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1 REVISÃO DE ANATOMIA E HISTOLOGIA RENAL Relações Anatômicas - Órgão retroperitoneal - Pouco acessível ao exame físico da palpação devido sua localização. Só é possível palpa-lo quando muito aumentado. - Forma de feijão - Possui a parte côncava voltada para região medial - Marrom avermelhado - Estende-se de T12 a L3 - 13cm x 7cm x 3cm - Peso de 130 a 170g cada - Fáscia de Gerota: - Possui importância estrutural apenas. Está fascia cria um compartimento no peritônio, e o rim fica dentro. Em caso de sangramentos ela funciona como um barreira estrutural. Funciona também como expansão de processos infecciosos. - Mede entre 11 e 13 cm: é considerado pequeno quando mede menos de 9cm. - Movimenta-se com a respiração – cerca de 2 a 3 cm → O rim maior que existe é o rim de doença renal policística. Secção Frontal - Cápsula renal - Membrana fina, transparente, lisa que recobre completamente o rim. É facilmente destacável do parênquima renal. Em um paciente renal crônico, a capsula perde todas essas características ficando rugosa e opaca. - Córtex (cerca de 2cm de espessura) - Colunas de Bertin - Medula - Pirâmides (12 a 18) - Parte interna da medula renal é formada por pirâmides, que possuem uma base larga voltada para o córtex, e o vértice é voltado para as vias urinarias o ápice da pirâmide é chamado de papila. - Papilas - Cada papila tem cerca de 15-20 orifícios que são os finais dos ductos coletores renais, a urina que acabou de ser formada cai e vai para as vias urinarias. - Ductos de Bellini - Pelve Renal - Cálices - As pirâmides desaguam nos cálices, o qual vai para pelve renal e logo para o ureter. - O ápice da pirâmide é chamado de papila; a papila é toda furadinha por onde sai a urina que acabou de ser formada. Ao sair pela papila, cai nas vias urinárias = cálices – pelve renal – ureter – bexiga – uretra. - Os “furinhos” na ponta da papila são chamados de ductos de Belini. - Só existe glomérulo no córtex, no córtex temos glomérulo e túbulos. Na medula temos apenas túbulos. Vascularização Renal - A vascularização arterial é dita terminal, não tem colaterais. A artéria renal é habitualmente única, saindo diretamente da aorta – há indivíduos que tem duas ou três artérias renais, mas o comum é ter apenas uma. 2 - Pode haver a artéria polar, que sai da aorta e irriga o polo superior ou polo inferior. - Como não há sistema colateral, caso um dos ramos da artéria renal obstrua ocorrerá necrose da área que esse vaso era responsável. - As artérias interlobulares são ramos da artéria renal que atravessam a córtex, e dessas artérias saem as arteríolas aferentes que originarão o glomérulo. Cada artéria interlobular dá origem a várias arteríolas aferentes e posteriormente o glomérulo. - O sistema venoso é semelhante, com os mesmos nomes, entretanto tem circulação colateral e a oclusão de um determinado vaso pode ser drenado/compensado por outro vaso. - As artérias renais vão se ramificando. O rim é um órgão peculiar, diferentemente dos outros órgãos ele possui 2 sistemas arteriolares. Tenho uma artéria renal que se divide em segmentares interlobares, arqueadas e etc, vao formar as arteríolas aferentes que vão se ramificar nos capilares glomerulares que vão se unir a arteríola eferente que vai se ramificar nos capilares peritubulares. - Tenho 2 ramos arteriais então. Depois de uma região arteriolar tenho uma nova arteríola e uma nova região capilar.Pq isso? Eu preciso fazer com que o rim execute a filtração glomerular, filtre substancias tóxicas, substancias em excesso, volume em excesso. Produzindo um ultrafiltrado que após a função tubular ele vai se transformar em urina. E depois esses mesmos capilares vão formar uma nova arteríola e uma nova rede capilar para esta nova rede capilar reabsorver junto com os túbulos esse ultrafiltrado. - Nessa filtração renal tenho parte de filtração e parte de reabsorção que depende dos 2 sistemas capilares. Néfron - Unidade funcional do rim - 1.200.000 néfron/rim - 2 milhões a 2,5 milhões no corpo - Corpúsculo Renal (Malpighi) - Glomérulo - Cápsula de Bowman – estrutura externa que envolve o corpúsculo glomerular - Túbulos - Túbulo Contornado Proximal - Alça de Henle - Túbulo Contornado Distal - Túbulo Coletor - Néfrons justamedulares - É chamado de unidade funcional porque ele sozinho é capaz de produzir urina; diferentemente do miócito, que não é unidade funcional porque ele sozinho não bombeia sangue, apenas contrai. No rim, um néfron sozinho é capaz de produzir a urina. O nefron é dividido em dois segmentos: glomérulos e túbulos que funcionam de forma diferente. O glomérulo é formado por uma capsula e só existe no córtex renal. Os túbulos são divididos em 4 segmentos: túbulo contorcido proximal, alça de Henle, túbulo contorcido distal e túbulo coletor. Corpúsculo de Malpigi: é formado pelo glomérulo e pela cápsula de Bowman que é a região que é responsável pela filtração. Ou seja, essa região do corpúsculo renal que tem a parte vascular e tem a parte da cápsula de bowman que vai coletar o ultrafiltrado. → A urina produzida em um dia é a soma de produção por todos os néfrons. Existem dois tipos de néfrons: - Justamedulares: próximos a medula; mais profundo na córtex. Eles têm a alça e Henle mais profunda. Participam principalmente do processo de formação da urina concentrada. (corresponde a 15-20% da filtração) - Corticais: o glomérulo está localizado mais no meio ou superfície da córtex. A alça de Henle não vai tão profundo. (corresponde a 80-85% da filtração) 3 Corpúsculo Renal - Cápsula de Bowman - Células epiteliais parietais - Espaço de Bowman - A cápsula determina um espaço entre a cápsula e o capilar – pode também ser chamado de espaço urinário. - Aparelho Justaglomerular - Mácula Densa (células que sinalizam fluxo de cloro, fluxo de sódio; se está havendo fluxo renal intenso ou precário e sinalizam questões de hemodinâmica sistêmica) - Arteríola aferente e eferente - Região mesangial extraglomerular - Células granulares e agranulares - Arteríola aferente chega e forma o capilar glomerular. Diferente do capilar tecidual, o capilar renal forma novelo, formando um “tufo” capilar, sendo envolvido por uma estrutura chamada cápsula de Bowman. A cápsula de Bowman tem uma saída que é o Túbulo Proximal. O sangue filtrado sai através da arteríola eferente. Artéria interlobular – arteríola aferente – formação do capilar glomerular – arteríola eferente – capilar peritubular (dois sistemas capilares interpostos na mesma sequência) - O capilar peritubular é responsável por irrigar a rede tubular e após isso se torna vênula, formando o sistema de drenagem. - No sistema vascular renal temos a arteríola aferente, depois vem o capilar glomerular e depois a arteríola eferente, após a arteríola eferente tem o capilar peritubular que perfunde os túbulos, após esse capilar tem a vênula. Dessa forma, há dois sistemas venosos na sequencia, o capilar glomerular e o peritubular; esse sistema é diferente do normal: arteríola capilar e vênula). - O glomérulo é uma estrutura vascular, ou seja, é um capilar que está todo enovelado. Há uma capsula que o envolve, que é chamada de capsula de Bowman. O espaço entre o capilar e a capsula é o espaço de Bowman. Esse espaço e a capsula determinam o local em que o que foi fique nesse espaço e vai para os túbulos renais. Essa capsula funciona como um capa que coleta o que é filtrado pelo glomérulo. Mesângio: estrutura responsável por dar sustentação aos capilares. Todo capilar é ligado ao mesângio. Histologia do Capilar Glomerular - A primeira camada é o endotélio. O endotélio é uma única célula grande, e seu citoplasma se espalha revestindoo interior capilar ou interior do vaso. Se espalha e forma fenestras, isso acontece porque a quantidade de fluidos nesse capilar é muito maior que nos demais tecidos. - Após o endotélio, sure a membrana basal que dará sustentação ao capilar. - Pelo lado de fora do capilar haverá uma nova célula, que é o podócito, o qual emite uma serie de ramos que abraça o capilar glomerular. - O plasma para sofrer o processo de filtração precisa atravessar essas três estruturas: endotélio fenestrado, a membrana basal não tem poro ou fenestra, mas funciona como uma “gelatina” permitindo que as moléculas atravessem e o podócito, que também deixa uma fenda que permite a passagem do ultrafiltrado. Glomérulo - Glomérulo - Mesângio - Células Endoteliais - Membrana Basal - Células epiteliais - Mesângio - Célula mesangial - Matriz mesangial - Laminiina - Fibronectina - Glicosaminoglicanos 4 - A célula mesangial que secreta essa matriz que é responsável por dar estrutura ao mesângio. - A capsula de Bowman é revestida por uma única camada de células epiteliais. O plasma para sair tem que atravessar o endotélio que é fenestrado, logo abaixo da membrana basal que é acelular e é formada por colágeno que dá sustentação à parede do vaso, logo após, há a célula epitelial que recebe o nome de podócito. O conteúdo do vaso sanguíneo, seja plasma ou sangue, tem que atravessar essas três estruturas para chegar a capsula de Bowman. O túbulo sai do glomérulo, desce até a medula e sobe de volta e encosta no glomérulo, o local em que encosta é chamado de aparelho justaglomerular. - As células tubulares da região justaglomeurlar são diferentes, sendo maiores e mais especializadas e são chamadas de macula densa. Na região das arteríolas aferente e eferente há células especializadas em liberar substancias e mediadores