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Políticas-de-Gerenciamento-de-Recursos-Hídricos- (1)

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SUMÁRIO 
1 “DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS 
HÍDRICOS” ......................................................................................................... 4 
2 INTRODUÇÃO: .................................................................................. 5 
3 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA ÁGUA ................. 6 
4 AGENDA 21 E OS RECURSOS HÍDRICOS: ..................................... 8 
4.1 Mares Fechados e Semifechados – e das zonas costeiras, e 
proteção, uso racional e desenvolvimento dos recursos hídricos. ................ 10 
5 Ações prioritárias para o desenvolvimento sustentável dos recursos 
hídricos 11 
5.1 Indústria: .................................................................................... 13 
5.2 Uso Urbano: .............................................................................. 14 
 Para fins potáveis: ........................................................................ 15 
 Para fins não potáveis: ................................................................. 15 
6 SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS 
HÍDRICOS O CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS .............. 16 
6.1 A Agência Nacional de Águas ................................................... 17 
6.2 Os Comitês de Bacias Hidrográficas ......................................... 18 
6.3 A Agência de Água .................................................................... 19 
6.4 Energia Hidrelétrica ................................................................... 20 
7 leitura complementar ....................................................................... 23 
Experiência brasileira na gestão dos recursos hídricos ......................... 23 
Organismos de Bacia Hidrográfica - Definição conforme a lei 9433 / 97
 ...................................................................................................................... 28 
Organismos da Bacia Hidrográfica - Definição com base na Lei 7663 / 
91 .................................................................................................................. 29 
 
 
Como Compatibilizar a lei 7663/91 com a 94933/97 e a cobrança pelo 
uso da água .................................................................................................. 32 
O Consórcio como empresa .................................................................. 35 
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 “DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS HÍDRICOS” 
Água que nasce na fonte serena do mundo 
E que abre um profundo grotão 
Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão 
Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão 
Águas que banham aldeias e matam a sede da população 
Gotas de água da chuva, alegre arco-íris sobre a plantação. 
Gotas de água da chuva, tão triste, são lágrimas na inundação. 
Águas que movem moinhos são as mesmas águas que encharcam o 
chão 
E sempre voltam humildes profundo da terra 
Terra, planeta água. 
 
Guilherme Arantes 
 
 
Fonte: fadacriativa.blogspot.com.br/ 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 INTRODUÇÃO: 
O Planeta Terra visto do espaço, como nos mostram as inúmeras fotos de 
satélite, revela uma beleza impressionante. O “planeta é azul”, disse Yuri 
Gagarin, o primeiro astronauta a ter essa visão. Qual a causa dessa beleza? 
Seguramente é a água. Um padrão de oceanos, calotas polares, grandes rios e 
lagos, nuvens, tudo isso nos remete à presença da água no planeta. Sem dúvida, 
a Terra é o planeta água. Este é o único planeta do sistema solar em que a água 
se encontra nos diferentes estados, sólido, líquido e gasoso. 
A água é essencial à vida, portanto, todos os organismos vivos, incluindo 
o homem, dependem da água para sua sobrevivência. As mudanças de estado 
físico da água, no ciclo hidrológico, são essenciais e influenciam os processos 
que operam na superfície da Terra, incluindo o desenvolvimento e a manutenção 
da vida. 
Através dos séculos, a complexidade dos usos múltiplos da água pelo 
homem aumentou e produziu enorme conjunto de degradação e poluição. Por 
outro lado, os usos múltiplos excessivos e as retiradas permanentes para 
diversas finalidades têm diminuído consideravelmente a disponibilidade de água 
e produzido inúmeros problemas de escassez em muitas regiões e países. 
No limiar do século XXI, entre outras crises sérias, a crise da água é uma 
ameaça permanente à humanidade e à sobrevivência da biosfera como um todo. 
Esta crise tem grande importância e interesse geral: além de colocar em perigo 
a sobrevivência do componente biológico, incluindo o Homo sapiens, ela impõe 
dificuldades ao desenvolvimento, aumenta a tendência a doenças de veiculação 
hídrica, produz estresses econômicos e sociais e aumenta as desigualdades 
entre regiões e países. A água sempre foi recurso estratégico à sociedade. O 
crescimento populacional e as demandas sobre os recursos hídricos superficiais 
e subterrâneos são algumas das causas fundamentais da crise. 
A água, além de recurso estratégico, é um bem comum que deve ser 
compartilhado por todos. “A água é muito mais do que um recurso natural. Ela é 
 
 
uma parte integral do nosso planeta. Está presente há bilhões de anos, e é parte 
da dinâmica funcional da natureza” (E. C. Pielou, 1998). 
O uso dos recursos hídricos e sua conservação é um dos principais 
desafios do desenvolvimento sustentável, devido ao aumento da população e à 
falta de controle dos impactos das atividades antrópicas sobre o espaço natural. 
No Brasil, houve várias fases ao longo do século XX, devido a impulsos próprios 
e por influências econômicas nos anos 1950 e 1960, fortes investimentos em 
hidrelétricas com pouca visão ambiental de 1970 até a metade dos 1980, 
impulsionou o início da preocupação dos efeitos globais climáticos e o corte de 
investimentos em hidrelétricas por parte dos bancos internacionais. A legislação 
ambiental brasileira foi instituída na década de 1980. Os anos 1990 foram 
marcados pelo desenvolvimento sustentável no plano mundial e no Brasil (Rio-
92 e Agenda 21), pela legislação de recursos hídricos de setorial para integrada. 
Esta legislação engloba os princípios da Agenda 21 (capítulo 18) das 
conferências de Dublin e do Rio de Janeiro relacionadas com a água. O início do 
novo milênio tem como principal questão à crise da água, identificada pela 
redução da água, o aumento da demanda e a deterioração por causa da 
poluição. Os grandes desafios brasileiros envolvem a implementação da 
legislação de recursos hídricos; o controle do ciclo de contaminação urbano, a 
sustentabilidade ambiental e hídrica agrícola, principalmente em regiões como o 
semiárido; a garantia de energia e a ampliação dos transportes e a conservação 
dos sistemas hídricos. Para atender estes desafios é necessário contar com 
qualificados profissionais e com desenvolvimento científico e tecnológico com 
capacidade de inovar e entender o nosso ambiente e as inter-relações do 
desenvolvimento socioeconômico. 
3 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA ÁGUA 
A ONU redigiu um documento em 22 de março de 1992 - intitulado 
"Declaração Universal dos Direitos da Água". 
O texto merece profunda reflexão e divulgação por todos os amigos e 
defensores do Planeta Terra, em todos os dias. 
 
 
1 - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, 
cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável 
aos olhos de todos. 
2 - A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida 
de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como 
são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. 
3 - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são 
lentos, frágeis e muito limitados.Assim sendo, a água deve ser manipulada com 
racionalidade, precaução e parcimônia. 
4 - O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da 
água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando 
normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio 
depende em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos 
começam. 
5 - A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, 
sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma 
necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as 
gerações presentes e futuras. 
6 - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor 
econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que 
pode muito bem escassear em qualquer região do mundo. 
7 - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. 
De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento 
para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da 
qualidade das reservas atualmente disponíveis. 
8 - A utilização da água implica em respeito à lei. Sua proteção constitui 
uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta 
questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado. 
9 - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua 
proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social. 
10 - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a 
solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra. 
Fonte: ONU (Organização das Nações Unidas) 
 
 
 
 
4 AGENDA 21 E OS RECURSOS HÍDRICOS: 
"A noção de sustentabilidade tem-se firmado como o novo paradigma do 
desenvolvimento humano. A Agenda 21 significa a construção política das 
bases do desenvolvimento sustentável, cujo objetivo é conciliar justiça social, 
equilíbrio ambiental e eficiência econômica. De forma gradual e negociada, 
resultará em um plano de ação e de planejamento participativo nos níveis 
global, nacional e local, capaz de permitir o estabelecimento do 
desenvolvimento sustentável, no século XXI”. 
 
José Sarney Filho 
 
 
Fonte: consumocolaborativo.blog.br/ 
 
A Agenda 21 serve de guia para as ações do governo e de todas as 
comunidades que procuram desenvolvimento sem com isso destruir o meio 
ambiente. Da mesma forma que os países se reuniram e fizeram a Agenda 21, 
as cidades, os bairros, os clubes, as escolas também podem fazer a Agenda 21 
Local. 
 Portanto, com a implantação das Agendas 21 podemos garantir um Meio 
Ambiente equilibrado para as futuras gerações, cumprindo assim, nosso dever 
mencionado na Constituição do Brasil. 
 
 
Proteção da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos Hídricos: 
aplicação de critérios integrados no desenvolvimento, manejo e uso dos 
recursos hídricos. 
Os recursos de água doce constituem um componente essencial da 
hidrosfera da Terra e parte indispensável de todos os ecossistemas terrestres. 
O meio de água doce caracteriza-se pelo ciclo hidrológico, que inclui enchentes 
e secas, cujas consequências se tornaram mais extremas e dramáticas em 
algumas regiões. A mudança climática global e a poluição atmosférica também 
podem ter um impacto sobre os recursos de água doce e sua disponibilidade e, 
com a elevação do nível do mar, ameaçar áreas costeiras de baixa altitude e 
ecossistemas de pequenas ilhas. 
A água é necessária em todos os aspectos da vida. O objetivo geral é 
assegurar que se mantenha uma oferta adequada de água de boa qualidade 
para toda a população do planeta, ao mesmo tempo em que se preserve as 
funções hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossistemas, adaptando as 
atividades humanas aos limites da capacidade da natureza e combatendo 
vetores de moléstias relacionadas com a água. Tecnologias inovadoras, 
inclusive o aperfeiçoamento de tecnologias nativas, são necessárias para 
aproveitar plenamente os recursos hídricos limitados e protegê-los da poluição. 
A escassez generalizada, a destruição gradual e o agravamento da 
poluição dos recursos hídricos em muitas regiões do mundo, ao lado da 
implantação progressiva de atividades incompatíveis, exigem o planejamento e 
manejo integrados desses recursos. Essa integração deve cobrir todos os tipos 
de massas inter-relacionadas de água doce, incluindo tanto águas de superfície 
como subterrâneas, e levar devidamente em consideração os aspectos 
quantitativos e qualitativos. Deve-se reconhecer o caráter multissetorial do 
desenvolvimento dos recursos hídricos no contexto do desenvolvimento 
socioeconômico, bem como os interesses múltiplos na utilização desses 
recursos para o abastecimento de água potável e saneamento, agricultura, 
indústria, desenvolvimento urbano, geração de energia hidroelétrica, pesqueiros 
de águas interiores, transporte, recreação, manejo de terras baixas e planícies e 
outras atividades. 
 
