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Amanda Ribeiro MOVIMENTOS DENTÁRIOS ORTODÔNTICOS O movimento dentário fisiológico é aquele que vai levar o dente desde a cripta óssea aonde o dente foi formado até a sua posição em oclusão com o seu antagonista. E um movimento dentário fisiológico indesejado é a migração para os espaços adjacentes ou dos antagonistas por causa de dentes perdidos. Então demos exemplo de um movimento dentário fisiológico que nós queremos e um indesejado. No movimento dentário ortodôntico nós vamos ter sempre a aplicação de uma força externa, que vai produzir reações teciduais mais intensas, quer dizer que o tecido vai ser estressado, a homeostase daquele sistema vai ser quebrada fazendo um movimento mais rápido. Muitas vezes dependendo do planejamento e da capacidade de quem vai estar fazendo esse movimento o paciente pode ou não sentir dor. No movimento dentário ortodôntico nós temos alguns pré-requisitos pro controle da movimentação dentária, o uso adequado da mecânica, então o entendimento de qual o movimento que essa força aplicada vai gerar e o conhecimento das respostas teciduais, se você não souber metabolismo do tecido periodontal e do tecido ósseo, mesmo que você utilize uma força/mecânica adequada você pode reações adversas. Então nós precisamos respeitar o turnover do ligamento periodontal. O periodonto é dividido em periodonto de proteção que é a gengiva e o periodonto de sustentação que é composto pelo cemento, osso alveolar e o ligamento periodontal. Biologicamente falando, o periodonto de sustentação são os mais ativos durante o movimento ortodôntico, porém a gente não pode desconsiderar a importância da gengiva na manutenção desse dente no arco. Então as estruturas envolvidas nós temos o dente com todos os seus tecidos, dentina, polpa, esmalte e principalmente o cemento, porque o cemento é um tecido que na odontologia a gente não repara muito nele, mas para o ortodontista ele é o seu melhor amigo. O ligamento periodontal, sem ele a mágica não acontece, o dente não movimenta, então é preciso ter um ligamento periodontal hígido para ter movimentação. Primeira conclusão: Dente anquilosado, por menor que seja essa anquilose, o dente não se movimenta, se eu não tenho lig. Periodontal o dente não sai do lugar. Outra consequência dessa é o implante, o implante não se movimenta, por mais que o osso tenha a capacidade de se remodelar, sem o ligamento periodontal para transferir a força que você vai fazer na coroa para o osso, não há mudança na posição do implante. Então o ligamento periodontal serve de tradutora entre a força que você vai aplicar na coroa do dente e a remodelação óssea, ele vai dizer para o osso pra onde ele tem que se remodelar pra aliviar aquela força que você colocou na coroa do dente. E o osso alveolar como tecido de suporte principal do dente, ele precisa sofrer essa remodelação, sem essa capacidade plástica ou qualquer evento que o paciente tenha que atrapalhe o metabolismo ósseo vai atrapalhar na movimentação ortodôntica. O cemento na parte dentária é aonde as fibras colágenas que ligam o dente ao osso alveolar se inserem, é o tecido de reparação para a superfície radicular. Então essa palavra, tecido de reparação para a superfície radicular é o que torna o cemento o melhor amigo do ortodontista porque ele vai ajudar você a mascarar os seus erros. O cemento normalmente sofre absorções e reparos fisiológicos devido aos esforços da mastigação e a própria erupção contínua para manter contado com o antagonista ou com seus vizinhos. Então ele tem um nível basal de turnover, o cemento não é que nem o esmalte que uma vez depositado ele não sofre mais Amanda Ribeiro alteração e ele não é vascularizado, o que o torna mais resistente a reabsorção. Então aqui nós temos uma lâmina em uma aproximação mostrando o cemento, o cemento é o azul mais denso enquanto que o azul mais claro são as inserções das fibras. Aqui preso nessas lacunas nós temos aquelas células muito parecidas com as que temos no osso, que são os cementócitos, que são células que já fabricaram o cemento, mas acabaram preso dentro da matriz depois que ela foi calcificada. A deposição do cemento segue a mesma regra do tecido ósseo, você vai e fabrica uma camada chamada de cementóide que é um tecido mais orgânico do que mineral, com o tempo esse tecido é amadurecido e vai se tornando mais mineral do que orgânico e as células que fazem essa mineralização acabam ficando presas dentro da sua matriz. Porém elas estão presas, mas elas não estão inativas, de forma nenhuma elas estão mortas ou sofreram algum processo de apoptose celular, elas possuem comunicações umas com as outras e elas conseguem perceber mudanças na pressão do meio. Em um terceiro nível de conhecimento a gente começa a estudar a sinalização dessas células a partir do momento em que elas captam mudança no meio, quando você aplica pressão você muda o meio do ligamento periodontal. O ligamento periodontal propriamente dito é praticamente fibra colágena, 90% dele é fibra colágena e o tipo celular mais frequente são os fibroblastos, ele fica sobre a fibra, ele vai caminhando entre o osso alveolar e o cemento, na frente dele ele vai degradando a fibra e atrás vai depositando a fibra nova. Então ao mesmo tempo que ele destrói anterior ele constrói a fibra nova na posterior, esse processo quando ele chega no osso alveolar ele inverte e começa a refazer a fibra. Isso é o nosso turnover normal, isso não para. Nós temos células mesenquimais indiferenciadas, nós temos um nível basal de osteoblastos e de osteoclastos que são sempre naquela região, então se você pegar qualquer um de nós aqui e fizer uma lâmina do ligamento periodontal você vai encontrar osteoclastos e osteoblastos e eles estão em atividades e estão sempre remodelando principalmente a lâmina dura voltada para o lig. Periodontal porque a fibra se insere no osso alveolar, e aquela parte da fibra que ficou inserida o fibroblasto não consegue trocar, então precisa destruir aquele osso para que aquela ponta da fibra seja trocada. E nós vamos ter pelo lado da raiz os cementoblastos e os cementoclastos. Cada vez mais que a gente estuda o cementoblasto a gente comprova que ele é bem diferente do osteoblasto, ele