vasculares, esses mediadores são importantes para a regulação da hemodinâmica do glomérulo e para a regulação hemodinâmica sistêmica. - Um desses mediadores vasculares é a RENINA. Renina responsável por tranformar angiotensinogenio em angiotensina I que é um potente vasoconstritor. A macula densa regula então a filtração glomerular. Permite com que os rins funcionem se auto regulando. Se eu tenho muita clivagem de angiotensiogenio em angiotensina I eu vasoconstrito principalmente a arteríola eferente. E com isso, aumento a filtração glomerular. Mantenho mais sangue aqui dentro e aumento a TFG. - O mesangio é uma região escura no glomérulo, estrutura central, que da sustentação as alças dos capilares glomerulares. Ele tem uma matriz de colágeno e tem célula mesangial, que é responsável pela formação dessa matriz. Além disso o mesangio tem função no controle hemodinâmico, na permeabilidade capilar, no tamanho da superfície, no processo inflamatório. O podócito é uma célula muito grande e emite ramos, depois emite ramos menores que são os pedicelos que dão aspecto de feixe écler e fica uma fenda entre cada pedicelo. - O túbulo renal, anatomicamente, só tem uma membrana basal externa e uma única camada de célula epitelial. A célula tubular tem característica de ser polarizada, em que um lado é diferente do outro, ou seja, as características de superfície de um lado são diferentes do outro lado. A principal característica das células polarizadas é que a bomba de Na+/K+ ATPase só existe do lado que está em contato com a membrana basal, o lado da luz tubular não tem bomba de Na+/K+ ATPase. Parede Glomerular - Céls. Endoteliais - Fenestrações – 700Å - Membrana Basal - 3 Camadas (lâmina rara interna, densa e rara externa) - Colágeno e glicoproteínas - Podócitos - Pedicelos - Fenda de filtração (200 a 600Å) Túbulos Renais 1- Corpúsculo renal 2.3.- Túbulo proximal (parte convoluta e parte reta) 4.5.6.- Alça de Henle (ramos descendente delgado, ascendente delgado e ascendente espesso) 7 - Mácula densa 8.9.- Túbulo convoluto distal 5 10,11- Túbulo coletor (cortical e medular) Epitélio Tubular ANOTAÇÕES 6 ANOTAÇÕES 7 REVISÃO DE FISIOLOGIA RENAL Funções do Rim 1- Homeostase 2- Excreção de escorias metabólicas 3- Eliminação de toxinas (drogas) 4- Regulação endócrina da pressão arterial 5- Controle da massa eritrocitária (eritropoetina) 6- Controle do metabolismo ósseo (1,25 diidroxicolecalciferol) 7- Metabolismo de hormônios (insulina, glucagon, PTH, calcitonima, etc...) 1- Excretar escorias metabólicas, restos do metabolismo lipídico, proteico e glicídico 2- Manutenção da homeostase (manutenção do meio em que a célula vive; essas células necessitam de osmolaridade estável, ph estável, equilíbrio eletrolítico = homeostase) 3- Eliminação de toxinas (medicamentos, drogas e até mesmo alimentos) → Um alimento que o rim é responsável por eliminar toxinas é a carambola. Paciente renal crônico não pode consumir carambola, pois a mesma possui uma toxina neurológica que é eliminada pelo rim; se o paciente não tem o rim funcional, ao ingerir carambola, a toxina acumula, entra em coma e leva ao óbito. 4- Regulação endócrina da pressão arterial 5- Controle da massa eritrocitária (produção da eritropoietina) 6- Controle do metabolismo ósseo (1,25 diidroxicolecalciferol) – ativação da vitamina D 7- Metabolismo de hormônios (insulina, glucagon, PTH, calcitonina, etc.) - O doente renal, quando perde a função do rim perde todas as funções. É comum pensarmos na função de excreção de escorias metabólicas, mas as outras funções como o controle pressórico, ativação de vitamina D, produção de eritropoietina também são perdidos. Ao coloca-lo em diálise, resolve-se apenas a homeostase, a excreção de escorias metabólicas e eliminação de toxinas. Fluxo Sanguíneo Renal - Fluxo sanguíneo renal – 20 a 25% do débito cardíaco (1200ml/min) -> fluxo plasmático 600ml/min - Fluxo sanguíneo cortical (75%) > medular (25%) - Filtração glomerular 20% do fluxo plasmático (120ml/min) -> 180l/dia - Como um órgão filtrante, ele recebe boa parte do debito sanguíneo. Ao falar de filtração glomerular, o que importa é o volume plasmático, pois as células não sofrem filtração glomerular (hemácias, leucócitos não são filtrados). Diferença entre o Plasma e o Soro: - Plasma: para obter plasma devemos anticoagular o sangue, retirar as células e obteremos o plasma. Aproximadamente metade do sangue é plasma. - Soro: não temos os fatores de coagulação; no soro deixamos o sangue coagular, os fatores são consumidos e o que sobra é o soro. A diferença básica está na presença dos fatores de coagulação, que no soro não temos e no plasma temos. - Entram aproximadamente 600ml/min de plasma pela arteríola aferente; ao passar pelos capilares cerca de 20% desse volume extravasa para o espaço de Bowman (120ml/min) – esse volume de plasma sofreu filtração; o que não foi extravasado sai pela arteríola eferente. - A quantidade de plasma que extravasou passa a ser chamado de ultrafiltrado do plasma, pois não contém mais as unidades proteicas (imunoglobulinas, albumina, proteínas de coagulação). O ultrafiltrado entrará pelos túbulos, 120ml/mim irá nos dar aproximadamente 180l/dia (os glomérulos produzem um ultrafiltrado equivalente a aproximadamente 3 vezes o nosso peso), sendo que a maior parte será reabsorvida e uma mínima quantidade será eliminada na urina. ANOTAÇÕES 8 Determinantes da Filtração Glomerular - Pressão hidrostática - Pressãooncótica - Coeficiente de filtração – característica da membrana da filtração - Superfície - Permeabilidade Superfície: é contada de acordo com a quantidade de glomérulos funcionantes (quanto maior o numero de glomérulos, maior é a superfície). Permeabilidade: o principal fator associado a ela é a porosidade (o tamanho que o paro apresenta), dessa forma, eletrólitos, creatinina, passam sem problemas, mas as imunoglobulinas não conseguem passar. A albumina apresenta o tamanho exato para passar no poro, mas ela não passa devido a carga elétrica. - Dentro do capilar a pressão hidrostática é maior do que no espaço de Bowman, dessa forma empurra o liquido para fora. - A pressão oncótica é determinada pelas proteínas, sendo que a maior concentração das proteínas está dentro dos capilares; dessa forma, a pressão oncótica puxa liquido para dentro do capilar – vai contra a pressão hidrostática. - A pressão hidrostática empurra liquido para fora e a quantidade de proteínas dentro do capilar é maior, fazendo com que a pressão oncótica puxe liquido para dentro. - A filtração não para, em humanos filtramos de ponta a ponta do capilar glomerular. - O processo de filtração glomerular é muito grande e sai líquido do capilar para o espaço, a concentração de proteínas dentro do capilar aumenta e assim aumenta a pressão oncótica. Portanto, a pressão oncótica vai crescendo dentro da luz capilar a medida que vai ocorrendo reabsorção. - Quanto mais superfície filtrante nós temos, mais nós filtramos. Um indivíduo que desenvolve doença renal e começa a perder glomérulo, ele vai perdendo superfície de filtração. A nossa superfície de filtração equivale a soma de todas as superfícies glomerulares. Se a filtração cai pela metade, não significa que todos os glomérulos estão trabalhando pela metade, mas sim que houve perda de metade dos glomérulos. Ex. se perder metade dos glomérulos, ele passa a filtrar apenas 60ml de plasma. Permeabilidade Seletiva Glomerular - Tamanho - Carga elétrica - Albumina 36Å (CF < 1%) - Forma - Flexibilidade - O capilar glomerular funciona como se tivesse uma porosidade, eletrólitos passam facilmente (átomos são muito pequenos); é como se funcionalmente houvessem poros e átomos/moléculas pequenas passam. A imunoglobulina não passa, pois é uma molécula muito grande. - O mais importante é o tamanho e a carga elétrica - Albumina é praticamente “justa” ao tamanho da porosidade funcional do capilar, mas deveria passar. Ela não passa, devido a carga elétrica - a albumina tem carga negativa e a superfície da membrana de filtração também é negativa, reprimindo. Se não houvesse a questão de carga, ela seria filtrada muito mais do que ela já é. Existem algumas doenças que fazem perder a superfície de carga da membrana de filtração, levando então a albuminúria. 