 
 
 
4.1 Mares Fechados e Semifechados – e das zonas costeiras, e proteção, 
uso racional e desenvolvimento dos recursos hídricos. 
O meio ambiente marinho - inclusive os oceanos e todos os mares, bem 
como as zonas costeiras adjacentes - forma um todo integrado que é um 
componente essencial do sistema que possibilita a existência de vida sobre a 
Terra, além de ser uma riqueza que oferece possibilidades para um 
desenvolvimento sustentável. O direito internacional, tal como este refletido nas 
disposições da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar 
mencionadas no presente capítulo da Agenda 21, estabelece os direitos e as 
obrigações dos Estados e oferece a base internacional sobre a qual devem 
apoiar-se as atividades voltadas para a proteção e o desenvolvimento 
sustentável do meio ambiente marinho e costeiro, bem como seus recursos. Isso 
exige novas abordagens de gerenciamento e desenvolvimento marinho e 
costeiro nos planos nacional, sub-regional, regional e mundial -- abordagens 
integradas do ponto de vista do conteúdo e que ao mesmo tempo se 
caracterizem pela precaução e pela antecipação, como demonstram as 
seguintes áreas de programas: 
(a) Gerenciamento integrado e desenvolvimento sustentável das zonas 
costeiras, inclusive zonas econômicas exclusivas; 
(b) Proteção do meio ambiente marinho; 
(c) Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos de alto 
mar; 
(d) Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos sob 
jurisdição nacional; 
(e) Análise das incertezas críticas para o manejo do meio ambiente 
marinho e a mudança do clima; 
(f) Fortalecimento da cooperação e da coordenação no plano 
internacional, inclusive regional; 
(g) Desenvolvimento sustentável das pequenas ilhas. 
 
 
 
5 AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
DOS RECURSOS HÍDRICOS 
A vida sustentável implica uma responsabilidade maior dos usuários de 
água para sua conservação. Para que os usuários possam modificar suas 
atitudes e práticas, devem dispor de: 
 
 Informações mais completas; 
 Maior conscientização da operação do ciclo da água e de como usar 
sustentavelmente a água e os recursos aquáticos; 
 Administração integrada de todos os tipos de utilização da água e da terra; 
 Administração da demanda de água para assegurar sua distribuição eficiente e 
equitativa entre os concorrentes ao uso; 
 Fortalecimento da capacidade das comunidades de usar os recursos da água de 
forma sustentável; 
 Conservação da diversidade das espécies aquáticas e do patrimônio genético. 
 
Agricultura: 
 
Tanto em nível mundial como nacional, o grande consumidor de água é o 
setor agrícola (próximo de 70%). Um hectare de irrigação de arroz por inundação 
utiliza o equivalente ao consumo de 800 pessoas. As tecnologias modernas em 
irrigação podem reduzir a utilização da água em 50% com relação aos métodos 
tradicionais. Nos Estados Unidos, resultados mostraramque novas tecnologias 
obtêm de 30 a 70% de redução do consumo da água, com aumento de 20 a 90% 
na produção, comparando aos tradicionais métodos de inundação (UNESCO 
1999). A agricultura depende do suprimento de água de tal maneira que a 
sustentabilidade da produção de alimentos não poderá ser mantida sem o 
desenvolvimento de novas fontes de suprimento e a gestão adequada dos 
recursos hídricos convencionais. 
A irrigação é sem dúvida o mais poderoso recurso com que a agricultura 
conta para produzir alimentos nas quantidades suficientes para atender às 
crescentes necessidades mundiais. Esta pode ser feita por diversos métodos, 
destacando-se os sistemas por superfície, aspersão e irrigação localizada. 
 
 
Dentre esses, o de irrigação localizada (microaspersão ou gotejamento) é o de 
menor consumo de água e energia, mas exigem investimentos iniciais de alto 
custo. Tal técnica vem alcançando crescente preferência entre os agricultores, 
pois além de dosar as quantidades de água usada na irrigação, facilita o 
emprego da fertirrigação ou da quimirrigação. A primeira reduz a administração 
de água aos níveis ideais, sem desperdício, e permite adequar as quantidades 
de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, etc às necessidades da planta e do solo, 
com economia de nutrientes e menores riscos ambientais. O mesmo acontece 
com a quimirrigação, que assegura os mesmos benefícios na aplicação de 
herbicidas, inseticidas e pesticidas. 
A poluição da água pela atividade agrícola é ocasionada pelo uso 
intensivo de defensivos agrícolas, no qual uma parcela considerável do total 
aplicado para estes fins atinge os rios, lagos, aqüíferos e oceanos por meio do 
transporte por correntes atmosféricas, despejos de restos de soluções, limpeza 
de acessórios e recipientes empregados na aplicação desses produtos e 
também pela percolação do material aplicado no solo pela ação erosiva da 
chuva. Devido aos mecanismos de transporte dos meios aquáticos alguns 
desses defensivos têm sido detectados até na região antártica. 
As soluções encontradas para os problemas citados envolvem o reuso 
agrícola, a utilização de transgênicos e a agricultura orgânica. 
 Efluentes de sistemas convencionais de tratamento, tais como lodos 
ativados, têm uma concentração típica de 15mg/litro de N (Nitrogênio) e 3mg/litro 
de P (Fósforo), proporcionando uma redução substancial da necessidade do 
emprego de fertilizantes comerciais para o tratamento da terra. Além dos 
nutrientes (e dos micronutrientes não disponíveis em fertilizantes sintéticos), a 
aplicação de esgotos proporciona a adição de matéria orgânica, que age como 
condicionador do solo, aumentando sua capacidade de reter água. 
O aumento da produtividade não é o único benefício, uma vez que se 
torna possível ampliar a área irrigada e, quando as condições climáticas 
permitem, efetuar colheitas múltiplas praticamente durante todo o ano. 
Já a Agricultura orgânica ou agricultura biológica é um termo 
freqüentemente usado para a produção de alimentos e produtos animais e 
vegetais que não fazem uso de produtos químicos sintéticos ou alimentos 
geneticamente modificados, e geralmente adere aos princípios de agricultura 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Transg%C3%AAnicos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Transg%C3%AAnicos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura_sustent%C3%A1vel
 
 
sustentável. Sua base é holística e põe ênfase no solo. Seus proponentes 
acreditam que num solo saudável, mantido sem o uso de fertilizantes e 
pesticidas feitos pelo homem, os alimentos têm uma qualidade superior a 
alimentos convencionais. Em diversos países, incluindo os Estados Unidos e a 
União Européia, a agricultura orgânica é definida por lei e regulamentada pelo 
governo. 
Quanto aos transgênicos, apesar de seus efeitos ainda serem 
desconhecidos e de toda controvérsia, é inerente a eles a resistência a um maior 
número de pragas, e com isso a menor poluição das águas e do solo, pois 
utilizam uma menor quantidade de agrotóxicos. 
5.1 Indústria: 
Os custos elevados da água industrial associados às demandas 
crescentes têm levado às indústrias a avaliar as possibilidades internas de reuso 
e a considerar ofertas da companhia de saneamento para a compra de efluentes 
tratados a preços inferiores aos da água potável dos sistemas públicos de 
abastecimento. A água produzida pelo tratamento de efluentes secundários é, 
atualmente, um grande atrativo para abastecimento industrial a custos razoáveis. 
A proximidade de estações de tratamento de esgotos às áreas de grande 
concentração industrial contribui para a viabilização de programas de reuso 
industrial tais como torres de resfriamento, alimentação de caldeiras, água de 
processamento, construção civil, incluindo preparação e cura de concreto e para 
compactação do solo, irrigação de áreas verdes de instalação industriais, 
lavagens de pisos e etc. 
5.1.1 No Brasil, em termos de reuso industrial, a prática começa a se 
implementar, mas ainda associada a iniciativas isoladas, a maioria das 
quais, dentro do setor privado. 
É sabido que a escassez de água potável tem levado muitas indústrias a 
uma preocupação quanto à gestão da água, no que diz respeito ao uso racional, 
tratamento adequado e possibilidade de reuso nos mesmos processos que lhe 
deram origem ou em outros processos onde se requer água com menor grau de 
pureza. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura_sustent%C3%A1vel
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fertilizante
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pesticida
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Europ%C3%A9ia
 
 
Além das questões relacionadas à disponibilidade cada vez menor de 
água potável, existe a possibilidade de, num futuro próximo, se cobrar pela água 
mesmo quando captada e tratada pela própria indústria, como já vem ocorrendo 
em algumas regiões do país. A cobrança pela água levará, inevitavelmente, ao 
aumento no custo de produção que, se repassado para os produtos, poderá 
implicar em dificuldades para a indústria em um cenário onde o mercado é 
reconhecidamente competitivo. 
Desta forma, se torna imperativo que as indústrias implantem um sistema 
de gestão da água, incluindo a sua racionalização com modificação de 
processos, escolha do melhor método de tratamento para despejo e/ou reuso 
total ou parcial. Para muitas indústrias, a gestão sistemática e o reuso de água 
poderá ser um fator preponderante para sua própria sobrevivência. 
Tecnologias de reuso de água: 
 Osmose Reversa e Nanofiltração; 
 Troca Iônica; 
 Filtros e Flotadores; 
 Ozônizadores; 
 Ultravioleta; 
 Sistemas de dosagem de químicos; 
5.2 Uso Urbano: 
O desenvolvimento das cidades sem um correto planejamento ambiental 
resulta em prejuízos significativos para a sociedade. Uma das consequências do 
crescimento urbano foi o acréscimo da poluição doméstica e industrial, criando 
condições ambientais inadequadas e propiciando o desenvolvimento de 
doenças, poluição do ar e sonora, aumento da temperatura, contaminação da 
água subterrânea, entre outros problemas. 
O desenvolvimento urbano brasileiro concentra-se em regiões 
metropolitanas, na capital dos estados e nas cidades pólos regionais. Os efeitos 
desta realidade fazem-se sentir sobre todo aparelhamento urbano relativo a 
recursos hídricos, ao abastecimento de água, ao transporte e ao tratamento de 
esgotos cloacal e pluvial. 
 