tem uma capacidade pra nós muito interessante, que o osteoblasto não tem. Apesar de microscopicamente as duas células parecem iguais, elas são diferentes em seus receptores de membrana. E claro nós temos os nossos fluidos tissulares que intermeiam tudo isso e que são o primeiro elemento de tradução entre a força que você aplica na coroa e a resposta do osso, então quando você aplica uma força na coroa você muda a pressão bioestática dentro do processo alveolar, esse líquido tente a extravasar pra dentro do osso. O líquido que tava dentro do ligamento periodontal, vamos dizer que eu sou o dente e que eu vou me movimentar em direção a porta então eu vou receber uma força no sentido da minha direita pra minha esquerda, então eu vou comprimir o ligamento periodontal desse lado, o líquido que preenchia aqui vai extravasar no primeiro momento pra dentro do osso alveolar, esse movimento que esse líquido faz, ele vai ativar uma série de receptores de células que já vão falar opa o meio mudou, nós estamos sobre pressão. Aqui nós temos uma vista macroscópica em um aumento maior e aqui em um aumento menor. Esse aqui é o lig. Periodontal, aqui o cemento e a dentina, o dente, o processo alveolar, a lamina dura, o osso alveolar propriamente dito e o osso mais medular. Aqui no aumento maior a gente consegue observar vários núcleos de fibroblastos, tem vasos sanguíneos, praticamente em cima de cada fibra tem um fibroblasto, encarregado de fazer essa movimentação. Essas fibras vão conectar o cemento ao osso alveolar, fazendo aquele coxim mecânico na hora que você oclui o dente faz aquele pequeno movimento de intrusão dentro do processo alveolar,em média o ligamento periodontal tem 0,5mm de espessura. O alvéolo não Amanda Ribeiro é todo liso, ele é todo irregular, então tem regiões que você tem mais de 0,5mm e tem regiões que você vai ter muito menos, tudo vai depender de como se formaram as espículas ósseas na hora que o osso se formou ao redor do dente, então no mesmo processo alveolar, no mesmo dente você vai ter distâncias que variam de 0,1 a 0,8mm, essa distância é uma média, ela não tem um significado clínico para nós. O que eu sei que mesmo em um pré molar, incisivo ou canino eu vou ter regiões em que eu não vou ter todo esse espaço, isso é importante. O osso alveolar é a principal estrutura de suporte dos dentes e dos tecidos moles que repousam sobre ele, e ele absorve as forças transmitidas pelos contados oclusais durante a mastigação. A gente acha que não, mas quando a gente oclui e faz os esforços mastigatórios, o osso flete. O dente recebe a carga do antagonista, começa a intruir dentro do alvéolo, as fibras do lig. Periodontal funcionam como um coxim mecânico, mas elas vão puxando o osso alveolar também, então o osso flete, ele trabalha também. E ele é altamente vascularizado com uma capacidade contínua de remodelação, então ele está sempre com seu turnover normal. Então a gente viu os tecidos de suporte, o principal tecido do dente pra nós vai ser o cemento que ele vai ajudar a mascarar o erro que o profissional vai fazer, mas estudos mostram que durante a movimentação dentária nós temos um aumento de temperatura e de curso sanguíneo dentro da polpa do dente movimentado, então em alguns casos (algo raro) você pode desencadear reabsorção interna do dente. Existe alguns estudos que ligam reabsorção interna com clareamento, porque quando você tem a junção amelocementária vocês sabem que é aonde ocorre a sensibilidade dentária, o normal seria sobrepor ou ficar justaposto e as vezes fica um espaço. Então quando o paciente faz o clareamento e o paciente tem aquela junção exposta, o peróxido de carbamida entra naquele espaço e vai irritar a polpa lá dentro. A polpa já fica irritada, e quando você vai fazer a movimentação dentária você induz um segundo estímulo, uma segunda inflamação dessa polpa, e aí você desencadeia um processo de reabsorção interna do dente. Esse processo é um processo surdo, o paciente não nota, não dói, é diferente da dor endodôntica que a polpa tenta inflamar, mas as paredes estão hígidas, então o tecido dói. Ali normalmente você vai destruir o tecido envolta então você vai aumentar a câmara pulpar, então essa dor não ocorre. O tratamento pra isso se for diagnosticado cedo é fazer o tratamento de canal com hidróxido de cálcio, pra vê se consegue estancar esse processo de reabsorção interna. As teorias do movimento dentário: São 4 teorias, e nenhuma delas na literatura te explica em toda a sua complexidade o movimento dentário. Algumas são mais antigas, mas são conhecimentos que precisam ser passados para vocês. Vamos falar primeiro da piezoeletricidade: A piezoeletricidade é a capacidade do cristal gerar eletricidade, você deformar um cristal e ela geral eletricidade. O osso alveolar é formado por colágeno e hidroxiapatita. A hidroxiapatita normalmente ela se arranja em um estado cristalino, e os cristais como falei podem produzir eletricidade. Então vamos imaginar que isso aqui seja uma cadeia de hidroxiapatita, lá na lâmina dura do osso alveolar, você aplicou uma força ao dente e essa força através do ligamento periodontal refletiu nessa cadeia que tá lá dentro do osso alveolar, ele vai fletir na direção da força (a cadeia de hidroxiapatita), nas regiões que você tem compressão, ou seja, nas regiões côncavas você vai ter um acúmulo de cargas positivas, como se acumula carga postiva? O que aconteceu é que os elétrons que estavam nesse lado migraram pro outro lado, e quando você teve a flexão do cristal você diminuiu essa distância interatômicas, então os elétrons que estavam na camada mais externas começam a ficar muito próximos uns dos outros, o elétron sendo o elemento antissocial que ele é, ele vai sair daqui e Amanda Ribeiro vai migrar pro outro lado lá, então do outro lado eu tive um aumento da distância interatômicas, então o elétron sai daqui e vai habitar lá do outro lado digamos na região de tração que são as regiões convexas, vai ter um acúmulo de cargas negativas. Esse lado vai fazer uma quimiotaxia, vai ser um ambiente favorável pra o acúmulo de osteoclastos, pra fazer a absorção óssea. Então vai remodelar esse filamento de hidroxiapatita de forma a tirar essa parte de compressão aqui para que ela fique