9 Autorregulação Fluxo sanguíneo constante entre 80 a 180mmHg (limite estimado) - Processo intrínseco (desnervado) - Teoria miogênica e/ou “feedback” túbulo-glomerular - O determinante da pressão hidrostática em nossos capilares é proveniente de uma força, que é o debito cardíaco. O coração bombeia sangue, gera uma pressão sistêmica que vai sendo transmitida para cada nível até chegar nos capilares. Portanto, a pressão hidrostática no capilar é regulada pela pressão arterial sistêmica. - Ao induzir hipertensão através de soro fisiológico, as arteríolas aferentes fazem vasoconstricção para manter a pressão capilar estável, senão qualquer auemnto de PA causaria extravasamento. O mesmo acontece quando faz hipotensão, realizando vasodilatação para manter. Existe um limite, em um determinado ponto as variações de pressão começam a lesar o glomérulo. - Portanto, ao aumentar a pressão arterial, a arteríola aferente faz vasoconstricção com intuito de manter a pressão hidrostática. O sistema que relaxa com aumento da pressão é o sistema venoso, para aumentar a capacidade, parta tentar diminuir a pressão do indivíduo, mas não o sistema arterial. Essa vasoconstricção feita pelas arteríolas tem como função não transmitir a hipertensão aos capilares renais, cerebrais, pulmonares, cardíacos. - Processo intrínseco das arteríolas. Essa resposta é bloqueada por bloqueadores de canal de cálcio. Existem vários mediadores envolvidos na autorregulação, inclusive mediadores intrínsecos. Uma arteríola contrai ao aumento da pressão, e ainda há os mecanismos hormonais de renina e angiotensina. A teoria miogênica é por influencia hormonal em cima da musculatura do vaso. Redução da resistência: vasodilatação. Aumento da resistência: vasoconstricção. - Portanto, ao reduzir a resistência na arteríola aferente, faremos vasodilatação da mesma, o que levará ao aumento do fluxo sanguíneo renal e aumento da taxa de filtração glomerular. Ao aumentar a resistência na arteríola aferente, fazendo vasoconstricção, o fluxo sanguíneo renal diminui, consequentemente a taxa de filtração glomerular reduz. - Se realizar vasodilatação da arteríola eferente, ocorre aumento do fluxo sanguíneo renal e a taxa de filtração glomerular irá cair, porque há duas saídas: uma da arteríola eferente e uma saída pelos túbulos, saindo mais fluido por um dos lados do que pelo outro, sendo mais fácil o sangue sair sem ser filtrado pela arteríola eferente dilatada. Vasoconstricção eferente aumenta a taxa de filtração glomerular, mas diminui o fluxo sanguíneo renal, pois o sangue não consegue sair pela arteríola eferente. IECA: vasodilatação da arteríola eferente. Aumenta o fluxo sanguíneo renal e diminui a taxa de filtração glomerular, por esse motivo ele é usado em pacientes renais crônicos. Isso não é perceptível em um indivíduo com função renal normal, porque existe uma serie de sistemas vasodilatadores e vasoconstrictores, portanto irão equilibrar ao administrar IECA. Aceita-se uma piora da creatinina em até 25% após iniciar o IECA; quando ocorre piora intensa da creatinina devemos buscar outras causas como estenosa de artéria renal. Função Tubular - Reabsorção - Ultrafiltrado 180L → Urina 2L (1,2%) - Secreção - Drogas ANOTAÇÕES 10 Transporte Tubular - Epitélio Polarizado - Via - Transcelular - Paracelular - Mecanismos - Ativos - Passivos Túbulo Proximal - Reabsorção 65% do UF - Porção S1, S2 e S3 - Transporte isosmótico - Reabsorção trascelular de sódio ativa - Reabsorção de glicose, fosfato, aminoac. e ac. orgânicos. - Secreção de H+ e reabsorção de HCO3 - Difusão de cloreto Alça de Henle - Reabsorção 25% do UF - Ramo fino descendente - Permeável a água - Impermeável à solutos - Ramo fino ascendente - Permeável à Cl- e Na+ - Impermeável a água - Ramo ascendente espesso - Cotranspote Na+– K+- 2Cl- - Gradiente elétrico favorece a reabsorção de cátions - Reabsorção de HCO3 Túbulo Contornado Distal - Reabsorção 5% do UF - Impermeável à água - Cotransporte Na+- Clinibido pelos tiazídicos - Regulação da excreção de cálcio pelo PTH e 11 vitamina D - Feedback túbulo-glomerular Túbulo Coletor - Célula Principal - Canais de Na+ sensíveis a amilorida e triantereno - Aldosterona aumenta a síntese de canais de Na+ (espironolactona) - Canais de água regulados pelo ADH - Células intercaladas α e β - H+-ATPase - H+-K+-ATPase - Acidificação - Tampão fosfato - Tampão amônia - Fatores (aldosteron Mecanismo de Concentração Urinária Sistema Renina-Angiotensina - Secreção de Renina - Depleção de volume (real ou funcional) - Restrição de NaCl - Estimulo adrenérgico, prostaglandinas e adenosina - Efeitos - Vasoconstrição - ↓ fluxo sanguineo renal e a filtração glomerular - Antinatriurético direto e via aldosterona- Hipertensão arterial secundária e essencial 12 - Nefropatia diabética (HAS hiporeninémica) Sistema Calicreína-Cinina - A calicreína é secretada por células do túbulo renal - Efeito vasodilatador local com aumento do fluxo sanguineo renal - Efeito diurético e natriurético - Cirrose Hepática causa diminuição da calicreína - HAS essencial a atividade do sistema calicreína está reduzida ANOTAÇÕES 13 AVALIAÇÃO LABORATORIAL DIAGNÓSTICA EM NEFROLOGIA Marcador de Disfunção Renal - Creatinina sérica - RN: 0,6 – 1,3 mg/dl - Lactente de 1 a 6 meses: 0,4 – 0,9 mg/dl - Criança 1 a 18 anos: 0,4 – 0,9 mg/dl - Adulto: 0,6 – 1,3 mg/dl - Uréia sérica: 10 – 50 mg/dl - Cistatina C: 0,6 – 12 mg/l Medida da Filtração Glomerular - Urina 24h - Clearance de creatinina = Cr (u) x V (u) / Cr (p) x 1440 - Cintigrafia - Radioisótopo (Cr – EDTA, Tc-DTPA ou MAG-3) - Depuração – injeta substancias e mede depuração pela urina - Inulina (padrão ouro, mas muito tóxico – usado apenas em pesquisas), Iohexol, Iothalamato - Fórmulas de estimativas - Creatinina ou cistatina C - A melhor forma é codificar a função renal. Caiu a filtração glomerular, perdeu a função renal. - Avaliação da função renal é feita por meio da filtração glomerular, e na prática clínica avaliamos o Clearence de Creatinina pelo exame de urina 24horas, e também o sangue para avaliar a creatinina sérica. O valor normal da filtração glomerular é de 120ml/min que equivale a 180l/dia. O Clearence normal é de 120ml/min, pois este equivale ao valor normal da filtração glomerular. A coleta de urina 24 horas está em desuso, pois a coleta não é feita adequadamente. Devido a dificuldade na coleta deste exame, há as estimativas que são feita por formulas, estas não medem a filtração glomerular; por meio de alguns dados como a idade e peso, outras utilizam ureia na formula, e da uma previsão de quanto deve ser o Clearence daquele individuo. Fórmulas de Estimativas COCKCROFT E GAULT TFG (ml/min/) = [(140-idade) x peso] / Scr x 72] x 0,85 se mulher MDRD Study ** RFG (mL/min/1.73 m2) = 186 X (Scr)-1,154 X (Idade)- 0,203 X (0,742 se mulher) X (1,210 se negro) CKD-EPI *** GFR = 141 X min(Scr/κ,1)α X max(Scr/κ,1)-1.209 X 0.993Age X 1.018 [se mulher] X 1.159 [se negro] - São utilizadas três formulas na prática clínica. A formula de Crockcroft-Gault é muito utilizada e é a única que dá pra ser feita a mão. - Se for mulher multiplicamos a Cr plasmáticas por 0,85 - Existem duas outras formulas estimativas que só podem ser calculadas por computador. - Outra grande variável da creatinina é a quantidade de massa muscular, pois esta é um resíduo da massa muscular, quanto maior a massa, maior é o valor da creatinina. Indivíduos com baixa massa ou mulheres tem valores de creatinina baixos. Essas variáveis geram problema, pois valores como 1,3 significam um valor normal para um homem de 95Kg que pratica musculação, mas 1,3 para mulher de 50Kg pode significar perda de metade da função renal. Teste da Funão Glomerular FÓRMULA DE SCHWARTZ (Pediatria) ClCr estimado = k x altura (cm) / Cr P - PT até 1 ano: 0,33 - AT até 1 ano: 0,45 - Crianças: 0,55 - Adolescente F: 0,55 - Adolescente M: 0,70 EAS - 1ª micção pela manhã, frascos limpos e secos, higiene prévia, jato médio. 14 Elementos anormais (EA), - Densidade – 1,005 a 1,035 - Ph – 5,5 a 7,0 - Glicose - Proteínas - Hemoglobina - Nitrito - Urobilinogênio - Corpos cetônicos Sedimentos - Hemácias – até 5/campo - Leucócitos – até 5/campo - Bactérias - Cilindro hemático - Cilindro leucocitário - Cristais de oxalato de cálcio - Exame físico da nefrologia - Deve ser desprezado o primeiro jato pois ele contem resíduos e células que aculumaram na uretra. Não necessita de ser coletado em frascos estéreis, podendo ser apenas um frasco limpo. - Elementos anormais (EA), que na verdade existem na nossa urina, mas não na quantidade que detectamos nesse exame – no EAS, - Normalmente temos a excreção de todos esses elementos, mas em níveis muito baixo que não são detectados pelo EAS. Existem então, maneiras de dosar a proteína na urina de 24 horas, e não necessariamente no EAS. Na urina de 24 horas podemos encontrar proteína até 150mg, a microalbuminuria normal é de até 30mg. - Até 30mg /24h – normal - 30 - 150mg/24h – microalbuminuria - 150mg – 3g/24h – proteinuria sub-nefrótica - > 3g/24h – proteinúria nefrótica - Na urina é considerado normal encontrar até 5 hemácias e leucócitos por campo. Não há consenso sobre esses valores. Há locais que colocam valores como, até 2 hemácias por campo, este aumento da sensibilidade deve- se à detecção precoce do câncer de bexiga; este torna-se um exame pouco específico, mas muito sensível. - Cilindros ocorrem nos pacientes muito proteinúricos, e fica como um gel no tubo formando os cilindros. Temos, por exemplo, os cilindros hemáticos leucócitos. Também podem ser encontrados cristais na urina, mas estes tem pouco significado clínico. Urinocultura - Higiene local (água e sabão) – frasco estéril x saco coletor em criança pequena x punção suprapúbica. Resultados - < 10.000 colônias – contaminação - > 100.000 colônias – infecção - Intermediário – repetir o exame - Se for por punção suprapúbica qualquer crescimento de bactéria é considerado infecção. - Para urinocultura é necessária orientação em relação à higiene local e a coleta deve ser feita em frasco estéril. - Na urinocultura outras formas de coleta são indicadas as crianças que utilizam saco coletor, neste caso a criança deve ser levada ao laboratório para a coleta, se este for colocado e não houver micção em 30 minutos, o saco coletor deve ser trocado. - Já punção suprapúbica é muito rara de ser utilizada, no entanto se for realizada a punção o valor de crescimento bacteriano para ser considerado infecção é o crescimento de qualquer quantidade de bactéria, visto que este é considerado um método de coleta estéril. Para outros métodos de coleta de urina normal, considera-se como infecção valores acima de 100.000 colônias. Urina 24 horas - Desprezar a primeira micção da manhã e