 
No setor urbano, o potencial de reuso de efluentes é muito amplo e 
diversificado. De uma maneira geral, esgotos tratados podem ser utilizados para 
fins potáveis e não potáveis. 
 Para fins potáveis: 
Neste caso, o reuso não é aconselhável devido à presença de organismos 
patogênicos e de compostos orgânicos sintéticos na maioria dos efluentes 
disponíveis. Além dos altos custos dos sistemas de tratamento avançados 
levarem a inviabilização econômico-financeira do abastecimento público.Entretanto, caso seja imprescindível implementar o reuso urbano para fins 
potáveis, devem ser obedecidos os seguintes critérios básicos: utilizar apenas 
sistemas de reuso indiretos; uso exclusivo de esgotos domésticos; emprego de 
barreiras múltiplas nos sistemas de tratamento; conquista da aceitação pública 
(responsabilização pelo empreendimento). 
 Para fins não potáveis: 
Os usos urbanos não potáveis envolvem riscos menores e devem ser 
considerados como a primeira opção de reuso na área urbana. Entretanto, 
cuidados especiais devem ser tomados quando ocorre contato direto do público 
com a água reutilizada. Os maiores potenciais desse processo são os que 
empregam esgotos tratados para: 
 Irrigação de parques e jardins públicos, centros esportivos, campos de futebol, 
quadras de golfe, jardins de escolas e universidades, gramados, árvores e 
arbustos em avenidas e rodovias; 
 Irrigação de áreas ajardinadas ao redor de edifícios públicos, residenciais e 
industriais; 
 Reserva de proteção contra incêndios; 
 Sistemas decorativos aquáticos, tais como fontes e chafarizes, espelhos e queda 
d’água; 
 Descarga sanitária em banheiros públicos e em edifícios comerciais e industriais; 
 Lavagem de trens e ônibus públicos; 
 
 
Os problemas associados a reuso urbano para fins não potáveis são, 
principalmente, os custos elevados de sistemas duplos de distribuição, 
dificuldades operacionais e riscos potenciais de ocorrência de conexões 
cruzadas. Os custos, porém, devem ser considerados em relação aos benefícios 
de conservar água potável e de, eventualmente, adiar ou eliminar a necessidade 
de desenvolvimento de novos mananciais para abastecimento público. 
6 SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS 
O CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS 
O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), 
criado pela Lei nº 9.433/97, estabeleceu um arranjo institucional claro e baseado 
em novos princípios de organização para a gestão compartilhada do uso da 
água. 
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) é o órgão mais 
expressivo da hierarquia do SINGREH, de caráter normativo e deliberativo, com 
atribuições de: promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com 
os planejamentos nacional, regional, estadual e dos setores usuários; deliberar 
sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos; acompanhar a 
execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos; estabelecer critérios 
gerais para a outorga de direito de uso dos recursos hídricos e para a cobrança 
pelo seu uso. Cabe ao Conselho decidir sobre as grandes questões do setor, 
além de dirimir as contendas de maior vulto. 
Caberá também ao CNRH decidir sobre a criação de Comitês de Bacias 
Hidrográficas em rios de domínio da União, baseado em uma análise detalhada 
da bacia e de suas sub-bacias, de tal forma que haja uma otimização no 
estabelecimento dessas entidades. Para tanto, estabeleceu, através da 
Resolução nº 05 de 10 de abril de 2000, regras mínimas que permitem 
demonstrar a aceitação, pela sociedade, da real necessidade da criação de 
Comitês. 
O CNRH é composto, conforme estabelecido por lei, por representantes 
de Ministérios e Secretarias da Presidência da República com atuação no 
gerenciamento ou no uso de recursos hídricos; representantes indicados pelos 
 
 
Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; representantes dos usuários dos 
recursos hídricos e, representantes das organizações civis de recursos hídricos. 
O número de representantes do poder executivo federal não poderá exceder à 
metade mais um do total dos membros do CNRH. 
A representação dos usuários ficou definida para os setores de irrigantes, 
indústrias, concessionárias e autorizadas de geração hidrelétrica, pescadores e 
lazer e turismo, prestadores de serviço público de abastecimento de água e 
esgotamento sanitário, e hidroviários. 
Dentre as organizações civis de recursos hídricos foram definidas: 
comitês de bacias hidrográficas, consórcios e associações intermunicipais de 
bacias hidrográficas; organizações técnicas e de ensino e pesquisa com 
interesse na área de recursos hídricos e, organizações não governamentais com 
objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade Desde a 
instalação do CNRH, em novembro de 1998, até o momento já foram aprovadas 
24 Resoluções. 
O CNRH (http://www.cnrh-srh.gov.br) é o principal fórum de discussão 
nacional sobre gestão de recursos hídricos, exercendo o papel de agente 
integrador e articulador das respectivas políticas públicas, particularmente 
quanto à harmonização do gerenciamento de águas de diferentes domínios. 
6.1 A Agência Nacional de Águas 
A Agência Nacional de Águas (ANA) é uma autarquia sob regime especial 
com autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio 
Ambiente. É responsável pela implementação da Política Nacional de Recursos 
Hídricos. 
O projeto de criação da ANA foi aprovado pelo Congresso no dia 7 de 
junho de 2000, transformando-se na Lei 9.984, sancionada pelo Presidente da 
República em exercício, Marco Maciel, no dia 17 de julho do mesmo ano. 
Além de responsável pela execução da Política Nacional de Recursos 
Hídricos, a ANA deve implementar a Lei das Águas, de 1997, que disciplina o 
uso dos recursos hídricos no Brasil. 
 
 
 
6.2 Os Comitês de Bacias Hidrográficas 
O Comitê de Bacias Hidrográficas é um órgão colegiado, inteiramente 
novo na realidade institucional brasileira, contando com a participação dos 
usuários, da sociedade civil organizada, de representantes de governos 
municipais, estaduais e federal. Esse ente é destinado a atuar como “parlamento 
das águas”, posto que é o fórum de decisão no âmbito de cada bacia 
hidrográfica. 
Os Comitês de Bacias Hidrográficas têm, entre outras, as atribuições de: 
promover o debate das questões relacionadas aos recursos hídricos da bacia; 
articular a atuação das entidades que trabalham com este tema; arbitrar, em 
primeira instância, os conflitos relacionados a recursos hídricos; aprovar e 
acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da Bacia; estabelecer 
os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores 
a serem cobrados; estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras 
de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo. 
Comporão os Comitês em rios de domínio da União representantes 
públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos municípios e 
representantes da sociedade, tais como, usuários das águas de sua área de 
atuação, e das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na 
bacia. 
A proporcionalidade entre esses segmentos foi definida pelo Conselho 
Nacional de Recursos Hídricos, através da Resolução nº 05, de 10 abril de 2000. 
Esta norma estabelece diretrizes para formação e funcionamento dos Comitês 
de Bacia Hidrográfica, representando um avanço na participação da sociedade 
civil nos Comitês. A Resolução prevê que os representantes dos usuários sejam 
40% do número total de representantes do Comitê. A somatória dos 
representantes dos governos municipais, estaduais e federal não poderá 
ultrapassar a 40% e, os da sociedade civil organizada ser mínimo de 20%. 
Nos Comitês de Bacias de rios fronteiriços e transfronteiriços, a 
representação da União deverá incluir o Ministério das Relações Exteriores e, 
naqueles cujos territórios abranjam terras indígenas, representantes da 
Fundação Nacional do Índio – FUNAI e das respectivas comunidades indígenas. 
 