reta. Essa parte vai ser reabsorvida enquanto vai ter deposição desse lado de forma a voltar esse estado neutro que nós tínhamos antes. Esse lado por sua vez vai fazer quimiotaxia para células de depósito, para os osteoblastos, vão depositar hidroxiapatita desse lado tentando voltar a normalidade. No resumo essa é a teoria da piezoeletricidade, você vai fletir o filamento de cristal de hidroxiapatita de um lado ele vai induzir a reabsorção e do outro lado vai induzir a deposição óssea, isso em um pedaço. Então imagina toda a parede do osso alveolar que tá sofrendo esforço em um dente que tá querendo ir naquela direção, toda essa parede tá sofrendo esforço, então toda essa parede vai formar uma área propensa a reabsorção enquanto do outro lado a gente vai ter uma área propensa a deposição. Então é mais ou menos assim, os aparelhos que vocês estão fazendo eles não têm a capacidade de movimentar o dente de corpo, o que é isso? É o dente estar na posição A e ele ir p/ posição B tanto coroa quanto raiz na mesma proporção. Geralmente essas molas que vocês estão fazendo elas causam um movimento de inclinação do dente, então você vai aplicar uma força na coroa do dente, o dente vai inclinar, a coroa vai pro sentido da porta enquanto a raiz vai pro sentido da janela. Você não faz um movimento de corpo, ele inclina, a coroa vai pro um lado e a raiz vai pra o outro. Por isso a gente tem diferentes áreas, aqui aonde a gente tem o amarelo é deposição óssea e aqui aonde tem os pontinhos reabsorção óssea. Quando eu aplico uma força como está aqui, no sentido da janela para porta, a coroa vai tender a virar em direção a porta. Aqui eu vou ter uma área de pressão e aqui de tração, aonde o ligamento periodontal vai ser tracionado, vai ser distendido. Aqui eu vou fazer um estimulo para deposição óssea e aqui pra absorção óssea. Já na raiz vai inverter os lados. Pensando na Piezoeletricidade, esse lado aqui vai ficar positivamente carregado e esse lado negativamente carregado. Esse ambiente eletricamente carregado vai desencadear a quimiotaxia dessa célula para que ocorra a remodelação do alvéolo, cor isso o dente vai se movimentar. Mecanismo do fluxo Sanguíneo: É bastante simples de você entender em termos de você pensar que as células precisam de sangue, do lado que você faz pressão a luz do vaso comprime então a circulação diminui, a disponibilidade de metabólitos, de oxigênio vai diminuir desse lado. Do lado de tração, aonde eu estendo o ligamento periodontal, a luz do vaso vai ceder, vai melhorar a circulação. O lado comprimido, ou seja, o lado em que a força está atuando, eu vou ter uma diminuição do fluxo sanguíneo enquanto que do outro lado como vai distender as fibras eu vou ter um aumento do fluxo sanguíneo. Essas alterações causam mudanças do ambiente químico, que levam a seleção do tipo celular mais proeminente daquele lado. Então aqui como vou ter uma disponibilidade menor de oxigênio eu vou fazer uma quimiotaxia pra células de reabsorção, células osteoclásticas enquanto desse lado eu vou facilitar a deposição. A atividade osteoclástica pode estar relacionada ao fluxo sanguíneo durante o movimento dentário uma vez que os osteoclastos aparecem nas vizinhanças dos vasos sanguíneos, então é uma teoria simples se você pensarem termos de capacidade de invasão dos vasos sanguíneos. Mecanismo da Reação Inflamatória: É um pouquinho mais complicado. O movimento dentário causa uma reação inflamatória. Como eu caracterizo o termo movimento dentário? É um agente externo que perturba a homeostase, é um agente de inflamação, ele vai desencadear no ligamento periodontal uma reação inflamatória e quem é o agente agressor dessa reação Amanda Ribeiro inflamatória? A força! Uma das consequências vai ser a dor. Nós temos aqui a aplicação da força, ou seja, eu vou agredir o ligamento periodontal, nós vamos ter a liberação de várias proteínas livres, diferentes tipos celulares, por incrível que pareça até os osteócitos e os cementócitos ficam presos dentro da matriz, eles vão funcionar como mediadores químicos promovendo a vasodilatação, vai levar ao exsudato, vai ter aquela sensação que o dente está alto, vai aumentar a quantidade de líquido no ligamento periodontal e por sua vez vai permitir a diapedese, permitindo a migração de células pela membrana do vaso sanguíneo, aumentando mais ainda o nosso infiltrado, levando então a fagocitose e a liberação de citocinas e essas citocinas por sua vez vão desencadear o estímulo de fibroblastos, osteoblastos.. Dessas citocinas as que nós mais estudamos são as (25:35), interleucinas, o TGF beta e o CTGF que é o fator de crescimento de tecido conjuntivo. O movimento dentário se explica a partir da aplicação da força na coroa do dente, essa força vai ser interpretada como um agente agressor e vai desencadear todo o processo inflamatório. Mecanismo da pressão e tração (o que nós mais utilizamos para explicar na graduação): O dente de todo mundo está nesse estado de equilíbrio, em que você vai ter as fibras do ligamento periodontal tanto no lado mesial como no lado distal em equilíbrio, porque o dente não está sobre ação de nenhuma força. Mas quando ativamos aqui uma mola, colocamos um bracket, fazemos aqui a ativação desse dente, o que esse dente vai fazer? Ele vai sair da posição A e vai pra posição B, aqui o B ele vai comprimir o ligamento periodontal do lado distal e vai distender o ligamento periodontal do lado mesial. Então se a gente olhar com um zoom as fibras, elas vão ficar com o seu comprimento deformado e o vaso sanguíneo tem sua luz diminuída. Vejam que todas essas teorias que nós vimos antes vão se associando. Essa parede do osso alveolar vai deformar, essa deformação vai causar um carregamento elétrico tanto desse lado do osso voltado para o ligamento periodontal quanto do lado do osso voltado para medula. E aqui eu vou ter alteração do fluxo sanguíneo. Todas as teorias acabam se interconectando. E no lado de tração eu vou ter uma distensão dessas fibras, à medida em que o dente se deslocar de mesial para distal eu vou ter a distensão dessas fibras. E o que vai acontecer com a luz do vaso do lado de tração? Vai aumentar, o vaso sanguíneo acaba que fica envolvido na rede das fibras colágenas quando as fibras se