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2º ESTUDO DIRIGIDO DE DIREITO CIVIL II

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ESTUDO DIRIGIDO DE DIREITO CIVIL II
ALUNA: Milena Pessôa Cruz
4º período/ Noite
	1. Aponte os elementos da Responsabilidade Civil. Aponte os elementos do Enriquecimento sem Causa. Faça o confronto, realçando as diferenças entre os dois institutos. 
	Responsabilidade Civil
	Enriquecimento sem causa
	Elementos: conduta humana, dano, nexo de causalidade.
	Elementos: vantagem patrimonial, sem causa, à custa de outrem. 
A diferença para a responsabilidade civil, segundo as lições de Fernando Noronha, é no sentido de que o enriquecimento sem causa tem por finalidade “remover de um patrimônio os acréscimos patrimoniais indevidos“. São indevidos porque deveriam ter acontecido em um outro patrimônio, já anteriormente e juridicamente reservado. A responsabilidade civil, por sua vez, tem a função de reparar os danos, ou seja, a diminuição, ou a redução verificada no patrimônio.
2. O que se entende por gestão de negócios? Em quais situações o gestor de negócios responde em face do dono de negócios na hipótese de caso fortuito?
Gestão de negócios é a intervenção em negócio alheio, sem autorização do titular. Pode configurar gestão de negócios: o vizinho que zela pela casa de quem se ausentou sem deixar notícias, o empregado que assume a direção da empresa da qual o patrão se ausentou repentinamente etc. Parecem fatos simples do cotidiano, mas que devem ser observados sob a égide da lei.
Segue a definição do art. 861 do Código Civil: “Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando responsável a este e às pessoas com quem tratar. ” 
Denomina-se “gestor de negócios” aquele que intervém, e “dono do negócio”, o respectivo titular. O gestor atua como representante, embora sem a investidura de poderes. Gestão de negócios é a administração oficiosa de interesses alheios. A conduta do gestor reveste-se de espontaneidade. Se tal conduta for contra a vontade manifesta ou presumível do dono, o gestor responderá até mesmo pelas perdas decorrentes de caso fortuito, salvo se provar que teriam sobrevindo independentemente de sua atividade. É o disposto no art. 862.
3. A promessa de recompensa é negócio jurídico? A capacidade de exercício é necessária para fazer a promessa? A capacidade de exercício é necessária para receber a recompensa? 
A promessa de recompensa é a declaração/ manifestação de vontade de natureza negocial, feita mediante anúncio público, pela qual alguém se obriga a gratificar quem se encontra em certa situação ou a praticar determinado ato, independentemente do consentimento do eventual credor. A partir da declaração anunciada publicamente o promitente se obriga independentemente de aceitação, pelo fato da promessa ser dirigida a uma pessoa anônima, contudo os efeitos da promessa de recompensa se darão no momento em que forem cumpridas às condições de sua exigibilidade.
 Toda pessoa que publicamente se comprometer a gratificar quem desempenhar certo serviço, contrai obrigação de fazer o prometido (854, ex: recompensa para quem encontrar um cachorro perdido, para quem denunciar um criminoso, para quem descobrir a cura do câncer, etc). O promitente tem que ter capacidade (104, I). A promessa exige publicidade (ex: imprensa, carro de som, panfletos, cartazes). A promessa é feita a qualquer pessoa, ou a determinando grupo social, pois se feita a pessoa certa não é ato unilateral, mas contrato de prestação de serviço (ex: pago cem a João para procurar meu cachorro perdido, neste caso não é ato unilateral mas bilateral). A lei, tendo em vista uma justa expectativa da sociedade, obriga o autor da promessa a cumprir o prometido, independente de qualquer aceitação.
Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido.
Quem quer que, nos termos da promessa, fizer o serviço, ou satisfizer a condição, ainda que não pelo interesse da promessa, poderá exigir a recompensa estipulada.
Antes de prestado o serviço ou preenchida a condição, pode o promitente revogar a promessa, contanto que o faça com a mesma publicidade; se houver assinado prazo à execução da tarefa, entender-se-á que renuncia o arbítrio de retirar, durante ele, a oferta.
4. Considerando os planos do mundo jurídico, aponte e explique os elementos do contrato e os pressupostos de validade do contrato. 
Os elementos do contrato são pilares intrínsecos ao ato do negócio jurídico, sem os quais não se formaria, portanto, está no plano de validade, são: sujeitos jurídicos, ajuste de vontades, objeto e forma. 
Já os pressupostos de validade do contrato são a capacidade do sujeito, manifestação de vontade livre e idônea (boa-fé), objeto deve ser lícito, possível, determinado ou determinável, e forma determinada em lei (prescrita) e não defesa em lei.
5. Aponte e explique os princípios que integram a nova principiologia contratual. 
A nova principiologia contratual deve-se a autonomia privada, função social do contrato, boa-fé objetiva e justiça contratual.
· Autonomia privada: é o espaço de liberdade autorizada pelo Estado, no qual o poder de negociação se limita à função social do contrato, lembrando que o consumidor é protegido frente àquele que oferece o produto para manter a igualdade da relação;
· Função social = a atividade contratual necessariamente deve cumprir uma função social e, muitas das vezes, interferirá em relações externas;
· Boa-fé objetiva = o comportamento das partes irá sugerir um certo resultado, gerando assim uma expectativa, é fundamental para o direito contratual;
· Justiça contratual = visa o equilíbrio contratual, portanto, poderá flexibilizar um contrato para que sua finalidade seja cumprida da melhor forma entre as partes.
 
