Prévia do material em texto
1 2 OBSERVAÇÕES INICIAIS Não foi nada fácil completar nossa jornada de preparação para prova objetiva do TJ-PA e recebermos a triste surpresa da anulação de um desafio com tantos alunos focados. Imediatamente ao conhecermos a notícia do ocorrido no prédio de aplicação da prova fomos conferir de perto e sentimos juntos a tristeza de perceber que seria inevitável o desfecho de invalidação. Nos dias seguintes, outra situação mostrou um flagrante desrespeito com o concurseiro, o gabarito, e até mesmo o caderno de questões em PDF, não foram divulgados. Nossa equipe, em total respeito aos alunos e seguidores, não hesitou hora alguma em confirmar que comentaríamos a prova por completo independentemente da divulgação posterior ou não de algo oficial, sendo toda situação traumática reduzida a um comunicado da banca sobre nova data para prova objetiva (22/12/2019) – o que foi duplamente lamentável. Não nos resta dúvida de que quem prestou a prova merece ter uma noção exata de seu desempenho e esse foi o nosso desafio. Pela primeira vez tivemos que ser o gabarito oficial do concurso e deixamos o espaço aberto em nossas redes sociais para debate de tudo que for apresentado por aqui. Possivelmente, não virá um outro gabarito para comparativo, até por isso tivemos o devido cuidado em sermos claros, sem perder a objetividade idealizada para nossas revisões de provas comentadas. O viés de identificação de temas abordados nas turmas não é completo, outros temas não destacados dessa forma, foram tratados em aulão, videoaulas e materiais da turma, no entanto, demandaria um tempo que sabemos que não pode ser exigido sua espera para toda apuração minuciosa. Ainda assim, ficamos bastante satisfeitos com o que segue apresentado neste material sobre as antecipações trabalhadas com nossos alunos. Fiquem à vontade para utilizarem nosso gabarito como parâmetro de desempenho no site “Olho na Vaga”, é muito importante que saiam dessa experiência com a noção exata de como seria o resultado na primeira batalha. Outra data já está marcada e, novamente, estaremos juntos com vocês até lá. Sem desânimo! É hora de computar os erros, analisar a estratégia e seguir firme. Aos candidatos que prestaram a primeira etapa segue um pedido especial: se possível, não deixem de retornar para a nova prova objetiva - foram apenas 3.316 inscritos no concurso e, com a remarcação, a tendência é que o número de presentes no dia 22/12 seja bem abaixo da primeira aplicação. Apenas como exemplo, a concorrência em ampla concorrência estava em 89,62 (pelas 37 vagas), o que na prática será reduzido em presença em uma prova próxima ao natal, com custo alto, e apenas uma semana após TJ-RJ. 3 Não temos como não nos solidarizarmos com todos que infelizmente não irão retornar ao Pará. Especialmente com os novos gastos direcionados para TJ-MS, que surgiu na sequência. Não há vida fácil ao concurseiro, mas continuando ou não nesta jornada, desejamos força redobrada para os próximos desafios. A situação também foi vivida no MP-GO e essa falta de respeito ao concurseiro precisa ter um fim – sem capítulos de amadorismos. O feedback pós-prova ao nosso trabalho foi extremamente gratificante, o que nos faz utilizar este espaço para agradecer todo carinho que direcionam ao Mege. Certamente esse é o gás que nos motiva a tentar fazer sempre mais por todos que buscam nosso apoio. Somos apaixonados por analisar questões e revisar temas que surgem em cada prova. Sempre estaremos aqui para esse fim. É válido reforçar que este é um material essencial para revisão de todo concurseiro de magistratura (e até de outras carreiras), a prova teve sua complexidade destacada de uma forma geral, um dos destaques foi a cobrança de jurisprudência até mesmo do TSE, o que tivemos o prazer de antecipar em nosso aulão de véspera em Belém-PA. Como boa prova Cebraspe, lógico que também não faltou STF e STJ para enfrentamento em várias passagens. Tudo merece ser apreciado com calma, e não duvidem, alguns destes assuntos retornarão no concurso, ainda que na prova oral. Não há estudo perdido; o concurseiro é, acima de tudo, um guerreiro sempre pronto para batalha e disposto a treinar sua arte. Eis uma prova que merece sua atenção. Neste momento, seguimos com inscrições abertas para retas finais TJ-PA, TJ-RJ e TJ-MS (1ª fase); TJ-AL e TJ-RO (2ª fase); TJ-AC e TJ-BA (Prova Oral), nesta semana abriremos a turma de oral para TJ-MT. Link para inscrições em nossas turmas: www.mege.com.br/cursomege. Por fim, não podemos esconder a alegria de comemorarmos nesta semana a aprovação de 43 alunos no TJ-PR, dentre os 57 novos magistrados (75.4% da lista final), sendo 17 (29.8%) das turmas específicas para o concurso, com 7 alunos entre os 10 primeiros colocados. Com este resultado, ultrapassamos a marca de 700 aprovações homologadas em magistratura estadual, resultados apurados fase a fase, concurso a concurso, desde 2015 em total transparência (caso tenham alguma dúvida sobre os resultados divulgados, nossa equipe auxiliará com o devido respeito que o concurseiro merece sobre estas informações – somos totalmente críticos a resultados sem especificações, pois sabemos que este é um dado que merece sempre ser apurado e compartilhado com seriedade). 4 Nós temos certeza que no Pará ainda comemoraremos muitas vitórias em conjunto, no último concurso do estado foram 26 vencedores saídos de turmas específicas como esta que atuamos para o certame. Vários futuros magistrados, ainda sem ter a noção exata da proximidade do sonho, estudarão essa prova e lembrarão com carinho de cada semente plantada e adversidade vencida. Contem sempre com nosso apoio. Bons estudos! 5 SUMÁRIO BLOCO I ............................................................................................................................. 6 DIREITO CIVIL .................................................................................................................... 6 DIREITO PROCESSUAL CIVIL ............................................................................................ 22 DIREITO DO CONSUMIDOR ............................................................................................. 31 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .................................................................... 42 BLOCO II .......................................................................................................................... 48 DIREITO PENAL ............................................................................................................... 48 DIREITO PROCESSUAL PENAL ......................................................................................... 65 DIREITO ELEITORAL ......................................................................................................... 98 BLOCO III ....................................................................................................................... 111 DIREITO EMPRESARIAL ................................................................................................. 111 DIREITO TRIBUTÁRIO .................................................................................................... 119 DIREITO AMBIENTAL ..................................................................................................... 126 DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................... 133 6 BLOCO I DIREITO CIVIL 1. Acerca do contrato de mandato, assinale a opção correta: (A) Menores relativamente incapazes não podem atuar como mandatários, salvo se emancipados. (B) O direito de retenção pelo mandatário compreende remuneração ajustada e reembolsode despesas. (C) O mandato, em termos, confere ao mandatário a prerrogativa de hipotecar. (D) É nulo o substabelecimento por instrumento particular de procuração outorgada por instrumento público. (E) O mandato classifica-se como negócio jurídico intuitu personae e solene. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. (A) Incorreta. Enuncia o art. 654 do CC em vigor que todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que terá validade desde que tenha a assinatura daquele que pretende outorgar poderes. (B) Correta. Como o mandatário é possuidor de boa-fé, diante do justo título que fundamenta o contrato, tem ele o direito de reter do objeto da operação que lhe foi cometida tudo quanto baste para pagamento do que lhe for devido em consequência do mandato (art. 664 do CC). De acordo com o Enunciado n. 184 do CJF/STJ, o acenado dispositivo deve ser interpretado em conjunto com o art. 681 do mesmo Código Civil, in verbis: “Art. 681. O mandatário tem sobre a coisa de que tenha a posse em virtude do mandato, direito de retenção, até se reembolsar do que no desempenho do encargo despendeu”. 7 (C) Incorreta. O CC/02 dispõe que: “Art. 661. O mandato em termos gerais só confere poderes de administração. § 1 o Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem da administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos. (...)” (D) Incorreta. CC/02: “Art. 655. Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se mediante instrumento particular”. (E) Incorreta. O mandato constitui contrato informal e não solene, pois pode ser expresso ou tácito, verbal ou por escrito (art. 656 do CC). 2. Assinale a opção correta, acerca das características das sociedades simples, de acordo com o Código Civil. (A) Os administradores respondem subsidiariamente por culpa no desempenho de suas funções perante os terceiros prejudicados. (B) É vedada a contribuição no capital social com bens incorpóreos. (C) Até três anos depois de averbada a modificação do contrato, o cedente responde solidariamente com o cessionário, perante a solidariedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio. (D) Havendo expressa previsão no contrato social, será admitida a exclusão de sócio na participação de lucros e perdas. (E) O excesso de poderes por administradores poderá ser oposto a terceiros se a limitação de poderes estiver averbada no registro próprio da sociedade. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS 8 O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. (A) Incorreta. O CC afiança que: Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções. (B) Incorreta. CC: Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: (...) III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; (...). (C) Incorreta. CC: Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a estes e à sociedade. Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio. (D) Incorreta. CC: Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas. (E) Correta. CC: Art. 1.015. No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os atos pertinentes à gestão da sociedade; não constituindo objeto social, a oneração ou a venda de bens imóveis depende do que a maioria dos sócios decidir. Parágrafo único. O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses: I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade; 9 II - provando-se que era conhecida do terceiro; III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade. 3. A respeito das características das obrigações solidárias, julgue os itens seguintes. I - A impossibilidade da prestação, de forma culposa, acarreta a extinção da solidariedade passiva, em face da conversão da prestação originária no equivalente pecuniário e perdas e danos. II - A suspensão da prescrição em favor de um dos credores solidários apenas aproveita aos outros se a obrigação for indivisível. III – Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito novado IV – O devedor que paga a um dos credores solidários se desonera da prestação, desde que exija do recebedor a caução de ratificação dos demais cocredores. Estão certos apenas os itens (A) I e III. (B) I e IV. (C) II e III. (D) I, II e IV. (E) II, III e IV. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS 10 O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. (I) Incorreto, uma vez que nos termos do CC: Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. (II) Correto, haja vista que de acordo com o CC: Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. (III) Correto, nos termos do Art. 365 do CC. Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito novado. Os outros devedores solidários ficam por esse fato exonerados. (IV) Incorreto, segundo o CC: Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. (A) Incorreta. (B) Incorreta. (C) Correta. (D) Incorreta. (E) Incorreta. 4. Francisco deixou seu veículo sob a guarda de manobrista disponibilizado e vinculado ao restaurante onde jantava. Ao sair do estabelecimento e solicitar seu veículo ao manobrista, Francisco foi informado de que o veículo havia sido furtado. Em razão disso, ele prontamente acionou a seguradora do veículo, que veio a cobrir o prejuízo. Por sua vez, a seguradora moveu ação contra o restaurante, para se ressarcir dos valores pago a Francisco. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correspondente à razão correta de alegação da seguradora para se ressarcir do prejuízo. (A) sub-rogação no pagamento 11 (B) imputação do pagamento (C) novação objetiva do crédito (D) dação em pagamento (E) novação subjetiva do crédito RESPOSTA: A COMENTÁRIOS O assunto da assertiva “C” foi abordado no material da turma de reta final e na questão 06 do 263º Simulado Mege (TJ-PA) (A) Correta. Dispõe o CC: Art. 786. Paga a indenização, o segurador sub-roga-se, nos limites do valor respectivo, nos direitos e ações que competirem ao segurado contra o autor do dano. (...).” Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: I - do credor que paga a dívida do devedor comum; II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado dedireito sobre imóvel; III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. (B) Incorreta. Vide comentário da assertiva “A”. CC: Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos. (C) Incorreta. Vide comentário da assertiva “A”. CC: Art. 360. Dá-se a novação: I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior; II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor; III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este. 12 (D) Incorreta. Vide comentário da assertiva “A”. CC: Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida. (E) Incorreta. Vide comentário da assertiva “A”. Não se pode confundir a subrogação com a novação subjetiva ativa (ou por substituição do credor). No pagamento com sub- rogação há apenas uma alteração da estrutura obrigacional, surgindo somente um novo credor. Já na novação o vínculo original se desfaz com todos os seus acessórios e garantias. 5. Determinada construtora adquiriu de Eduardo um terreno para construir um edifício residencial de apartamentos, prometendo vender a ele um apartamento do décimo andar para sua residência. Contudo, a construtora, por entender mais vantajoso, construiu no terreno um edifício para ser a sede de uma instituição financeira. Nessa situação, é correto que Eduardo pleiteie a (A) anulabilidade do negócio por lesão. (B) anulabilidade do negócio por erro decorrente de falso motivo. (C) nulidade do negócio por simulação relativa. (D) nulidade do negócio por simulação absoluta. (E) anulabilidade do negócio por dolo incidens RESPOSTA: B COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado na questão 08 do 263º Simulado Mege (TJ-PA) e na questão 01 do 274º Simulado Mege (TJ-PA II) (A) Incorreta. Dispõe o art. 157, caput, da atual codificação privada que “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta”. 13 (B) Correta. O falso motivo, por regra, não pode gerar a anulabilidade do negócio, a não ser que seja expresso como razão determinante do negócio, regra essa que consta do art. 140 do CC. Esse dispositivo trata do erro quanto ao fim colimado, que não anula o negócio. (C) Incorreta. O art. 167 do CC/2002 reconhece a nulidade absoluta do negócio jurídico simulado, mas prevê que subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. O dispositivo trata da simulação relativa, aquela em que, na aparência, há um negócio; e na essência, outro. Dessa maneira, percebe-se na simulação relativa dois negócios: um aparente (simulado) e um escondido (dissimulado). Eventualmente, esse negócio camuflado pode ser tido como válido, no caso de simulação relativa. Segundo o Enunciado n. 153 do CJF/STJ, também aprovado na III Jornada de Direito Civil, “na simulação relativa, o negócio simulado (aparente) é nulo, mas o dissimulado será válido se não ofender a lei nem causar prejuízo a terceiros”. (D) Incorreta. Na simulação absoluta, as partes, na realidade não realizam nenhum negócio jurídico. Apenas fingem, para criar uma aparência, uma ilusão externa, sem que na verdade desejem a realização do ato. Diz-se absoluta porque a declaração de vontade se destina a não produzir o resultado, ou seja, deveria ela produzir um, mas não é a intenção do agente. (E) Incorreta. O dolo acidental, que não é causa para o negócio, não pode gerar a sua anulabilidade, mas somente a satisfação das perdas e danos a favor do prejudicado. De acordo com o art. 146 do CC, haverá dolo acidental quando o negócio seria praticado pela parte, embora de outro modo. Ele não é causa do ato (dolus incidens). Assim, quando se tem o dolo acidental, o negócio seria celebrado de qualquer forma, presente ou não o artifício malicioso. 6. Acerca dos direitos de vizinhança, assinale a opção correta. (A) O proprietário pode, no lapso decadencial de até dois anos após a conclusão da obra exigir que se desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio. (B) Em zona rural não é permitida a construção de edificações a menos de três metros de distância do terreno vizinho. 14 (C) É proibida a instalação de janelas a menos de dois metros e meio do terreno vizinho. (D) O condômino de parede divisória tem direito de construir, sem o consentimento do condômino vizinho, armários embutidos equivalentes aos móveis já construídos do lado oposto, desde que não ultrapasse o meio da espessura da parede. (E) O proprietário é obrigado a tolerar a passagem de cabos e tubulações de serviço de utilidade pública através de seu imóvel, em proveito de proprietários vizinhos, sem direito a indenização. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS (A) Incorreta. Segundo o CC: “Art. 1.302. O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigir que se desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo, não poderá, por sua vez, edificar sem atender ao disposto no artigo antecedente, nem impedir, ou dificultar, o escoamento das águas da goteira, com prejuízo para o prédio vizinho. (…)” (B) Correta. CC: “Art. 1.303. Na zona rural, não será permitido levantar edificações a menos de três metros do terreno vizinho”. (C) Incorreta. CC: Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho. § 1 o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendiculares, não poderão ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros. § 2 o As disposições deste artigo não abrangem as aberturas para luz ou ventilação, não maiores de dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas a mais de dois metros de altura de cada piso. (D) Incorreta. CC: Art. 1.306. O condômino da parede-meia pode utilizá-la até ao meio da espessura, não pondo em risco a segurança ou a separação dos dois prédios, e avisando previamente o outro condômino das obras que ali tenciona fazer; não pode 15 sem consentimento do outro, fazer, na parede-meia, armários, ou obras semelhantes, correspondendo a outras, da mesma natureza, já feitas do lado oposto. (E) Incorreta. CC: Art. 1.286. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvalorização da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa. (...)” 7. A respeito da gestão de negócios, assinale a opção correta. (A) O falecimento do dono do negócio durante a gestão autoriza o gestor a abandonar o negócio imediatamente, por consistir em causa legal de extinção de pleno direito. (B) O gestor responde por caso fortuito advindo de operações arriscadas feitas por ele, ainda que o dono costume fazê-las. (C) O gestor que se fizer substituir por outrem somente responderá pelas faltas do substituto se este for declarado pessoa inidônea por decisão judicial. (D) A gestão de negócios é equiparável ao contrato de mandato: ambos possuem as mesmas características, razão pela qual a maioria da doutrina entende ser dispensável a sua regulação pela legislação civil. (E) O gestor de negócios responderá somente por danos decorrentes de sua conduta culposa, ainda que a gestão tenha sido iniciado contra a vontadepresumível do interessado. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS (A) Incorreta. A morte ou mudança de estado do dono do negócio - por vezes até desconhecida do gestor - não a extingue, estabelecendo-se aí relação jurídica do gestor com os herdeiros ou representantes. 16 O dono do negócio possui ação direta de gestão de negócios (“actio negotiorum directa”) para declarar-lhe a extensão e eventuais prejuízos. O gestor tem contra o dono a ação contrária de gestão (“actio negotiorum gestorum contraria”), na qual pode pedir o reembolso das despesas necessárias e úteis e respectivos juros. (B) Correta. CC: “Art. 868. O gestor responde pelo caso fortuito quando fizer operações arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las, ou quando preterir interesse deste em proveito de interesses seus. (...) (C) Incorreta. CC: “Art. 867. Se o gestor se fizer substituir por outrem, responderá pelas faltas do substituto, ainda que seja pessoa idônea, sem prejuízo da ação que a ele, ou ao dono do negócio, contra ela possa caber. (...)” (D) Incorreta. Gestão de negócios é a intervenção não autorizada de uma pessoa (gestor de negócio), na direção dos negócios de outro (dono do negócio), segundo o interesse, a vontade presumível e por conta desta última; é a administração oficiosa de interesses alheios, feita sem procuração. Assim, não se deve confundir o instituto do mandato com o da gestão de negócios. Dentre outras diferenças, temos que o mandatário tem direito ao reembolso de todas as despesas efetuadas e ao ressarcimento das perdas sofridas, salvo se resultarem de sua culpa ou de excesso de poderes (art. 678); o gestor, por outro lado, apenas será reembolsado de todas as despesas desde que o negócio tenha sido administrado com utilidade para o dono (art. 869). (E) Incorreta. Art. 862. Se a gestão foi iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do interessado, responderá o gestor até pelos casos fortuitos, não provando que teriam sobrevindo, ainda quando se houvesse abatido. 8. À luz da Lei nº 8.245/1991, que dispõe sobre a locação de imóveis urbanos, julgue os itens a seguir: I – O contrato de locação pode ser ajustado por qualquer prazo, mas dependerá de vênia conjugal se igual ou superior a dez anos. II – Para exercer o direito de denunciar a locação por prazo indeterminado, o locatário deverá apresentar aviso por escrito ao locador, com antecedência mínima de trinta dias. 17 III – Se o imóvel for alienado durante a locação por tempo indeterminado, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de sessenta dias para a desocupação. Assinale a opção correta. (A) Apenas o item I está certo. (B) Apenas o item III está certo. (C) Apenas os itens I e II estão certos. (D) Apenas os itens II e III estão certos. (E) Todos os itens estão certos. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS (I) Correto, Lei 8245/91: Art. 3º O contrato de locação pode ser ajustado por qualquer prazo, dependendo de vênia conjugal, se igual ou superior a dez anos. Parágrafo único. Ausente a vênia conjugal, o cônjuge não estará obrigado a observar o prazo excedente. (II) Correto, Lei 8245/91: Art. 6º O locatário poderá denunciar a locação por prazo indeterminado mediante aviso por escrito ao locador, com antecedência mínima de trinta dias. Parágrafo único. Na ausência do aviso, o locador poderá exigir quantia correspondente a um mês de aluguel e encargos, vigentes quando da resilição. (III) Incorreto, Lei 8245/91: Art. 8º Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por 18 tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel. § 1º Idêntico direito terá o promissário comprador e o promissário cessionário, em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do mesmo. § 2º A denúncia deverá ser exercitada no prazo de noventa dias contados do registro da venda ou do compromisso, presumindo - se, após esse prazo, a concordância na manutenção da locação. (A) Incorreta. (B) Incorreta. (C) Correta. Apenas os itens I e II estão corretos. (D) Incorreta. (E) Incorreta. 9. A respeito da doutrina, das regras e dos princípios do direito de família, assinale a opção correta. (A) Em razão do preceito monogâmico, função ordenadora da família, a legislação considera nulo o casamento de pessoas já casadas (bigamia), bem como nula a doção feito por adúltero a seu cúmplice. (B) Exemplo da aplicabilidade da teoria do patrimônio mínimo da pessoa humana nas relações econômicas familiares, a impenhorabilidade do bem de família compreende o imóvel sobre o qual se assenta a construção, mas não alcança as benfeitorias voluptuárias. (C) A renúncia ao direito a alimentos entre alimentante e alimentando, admitida expressamente pela legislação civil, não anula o princípio da solidariedade familiar, em razão da ponderação de interesses com o princípio constitucional da liberdade. (D) A posse de estado de filho pode ser considerada como decorrente do princípio da afetividade, que fundamenta o direito das famílias na estabilidade das relações socioafetivas e na comunhão de vida. 19 (E) A Constituição Federal de 1988, ao consagrar princípios como a dignidade humana e a igualdade substancial, superou a antiga noção denominada família eudemonista, centrada apenas na percepção da família como unidade produtiva e reprodutiva. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final e na questão 08 do 274º Simulado Mege (TJ-PA II) (A) Incorreta. O atual Código Civil continua consagrando o princípio da monogamia para o casamento. Diante do princípio da monogamia, “será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil” (art. 1.516, § 3.º). Por outro lado, enuncia o art. 550 do CC/2002 que é anulável a doação do cônjuge ao seu cúmplice, desde que proposta ação anulatória pelo outro cônjuge ou pelos seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. (B) Incorreta. A lei 8009/90 dispõe: Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei. Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados. Nesse mesmo sentido, o STJ afiança que a impenhorabilidade se estende às construções e benfeitorias integrantes da residência familiar, dado que a lei, em sua finalidade social, procura preservar o imóvel residencial como um todo. Precedentes (AgInt no REsp 1520498/SP). 20 (C) Incorreta. CC: Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora. (D) Correta. O vínculo familiar constitui mais um vínculo de afeto do que um vínculo biológico. Assim surge uma nova forma de parentesco civil, a parentalidade socioafetiva, baseada na posse de estado de filho: “A paternidade em si mesma não é um fato da natureza, mas um fato cultural. Embora a coabitação sexual, da qual pode resultar gravidez,seja fonte de responsabilidade civil, a paternidade, enquanto tal, só nasce de uma decisão espontânea. Tanto no registro histórico como no tendencial, a paternidade reside antes no serviço e no amor que na procriação. As transformações mais recentes por que passou a família, deixando de ser unidade de caráter econômico, social e religioso, para se afirmar fundamentalmente como grupo de afetividade e companheirismo, imprimiram considerável esforço ao esvaziamento biológico da paternidade. Na adoção, pelo seu caráter afetivo, tem-se a prefigura da paternidade do futuro, que radica essencialmente a ideia de liberdade”.1 (E) Incorreta. A família eudemonista ou afetiva é a doutrina que admite ser a felicidade individual ou coletiva o fundamento da conduta humana moral, o que a aproxima da afetividade. É um conceito moderno que se refere à família que busca a realização plena de seus membros, caracterizando-se pela comunhão de afeto recíproco, a consideração e o respeito mútuos entre os membros que a compõe, independente do vínculo biológico. Com efeito, não há que se falar em superação, mas justamente o contrário, sendo um modelo de família consagrada pela atual Constituição. 10. A respeito da curatela, assinale a opção correta. (A) A interdição do pródigo abrange atos de mera administração. (B) Na falta de cônjuge ou companheiro, será curador legítimo o descendente que se mostrar mais apto ou, na falta de descendentes, os ascendentes em primeiro grau. 1 VILLELA, João Baptista. Desbiologização da paternidade. Separada da Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, ano XXVII, n. 21 (nova fase), maio 1979. 21 (C) A legislação civil veda a curatela compartilhada para pessoa com deficiência. (D) Em regra, o curador que for cônjuge do curatelado deverá prestar contas do exercício da curatela, qualquer que seja o regime de bens do casamento. (E) Impõe-se a nomeação de curador ao nascituro quando o pai vem a falecer e a gestante se encontra privada do poder familiar. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final e na questão 05 do 274º Simulado Mege (TJ-PA II) (A) Incorreta. CC: Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração. (B) Incorreta. CC: Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito. §1 Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto. (...) (C) Incorreta. CC: Art. 1.775-A. Na nomeação de curador para a pessoa com deficiência, o juiz poderá estabelecer curatela compartilhada a mais de uma pessoa. (D) Incorreta. CC: Art. 1.783. Quando o curador for o cônjuge e o regime de bens do casamento for de comunhão universal, não será obrigado à prestação de contas, salvo determinação judicial. (E) Correta. CC: Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar. Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro. 22 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 11. De acordo com o Código de Processo Civil (CPC), no caso de a lei ser omissa quanto ao prazo para a realização de ato processual, o juiz deverá determina-lo considerando a (A) representatividade da prova que o ato produzirá. (B) complexidade do ato. (C) celeridade do processo. (D) utilidade do ato ao processo (E) ausência de prejuízo à parte contrária. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no Vade Mege. Art. 218, §1º, do NCPC – “Art. 218. § 1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à complexidade do ato”. 12. Em se tratando de ação ajuizada com o objetivo de obter indenização por danos materiais e morais, se um dos pedidos formulados pelo autor, tornar-se incontroverso após a apresentação da reposta do réu, o juiz deverá (A) conceder a antecipação da tutela, se verificado perigo na demora do processo. (B) conceder a tutela em caráter antecedente à sentença. (C) decidir parcialmente o mérito. (D) decidir de forma antecipada com base na tutela de evidência. 23 (E) conceder de imediato a tutela provisória de mérito. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no Vade Mege. Art. 356, I, do NCPC – “Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles: I - mostrar-se incontroverso”. 13. Conforme previsto no CPC, a confissão feita por quem não for capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados será (A) ineficaz. (B) eficaz se a parte prejudicada não impugnar. (C) revogada pelo juiz sem oitiva da parte a quem favorece. (D) anulável pela parte prejudicada. (E) nula. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS Art. 392, §1º, do NCPC – “Art. 392. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis. § 1º A confissão será ineficaz se feita por quem não for capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados”. 24 14. Como via não judicial de solução do conflito em controvérsia com particulares, é possível aplicar à administração pública, por compatibilidade com a indisponibilidade do interesse público, (A) a conciliação e a arbitragem, mas não a mediação. (B) a mediação, mas não a conciliação e a arbitragem. (C) a arbitragem, mas não a conciliação e a mediação. (D) a arbitragem e a mediação, mas não a conciliação. (E) a conciliação, a arbitragem e a mediação. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS Inicialmente, cumpre lembrar que o fato de o direito público ser indisponível não quer dizer que não se admita autocomposição, sendo certo que, para a celebração de acordo em relação direito público é necessária uma regulamentação do ente público estatal especificando em que casos a Fazenda Pública pode celebrar acordos. Por este motivo, nada impede que a Fazenda Pública possa vir a celebrar acordos e negócios jurídicos processuais (um dos requisitos é que a questão envolva direitos que admitam composição – Art. 190 do NCPC), conforme dispõe o Enunciado 135 do Fórum Permanente de Processualistas Civis, segundo o qual “a indisponibilidade do direito material não impede, por si só, a celebração de negócio jurídico processual”. No mesmo sentido, dispõe o Enunciado 256 do Fórum Permanente de Processualistas Civis, que dispõe que “A Fazenda Pública pode celebrar negócio jurídico processual”. Sendo assim, é perfeitamente possível que a Fazenda Pública se utilize da mediação e da conciliação para a solução de conflitos na via não judicial com particulares. Tanto é assim que o artigo 174, II, do NCPC dispõe que “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como: (...) II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública”. No mesmo sentido é o Enunciado 398 do Fórum Permanente de Processualistas Civis, segundo o qual “As câmaras de mediação e conciliação têm competência para realização da conciliação e da mediação, no âmbito administrativo, de conflitos judiciais e extrajudiciais”. Por fim, cumpre lembrar que, 25 atualmente, o artigo 1º, §1º da Lei de Arbitragem (Lei 9.307/96) é expresso ao afirmar que “A administraçãopública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis”. 15. Considere que o autor, durante o curso do processo, aliene o objeto litigioso, mas o adquirente não o suceda no processo. Nessa situação, o autor originário continuará no processo como (A) assistente presumido. (B) assistente simples. (C) assistente litisconsorcial. (D) substituto processual. (E) litisconsorte eventual. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS A partir do momento em que o autor aliena a coisa litigiosa, ele permanecerá no processo discutindo, em nome próprio, interesse do adquirente (o interesse tornou-se alheio com a alienação), de maneira que, a partir do referido momento, o autor alienante passa a ser legitimado extraordinário ou substituto processual. Vê-se, portanto, tratar-se de uma hipótese clara de autorização legislativa para a substituição processual, nos termos dos artigos 18 e 109 do NCPC: “Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico. Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como assistente litisconsorcial. / Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não altera a legitimidade das partes. § 1º O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem que o consinta a parte contrária. § 2º O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente litisconsorcial do alienante ou cedente. § 3º Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adquirente ou cessionário”. 26 16. Considere que, no curso de ação ajuizada como objetivo de obter indenização por danos materiais, após a audiência de instrução, mas antes da sentença, as partes tenham transacionado quanto ao valor. Nessa situação (A) os honorários deverão ser pagos pelo réu e serão fixados por apreciação equitativa. (B) os honorários serão calculados com base no salário mínimo vigente e deverão ser pagos pelo réu. (C) as despesas deverão ser pagas pelo réu e serão reduzidas pela metade. (D) as custas processuais remanescentes serão dispensadas, se houver. (E) as despesas recairão sobre o réu se não forem objeto da transação. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS “Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas serão divididas igualmente (Art. 90, §2º, do NCPC). Isto é, as despesas processuais necessárias para o ajuizamento da ação já pagas pela parte autora (caso não tenha gratuidade de justiça) deverão ser ressarcidas à parte autora pela metade, caso as partes não tenham disposto em sentido contrário. Frise-se, todavia, que, “se a transação ocorrer antes da sentença, as partes ficam dispensadas do pagamento das custas processuais remanescentes, se houver”. Com relação aos honorários advocatícios, todavia, estes deverão obedecer ao que foi estipulado no acordo. Em regra, em caso de transação (se não houver nada em sentido contrário no acordo), cada parte paga os honorários advocatícios do seu próprio advogado, mas não pode o juiz condenar algum deles a pagar honorários, pois não houve vencido (art. 85, caput, do NCPC). 17. Durante o curso de um inventário de cujus, um dos herdeiros pediu ao juiz que deferisse antecipadamente a ele o exercício do direito de usar e de fruir de determinado bem do espólio. 27 Assinale a opção correta no que concerne ao deferimento do pedido. (A) O pedido poderá ser excepcionalmente deferido mediante caução caso o herdeiro seja pessoa com mais de 65 anos de idade. (B) O pedido poderá ser deferido sob a condição de que, ao término do inventário, tal bem integre a cota desse herdeiro. (C) O pedido deverá ser indeferido porquanto a decisão representaria reserva de bem sem correspondência legal. (D) O pedido deverá ser indeferido: esse direito somente pode se dar com a partilha. (E) O pedido poderá ser excepcionalmente deferido caso herdeiro seja pessoa com mais de 65 anos de idade. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS Art. 647, Parágrafo único do NCPC – “Art. 647. Parágrafo único. O juiz poderá, em decisão fundamentada, deferir antecipadamente a qualquer dos herdeiros o exercício dos direitos de usar e de fruir de determinado bem, com a condição de que, ao término do inventário, tal bem integre a cota desse herdeiro, cabendo a este, desde o deferimento, todos os ônus e bônus decorrentes do exercício daqueles direitos”. 18. Acerca da ação de despejo, julgue os itens seguintes, com base na jurisprudência do STJ. I – Na ação de despejo por falta de pagamento, é lícito ao locatário cumular o oferecimento de contestação com pedido de purgação da mora. II – Caso seja ajuizada ação de despejo por apenas um dos coproprietários do imóvel dado em locação, o juiz deverá determinar a correção do polo ativo. III – Na ação de despejo cumulada com cobrança de aluguéis, o litisconsórcio passivo entre fiadores é facultativo. 28 IV – É lícita a penhora da remuneração do locatário para satisfação de créditos provenientes de despesa de aluguel com moradia. Estão certos apenas os itens (A) I e IV (B) II e III (C) III e IV (D) I, II e III (E) I, II e IV RESPOSTA: C COMENTÁRIOS (I) Incorreto. “A teor da jurisprudência firmada nesta Corte, na ação de despejo por falta de pagamento, não é possível cumular o oferecimento de contestação com pedido de purgação da mora. Isso porque os procedimentos são incompatíveis. Ou o locatário reconhece como devidos os débitos reclamados e efetua o pagamento, caso em que o processo será extinto e prossegue-se a locação, ou, entendendo como abusivos os valores cobrados, contesta o feito e, se fundada a sua irresignação, o pedido de despejo será julgado improcedente (RECURSO ESPECIAL Nº 1.738.800 - TO (2018/0102905-7)”. (II) Incorreto. Conforme decidido pelo STJ, quanto à legitimidade ativa, "é firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que existindo mais de um locador, haverá a presunção de solidariedade entre eles, salvo estipulação contratual em contrário, nos termos do art. 2º da Lei 8.245/91" (REsp n. 785.133/SP, Relator Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, DJ 23.4.2007). Desse modo, "proposta a ação de despejo na vigência da Lei nº 8.245/91, a aplicação do seu art. 2º é de rigor, apta a autorizar figure no pólo ativo da demanda somente um dos co-proprietários do imóvel dado em locação, notadamente se há expressa disposição contratual a esse respeito" (REsp n. 261.359/SP, Relator Ministro FERNANDO GONÇALVES, DJ 26.3.2002) (AREsp 1024338, Relator(a) Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, Data da Publicação 27/03/2017). 29 (III) Correto. “Na ação de despejo cumulada com cobrança de aluguéis, o litisconsórcio passivo entre fiadores é facultativo, competindo ao locador eleger qualquer um dos garantes para responder pela dívida (AgInt nos EDcl no REsp 1564430/DF, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 17/05/2018, DJe 25/05/2018)”. (IV) Correto. “O Novo Código de Processo Civil, em seu art. 833, deu à matéria da impenhorabilidade tratamento um tanto diferente em relação ao Código anterior, no art. 649. O que antes era tido como "absolutamente impenhorável", no novo regramento passa a ser "impenhorável", permitindo, assim, essa nova disciplina, maior espaço para o aplicador da norma promover mitigações em relação aos casos que examina, respeitada sempre a essência da norma protetiva. Descabe manter imune à penhora para satisfação de créditos provenientes de despesa de aluguel com moradia, sob o pálio da regra da impenhorabilidade da remuneração (CPC, art. 833, IV, e§ 2º), a pessoa física devedora que reside ou residiu em imóvel locado, pois a satisfação de créditos de tal natureza compõe o orçamento familiar normal de qualquer cidadão e não é justo sejam suportadas tais despesas pelo credor dos aluguéis. Note-se que a preservação da impenhorabilidade na situação acima traria grave abalo para as relações sociais, quanto às locações residenciais, pois os locadores não mais dariam crédito aos comuns locatários, pessoas que vivem de seus sempre limitados salários (AgInt no AREsp 1336881/DF, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 23/04/2019, DJe 27/05/2019)”. 19. Decisão de mérito transitada em julgado poderá ser rescindida no caso de ser proferida por juiz (A) que seja tio do réu. (B) cujo cônjuge seja devedor do autor. (C) cujo irmão seja credor do réu. (D) que tenha ajudado o réu a pagar despesas. (E) que tenha aconselho o autor sobre o objeto da causa. RESPOSTA: A 30 COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no Vade Mege. Segundo o artigo 966, II, do NCPC, “A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente”. Veja que somente o Impedimento do Juiz pode gerar o ajuizamento da ação rescisória, sendo imprescindível, portanto, a análise do artigo 144 do NCPC, que trata das hipóteses de impedimento do Juiz. Nesse caso, podemos observar que se for parte no processo parente colateral até o terceiro grau de um juiz, este deve ser declarar impedido, na forma do artigo 144, IV, do NCPC. Desta forma, quando um tio (parente colateral de terceiro grau) for parte no processo, este magistrado deverá se declarar impedido e, não o fazendo, eventual sentença transitada em julgado poderá ensejar o ajuizamento de ação rescisória, nos termos do artigo 966, II, do NCPC. Veja que as demais hipóteses são apenas casos de suspeição (art 145 do NCPC), ou nem mesmo isso. 20. Caso, pela natureza da obrigação, o pedido formulado pelo autor possa ser cumprido pelo devedor de mais de um modo, o autor poderá formular pedido alternativo. Nesse caso, o valor da causa será (A) o correspondente ao pedido de maior valor. (B) o valor do proveito econômico efetivamente perseguido. (C) o valor do pedido principal. (D) a soma dos valores de todos os pedidos. (E) o correspondente à média dos valores dos pedidos. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no Vade Mege. 31 Art. 292, VII, do NCPC – “Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor”. DIREITO DO CONSUMIDOR 21. Acerca da relação jurídica de consumo, assinale a opção correta segundo a jurisprudência do STJ. Nesse sentido, considere que a sigla CDC, sempre que utilizada, refere-se a Código de Defesa do Consumidor (A) O CDC é aplicável a contratos de plano de saúde administrados por entidades de autogestão. (B) O CDC é aplicável a contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas de previdência complementar. (C) Caracteriza relação jurídica de consumo a estabelecida entre empresa de intermediação de moeda virtual e instituição financeira. (D) Caracteriza relação jurídica de consumo a estabelecida entre condôminos e condomínio relativamente às despesas para manutenção e conservação do edifício. (E) O CDC é aplicável empreendimentos habitacionais promovidos por sociedades cooperativas. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado na aula de revisão, no material de súmulas separadas por assunto e na questão 21 do 263º Simulado (TJ-PA). (A) Incorreta. Súmula 608 do STJ. O CDC aplica-se, via de regra, aos contratos de planos de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão. (B) Incorreta. Súmula 563 do STJ. 32 O CDC é aplicável apenas às entidades abertas de previdência complementar (não se aplica às fechadas). (C) Incorreta. O que se vê da assertiva é, em verdade, uma situação de consumo intermediário, sem que se tenha informação sobre a vulnerabilidade do adquirente dos serviços (veja-se que a questão mencionou empresa de intermediação de moeda virtual). Conforme aplicação da Teoria Finalista Aprofundada ou Mitigada adotada pelo STJ, a hipótese não representa relação de consumo. Caso similar foi julgado pelo STJ: 2. O serviço bancário de conta-corrente afigura-se importante no desenvolvimento da atividade empresarial de intermediação de compra e venda de bitcoins, desempenhada pela recorrente, conforme ela própria consigna, mas sem repercussão alguma na circulação e na utilização dessas moedas virtuais, as quais não dependem de intermediários, sendo possível a operação comercial e/ou financeira direta entre o transmissor e o receptor da moeda digital. Nesse contexto, tem-se, a toda evidência, que a utilização de serviços bancários, especificamente o de abertura de conta- corrente, pela insurgente, dá-se com o claro propósito de incrementar sua atividade produtiva de intermediação, não se caracterizando, pois, como relação jurídica de consumo - mas sim de insumo -, a obstar a aplicação, na hipótese, das normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor. (REsp 1696214/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 09/10/2018, DJe 16/10/2018). (D) Incorreta. O STJ, já há um tempo, diferenciou as seguintes situações envolvendo condomínio e a aplicação ou não do CDC. A hipótese prevista na assertiva não configura relação de consumo, como entendimento já antigo. Aplica-se o CDC ao condomínio de adquirentes de edifício em construção, nas hipóteses em que atua na defesa dos interesses dos seus condôminos frente a construtora ou incorporadora (STJ. 3ª Turma. REsp 1.560.728-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/10/2016 - Info 592). Não se aplica o CDC a relações entre condôminos e condomínio quanto às despesas de manutenção deste. (STJ, REsp 650.791, DJ 20/04/2006) 33 (E) Correta. Trata-se do exato teor da Súmula 602 do STJ. 22. De acordo com o CDC, a doutrina consumerista e a jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a opção correta. (A) A inversão do ônus da prova, aferida pelo magistrado no caso concreto, se admitida, deve ser efetivada no momento da prolação da sentença. (B) Os direitos básicos do consumidor não podem ser aplicados a contratos celebrados antes da vigência do CDC, ainda que estes sejam contratos de trato sucessivo. (C) Conforme a teoria da base objetiva do negócio, a revisão contratual é possível desde que, em virtude de acontecimentos imprevisíveis, fique configurado desequilíbrio entre as partes contratantes. (D) É direito básico do consumidor previsto no CDC a proibição da venda de produtos considerados nocivos ou perigosos. (E) Em caso de extravio de bagagem em voo internacional, a reparação de danos materiais ao consumidor pela transportadora aérea de passageiros é limitada aos valores estabelecidos em normas e tratados internacionais. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final e parcialmente tratado na aula de revisão de véspera. (A) Incorreta. Há, basicamente, duas grandes posições sobre o momento para a inversão do ônus da prova. 34 - Regra de procedimento: a inversão deve ser decidida de modo que surpresas sejam evitadas ao fornecedor, com tempo hábil a preparar suas provas de defesa, obedecendo-se, assim, os princípios do contraditório e ampla defesa. - Regra de julgamento: a inversão deve ser decidida na sentença, somente após o julgador avaliar as provas e ainda estiver em dúvida(situação non liquet). Não há que se falar em surpresa ao fornecedor, porquanto tal possibilidade está expressamente prevista no art. 6º, VIII, CDC. Após uma divergência inicial, a 2ª Seção do STJ firmou o entendimento de que o momento mais adequado para se decretar a inversão do ônus da prova é o do despacho saneador, ocasião em que o juiz decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento (regra de procedimento ou de instrução). (B) Incorreta. Tratando-se de contrato de trato sucessivo ou de execução diferida, o STJ tem admitido a incidência do CDC, sob o fundamento de que, nesses tipos de ajuste, há renovação periódica da sua vigência (a cada pagamento efetuado). Neste caso, portanto, não há ofensa ao ato jurídico perfeito. Ex.: plano de assistência à saúde, contrato de mútuo habitacional. Exemplo (há vários julgados): AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CDC. APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE. OBRIGAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO. RENOVAÇÃO DO CONTRATO NA VIGÊNCIA DO CDC. INCIDÊNCIA DA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA. 1. O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) não é aplicável aos contratos celebrados antes da sua vigência. 2. Embora o CDC não retroaja para alcançar efeitos presentes e futuros de contratos celebrados anteriormente a sua vigência, a legislação consumerista regula os efeitos presentes de contratos de trato sucessivo e que, por isso, foram renovados já no período de sua vigência. (AgRg no AgRg nos EDcl no REsp 323.519/MT, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 28/08/2012, DJe 18/09/2012) (C) Incorreta. O art. 6º, V, do CDC – ao elencar os direitos básicos do consumidor – prevê a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais 35 ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas. Para a doutrina majoritária, o CDC adotou a Teoria da Base Objetiva do Negócio Jurídico (Karl Larenz), uma vez que não se exige a imprevisibilidade do fato superveniente e dispensa-se qualquer discussão a respeito da previsibilidade do fato econômico superveniente. Já o CC adotou a Teoria da Imprevisão no campo da revisão contratual por onerosidade excessiva, vez que a imprevisibilidade do fato superveniente é exigida. TEORIA DA BASE OBJETIVA DO NEGÓCIO JURÍDICO (=CDC) TEORIA DA IMPREVISÃO (=CC) Art. 6º, V, 2ª parte. Art. 478. Dispensa análise da previsibilidade do fato superveniente. Exige a imprevisibilidade do fato. Basta a onerosidade excessiva para o consumidor. Além da onerosidade excessiva para o devedor, exige a “extrema vantagem” para o credor. Consequência: a regra é a revisão do contrato. Excepcionalmente, acarretará a resolução quando não for possível salvá- lo. Consequência: a regra é a resolução do contrato. Excepcionalmente, poderá ser revisto, a depender da vontade do credor. (D) Incorreta. Dentre os direitos básicos do consumidor, não está a proibição de venda de produtos considerados nocivos ou perigosos, mas a efetiva proteção contra os riscos que possam causar (art. 6º, I, CDC). O artigo 8º estabelece que os produtos/serviços não poderão acarretar riscos à saúde e segurança do consumidor. Entretanto, são tolerados os riscos qualificados como “normais e previsíveis”, desde que acompanhados de informações claras e precisas. Trata-se da tolerância frente à periculosidade inerente ou latente: aquela que é indissociável do produto/serviço e não surpreende o consumidor. Essa tolerância, todavia, não exime o fornecedor do seu dever de informar. Ex.: STJ, REsp 1.599.405/SP – Em se tratando de produto de periculosidade inerente (medicamento), cujos riscos são normais à sua natureza e previsíveis, eventual dano por ele causado ao consumidor não enseja a responsabilização do fornecedor (Info 603 2017). 36 Podem ser citados como exemplos clássicos de produtos com riscos inerentes e previsíveis: medicamentos, produtos de limpeza, faca de cozinha etc. (E) Correta. Informativo 866 STF 2017: Extravio de bagagem. Dano material. Limitação. Antinomia. Convenção de Varsóvia. Código de Defesa do Consumidor. É aplicável o limite indenizatório estabelecido na Convenção de Varsóvia e demais acordos internacionais subscritos pelo Brasil, em relação às condenações por dano material decorrente de extravio de bagagem, em voos internacionais. Repercussão geral. Tema 210. Fixação da tese: "Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor". É preciso atentar para os balizadores dessa decisão, pois não é qualquer transporte nem qualquer dano por ela abrangido. - transporte aéreo internacional (NÃO se aplica ao transporte aéreo doméstico); - danos materiais. A posição do STJ era distinta (entendia que se deveria afastar a indenização tarifada e dar prevalência à restituição integral, ou seja, o CDC deveria prevalecer sobre as Convenções). Com o julgado do STF acima, em sede de repercussão geral, todavia, o STJ já vem se aliando à Suprema Corte (ex.: REsp 673.048/RS, Terceira Turma, j. em 08/05/2018, Info 626). O teor da assertiva enquadra-se, pois, em todos os parâmetros do julgamento pela Suprema corte (indenização tarifada para a reparação material dos danos com extravio de bagagem em voo internacional). 23. José adquiriu de estabelecimento empresarial um televisor fabricado por YW S.A., tendo pagado a quantia de R$4.000 pelo produto. Dez dias após a aquisição, o televisor apresentou falha na reprodução de imagens e José o levou à assistência técnica especializada, que lhe recomendou a troca de uma peça. Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta. 37 (A) A responsabilidade do fornecedor será excluída se ficar demostrado que ele desconhecia, quando da venda, o problema identificado pelo consumidor. (B) Não sendo o vício sanado no prazo legal, José poderá cumulativamente a substituição do produto e a restituição da quantia paga, monetariamente atualizada. (C) A responsabilidade é solidária entre fabricante e comerciante, podendo a reparação do dano ser pleiteada contra ambos ou contra somente um deles. (D) Caso o comerciante proponha e José aceite a substituição do aparelho televisor por outro de espécie, marca ou modelo diferentes e com qualidade superior, não poderá haver qualquer custo adicional para José. (E) O comerciante é isento de qualquer responsabilidade, pois não se trata de produto perecível e seu fabricante está identificado. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O assunto da questão foi tratado na aula de revisão de véspera, no material de reta final e no Vade Mege. (A) Incorreta. O desconhecimento do vício por parte do fornecedor não o exime da responsabilização, que é objetiva (conforme art. 18, caput, do CDC). (B) Incorreta. O erro da assertiva é considerar que tais situações podem ser exigidas cumulativamente pelo consumidor (substituição do produto + restituição da quantia paga), quando o CDC apenas permite que ele escolha uma das seguintes opções (alternativas portanto): Opções do consumidor havendo vício de qualidade - art. 18, § 1° - Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 (trinta) dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso (inciso I); 38 - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos (inciso II); - o abatimento proporcionaldo preço (inciso III). (C) Correta Tratando-se de vício do produto (ao contrário do fato do produto – registramos essa diferença tanto no material de reta final quanto na aula de véspera), há previsão do gênero “fornecedor” quando da fixação da responsabilidade objetiva pelo art. 18, caput, do CDC. Há uma diferença importante neste ponto em relação à responsabilidade pelo fato do produto (art. 12). - Na responsabilidade pelo vício do produto, o comerciante é solidariamente responsável. - Na responsabilidade pelo fato do produto, o comerciante só é responsável nos casos previstos no art. 13. (D) Incorreta O CDC admite expressamente a possibilidade de complementação do preço por parte do consumidor em casos como o da assertiva: Art. 18. § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo. (E) Incorreta. O comerciante – no vício do produto – é solidariamente responsável. É justamente a distinção explicitada nos comentários à alternativa C. 24. Jorge adquiriu um veículo novo em uma concessionária. Ao sair do estabelecimento dirigindo o veículo, Jorge percebeu um ruído todas as vezes que acionava o sistema de freios. Por isso, ele retornou imediatamente ao loca, relatou o ocorrido e recebeu a informação de que o ruído decorria do pouco uso do produto. Após ter saído da concessionária, Jorge sofreu grave acidente automobilístico, em decorrência de falha no sistema de freios do veículo. A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta. 39 (A) Jorge tinha o prazo legal de sete dias para desistir do contrato e, tendo deixado de exercê-lo, houve a decadência. (B) Nenhuma hipótese do CDC se aplica à situação, razão pela qual deve ser aplicado o prazo geral previsto no Código Civil. (C) O prazo decadencial para reclamar teve início com a retirada do veículo da concessionária, logo após a aquisição. (D) O prazo prescricional é contado a partir do conhecimento do acidente sofrido por Jorge. (E) O prazo decadencial teve início no momento em que ficou evidenciado o defeito. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS O assunto da questão foi tratado na aula de revisão de véspera, no material de reta final, na questão 24 do 274º Simulado Mege (TJ-PA II) e no Vade Mege. A situação hipotética apresentada no enunciado da questão é de um fato do produto – falha no sistema de freios – aliado a fato do serviço igualmente (falha de informação). Tratando-se de responsabilidade pelo fato, atrai-se o prazo prescricional. Fizemos a seguinte diferenciação com as seguintes dicas na aula de véspera (que se aplicam perfeitamente à questão): VÍCIO DO PRODUTO/SERVIÇO FATO DO PRODUTO/SERVIÇO Qualidade-adequação. Qualidade-segurança. Atinge o produto ou o serviço em si – intrínseco. Atinge em especial a incolumidade físico- psíquica do consumidor ou de terceiros (as vítimas de consumo) – extrínseco. Também denominado defeito ou acidente de consumo. Sujeita-se a prazo decadencial (art. 26) Sujeita-se a prazo prescricional (art. 27) Pistas: caduca, caducar, reclamar. Pistas: prescreve, pretensão, reparação. O art. 27 do CDC prevê tanto o prazo prescricional como o seu termo inicial: 40 Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. Correta, pois, somente a alternativa D. 25. Maria e João, titulares de conta-corrente conjunta, foram informados da existência de uma dívida contraída por Maria para a aquisição de determinado produto e notificados de que o não pagamento no prazo estipulado implicaria a inclusão de seus nomes em cadastro restritivo de crédito. Em difícil situação financeira, nem João nem Maria efetuaram o pagamento no prazo estipulado, por isso seus nomes foram incluídos em cadastro de consumidores inadimplentes. Posteriormente, houve o pagamento integral da dívida. Tendo como referência essa situação hipotética, assinale a opção correta, com base na jurisprudência do STJ acerca de bancos de dados e cadastros de consumidores. (A) A inscrição dos nomes dos devedores pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito pelo prazo máximo estabelecido no CDC, salvo se antes houver a prescrição da execução. (B) A inclusão do nome de João no cadastro de inadimplentes foi correta, pois a posse de conta-corrente conjunta com Maria o torna solidário nas obrigações para com terceiros. (C) A partir do pagamento integral do débito, cabe ao fornecedor do produto adquirido por Maria excluir do cadastro de inadimplentes o nome dela e o de João. (D) Em observância ao princípio da informação, é indispensável o prévio aviso de recebimento na carta de comunicação sobre inscrição dos consumidores em banco de dados. (E) A comunicação aos devedores da inclusão de seus nomes no banco de dados é de responsabilidade do fornecedor do produto adquirido por Maria. RESPOSTA: C 41 COMENTÁRIOS O assunto da questão foi tratado na aula de revisão de véspera, no material da turma de reta final, no material de súmulas separadas por assunto e na questão 25 do 263º Simulado Mege (TJ-PA). (A) Incorreta. Súmula 323 do STJ. Súmula 323 do STJ. A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco (5) anos, independentemente da prescrição da execução. (B) Incorreta. A existência de conta-corrente conjunta não implica em solidariedade pelas dívidas contraídas por apenas um dos correntistas. Esse é o posicionamento do STJ: Civil. Recurso Especial. Ação de compensação por danos morais. Conta corrente conjunta. Emissão de cheque sem provisão de fundos por um dos correntistas. Impossibilidade de inscrição do nome do co-titular da conta, que não emitiu o cheque, em cadastro de proteção ao crédito. Ocorrência de dano moral. - Celebrado contrato de abertura de conta corrente conjunta, no qual uma das co- titulares da conta emitiu cheque sem provisão de fundos, é indevida a inscrição do nome daquele que não emitiu o cheque, em cadastro de proteção ao crédito. (REsp 981.081/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/03/2010, DJe 09/04/2010). (C) Correta. Responsável pela comunicação da inscrição → órgão mantenedor do cadastro de proteção ao crédito (Súmula 359 STJ) Responsável pela retirada do nome após quitação → credor/fornecedor (Súmula 548 STJ) – prazo de 05 dias úteis, a partir do integral e efetivo pagamento. (D) Incorreta. Súmula 404 do STJ. Responsável pela comunicação da inscrição → órgão mantenedor do cadastro de proteção ao crédito (Súmula 359 STJ) 42 A existência de Aviso de Recebimento na notificação ao devedor sobre sua inscrição negativa é dispensável, na esteira da Súmula 404 do STJ. (E) Incorreta. Súmula 359 do STJ. Responsável pela comunicação da inscrição → órgão mantenedor do cadastro de proteção ao crédito. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 26. Aos dezesseis anos de idade, João praticou ato infracional análogo ao crime de roubo e, em razão disso, foi-lhe aplicada a medida socioeducativa de internação. Após alguns meses de internação, houve a progressão de João para o regime de semiliberdade, mas ele, fora da unidade de internação, deixou de cumprir as obrigações desse regime e não foi mais localizado, embora tenha sido procurado pelo juízo competente em todos os endereços existentesnos autos. Um ano depois, quando João estava com dezessete anos de idade, o Ministério Público requereu nos autos que fossem decretadas a busca e apreensão do adolescente e a regressão dele para regime mais rigoroso. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta, de acordo com a jurisprudência do STJ. (A) O pedido de busca e apreensão de João não ofende o princípio da presunção de inocência; se deferido esse pedido e apreendido o menor, deverá ser feita a sua oitiva antes da decretação de regressão do regime de cumprimento da medida socioeducativa. (B) O pedido de busca e apreensão de João formulado pelo Ministério Público deve ser indeferido, porque ofende o princípio da presunção de inocência. (C) Sendo deferido o pedido do Ministério Público e efetuada a apreensão de João, a prévia oitiva do menor para decretação da regressão a regime mais rigoroso somente será necessária se o juiz tiver dúvida quanto à voluntariedade de João o descumprimento das obrigações do regime de semiliberdade. (D) Sendo deferido o pedido do Ministério Público e efetuada a apreensão de João, deverá ser determinada sua imediata regressão a regime mais rigoroso, dispensa-se sua oitiva. 43 (E) A menoridade de João impede a decretação de sua busca e apreensão, devendo-se aguardar o seu comparecimento espontâneo perante o juízo para justificar o descumprimento das obrigações do regime de semiliberdade. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final, no material de súmulas separadas por assunto e na aula de véspera. Súmula 265 do STJ - É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da medida sócio-educativa. Art. 43, § 4º da Lei 12.594/2012 - A substituição por medida mais gravosa somente ocorrerá em situações excepcionais, após o devido processo legal, inclusive na hipótese do inciso III do art. 122 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e deve ser: I - fundamentada em parecer técnico; II - precedida de prévia audiência, e nos termos do § 1º do art. 42 desta Lei. 27. Quando nasceu, Maria foi registrada como filha de Joana e Paulo. Ao completar quinze anos de idade, Maria, devidamente representada, ajuizou ação de reconhecimento de paternidade cumulada com alimentos em face de André. Na marcha processual, ficou demonstrado, inclusive por exame de DNA, que Maria era filha biológica de André. Ouvida em juízo, Maria deixou claro que pretendia manter Paulo também como seu pai em seu registro de nascimento. Terminada a instrução processual, os autos foram conclusos para a sentença. Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta, conforme a jurisprudência do STF. (A) É possível o reconhecimento da paternidade concomitante de André e Paulo, respectivamente com base na origem biológica e socioafetiva, com todas as consequências patrimoniais e extrapatrimoniais. (B) É possível o reconhecimento da paternidade concomitante de André e Paulo, mas somente os efeitos patrimoniais da paternidade de André atingirão Maria. 44 (C) É possível o reconhecimento da paternidade concomitante de Paulo e André, mas Maria não terá direito aos efeitos patrimoniais decorrentes do reconhecimento da paternidade de André, porque não pretende desfazer os laços socioafetivos com Paulo. (D) Não poderá haver o reconhecimento da paternidade de André, porque a paternidade socioafetiva de Paulo foi declarada em registro público e Maria não pretende excluí-la de seu registro. (E) Não poderá haver o reconhecimento da paternidade de André, porque o vínculo de filiação entre Paulo e Maria está consolidado pelo decurso do tempo. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. (...) 16. Recurso Extraordinário a que se nega provimento, fixando-se a seguinte tese jurídica para aplicação a casos semelhantes: “A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica, com todas as suas consequências patrimoniais e extrapatrimoniais”. (RE 898.060/SP). 28. Os prazos dos procedimentos estabelecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente devem ser contados em dias (A) Corridos, excluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento, e em dobro para a fazenda pública. (B) Úteis, por expressa disposição do Código de Processo Civil, e em dobro para o Ministério Público. (C) Corridos, excluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro para a fazenda pública e para o Ministério Público. (D) Úteis, por expressa disposição do Código de Processo Civil, vedado o prazo em dobro para a fazenda pública e para o Ministério Público. (E) Corridos, excluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento, e em dobro para a fazenda pública e para o Ministério Público. 45 RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final e na aula de véspera. Art. 152, § 2º do ECA - Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro para a Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017). 29. Rafael, com dezesseis anos de idade, subtraiu a aliança de casamento de sua mãe para trocá-la por drogas. Em razão disso, o Ministério Público ofereceu representação contra o adolescente pela prática de ato infracional equiparado ao direito de furto. Durante a instrução processual, ficou demonstrado que o ato infracional análogo ao delito de furto fora realmente praticado por Rafael em prejuízo de sua mãe. A defesa requereu o reconhecimento de escusa absolutória em favor de Rafael, diante da prova de que ele havia praticado ato infracional análogo ao delito de furto em prejuízo de sua mãe. Os autos foram conclusos para a sentença. Nessa situação hipotética, de acordo com a jurisprudência do STJ, a escusa absolutória em favor de Rafael (A) Não poderá ser aplicada, porque crianças e adolescentes não se sujeitam às normas do Código Penal. (B) Não poderá ser aplicada, porque as medidas socioeducativas possuem caráter não só punitivo, mas também educativo. (C) Poderá ser aplicada, porque não há razoabilidade em negras a imunidade absoluta ao adolescente, uma vez que tal escusa está prevista no Código Penal. (D) Poderá ser aplicada, porque está prevista expressamente no Estatuto da Criança e do Adolescente como fundamento para a sentença absolutória. (E) Não poderá ser aplicada, porque o adolescente praticou o ato infracional em desfavor de sua própria mãe. RESPOSTA: C 46 COMENTÁRIOS HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO. NÃO CABIMENTO. ECA. ATO INFRACIONAL EQUIPARADO À APROPRIAÇÃO INDÉBITA. INÉPCIA DA REPRESENTAÇÃO. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DA DATA DOS FATOS. NÃO OCORRÊNCIA. IRREGULARIDADE. ESCUSA ABSOLUTÓRIA (ART. 181, II, DO CP). APLICABILIDADE. ILEGALIDADE MANIFESTA. 1. Não é cabível a utilização do habeas corpus como substitutivo do recurso adequado. Precedentes. 2. A omissão da indicação da data dos fatos na representação constitui mera irregularidade, que não enseja a declaração de inépcia quando a narrativa permite o exercício da ampla defesa e do contraditório. Na espécie, pelo que se pode depreender das peças que foram acostadas aos autos, consta na certidão de antecedentes infracionais do paciente a data da infração, a saber, 18/4/2011. 3. O art. 181, II, do Código Penal prevê escusa absolutória, em razão da qual é isento de pena aquele que comete crime contra o patrimônio, entre outras hipóteses, em prejuízo de ascendente,salvo as exceções delineadas no art. 183 do mesmo diploma legal. 4. Por razões de política criminal, com base na existência de laços familiares ou afetivos entre os envolvidos, o legislador optou por afastar a punibilidade de determinadas pessoas. Nesse contexto, se cumpre aos ascendentes o dever de lidar com descendentes maiores que lhes causem danos ao patrimônio, sem que haja interesse estatal na aplicação de pena, também não se observa, com maior razão, interesse na aplicação de medida socioeducativa ao adolescente pela prática do mesmo fato. 5. Estando o paciente isento da aplicação de medida socioeducativa, o processo deixa de ter finalidade, razão pela qual seu prosseguimento configura constrangimento ilegal, que merece ser sanado por meio do trancamento do feito. 6. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício, para determinar o trancamento do feito. (HC 251.681/PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 03/10/2013, DJe 24/10/2013). 30. Aroldo, de vinte e um anos de idade e gerente de bar, no desempenho de sua atividade de trabalho, vendeu a Lucas, de dezesseis anos de idade, bebidas alcoólicas para consumo próprio, mesmo sabendo da menoridade de Lucas. Conforme a legislação em vigor, a conduta de Aroldo é considerada (A) Contravenção penal, estando ele sujeito também a multa administrativa por ter cometido infração administrativa. (B) Contravenção penal, não estando ele sujeito a multa administrativa, porque não cometeu infração administrativa. 47 (C) Crime, estando ele sujeito também a multa administrativa por ter cometido infração administrativa. (D) Penalmente atípica, inexistindo também previsão de multa administrativa para essa conduta. (E) Crime, mas inexiste previsão de multa administrativa para essa conduta, porque não foi cometida infração administrativa. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS Art. 243 do ECA - Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica: Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave. Art. 81 do ECA - É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: (...) II - bebidas alcoólicas; (...) Art. 258-C do ECA - Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do art. 81: Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais); Medida Administrativa - interdição do estabelecimento comercial até o recolhimento da multa aplicada. 48 BLOCO II DIREITO PENAL 31. Com relação às velocidades do direito penal, assinale a opção em que a terminologia apresentada se relaciona com a flexibilização de direitos e garantias individuais contrabalanceada com penas mais brandas, como as restritivas de direitos. (A) Direito penal do inimigo. (B) Primeira velocidade do direito penal. (C) Segunda velocidade do direito penal. (D) Terceira velocidade do direito penal. (E) Quarta velocidade do direito penal. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS (A) Incorreta. Direito Penal do Inimigo - Está situado na terceira velocidade do Direito Penal. O Modelo concebido por Günther Jakob, sustentando que determinados indivíduos, como terroristas e membros do crime organizado, que se afastam de modo permanente do Direito e não oferecem garantias cognitivas de que vão continuar fiéis à norma, perdem o estado de cidadania e, por conseguinte, não podem usufruir dos mesmos benefícios processuais concedidos às demais pessoas. (B) Incorreta. Direito Penal de Primeira Velocidade - Modelo de Direito Penal clássico, que utiliza preferencialmente a pena privativa de liberdade, mas se funda em direitos e garantias individuais. (C) Correta. Direito Penal de Segunda Velocidade - Admite a flexibilização de determinadas garantias penais e processuais, porém aliadas à adoção das medidas alternativas à prisão (penas restritivas de direito, pecuniárias etc.). 49 (D) Incorreta. Direito Penal de Terceira Velocidade - Consiste numa mistura das características acima, utilizando-se da pena privativa de liberdade (Direito Penal de primeira velocidade), mas permitindo a flexibilização de direitos e garantias (Direito Penal de segunda velocidade). Compatível com o denominado Direito Penal do Inimigo. (E) Incorreta. Direito Penal de Quarta Velocidade - De acordo com esse modelo, há restrição e supressão de garantias penais e processuais penais de réus que foram chefes de Estado e, nesta condição, foram responsáveis pela violação grave a tratados internacionais de direitos humanos. Os graves crimes cometidos contra a humanidade por líderes de governo estão enquadrados na quarta velocidade do Direito Penal. O neopunitivismo possui relação com o Direito Penal Internacional. 32. André, de vinte e dois anos de idade, com o propósito de ferir Bernardo, seu desafeto, agrediu-o com socos no abdome, lesionando-o significativamente. Durante a agressão, André decidiu matar Bernardos; com o emprego de uma barra de ferro, ele golpeou a cabeça de Bernardo, que, em virtude dos ferimentos provocados por esse instrumento, veio a falecer ainda no local do fato. Nessa situação hipotética, André deverá ser punido. (A) Pelo delito de lesão corporal seguida de morte. (B) Pelo delito de homicídio apenas, sendo o caso de crime progressivo. (C) Pelos delitos de lesão corporal e homicídio em continuidade delitiva. (D) Pelo delito de homicídio apenas, consistindo em progressão criminosa a evolução de lesão corporal para homicídio. (E) Pelos delitos de lesão corporal e homicídio em concurso formal. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. 50 (A) Incorreta. Crime preterdoloso, ou preterintencional, é o que se verifica quando a conduta dolosa acarreta a produção de um resultado mais grave do que o desejado pelo agente. (B) Incorreta. Crime progressivo (de passagem) – Ocorre quando o agente, para chegar a um crime mais grave, precisa passar por um crime menos grave. Ex.: para atingir a consumação do homicídio, precisa passar pela lesão corporal. No crime progressivo, desde o início a vontade era a de praticar o crime mais grave - no caso, matar. (C) Incorreta. Crime continuado, ou continuidade delitiva, é a modalidade de concurso de crimes que se verifica quando o agente, por meio de duas ou mais condutas, comete dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, local, modo de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro. (art. 71 do Código Penal) (D) Correta. Ocorre quando o agente, logo após praticar um crime menos grave, delibera e alterando seu dolo inicial, vem a praticar um crime mais grave. Há uma evolução criminosa na vontade do agente. Ex.: sujeito decide agredir a vítima e faz isso. Em seguida, fica ainda com mais raiva dela e decide matá-la, vindo a eliminar sua vida. (E) Incorreta. Concurso formal, ou ideal, é aquele em que o agente, mediante uma única conduta, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não (art. 70 do Código Penal) 33. De acordo com o finalismo defendido por Hans Welzel, o dolo é (A) Natural; a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa são os elementos da culpabilidade. (B) Normativo; a imputabilidade e o dolo normativo são os únicos elementos da culpabilidade. (C) Normativo; a imputabilidade e a exigibilidade de conduta diversa são os únicos elementos da culpabilidade. (D) Natural; a imputabilidade e a exigibilidade de conduta diversa são os únicoselementos da culpabilidade. (E) Normativo; a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa são os elementos da culpabilidade. 51 RESPOSTA: A COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. Segundo Masson, no finalismo penal de Hans Welzel, o dolo foi transferido da culpabilidade para a conduta. Passou, portanto, a integrar o fato típico. A culpabilidade continuou a ser composta de três elementos, no entanto, distintos: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. O dolo, portanto, abandonou a culpabilidade para residir no fato típico. A consciência da ilicitude, que era atual, passou a ser potencial e deixou de habitar o interior do dolo, para ter existência autônoma como elemento da culpabilidade. O dolo, livre da consciência da ilicitude, é chamado de dolo natural. No causalismo, o dolo (e a culpa) estava alojado no interior da culpabilidade, a qual era composta por três elementos: imputabilidade, dolo (ou culpa) e exigibilidade de conduta diversa. O dolo ainda abrigava em seu bojo a consciência da ilicitude do fato. O dolo, revestido da consciência da ilicitude do fato, é chamado de dolo normativo. (A) Correta. (B) Incorreta. (C) Incorreta. (D) Incorreta. (E) Incorreta. 34. Caio e Daniel, imputáveis, ajustaram a prática de um furto a uma agência bancária. No dia do fato, Caio adentrou na agência e subtraiu valores. Em seguida, entrou no carro em que Daniel o aguardava, e ambos fugiram do local imediatamente. Encontrados, Caio e Daniel foram processados e condenados pela prática do delito de furto. Na sentença condenatória, o juiz considerou ambos perigosos, mas afirmou que apenas Caio havia praticado a conduta descrita no núcleo do tipo e que, portanto, apenas ele era o autor do delito. Daniel, embora condenado pelo mesmo crime e à mesma pena imposta a Caio, foi considerado apenas partícipe, porque não tinha praticado a conduta descrita no núcleo do tipo. 52 Acerca dessa situação hipotética, é correto afirmar que o magistrado, quanto ao concurso de pessoas, adotou a teoria. (A) Dualista e o conceito extensivo de autor para considerar Daniel partícipe do delito de furto. (B) Pluralista e o conceito restritivo de autor para considerar Daniel partícipe do delito de furto. (C) Monista e o conceito restritivo de autor para considerar Daniel partícipe do delito de furto. (D) Pluralista e o conceito extensivo de autor para considerar Daniel partícipe do delito de furto. (E) Monista e o conceito extensivo de autor para considerar Daniel partícipe do delito de furto. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. Para explicar o concurso de crimes, temos: a) Teoria Monista, o crime, mesmo praticado por vários agentes, é único e indivisível, respondendo por ele todos os sujeitos que concorreram para a sua prática. É a teoria adotada pelo Código Penal, como regra, e consagrada no art. 29 do Código penal. b) Teoria Pluralista, atribui-se a cada agente uma conduta própria, cominando- se um delito autônomo para cada um. Adotada excepcionalmente pelo Código Penal (ex: art. 124 e 126 do Código Penal). c) Teoria Dualista separa os coautores (que respondem por um crime) dos partícipes (que respondem por outro crime). Para explicar o conceito de autor, temos: a) Teoria subjetiva ou unitária – não faz distinção entre autor e partícipe. Todo aquele que concorre para o crime, de qualquer forma, é autor, pouco importando se realiza ou não o verbo núcleo do tipo. 53 b) Teoria extensiva – também não faz distinção entre autor e partícipe. Porém, reconhece a existência de graus de responsabilidade, que permitiriam a diminuição da pena. c) Teoria objetiva ou dualista (conceito restrito de autor) - Distingue autor de partícipe. Essa teoria se subdivide em: c.1) Teoria objetivo-formal - Autor é quem pratica o núcleo do tipo (o verbo), ou seja, quem pratica a conduta descrita no tipo; partícipe é aquele que concorre para a pratica da infração penal sem praticar as ações do verbo nuclear, prestando auxílio material ou moral. O partícipe é punido em razão da norma de extensão temporal do art. 29 do CP. c.2) Teoria objetivo-material – Autor é aquele que colabora objetivamente de forma mais relevante para o resultado, e não necessariamente quem pratica o núcleo do tipo. Partícipe é aquele que colabora de forma menos relevante para o resultado, mesmo que pratique o núcleo do tipo. c.3) Teoria do domínio do fato ou objetivo-normativa ou objetivo-subjetiva (criada em 1939, por Hans Welzel) – Autor não é somente aquele que realiza a figura típica, mas também aquele indivíduo que detém o controle finalístico sobre o domínio do fato, ou seja, aquele que tem a capacidade de fazer continuar e de impedir a conduta penalmente ilícita, independentemente da realização do verbo núcleo do tipo. Partícipe é aquele que contribui dolosamente, de qualquer modo, para o resultado do crime, desde que não que realize o verbo núcleo do tipo, e nem detenha o domínio sobre o fato. Em suma, o partícipe só possui o domínio da vontade de sua própria conduta. É mero colaborador no crime alheio. (A) Incorreta. (B) Incorreta. (C) Correta. Caio e Daniel foram processados e condenados pela prática de um mesmo crime. Assim, vislumbramos a adoção da Teoria Monista. O juiz fez distinção entre autor e partícipe, logo, aplicou-se a Teoria Objetiva, com um conceito restrito de autor. (D) Incorreta. (E) Incorreta. 35. Eduardo, de vinte e um anos de idade, adentrou em uma padaria e, apontando uma arma de fogo para o gerente do estabelecimento, retirou todo o dinheiro do caixa e o colocou em sua mochila. Ao sair da padaria levando o dinheiro, Eduardo foi abordado 54 por policiais militares que passavam pelo local. Na delegacia, foi lavrado o auto de prisão em flagrante delito, e o dinheiro foi devolvido à vítima. De acordo com a jurisprudência do STJ, é correto afirmar que Eduardo praticou o crime de roubo. (A) Tentado, uma vez que não conseguiu a posse mansa e pacífica do dinheiro subtraído. (B) Consumado, uma vez que o STJ adota a teoria da apprehensio no que se refere ao momento consumativo do roubo. (C) Consumado, uma vez que STJ adota a teoria da ilatio no que se refere ao momento consumativo do roubo. (D) Tentado, uma vez que o STJ adota a teoria da ablatio no que se refere ao momento consumativo do roubo. (E) Tentado, uma vez que o STJ adota a teoria da contrectacio no que se refere ao momento consumativo do roubo. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final e no material de súmulas separadas por assunto. Algumas teorias buscam explicar o momento da consumação do crime de roubo, vejam: a) Concrectacio: consumação ocorre pelo simples contato do agente com a coisa, dispensando-se o seu deslocamento. b) Apprehensio ou amotio: consumação ocorre quando a coisa passa ao poder do agente, mesmo que por breve espaço de tempo e sem retirá-la da esfera de proteção da vítima, independente do seu deslocamento ou da posse mansa e tranquila. É a teoria que tem sido adotada pelo STF e pelo STJ. c) Ablatio: consumação ocorre quando a coisa, além de ser deslocada de um local para outro, é retirada da esfera de proteção da vítima. 55 d) Ilatio: consumação ocorre quando a coisa, além de ser deslocada de um local para outro e retirada da esfera de proteção da vítima, é transportada para um local seguro. (A) Incorreta. (B) Correta. Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ougrave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. (C) Incorreta. (D) Incorreta. (E) Incorreta. 36. Fernando, imputável, cumpria pena de sete anos de reclusão em regime semiaberto. Em 15/02/2019, foi autorizado a realizar trabalho externo. Em 16/02/2019, ele saiu do estabelecimento penitenciário para o trabalho externo, mas não mais retornou. Por essa razão, foi expedido mandado de prisão contra ele. Abordado por policiais em um bar, Fernando identificou-se como Domingos. Ele foi encaminhado à delegacia e lá novamente se identificou como Domingos. A verdadeira identidade de Fernando foi descoberta somente dois dias depois. Ouvido como investigado, Fernando disse que tinha adotado o nome Domingos porque sabia que contra ele havia mandado de prisão expedido. De acordo com a jurisprudência do STJ, quando se identificou como Domingos, Fernando (A) Praticou o crime de fraude processual, embora tenha alegado situação de autodefesa. (B) Praticou o crime de falsidade ideológica, embora tenha alegado situação de autodefesa. (C) Não praticou qualquer crime, uma vez que estava em situação de autodefesa. (D) Praticou o crime de falsa identidade, embora tenha alegado situação de autodefesa. 56 (E) Praticou o crime de falso testemunho, embora tenha alegado situação de autodefesa. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final e no material de súmulas separadas por assunto. (A) Incorreta. (B) Incorreta. (C) Incorreta. (D) Correta. Súmula 522-STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa. Segundo o Código Penal, em seu art. 307: Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. (E) Incorreta. 37. Gustavo, de vinte e cinco anos de idade, foi preso em flagrante pelo crime de roubo, tendo sido encontrada em suas vestes grande quantidade de drogas, além do objeto produto do roubo. Denunciado pelo Ministério Público, no interrogatório em juízo, Gustavo admitiu ser o proprietário da droga, mas alegou não ser traficante e que a droga era para o seu consumo pessoal. Quanto ao crime de roubo, admitiu a subtração do bem, mas disse não ter empregado violência ou grave ameaça contra a vítima. Na sentença, o juiz condenou Gustavo pela prática de roubo e de tráfico de drogas: o magistrado utilizou, entre outras provas, a versão de Gustavo, no sentido de que ele transportava a droga descrita na denúncia e de que havia subtraído o bem tratado nos autos. 57 Tendo como referência essa situação hipotética, é correto afirmar que, de acordo com a jurisprudência do STJ, a incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico de drogas. (A) Não é admitida, assim como não é admitida no crime de roubo, uma vez que, além da versão de Gustavo, foram utilizadas outras provas para a condenação penal. (B) Dispensa que Gustavo reconheça a traficância, bastando que ele confesse a posse da droga. Por outro lado, a incidência da confissão espontânea no crime de roubo exige o reconhecimento de violência ou grave ameaça, não bastando que ele confesse a subtração. (C) Exige que Gustavo reconheça a traficância, não bastando que ele confesse a posse da droga. Por outro lado, a incidência da confissão espontânea no crime de roubo dispensa o reconhecimento de violência ou grave ameaça, bastando que ele confesse a subtração. (D) Dispensa que Gustavo reconheça a traficância, bastando que ele confesse a posse da droga. Da mesma forma, a incidência da confissão espontânea no crime de roubo dispensa o reconhecimento de violência ou grave ameaça, bastando que ele confesse a subtração. (E) Exige que Gustavo reconheça a traficância, não bastando que ele confesse a posse da droga. Da mesma forma, a incidência da confissão espontânea no crime de roubo exige o reconhecimento de violência ou grave ameaça, não bastando que ele confesse a subtração. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final e no material de súmulas separadas por assunto. Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal. 58 Súmula 630-STJ: A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio. (A) Incorreta. O entendimento da súmula 630 do STJ não é aplicável para situações envolvendo roubo e furto. (B) Incorreta. Quanto ao tráfico, aplica-se a Súmula 630-STJ Além disso, com relação ao roubo, com o reconhecimento da confissão parcial, deverá incidir a atenuante da confissão espontânea (STJ HC 328.021-SC). (C) Correta. Quanto ao tráfico, aplica-se a Súmula 630-STJ: A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio. Quanto ao roubo, embora a simples subtração configure crime diverso - furto, também constitui uma das elementares do delito de roubo - crime complexo, consubstanciado na prática de furto, associado à prática de constrangimento, ameaça ou violência, daí a configuração de hipótese de confissão parcial. STJ. 5ª Turma. HC 299.516/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 21/06/2018. (D) Incorreta. Quanto ao tráfico, aplica-se a Súmula 630-STJ. Quanto ao roubo, ainda que o réu se defenda admitindo a subtração, mas negando o emprego de violência ou grave ameaça, haverá aplicação da atenuante. (E) Incorreta. Quanto ao tráfico, aplica-se a Súmula 630-STJ. Quanto ao roubo, a confissão da subtração basta para a aplicação da atenuante. 38. Tendo como referência o dispositivo da Lei Maria da Penha, assinale a opção correta, de acordo com a jurisprudência do STJ. (A) A transação penal se aplica aos delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha, porém a suspensão condicional do processo é vedada. (B) Tanto a transação penal quanto a suspensão condicional do processo se aplicam a delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. 59 (C) A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher no âmbito doméstico, com violência ou grave ameaça, impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. (D) A pena privativa de liberdade imposta em razão da prática de contravenção penal contra a mulher no âmbito doméstico, mesmo com violência ou grave ameaça, é passível de substituição por pena restritiva de direitos. (E) É aplicável o princípio da insignificância para contravenções penais praticadas contra a mulher no âmbito das relações domésticas. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O assunto da assertiva “B” foi abordado no material da turma de reta final, no material de súmulas separadas por assunto e na questão 49 do 274º Simulado Mege (TJ-PA II) (A) Incorreta. Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha (B) Incorreta. Súmula 536-STJ. (C) Correta. Súmula 588-STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituiçãoda pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. (D) Incorreta. Súmula 588-STJ. (E) Incorreta. Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. 39. Rafael, imputável, insatisfeito com o valor que pagava mensalmente pelo consumo de energia elétrica em sua residência, utilizou-se de material não permitido no medidor de energia para reduzir a quantidade de energia elétrica consumida registrada no aparelho, o que lhe permitiu obter vantagem ilícita. 60 Nessa situação hipotética, segundo a jurisprudência do STJ, Rafael cometeu (A) Ilícito civil apenas, não sendo sua conduta penalmente típica. (B) O delito de estelionato. (C) O delito de furto mediante fraude. (D) O delito de apropriação indébita. (E) O delito de furto privilegiado. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS Segundo o entendimento do STJ, disponível no Informativo 648: A alteração do sistema de medição, mediante fraude, para que aponte resultado menor do que o real consumo de energia elétrica configura estelionato. Não se desconhece o precedente firmado nos autos do RHC n. 62.437/SC, em 2016, em que o Ministro Nefi Cordeiro consigna que a subtração de energia por alteração de medidor sem o conhecimento da concessionária, melhor se amolda ao delito de furto mediante fraude e não ao de estelionato. Ao que se pode concluir dos estudos doutrinários, no furto, a fraude visa a diminuir a vigilância da vítima e possibilitar a subtração da res (inversão da posse). O bem é retirado sem que a vítima perceba que está sendo despojada de sua posse. Por sua vez, no estelionato, a fraude objetiva fazer com que a vítima incida em erro e voluntariamente entregue o objeto ao agente criminoso, baseada em uma falsa percepção da realidade. No caso dos autos, verfica-se que as fases "A" e "B" do medidor estavam isoladas por um material transparente, que permitia a alteração do relógio e, consequentemente, a obtenção de vantagem ilícita aos acusados pelo menor consumo/pagamento de energia elétrica - por induzimento em erro da companhia de eletricidade. Assim, não se trata da figura do "gato" de energia elétrica, em que há subtração e inversão da posse do bem. Trata-se de serviço lícito, prestado de forma regular e com contraprestação pecuniária, em que a medição da energia elétrica é alterada, como forma de burla ao sistema de controle de consumo – fraude – por induzimento em erro, da companhia de eletricidade, que mais se adequa à figura descrita no tipo elencado no art. 171, do Código Penal (estelionato). (AREsp 1.418.119- 61 DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 07/05/2019, DJe 13/05/2019) (A) Incorreta. Trata-se de conduta protegida pelo Direito Penal. (B) Correta. A alteração do sistema de medição, mediante fraude, para que aponte resultado menor do que o real consumo de energia elétrica configura estelionato. (C) Incorreta. Não se trata da figura do "gato" de energia elétrica, em que há subtração e inversão da posse do bem. (D) Incorreta. Configura estelionato, segundo o STJ. (E) Incorreta. Configura estelionato, segundo o STJ. 40. Valter, imputável, ao ter sido abordado em fiscalização de trânsito, agrediu verbalmente os policiais, chamando-os de palhaços, motivo pelo qual lhe foi dada voz de prisão. Exaltado, Valter agarrou-se a um poste de iluminação pública, negando-se a entrar na viatura policial. Os policiais conseguiram imobilizá-lo e o conduziram até a autoridade policial. Em nenhum momento Valter ameaçou os policiais ou utilizou violência física contra eles. Nessa situação hipotética, segundo o Código Penal e a jurisprudência do STJ, Valter (A) praticou os crimes de desacato, de resistência e de calúnia. (B) praticou o crime de desacato, mas não praticou o crime de resistência nem o de calúnia. (C) praticou o crime de resistência, mas não o de desacato nem o de calúnia. (D) praticou os crimes de resistência e calúnia, mas não o crime de desacato. (E) não praticou qualquer conduta tipificada penalmente. RESPOSTA: B 62 COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado na questão 37 do 263º Simulado Mege (TJ-PA) O art. 331 do Código Penal indica que é crime “desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela”. Segundo desacatar significa "menosprezar a função pública exercida por determinada pessoa. Em outras palavras, ofende-se o funcionário público com a finalidade de humilhar a dignidade e o prestígio da atividade administrativa. O STF e o STJ compartilham o seguinte entendimento: O crime de desacato é compatível com a Constituição Federal e com o Pacto de São José da Costa Rica. A figura penal do desacato não tolhe o direito à liberdade de expressão, não retirando da cidadania o direito à livre manifestação, desde que exercida nos limites de marcos civilizatórios bem definidos, punindo-se os excessos. STF. 2ª Turma. HC 141949/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/3/2018 (Info 894). Por sua vez, o art. 329 do Código Penal, define o crime de resistência da seguinte maneira: “Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio”. Por fim, o crime de calúnia é descrito pelo art. 138 do Código Penal, preceituando ser crime “Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime”. Assim, diante do caso narrado, pode-se concluir que: (A) Incorreta. (B) Correta. Restou configurado o desacato. Entretanto, não se configurou a resistência, por não ter havido prática de violência ou ameaça. Outrossim, não se configurou a calúnia, por não houve imputação falsa de fato definido como crime. (C) Incorreta. (D) Incorreta. (E) Incorreta. Houve prática do delito de desacato. 41. Pedro, imputável, praticou crime de homicídio culposo enquanto dirigia veículo automotor. Morreram Fátima, sua mãe, e Paulo, pessoa que conhecera minutos antes do delito. Pedro foi criminalmente processado, e a instrução probatória demonstrou que a morte de Fátima atingiu Pedro de forma tão grave que a sanção penal se tornou desnecessária. Também ficou demonstrada a inexistência de qualquer vínculo afetivo 63 entre Pedro e Paulo. Assim, o juiz concedeu o perdão judicial a Pedro em relação ao crime que vitimou Fátima, mas não em relação ao que vitimou Paulo, em razão da ausência de vínculo afetivo anterior entre e Pedro. Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta, de acordo com a atual jurisprudência do STJ. (A) Os delitos foram cometidos em concurso formal impróprio, logo é perfeitamente possível a concessão do perdão judicial ao homicídio de apenas uma das vítimas. (B) É incabível perdão judicial para crime de homicídio culposo praticado na direção de veículo automotor. (C) Como houve concurso formal de crimes, o perdão judicial concedido pelo homicídio que vitimou Fátima deveria ter sido estendido para o que vitimou Paulo. (D) Como houve concurso formal de crimes, o afastamento do perdão judicial para o homicídio de Paulo torna impossível o perdão judicial para o homicídio que vitimou Fátima. (E) O fato de os delitos terem sido cometidos em concurso formal não autoriza, por si só, a extensão dos efeitos do perdão judicial por um dos crimes se não comprovada, quanto ao outro, a existência de vínculo afetivo entre autor e vítima. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material de súmulas separadas por assunto e na questão 34 do 263º Simulado Mege (TJ-PA) (A) Incorreta. Vide REsp 1.444.699-RS abaixo. (B) Incorreta. Vide REsp 1.444.699-RS abaixo.(C) Incorreta. Vide REsp 1.444.699-RS abaixo. (D) Incorreta. Vide REsp 1.444.699-RS abaixo. 64 (E) Correta. Trata-se de tema publicado no Informativo 606 do STJ: Duplo homicídio culposo no trânsito. Concurso formal. Art. 302, caput, da Lei n. 9.503/1997, c/c art. 70 do CP. Morte de namorado e do amigo. Perdão judicial. Art. 121, § 5°, do CP. Concessão. Vínculo afetivo entre réu e vítimas. Necessidade de comprovação. Extensão dos efeitos pelo concurso formal. Inviabilidade. O fato de os delitos haverem sido cometidos em concurso formal não autoriza a extensão dos efeitos do perdão judicial concedido para um dos crimes, se não restou comprovado, quanto ao outro, a existência do liame subjetivo entre o infrator e a outra vítima fatal. (REsp 1.444.699-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por unanimidade, julgado em 1/6/2017, DJe 9/6/2017) 42. No início de 2018, Ricardo, com dezenove anos de idade, começou a namorar Joana, de doze anos de idade. Com o consentimento dela, mantiveram conjunção carnal no dia em que ela completou treze anos de idade. Ricardo sabia que Joana completava treze anos de idade na data em que mantiveram conjunção carnal. Ao descobrirem o relacionamento, os pais de Joana comunicaram os fatos ao Ministério Público, que ofereceu denúncia contra Ricardo. Na instrução processual, demonstrou-se que Joana já havia mantido conjunção carnal com outro homem, antes de conhecer Ricardo. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta de acordo com a jurisprudência do STJ. (A) Não houve crime contra a dignidade sexual, já que ficou demonstrado que Joana possuía experiência sexual anterior. (B) A presunção de violência sexual contra vítima menos de quatorze anos de idade e relativa, assim, como Joana consentiu com a conjunção carnal, não há que se falar em crime contra a dignidade sexual. (C) Ricardo praticou o crime de corrupção de menor contra Joana. (D) Ricardo praticou o crime de estupro de vulnerável contra Joana. (E) O relacionamento amoroso entre Ricardo e Joana afasta a incidência da tipicidade penal. RESPOSTA: D 65 COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material de súmulas separadas por assunto e na questão 36 do 263º Simulado Mege (TJ-PA) (A) Incorreta. Súmula 593-STJ. (B) Incorreta. Súmula 593-STJ. (C) Incorreta. O delito de corrupção de menor não restou configurado, na medida em que sua consumação exige o induzimento de alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem (art. 218 do CP). (D) Correta. Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável configura-se com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante o eventual consentimento da vítima para a prática do ato, experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente. (E) Incorreta. Súmula 593-STJ. DIREITO PROCESSUAL PENAL 43. José, Antônio e Pedro, civis, previamente combinados entraram em hospital do Exército, renderam os militares que faziam a segurança do local, subtraíram as armas que estes portavam, todas de propriedade do Exército, e se apropriaram de valores da agência do Banco do Brasil lá localizada. Com referência a essa situação hipotética, assinale a opção correta. (A) Por existir duas jurisdições competentes para o julgamento dos crimes praticados no caso - a comum e a militar -, estará prevento o juízo que primeiro conhecer da causa. (B) A separação do processo será obrigatória, uma vez que foram praticados crimes por civis, ora contra patrimônio de particular, ora contra patrimônio do Exército. (C) No caso, ocorreu conexão intersubjetiva por simultaneidade, cuja inobservância acarreta nulidade absoluta do julgamento. 66 (D) A competência para o julgamento dos crimes praticados no caso será estabelecida por distribuição, de modo que o juízo estará prevento para julgar todos os crimes. (E) Sendo José, Antônio e Pedro civil, a competência para o julgamento dos crimes praticados por eles é da justiça comum. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS (A) Incorreta. Neste caso não se aplica a prevenção, restrita aos casos que que existam dois juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, nos termos do art. 83 do CPP. Aqui temos uma hipótese não de reunião de processos por conexão, mas sim uma obrigatoriedade legal de separação dos processos, conforme o art. 79, I do CPP. Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo: I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar; Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c). (B) Correta. Conforme o art. 79, I do CPP. Perceba que o Banco do Brasil, sociedade de economia mista, possui natureza jurídica de pessoa jurídica de direito privado, e, nos termos da Súmula 508 do STF e Súmula 42 do STJ, compete à Justiça Estadual julgar as causas em que for parte o BB. Muito embora o BB não seja parte no processo penal, idêntico raciocínio se aplica. Súmula 42-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento. Súmula 508 do STF: Compete à Justiça Estadual, em ambas as instâncias, processar e julgar as causas em que for parte o Banco do Brasil S.A. (C) Incorreta. A assertiva está correta em dizer que ocorreu conexão intersubjetiva por simultaneidade, mas incorreta quando afirma que acarreta nulidade do julgamento, pois contrasta com o art. 82 do CPP. Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que 67 corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas. (D) Incorreta, conforme já explicado no item A e B (E) Incorreta. A competência para julgamento dos crimes praticados pelo agente conta o Hospital do Exército é da Justiça Militar, nos termos do art. 9º, III, a do CPM, e contra BB é de competência da justiça comum. Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar; 44. Carlos foi pronunciado pela prática de dois crimes de homicídio consumados e de um homicídio tentado. o julgamento perante o tribunal do juri, o conselho de sentença entendeu pela condenação relativa aos crimes de homicídio consumados pela desclassificação do homicídio tentado para lesões corporais. por ser inquívoco o cometimento do crime de homicídio tentado, o Ministério Público apelou contra a desclassificação. A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta. (A) O recurso cabível contra a desclassificação seria o recurso em sentido estrito e não a apelação interposta pelo Ministério Público. (B) A apelação do Ministério Público deve estar fundamentada no fato de a sentença ter sido contraria a lei expressa, em virtude do inequívoco erro quanto à desclassificação. (C) A prevalente competência do júri, nesse caso, não impede a separação de crimes conexos, quando anulado o julgamento deum dos crimes. (D) A reunião dos crimes em um só julgamento, nesse caso, [e obrigatória, importando nulidade o seu desmembramento. 68 (E) Submeter Carlos a novo julgamento apenas pelo crime de homicídio tentado fere o princípio da ampla defesa, em virtude da certeza da condenação pelos crimes conexos. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. (A) Incorreta, nos termos do Art. 593, §4º do CPP: Art. 593. § 4o Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra. (B) Incorreta. O fundamento adequado para a apelação nesta caso é o julgamento manifestamente contrário à prova dos autos, nos termos do art. 593, III, d, do CPP: Art. 593, III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) (C) Correta. Segue entendimento do STJ: PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. CISÃO PARCIAL. QUESTÃO APRECIADA EM JULGAMENTO DE RECURSO ESPECIAL. CONEXÃO PROBATÓRIA ENTRE OS DELITOS. POSSIBILIDADE DE ANULAÇÃO PARCIAL DO JÚRI E NOVO JULGAMENTO APENAS PELO CRIME QUE FOI ABSOLVIDO. RECURSO IMPROVIDO. 1. Tendo esta Corte Superior entendido pela possibilidade de anulação do Júri quanto a um dos crimes julgados, onde absolvido o paciente, decorrência necessária é a cisão dos crimes antes conexos, o que independe de tratar-se de tema principal do recurso. 2. A conexão é mera reunião econômica de crimes que poderiam estar tramitando separadamente, para aproveitamento da prova e simultaneus processus, o que deixa de existir quando um dos crimes tem prolatada decisão definitiva. 3. A prevalente competência do júri não impede a separação de crimes conexos quando em apelo anulado o julgamento de apenas alguns dos crimes antes reunidos. 4. Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg no HC: 464110 SP 2018/0205500-2, Relator: Ministro NEFI CORDEIRO, Data de Julgamento: 13/11/2018, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 03/12/2018) (D) Incorreta, conforme art. 82 do CPP: 69 Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas. (E) Incorreta. Assertiva sem nenhum respaldo doutrinário, legal ou jurisprudencial. A ampla defesa não está comprometida neste caso pela simples submissão do réu a um novo julgamento. 45. A respeito do recebimento denúncia, assinale a opção correta. (A) A decisão que rejeita pedido de absolvição sumária na resposta à acusação pela rejeição da denúncia deve ter fundamentação profunda e exauriente. (B) Em se tratando de crime praticado por servidor público, o juiz, antes de receber a denúncia, deverá intimar o denunciado para oferecer resposta, sob pena de nulidade. (C) O recebimento da denúncia não impere que, após o oferecimento da resposta do acusado, o juízo reconsidere a decisão prolatada e impeça o prosseguimento da ação penal. (D) Com o recebimento da denúncia, ocorre a preclusão pro judicado, no primeiro grau de jurisdição. (E) Na resposta do réu à acusação, é incabível rediscutir o recebimento da denúncia. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final e no Vade Mege. (A) Incorreta. Segue entendimento do STJ: A decisão que recebe a denúncia (CPP, art. 396) e aquela que rejeita o pedido de absolvição sumária (CPP, art. 397) não demandam motivação profunda ou exauriente, considerando a natureza interlocutória de tais manifestações judiciais, sob pena de 70 indevida antecipação do juízo de mérito, que somente poderá ser proferido após o desfecho da instrução criminal, com a devida observância das regras processuais e das garantias da ampla defesa e do contraditório. (STJ - HC: 376343 SP 2016/0282316-0, Relator: Ministro RIBEIRO DANTAS, Data de Julgamento: 09/03/2017, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 16/03/2017) (B) Incorreta. Conforme art. 514 do CPP, este procedimento se restringe aos crimes afiançáveis praticados por servidor público. Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias. Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se achar fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta preliminar. (C) Correta. Segue entendimento do STJ: “O recebimento da denúncia não impede que, após o oferecimento da resposta do acusado (arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal), o Juízo reconsidere a decisão prolatada e, se for o caso, impeça o prosseguimento da ação penal” (STJ, Quinta Turma, HC 294.518/TO, relator ministro Felix Fischer, julgado em 2/6/15). (D) Incorreta. Ver entendimento jurisprudencial da assertiva C. (E) Incorreta. Ver entendimento jurisprudencial da assertiva C. 46. No que se refere aos crimes decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra mulher, assinale a opção correta. (A) Nesses crimes, se presentes requisitos objetivos e subjetivo para a suspensão condicional do processo, o Ministério público deverá propô-la acusado. (B) Sobrevindo absolvição pela prática do crime de ameaça, mas subsistindo a contravenção penal de vias de fato, o magistrado deverá suspender o julgamento do réu, sem proferir condenação, para fins de aplicação das medidas despenalizantes dos juizados especiais criminas. (C) Em se tratando do crime de ameaça e dos crimes contra a dignidades sexual, há necessidade de representação pela parte ofendida. 71 (D) Nesses crimes, é cabível a fixação de valos mínimo indenizatório a título de dano moral, independentemente de pedido expresso da parte ofendida e de instrução probatória. (E) Em se tratando de lesões corporais, o prosseguimento do feito está condicionado à representação da ofendida. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS (A) Incorreta, conforme art. 41 da Lei Maria da Penha: Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. (B) Correta. Questão polêmica, passível de discussão. Perceba que o art. 41 da LMP se refere a CRIMES, e não a CONTRAVENÇÕES PENAIS. Assim, parte de jurisprudência se posiciona por uma interpretação literal, restringindo o alcance da norma aos crimes (ver C 137888/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 31/10/2017). Para outra corrente, deve-se adotar uma interpretação teleológica para ampliar o alcance da norma de forma a abranger também as contravenções penais (ver STF. 2ª Turma. HC 131160, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016). A banca adotou o primeiro entendimento. No entanto, em se tratando de prova objetiva, entendo que a questão deveria ser anulada (caso a prova não tivesse sido inteiramente anulada) em virtude de a assertiva se basear em um entendimento ainda controverso na jurisprudência. (C) Incorreta. A assertiva está correta quanto ao crime de ameaça (art. 147 do Código Penal), pois este não se encontra abrangido pelo art. 88 da Lei dos Juizados Especiais. No entanto, erra quanto aos crimes contra a dignidade sexual, nos termos do art. 225 do Código Penal: Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislaçãoespecial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública incondicionada. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9099.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9099.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13718.htm#art1 72 (D) Incorreta. Segue jurisprudência do STJ: Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, e independentemente de instrução probatória. CPP/Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. STJ. 3ª Seção. REsp 1643051- MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo) (Info 621). (E) Incorreta. Súmula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. (Súmula 542, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/08/2015, DJe 31/08/2015) 47. Acerca de processo e julgamento de crimes dolosos contra a vida assinale a opção correta. (A) O tribunal que reconhecer, em recurso de apelação, a existência de qualificadora de meio cruel indevidamente reconhecida pelo tribunal do júri deverá readaptar a penal imposta, sem a realização de novo julgamento. (B) Eventuais nulidades ocorridas no plenário do júri e arguidas logo em seguida ao encerramento da sessão de julgamento devem ser conhecidas em eventual recurso. (C) O magistrado, ao pronunciar o réu, deverá registrar a certeza da existência do animus necandi, para certificar a competência do julgamento em plenário. (D) Será absoluta a nulidade do julgamento pelo júri quando os quesitos da defesa não precedem aos das circunstâncias agravantes. (E) A tese desclassificatória para crime culposo, no julgamento pelo plenário, deve conter separadamente os quesitos sobre o acusado ter agido com imprudência, imperícia ou negligência. RESPOSTA: D http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp#TIT1TEMA0 http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp#TIT1TEMA0 http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp#TIT1TEMA0 73 COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final, no material de súmulas separadas por assunto e na questão 52 do 274º Simulado Mege (TJ-PA II) (A) Incorreta. O mérito da ação penal nos crimes dolosos contra a vida cabe aos jurados, não podendo o tribunal rever provas para alterar o entendimento já firmado pelo tribunal do júri. (B) Incorreta. Segue entendimento do STJ, que fala em logo após a sua ocorrência (imediatamente), e não somente após o encerramento da sessão do julgamento: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. TRIBUNAL DO JÚRI. QUESITAÇÃO. DEFICIÊNCIA. ALEGAÇÃO. IMPUGNAÇÃO NA SESSÃO DE JULGAMENTO. AUSÊNCIA. NECESSIDADE. PRECLUSÃO. 1. De acordo com o que preceitua o art. 571, VIII, do Código de Processo Penal, as nulidades do julgamento em plenário devem ser arguidas logo após a sua ocorrência, sob pena de preclusão. 2. Tendo a defesa concordado com os quesitos elaborados, na sessão do Tribunal do Júri, não há que se cogitar posterior alegação de nulidade. Precedentes. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ - AgRg no AREsp: 1012215 MG 2016/0292597-1, Relator: Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, Data de Julgamento: 02/02/2017, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 09/02/2017) Art. 571. As nulidades deverão ser argüidas: VIII - as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo depois de ocorrerem. (C) Incorreta. Na pronúncia o juiz deve se manifestar em cognição sumária, reconhecendo a existência de indícios de autoria/participação e prova da materialidade delitiva, não podendo se antecipar ao mérito da ação penal, cuja atribuição é exclusiva dos jurados, conforme inteligência do art. 413 do CPP: Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as 74 circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) (D) Correta. Inteligência da Súmula nº 162 do STF:É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os quesitos da defesa não precedem aos das circunstâncias agravantes. (E) Incorreta. Inexiste qualquer previsão legal nesse sentido, tampouco tem base doutrinária ou jurisprudencial. 48. Crédito tributário foi constituído em virtude de redução tributária criminosa praticada por sociedade comercial. A empresa ingressou no juízo cível requerendo a anulação do processo administrativo fiscal e apresentou garantia de fiança bancária do pagamento integral do débito. Com isso, foi determinada a suspensão da execução. Tendo como referência a situação hipotética apresentada, assinale a opção correta, acerca da prática de crime contra a ordem tributária. (A) A ação penal intentada foi embasada em título definitivamente constituído, assim a tramitação de ação civil não autoriza o encerramento do processo criminal. (B) A garantia do crédito tributário por carta de fiança impede a apuração criminal dos fatos, em razão de não se aplicar o princípio da independência entre as esferas cível e criminal. (C) A apresentação da garantia de fiança bancária enseja o trancamento do inquérito policial em curso para apurar o crime contra a ordem tributária. (D) A suspensão da execução no juízo cível acarreta a suspensão da ação penal intentada contra o ato criminoso praticado pela empresa. (E) O crime praticado pela empresa só se tipifica como crime tributário com o lançamento definitivo do tributo; se a ação penal tiver sido proposta antes da constituição definitiva do crédito tributário, deverá ser trancada. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11689.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11689.htm#art1 75 O assunto da questão foi abordado no material de súmulas separadas por assunto. Todas as assertivas podem ser respondidas com fundamento na Súmula Vinculante 24: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei 8.137/1990, antes do lançamento definitivo do tributo. 49. A respeito de nulidades no processo penal, assinale a opção correta. (A) Situação hipotética: Na fase inquisitorial, o réu constituiu causídico que, intimado para apresentar resposta à acusação, o fez, bem como compareceu a todos os aros do processo. Assertiva: Nessa situação, eventual falta de citação e ausência do réu não constitui nulidade. (B) Havendo recurso de decisão que rejeite a denúncia, deverá ser o denunciado intimado para apresentar contrarrazões, não acarretando nulidade a nomeação de defensor dativo. (C) É absoluta a nulidade por falta de intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha. (D) É nula a prisão em flagrante se utilizada algema quando inexistentes resistência, receio de fuga ou perigo à integridade física do agenteou alheia. (E) A demonstração de prejuízo é desnecessária quando da alegação de nulidade de ato processual. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. (A) Incorreta. Confira-se entendimento do STJ: 76 Ainda que o réu tenha constituído advogado antes do oferecimento da denúncia - na data da prisão em flagrante - e o patrono tenha atuado, por determinação do Juiz, durante toda a instrução criminal, é nula a ação penal que tenha condenado o réu sem a sua presença, o qual não foi citado nem compareceu pessoalmente a qualquer ato do processo, inexistindo prova inequívoca de que tomou conhecimento da denúncia. STJ. 6ª Turma. REsp 1.580.435-GO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/3/2016 (Info 580). (B) Incorreta. Confira-se a Súmula 707 do STJ: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contra-razões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo. (C) Incorreta. Confira-se a Súmula 155 do STF: É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha. (D) Correta. Confira-se a Súmula Vinculante 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. (E) Incorreta. A prova do prejuízo é essencial para o reconhecimento das nulidades, segundo o princípio do prejuízo, ou pás de nullité sans grief. Dispõe o art. 563 do CPP: Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa. 50. No ordenamento processual penal, a perempção (A) é aplicável em ações peais de iniciativa privada e privada subsidiária da pública. (B) ocorre caso o autor abandone uma mesma ação por três vezes e não possa ajuizá-la uma quarta vez. (C) poderá ocorrer antes ou depois de iniciada a ação penal. (D) ocorre caso não haja oferta de representação dentro de seis meses do conhecimento do autor do crime pela parte ofendida. 77 (E) ocorre caso o querelante não peça nas alegações finais a condenação do querelado. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final e no Vade Mege. (A) Incorreta. Nos termos do art. 60 do CPP, somente se aplica às ações penais privadas exclusivas ou personalíssimas, não se aplicando às ações penais privadas subsidiárias: Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor." (B) Incorreta. Inexiste referida previsão legal, tampouco tem respaldo doutrinário ou jurisprudencial. (C) Incorreta. Confira-se mais uma vez a redação do art. 60 do CPP no item A e perceba que em todas as hipóteses existe ação penal em trâmite. (D) Incorreta. Trata-se de decadência, e não perempção: Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art29 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art29 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art24 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art31 78 (E) Correta. Conforme o art. 60, III do CPP. 51. No que diz respeito à violência doméstica e familiar contra a mulher, assinale a opção correta. (A) Em caso de flagrante, mesmo que se trate de crime de menor potencial ofensivo, a autoridade policial deverá lavrar termo circunstanciado e encaminhá-lo, imediatamente, à autoridade competente, para adoção das medidas protetivas cabíveis. (B) Na prisão em flagrante pelo crime de descumprimento de decisão judicial que defere medida protetiva, a autoridade policial tem competência para arbitrar fiança sempre que verificar direito subjetivo do preso. (C) Nos crimes de violência doméstica sujeitos à representação, a retratação só será admitida em audiência designada para tal fim. (D) A pena privativa de liberdade imposta em razão de crime de violência doméstica contra a mulher poderá ser substituída por multa ou pagamento de cestas básicas à vítima. (E) No referido contexto, o juizado especial criminal é competente para processar e julgar apenas contravenções penais. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS (A) Incorreta. Referido procedimento da Lei nº 9.099/95 não se aplica à Lei nº 11.340/06: Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. (B) Incorreta. Cabe somente ao juiz arbitrar a fiança: Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) 79 Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) § 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) § 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) (C) Correta. Inteligência do art. 16 da Lei Maria da Penha: Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. (D) Incorreta. Inteligência do art. 17 da Lei Maria da Penha: Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. (E) Incorreta. Nos termos do art. 14 da Lei Maria da Penha e tese 8 do STJ: Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. 8. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher têm competência cumulativa para o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiarcontra a mulher, nos termos do art. 14, da Lei n. 11.340/2006. 52. Fernando foi condenado por tentativa de roubo em concurso de agentes (art. 157, §2º, inc. II, c/c art. 14, inc. II, ambos do Código Penal), por duas vezes, à pena de quatro anos e dez meses de reclusão, regime inicialmente fechado, além do pagamento de vinte e dois dias-multa. O condenado e seu advogado interpuseram recurso no prazo de cinco dias, a partir da intimação da decisão em cartório, e o Ministério Público assinou termo de recurso. Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta. 80 (A) Caso o advogado tenha apresentado recurso em sentido estrito, indicando que oferecerá razões em segunda instância, o juiz deverá receber o recurso como apelação e enviar o feito ao tribunal. (B) Instado a apresentar razões recursais, o Ministério Público poderá desistir do recurso caso verifique a correção da sentença. (C) A defesa poderá apresentar recurso de apelação no prazo de quinze dias, contados da intimação da sentença. (D) O recurso do Ministério Público não deverá ser conhecido, porque não deveria ter sido feito por termo, mas por petição. (E) O recurso interposto pela parte terá efeito meramente devolutivo. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. (A) Correta. Trata-se da aplicação do princípio da fungibilidade recursal: CPP, Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro. Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso interposto pela parte, mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível. Esta Corte já se posicionou no sentido de que a decisão que desclassifica a conduta, declinando da competência para o julgamento do feito, deve ser atacada por recurso em sentido estrito, sendo a utilização de recurso de apelação descabida e não passível de aplicação do princípio da fungibilidade recursal, por se tratar de erro grosseiro. II - Ressalte-se, ainda, que, na espécie, inegável o prejuízo para a defesa, porquanto propiciaria a retomada do curso do processo contra o acusado, inicialmente denunciado pela prática de tráfico de drogas, o que também afasta a incidência do postulado da fungibilidade. III - Agravo regimental a que se nega provimento. 81 (STJ - AgRg no REsp: 1776812 SP 2018/0287690-4, Relator: Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, Data de Julgamento: 21/05/2019, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 03/06/2019) (B) Incorreta. Confira-se o art. 576 do CPP: Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto. (C) Incorreta. O prazo do recurso de apelação é de 5 dias, sendo facultado à parte apresentar as razões no prazo de 8 dias. Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: (...) Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão o prazo de oito dias cada um para oferecer razões, salvo nos processos de contravenção, em que o prazo será de três dias. (D) Incorreta. Perceba nos artigos supramencionados que a apelação pode ser interposta por termo ou por petição. (E) Incorreta. Conforme art. 597 do CPP: CPP, Art. 597. A apelação de sentença condenatória terá efeito suspensivo, salvo o disposto no art. 393, a aplicação provisória de interdições de direitos e de medidas de segurança (arts. 374 e 378), e o caso de suspensão condicional de pena. SÚMULA 347 STJ - O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão. 53. Com base nas disposições processuais penais relativas a acusado portador de doença mental, assinale a opção correta. (A) Constatada a inimputabilidade por doença mental ao tempo da infração, o juiz deverá proferir a sentença condenatória, aplicar a pena e substituí-la por medida de segurança. (B) O semi-imputável condenado a pena privativa de liberdade deverá cumpri-la e, caso a presença de periculosidade se mantenha, deverá, em seguida, ser submetido a medida de segurança. (C) Constatada doença mental de acusado por crime punível com reclusão, independentemente de a doença tê-lo acometido antes ou depois da prática do crime, o juiz odernará a internação do acusado e o prosseguimento do processo, com a presença de curador. 82 (D) Caso a doença mental surja no curso da execução da pena, o sentenciado deverá ser submetido a tratamento psiquiátrico no próprio estabelecimento prisional. (E) Caso o acusado tenha sido acometido de doença mental após o cometimento da infração, o juiz deverá suspender o curso do processo até que o acusado se restabeleça. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. (A) Incorreta. A inimputabilidade é causa de isenção de pena, o que leva á absolvição imprópria, em que é aplicada medida de segurança. CPP, Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: (…) VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; CP, Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê- lo a tratamento ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (B) Incorreta. Inexiste referida previsão legal, tampouco tem respaldo doutrinário ou jurisprudencial. (C) Incorreta. O CPP traz um procedimento diferente para as duas hipóteses. Confira: Art. 151. Se os peritos concluírem que o acusado era, ao tempo da infração, irresponsável nos termos do art. 22 do Código Penal, o processo prosseguirá, com a presença do curador. Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o processo continuará suspenso até que o acusado se restabeleça, observado o § 2o do art. 149. (D) Incorreta. O executado será internado em manicômio judiciário, e não submetido a tratamento no próprio estabelecimento prisional. Art. 154. Se a insanidade mental sobrevier no curso da execução da pena, observar-se- á o disposto no art. 682. 83 Art. 682. O sentenciado a que sobrevier doença mental, verificada por perícia médica, será internado em manicômio judiciário, ou, à falta, em outro estabelecimento adequado, onde Ihe seja assegurada a custódia. § 1o Em caso de urgência, o diretor do estabelecimento penal poderá determinar a remoção do sentenciado, comunicando imediatamente a providência ao juiz, que, em face da perícia médica, ratificará ou revogará a medida. § 2o Se a internação se prolongar até o término do prazo restante da pena e não houver sido imposta medida de segurança detentiva, o indivíduo terá o destino aconselhado pela sua enfermidade, feita a devida comunicação ao juiz de incapazes. (E) Correta. Reveja os comentários do item C. 54. A respeito da execução penal, assinale a opção correta. (A) O cometimento de falta grave não interrompe o prazo para a progressão de regime. (B) A prática de falta grave não interrompe o prazo para a comutação da pena nem para a concessão do indulto, desde que sejam observados os requisitos previstos no decreto presidencial que instituiu o referido indulto. (C) A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento deverá ser considerada para a concessão de livramento condicional e de regime mais favorável de execução. (D) A superveniência de nova condenação no curso da execução penal enseja a unificação das reprimendas impostas ao reeducando, mas o quantum obtido após o somatório não ensejará a regressão do regime de cumprimento de pena. (E) A práticade falta grave interrompe o prazo para a concessão do livramento condicional. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material de súmulas separadas por assunto. (A) Incorreta. Confira-se a Súmula 534 do STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração. 84 (B) Correta. Confira-se a Súmula 535 do STJ: A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 10/06/2015, Dje 15/06/2015. (C) Incorreta. Confira-se a Súmula 715 do STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução. (D) Incorreta, de acordo com o art. 118, II da LEP: Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado: I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111). (E) Incorreta. Confira-se jurisprudência do STJ: “A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que, por ausência de expressa previsão legal, a prática de falta grave não enseja a alteração do marco para fins de livramento condicional – Súmula 441/STJ. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, em parte, para cassar o v. acórdão vergastado no ponto em que interrompeu o prazo para o benefício do livramento condicional em razão da prática de falta grave.” (HC 451.122/SP, j. 21/06/2018) 55. Considerando as disposições da Constituição Federal de 1988 (CF) e de Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LOMAN), assinale a opção que indica cargos vitalícios a partir da posse. (A) ministro do STF; juiz federal; membro do Ministério Público (B) ministro do STF, ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST); desembargador (C) juiz do trabalho; membro do Ministério Público; ministro do STJ (D) ministro do STF; ministro do STJ; juiz do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) (E) desembargador; juiz de tribunal regional do trabalho; juiz de tribunal regional eleitoral 85 RESPOSTA: B COMENTÁRIOS Nos termos do artigo 22 da LOMAN, os ministros do STF, os ministros do TST e os desembargadores adquirem vitaliciedade a partir da posse. Vejamos: Art. 22 - São vitalícios: I - a partir da posse: a) os Ministros do Supremo Tribunal Federal; b) os Ministros do Tribunal Federal de Recursos; c) os Ministros do Superior Tribunal Militar; d) os Ministros e Juízes togados do Tribunal Superior do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho; e) os Desembargadores, os Juízes dos Tribunais de Alçada e dos Tribunais de segunda instância da Justiça Militar dos Estados; (Redação dada pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) Portanto, a resposta correta é a letra "B". 56. A competência para aprovar o estado de defesa é exclusiva do (A) presidente da República. (B) Senado Federal. (C) Congresso Nacional. (D) Conselho da República. (E) Conselho da Defesa Nacional. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS 86 O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final e no Vade Mege. Cabe ao Presidente da República decretar e ao Congresso Nacional aprovar o estado de defesa, segundo o art. 49, IV da CF CF Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: (...) IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; Logo, a alternativa correta é a ‘’C’’. 57. De acordo com a Lei n.º 11.107/2005, o consórcio público (A) não integra a administração pública direta nem a indireta, independentemente da sua personalidade jurídica. (B) integra a administração indireta do ente da Federação de maior hierarquia com competência territorial sobre a sua sede, salvo se houver previsão contrária no contrato de consórcio. (C) integra a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados, desde que tenha personalidade jurídica de direito público. (D) integra a administração direta de todos os entes da Federação consorciados, independentemente da sua personalidade jurídica. (E) integra a administração pública do ente da Federação indicado como coordenador no contrato de consórcio. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no Vade Mege. 87 (A) Incorreta. Nos termos do art. 6º, § 1º da Lei nº 11.107/2007, quando os consórcios forem criados sob a formatação de pessoa jurídica de direito público, necessariamente integrarão a administração indireta de todos os entes. Vide: Art. 6º O consórcio público adquirirá personalidade jurídica: I – de direito público, no caso de constituir associação pública, mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de intenções; II – de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislação civil. § 1º O consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados. (B) Incorreta. Inexiste no modelo de federação adotado pela CF/88 qualquer tipo de hierarquia entre os entes federados, de modo que a assertiva já se inicia de forma equivocada. Ademais, o consórcio integrará a administração indireta de todos os entes, nos termos do dispositivo supracitado. Registre-se ainda que parcela da doutrina entende que os consórcios sempre integram a administração indireta dos entes, independente da natureza de direito público ou privado, pois seria inconcebível a criação de uma pessoa jurídica pela administração, para execução de atividades de interesse público e que não integrasse a administração pública. (C) Correta. É o teor do art. 6º, § 1º da Lei nº 11.107/2007, já comentado. Apesar da ressalva doutrinária de que sempre os consórcios públicos integrarão a administração indireta independentemente de sua personalidade jurídica, o comando da questão pede expressamente a resolução nos termos da Lei nº 11.107/2007, de modo que a ressalva ‘’ desde que tenha personalidade jurídica de direito pública ‘’ é correta, sendo esta a assertiva a ser assinalada. (D) Incorreta. Conforme comentado no item anterior, a literalidade da norma aponta para a conclusão de que o consórcio apenas integra a administração indireta de todos os entes quando a personalidade jurídica for de direito público. (E) Incorreta. Não existe tal restrição. O consórcio integrará a administração indireta de todos os entes consorciados quando de direito público (Lei) ou independentemente de sua natureza (doutrina). 58. A Constituição do Estado do Pará prevê que compete ao Tribunal de Justiça do Estado do Pará processar e julgar os secretários de estado que comentam crimes 88 comuns. De acordo com a posição majoritária do STF, se secretário de estado cometer homicídio doloso, (A) o foro por prerrogativa de função afasta a competência do tribunal do júri, independentemente do foro por prerrogativa de função estar estabelecido na Constituição Federal ou na estadual. (B) o foro por prerrogativa de função afasta a competência do tribunal do júri, independentemente de o crime ter sido praticado antes ou depois da investidura no cargo. (C) a competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função, uma vez que a hipótese se refere a foro privilegiadoestabelecido exclusivamente pela Constituição estadual. (D) o foro por prerrogativa de função afastará a competência do tribunal do júri, desde que o crime esteja diretamente relacionado ao exercício do cargo. (E) a competência constitucional do tribunal do júri prevalecerá sobre o foro por prerrogativa de função, desde que o crime tenha sido cometido antes da investidura no cargo. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material de súmulas separadas por assunto. (A) Incorreta. O STF há bastante tempo estabeleceu jurisprudência indicando que o foro por prerrogativa de função estabelecido apenas em Constituição Estadual não prevalece diante da concorrência de foro estabelecido na Constituição Federal. Logo, embora em tese o foro em razão da pessoa seja especial e prevaleça quando confrontado com o foro firmado em razão da matéria, há uma questão de hierarquia no plano normativo (Constituição Federal prevalece como norma) que soluciona a questão. Neste sentido, há inclusive Súmula Vinculante: Súmula Vinculante 45 89 A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual. Habeas corpus. 2. Procurador do Estado da Paraíba condenado por crime doloso contra a vida. 3. A Constituição do Estado da Paraíba prevê, no art. 136, XII, foro especial por prerrogativa de função, dos procuradores do Estado, no Tribunal de Justiça, onde devem ser processados e julgados nos crimes comuns e de responsabilidade. 