distendem o vaso se distende junto. Então na teoria do mecanismo de tração e pressão nós temos alguns eventos que precisamos pontuar: - No lado de pressão: Vamos ter uma diminuição do espaço do ligamento periodontal, a gente pode ter desde uma leve diminuição, então eu fechei 25%, 50% do espaço e o indesejado que é quando eu colo o dente no osso alveolar, eu usei tanta força que eu fechei totalmente o espaço, eu deixei a raiz do dente, o cemento celular em contato com a cortical óssea alveolar. Não devemos fazer isso, a gente deve ter só uma diminuição do ligamento periodontal que vai levar a uma diminuição do fluxo sanguíneo, diminuição da reposição celular desse lado, a articulação das células plásticas que vão se enfileirar principalmente sobre a cortical óssea alveolar. Então essas elipses com círculos negros são pra representar os osteoclastos que são células multinucleadas que vão promover a reabsorção ou absorção óssea da parede alveolar voltada para o ligamento periodontal e vai gerar o espaço para que o dente se movimente. Quando vocês acham que é a taxa de movimentação do dente na CNTP em 30 dias? Em torno de 1 mm, se você conseguir aplicar a força certa, o paciente não tem distúrbio metabólico em condições normais de temperatura e pressão. Normalmente nós ficamos abaixo disso, 0,8 e 0,7mm. Amanda Ribeiro Da onde vem o espaço? Centenas de células vão ter que absorver o osso alveolar que vão estar na frente do movimento e dar o espaço para o dente se movimentar, além disso depois que o dente chegou naquela posição tem que ter aquele 0,5mm do espaço do ligamento periodontal. Isso acontece no lado de pressão. - No lado de tração: Praticamente são todos os efeitos contrários. Vai aumentar o espaço do ligamento periodontal (distensão do espaço do ligamento periodontal). Ah professor, mas eu posso movimentar tanto um dente em uma direção que eu arrebento as fibras? Não, por causa da parede óssea do osso alveolar, você teria que fraturar a cortical óssea alveolar pra poder conseguir romper esse trecho de fibras aqui. Você não consegue romper, mas consegue estirar bastante as fibras. Então tem um estiramento das fibras no lado de tração, aumento da irrigação/do fluxo sanguíneo desse lado que vai levar um aumento da reprodução celular desse lado e o aumento das ativações dos osteoblastos, que vão se enfileirar na cortical óssea alveolar voltada para o dente e começa a depositar matriz osteóide aqui pra aliviar essas fibras, pra que elas não fiquem distendidas, o ideal é que essas fibras tenham uma leve inclinação. Então resumindo no lado de pressão eu vou ter uma menor produção celular, ativação de osteoclastos e absorção óssea e no lado de tração eu tenho uma maior reprodução celular, ativação dos osteoblastos e deposição óssea pra gente voltar a espessura do ligamento periodontal. Dor: O que acontece quando você faz uma movimentação tão intensa que você cola a raiz dentária no osso alveolar? Quando a gente vai no ortodontista a gente pode fazer dois tipos de força, ou uma força suave ou uma força exagerada. Vocês vão encontrar na literatura sinônimo de força suave como força ótima, força ideal, difícil você falar que você fez uma força ideal no dente, pois só com o conhecimento da anatomia específica daquele alvéolo e da mecânica p/ que vc possa dizer que teve uma força ideal, por isso a gente utiliza mais o termo força ótima, ou força suave. Essa é a força que o ortodontista planeja fazer no consultório. A força exagerada, uma força muito pesada ela vai levar ao fenômeno de hialinização, que vai ser explicado posteriormente. No lado de pressão, quando eu utilizo essa força suave, essa força ótima eu vou ter uma diminuição do espaço do ligamento periodontal, mas eu não vou ter aquela obliteração/ fechamento total do espaço, eu vou ter apenas a diminuição que vai levar a compressão das fibras do lig. Periodontal e a compressão e formação das células e vasos sanguíneos dos capilares. Vai ter diminuição do metabolismo celular, não há formação de áreas de hialinização ou não ocorre hialinização e eu tenho o que a gente chama de absorção óssea direta, que é quando os osteoclastos ficam enfileirados na superfície do osso alveolar voltado para o ligamento periodontal, você tem absorção óssea do ligamento periodontal em direção a medula óssea, e isso vai proporcionar um movimento lento e contínuo do dente à medida em que eu tenho osso a frente do dente que vai absorvendo e o dente vai se movimentando até que a força que estava causando esse estímulo se anule, chegue em zero, ou tenha a próxima consulta. Absorção óssea direta vocês vão encontrar na literatura como frontal ou de superfície. Então aqui nós temos osso alveolar, o ligamento periodontal, uma camada de cemento e uma camada de dentina. O F aqui significa que a força tá sendo aplicada da direta de vocês pra esquerda, mas se vocêobservar com cuidado aqui vocês vão ver que as fibras do lig. Periodontal, elas não estão nesse sentido horizontal, elas estão no sentido mais oblíquo, em que você já movimentou o dente, então aquelas fibras que estavam no sentido horizontal ficam inclinadas, observem que os núcleos dos fibroblastos que ficam sobre as células estão todos inclinados, estão Amanda Ribeiro praticamente perpendiculares com a raiz do dente. Então assim você consegue observar, sem saber qual a direção que foi aplicado a força, se esse lado tá sofrendo pressão ou tração. Quando a gente olha com maior atenção a cortical óssea alveolar, voltada para o lig. Periodontal, a gente repara que ela não tá lisa como na outra imagem, ela não tá retinha e bem delimitada como na outra. Pq? Porque aqui eu já tenho todas as células osteoclásticas agrupadas e enfileiradas na superfície óssea fazendo a absorção desse osso alveolar. Então esse osso alveolar tá sendo reabsorvido, do lado do lig. Periodontal porque esse dente tá sofrendo uma força, essas fibras já foram deformadas e já houve a ativação dos osteoclásticos, já migraram e já se enfileiraram sobre a lâmina dura voltada para o lig. Periodontal. Temos aqui um bom início de reabsorção óssea para que esse dente possa se movimentar. Esse é o evento que o ortodontista quer, a reabsorção óssea direta, frontal ou de superfície aonde os osteoclastos