anotar o horário (micção 0). - Colher todas as micções seguintes, sem desprezar nenhum volume, guardar em frasco limpo e seco. - Terminar a coleta no dia seguinte ao início do exame, em horário próximo ao início – micção 0. - Levar ao laboratório para os testes solicitados. Resultado urina 24 horas - Proteína < 150 mg (relação Ptn/Cr < 0,2 mg/mg) - Cálcio < 4 mg/kg (relação Ca/Cr < 0,21 mg/mg) - Ácido úrico < 15 mg/kg - Cistina < 75 mg (relação Cistina/Cr < 4,5 mg/g) - Oxalato < 50 mg/1,73 m² - Citrato > 300 mg/g creatinina em meninos ou 125 mg/g creatinina em meninas 15 - Magnésio < 0,12 mg/mg creatinina - Microalbuminúria < 30 mg/dia ou 20 µg/min - Investigamos litíase e acidose quando solicitamos a urina de 24 horas. - Todo volume deve ser armazenado em frasco limpo, não recomendado o uso de garrafa pet, o material pode ficar na geladeira. - É normal a proteinúria até 150mg. A urina de 24h está em desuso tanto para fazer o Clearance de Creatinina quanto para proteinúria. Pode-se fazer a proteinúria coletando a urina matinal, assim como também fazer o Clearence de creatinina, a partir dai faz um divisão da proteína pela creatinina, é considerado normal até 200mg de proteinúria por grama de creatinina. - Para os pacientes que tem litíase de repetição, dosa-se cálcio, ácido úrico, cistina, oxalato, citrato, magnésio, para investigar as causas de formaçãode cálculo. A microalbuminúria normal é de até 30mg/dia. Relação proteína/creatinina em amostra - Relação Ptn/Cr < 0,2mg/mg OU 200mg/g - normal - Relação albuminúria/Cr < 30 mg/g ou 0,03mg/mg - Realiza coleta igual ao EAS e dosa naquela amostra a albumina e a creatinina. - Microalbuminúria – 30 a 300 mg/g - Atividade física, whey protein, muita carne, inflamações levam a albuminúria. Portanto, a albumina tem bastante influencia. USG renal Avaliar - Insuficiência Renal - Cronicidade (atrofia) - Obstrução - Hidronefrose - Litíase - Má formação - Cistos - Rim normal (parênquima) é mais preto que o fígado. Quando fica igual ao fígado, significa que a ecogenicidade está aumentada. - É bastante utilizado, qualquer problema renal, alterações no EAS, aumento de creatinina, dor ou qualquer outra alteração, é necessário fazer USG. Assim como insuficiência renal crônica, aguda, litíase, infecções urinárias, glomerulonefrites. - Na USG a córtex é menos ecogênica mostrando-se mais escuro, e a medula é mais ecogênica, mostrando-se mais clara. Os cálculos renais ficam brancos no USG, e em baixo tem uma faixa preta que é a sombra acústica. O USG mostra as obstruções das vias por cálculos, dilarações congênitas de vias urinarias, doenças císticas. - O USG renal com doppler também é utilizados, principalmente para avaliação de artérias renais, para obstrução de artérias. Até o doppler do parênquima renal é feito, que são das artérias do parênquima renal, estas são utilizadas em transplantes para avaliar a rejeição. Dopplers ureteral é mais recente, alguns profissionais conseguem fazer, colaca-se o aparelho no abdome e observa-se o jato da urina passando pelo ureter. Desta forma, se o paciente tem um calculo no ureter e não tem o jato desse lado, significa que aquele ureter está obstruído e a urina não está passando. Doopler Vascular - Avaliar Estenose de Artéria Renal - Hipertensão Renovascular - Avaliar Rejeição - Tx Renal Urografia excretora – em desuso, substituída pela TC Avaliar - Obstrução - Litíase - Má formação Tomografia Computadorizada Avaliar - Insuficiência Renal - Cronicidade (atrofia) - Obstrução - Hidronefrose 16 - Litíase - Má formação - Cistos - Pielonefrite Cintilografia Renal com DMSA - Cintigrafia estática - Avaliar cicatriz - Nefropatia de Refluxo - Pielonefrite - Serve para avaliar a estrutura do parênquima para saber se o rim tem a estrutura de parênquima renal. É muito utilizada na pediatria para avaliar nefropatia de refluxo. As cicatrizes renais geralmente são vistas nos polos, tanto quanto é de refluxo ou pielonefrite, e por isso não conseguimos ver os polos. Cintigrafia renal com DTPA - Cintigrafia dinâmica - Avaliar fluxo sanguíneo - Avaliar filtração renal - Avaliar fluxo urinário - Teste captopril - Hipertensão renovascular - Teste furosemida - Obstrução urinária - Quantifica a função renal, dá para fazer o Clearence por essa cintigrafia. Quando faz-se o Clearence, esse obtido de ambos os rins. Existem vários testes que são realizados na cintigrafia para avaliação, obstrução, estenose de artéria renal. O rim com a função diminuída apresenta retardo na eliminação do contraste, e isto significa que há obstrução. Arteriografia Renal - Estenose da artéria renal - Rim ectópico - O rim em ferradura ocorre quando o individuo nasce com os dois polos inferiores “colados”. A arteriografia é utilizada para avaliar alterações da artéria renal. Urografia excretora faz-se injetando contraste na veia, depois faz raio X para ver o rim captando o contraste e depois sendo eliminado. - Esse exame esta em desuso e está sendo substituído por um exame que tem melhor acuidade, menos complicações que é a TC contrastada. Uretrocistografia Miccional - Avaliar refluxo vésico-ureteral - Ureterocele - Bexiga neurogênica Biópsia Renal - Aberta ou percutânea - Avaliar Glomerulonefrites A clínica do paciente (história e exame físico) é soberana na decisão médica, e o exame laboratorial é apenas complementar”. ANOTAÇÕES 17 GLOMERULOPATIAS - Síndrome Nefrítica e Síndrome Nefrótica - As glomerulopatias são doenças que acometem o sistema glomerular, mas são muito distintas entre si. - Glomerulonefrite, apesar do nome sugerir inflamação, nem sempre haverá inflamação. É um termo genérico utilizado para se referir às doenças do glomérulo. - Glomerulonefrite abrange todo o contexto das glomerulopatias, a grande maioria delas é inflamatória. - A apresentação clinica dela é dividida em síndromes, existem duas grandes síndromes: nefrótica e nefrítica. Síndrome Nefrítica - Nessa apresentação, o paciente classicamente desenvolverá os seguintes sinais e sintomas Hematúria - Cilindros hemáticos - Hemácias dismórficas: Proteinúria < 3g/dia ou 50mg/Kg/dia: - Cilindros - Aumento dos poros (proteinúria não seletiva) Hipertensão - Retenção de sódio e água Redução da filtração glomerular - Esclerose glomerular - Obstrução tubular ou necrose tubular Edema - Retenção de sódio e água Hemácias dismórficas: é o sinal mais importante para caracterizar essa síndrome. Identificamos que o paciente tem hematúria por: ou pelo EAS quando a hematúria é microscópica, e macroscopicamente quando há alteração da cor. Cilindros hemáticos: toda vez que aparecem cilindros hemáticos, a hematúria é glomerular, porque não há outra maneira de eles se formarem se não com hemácias provenientes do glomérulo e caindo na luz tubular (as hemácias não retornam do ureter e bexiga para os rins e túbulos). O problema é que esses cilindros são estruturas frágeis e que se dissolvem na urina muito rapidamente, devendo esta ser examinada após a coleta para que possam ser pesquisados (o que não acontece na maioria dos laboratórios, onde a urina é entregue pela manhã, mas são estudadas a tarde). Outro problema é que a sua pesquisa depende de um bom técnico. Proteinúria: caracteristicamente a síndrome nefrítica tem proteinúria menor que 3g (> que 3g é síndrome nefrótica) - Habitualmente, as doenças que envolvem síndrome nefrítica são doenças inflamatórias (doenças com complexo Ag-Ac). Há um processo inflamatório no glomérulo, normalmente na região mesangial e esse processo inflamatório no glomérulo irá alterar a permeabilidade de filtração. - A membrana de filtração do glomérulo tem uma permeabilidade, quando há um processo inflamatório essa permeabilidade altera e o que não passava começa a passar, por exemplo o paciente começa a ter proteinúria. Quando há lesão estrutural, começa a perda de hemácias, de leucócitos, então começa a passar na membrana de filtração hemácias e leucócitos. - Ocorre perda da superfície filtrante, ocorrendo redução da taxa de filtração glomerular. Ocorre retenção de sal e agua. - Paciente com exame de EAS no consultório com hematúria (20 a 25 hemácias/campo) = nem sempre é síndrome nefrítica, pois cistite e litíase também levam a hematúria. A maior parte dos pacientes com hematúria não tem síndrome nefrítica, não terão doença glomerular; na maioria dos casos são doenças de vias urinárias - cistite, litíase renal. - Como diferenciar doença de vias urinárias das doenças glomerulares através da hematúria? Através de um exame de pesquisa das hemácias dismórficas. Na hematúria glomerular, a hemácia que está dentro do capilar deve atravessar endotélio, membrana basal e epitélio, caindo no espaço urinário. Ao atravessar, a hemácia se deforma, portanto, na doença glomerular as hemácias estarão com a forma alterada. Se as hemácias não estiverem dismórficas, sabemos dizer que é hematúria das vias urinárias, ou seja, na hematúria extra-glomerular,como proveniente de um cálculo, não sofre esse grau de deformidade. Normalmente esse exame é realizado no laboratório (coleta da urina), porque se a coleta for feita e a urina com hematúria ficar muito tempo parada, a urina é acida, fica hiperosmolar e as 18 hemácias vão se deformando. Esse exame é realizado quando o paciente possui apenas hematúria isolada. - Hematúria glomerular não dá coágulo. Se houver coagulo, é extra-glomerular. Síndrome Nefrótica Proteinúria > 3,5g/dia: - Proteinúria seletiva (SNLM) → albumina e transferrina - Aumento no tamanho e no número de poros Hipoalbuminemia