 
Cada Estado deverá fazer a respectiva regulamentação referente aos 
Comitês de rios de seu domínio. Alguns Estados, a exemplo de São Paulo, Minas 
Gerais, Rio Grande do Sul e Espírito Santo já estão em estágio bem avançado 
no processo de regulamentação, com diversos Comitês criados. 
6.3 A Agência de Água 
As Agências de Águas em rios de domínio da União previstasna Lei nº 
9.433, de 1997, atuarão como secretarias executivas do respectivo Comitê de 
Bacia Hidrográfica. 
A criação das Agências está condicionada, em cada bacia, à prévia 
existência do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica e à sua viabilidade 
financeira. 
As principais competências da Agência de Água, previstas na Lei das 
Águas, são: manter balanço hídrico da bacia atualizado; manter o cadastro de 
usuários e efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de 
recursos hídricos; analisar e emitir pareceres sobre os projetos e as obras a 
serem financiados com recursos gerados pela cobrança pelo uso dos recursos 
hídricos e encaminhá-los à instituição financeira responsável pela administração 
desses recursos; acompanhar a administração financeira dos recursos 
arrecadados com a cobrança pelo uso dos recursos hídricos em sua área de 
atuação; gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área 
de atuação; celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a 
execução de suas competências; promover os estudos necessários para a 
gestão de recursos hídricos em sua área de atuação; elaborar o Plano de 
Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica; 
propor ao respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica o enquadramento dos corpos 
de água nas classes de uso, os valores a serem cobrados pelo uso dos recursos 
hídricos, o plano de aplicação de recursos e o rateio de custos das obras de uso 
múltiplo. 
A figura jurídica das Agências de Água em rios de domínio da União 
deverá ser estabelecida por uma Lei específica. A criação desses entes 
dependerá da autorização do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, ou dos 
respectivos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, mediante solicitação de 
 
 
um ou mais Comitê de Bacia Hidrográfica. A área de atuação das Agências de 
Água, em rios de domínio federal, deverá ser a bacia hidrográfica do Comitê 
solicitante. Essa área de atuação poderá se estender a mais de uma bacia 
hidrográfica, se os Comitês dessas bacias assim desejarem. 
Cada Estado brasileiro poderá estabelecer, segundo as especificidades 
locais, a figura jurídica que melhor provier, para a Agência de Água (ou de Bacia). 
O Estado de São Paulo, por exemplo, criou através da Lei nº 10.020/98, a figura 
de Agências de Bacia como Fundação de Direito Privado. 
6.4 Energia Hidrelétrica 
Esse tipo de aproveitamento é um dos mais eficientes e consiste em 
aproveitar a energia potencial ou cinética da água, transformando-a em energia 
mecânica, pela turbina, e finalmente em eletricidade, pelo gerador. O tipo de 
hidrelétrica é função, basicamente, da vazão do rio e da queda disponível. Na 
maioria dos países desenvolvidos, os recursos hidrelétricos já estão 
praticamente esgotados. Os países em desenvolvimento possuem grandes 
reservas ainda não exploradas. Em países como o Brasil e a Noruega, a 
hidroeletricidade é responsável por 92% da produção total de energia. A grande 
vantagem da hidroeletricidade é o seu altíssimo rendimento (em torno de 96%). 
Além disso, é um dos sistemas mais baratos de produção de eletricidade. São 
inúmeras as vantagens da hidroeletricidade; entretanto, o reservatório provoca 
impactos ambientais tanto na fase de construção como na fase de operação. 
Barragens já eram construídas na Antiguidade para regularizar o 
suprimento de água das cidades, para irrigação das lavouras e para o controle 
de inundações. Com desenvolvimento do uso de energia elétrica no final do 
século XIX, as barragens passaram a ser utilizadas também para geração de 
energia elétrica. A seleção dos locais para a implantação de barragens leva em 
consideração a largura do rio e a topografia no entorno para maior 
aproveitamento do gradiente do rio e para evitar a inundação de uma área muito 
extensa, já que esta área será inutilizada para outro aproveitamento econômico. 
Os lagos formados pelas barragens dos rios podem propiciar o 
desenvolvimento da navegação fluvial, servir para piscicultura, recreação e como 
fonte de água tanto para o consumo humano como para irrigação, tornando-se 
 
 
importante fator de desenvolvimento e via de escoamento da produção agrícola 
ao longo do rio. 
Apesar da geração de energia por hidrelétricas poder ser considerada 
limpa, têm sido colocadas restrições quanto à área inundada pela barragem. A 
relação entre a energia gerada e a área inundada é dependente da altura de 
crista da barragem e das condições topográficas locais, sendo considerada ideal 
a relação de 10W/m2 de área inundada. A região Norte do Brasil, apesar da 
enorme malha hidrográfica, sofre restrições à implantação de mais usinas 
hidrelétricas, justamente devido às suas características topográficas, muito 
planas, que exigem o alagamento de áreas muito maiores daquela considerada 
ideal, como pode ser observado na tabela abaixo: 
 
Usina Produção / área inundada (W/m2) 
Xingó (SE/AL) 58,8 
Segredo (SC) 15,3 
Itaipu (PR) 9,4 
Itaparica (PE) 1,8 
Tucuruí (PA) 1,4 
Porto Primavera (SP/MS) 0,85 
Serra da Mesa (GO) 0,67 
Balbina (AM) 0,11 
Ideal 10 
 
Diversos fatores contribuem para aumentar as restrições à implantação 
de barragens. Entra elas pode-se destacar a necessidade de desmatar a área 
do lago, a possibilidade de ocorrer salinização da água do reservatório devido 
ao aumento da evaporação, a eventual necessidade de deslocar cidades, 
povoados ou populações indígenas e a também eventual inundação de atrações 
(a exemplo do que ocorreu com Sete Quedas (no Rio Paraná). Pode também 
ocorrer assoreamento nos reservatórios das barragens, o que levaria a uma 
diminuição significativa de sua capacidade de geração de energia e mesmo de 
sua vida útil. Este fator se torna mais relevante, pois, normalmente, a 
implantação de uma barragem gera, desenvolvimento populacional nas margens 
 
 
do lago e consequente incremento na taxa de urbanização que, se não seguir 
um planejamento adequado, pode contribuir ainda mais para o assoreamento 
dos lagos. Outro questionamento diz respeito à destinação que será dada às 
barragens quando do término de sua vida útil. 
 
 
 
 
 
 
7 LEITURA COMPLEMENTAR 
Experiência brasileira na gestão dos recursos hídricos 
 
Por Carlos Castro 
 
 
 INTRODUÇÃO 
 
Frente a tantos movimentos visando a recuperação ambiental em nosso 
país, poderia levar algum estrangeiro a concluir “Os recursos naturais brasileiros 
são tantos em tamanha abundancia que foram necessários 500 anos para que a 
população percebesse que muitos são finitos e para algumas regiões já 
registram nítida escassez”. 
O Código das Águas, de 10 de julho de 1934, continha instrumentos de 
gestão importantíssimos, que somente agora passam a merecer destaques e 
discussões. Essa importante Lei de Direito da Água do Brasil, já contemplava há 
66 anos a cobrança pelo uso da água. 
A história tem registrado que não bastam excelentes legislações, a grande 
dificuldade sempre foi a sua implementação. 
Falar na Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas em racionalização pelo uso 
da água e combate ao desperdício da água, pode parecer algo sem sentido, 
porém quando adentramos nas implicações do uso múltiplo da água com 
atenuantes, com geração de energia elétrica nas sub-bacias, transposições de 
água, entre outras, no mínimo para os seguimentos diretamente envolvidos o 
assunto passa a merecer relevância. 
A procura por grandes desníveis e altas vazões de água foi a grande 
diretriz nacional durante muitos anos. Um grande número de hidroelétricas foram 
construídas, muitas desprovidas de eclusas para permitir a navegação ou de 
escada de peixes para propiciar a continuidade da Piracema. 
 
 
As ações desencadeadas em nosso país desprovidas de um 
planejamento estratégico dentro da óptica do uso múltiplo da água, considerava 
os problemas de forma pontual, como se a qualquer momento fosse possível 
juntar os módulosdesse continental quebra cabeças hídrico e ambiental. 
Como sempre, onde a escassez falou mais alta, surgiram os conflitos e 
medidas foram necessárias para minimiza-los. Os grandes centros urbanos e as 
regiões do semiárido brasileiro, foram as primeiras regiões a requisitarem ações 
mais efetivas da tal gestão dos recursos hídricos, assunto anteriormente apenas 
contemplados pelo Código das Águas, considerado pela Doutrina Jurídica como 
um dos textos modulares do direito positivo brasileiro. 
 
 RECURSOS HÍDRICOS 
 
 Conceitos Básicos sobre Gestão 
 
O saneamento básico está intimamente relacionado à qualidade de vida 
e a saúde da população de uma cidade. Modernamente se tem preferido o termo 
Saneamento Ambiental, para abranger a saúde pública e as áreas afins, como 
afastamento e tratamento de esgoto e efluentes industriais, destinação e 
tratamento de resíduos sólidos, drenagem urbana, etc. 
As áreas de saneamento, recursos hídricos e meio ambiente estão 
intimamente relacionadas, principalmente quando o assunto a tratar refere-se a 
água para abastecimento público, seu uso mais nobre. 
A concentração de usuários das águas em determinadas regiões pode 
levar a conflitos de interesse. A gestão é a forma de evitar, reduzir e permitir o 
convívio dos distintos interesses em uma região. Os principais usuários das 
águas são as cidades, as indústrias, os agricultores, as usinas hidroelétricas, os 
pescadores e as populações em busca de lazer nos rios e lagos. 
O usuário é aquele que retira água e devolve esgoto ou resíduos líquidos 
à natureza. A uma empresa que recebe a água tratada e utiliza o sistema de 
redes para o afastamento de seus resíduos. 
 
Políticas, Instrumentos e Sistemas de Gestão 
 
 
 
As Constituições, Leis e seus regulamentos (federal, estadual e municipal) 
definem as políticas de um país em recursos hídricos e áreas afins. A água tem 
sido considerada como um recurso natural limitado, dotado de valor econômico 
e um bem de domínio público. 
A gestão das águas de superfície e subterrâneas não deve ser 
dissociadas, assim como os aspectos de qualidade e quantidade. 
A bacia hidrográfica é o espaço de planejamento e gestão das águas, 
adequando - se e compatibilizando - se as diversidades demográficas, sociais, 
culturais e econômicas das regiões. 
A gestão dos recursos hídricos é feita com a participação do poder 
público, dos usuários e da sociedade. 
Os principais instrumentos de gestão das águas são: 
 
- enquadramento dos corpos da água em classes, segundo os usos 
preponderantes da água; 
- a outorga dos direitos de uso; 
- o rateio do custo das obras de uso múltiplo; 
- os Planos de Recursos Hídricos por bacias hidrográficas; 
- a compensação a municípios; 
- a cobrança pelo uso das águas, tanto para as vazões captadas, quanto pela 
diluição dos efluentes lançados; 
- a divulgação da informação à sociedade. 
 