estão alinhados ao longo do ligamento periodontal reabsorvendo osso nesse sentido. Esse é o ideal, as células que estão nesse pedaço do ligamento periodontal são todas vivas, eu não matei essas células, elas estão em atividades, os fibroblastos que estão posicionados sobre as fibras do ligamento periodontal estão ativas, elas não morreram. E isso vai proporcionar pra mim um movimento lento e contínuo, à medida que esse osso vai sendo reabsorvido vai criando espaço para que esse dente se movimente nessa direção. Quando o ortodontista usa uma força exagerada, uma força além daquela capacidade, ah prof. mas quanto é isso? O ideal é que você não passe de 25 cmnewtons por mm², esse dado não funciona pra ngm, por que essa medida? Porque é a tensão que o capilar aguenta até ficar totalmente fechado, se você passa desse limiar você fecha o capilar. Então eu preciso saber a área do ligamento periodontal, imagina você calcular a área do ligamento em um dente multirradicular como o molar, clinicamente não é viável, então nós já temos umas tabelas de forças que são adequadas pra cada movimento e a força que eu posso executar, por exemplo eu quero jogar o molar pra mesial ou distal, eu vou ter quase todo o ligamento periodontal pra dissipar a força que eu fizer, agora se eu vou intruir o molar a minha força vai ser toda executada no ápice do molar, a quantidade de ligamento periodontal pra dissipar a minha força diminui muito, então eu tenho que calcular a quantidade da força que eu vou usar de acordo com o movimento que eu quero e a quantidade de raiz do dente. Então são 3 fatores que você precisa levar em conta (quantidade de ligamento, movimento que quero fazer e quantidade de raiz do dente). Quando eu uso uma força exagerada, ou seja, quando eu passo esse limiar eu colabo os capilares, eu tenho uma grande diminuição ou oblituração total do espaço do ligamento periodontal. Grande compressão das fibras e grande compressão das células dos capilares. O que isso vai me levar? A ausência de irrigação. Eu vou fazer um torniquete no meu lig. periodontal, eu vou estancar as células que eram ligadas por aquele vasos e elas vão morrer, vão sofrer uma necrose celular. Eu vou ter ausência do metabolismo celular naquela região, os eventos que eu preciso para que o dente se mova não vão acontecer. Por que não vão acontecer? Quem é o agente que muda o meio? É a célula. Se eu mato a célula eu não mudo o meio. PERGUNTA GRIZOTTE: Se eu tenho um dente não vital, como funciona essa movimentação? R-) Contanto que o ligamento periodontal esteja sadio, o tratamento é o mesmo que um dente vital. O tratamento não muda. Só que eu tenho é o maior risco de reabsorção interna, mas a reabsorção interna a faixa de ocorrência dela é muito pequena, não é algo que nos preocupe muito. A reabsorção externa ocorre com uma frequência bem maior e é mais preocupante. Com base na sua pergunta, eu devolvo para você: Amanda Ribeiro Qual a condição bucal que pode causar um problema que eu tenha que me preocupar? Por que como eu falei eu preciso de um ligamento periodontal sadio para movimentar? R-) Doença periodontal. O jeito mais rápido de eu extrair um dente, é um dente com comprometimento periodontal, porque você vai ter todos os elementos de destruição óssea que falei e nenhum de deposição óssea. O pré requisito para fazer movimentação ortodôntica é ausência de doença periodontal. Veja, é diferente de falar que o paciente periodontal não pode fazer movimentação ortodôntica, pode sim desde que ele esteja com a doença periodontal em controle. Então o lado de pressão eu vou ter ausência de metabolismo celular porque eu acabei com minha irrigação sanguínea. Essa área onde eu não tenho irrigação sanguínea e tem várias células mortas eu chamo de área hialinizada. A gente fala que aquela área sofreu um processo de hialinização. Então você já associa: UMA AREA HIALINIZADA é uma área MORTA. E diferentemente de uma força suave ou da força ótima, eu terei uma absorção óssea indireta. O que é uma absorção óssea indireta? Vocês podem encontrar na literatura como: solapante ou a distância. É esta imagem aqui (slide). Reparem que aqui você olha e consegue identificar os tecidos envolvidos. Tem uma organização nesta imagem. Você identifica bem o que é osso, o que é dente e o que é ligamento periodontal. Já nesta outra imagem você vê que o caos tomou conta. Você consegue observar que aqui tem a dentina, mas esta área aqui virou uma bagunça, então é um processo mais desorganizado. É uma tentativa mais desesperada do organismo de levar ordem ao caos. O ligamento periodontal ficava aqui, nessa região você não tem mais ligamento periodontal. Tá vendo o dente? Aqui a dentina, aqui eu deveria ter cemento, aqui eu tenho um contato direto da célula de reabsorção com a raiz, o início da reabsorção externa, o início do pesadelo dos ortodontistas. Colocou uma força muito pesada, levou a morte do ligamento periodontal dessa região. A morte foi tão severa que as células que fizeram reabsorção óssea nessa região, começaram a reabsorver a dentina. Reabsorveu o cemento e agora estão reabsorvendo a dentina. Aqui você quase não consegue observar nenhum núcleo, pois estes já sofreram apoptose a muito tempo. Então é uma área morta, é uma área hialinizada. Este pedaço aqui é uma espícula óssea que sobrou quando o organismo fez absorção, diferentemente quando você usa força suave o organismo vai absorvendo osso de fora para dentro. Quando você usa uma força pesada a absorção de osso vai da medula óssea para o processo alveolar, para o ligamento periodontal porque o organismo perdeu o acesso a esta área, o organismo não consegue trazer células para esta área para fazer reabsorção deste lado. Então vem pelo outro lado, eu vou destruir todo o osso entre o osso medular e o ligamento periodontal. É um processo muito maior. É uma quantidade muito maior de osso a ser reabsorvido. Então nós teremos aqui nesta imagem uma extensa área de hialinização e os osteoclastos ao invés de virem do ligamento periodontal, eles virão dos espaços medulares adjacentes e por isso o nome solapante. Nome este que vem de assoalho. Quando chegam a uma medida que este osso é reabsorvido, o dente cai no vazio, ele não faz o movimento contínuo. Vai