6. Faça a distinção entre:
a) Negócio jurídico unilateral e contrato unilateral :
Negócio unilateral acontece quando há declaração de vontade de apenas uma das partes (ex: testamento). Ele pode ser reptício, que ocorre quando quem recebe o efeito sabe a intenção/vontade da outra parte (exemplo: oferta de recompensa), ou não reptício, quando não se sabe da vontade da outra parte.
Contratos unilaterais são os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes, como a doação pura, por exemplo. Segundo Orlando Gomes, o contrato “é unilateral se, no momento em que se forma, origina obrigação, tão somente, para uma das partes — ex uno latere”.
b) Negócio jurídico bilateral e contrato unilateral:
Negócio bilateral ocorre com a declaração de vontade de ambas as partes, tendo efeitos no momento por elas determinadas enquanto vivas. Já o contrato unilateral cria obrigações apenas para uma das partes, decorre de um contrato, que no momento em que se forma já gera uma obrigação.
c) Contrato comutativo e contrato aleatório:
Contratos comutativos são os de prestação certa e determinada, deste modo, as partes podem antever/ predeterminar as vantagens e sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, pois não correm nenhum risco. Contrato aleatório é aquele que contrato onerosos nos quais a prestação de uma ou de ambas as partes fica na dependência de um caso fortuito ou risco
d) Contrato consensual e contratos real:
Contrato consensual se forma unicamente pelo acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa e da forma determinada. Por isso, são considerados contratos não solenes. 
Os contratos reais são os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto, como os do depósito, comodato, mútuo, e etc. Esses contratos não se formam sem a tradição da coisa. Antes pode existir a promessa de contratar, mas não existe o depósito, comodato ou mútuo. A efetiva fase de entrega do objeto não é executória, porém, requisito da própria execução do ato.
e) Contrato de execução imediata, contrato de execução diferida e contrato de trato sucessivo:
 
Contratos de execução imediata(instantânea) são os que se consumam em um só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração, como a compra e venda à vista, por exemplo. Cumprida a obrigação, exaurem-se. 
Contrato de execução diferida (retardada) é o que deve também ser cumprido em um só ato, mas em momento futuro: a entrega em determinada data do objeto alienado. A prestação de uma das partes não se dá imediatamente após a formação do vínculo, mas a termo.
Os contratos de trato sucessivo (ou de execução continuada) são os que se cumprem por meio de atos reiterados. São exemplos: compra e venda a prazo, prestação permanente de serviços, fornecimento periódico de mercadorias, dentre outros. Caso típico é a locação, em que a prestação do aluguel não tem efeito liberatório, a não ser do débito correspondente ao período, visto que o contrato continua até atingir o seu termo ou ocorrer uma outra causa extintiva.
7. Considerando a classificação funcional dos contratos, explique o sentido de: 
a) Condições gerais dos contratos e contrato de adesão:
As Condições Gerais do Contrato podem originar-se de acordo entre as partes, regulamento administrativo, ou produto de atividade de terceiro, nem sempre unilaterais e uniformes.
O Contrato de Adesão trata-se de negócio jurídico bilateral ou plurilateral, no qual apenas uma das partes – proponente ou estipulante –, decide, previamente, quais as cláusulas serão efetivamente inseridas no contrato, de modo que, a outra parte – aderente –, apenas anui ou não, com aquilo já estabelecido, ficando esta impedida de modificar substancialmente as condições do contrato.
b) Contratos coletivos:
Tem um caráter normativo, contratos celebrados por entidades sindicais que vão estabelecer normas para aqueles que são representados por esses (previsão no Direito do Trabalho e pouco em CDC).
 