A gestão dos recursos hídricos é feita por um conjunto de órgãos e 
instituições, que assumem, cada um, responsabilidades e funções. 
As funções de um Sistema de Gestão são: coordenar, arbitrar os conflitos, 
implementar a política, planejar, regular, controlar o uso, preservar e recuperar 
os recursos hídricos. Uma das funções mais importantes é a de efetuar a 
cobrança do uso dos recursos hídricos e de administrar e bem aplicar estes 
recursos. 
Os recursos financeiros para implementar uma política das águas provem 
dos orçamentos e tarifas e da cobrança pelo uso das águas. Os grandes debates 
sobre a organização do sistema de gestão são devidos ao domínio sobre os 
órgãos aplicadores destes recursos. 
 
 
As organizações de gestão variam de país para país. No Brasil, como em 
muitos outros países, predominam uma visão de constituição de órgãos 
colegiados e órgãos executivos, encarregados de implementar as deliberações 
destas plenárias. 
No Brasil foi criado o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, para 
coordenar a política e os sistema nacional de recursos hídricos. Nos Estados, 
para os rios de domínio estaduais, devem ser constituídos conselhos estaduais. 
O Estado de São Paulo já possui lei estadual e um sistema de gestão em 
implantação, que é coordenado por um Conselho Estadual de Recursos 
Hídricos. Este sistema prevê Comitês de Bacia e duas alternativas para apoio 
aos Comitês: as Agências de Bacia ou os órgãos do próprio governo do Estado. 
As experiências da França e de outros países são muito importantes. Na 
França existe um sistema funcionando há mais de 25 anos e na Alemanha, 
associações de usuários dos rios atuam há mais de 100 anos. O México iniciou 
a organização de gestão em bacias hidrográficas, com base em uma nova 
legislação de recursos hídricos, ainda em implantação. 
 
Organismos de Bacias Hidrográficas 
 
 Em vários países, os organismos de bacia é que são os principais 
implementadores da política e do sistema de gestão das águas. 
Os colegiados são denominados Comitês ou Conselhos ou Comissões de 
bacia. Possui representantes dos poderes públicos (federal, estadual ou 
municipal), dos usuários e da sociedade civil. 
Os órgãos públicos (federal ou estadual) são encarregados de executar 
as tarefas necessárias a gestão, atuando regionalmente, este é o caso, por 
exemplo, do México. Na França, entretanto, um novo órgão foi criado, para 
cuidar da cobrança pelo uso das águas e pela administração destes recursos - 
as Agências de Bacia. 
A fiscalização, o poder de polícia, a outorga, a operação dos serviços de 
água e esgoto e outras tarefas correlatas não deve ser confundidas com a função 
de uma Agência de Bacia, conforme as propostas do sistema francês. 
No Brasil, predominam, atualmente, a proposta de criação de Comitês de 
Bacia, como órgãos colegiados deliberativos. E das Agências de Bacia, como 
 
 
instituições independentes, de apoio aos Comitês. As funções destas agências 
não são as de projetar, construir e operar obras e sim de propor um plano de 
recuperação e proteção dos recursos hídricos, de efetuar a cobrança pelo uso 
das águas e de repassar os recursos para instituições executoras, públicas ou 
privadas, como associações de municípios de água e esgoto, etc. 
As diferentes concepções do sistema de gestão, mais centralizadores, 
regionalizados ou descentralizados são objetos de grandes debates entre os 
envolvidos na política de recursos hídricos. Os países mais democráticos 
consideram a descentralização e o predomínio dos usuários nos órgãos diretivos 
como de fundamental importância para o sucesso da implantação da cobrança 
pelo uso das águas, afinal essa é a grande novidade da gestão em bacias 
hidrográficas. 
Os Consórcios ou Associações de Municípios, as associações de 
usuários e outras organizações semelhantes são entidades importantes para a 
gestão em bacias hidrográficas. O principal mérito destas entidades é a sua 
facilidade em iniciar trabalhos práticos, de arrecadar recursos entre os seus 
membros (iniciar a solidariedade financeira entre os usuários de uma bacia) e 
fazer parcerias. 
O Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari, 
como associação de usuários, tem sido pioneiro no Brasil. Possuí cooperação 
com entidades da França e do México, organizou várias visitas de estudo a estes 
países. Em 1998 foi fundada a Rede Nacional (Brasil) de Consórcios e 
Associações de Municípios em Bacias Hidrográficas (a atual sede é em 
Americana - SP, junto ao Consórcio Piracicaba-Capivari). Em 1996, no México, 
foram criadas a rede Internacional e a Rede Latino-Americana de Organismos 
de Bacia Hidrográfica. 
 
 
 
 
 Organismos de Bacia Hidrográfica - Definição conforme a lei 9433 / 97 
 Ressalte - se que a nova Lei Federal dos Recursos Hídricos (9433/97) 
estabeleceu um arranjo institucional claro, baseado na organização da gestão 
compartilhada do uso da água. São os seguintes organismos criados pelo novo 
sistema: 
 
 O Conselho Nacional deRecursos Hídricos, órgão mais elevado da hierarquia 
do Sistema Nacional de Recursos Hídricos em termos administrativos, a quem 
cabe decidir sobre as grandes questões do setor, além de dirimir as contendas 
de maior vulto; 
 
 Os Comitês de Bacias Hidrográficas, tipo de organização inteiramente nova 
na administração dos bens públicos do Brasil, contando com a participação dos 
usuários, das prefeituras, da sociedade civil organizada, dos demais níveis de 
governo (estaduais e federal), e destinados a agir, como poderíamos denominar, 
de "o parlamento das águas da bacia", pois seriam esses Comitês o fórum de 
decisão no âmbito de cada bacia hidrográfica; 
 
 As Agências da Água, também um tipo de organismo, que serve de "braço 
técnico" de seu(s) correspondente(s) Comitês, destinadas a gerir os recursos 
oriundos da cobrança pelo uso da água, desenvolvendo a chamada "engenharia" 
do sistema; 
 
 As organizações de recursos hídricos, que são entidades atuantes no setor 
de planejamento e gestão do uso dos recursos hídricos e que podem ter 
destacada participação no processo decisório e de monitoramento das ações. 
 
 
 
 
 Organismos da Bacia Hidrográfica - Definição com base na Lei 7663 / 91 
A "pioneira" Lei Paulista dos Recursos Hídricos, aprovada em 1991, 
trouxe como grande novidade esse grande tripé Comitê, Agência e Cobrança. 
Portanto no âmbito do Estado de São Paulo as novidades chegaram antes. 
Pela Lei Paulista 7663/91, teríamos a definir: 
 
Comitê de Bacias 
 
Colegiado que funciona como um "parlamento das águas". É deliberativo, 
por lei. Não possui personalidade jurídica e poderá contar com apoio técnico e 
financeiro de outros órgãos. 
 
Agência de Bacia: 
 
Entidade autorizada pela Lei Estadual 10.020/98, para executar as 
decisões do Comitê de Bacias. Responsável por efetuar a cobrança pelo uso das 
águas e pelo gerenciamento destes recursos. 
 
Consórcio Intermunicipal: (conforme estrutura do Consórcio Piracicaba 
Capivari) 
 
Associação civil de direito privado, com independência técnica e 
financeira. Arrecada e aplica recursos em programas e ações ambientais. O 
poder de decisão cabe ao Conselho de Municípios, formado pelos prefeitos e 
representantes das empresas. Apoia a criação da Agência e o funcionamento do 
Comitê de Bacias. 
 Os Consórcios Intermunicipais estão inseridos no segmento dos 
usuários, na participação da Sociedade Civil nos Comitês de Bacia. 
 
 
 
 
GESTÃO POR BACIAS HIDROGRÁFICAS 
 
Gestão na Alemanha e França 
 
A Alemanha foi o berço da gestão de bacias. Neste país, na região 
industrializada do Ruhr, Os Estados e o Governo Federal delegaram aos agentes 
da bacia o controle sobre o abastecimento de água público e industrial. A 
Cooperativa do Rio Ruhr, por exemplo, constrói e opera as estações de 
tratamento de água e de esgoto, doméstico e industriais. Quem quiser ter água 
e lançar esgotos e efluentes industriais precisa ser membro da Cooperativa e 
pagar as tarifas fixadas. A associação regional (e a cobrança de uma tarifa para 
realizar obras e serviços e operar o sistema) foi a forma encontrada para garantir 
abastecimento às cidades e industrias e o desenvolvimento econômico da 
região. Em outras partes da Alemanha o sistema é outro. Na Alemanha existem 
muitos consórcios e associações de municípios que atuam em água, esgoto e 
lixo. 
Os franceses, há trinta anos, adaptaram o sistema alemão à França. Mas 
aprovaram uma lei e um sistema que vigora em todo o país. Criaram seis grandes 
áreas geográficas de gestão, com seis Comitês e seis Agências de bacia. 
No sistema francês, o Comitê é uma assembleia, não possuem 
orçamento próprio, não é órgão executivo, mas deliberativo. A Agência é o braço 
executivo do Comitê, mas com limitações sobre o que deve executar. A Agência 
é uma autarquia pública que arrecada tarifas, elabora um plano de utilização 
destes recursos e submete ao Comitê para deliberação. Esta tarifa, chamada em 
francês de "redevance" é um preço pago por todos os que se utilizam das águas 
e causam poluição aos rios. Ela é cobrada junto com a conta de água e esgoto, 
na forma de um adicional à tarifa normal. O Comitê é o fórum de debate e 
possuem uma ampla participação: governo central, governos locais, usuários, 
especialistas técnicos e ambientalistas. Há um predomínio discreto dos usuários 
e poder local no Comitê. A Agência é dirigida por um Conselho de 
Administração formado por representantes do Comitê, as Agências e a cobrança 
de "redevance" são instrumentos para lutar contra a poluição e garantir o 
desenvolvimento. A fiscalização do Meio Ambiente e o controle dos usuários 
(outorga de uso das águas, por exemplo) continuaram sendo realizadas pelos 
 
 
órgãos do Governo. A Agência é fiscalizada, por vários órgãos públicos, de 
finanças, das contas públicas, etc. 
Na França existem cerca de 1.600 consórcios de municípios, atuando com 
as mais diversas finalidades. Os Comitês e Agências são parceiros dos 
Consórcios e apoiam programas coordenados e ou executados pelos 
Consórcios. 
 