reabsorvendo a parede óssea e vai se movimentando, reabsorve a parede o osso se movimenta, reabsorve o osso se movimenta... Aqui vai ter reabsorção, reabsorção, reabsorção.. Quando a força é Amanda Ribeiro mecanicamentemais forte do que esse pedaço de osso que sobrou, o dente cai no vazio e faz um movimento de grande extensão, de uma vez só. Movimento demorado.... Por que? Porque passam 3, 4, 5 dias e parece que não se movimenta. La no 7º ou 8º dia, o dente dá um pulo. Você fez um movimento de grande extensão, característica clínica de uma absorção óssea indireta. Aqui nós vamos comparar os dois lados, o movimento que eu quero: absorção óssea direta. E o movimento que eu não quero: absorção óssea indireta. A absorção óssea direta também estará presente no movimento fisiológico, quando o organismo absorve o osso para que o dente se movimente lá da cripta óssea até a sua posição com o antagonista. O organismo faz absorção óssea direta. Os osteoclastos ficam entre os espaços dos ligamentos periodontal. Enquanto que na absorção indireta os osteoclastos ficam estre os espaços medulares. Aqui eu tenho ausência de dor, aqui eu tenho presença de dor. O que dói é que nos tecidos adjacentes as áreas necróticas, as terminações nervosas livres vão captar bem os restos celulares e estes vão irritar as terminações nervosas livres. Então você terá dor neste movimento. Pouco dano aos tecidos, formação de áreas hialinizadas, movimento longo e continuo. E aqui um movimento demorado e de longa extensão. (Olhar slide) A absorção óssea indireta só vai ser causada pelo movimento dentário induzido, nunca vai acontecer fisiologicamente. Aqui a gente tem mais duas laminas mostrando início da formação da área de hialinização. A diferença entre essas imagens é aquela que eu mostrei antes, é que aquela é do 7º ou 8º dia e essa aqui é do 1º ou 2º dia da aplicação da força. Então vocês veem área da hialinização aqui. Reparem que aqui quase toca dente com osso e a formação das áreas hialinizadas. Nas áreas hialinizadas você não tem remodelação óssea, enquanto o organismo não vier do espaço medular para o espaço do ligamento periodontal você não tem nenhuma remodelação óssea, o movimento dentário cessa até que essa parede seja reabsorvida, os vasos sanguíneos ali vão morrer e as ligações celulares do osso alveolar adjacente e na superfície radicular. O que são essas reações na superfície radicular? É a reabsorção radicular externa. Por que o ortodontista chama o paciente em torno de 30 dias? Ah isso é fácil, tem que esperar virar o mais pra cobrar a mensalidade (rsrsrs). NÃO!!! A gente chama de 30 em 30 dias porque é o tempo que a gente precisa se utilizarmos uma força correta para o dente se movimentar e o ligamento periodontal se rearranjar, porque não adianta eu só esperar que o movimento ocorra e eu já ativar de novo, já colocar força de novo porque o ligamento periodontal não se refez então vai ser uma força muito pesada, eu vou cair dentro de uma reabsorção óssea solapante, o que eu não quero. Eu preciso dar tempo do dente se movimentar e do ligamento se reformar para que eu possa aplicar uma força de novo. Quando eu tenho uma reabsorção óssea indireta, quando eu aplico uma força muito pesada, esse intervalo de 30 dias aumenta. Aumenta quanto? Depende de quanto danoso foi a sua movimentação. Se você aplicou tanta força, tanta força que todo o lado em que o dente estava sendo movimentado morreu o ligamento periodontal, for uma área hialinizada, eu vou dizer pra você que entre uma consulta e outra é 90 dias. Se você formou uma pequena área de hialinização, você pode até manter os 30 dias. Se a área for média, cai no meio termo.. 45/50 dias. E é muito difícil clinicamente você perceber que você fabricou uma área hialinizada, porque Amanda Ribeiro você ativa e o paciente vai voltar dali a 30 dias, ou em alguns casos a cada 15 dias em uma consulta você mexe no arco sup. e na outra no inf. E é importante esse período porque para aquelas regiões em que começou a ter reabsorção óssea, reabsorção radicular, quando começou a reabsorver a dentina, o cemento consiga tapar aquele buraco. Por isso que o cemento é o melhor amigo do ortodontista, você foi lá e fez uma força que você achava que era uma força boa mas acabou que ficou muito pesada e você teve o começo de uma reabsorção radicular, começou a sair dentina, aquela dentina não volta, quem vai reparar aquele defeito é o cemento, então tem que dar tempo do cemento ir lá tapar o buraco. Se você não dar tempo, você não dá os 30 dias, não vai formar cemento aqui, ainda tem dentina exposta e na próxima ativação o osteoclasto vai chegar direto aqui e vai aumentar cada vez mais o defeito. Quando tem uma área de hialinização um dos principais problemas é que os cementoblastos que estavam aqui, depositados em cima do cemento, morrem. E por que isso é um problema? Porque o cementoblasto, e tá aí uma diferença entre o cementoblasto e o osteoblasto, o osteoblasto e o osteoclasto recebem um estímulo para se movimentar, então se eu tenho um osteoblasto nessa região aqui depositando matriz, mas ela precisa ser reabsorvida o organismo vai liberar algumas citocinas que vão falar pro osteoblasto sair de cima desse tecido mineralizado que ele tem que ser reabsorvido e o osteoblasto vai sair de cima do osso permitindo que ele seja reabsorvido. Esse mesmo sinalizador químico, quando chega no cementoblasto, o cementoblasto não tem receptor pra ele, o cementoblasto não sai de cima da raiz. Por isso que quando eu faço um movimento ortodôntico, uma força ótima, uma força suave, o cementoblasto não sai de cima da raiz, ele fica lá. Daí os osteoclastos vão circular no ligamento periodontal, o osteoclasto ele não enxerga, você é cemento, você é osso. Tem tecido duro exposto o osteoclasto vai reabsorver, então quem impede que a raiz seja reabsorvida é o cementoblasto que fica sobre a raiz. Se ele sair de cima da raiz, se ele expor o cemento o osteoclasto vai começar a reabsorver. Por que a gente não movimenta dente decíduo? Porque se você movimentar a raiz de um dente decíduo contra a coroa do permanente, a coroa do dente permanente, aquele epitélio reduzido do esmalte ele é especializado na reabsorção de tecido duro, ele tá levando o dente da