Edema - Retenção de sódio Hiperlipidemia - Inversamente a albumina (estímulo a síntese hepática) - Hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia Lipidúria, Hipercoagulabilidade (↓ antititrombina III), insuficiência renal e infecções (↓ IgG) - Proteiúria é a principal característica. Muitas vezes os pacientes apresentam essa proteinúria, mas sem o resto das manifestações, ao que chamamos proteinúria nefrótica. - Hipoalbuminemia: como estamos perdendo proteína, e como a albumina é a principal proteína do plasma, perdemos mais do que o fígado é capaz de sintetizar, e a albumina seria diminui. A pressão oncótica diminui, e isso gera edema, que se soma a retenção de sódio para gerar um edema que é muito mais intenso que na síndrome nefrítica. - O principal marcador é a proteinúria, proteína maciça e grande. O indivíduo perde mais proteína do que é capaz de produzir, dessa forma a albumina no sangue começa a cair (hipoalbuminemia). A redução da albumina determina pressão oncótica, tônus vascular, ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, isso levando ao edema. O edema na síndrome nefrótica tem dois processos fisiopatológicos: pressão oncótica + ativação do SRAA e reabsorção intra-renal de sódio (esta, semelhante a síndrome nefrítica). - O paciente nefrótica faz dislipidemia importante (>300 de colesterol), porque a hipoalbuminemia é um estimulo para síntese hepática de albumina, só que esse estimulo não é totalmente especifico, portanto, o fígado passa a aumentar a produção de várias outras proteínas, inclusive as lipoproteínas – proteínas carregadores de lipídios. - Existem outras consequências da síndrome nefrótica, que são vistas nos pacientes nefróticos de longa evolução – hipercoagubilidade, eventos trombóticos (trombose venosa de membros inferiores e trombose de veia cava), isso acontece porque perde uma substancia muito importante na urina que é chamada de antitrombina III, que é anti- trombótica. - A insuficiência renal no nefrótico é associada a um estado de hipovolemia relativa devido ao edema, e quando damos diuréticos, o quadro de hipovolemia piora. - Paciente nefrótico tem alto risco de desenvolver infecções, principalmente bactérias capsulares, pneumococo. Isso acontece porque há perda de imunoglobulina na urina. Tem tendência a desenvolver anemia, porque perde transferrina na urina, tem tendência a raquitismo, pois perde proteína carregadora de vitamina D, mas esses casos acorrem nos pacientes crônicos. - Pacientes que desenvolvem síndrome nefrótica por 2 a 3 meses não sofrerá todas as consequências, entretanto aquele paciente que desenvolve síndrome nefrótica por anos tem risco de todas as complicações: trombose, anemia, deficiência de vitamina D, infecções. Outras Síndromes Rapidamente Progressiva - Rápida perda da função renal (oligúria) - Proteinúria leve Glomerulonefrite Crônica - Insuficiencia renal terminal (rins de volume reduzidos) - Sedimento urinário anormal (proteinúria <3g/dia) Hematúria e/ou proteinúria assintomática - Função renal normal e proteinúria não nefrótica - Hipertensão ausente - Hematúria macroscópica ou microscopica e recorrente ou persistente - Em pediatria, temos uma doença principal causando 95% das síndromes nefríticas e uma doença causando 95% das síndromes nefróticas, sendo, portanto, o diagnóstico sindrômico. Dessa forma, já começamos a tratar empiricamente, não há necessidade de biopsiar. Em adultos existem pelo menos mais 3 outras formas de apresentação 19 sindrômica. Além disso, temos arias outras doenças as provocando. Também a mesma doença pode, em alguns pacientes, desencadear síndrome nefrítica, e em outros, síndrome nefrótica. Portanto, com frequência vamos precisar de biopsia renal, porque é muito difícil fazer o diagnóstico apenas com manifestações clinicas. Rapidamente progressiva - Ocorre em semanas ou alguns meses - Rápida perda da função renal (oligúria) - Principal marcador – habitualmente em até 3 meses, perde a função e inicia a diálise. - Não dá tempo de ficar nefrótica, fazer edema ou determinar outras manifestações sistêmicas. - O paciente tem uma rápida perda da função renal. A principal manifestação é a perda da função renal, que ocorre rapidamente de 1 a 3 meses. Portanto, as outras manifestações típicas, como proteinúria, hematúria, não são muito evidentes. Então quando a manifestação mais frequente é hematúria pensamos em síndrome nefrítica, quando a mais frequente é proteinúria pensamos em síndrome nefrótica, e quando a manifestação mais evidente é a perda da função renal temos uma SRP. Esse é diferente do paciente que descobre a sua perda de função renal em determinado momento, mas que já vinha acontecendo há muito tempo. Glomerulonefrite Crônica - Insuficiência renal terminal (rins de volume reduzidos) - Insuficiência renal avançada, ureia e creatinina bem elevadas, complicações das doenças renal. - Não tem história de hipertensão, diabetes e nem doença que justifique. - Ele teve glomerulonefrite, mas não sabemos qual delas e nem tem como descobrir o agente etiológico. - Sedimento urinário anormal (proteinúria < 3g/dia) - O paciente já apresenta o rim atrofiado, então não temos mais o que fazer se não diálise. Esse paciente não pode ser indicado para biópsia renal. As manifestações de insuficiência renal são mais evidentes que as manifestações de lesão glomerular. Habitualmente esse paciente teve alguma dessas síndromes e não descobriu, evoluindo para insuficiência renal. - Em alguns livros essa síndrome e a SRP estão dentro da síndrome nefrítica. É o paciente que apresenta alguns livros /ou proteinúria, mas sem outros sinais e sintomas, sem hipertensão, insuficiência renal, edema. Geralmente o paciente descobre quando faz um EAS de rotina. Alguns pode fazer hematúria macroscópica, mas também não apresentarão os outros sintomas. - Enquanto que em crianças, o temos sinais e sintomas de síndrome nefrítica/nefrótica, em adultos é muito comum que eles se misturem. Por exemplo, podemos ter um paciente com proteinúria de 4, mas ter ao mesmo tempo hematúria, edema, albuminúria. Podemos chamar de síndrome nefrítica com componente nefrótico u vice-versa, habitualmente o termo nefrótico é mais importante. Causas - Glomerulonefrite é a 3ª causa de insuficiência renal terminal em países desenvolvidos, assim como no Brasil. Só perde para diabetes e hipertensão, como causa de insuficiência renal. Etiologia – Sínd. Nefrítica (Nefrítica + Hematúria e/ou proteinúria assintomática + GNRP) Primária: ocorrem por lesão primária nos rins - Glomerulonefrite pós-estreptocócica - Nefropatia por IgA - Síndrome de Goodpasture - Glomerulonefrite crescêntica Secundárias: uma outra doença que está causando a lesão glomerular, sobretudo as imunológicas. Vamos tratar principalmente a doença de base. - Doenças imunológicas: Lupus e vasculites - Doenças infecciosas: endocardite bacteriana Etiologia – Sínd. Nefrótica Primária - Glomerulopatia de lesão mínima - Glomeruloesclerose segmentar e focal - Glomerulonefrite membranosa - Glomerulonefrite membranoproliferativa Secundária - Doenças Imunológicas: Lupus, vasculites, diabetes e amiloidose20 - Doenças Infecciosas: endocardite bacteriana. hepatite B e C, HIV, hanseníase e esquistossomose - Neoplasias, alérgenos, venenos e medicamentos (AINH e lítio) O Diagnóstico é feito em Duas Etapas: Diagnóstico sindrômico (síndrome nefrótica ou síndrome nefrítica): na pediatria é super fácil, criança com síndrome nefrótica tem uma doença, criança com síndrome nefrítica tem outra doença. Em adulto, síndrome nefrótica terão pelo menos 4 causas importantes, síndrome nefrítica tem outras doenças. Além do que, adulto tem mais 3 síndromes com manifestações clínica – rapidamente progressiva, glomerulonefrite crônica e hematúria e/ou proteinúria; além de poder ter a síndrome nefrótica e nefrítica simultaneamente (ex: proteinúria 5g, albumina baixa – nefrótica + hematúria – nefrítica). A apresentação clinica é muito variável, a maior parte dessas doenças tem relação autoimune, formação de imunocomplexos, tendo a apresentação clinica muito variável – uma mesma doença pode levar o indivíduo a síndrome nefrítica e em outro indivíduo a síndrome nefrótica e em outro com a mesma doença pode fazer uma rapidamente progressiva. 100% dos pacientes com doença glomerular se encaixam em uma das 6 síndromes (nefrótica, nefrítica, ambas juntas, rapidamente progressiva, hematúria e/ou proteinúria assintomática e glomerulonefrite crônica) – se o indivíduo não se encaixa em uma dessas opções, ele não tem doença glomerular. Diagnóstico etiológico (histológico): nem sempre é necessária a biópsia para o resultado etiológico. - A formação (deposição) de imunocomplexos pode ocorrer em diferentes locais: na região da membrana basal, na região subendotelial, região mesangial, pode ocorrer na própria membrana basal ou pode se depositar entre a membrana basal e o podócito. Síndrome Nefrítica Glomerulonefrite pós-infecciosa: é a doença típica que caracteriza a Síndrome Nefrítica. Um pequeno percentual (entre 2 a 5%) pode fazer uma síndrome rapidamente progressiva. Um grande percentual tem uma doença autolimitada que é a síndrome nefrítica e um pequeno percentual pode fazer uma doença mais grave, que é a rapidamente progressiva. Síndrome Rapidamente Progressiva Síndrome de Goodpasture: é uma doença onde ocorre lesão renal associada a hemorragias pulmonares. Glomerulonefrite Crescêntica: quase sinônimo da síndrome rapidamente progressiva (SRP). Praticamente todos os pacientes com glomerulonefrite crescêntica são pacientes de síndrome rapidamente progressiva – perda rápida da função renal. Síndrome Hematúria e/ou Proteinúria Nefropatia por IgA: a apresentação típica da nefropatia por IgA é a síndrome de hematúria e/ou proteinúria assintomática – é um paciente com hematúria, proteinúria leve, não tem edema, não tem hipertensão, não da perda de função renal. Cerca de 10 a 15% pode fazer síndrome nefrítica e um percentual mínima pode evoluir com síndrome rapidamente progressiva. É considerada umas das glomerulonefrites mais prevalentes no mundo. - Na GNPI, praticamente todos os pacientes irão fazer síndrome nefrítica (95-98%). No entanto, de 2-5% desses pacientes fazem SRP, evoluindo rapidamente com lesão renal. - Na nefropatia por IgA, a maior parte apresentará síndrome de hematúria/proteinúria assintomática, não apresentando demais sintomas. No entanto 10-15% fazem síndrome nefrítica, correndo risco de evoluírem mal. Menos de 0,5% dos pacientes evoluem com SRP e perdem a função rapidamente. 