c) Contratos cativos de longa duração:
 
São aqueles que quando firmados, dificilmente são cancelados, desse modo, perduram no tempo, como por exemplo, contratos com empresas de telefonia. 
d) Contratos de direitos de personalidade:
 São os contratos cujo objeto envolve direitos de personalidade, como é o caso de contratos que envolvam direitos de imagem, direito sobre o próprio corpo, dentre outros previstos na legislação brasileira. 
e) Contratos eletrônicos:
São contratos celebrados on-line, sem a materialização do contrato, desterritorialização, e são envolvidos pela desconfiança do consumidor.
 
8. Explique cada uma das fases de formação dos contratos 
a) Tratativas ou negociações preliminares:
O contrato forma-se sobre a manifestação de duas vontades: a proposta e a aceitação. Normalmente, a oferta é antecedida por uma fase, comumente prolongada. Essa fase é a Negociação Preliminar (Fase de Tratativas), caracterizadas por conversações, estudos, debates etc. E, como não há manifestação de vontade, qualquer das partes pode desistir/afastar-se sem assumir perdas e danos, com a justificativa de desinteresse. 
Por mais que essa fase não gere obrigações para qualquer das partes, ela atribui deveres jurídicos, para os contraentes, derivados do princípio da boa-fé: os deveres de lealdade, correção, de informação, de proteção, de cuidado e de sigilo.
 
b) Proposta:
Trata-se, primeiramente, de um negócio jurídico unilateral, constituindo elemento. A Proposta (oferta) é uma declaração de vontade dirigida por uma pessoa a outra, por força da qual a primeira manifesta a sua vontade de se vincular a outra parte, isso se aceitar. 
A Proposta deve também conter todos os elementos essenciais do negócio proposto: Valor; Tempo de Entrega; Quantidade, etc. 
A Proposta não se desfaz com a morte da parte, ela se propaga às partes como qualquer outra obrigação. 
O art. 428, CC traz as possibilidades que não obrigam o proponente.
 
c) Aceitação:
Aceitação ou oblação é a concordância com os termos da proposta. É a manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato, ou ainda, consiste na formulação da vontade concordante do oblato, feita dentro do prazo e envolvendo adesão integral à proposta recebida. 
Para produzir o efeito de aperfeiçoar o contrato a aceitação deve conter os seguintes requisitos (art. 431 CC): deve ser feita dentro do prazo estipulado, bem como corresponder a uma adesão integral aos termos da proposta, sem que haja adições, restrições, ou modificações, do contrário, importarão em nova proposta. 
A aceitação pode ser expressa ou tácita. A primeira decorre de declaração do aceitante, manifestando a sua anuência; a segunda, de sua conduta, reveladora do consentimento (art. 432 CC).
 
9. O que significa dirigismo contratual? Aponte exemplos de dirigismo contratual no Direito Brasileiro. 
	Com o dirigismo contratual, o Estado Liberal de Direito dá lugar ao Estado Social de Direito, intervindo nas relações contratuais, na busca da prevalência do interesse coletivo, da proteção ao economicamente mais fraco, e da manutenção da ordem pública, para que dessa forma a justiça social sempre prevalecesse.
Com o culto ao neoliberalismo e à globalização, a sociedade se volta cada vez mais para o consumo de massa, resultando na celebração de um grande número de contratos idênticos entre um grande número de pessoas que adquirem produtos semelhantes. Mas ao consumidor, na relação contratual, só resta a adesão ao contrato. Por isso, se faz imprescindível a atuação do Estado como interventor nas relações contratuais para que se possa resguardar os direitos individuais, como a dignidade, do indivíduo.
Podemos exemplificar esta atuação estatal, como nas proteções expressas no CDC, no qual tem que o consumidor é a parte menos favorecida, então os coloca m relação de igualdade, concedendo direitos a este.

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