SITUAÇÃO NO BRASIL, ESTADO DE SÃO PAULO E REGIÃO DO 
PIRACICABA CAPIVARI E JUNDIAÍ - PONDERAÇÕES E REFORÇO DE 
ALGUNS CONCEITOS 
 
Ponderações preliminares 
 
 Gestão é o ato de gerir, ou seja, é a gerência ou administração de 
uma determinada unidade administrativa. 
A bacia hidrográfica tem sido reconhecida como o espaço geográfico mais 
adequado para tratar de assuntos ambientais, abastecimento de água e outros. 
No nosso caso foi convencionado reunir três bacias próximas - Piracicaba, 
Capivari e Jundiaí - para criar uma unidade de gestão. 
 Os Rios Piracicaba e Jaguari são águas de domínio federal. Os 
demais rios e todos os afluentes do Piracicaba e Jaguari são de domínio do 
Estado. Apenas rios que nascem e terminam em um município podem ser 
declarados como de domínio municipal, figura pouco utilizada. 
 Devido sua situação - águas de domínio da União e do Estado - o 
Comitê Piracicaba, Capivari e Jundiaí, criado pela Lei Estadual 7.663, não 
possuem competência legal para atuar sobre os Rios Jaguari e Piracicaba. 
 A Lei Estadual 7.663/91 foi promulgada antes da Lei Federal 
9.433/97. A Lei Federal predomina sobre a do Estado. 
 
 
 
 
Como Compatibilizar a lei 7663/91 com a 94933/97 e a cobrança pelo uso 
da água 
A opinião consensual é que precisamos ter uma política e sistema de 
gestão federal e estadual compatíveis e únicos em nossa região. Atualmente 
temos apenas um Comitê de Bacia, estabelecido pela Lei Estadual. Falta criar 
um Comitê único - estadual e federal - e uma única Agência de Bacia. Todos os 
Comitês Estaduais possuem uma representação tripartite: Estado, Municípios e 
Sociedade Civil. Os usuários estão dentro do segmento Sociedade Civil, mas 
isto não é muito adequado, pois os usuários correspondem ao segmento mais 
importante e acabam tendo de "disputar espaço", quando o seu lugar deveria 
estar assegurado. 
Para haver resultados concretos, é preciso estabelecer o pagamento de 
uma tarifa especial que, como na Alemanha e na França, serve de suporte 
econômico para a luta contra a poluição. No Brasil, esta tarifa é chamada de 
cobrança pelo uso das águas. 
A Lei Estadual permite, até agora, duas possibilidades de arrecadação da 
cobrança pelo uso das águas: pela Agência de Bacias ou pelo Governo do 
Estado (através do DAEE). A nossa região, através do Consórcio e do Comitê, 
é contra a arrecadação não ficar na região. No México, que está implantando o 
sistema, a arrecadação vai para o orçamento central e depois é distribuído. 
Apenas a metade retorna a bacia que arrecadou. 
A Lei Federal indica apenas a Agência de Bacia como órgão arrecadador. 
A principal luta do Consórcio nos últimos anos é para que o recurso que 
vier a ser arrecadado fique em conta bancária administrativa da Agência, não vá 
para um fundo ou orçamento estadual ou federal. 
A cobrança pelouso das águas permite que todos paguem um pouco, 
mas o seu total é um valor alto. Na nossa região, esse total pode começar com 
alguns milhões por ano e chegar até 100 milhões de reais por ano, valores 
suficientes para garantir a melhoria do meio ambiente e o desenvolvimento 
econômico. 
A Lei Federal delega aos consórcios de municípios a função de 
Agência, caso esta não tenha ainda sido criada. Isto é muito importante, pois 
 
 
permite construir gradualmente o sistema de gestão e a cobrança, de forma 
totalmente descentralizada, situação esta que não ocorre na Lei Estadual. 
O Comitê das Bacias Piracicaba, Capivari e Jundiaí possui um Presidente, 
um Vice e um Secretário Executivo. Em todo o Estado perdurou uma regra, não 
formal de que o Presidente fosse do segmento Município, o vice da Sociedade 
Civil e o Secretário do segmento Estado. 
 
Organização pela Integração Regional 
 
Descontentes com o crescente estágio de degradação ambiental, 
verificado na Bacia do Rio Piracicaba, principalmente quanto os aspectos 
qualitativos e quantitativos da água, a sociedade civil de Piracicaba empreendeu 
a partir de meados da década de 70, um forte movimento visando a preservação 
de seu manancial de abastecimento público, sendo que a coordenação ficou com 
o Conselho de Defesa Ecológica do Vale do Piracicaba - CONDEVAP, que 
contava com a forte participação da comunidade científica local, vindo 
sensibilizar alguns Prefeitos da região - Jornal de Piracicaba (1978). 
Na década de 80, o movimento ganhou força através da "Campanha Ano 
2.000 - Redenção Ecológica da Bacia do Piracicaba" (RODRIGUES, 1987; 
MONTICELI & MARTINS, 1993), iniciativa da Associação dos Engenheiros e 
Arquitetos de Piracicaba - AEAP e encampada pelo Conselho Coordenador de 
Entidades Civis de Piracicaba, contando com o apoio de alguns seguimentos da 
comunidade regional. 
Como fruto da "Campanha Ano 2.000", o Conselho Estadual de Recursos 
Hídricos - CRH, através da deliberação nº 05, declarou a bacia do Piracicaba 
como crítica quanto aos recursos hídricos e fixou um prazo de 120 dias para a 
proposição de programas prioritários pelo Grupo Técnico da Bacia do Piracicaba 
- GTPI. 
O prazo do CRH foi cumprido e o programa elaborado atendia a maioria 
das reivindicações da Campanha, exceto às ligadas ao Sistema Cantareira e às 
indenizações à bacia. 
Posteriormente a bacia do Piracicaba foi considerada "modelo básico para 
fins de gestão dos Recursos Hídricos", através do decreto nº 24.489 (SP) de 
10/06/88. 
 
 
A campanha “Ano 2000”, recomendava como solução para os problemas 
ambientais da região, a criação de um organismo intermunicipal voltado a gestão 
dos recursos hídricos. Reinvidicação atendida com a fundação do Consórcio 
Piracicaba-Capivari. 
 
O CONSÓRCIO PIRACICABA CAPIVARI 
 
O Consórcio constitui-se numa força política suprapartidária expressiva. 
Devido ao pioneirismo de suas ações em gestão de recursos hídricos, conta com 
grande respeitabilidade junto à opinião pública e é considerado um modelo de 
instituição, cuja experiência é divulgada em todo o país e mesmo no exterior. 
Junto às autoridades estaduais, federais e internacionais está agindo 
com o objetivo de obter os recursos necessários para as obras de tratamento de 
esgoto, preservação de mananciais e recuperação da qualidade dos rios. 
Com as prefeituras municipais e empresas consorciadas vem 
trabalhando para redução da captação e consumo de água, através da 
eliminação de perdas e reuso da água, proteção dos mananciais através do 
reflorestamento ciliar, educação ambiental e acompanhamento das modificações 
nas legislações estadual e federal. 
7.1.1 A cultura organizacional do Consórcio Piracicaba-Capivari 
tem permitido realizar uma série de trabalhos e ações intermunicipais que 
complementam as atividades ambientais exclusivamente internas às 
prefeituras e às empresas. 
7.1.2 Deixando de lado as diferenças partidárias, as 
administrações municipais estão dando exemplo de que é possível 
unirem-se em defesa do bem comum. 
Os problemas de degradação ambientais nas bacias não têm solução da 
noite para o dia. Mas podem ser resolvidos desde que todos colaborem. É 
preciso planejar o desenvolvimento para não prejudicar os recursos naturais. E 
toda a população deve exigir o direito a uma vida melhor. 
 
A vida ameaçada 
 
 
 
As bacias dos rios Piracicaba e Capivari encontram-se, em sua maior 
parte, no Estado de São Paulo (51 municípios) e uma menor parte no sul do 
Estado de Minas Gerais (4 municípios). Sua área é de 14.400 km2, cerca de 5% 
da área do Estado de São Paulo. A população estimada é de cerca de 3,5 
milhões de habitantes. Trata-se de uma região de grande desenvolvimento 
econômico onde existem conflitos pelo uso da água. 
A produção de água durante a estiagem fica em situação crítica para o 
abastecimento público das cidades e de mais cinco municípios de outras bacias. 
Adicionalmente a essa demanda, há também a reversão de 31m3 /s, pelo 
Sistema Cantareira, para o abastecimento de cerca de 55% da população da 
Região Metropolitana de São Paulo. 
A atividade industrial é intensa sendo o mais importante núcleo industrial 
do Estado depois da Grande São Paulo. Estima-se que 6% do PIB nacional seja 
gerado na região, cuja demanda de água é de cerca de 16,5m3/s para consumo 
industrial, 5,5m3/s para irrigação e 14m3/s para consumo humano. 
As cidades da região tratam, em média, 12% do esgoto doméstico, as 
indústrias, cerca de 75% das cargas industrias. Os rios recebem uma carga 
remanescente de cerca de 106 tDBO/dia referente aos esgotos industriais e 133 
tDBO/dia referente aos esgotos domésticos. 
O CONSÓRCIO COMO EMPRESA 
As bacias dos rios Piracicaba e Capivari passaram a contar desde 13 de 
outubro de 1989 com a atuação de um interlocutor regional no âmbito das bacias 
hidrográficas para as questões relacionadas aos recursos hídricos e 
recuperação ambiental da região. Nasceu, em Americana, da vontade regional, 
o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari, uma 
associação de direito privado, com independência técnica e financeira. Arrecada 
e aplica recursos em programas e ações ambientais. O poder de decisão cabe 
ao Conselho de Municípios. 
O Consórcio possui quatro órgãos funcionais: 
 Conselho de Municípios (prefeitos e representantes de empresas 
consorciadas). 
 