21 - Na GN crescêntrica, corre SRP, habitualmente todas elas irão se apresentar dessa forma. Obviamente, podemos fazer diagnóstico precoce e pegar o paciente em uma fase onde está apresentando síndrome nefrítica, mas vamos tratar como GN crescêntrica. - Devemos guardar a principal manifestação, mas saber que existem formas e apresentação menos comuns. Glomerulonefrite difusa aguda pós-infecciosa (GNDA) Estreptocócica: em criança vemos basicamente infecções estreptocócicas, sobretudo de pele e faringe. Não-estreptocócica: em adultos, além das infecções por estreptococos, temos outros agentes e outras doenças podendo causar a GN, geralmente infecções mais crônicas: - Endocardite, abscessos, shunt VP, sepses - Hepatite, mononucleose, sarampo - Pior prognóstico principalmente em adultos: na pediatria menos de 1% evoluem com perda de função renal e precisarão de dialise, e 2% ficarão com sequelas. Já em adultos esse número pode chegar a 15% e 10% ficarão com sequelas. - A criança faz uma infecção estreptocócica, fazendo lesão de pele e algumas semanas depois abre a glomerulonefrite. Em adulto não dá apenas a glomerulonefrite associada a infecção estreptocócica, normalmente quando o adulto tem uma GNDA se dá por outros agentes bacterianos, relacionado a outros tipos de infecção – principalmente após endocardite, abscessos, de liquido peritoneal. Pode ser vista em infecções virais, na mononucleose e no sarampo. Sempre tem bom prognóstico, mas em crianças o prognóstico é melhor que no adulto – na criança aproximadamente 90% de cura, no adulto 70%. - O tratamento é basicamente sintomático. NEFROPATIA POR IgA - Também chamada de Doença de Berger (não é mais utilizado) - Purpura de Henoch-Schonlein (monossintomática) Manifestações Clínicas e Laboratoriais: Sexo masculino (3:1) e idade média 30 a 35 anos (doença de adulto jovem) Hematúria macroscópica (ou microscópica) após infecção de vias aéreas superiores (50%) ou atividade física Achado no EAS de hematúria microscópica (40%): parte dos pacientes fazem apenas um processo microscópico que se mantem o tempo todo geralmente descobrindo isso no EAS de rotina. Muitos pacientes podem ser tratados para a purpura, melhorarem os sintomas, mas permanecerem com a lesão renal, porque a nefropatia por IgA não gera muitos sintomas expressivos, geralmente não curso com edema, HAS... e o paciente evolui silenciosamente com lesão renal ao longo do tempo. Síndrome nefrítica (10%): esse é o grande problema, porque esses pacientes geralmente evoluem com perda da função renal. - Proteinúria não nefrótica (proteinúria bem leve) ↑ IgA sérica (50% dos casos): quando pegamos um paciente com suspeita de NPIgA sempre pedimos dosagem de IgA. Em metade dos pacientes ela virá elevada, o que é mais um dado, mas se não vier, isso não exclui a doença (50% não apresentam) - Imunoglobinúria - Não tem lesão renal e hipertensão - Exceção: 10 a 15% apresentam o quadro já com síndrome nefrítica – quadro mais complicado. O restante, normalmente tem ótimo prognóstico. - Laboratorialmente, a única pista que temos é a ⇑ IgA sérica (50% dos casos). Entretanto, IgA sérica normal não exclui o diagnóstico. Existem dois tipos de paciente: 50% dos pacientes têm hematúria macroscópica após IVAS (faringite, amigdalite), melhorando o quadro infeccioso a hematúria cessa; daqui a 6 meses ele faz um quadro infeccioso de vias aéreas novamente tendo hematúria novamente. A outra metade dos pacientes não tem essa exacerbação durante quadro infeccioso, estes irão manter a hematúria constantemente – EAS com 20-25 hemácias/campo. - Aproximadamente metade dos pacientes apresentarão hematúria após processos que alterem o sistema imune, como infecções. Então temos uma diferença da GNDA, onde a infecção ocorre hoje e a hematúria rá correr daqui a 3 semanas, e na NPIgA a infecção e a hematúria ocorrem quase juntas. A GNDA ocorre apenas uma vez na vida, já a NPIgA volta várias vezes que o paciente apresentar infecções e modular o SI. 22 Fisiopatologia: - Aumento das imunoglobulinas - Deposição renal de imunocomplexos circulante - Deposição de agregados de IgA - Deposito mesangial - Púrpura de Henoch-Schonlein X Nefropatia IgA Depósitos - IgA - C3 - IgG - IgM, Clq e C4 - É semelhante a fisiopatologia da maioria das GN. A maioria das doenças são auto-imunes, além de doençasinfecciosas e neoplásicas. O paciente tem predisposição a formação de IgA. Há aumento de produção dessa Ig, que forma imunocomplexos que irão se depositar nos glomérulos, na região mesangial, desencadeando resposta inflamatória. Esse Ag ainda não foi identificado. - A púrpura de Henoch-Schonlein é uma doença que acomete geralmente crianças, e a fisiopatologia é muito semelhante a NPIgA, entretanto, na purpura o processo de formação de imunocomplexos é sistêmica. Então o paciente pode ter deposição na pele para formação da púrpura, deposição no intestino fazendo isquemia, nas articulações gerando artrite, nos rins gerando nefropatia... Já na NPIgA a deposição é apenas renal. Diagnóstico Biópsia renal (microscopia com imunofluorescência): região mesangial fica expandida (aumento do tecido mesangial e pode haver aumento das células mesangiais) e ao realizar imunofluorescência haverá deposição de IgA na região mesangial. Depósitos: IgA, C3, IgG, IgM, C1q e C4 - Fazemos o diagnóstico só por biopsia renal. Na biópsia vamos realizar alguns exames, como a imunofluorescência, onde o principal achado será a presença de IgA depositada no mesângio renal. Temos outras substâncias que podem ser encontradas também. Imunofluorescência: é colocado no tecido que será examinado o anticorpo (Ac IgA, Ac IgM, Ac IgG, C3, C4, C1q), nesse caso o anticorpo anti-IgA, depois lava o material e analisa; entretanto esse anticorpo é um anticorpo especial, pois nele é grudado uma molécula fluorescente e ao incidir luz ela acende. Prognóstico Insuficiência renal terminal - 15% em 10 anos / 25% em 20 anos: o grande problema é que uma boa parte dos pacientes podem evoluir com insuficiência renal ao longo de 10 a 15 anos. Geralmente são os pacientes que se apresentam com síndrome nefrítica, que é mais grave. Pior o prognóstico se houver HAS, insuficiência renal e proteinúria nefrótica. Tratamento - IECA: para pacientes com hematúria (captopril, enalapril) - Corticosteroide - Dieta - Ômega 3 (dose muito alta – hálito de peixe) - Se o paciente piora muito, fazemos uso de imunossupressor (10 a 15% que evolui com síndrome nefrítica) - Grande problema, pois é uma doença benigna em 85% dos pacientes e grave só em 15%. Então não tratamos todo mundo de forma agressiva. - Temos duas formas de tratamento: um é o padrão de tratamento para pacientes com hematúria assintomática, que terão função renal normal, Cr normal, sem edema, hipertensão. - Existem medidas sintomáticas para todos, pacientes com HAS, tem proteinúria, receitamos IECA/BRA, dieta com restrição de sal. - A dieta pode ser útil restringindo alguns alimentos que poderiam ativar a produção de IgA) que está na luz intestinal). - Vitamina E, dieta pobre em antígenos (ovo e glúten – diminui a IgA), ômega 3 são questionáveis, mas são usados. - Amidalectomia também já foi feita em pacientes que fazem nefropatia principalmente após amigdalite, mas ainda é questionável. - Já nos pacientes que apresentam, além da hematúria, aumento de Cr, hipertenso, edema a recomendação é que utilizemos corticoides para diminuir o processo inflamatório. Então se o paciente estiver evoluindo mal, temos que fazer corticoide (prednisona). 