cripta óssea a uma condição de erupção, se você movimenta a raiz de um dente decíduo ou pode até ser de um permanente em alguns casos que a gente já viu em direção a coroa, o lateral permanente em direção a coroa do canino que não erupcionou ainda. O que vai acontecer? Vai reabsorver a raiz do lateral. A célula é especializada em reabsorção de tecido duro, seja ele o tecido duro que for. Quando acontece a hialinização você mata o cementoblasto que estava sobre o cemento, você deixa o tecido duro exposto, quando a absorção solapante ou a distância termina de reabsorver esse osso que está aqui, o que você acha que acontece? Ela pára ou ela vai começar a atacar a dentina? Ela vai atacar a dentina, por isso o problema da absorção solapante, ela absorve o osso alveolar e ela dá de cara com outro tecido mineralizado sem proteção nenhuma, e ela começa a reabsorver. Quando é que essa reabsorção pára? Ela pára quando o organismo sentir que essa força não está causando mais injúria, aí os cementoblastos vão poder se rearranjar e vão começar a tapar esse buraco aqui. Agora se você não der tempo do organismo se reparar e fechar esse buraco, o que vai acontecer? Você vai causar outra absorção solapante, você já tem esse defeito e da próxima vez que o osteoclasto chegar aqui ele não vai começar a absorver a raiz dessa posição que ele tava aqui, ele vai começar a absorver aqui no meio. E assim vai aumentando a sua reabsorção radicular. Esse é o problema da formação das áreas de hialinização, a morte do cementoblasto. Fatores que influenciam na formação das áreas de hialinização: Principalmente o fator mecânico e o fator anatômico. O fator mecânico é a intensidade da força e se é a força é contínua ou Amanda Ribeiro intermitente. A força intermitente, dependendo do período, por exemplo o paciente usar elástico,é uma força intermitente, quando ele tira o elástico a força cessa. Dependendo da disciplina do paciente pode ser que aqui você tenha menos dano, na força intermitente do que na força contínua. Fatores Anatômicos: A forma da raiz, por exemplo quando você olha pro molar na periapical e ele tá correndo. O comprimento da raiz, a densidade do osso alveolar, e se há a presença de algum defeito ósseo eles vão alterar a sua chamada força ótima ou força ideal. Isso vai predispor o dente a reabsorver ou não. Tá todo mundo sentado? TODO O MOVIMENTO DENTÁRIO FORMA ÁREA DE HIALINIZAÇÃO! O melhor ortodontista, o melhor instrumental, ou ele vai ter uma força tão leve que não vai movimentar o dente ou ele vai movimentar o dente e vai causar uma área de hialinização. Agora a extensão da área de hialinização é outra coisa, você pode ter uma área de hialinização pequena que não vai interferir no seu tratamento ortodôntico ou você pode ter uma superfície completa de área de hialinização, aí sim. Como a forma da raiz interfere? Quando você tem aquele molar correndo, o ângulo aqui da raiz você vai ter um acúmulo de força diferente dos outros pontos. Então se eu estou levando esse dente em direção a porta, vai ter um acumulo de força aqui nessa curvatura e aqui nessa curvatura, eu posso está usando a minha força ideal, eu posso estar dentro da minha margem de segurança pra fazer o movimento, nessa quina aqui e nessa quina aqui eu vou ter a formação da área de hialinização. Um movimento dentário sem a formação de área de hialinização é um movimento teórico, só existe lá no mundo das ideias. Quanto mais comprida e afilada a raiz, os incisivos laterais com a raiz bem comprida e bem fininha, lá no ápice da raiz vai haver um acúmulo de força, porque aí é um princípio de física, quando você aplica uma força na coroa do dente, mesmo que o dente esteja com bracket ele tende a fazer um pequeno giro, esse pequeno giro vai acumular força no ápice e esse ápice também vai sofrer uma área de hialinização. A densidade óssea, se o osso for mais denso do que o esperado pra aquela idade, pra aquele paciente ele não vai deformar tanto sobre a ação da minha força, ele vai ser mais rígido e ele sendo mais rígido o ligamento periodontal vai ficar mais comprimido e o defeito ósseo vai diminuir a área aonde aquela força vai ser dissipada. Então o paciente que teve uma doença periodontal e perdeu 1/3 da sua inserção óssea, eu não posso usar nesse dente a mesma força que eu daria em um dente que não teve essa perda, porque a área de ligamento periodontal aonde vai dissolver a minha força é menor. É tudo uma questão de área X força. Quanto menos área de ligamento periodontal eu tenho pra movimentar, menos força eu tenho que usar. Quanto mais área de lig. Periodontal, mais força eu preciso. Rafael Maron: Então prof. quando mais denso o osso, menor a força. Você sempre quer a absorção, mas você quer a direta. No lado de tração você utilizando a força leve, suave ou força pesada vai acontecer a mesma coisa, você vai ter um aumento do espaço do ligamento periodontal, um estiramento das fibras colágenas, um aumento da vascularização, um aumento dos osteoclastos, alinhamento dos osteoblastos ao longo das fibras do lado do osso alveolar e deposição de tecido osteóide, (1h e 2min.. ), osso fasciculado e finalmente o osso lamelado. Por que isso? Por que no lado de tração tanto faz você usar força suave ou força pesada? Porque você não vai ser capaz de arrebentar a fibra, você não vai ser capaz de movimentar tanto o dente na direção de compressão que você Amanda Ribeiro vai romper o feixe de fibras, porque tem a parede óssea. Só se você quebrar a parede óssea que aí você vai conseguir distender a fibra do ligamento periodontal acima do seu limite elástico. Esse é um gráfico da movimentação dentária em casos de absorção óssea indireta quando nós temos a formação da área de hialinização. Aqui a quantidade de movimento em mm (0,2,3,4,5mm) e aqui em dia (4,10,30 dias). Quando eu faço a aplicação na força na cadeira eu já vejo um resultado, o dente já se movimenta um pouco na cadeira, porque ele já comprimiu o lig. Periodontal e se o osso for jovem vai permitir um pouco de movimentação. Com 4 dias normalmente a gente já vai ter finalizado essa movimentação, vai entrar em um período de reparação da hialinização (de 10 a 12 dias) e daí eu vou entrar no período secundário de movimentação, aonde o dente vai