 
 Conselho Fiscal (representantes das câmaras de vereadores). 
 Plenária de Entidades (representantes da sociedade civil). 
 Secretaria Executiva (equipe técnica). 
As Diretorias do Conselho de Municípios e do Conselho Fiscal têm 
mandato de dois anos. 
 
O Consórcio como associação de usuários 
 
O Consórcio Piracicaba-Capivari, como associação de usuários, busca 
uma maior valorização da parte técnica e econômica, que permite vencer as 
divergências pessoais, político-partidárias e outras, próprias das articulações 
intermunicipais. Por outro lado, caso as autoridades locais e empresas da região 
não se organizem, a implementação da legislação de recursos hídricos pode ser 
feita dissociada da participação destes atores, o que significará, sem dúvida, 
maiores dificuldades de sua efetiva implantação, principalmente no que se refere 
ao seu suporte financeiro, ou seja, a real implementação da cobrança pelo uso 
da água. 
O enfoque regional, a integração dos municípios e a busca de soluções 
globais tem marcado sua atuação. É considerada de fundamental importância a 
participação de técnicos e dirigentes dos serviços autônomos de água e esgoto, 
a fim de que as soluções encontradas sejam coerentes e possam ser 
efetivamente implantadas. 
Em junho de 1996, após alteração estatutária, o Consórcio recebeu 
adesão de novos membros (empresas públicas e privadas). Mais que uma frente 
política suprapartidária, o Consórcio passou a ser, legalmente, uma associação 
de usuários públicos e privados da água,que reúne, hoje, 42 municípios e 27 
empresas. Cada um dos segmentos detém 50% do valor dos votos. 
 
O Consórcio tem como objetivo: 
 
 Recuperação dos Rios. 
 Integração Regional. 
 Planejamento e fomento de ações na área de Gestão de Recursos Hídricos, 
incluindo acompanhamento da legislação pertinente. 
 
 
 Conscientização regional. 
 
 
 
Principais atividades em andamento 
 
 Programa de Investimento para Recuperação das Bacias. 
 Programa de Resíduos Sólidos. 
 Programa de Combate às Perdas de Água. 
 Programa de Proteção aos Mananciais. 
 Programa de Educação Ambiental. 
 Gestão de Bacias e Cooperação Internacional. 
 Desenvolvimento Tecnológico. 
 Apoio aos Consorciados. 
 
 Principais Realizações 
 
 Conscientização regional dos problemas ambientais. 
 Planos diretores e projetos executivos para tratamento de esgoto em 17 
municípios. 
 Plano Diretor de Captação e Produção de Água para as Bacias dos rios 
Piracicaba e Capivari. 
 Experiências práticas de tecnologia de tratamento de esgoto ETE Cosmópolis e 
ETE Ajapi – Rio Claro. 
 Desenvolvimento e aplicação do Projeto de Proteção aos Mananciais, através 
do reflorestamento ciliar, que já conta com o plantio de aproximadamente 1 
milhão de mudas. 
 Aumento no índice de tratamento de esgoto doméstico de 3% para 12%. 
 Implantação do Programa de Resíduos Sólidos. 
 Implantação do Programa de Combate às perdas. 
 Desenvolvimento do projeto de conscientização e educação ambiental, Semana 
da Água, envolvendo mais de 260 mil crianças. 
 Projeto de Cooperação Internacional com a Agência Sena-Normandia, 
ADEME e CUD. 
 
 
 
O Comitê PCJ 
 
Instalado em 1993, o Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios 
Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) tem atuação em uma região com 4 
milhões de habitantes. Compõem o Comitê representantes de três segmentos 
(Estado, Sociedade Civil e 58 municípios), cada um deles com direito a 16 votos. 
 
 Passo a Passo os principais acontecimentos que marcaram Dez anos 
(1989/1999) do Consórcio Piracicaba-Capivari e a Gestão dos Recursos 
Hídricos 
 
1989 - Criação do Consórcio Intermunicipal das Bacias Hidrográficas dos 
Rios Piracicaba e Capivari, estruturado em: Conselho de Municípios, Conselho 
Fiscal, Plenária de Entidades e Secretaria Executiva. 
 
1990 -Definição dos principais programas de trabalho e parceiros. 
 
- Articulação entre consórcios e outros aliados para incluir emenda à Lei Estadual 
de Recursos Hídricos, permitindo a criação de Agências de Bacias. 
 
1991 - Promulgação da Lei Estadual n.º 7.663, contendo em seu artigo 28 
a possibilidade de criação de Agências de Bacias. 
 
- Primeira viagem de uma delegação do Consórcio Piracicaba-Capivari à Europa. 
- Elaboração do Plano Diretor de Captação e produção de água para as bacias 
dos Rios Piracicaba e Capivari. 
- Lançamento do Programa de Reflorestamento Ciliar. 
 
1992 - Divulgação das funções de Comitê e Agência verdadeiramente 
descentralizados. 
 
- Elaboração, em parceria com o Departamento de Águas e Energia Elétrica 
(DAEE), de projetos sobre coleta, afastamento e tratamento de esgoto, para17 
municípios. 
 
 
- Realização da Semana de Debates sobre Recursos Hídricos e Meio Ambiente 
nas cidades de Piracicaba e São Paulo, considerado um marco nacional para a 
área. 
- Obtenção de recursos junto a União e outras fontes que resultaram na 
construção da ETE CECAP, em Piracicaba. 
- Protocolo de projeto junto ao Banco Mundial (BIRD), solicitando um empréstimo 
de 550 milhões de dólares para recuperação dos rios Piracicaba e Capivari. 
- Participação na Eco-92 – Rio de Janeiro e São Paulo. 
- 1º Encontro Nacional de Organismos de Bacias. 
 
1993 - Criação do Comitê de Bacias e aprovação da moção de criação de 
Agência, conforme previsto pela lei estadual 7.663. 
 
- Apresentação da primeira proposta de projeto de lei para criação de Agência na 
forma de empresa pública. 
- Criação do Fórum das Entidades das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e 
Jundiaí, que passou a indicar os membros da Plenária de Entidades do 
Consórcio. 
- Primeiras aplicações de Programas de Educação Ambiental com várias 
parcerias. 
 
1994 - Inicio dos Trabalhos para elaborar as propostas da agência. 
 
- Nova viagem de estudo à França. Missões francesas visitam a região e debatem 
experiências de funcionamento de Comitê e Agência. Divulgação das posições 
do Consórcio, em defesa da Agência, por todo o Brasil. 
- Consórcio envia ao Comitê documento com as "recomendações" para o projeto 
de lei. A redação de "efetuar" a cobrança, ao invés de "promover" a cobrança, é 
aprovada pela Câmara Técnica do Comitê. 
- Consórcio realiza reunião extraordinária e aprova recomendação à Câmara 
Técnica do Comitê com alterações em alguns artigos, principalmente para definir 
a autonomia do ato de efetuar a cobrança, gerenciar a conta bancária e repassar 
os recursos da cobrança, encargos fundamentais da Agência. 
 
 
- Em reunião realizada em Campinas, o Comitê vota por unanimidade pela 
aprovação da minuta de lei de criação da Agência. 
- Primeira aplicação do Programa de Educação Ambiental Semana da Água (1 
município) 
1995 - Conselho Fiscal amplia Diretoria. 
 
- 2º Encontro Nacional de Organismos de Bacias. 
- Aprovação, junto ao CONSEMA (Conselho de Meio Ambiente), de licença de 
instalação para aterro de resíduos industriais em Piracicaba. 
- Ampliação de programa de educação ambiental para 13 municípios. 
- Inauguração da ETE - Cosmópolis, ação conjunta Consórcio e Prefeitura. 
 
1996 - O CBH-PCJ aprova emendas ao anteprojeto de lei estadual sobre 
agências de bacias. 
 
- Consórcio, em parceira com a Cetesb, conclui Inventário Regional de Resíduos 
Sólidos Industriais. 
- Aprovada a participação de empresas junto ao Consórcio. 
- Consórcio realiza movimento e workshop, visando a recuperação do reservatório 
de Salto Grande (Americana). 
 
1997 - Aprovação do projeto de retorno da contribuição de investimento 
ao Consórcio, através de R$ 0,01/m3 de água consumida. 
 
- Início das aplicações nacional, em 12 Estados, do Seminário – Gestão 
Descentralizada e Participativa dos Recursos Hídricos, em parceira com a 
ASSEMAE com o apoio da SRH-MMA e Fundo Nacional do Meio Ambiente. 
- Aprovação da lei Nacional dos Recursos Hídricos n.º 9433, contemplando 
emendas sugeridas pelo Consórcio e seus parceiros. 
 
1998 – Pedido de urgência na votação dos projetos sobre agências de 
bacias e cobrança pelo uso da água. 
 