23 - Devemos ter essa doença em mente, s não é algo raro, sobretudo em pacientes provenientes da Ásia, onde é muito comum (no Japão, por exemplo, é recomendado EAS de rotina, coisa que não é feita em quase nenhum lugar do mundo mais). SÍNDROME RAPIDAMENTE PROGRESSIVA Classificação das Glomerulonefrites Crescênticas: Anticorpo Anti-MBG (tipo I) - Síndrome de Goodpasture - Glomerulonefrite anti-MBG Imunocomplexo (tipo II) - Glomerulonefrite pós-infecciosas - Lúpus - Glomerulonefrite membranoproliferativa - Nefropatia por IgA e purpura de Henoch-Schonlein Sem deposito imune ou associada a ANCA (tipo III): o ANCA é um Ac anti-citoplasma de neutrófilos, geralmente associado a doenças reumáticas - Glomerulonefrite crescêntrica idiopática - Poliartrite microscópica - Granulomatose de Wegener GLOMERULONEFRITE CRESCÊNCTICA Manifestações Clínicas - Rápida perda da função renal (oligúria ou anúria) - Hematúria e proteinúria - HAS quando presente é leve - Manifestações da doença sistêmica associada – lúpus, granulomatose de Wegener; - A característica da doença é essa, rapidamente o paciente evolui com oligúria e anúria. É tão rápido que o paciente pode nem ter temo de apresentar proteinúria, síndrome nefrótica, edema, hipertensão, porque perde a função em poucos meses. A hematúria, a proteinúria, o edema, a HAS, quando presentes serão leves. O paciente terá também manifestações da doença de base. Manifestações Laboratoriais - Anticorpo Anti-MBG circulante (Tipo I): é a manifestação laboratorial do tipo I, onde vamos dosar oanti-MBG - ⇓ C3, C4 e CH50 (Tipo II) - Imunocomplexo circulante (Tipo II): geralmente as doenças que causam tipo II reduzem o complemento, essa será a característica do tipo II. A exceção é a GNIgA e a PHS, que não reduzem complemento - ANCA (Tipo III): não é auto-imune - Descobrir a etiologia; ajudam a confirmar o diagnóstico, bem como ajudam a descobrir a etiologia. - Vamos dosar essas substâncias para as 3, porque a depender da estrutura encontrada, iremos direcionar nosso pensamento diagnóstico e tratamento para um dos tipos ou outro. Fisiopatologia - Dividida em três tipos. - Cada tipo apresenta um processo diferente. Tipo I - Produção de anticorpo Anti-MB - Doença do anticorpo anti membrana basal). Principal causa é a Síndrome de Goodpasture ou Glomerulonefrite anti-membrana basal - Haverá ruptura da membrana basal do glomérulo, pois os AC começam a atacar a mesma (auto anticorpos da membrana basal glomerular – pode atacar apenas a MB do rim, bem como a MB alveolar também), sendo uma doença muito grave. Quando esses anticorpos acometem ambos os órgãos, denominamos de Síndrome Goodpasture; quando ataca apenas o rim chama-se Glomerulonefrite anti-MBG. Tipo II - Deposito de imunocomplexo circulante na membrana basal glomerular - Ocorre em Glomerulonefrite pós-infecciosas, Lupus, Glomerulonefrite membranoproliferativa, Nefropatia por IgA e Púrpura de Henoch-Schonlein. - São doenças geralmente com auto-Ac, com formação de imunocomplexos e deposição nos glomérulos, fazendo uma lesão muito grave. Tipo III - Vasculite restrita ao rim ou sistêmica. 24 - Não temos Ac que irão atacar diretamente a MB. É uma reação sobretudo celular no glomérulo, gerando inflamação da parede dos vasos (vasculite, podendo ser restrita aos rins ou ser sistêmica. - Sem deposito de imunocomplexos ou associada ao ANCA (Anticorpo anti citoplasma do leucócito – marcador de vasculite, colangite esclerosante, hepatites autoimunes) - Glomerulonefrite Crescêntica idiopática, Poliarterite, Granulomatose de Wegener Formação de Crescente - Ruptura da MBG e passagem do fibrinogênio - Formação de fibrina e proliferação celular (LØ, MØ e fibroblastos) - Síntese de colágeno - Na glomerulonefrite crescêntica há uma grave lesão do novelo glomerular. - Quando há uma lesão do tipo glomerulonefrite crescêntica, há uma lesão muito grave no capilar glomerular, não sendo apenas questão de filtração – nesse caso ocorre ruptura, entrada no espaço urinário de plasma (espaço de Bowman), levando consigo proteínas inflamatórias e fatores de coagulação, provocando uma reação inflamatória no espaço urinário, essa resposta inflamatória vai crescendo e tomando o glomérulo, empurrando o tufo glomerular, o qual reagirá com um processo inflamatório grave. Essa deposição forma um aspecto em meia lua dentro do glomérulo, por isso o nome nefropatia crescêntrica A reação inflamatória é inicialmente celular, com o tempo atinge estagio de fibrose, síntese de colágeno – insuficiência renal. - Ocorrerotura do MBG e há extravasamento de fibrinogênio, este se tronsforma em fibrina que vai estimular a proliferação de células epiteliais e infiltrado de células (LØ, MØ e fibroblastos) que forma o crescente glomerular no espaço de Bowman. Os fibroblastos passam a sintetizar colágeno transformando-o em fibrose. - Ex.: Proliferação das células epiteliais parietais em forma de meia-lua ocupando o espaço de Bowman (achado da microscopia óptica) Outra forma de diferenciarmos a tipo I, tipo II e tipo III é na imunofluorescência da biópsia: - Tipo I: o anticorpo estará depositado na membrana basal, a qual é uma linha que acompanha o contorno da MB, portanto deposito linear. - Tipo II: deposição de imunocomplexos circulantes que vão depositando aleatoriamente no glomérulo, gerando um padrão granular. - Tipo III: fica todo preto porque não temos anticorpos, sem depósito de Igs no glomérulo. Portanto, normal. É de característica celular, não são anticorpos. - Os três geram aspecto em crescente a microscopia óptica. Tratamento - Imediato - Pulsoterapia de corticosteroide - Pulsoterapia de ciclofosfamida - Dose altíssima, dose de pico e fica um tempo sem usar o medicamento. - Plasmaférese (Tipo I) – retirada do plasma. Retirada do anticorpo da membrana basal. - No tipo I, tipo III em casos muito graves – diálise - A tipo II e tipo III tem bom prognostico - Pulsoterapia: tipo I, II, III - Plasmaférese: Tipo I - O problema da GN crescêntrica é que a doença evolui rapidamente, se houver fibrose não tem mais como recuperar o glomérulo. Muitas vezes o tratamento é realizado antes da biopsia. Portanto, a base para o tratamento será a imunossupressão, que é realizada em um processo de pulsoterapia. O tratamento farmacológico clássico é o da menor dose mínima eficiente. Entretanto, alguns medicamentos são eficientes ao atuarem com dose máxima, não necessitando manter-se níveis séricos plasmáticos. Isso é muito usado no tratamento de neoplasias por exemplo. Damos uma alta dose para ter o pico de ação, e depois a ação acaba, e vamos realizar seriadamente esses picos, com drogas venosas. As duas drogas usadas são corticoides (metilprednisolona 1 a 1,5g) e ciclofosfamida, geralmente com pulsos mensais. - S e for do tipo I, além desse tratamento, faremos plasmaférese, onde iremos retirar o plasma do paciente, já que não existe método para se retirar apenas o Ac anti-MB. A doença do anticorpo anti-MB é muito grave, habitualmente não se salva o rim, o objetivo principal é salvar a vida do paciente, sobretudo quando há manifestação pulmonar presente. Já no tipo II e III conseguimos, com frequência, salvar o rim. 25 SÍNDROME NEFRÓTICA As glomerulonefrites que cursam com Síndrome nefrótica são: - Glomerulopatia de lesão mínima - Glomeruloesclerose segmentar e focal - Glomerulonefrite membranosa - Glomerulonefrite membranoproliferativa - Glomerulonefrite mesangiais - 95% das síndromes nefróticas ocorriam na infância (5 a 8 anos) por lesão mínima segundo esse estudo, que já está desatualizado. No entanto, na adolescência e fase adulta a GN mais comum é a membranosa. Porém a GN segmentar e focal vem aumentando muito, e a tendência é que se torne mais prevalente. A GN membranoproliferativa é muito rara, sendo que a sua forma primaria praticamente não existe mais, apenas formas secundárias. GN por lesão mínima: habitualmente cursam com síndrome nefrótica pura (sem hematúria, hipertensão, proteinúria >3g, dislipidemia, edema). Essa tem melhor prognóstico. GN segmentar e focal: a maior parte dos pacientes tem uma mistura Síndrome Nefrítica e Síndrome Nefrótica (apresenta proteinúria de 5g, edema, dislipidemia, albumina baixa, hematúria, hipertensão, insuficiência renal). Um percentual menor pode se apresentar com apresentação clinica mais branda, com síndrome nefrítica, mas com certeza se estes não forem tratados irão evoluir com síndrome nefrótica. Pior prognóstico. GN membranosa: síndrome nefrótica pura (muita proteinúria, albumina baixa, dislipidemia). Portanto a membranosa não costuma da hematúria, nem insuficiência renal. 10 a 20% de síndrome hematúria e/ou proteinúria assintomática, normalmente nesses casos é diagnóstico precoce, se aguardarmos vai evoluir para síndrome nefrótica. GN membrano-proliferativa: é cada vez mais rara, muito semelhantes a segmentar e focal; 50 a 70% pode evoluir com síndrome nefrótica e nefrítica e um pequeno percentual causa apenas a síndrome nefrítica. O percentual que causa síndrome hematúria e/ou proteinúria assintomática também está incluído no grupo de diagnóstico precoce. Pior prognóstico. - Todas as causas de síndrome nefrótica podem ser primárias ou secundárias. GLOMERULOESCLEROSE SEGMENTAR E FOCAL Primária - Idiopática Secundária - Associada ao HIV - Uso de heroína - Refluxo vesicoureteral - Rim único (Oligonefronia) - Obesidade - Nefropatia por analgésico - Anemia falciforme 26 - As lesões (esclerose) acometem alguns glomérulos (focal) e somente parte destes glomérulos é afetada (segmentar). - Lesão mínima X GESF - Medicamentos – Pamidronato (osteoporose) e Interferon - A GESF apresenta esse nome porque quando biopsiamos um rim devemos pegar o mínimo cerca de 20 glomérulos. Se temos lesões em todos os glomérulos chamamos de difusa. Entretanto, na GESF apenas alguns glomérulos são acometidos, sendo focal. Ao avaliar um glomérulo, se a lesão acomete o glomérulo todo é dita global, entretanto se pega apenas um pedaço dele é dita segmentar. Epidemiologia - 10% a 15% das sínd. Nefrótica na infância: segunda causa de síndrome nefrótica em crianças, sendo a primeira lesão mínima. Então habitualmente as crianças com GN sem lesão mínima geralmente terão GESF. - 15% a 20% das sínd. Nefrótica no adulto: mas ela vem crescendo cada vez mais, e futuramente tomará o lugar da GN como principal causa de GN. - Criança < 5anos e adulto <40 anos: faixa etária é em adultos jovens - Discreto predomínio