamente, esse limite é denominado anel de Bandl. A incorporação do segmento inferior à cavidade uterina contribui para alteração da forma do útero de esférica para cilíndrica, marcando o momento de finalização do crescimento e desenvolvimento do órgão para dar lugar à distensão e ao aumento de sua capacidade interna.
Colo uterino
O aumento da vascularização modifica a coloração
habitualmente rósea do colo uterino para violácea. Ocorre reação decidual em células estromais que, em conjunto com o edema local, confere ao colo uterino consistência amolecida. É a partir de 16 semanas de gestação que o amolecimento do colo uterino modifica sua consistência, passando de uma consistência semelhante à da cartilagem nasal para uma consistência similar à do lábio (regra de Goodell).
 A hipertrofia glandular da endocérvix desencadeia maior produção de muco. espesso e viscoso. Denominado rolha de Schrôeder. Sua cristalização não costuma ocorrer na grávida, apresentando aspecto amorfo à microscopia por causa dos altos níveis de progesterona. O muco cervical da gestante é rico em imunoglobulinas e citocinas, funcionando mecânica e imunologicamente como proteção contra a ascensão de microrganismos. Sua eliminação acontece na presença de dilatação de qualquer ordem (prematura ou oportuna, por
contrações ou incompetência cervical).
Ao fim da gravidez e durante o parto, a cérvix passa por processo de colagenólise e desestruturação do tecido conjuntivo, que sustenta o arcabouço do colo uterino, na intenção de prepará-lo para esvaecimento e dilatação. Uma série de substâncias participam desse processo, como prostaglandinas, ácido hialurônico, enzimas proteolíticas (colagenases e elastases), mediadores inflamatórios e água.
Ovários
Os ovários têm importância crucial no início da gravidez, mais especificamente até a sétima semana.É nessa etapa que o corpo lúteo, que geralmente se mantém por 2 semanas após a ovulação ou durante a segunda metade do ciclo menstrual, transforma-se em corpo lúteo gravídíco. Seu crescimento e manutenção são assegurados pelos altos níveis de hCG produzidos pelas células trofoblásticas. O principal papel do corpo lúteo gravídico é fornecer progesterona em níveis suficientes para a deciduação do endométrio, com consequente nidação do blasotocisto, até o momento em que o trofoblasto seja capaz de produzir progesterona de forma autônoma e em quantídades adequadas para a manutenção da gestação. O corpo lúteo gravídico começa a regredir no primeiro trimestre (por volta de 12 semanas), por conta da redução e da estabilização dos níveis circulantes de hCG.
A ovulação, o recrutamento e a maturação folicular são processos que ficam estagnados durante toda a gravidez e só voltam a ocorrer meses após o parto, a depender do aleitamento materno.
TUBAS UTERINAS E LIGAMENTOS 
As tubas uterinas, que no início da gravidez são praticamente perpendiculares ao maior eixo uterino, estiram-se por coma do crescimento do útero e por ele são levadas a ocupar posição vertical, paralela ao corpo uterino. Ocorre, dessa forma, hipertrofia muscular, embora discreta.
VAGINA
 A hipervascularização local provoca hiperemía e edema da mucosa vaginal. Já no início da gestação, a coloração avermelhada se torna arroxeada pela retenção sanguínea nos vasos venosos, o que se denomina sínal de Kluge. O aumennto do diâmetro das artérias vaginais permite sentir sua pulsação nos fórnices laterais (sinal de Osiander). Ocorre hipertrofia das células musculares, bem como do tecido conjuntivo, o que, em conjunto com o acúmulo hídrico, aumenta a espessura e elasticidade da mucosa vaginal. Essas alterações levam à redução da rugosidade mucosa e garantem a distensão necessária do órgão para formação do canal de pano em momento oportuno. Os elevados níveis de progesterona circulante promovem alterações celulares locais similares às do período secretor do ciclo menstrual, contudo, mais intensas e duradouras. Por esse motivo, o acúmulo de glicogênio e a maior descamação celular servem de substrato para proliferação de Lactobacillus acidophilus. O consumo do excesso de glicogênio por esses microrganismos gera maior produção
de ácido láctico, com consequente diminuição do pH da vagina. O ph vaginal, que na gravidez encontra-se em torno de 3,5 a 6, tem papel protetor contra infecções bacterianas locais, mas pode predispor a infecções fúngicas.
VULVA
 A vulva da mulher grávida experimenta as mesmas modificações relacionadas a alterações vasculares e pigmentares que a vagina. É comum que a pele da raiz das coxas e dos grandes lábios se apresente com manchas hipercrômicas. A coloração arroxeada decorrente da hipervascularização local é denominada sinal de Jacquemier-Chadwick.
MAMAS
As modificações das glândulas mamárias são evidentes desde o início da gestação. A gestante se queixa com frequência de dor e hipersensibilidade mamária já no primeiro trimestre e costuma apresentar melhora com o decorrer da gravidez. A produção hormonal de estrógeno e de progesterona pela unidade placentária e a produção de prolactina pela hipófise materna promovem o crescimento e o desenvolvimento mamário necessários para o processo de latação no pós-parto. É por meio de mecanismos de hiperplasia e diferenciação celular que essas moléculas modificarão por completo a mama, único órgão que não retorna às suas características pré-gravídicas depois de terminado o período puerperal. 
O aumento volumétrico das mamas é observado a partir da sexta semana de gravidez. O mamilo se torna mais pigmentado e sensível. A papila se apresenta mais saliente, pois está com maior capacidade erétil. A hiperpigmentação areolar faz com que o mamilo tenha cor
acastanhada, com surgimento de coloração externa aos limites originais da aréola mais clara que ela, contudo, mais escura que a pele das mamas. A esse contorno de limites imprecisos que circunda a aréola dá-se o nome de aréola secundária ou sinal de Hutner. Há hipertrofia das glândulas sebáceas do mamilo, que formam elevações visíveis, os tubérculos de Montgomery
 A partir da segunda metade da gravidez, é possível visualizar a saída de colostro pelas papilas à expressão mamária.
Na espécie humana, o desenvolvimento estrutural e funcional das mamas só ocorre por completo após a gestação e a lactação. Essa glândula tem papel fundamental na nutrição e na imunidade do recém-nascido, com plasticidade surpreendente ao adaptar a quantidade e a qualidade da produção láctea ao número de neonatos e à necessidade de cada recém-nascido de acordo com a idade gestacional de nascimento.

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