ter aquela caída no vazio. Então a força ótima, a força suave, a força ideal que a gente vem comentando ela sempre vai proporcionar um movimento lento e contínuo, absorção óssea direta, o mínimo de dano ao tecido e praticamente nada de dor ao paciente. Mas não esqueçam, sempre que for fazer movimentação ortodôntica você vai ter um pouquinho de dano tecidual, e você vai ter em algum lugar absorção óssea indireta. Imagina um alvéolo de um canino, não tem as paredes lisas, as paredes do alvéolo são todas irregulares, então você vai ter áreas com espícula óssea que vai se aproximar muito da raiz, nessa região você vai ter uma área de hialinização. Então desde que a sua hialinização seja pequena, o dano não vai ser permanente. A força ótima, ou a força suave ou ideal deve ser autossuficiente apenas para comprimir parcialmente e não totalmente os vasos sanguíneos do lig. Periodontal, a resposta do ligamento vai sempre depender da força aplicada sobre a área do ligamento periodontal sobre qual a força é distribuída. É o que eu falei, se eu tenho um dente que tem uma doença periodontal e teve perda de inserção óssea, eu tenho que recalcular pra baixo a minha força, porque eu tenho menos área de ligamento periodontal para distribuir a minha força. Quanto menos ligamento periodontal, menor vai ser a minha força. A gente tem na literatura casos de pacientes com doença periodontal com apenas 1/3 de inserção óssea radicular e que fizeram movimentação ortodôntica, quando você vai ver a força que o autor usou, ele usou a força extremamente baixa porque a área que ele podia distribuir essa força era extremamente pequena. E aqui alguns efeitos indesejados do tratamento ortodôntico: O principal dele são as reabsorções radiculares, esse é o aspecto de uma reabsorção, aqui eu tenho osso que está sendo reabsorvido a distância, aqui eu tinha o que era o lig. Periodontal que sofreu dano e aqui eu tenho o cemento. Essa quantidade toda de dentina já foi reabsorvida. O cemento vai tapar todo esse buraco aqui? Não. Na hora que a camada cementoblástica for refeita, os cementoblástos vão vir aqui e aqui e vão se depositar sobre essa superfície que sobrou e eles vão começar a formar cemento aqui nessa posição, então se esse defeito for um defeito de grande extesnão você vai começar a ver isso aqui na radiografia. Quando a área de hialinizqação é pequena consegue-se reparar. Aqui é uma cicatriz do tratamento ortodôntico, muito comum, que é a reabsorção do terço apical das raízes dos incisivos, especialmente em casos de extração, quando o paciente faz a extração de pré molares e faz uma mini retração dos incisivos vai ser muito comum você verificar isso aqui no final do tratamento, a perda no ápice, o ápice não tem mais aquela forma pontuda e fica arredondado. É devido a essa extensão da movimentação. Claro que existe um limiar aceitável, ninguém vai falar que reabsorver um terço da raiz é normal, não é nomal, esse arredondamento do ápice em casos de extração é muito comum dentro da ortodontia. Você perder o terço apical é considerado sucesso no tratamento ortodôntico. Amanda Ribeiro Para vê reabsorção radicular o primeiro exame seria tomografia e o segundo as periapical, panorâmica é ruim. As vezes o clínico geral vê essa reabsorção e fala nossa você vai perder o seu dente, seu dente vai cair. Não vai cair, quando o paciente perde 1/3 do ápice da raiz ele perde só 3% da inserção periodontal desse dente.Então não é porque ele perdeu 3% que o dente vai cair da boca. Se o paciente tiver DP e perder 1mm de osso aqui ele vai perder entre 8-10% da inserção do ligamento periodontal. Então a perda de inserção cervical é muito pior do que a perda de inserção apical, claro que a gente sempre vai procurar evitar esse tipo de perda, mas ela é muito comum. As reabsorções radiculares são um efeito colateral do movimento dentário ortodôntico produzido, é muito difícil você finalizar um caso sem. Arredondamento dos ápices dos incisivos é aceitado como normal no final do tratamento ortodôntico e a maioria dos movimentos ortodônticos envolvem algum grau de dano tecidual, as vezes você não vê, por exemplo eu vou fazer uma disjunção, abrir a maxila do paciente, você não vê arredondamento dos ápices porque não é ali no ápice que a força vai se acumular, a força vai se acumular nas paredes vestibulares da raiz, e na radiografia você não consegue ver pra incidência do feixe, porque vai sobrepor o lado vestibular com o palatino, então você não vai ver reabsorção. Mas quando a gente faz lâminas dos animais, você abre a sutura e tira o dente, o cemento vestibular do dente que está sendo movimentando está todo irregular, então você tem reabsorção só que não vê. Outro efeito indesejado do tratamento ortodôntico é a perda de inserção, as vezes o paciente desenvolve um pouquinho de doença periodontal ou o paciente com tanto medo de ter cárie, problema periodontal, exagera na escova e aí tem trauma de escova. Então a perda de inserção da gengiva. O movimento excessivo pra fora do alvéolo, você levar o dente muito pra vestibular, pensa um erro grosseiro de técnica, isso é um barbeiro ortodôntico, você sabe que vai tirar o dente pra fora do osso, o osso não acompanha para vestibular. Normalmente esse tipo de dano acontece, essa gengiva tá inflamada, o dente não tá em uma situação de saúde periodontal, você não vai querer movimentar. Primeiro faz o tratamento periodontal e depois o ortodôntico. O conhecimento da biologia da movimentação dentária é fundamental quando a gente quer fazer verticalização, recuperação de espaço, ou até usar um plano inclinado, uma mola, a resposta a aplicação da força contra o dente vai depender da força. Força pesada leva a dor, hidrólise das células, ligamento periodontal e a ocorrência de absorção solapante, indireta do osso alveolar adjacente. Na prática ortodôntica busca produzir o maior efeito dentário possível por absorção frontal, tem que conhecer que em algumas áreas do ligamento periodontal vai ocorrer hidrólise e reabsorção solapante apesar dos nossos esforços de tentar evitá-las. Então o único ortodontista que não tem reabsorção no consultório é aquele que não pede radiografia final, porque aí ele não vê.
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