 
 
- Sancionada a Lei 10.020, autorizando o Estado a participar da criação das 
agências de bacias. 
- Estudo de viabilidade para implantação de empresa regional no âmbito do 
Comitê PCJ. 
- Semana da Água atinge 100 mil alunos. 
- Criação da Rede Brasil de Organismos de Bacias. 
- Plenária das Entidades monta Conselho Diretor por Bacias Hidrográficas. 
- Plenária das Entidades adquire o direito a um voto no Conselho dos Municípios. 
- Aprovado Projeto de Lei que autoriza o primeiro município a contribuir com 
R$0,01por m3 de água consumida. 
- Lançamento do Programa de Perdas Físicas de Água em cinco municípios. 
- Criação do Grupo Técnico Regional de Combate às Perdas Físicas de Água. 
 
1999 - Registro do aumento no índice de tratamento de esgoto entre os 
anos de 1989 e 1999 de 3% para 12%. 
 
- Empresas passam a possuir direito a até 50% dos votos junto ao Conselho do 
Consórcio 
- Conselho Fiscal abre câmaras técnicas por sub-bacias. 
- Adesão significativa ao 0,01 atingindo mais de R$ 1 milhão por ano. 
- Programa de Proteção aos Mananciais do Consórcio Piracicaba-Capivari atinge 
1 milhão de mudas plantadas. 
- Consórcio e Plenária das Entidades lançam proposta “Gestão dos Recursos 
Hídricos - Técnicas de Mobilização Participativa”. 
- Participação ativa nas audiências públicas ocorridas na Assembleia Legislativa 
sobre o Projetode Lei 020/98. 
- Elaboração e encaminhamento de emendas, em parceria com o Comitê PCJ ao 
Projeto de Lei 1617/99, que prevê a criação da Agência Nacional das Águas – 
ANA. 
- Visita de Delegação do Consórcio (Rede Brasil) à Espanha e à França, contando 
com a participação do Secretário Nacional dos Recursos Hídricos, Dr. Raimundo 
José Garrido. 
- A entidade atinge 42 municípios e 27 empresas consorciados. 
- Realização do 3º Encontro Nacional de Organismos de Bacias. 
 
 
- Eventos e comemorações pelos dez anos de luta da entidade. 
- Lançamento de cinco novas publicações. 
 
A polêmica sobre o custo da água 
 
Falar em caos e na situação crítica dos recursos hídricos em nossa região, 
com certeza é chover no molhado. O que de concreto está sendo feito e onde 
encontrar os recursos necessários são, sem dúvida, as maiores incógnitas. 
Existem as possibilidades de atuação por força da legislação e outras de 
iniciativas da própria região, algumas com a participação direta do Ministério 
Público. 
Para facilitar a compreensão, vamos a uma breve retrospectiva. Em 
dezembro de 91, foi promulgada a lei paulista que institui a política de 
gerenciamento dos recursos hídricos, ela cria como instância maior o Conselho 
Estadual dos Recursos Hídricos, ficando os Comitês de Bacias com a função do 
Parlamento das águas em nível regional, congregando os Estados, Municípios e 
Sociedade Civil. 
A lei estabelece a cobrança pelo uso da água como forma de estimular a 
utilização racional do produto e, ao mesmo tempo, financiar as obras de 
recuperação dos Recursos Hídricos. Permite duas formas diferenciadas de 
gestão - uma delas com a criação de Agências de Bacias, com a função de 
secretariar os Comitês das Bacias, arrecadando e administrando, de forma que 
os recursos permaneçam prioritariamente na própria região onde foram gerados. 
Não existindo a Agência de bacias, tais funções ficam sob a 
responsabilidade do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado. Para 
existir a Agência de Bacia necessita-se da aprovação de lei específica, o mesmo 
ocorrendo com a cobrança pelo uso da água. 
Atualmente, pagamos apenas os serviços pela coleta, tratamento e 
distribuição da água, a referida cobrança seria um valor extra, cobrado por metro 
cúbico consumido, como reserva específica para a recuperação ambiental da 
região de sua origem. 
A grande preocupação demonstrada pioneiramente por Campinas e 
região, foi o recurso ir primeiro para o caixa comum do Estado, para depois 
retornar, tendo um grande e burocrático desgaste de percurso. Fato que levou 
 
 
nosso Comitê Regional dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) a 
aclamar em reunião realizada em Campinas (dezembro de 94), a minuta de 
projeto de lei para criação de agência de bacia. 
Passou-se por um processo de discussões até chegar a aprovação da 
minuta do projeto de lei sobre a cobrança pelo uso da água, ocorrida junto ao 
Conselho Estadual dos Recursos Hídricos, em 12 de novembro de 97. 
Recentemente, quando da elaboração de emendas a tal projeto, 
entidades, órgãos e associações representativas de usuários da água, em 
respeito dos aprovados pelos Comitês de Bacias, optaram por respeitar o acordo 
junto ao Conselho Estadual dos Recursos Hídricos. 
Infelizmente, tais ações não foram regra na Assembleia Legislativa e o 
referido projeto, nº 20/98, recebeu dois substitutivos e 102 propostas de 
emendas, publicados no Diário Oficial do Estado, de 17 de fevereiro de 1998. A 
situação exige extrema atenção e minucioso acompanhamento da tramitação do 
projeto de lei junto à Assembleia. 
Tantas emendas com certeza "engessam" o processo. Qualquer solução 
nesta linha leva um tempo que nossa região não pode esperar. Enquanto a lei 
não vem, as concessionárias dos Serviços de Água (DAEs, SAEs, Sabesp e 
outras) vão na medida do possível executando obras e ações para a garantia de 
água tratada de boa qualidade à população e sistemas eficientes de coleta, 
afastamento e tratamento de esgotos. 
Em muitas situações, isto vem ocorrendo devido a ação do Ministério 
Público, mediante fixação de prazos e estabelecimento de cronogramas para 
execução de obras e projeto. Com certeza, a conscientização da população e 
tarifas compatíveis auxiliarão muito em tamanho desafio. Como a maioria das 
captações ocorrem direto nos rios, propicia que a poluição causada por um 
município seja transferida para os que ficam abaixo. Tal situação reforça a 
necessidade da existência de um organismo regional Intermunicipal, como o 
nosso Consórcio dos rios Piracicaba e Capivari. 
 
 
 
 
 
O R$ 0,01 / m3 
 
Os membros do Consórcio contribuem com a sociedade através de duas 
formas: custeio e investimento. A primeira é obrigatória a todos os membros. A 
segunda pode ser uma contribuição de parte ou de todos os membros. A 
contribuição de custeio, como o próprio nome diz corresponde a recursos para 
custeio. Investimentos, como a palavra diz, significa esforços concretos para a 
despoluição de nossos rios. Em 1991 e 1992 o Consórcio conseguiu arrecadar 
cerca de R$ 800 mil por ano, sendo R$ 200 mil para custeio e R$ 600 mil para 
investimento. O número de membros era cerca de 20, enquanto hoje é de 40 
municípios e 23 empresas. Este valor de investimento foi de fundamental 
importância, permitindo ao Consórcio realizar convênio com o Governo do 
Estado (DAEE), com isto dobrar os valores investidos em nossa região. Os 
recursos do Consórcio e do DAEE, juntos, permitiram realizar planos diretores e 
projetos em 17 municípios, iniciar os contatos com o BIRD visando um amplo 
programa de investimentos na região, um plano diretor regional de 
abastecimento e emprestar recursos à Prefeitura de Cosmópolis para a 
construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto, cujo projeto está sendo 
também utilizado em Piracicaba, Holambra e outros municípios da região. 
Em 1993, a contribuição de investimentos foi suspensa. 
Com a posse dos novos prefeitos em 1997 e com apoio do Conselho 
Fiscal e aprovação da Diretoria do Consórcio, a Secretaria Executiva do 
Consórcio ficou encarregada de apresentar uma nova proposta de retorno da 
contribuição de investimento. Esta proposta, constante na Tabela 2 a seguir, 
prevê a contribuição de investimentos através de uma porcentagem da tarifa de 
água e esgoto. Esta forma foi escolhida como a mais adequada, pois permite 
uma real integração dos municípios, um valor uniforme para todos e não significa 
um ônus a sociedade, pois os valores são muito baixos. Apesar de 
individualmente os valores serem baixos, o total representara cerca de R$ 2 
milhões por ano e servirá para ampliar as parcerias significativas, visando a 
despoluição de nossos rios. Assim, esperamos que recursos do FEHIDRO, 
difíceis de serem liberados, possam de fato, serem aplicados em nossa região, 
considerando-se a utilização dos valores arrecadados pelo Consórcio, como 
 
 
contrapartidas. Isto significaria a possibilidade de outros R$ 2 milhões por ano. 
As empresas participantes do Consórcio, como a própria Sabesp e as empresas 
privadas, poderão juntar esforços, o que permite acenar com outros R$ 2 milhões 
por ano ou mais. 
O projeto permite que as deliberações sobre a aplicação dos recursos 
sejam públicas, através de critérios estabelecidos pelo Conselho de Municípios 
do Consórcio. Além disto, permite que os recursos, total ou parcialmente, sejam 
colocados sob deliberação do Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari 
e Jundiaí, reforçando a atuação desta entidade e compatibilizando os recursos 
arrecadados com o Plano de Bacia, evitando dispersão de esforços. 
 
Tabela 2 - Previsão de arrecadação com o R$0,01/m3 
MUNICÍPIO Consumo 
medido I/s 
Consumo / 
dia m3 
Consumo / 
mês M3 
Previsão / 
mês 
R$0,01 / m3 
Previsão / 
ano 
R$0,01 / m3 
Americana 
Amparo 
Artur Nogueira 
Atibaia 
B. Jesus Perdões(*) 
Bragança Paulista(*)

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