do sexo masculino - Predomínio em negros: provavelmente por maior incidência de HAS, não sendo essa comorbidade a causa da doença, mas sim a piora do quadro. Manifestações Clínicas - Síndrome nefrótica: mas terá manifestações de síndrome nefrítica - Hematúria (65%) - Hematúria e proteinúria assintomática (30%) - Insuficiência renal (30% em 5anos e 60% em 10 anos): o prognóstico não é bom, pois mais da metade dos pacientes vão para dialise em 10 anos de doença Fatores de Pior Sobrevida Renal - Proteinúria nefrótica (45% em 10anos): quanto maior a proteinúria, pior a lesão e a evolução será pior - Proteinúria >10g (meses há 2 anos): podem estar associadas a perda de função em 2 anos apenas, ou seja, perde-se o rim. - Hematúria ou hipertensão: pacientes com essas duas características irão evoluir pior - Insuficiência renal inicial: o paciente que já tem a doença e descobre que tem IF irá evoluir pior que um paciente com IR normal - Hipercelularidade mesangial: muitas células no mesângio evolui pior - O quadro compara a evolução da GN por lesão mínima com GESF. Enquanto que aqueles com GN por lesão mínima apresentam boa evolução e após 10 anos uma pequena porcentagem terá evoluído mal, os pacientes com GESF evoluem negativamente e uma grande parte terá IR após 10 anos. Fisiopatologia Alteração da permeabilidade da parede capilar glomerular: temos vários mecanismos fisiopatológicos distintos e quase todos geral aumento da permeabilidade capilar. - Fator circulante secretado por linfócitos que lesa as células epiteliais viscerais: há uma substância no sangue do paciente que predispõe a proteinúria. Esse fator circulante está relacionado a lesão mínima, então o mesmo mecanismo que leva a GN por lesão mínima, se persistir pode evoluir para GN segmentar e focal no adulto. Nãoexiste teste screening, não tendo como saber quais pacientes terão o fator circulante e quais não terão. - Hiperfluxo e microtrombos: por exemplo, um paciente com rim único ou com massa corporal muito grande, que fazem hiperfluxo glomerular. Os microtrombos podem ocorrer por exemplo na anemia falciforme. - Sequela de lesões glomerulares e/ou túbulointersticiais: paciente com lesão renal prévia, abuso de analgésicos, com lesão do parênquima renal crônica, que a médio e longo prazo podem evoluir com GESF 27 Passagem de grandes moléculas proteicas iniciando uma resposta inflamatória local: aumenta-se a permeabilidade e há passagem de grandes moléculas pela alça capilar, que então induzem um processo de esclerose dos capilares. Deposição de imunoglobulinas e complemento é um evento secundário: podemos ter Ac sendo detectados, mas eles não são a causa do processo (é diferente por exemplo a lesão por IgA onde os Ac é que causam as lesões). A deposição é secundária ao processo inflamatório. - É uma das poucas GN que não apresentam uma fisiopatologia humoral, de Ac. - Não é uma doença de imunocomplexos. É multifatorial, existindo vários mecanismos fisiopatológicos diferentes. - Tem uma doença que altera a permeabilidade do capilar glomerular, ocorre esclerose das paredes glomerulares, fazendo lesões. - Na imagem acima podemos observar áreas normais e áreas esclerosadas. A “área normal” não é normal funcionalmente (a permeabilidade está aumentada), apenas ainda não foi alterada anatomicamente. Abaixo, biopsia com descrição dos processos fisiopatológicos. - Segmentar - Expansão da matriz mesangial - Colapso das alças capilar - Hialinização - Atrofia tubular e fibrose intersticial Classificação Histológica - No esquema acima podemos observar os tipos de lesões causadas aos glomérulos e sua classificação histopatológica. Em termos práticos, é importante que saibamos o aspecto da GESF colapsante apresenta um pior prognostico, porque as alças rapidamente sofrem esclerose associada principalmente ao paciente HIV positivo, e está associada a uma perda rápida da função renal, em torno de 2 anos (enquanto que na GESF comum demora em média 10 anos) Tratamento - Remissão espontânea (rara) - Corticosteroides (oral ou pulsoterapia): é o tratamento indicado nessa doença, mas não será realizado em pulsoterapia, mas sim com corticoides orais. É um tratamento longo por 6 a 1 ano. Habitualmente a dose de Prednisona 1 mg/kg/dia por dia ou 2mg/kg/dia em dias alternados. Paciente fica com fáscie cushingnoide, estrias - Córticos-resistentes (4 meses sem melhora): nesses casos teremos que associar uma segunda droga, onde temos duas opções - Ciclosporina - Ciclofosfamida - Com frequência temos de usar a segunda opção. 28 - Ao contrário, na GN por lesão mínima raramente teremos de usar a segunda droga. GLOMERUNEFRITE MEMBRANOSA Primária (75%): ao contrário da GESF, a maioria aqui é causa primária - Idiopática Secundária (25%): as 3 primeiras são as mais frequentes - Neoplasia (Carcinoma) - Doença autoimune (LES principalmente, tireoidite) - Infecção (Hepatite B, hanseníase) - Drogas (ouro, mercúrio, AINH, captopril, probenicida) - Outras (Sarcoidose, transplante, anemia falciforme) - Causa como de síndrome nefrótica no adulto, mas raro em crianças (principal causa: lesão mínima, depois GESF): ainda é mais comum em adultos, mas a tendência é ser ultrapassada pela GESF. - Avaliar causa secundária (neoplasia) sempre que pegarmos pacientes com GN membranosa, temos que investigar neoplasia, porque é uma doença mais do idoso, ode a incidência de câncer é maior. Manifestações Clínicas - Predomínio do sexo masculino (2:1), > 45 anos: são geralmente pacientes mais velhos - Sínd. Nefrótica (proteinúria >5g/dia): a proteinúria é intensa - Proteinúria assintomática (20%) - Hipertensão arterial e insuf. renal inicial é incomum (são fatores de mau prognóstico): É um paciente muito nefrótico, entretanto com a função renal preservada. - Complicações crônicas da proteinúria - Principalmente Trombose de veia renal: como uma doença que geralmente evolui com síndrome nefrótica, ela apresenta mais complicações. - Doença de instalação insidiosa - É uma síndrome nefrótica pura. Paciente muito nefrótico, 10/15/20g de proteinúria/dia Fisiopatologia - Anticorpos contra antígenos, existem dois mecanismos. Como o imunocomplexo na glomerulonefrite membranosa está na região subepitelial, o anticorpo circulante se liga ao antígeno da região subendotelial, podendo ser: - Endógenos nos podócitos – primárias (anticorpos anti- fosfolipase A2) - Exógenos fixadas à MBG - Depósitos imunes sub-epiteliais - Ativação de resposta inflamatória - Há uma reação de formação de imunocomplexos, mas estes não se formam na circulação, mas sim no rim. Os Ag se depositam na região subepitelial (subendotelial é entre o endotélio e a MB), entre a MB e o podócidos. Após a formação do imunocomplexo (depositado entre a MB e o podócito) estimula-se o crescimento da membrana basal, ficando mais espessa. O Ag pode ser proveniente da neoplasia ou Ag viral que se deposita ali, e então os Ac chegam e se ligam, desencadeando a resposta inflamatória, que vão causar o quadro específico da síndrome. Nos casos que entram em remissão, os imunocomplexos são absorvidos/desaparecem. - Ao realizar biópsia: membrana basal espessada. Prognóstico - A glomerulonefrite membranosa não tem o prognostico tão ruim, inclusive 1/3 dos pacientes cura espontaneamente. 1/3 permanece com proteinúria, mas não fazem IR perda de função renal. 1/3 vão evoluir com insuficiência renal (piora). - Ex.: M.O: espessamento difuso da MBG - M.E.: depósitos eletrodensos subepiteliais 29 - Na imagem acima podemos observar o espaço subepitelial. As manchas pretas são os depósitos de imunocomplexos. Em resposta a presença desses imunocomplexos, a membrana basal começa a crescer, e muitas vezes chega mesmo a englobar esses imunocomplexos. Por isso é chamada de glomerulonefrite membranosa, pois a membrana fica mais larga. Nos casos que entram em remissão esses depósitos são reabsorvidos e a membrana basal volta ao normal. - Temos um espessamento difuso das alças capilares glomerulares. Na coloração da MB, por prata, normalmente observamos uma fina camada envolvendo os capilares glomerulares, mas na GN membranosa passa a ser grosa. Uma imagem dessas com coloração especial do tecido biopsiado fecha o diagnóstico de GN membranosa. Na microscopia eletrônica, que na pratica não é usada, revela depósitos eletrodensos subepiteliais. - Espessamento difuso de alças capilares - Depósitos eletrodensos subepitelial Tratamento - Sintomático (IECA, estatina): paciente com função renal preservada - Com sabemos que 1/3 dos pacientes evoluem bem, se pegamos um caso de paciente com GN membranosa que esteja com função renal normal, clinicamente estável, proteinúria leve, aguardamos 6 meses para tratar. - Trata a proteinúria IECA; para evitar dislipidemia a estatina; dieta com retenção de sal para evitar o edema; diurético para controlar o edema. Tratamento clinico com todos os pacientes. - Devemos esperar 6 meses para tratar o paciente de forma mais agressiva, pois esperamos durante esse prazo que o paciente melhore espontaneamente. - Até 1/3 dos pacientes irão melhorar apenas com o tratamento clínico. Nos casos de pior prognóstico: nunca com droga única. - Corticosteróide (não usar isoladamente) ou - Corticosteróide + Clorambucil ou - Corticosteróide + Ciclofosfamida - O tempo de tratamento é de 6 meses. - Não esperamos 6 meses em pacientes com perda de função renal ou com proteinúria acima de 10g/dia, ou seja, tratamos desde o início. - O tratamento nunca
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