4. O art. 136, XII, da Constituição da Paraíba não pode prevalecer, em confronto com o art. 5º, XXXVIII, d, da CF/1988, porque somente regra expressa da Lei Magna da República, prevendo foro especial por prerrogativa de função, para autoridade estadual, nos crimes comuns e de responsabilidade, pode afastar a incidência do art. 5º, XXXVIII, d, da CF/1988, quanto à competência do Júri. 5. Em se tratando, portanto, de crimes dolosos contra a vida, os procuradores do Estado da Paraíba hão de ser processados e julgados pelo Júri. [HC 78.168, rel. min. Néri da Silveira, P, j. 18-11-1998, DJ de 29-8-2003.] (B) Incorreta. O STF recentemente promoveu uma ampla releitura do instituto do foro por prerrogativa de função, e estabeleceu vários critérios para sua aplicação. Uma das teses que prevaleceu foi em relação ao marco temporal para definição da competência através deste critério – O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900). Logo, o fato de o crime ter sido praticado antes ou depois da investidura no cargo é relevante para a definição do foro, e a assertiva está incorreta. (C) Correta. Reflete o enunciando vinculante indicado nos comentários anteriores: ‘’ A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.’’ (D) Incorreta. Embora a relação com o cargo seja relevante para a definição do foro atualmente, é certo que neste caso não será necessário perquirir tal nexo, uma vez que o foro por prerrogativa disposto exclusivamente na Constituição Estadual sucumbe de plano diante do Foro do Tribunal do Júri, Constitucionalmente estabelecido. (E) Incorreta. Não existe tal condicionante, pois o foro do Júri prevalecerá independente de ter sido praticado o crime antes ou depois da investidura. 90 59. Segundo posição majoritária e atual do STF, no caso de coexistência de duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma ajuizada no tribunal de justiça local e a outra, no STF, o julgamento da ação na justiça estadual prejudicará o julgamento da ação em curso no STF se (A) a repercussão geral da ação for negada pelo STF sob o argumento de a inconstitucionalidade alegada dever-se à incompatibilidade com preceito da Constituição do estado que meramente repita preceito da CF. (B) a inconstitucionalidade alegada basear-se na incompatibilidade com preceito da Constituição do estado sem correspondência na CF e o tribunal de justiça estadual tiver se negado a conhecer da ação. (C) a decisão do tribunal de justiça for pela procedência da ação e a inconstitucionalidade for por incompatibilidade com preceito da Constituição do estado sem correspondência na CF. (D) a decisão do tribunal de justiça for pela improcedência da ação e a alegação de inconstitucionalidade for por incompatibilidade com preceito da Constituição do estado que meramente repita preceito da CF. (E) a ação não tiver sido conhecida pelo STF sob o argumento de a inconstitucionalidade alegada dever-se à incompatibilidade com preceito da Constituição do estado sem correspondência na CF. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS Havendo fiscalização simultânea, Em regra, o processo de fiscalização estadual fica suspenso, aguardando decisão do STF. Caso o Tribunal se antecipe ao julgamento do STF, podem emergir duas hipóteses: i. TJ Declara Previamente a Lei Estadual Constitucional - Naturalmente, nessa hipótese, não haverá simultaneidade de ações. Assim, em sendo no futuro ajuizada a ADI perante o STF, tendo por objeto a mesma lei estadual, o STF poderá reconhecê-la como inconstitucional diante da CF. 91 ii. TJ Declara Previamente a Lei Estadual Inconstitucional - Nessa situação não haveria mais sentido falar em controle perante o STF, já que a lei estadual foi retirada do ordenamento jurídico. Caso a inconstitucionalidade seja declarada em relação á preceito contido exclusivamente na Constituição Estadual, essa decisão será definitiva, não havendo possibilidade de o STF se manifestar a respeito, prejudicando o conhecimento da questão pelo STF. Logo, (A) Incorreta. A repercussão Geral é analisada apenas no âmbito do controle difuso, nos recursos que chegam ao STF. O ajuizamento de uma ADI não depende da demonstração deste requisito. (B) Incorreta. Neste caso não fica prejudicada a possibilidade de o STF conhecer de ADI sobre a norma, a partir de uma eventual violação à CF, pois esta permanece no ordenamento nesta situação. (C) Correta. É o caso em que o julgamento perante o TJ Prejudica o conhecimento da Ação Direta no STF. Excepcionalmente, é possível que o julgamento da Ação no Tribunal de Justiça prejudique o conhecimento da ação no STF. Vejamos o julgado: ADI e representação de inconstitucionalidade Coexistindo duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma ajuizada perante o tribunal de justiça local e outra perante o Supremo Tribunal Federal (STF), o julgamento da primeira – estadual – somente prejudica o da segunda – do STF – se preenchidas duas condições cumulativas: 1) se a decisão do tribunal de justiça for pela procedência da ação e 2) se a inconstitucionalidade for por incompatibilidade com preceito da Constituição do Estado sem correspondência na Constituição Federal. Caso o parâmetro do controle de constitucionalidade tenha correspondência na Constituição Federal, subsiste a jurisdição do STF para o controle abstrato de constitucionalidade. ADI 3659/AM – INF.927 Ou seja: Caso o parâmetro de controle seja norma constitucional de reprodução obrigatória, esteja ou não esta norma presente na Constituição Estadual ( para o STF estas estão sempre presentes, ainda que de forma implícita), o processo de fiscalização abstrata perante o TJ DEVE ser suspenso até manifestação do STF, pois este deve ter a última palavra na interpretação da CF. Caso o STF julgue procedente a ação, a lei será extirpada do ordenamento e o processo de fiscalização estadual extinto por perda do objeto. Caso o STF julgue IMPROCEDENTE a ADI, o processo voltaa correr no TJ, que pode declarar a inconstitucionalidade da norma DESDE QUE por fundamento não rechaçado pelo STF (a violação à outro dispositivo da CE, por exemplo). O mesmo 92 raciocínio se aplica no caso de normas que não seja de reprodução obrigatória, mas que estejam presentes de forma expressa na CE. (D) Incorreta. Neste caso, a ação estadual foi improcedente – a norma permanece no ordenamento jurídico, e há repetição da norma na CF – O STF, como guardião e detentor da ‘’última palavra’’ (pelo menos no âmbito judicial) pode se manifestar pela inconstitucionalidade. (E) Incorreta. Neste caso não houve prejudicialidade. 60. Considera-se Constituição cesarista aquela que é (A) elaborada por assembleia constituinte, mas que depende da ratificação pelo chefe de Estado para ser promulgada. (B) promulgada por assembleia constituinte composta por representantes do povo a partir de texto elaborado por comissão de notáveis (C) elaborada sem a participação popular, mas que, posteriormente, é submetida a consulta popular para ser ratificada. (D) elaborada e outorgada sem a participação popular e que depende da ratificação do chefe de Estado para ser promulgada. (E) iniciada a partir de consulta popular, mas cujo texto final é elaborado e aprovado por comissão de notáveis indicados exclusivamente para esse fim. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS (A) Incorreta. Neste caso, ela permanece sendo considerada promulgada, eis que seu conteúdo é elaborado por uma Assembleia constituinte. (B) Incorreta. Trata-se do caso mais emblemático de Constituição promulgada. 93 (C) Correta. Cesarista, segundo José Afonso da Silva, “... não é propriamente outorgada, mas tampouco é democrática, ainda que criada com participação popular”. E continua o mestre definindo-a como aquela “... formada por plebiscito popular sobre um projeto elaborado por um Imperador (plebiscitos napoleônicos)39 ou um Ditador (plebiscito de Pinochet, no Chile). A participação popular, nesses casos, não é democrática, pois visa apenas ratificar a vontade do detentor do poder (D) Incorreta. Neste caso, em verdade a Constituição é outorgada. (E) Incorreta. Trata-se de Constituição Promulgada. 61. No que se refere aos direitos políticos, é correto afirmar que o direito de sufrágio (A) corresponde a um dos aspectos da alistabilidade, estando exclusivamente relacionado à capacidade eleitoral ativa. (B) compreende dois aspectos: a elegibilidade, que é o direito de ser votado; e a alistabilidade, que é o direito de votar. (C) compreende dois aspectos: a alistabilidade, que é o direito de ser votado; e a elegibilidade, que é o direito de votar. (D) corresponde a uma capacidade eleitoral ativa, distinguindo-se nesse ponto da elegibilidade, que é uma capacidade eleitoral passiva. (E) corresponde a uma capacidade eleitoral passiva, distinguindo-se nesse ponto da alistabilidade, que é uma capacidade eleitoral ativa. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS (A) Incorreta. A assertiva restringiu demasiadamente e de forma equivocada o conceito de Sufrágio, que segundo José Afonso da Silva, é um direito público subjetivo, ou seja, um direito próprio da condição de cidadão, que inclui tanto o poder de escolha dos representantes quanto a possibilidade de concorrer aos cargos públicos eletivos, ou seja, refere-se tanto a capacidade eleitoral ativa quanto passiva. 94 (B) Correta. De fato, o Direito de Sufrágio compreende duas dimensões: Quanto a alistabilidade, que se relaciona à capacidade eleitoral ativa e consiste na participação do indivíduo na democracia representativa, por meio do direito de votar em eleições, plebiscitos e referendos (...). O alistamento é uma das condições de elegibilidade (...). A elegibilidade, por sua vez se relaciona à capacidade eleitoral passiva, e consiste no direito de pleitear, mediante eleição, certos mandatos políticos. Todo cidadão tem o direito de ser votado, desde que preencha os requisitos constitucionalmente previstos. Logo, a assertiva contempla as duas dimensões do direito de sufrágio – o direito de votar, que se constitui em instrumento do sufrágio e está relacionado à capacidade eleitoral ativa, e o direito de ser votado – pleitear um mandato eletivo, para o qual é necessário estar elegível. (C) Incorreta. A assertiva inverte os conceitos expostos. (D) Incorreta. A assertiva novamente peca ao restringir indevidamente o conceito de Sufrágio, o limitando à capacidade eleitoral ativa, o que não é correto. (E) Incorreta. Novamente, o equívoco consiste em ignorar a dupla dimensão do Sufrágio. 62. De acordo com a jurisprudência atual e majoritária do STF, os municípios podem legislar em matéria de direito ambiental e controle de poluição quando (A) houver peculiar interesse dos municípios na questão, aspecto que não equivale ao conceito de interesse local. (B) a norma local contiver a devida motivação e se tratar de interesse local, caso em que se entende como preponderante o interesse da esfera local. (C) a norma contiver a devida motivação e não for mais restritiva que a legislação da União e dos estados-membros. (D) não houver norma geral, desde que comprovado o interesse local, entendido este como exclusivo do município sobre o objeto da norma. (E) a norma local não for mais restritiva que a da União e se tratar de questão de interesse exclusivo do município. 95 RESPOSTA: B COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. (A) Incorreta. O conceito de interesse local, segundo a doutrina muito se aproxima e equivale ao conceito de peculiar interesse, presente na Constituição anterior. (B) Correta. O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição, quando se tratar de interesse local. STF. Plenário. RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 29/6/2017 (Info 870). Ou seja, os Municípios podem tratar sobre os assuntos do art. 24, no que couber, ou seja, naquilo que for de interesse local. Em virtude do exposto, conclui-se que os Municípios possuem competência para legislar sobre o meio ambiente, limitada esta, no entanto, ao tratamento normativo de assuntos de interesse estritamente local. A legislação municipal pode eventualmente ser mais restritiva, desde que o interesse local justifique e haja harmonia com a legislação Federal. O que não é permitido é uma total discrepância - exemplo: legislação federal tolera amplamente e a local veda completamente. (C) Incorreta. Conforme exposto, é necessário que haja harmonia entre a legislação local e as que se sobrepõe, mas isso não implica em subserviência da lei local, pois não há hierarquia. A lei local pode eventualmente ser mais restritiva. (D) Incorreta. O Município pode legislar ainda que já existe lei federal, desde que para atender suas peculiaridades. Ademais, interesse local não se confunde com exclusividade de interesse. Podem conviver os interesses de ambas as esferas, porém existirem situações pontuais, nas quais o interesse do município prepondera (mas não é exclusivo) e que justifica essa atuação legislativa. (E) Incorreta. Conforme já exposto, ambas as condicionantes apontadas na assertiva estão equivocadas. 63. Assinale a opção correta referente à Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. 96 (A) O Brasil é signatário dessa convenção, porém o governo brasileiro ainda não a ratificou. (B) A recusa de adaptação razoável de produtos e serviços é considerada discriminação por motivo de deficiência, quando necessários para o exercício de liberdades fundamentais em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. (C) Desenhouniversal refere-se à concepção de produtos e serviços passíveis de adaptação para uso por pessoas com deficiência. (D) O governo brasileiro ratificou a referida convenção, todavia não aderiu ao seu protocolo facultativo (E) A promulgação do decreto que internalizou essa convenção permitiu a assunção, pelo Poder Executivo, de encargos financeiros adicionais relacionados ao objeto da convenção, sem necessidade de nova aprovação do Congresso Nacional. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS (A) Incorreta. O Brasil é signatário da convenção, bem como a ratificou. O Congresso Nacional aprovou, por meio do Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008, conforme o procedimento do § 3º do art. 5º da Constituição, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007; O Governo brasileiro depositou o instrumento de ratificação dos referidos atos junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas em 1o de agosto de 2008; (B) Correta. Nos termos do Artigo 2, que trata de definições aplicáveis, “Discriminação por motivo de deficiência” significa qualquer diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, com o propósito ou efeito de impedir ou impossibilitar o reconhecimento, o desfrute ou o exercício, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais nos âmbitos político, econômico, social, cultural, civil ou qualquer outro. Abrange todas as formas de discriminação, inclusive a recusa de adaptação razoável; (C) Incorreta. “Desenho universal” significa a concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados, na maior medida possível, por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou projeto específico. 97 (D) Incorreta. O Governo brasileiro ratificou também o protocolo facultativo. (E) Incorreta. A Promulgação do decreto que internalizou a convenção não dispensa a aprovação pelo congresso nacional de eventuais créditos necessários para assunção de encargos financeiros decorrentes. Não existe tal exceção no ciclo orçamentário. 64. A respeito das limitações constitucionais ao poder de tributar, assinale a opção correta, de acordo com as disposições da CF. (A) É vedada a instituição de tributo que não seja uniforme em todo o território nacional, além de proibida a concessão de incentivos fiscais diversos em distintas regiões do país. (B) Os entes federativos não podem cobrar tributos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros. (C) A União não pode cobrar empréstimo compulsório decorrente de calamidade pública no mesmo exercício fiscal em que tenha sido publicada a lei que o tiver instituído. (D) As entidades beneficentes de assistência social gozam de imunidade tributária em relação a todos os tipos de impostos. (E) O responsável pelo pagamento de imposto cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente tem assegurada a restituição da quantia paga se o fato gerador presumido não ocorrer. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado na questão 79 do 263º Simulado Mege (TJ-PA). (A) Incorreta. De fato há uma obrigação de tratamento isonômico constitucionalmente estabelecida, que veda a instituição de tributo pela União que não seja uniforme no território nacional. Contudo, o tratamento desigual para reduzir desigualdades regionais é plenamente justificável e encontra amparo na Constituição: 98 Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; (B) Incorreta. A imunidade recíproca se refere aos Impostos, e não aos tributos em geral. É Admissível a cobrança de outras espécies tributárias entre os entes: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI - instituir impostos sobre: (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; (C) Incorreta. Segundo o art. 150, § 1º da CF, o empréstimo compulsório decorrente da ocorrência de uma calamidade pública se constitui em uma das exceções ao princípio da anterioridade de exercício. (D) Incorreta. A imunidade neste caso é condicionada, e em relação aos impostos alcança apenas aqueles cujos fatos geradores estejam diretamente relacionados com as atividades essenciais destas entidades. (E) Correta. Trata-se da hipótese de substituição tributária progressiva, que encontra previsão constitucional no art. 150, § 7º da CF, dispositivo que assegura a restituição da quantia paga caso o fato gerador presumido não realize; ‘’ 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. Cabe destacar ainda que atualmente o STF vai além e assegura a restituição inclusive quando o fato gerador se realiza, porém em quantitativo inferior ao presumido. DIREITO ELEITORAL 65. Com relação ao domicílio eleitoral, assinale a opção correta. 99 (A) O eleitor que se mudar de domicílio deverá requerer sua transferência de domicílio eleitoral ao juiz da residência onde morava anteriormente. (B) O eleitor transferido não poderá votar no novo domicílio eleitoral em eleição suplementar à que tiver sido realizada antes de sua transferência. (C) Para concorrer em eleição, o candidato deve possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo mínimo de um ano antes do pleito, contado a partir da data do seu cadastro ou de sua transferência. (D) O domicílio eleitoral, para efeito de inscrição do eleitor, será o lugar de sua residência ou moradia; no caso de haver mais de um, será o da residência mais recente. (E) A fixação do domicílio eleitoral não pode ser motivada pela constituição de vínculo políticos, sociais, afetivos, patrimoniais ou de negócios do eleitor em determinado local. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS A questão teve o tema tratado no aulão de véspera em Belém-PA pelo professor Arnaldo Bruno Oliveira. Com destaque para as letras C, D e E comentadas especificamente nos primeiros minutos do evento presencial. Importante destacar que as eleições suplementares ocorrem quando a votação para presidente, governador ou prefeito atingir nulidade em mais da metade dos votos válidos¹ dados a candidatos com registro indeferido, após decisão indeferitória do pedido de registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Essa previsão tem respaldo no art. 224 do Código Eleitoral e no inciso III do art. 164 da Res. TSE nº 23.372/2011. As instruções para a realização dessas eleições são estabelecidas por meio de Resolução específica, aprovada por cada Regional. CÓDIGO ELEITORAL - Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município 100 nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias. (A) Incorreta. CE Art. 55. Em caso de mudança de domicílio, cabe ao eleitor requerer ao juiz do novo domicílio sua transferência, juntando o título anterior. (B) Correta. CE Art. 60. O eleitor transferido não poderá votar no novo domicílio eleitoral em eleiçãosuplementar à que tiver sido realizada antes de sua transferência. (C) Incorreta. Lei 9504/97 Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de seis meses e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo. (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017) (D) Incorreta. CE Art. 42. O alistamento se faz mediante a qualificação e inscrição do eleitor. Parágrafo único. Para o efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas. (E) Incorreta. O domicílio eleitoral não é o mesmo do domicílio civil, podendo ser aquele que o sujeito demonstre possuir vínculo de natureza política, econômica, social e familiar (TSE - Ac. de 5.2.2013 no AgR-AI nº 7286, rel. Min. Nancy Andrighi) 66. Em determinado processo eleitoral, o presidente da mesa receptora, sob a justificativa de falha do sistema biométrico, encerrou a respectiva seção eleitoral durante o horário de almoço e promoveu a votação em nome de eleitores faltantes. Tendo como referência a situação hipotética apresentada, assinale a opção correta, com base no entendimento recente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acerca de fraude em processo eleitoral e do ajuizamento de AIME para apurá-la. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13488.htm#art1 http://inter03.tse.jus.br/InteiroTeor/pesquisa/actionGetBinary.do?tribunal=TSE&processoNumero=7286&processoClasse=AI&decisaoData=20130205 http://inter03.tse.jus.br/InteiroTeor/pesquisa/actionGetBinary.do?tribunal=TSE&processoNumero=7286&processoClasse=AI&decisaoData=20130205 101 (A) A judicialização do incidente por meio de AIME implicaria a extinção do processo sem julgamento do mérito, reconhecendo-se a preclusão da apuração da suposta fraude. (B) A apuração do caso por meio de AIME não seria possível, visto que o conceito de fraude, para fins de cabimento de AIME, é restritivo. (C) Caberia o ajuizamento de AIME, haja vista a não submissão do instrumento processual aos prazos preclusivos previstos na legislação eleitoral. (D) A não admissão de AIME não representaria ofensa ao direito de ação, pois a legislação eleitoral prevê outros instrumentos aptos a impugnar fraude no momento da sua ocorrência. (E) A jurisprudência do TSE não prevê a requalificação jurídica do enquadramento do fato objeto da apuração como fraude, o que, impede, portanto, o ajuizamento de AIME para apurá-lo. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final, na questão 69 do 263º Simulado Mege (TJ-PA) e no Vade Mege. CF/88 Art. 14. § 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. Cabe Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME), que não se sujeita aos prazos preclusivos estabelecidos no Código Eleitoral, em razão de sua natureza constitucional. A questão teve como base a jurisprudência do TSE: Informativo nº 8 de 2019 (Junho de 2019). Fraude em seção eleitoral e cabimento de AIME 102 Para apurar eventual fraude ocorrida em seção eleitoral no dia do pleito, cabe Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME), que não se sujeita aos prazos preclusivos estabelecidos no Código Eleitoral, em razão de sua natureza constitucional. NA OPORTUNIDADE, O PLENÁRIO REAFIRMOU QUE O CONCEITO DE FRAUDE, PARA FINS DE CABIMENTO DE AIME, É ABERTO E ENGLOBA TODAS AS AÇÕES FRAUDULENTAS QUE CONDUZAM À ANORMALIDADE NAS ELEIÇÕES E À ILEGITIMIDADE DO MANDATO ELETIVO (LETRA B). O Ministro Og Fernandes, relator, afirmou que A REQUALIFICAÇÃO JURÍDICA DOS FATOS NARRADOS NO ACÓRDÃO, AUTORIZADA PELA JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE, PERMITE ENQUADRÁ-LOS COMO SUPOSTA FRAUDE (LETRA E). na votação a comprometer a legitimidade do pleito. Em razão disso, entendeu pelo cabimento da AIME. Ao proferir seu voto-vista, o Ministro Sérgio Banhos acompanhou o relator e afirmou que a AIME possui natureza de norma constitucional de direito fundamental, que tem como escopo eliminar, tanto quanto possível, vícios que deformem e desnaturem o mandato popular. Ressaltou o conceito aberto de fraude, para fins do cabimento da referida ação, que pode englobar todas as situações em que a normalidade das eleições e a legitimidade do mandato eletivo são afetadas por atos fraudulentos, inclusive nos casos de fraude à lei. FRISOU AINDA QUE A INADMISSÃO DA AIME, NA ESPÉCIE, ACARRETARIA OFENSA AO DIREITO DE AÇÃO E À INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO (LETRA D), pois não cabe exigir da parte que apresente todos os contornos da fraude já na oportunidade de que tratam os arts. 121, 149 e 171 do Código Eleitoral, dispositivos que, ao fim, se referem tão somente à impugnação a respeito da nulidade do voto e dos subsequentes recursos dela decorrentes. O art. 259 do Código Eleitoral dispõe que “são preclusivos os prazos para interposição de recurso, salvo quando neste se discutir matéria constitucional”. 103 Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral nº 1-56.2017.6.05.0061, Cocos/BA, rel. Min. Og Fernandes, julgado em 25.6.2019. 67. Acerca dos prazos de filiação partidária para candidaturas a cargos eletivos, assinale a opção correta. (A) A legislação eleitoral autoriza os partidos políticos a proceder, em ano eleitoral, a alteração estatutária que estabeleça aumento do prazo mínimo de filiação. (B) Além da lista de filiados apresentada aos juízes eleitorais, são admitidos outros meios de prova para comprovação do tempo de filiação, inclusive conversas em aplicativo de mensagens instantâneas. (C) Os partidos políticos são impedidos de diminuir estatutariamente os prazos mínimos de filiação no ano da eleição, mesmo observado o prazo mínimo legal. (D) Os partidos políticos são impedidos de diminuir estatutariamente os prazos mínimos de filiação no ano da eleição, mesmo observado o prazo mínimo legal. (E) A legislação eleitoral autoriza os partidos políticos a estabelecer em seu estatuto quaisquer prazos mínimos de filiação partidária com vistas a candidaturas a cargos eletivos. RESPOSTA: B O julgado foi que serviu de inspiração para letra a ser marcada foi citado expressamente pelo professor Arnaldo Bruno Oliveira no aulão de véspera em Belém-PA, sendo também destacado no slide da aula final. COMENTÁRIOS A questão teve como base a jurisprudência do TSE: Informativo nº 2 de 2019. 104 LEI DAS ELEIÇÕES, Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de seis meses e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo. (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017) Prova de filiação partidária e aplicativo de mensagem É admitida a prova de filiação partidária por meio de conversa em aplicativo de mensagens instantânea. O recorrente juntou aos autos, no intuito de provar sua filiação ao partido em data anterior ao prazo legal de seis meses, ficha de filiação e cópia de mensagens escritas em aplicativo de conversa instantânea, contemporâneas ao requerimento de filiação. O Ministro Jorge Mussi, relator, lembrou o teor da Súmula-TSE nº 20, que possibilita prova de filiação partidária daquele cujo nome não constou da lista de filiados de que trata o art. 19 da Lei nº 9.096/1995 por outros elementos de convicção, salvo quando se tratar de documentos produzidos unilateralmente, destituídos de fé pública. Nesse contexto, considerou válida prova produzida por meio de aplicativo de mensagens, que reproduz conversa cujo teor confirma a filiação do requerenteà época. Ressaltou que, tanto na origem como na forma de produção do conteúdo, os dados objetos de registro eletrônico surgem da interação entre duas ou mais pessoas, daí advindo a natureza bilateral desse meio de prova. Agravo Regimental no REspe n° 6-75, rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 12.2.2019. A, C, D e E: ERRADA Art. 20. É facultado ao partido político estabelecer, em seu estatuto, prazos de filiação partidária superiores aos previstos nesta Lei, com vistas a candidatura a cargos eletivos. Parágrafo único. Os prazos de filiação partidária, fixados no estatuto do partido, com vistas a candidatura a cargos eletivos, não podem ser alterados no ano da eleição. 68. Acerca da prova de captação ilícita de sufrágio, assinale a opção correta. (A) Prova testemunhal não deve ser aceita para provar captação ilícita de sufrágio, por ser este um ilícito eleitoral forte. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13488.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13488.htm#art1 105 (B) É possível provar a captação ilícita de sufrágio por meio de prova testemunhal apenas; o que não se admite é a perda de mandato com base exclusivamente no depoimento de uma única pessoa. (C) A prova testemunhal singular, quando exclusiva, deve ser aceita nos processos que possam levar à perda de mandato. (D) A prova testemunhal, mesmo que conjugada com outros elementos de prova, não pode ser admitida para provar ilícitos eleitorais. (E) Não se admite condenação lastreada exclusivamente em prova testemunhal, mesmo que colhidos depoimentos consistentes e uníssonos de várias testemunhas, sem notícia de vínculo entre elas. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS TSE – INFORMATIVO 2 de 2019 CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO E PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL É admissível condenação por captação ilícita de sufrágio lastreada exclusivamente em prova testemunhal consistente. Esse foi o entendimento do Tribunal ao julgar recurso especial eleitoral contra acórdão que reformou a sentença de piso e cassou os diplomas dos recorrentes pela prática de captação ilícita de sufrágio, nos termos do art. 41-A da Lei nº 9.504/1997. O Ministro Admar Gonzaga afirmou que a condenação dos recorridos está calcada no depoimento de várias testemunhas, sem notícia de vínculo entre si, cujas narrativas foram consideradas uníssonas, consistentes (LETRA E), detalhadas e seguras pelo Tribunal a quo, a quem cabe a última palavra em matéria fática. REspe nº 721-28, Meridiano/SP, rel. Min. Admar Gonzaga, julgado em 12.2.2019 Importante mesclar a informação do julgado acima com disposição expressa do Código Eleitoral para confirmação da letra “b” como a alternativa a ser destacada: 106 Art. 368-A. A prova testemunhal singular, quando exclusiva, não será aceita nos processos que possam levar à perda do mandato. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015) 69. O juiz eleitoral de determinada comarca recebeu representação que alega a prática de propaganda eleitoral extemporânea. Na demanda, pede-se a condenação da pessoa que veiculou, em período vedado pela legislação eleitoral e em grupo restrito de mensagens instantâneas, pedido de votos a determinado candidato. Com base na jurisprudência atual do TSE, é correto afirmar que a citada representação deverá ser julgada (A) improcedente, pois pedidos de votos divulgados em grupos de mensagens instantâneas ou em redes sociais podem ser realizados a qualquer tempo. (B) procedente, haja vista o potencial de difusão dos diálogos do grupo de mensagens instantâneas. (C) improcedente, haja vista a prevalência, no caso concreto, da liberdade de expressão frente à proteção da igualdade de oportunidades entre candidatos. (D) procedente, haja vista a prevalência, no caso concreto, da proteção à igualdade de oportunidade entre candidatos frente à liberdade de expressão e opinião. (E) improcedente, pois a ausência de tipificação do ato na legislação eleitoral impede a caracterização da conduta como propaganda eleitoral antecipada. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS TSE – Informativo 6 de 2019 PROPAGANDA ANTECIPADA, MENSAGENS EM GRUPO DE WHATSAPP E LIBERDADE DE EXPRESSÃO http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13165.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13165.htm#art4 107 Trata-se de recurso especial interposto contra acórdão do TRE/SE que manteve a sentença de procedência parcial da representação por propaganda eleitoral antecipada ajuizada pelo Ministério Público Eleitoral, sendo aplicada multa no valor mínimo previsto no art. 36, § 3º, da Lei nº 9.504/1997. A controvérsia cinge-se na verificação de existência ou não de propaganda eleitoral antecipada pela veiculação, em grupo restrito de WhatsApp, de pedido de votos a determinado candidato, durante período vedado pela legislação eleitoral. A relatora, Ministra Rosa Weber, deu provimento ao recurso por entender não caracterizada a propaganda eleitoral extemporânea, DEVENDO PREVALECER A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E OPINIÃO NO ESTADO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO. Ressaltou a relatora que: “O pedido de votos realizado pela recorrente EM AMBIENTE RESTRITO DO APLICATIVO WHATSAPP NÃO OBJETIVOU O PÚBLICO EM GERAL, DE MODO A MACULAR A IGUALDADE DE OPORTUNIDADE ENTRE OS CANDIDATOS, MAS APENAS OS INTEGRANTES DAQUELE GRUPO, ENQUANTO CONVERSA CIRCUNSCRITA AOS SEUS USUÁRIOS, ALCANÇADA, NESTA MEDIDA, PELO EXERCÍCIO LEGÍTIMO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO”. Destacou ainda não haver na hipótese informações concretas, com sólido embasamento probatório, que pudessem amparar o entendimento da Corte Regional sobre a possibilidade em abstrato de eventual “viralização” instantânea das mensagens veiculadas pela recorrente no grupo de WhatsApp, razão por que não se pode penalizar condutas sob argumentos calcados em conjecturas e presunções. Vencidos os Ministros Edson Fachin e Og Fernandes, que entenderam caracterizada a propaganda eleitoral antecipada, ao argumento de que o WhatsApp constitui mídia com poder de difusão significativo, apto a ser utilizado como instrumento de propaganda extemporânea. Recurso Especial Eleitoral nº 133-51, Itabaianinha/SE, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 7.5.2019. 108 70. Tales interpôs recurso ordinário contra o indeferimento do registro de sua candidatura ao cargo de deputado estadual por tribunal regional eleitoral (TRE) em razão de inelegibilidade atraída por condenação em crime contra a administração pública. O recorrente afirma que a condenação pelo TER se deu em ação penal originária decorrente do foro de prerrogativa de função, por exercer, à época dos fatos, o mandato de deputado estadual. Ele alega que a condenação originária não tinha o condão de atrair a inelegibilidade prevista na legislação eleitoral. A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta, (A) Não assiste razão ao recorrente, pois a condenação por órgão colegiado enseja inelegibilidade, ainda que proferida em sede de competência originária. (B) O recurso ordinário não deve ser admitido, visto que o recurso eleitoral cabível no caso concreto é o recurso especial eleitoral. (C) O TSE deverá examinar o acerto ou o desacordo da condenação pelo TRE que deu ensejo à inelegibilidade em questão. (D) Havendo a possibilidade de reversão da condenação que ensejou a inelegibilidade, será viável o deferimento de pedido de sobrestamento do processo de registro de candidatura. (E) Assiste razão ao recorrente, porque a legislação eleitoral considera inelegíveis apenas os condenados em duas instâncias por crimes contra a administração pública. RESPOSTA: A O Art. 1º, I, da LC 64/1990 foi revisado expressamente no aulão de véspera em Belém- PA. COMENTÁRIOSTSE - INFORMATIVO 4 DE 2019 CONDENAÇÃO CRIMINAL EM COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA E INELEGIBILIDADE PREVISTA NA ALÍNEA E DO INCISO I do art. 1º da LC nº 64/1990 109 A decisão criminal condenatória proferida por órgão judicial colegiado NO EXERCÍCIO DE SUA COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA ATRAI A INCIDÊNCIA DA CAUSA DE INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1º, I, E, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990. Trata-se de RECURSO ORDINÁRIO interposto do indeferimento do registro de candidato ao cargo de deputado estadual, em razão da inelegibilidade atraída pela condenação em CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (art. 316 do Código Penal). O recorrente afirmou que foi condenado pelo TRE em ação penal originária decorrente do foro de prerrogativa de função, por exercer, à época dos fatos, o mandato de deputado estadual. Alegou que essa condenação em ação originária pelo Colegiado não teria o condão de atrair a inelegibilidade da referida alínea e, sob o argumento de que representaria ofensa à ampla defesa. O Ministro Admar Gonzaga, relator, asseverou que NÃO SE PODE CONFUNDIR COLEGIALIDADE COM DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. Assim, frisou que CONDENAÇÃO POR ÓRGÃO COLEGIADO ENSEJA INELEGIBILIDADE, AINDA QUE PROFERIDA EM SEDE DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA. Em contraponto ao que alegado pelo recorrente, ao acompanhar o relator, o Ministro Tarcisio Vieira de Carvalho Neto afirmou que A LEGISLAÇÃO PREVÊ COMO REQUISITO PARA INCIDÊNCIA DA INELEGIBILIDADE APENAS QUE A DECISÃO CONDENATÓRIA SEJA PROFERIDA POR ÓRGÃO COLEGIADO, NÃO FAZENDO ALUSÃO A DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. Agravo Regimental no RO nº 060095391, Porto Alegre/RS, rel. Min. Admar Gonzaga, julgado em 12.3.2019. LC 64/1990 Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: e) os que forem condenados, em DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO ou PROFERIDA POR ÓRGÃO JUDICIAL COLEGIADO, desde a condenação ATÉ O TRANSCURSO DO PRAZO DE 8 (OITO) ANOS após o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp135.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp135.htm#art2 110 1. contra a economia popular, a fé pública, a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp135.htm#art2 111 BLOCO III DIREITO EMPRESARIAL 71. João, maior de idade e capaz, detém 60% do capital social da sociedade comercial Delta Comércio de Autopeças Ltda., com poderes de administrador. Com trinta anos nessa atividade empresarial, João deseja incluir, de imediato, no quadro social da sociedade, seu filho Pedro, de dezessete anos de idade, registrando a alteração contratual perante o registro público de empresas mercantis. Nessa situação hipotética, Pedro (A) poderá se tornar sócio da empresa e exercer a administração desta, desde que seja assistido e mediante prévia autorização judicial. (B) poderá se tornar sócio da empresa, mediante prévia autorização judicial, desde que devidamente assistido e desde que o capital social esteja totalmente integralizado, porém, não poderá exercer a administração da sociedade. (C) poderá se tornar sócio da empresa na hipótese de estar regularmente emancipado por concessão dos pais, mediante instrumento público; nesse caso, dispensa-se averbação ou inscrição da prova do ato emancipatório no registro público de empresas mercantis. (D) poderá se tornar sócio da empresa e também exercer a administração desta, desde que o capital social esteja totalmente integralizado e devidamente assistido na prática dos atos societários. (E) não poderá se tornar sócio da empresa, em razão de sua incapacidade para a prática de atos empresariais RESPOSTA: B COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. 112 Conforme artigo 972 do CC “podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”. (A) Nos termos doa artigo 974 do CC “poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. [...] § 3º O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: I – o sócio incapaz NÃO pode exercer a administração da sociedade;” (B) Mas o menor NÃO emancipado pode ser sócio? A corrente amplamente majoritária, aceita pelo STF e defendida por autores como Tavares Borba, Anco Márcio Valle, Sergio Campinho é de que o menor, mesmo não emancipado, pode ser sócio, respeitados, por analogia, os requisitos do artigo 974, § 3º: “I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; II – o capital social deve ser totalmente integralizado; III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais”. (C) O menor emancipado (por outorga dos pais, casamento, nomeação para emprego público efetivo, estabelecimento por economia própria, obtenção de grau em curso superior), por se encontrar no pleno gozo de sua capacidade jurídica, pode exercer empresa como o maior". A certidão de emancipação do titular menor de 18 e maior de 16 anos deverá ser averbada simultaneamente ao requerimento do Empresário. (D) Não pode exercer administração. (E) Há ainda entendimento minoritário (Waldir Bulgarelli, por exemplo) de que a participação do sócio menor não emancipado é vedada por lei e ainda violaria os princípios gerais societários. Mas é minoritário. 72. Determinado grupo de acionistas de uma sociedade anônima de capital aberto deseja responsabilizar civilmente o administrador da sociedade em razão de ele ter agido com culpa no exercício de suas funções e ter causado prejuízos à sociedade. Com referência a essa situação hipotética, assinale a opção correta, a respeito da ação de responsabilidade prevista na Lei nº 6.404/1976. 113 (A) Nenhum acionista poderá promover a ação contra o administrador, mesmo que, três meses após a deliberação favorável da assembleia geral, a ação de responsabilidade civil contra o administrador não tenha sido proposta. (B) Não será possível responsabilizar civilmente o administrador: as hipóteses previstas na referida lei restringem-se a prejuízos causados por ele com violação da lei ou do estatuto, ou quando proceder, dentro de suas atribuições ou poderes, como dolo. (C) A legitimidade para promover a ação de responsabilidade contra o administrador, além de ser concorrente entre os acionistas e a própria sociedade prejudicada, independe de prévia deliberação da assembleia geral. (D) Proposta a ação de responsabilidade civil mediante prévia deliberação da assembleia geral, o juiz, certo de que o administrador agiu de boa-fé e visando ao interesse da companhia, poderá reconhecer a exclusão da responsabilidade do administrador. (E) Dada a vigência da business judgment rule na citada lei, o juiz competente para o julgamento da ação de responsabilidade civil, mesmo convencido de que o administrador agiu visando ao interesse da companhia, não poderá reconhecer a exclusão da responsabilidade do administrador. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. Nos termos do art. 159 da LSA. “Compete à companhia, mediante prévia deliberação da assembléia-geral, a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio.§ 1º A deliberação poderá ser tomada em assembléia-geral ordinária e, se prevista na ordem do dia, ou for conseqüência direta de assunto nela incluído, em assembléia-geral extraordinária. § 2º O administrador ou administradores contra os quais deva ser proposta ação ficarão impedidos e deverão ser substituídos na mesma assembleia” (A) “§ 3º Qualquer acionista poderá promover a ação, se não for proposta no prazo de 3 (três) meses da deliberação da assembléia-geral.§ 4º Se a assembléia deliberar não promover a ação, poderá ela ser proposta por acionistas que representem 5% (cinco por cento), pelo menos, do capital social” 114 (B) O artigo 158 da LSA estabelece que “o administrador não é pessoalmente responsável pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão; responde, porém, civilmente, pelos prejuízos que causar, quando proceder: I - dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo; II - com violação da lei ou do estatuto”. Se agiu com CULPA e gerou DANO, pode ser responsabilizado. (C) Não é concorrente. Sos acionistas é subsidiária e ainda depende de prévia deliberação. (D) “§ 6° O juiz poderá reconhecer a exclusão da responsabilidade do administrador, se convencido de que este agiu de boa-fé e visando ao interesse da companhia”. (E) Ao contrário, a business judgement rule, como acabamos de ver, afasta a responsabilidade civil, mesmo que o resultado tenha sido lesivo, se a decisão foi refletida, informada e desinteressada. 73. O conjunto de bens materiais ou imateriais cujo destino comum é o desenvolvimento da atividade empresarial, constituindo um instrumento para o seu exercício. Pode-se, ainda, dizer que é o conjunto de coisas singulares, simples ou compostas, agrupadas pela vontade da pessoa, tendo destinação comum, podendo ser tratada em conjunto, dando aos bens uma unidade de tratamento decorrente da vontade do empresário. É correto afirmar que o texto apresentado corresponde ao conceito doutrinário de (A) estabelecimento empresarial como organização (B) estabelecimento empresarial como universalidade de fato. (C) estabelecimento empresarial sob a visão da teoria atomista. (D) estabelecimento empresarial como universalidade de direito. (E) estabelecimento empresarial como patrimônio autônomo. RESPOSTA: B 115 COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. Estabelecimento comercial, também conhecido como fundo de comércio ou azienda, é o complexo de bens organizado, para o exercício da empresa, por empresário ou por sociedade empresária (CC, arts. 1.142). É certo que o estabelecimento, como conjunto organizado de bens, é objeto unitário de direito. Ele NÃO é sujeito de direito (empresário ou sociedade empresária), tanto que pode ser objeto de usufruto, cessão, compra e venda. O estabelecimento é uma universalidade de bens. Mas essa universalidade é de FATO (CC, art. 90) ou de DIREITO (CC, art. 1.143)? UNIVERSALIDADE DE FATO UNIVERSALIDADE DE DIREITO Conjunto de bens reunidos pela vontade do empresário. Conjunto de bens reunidos por vontade da lei (ex.: herança e massa falida). Classicamente, a doutrina entende que o estabelecimento empresarial tem a natureza de uma universalidade de FATO, na medida em que pode ser considerado como uma pluralidade de bens singulares, que, organizados pelo empresário, tem uma destinação unitária, qual seja, a exploração da empresa (art. 90, do CC). Entretanto, parte da doutrina (e das bancas de concurso, que são como “barras de ouro, que valem mais do que dinheiro”) entende que o estabelecimento teria natureza de universalidade de DIREITO, pois seria constituído por um complexo de relações jurídicas dotadas de valor econômico (art. 91 do CC). O principal fundamento apresentado por esses autores é que o adquirente, nos termos do art. 1.148 do Código Civil, sub-roga-se na posição do alienante nos contratos celebrados para a exploração da empresa por meio do estabelecimento transferido (trespasse). Assim, o estabelecimento seria também constituído pelas relações jurídicas, e não apenas por bens. Em 2017, a VUNESP (prova magistratura TJSP) entendeu que o estabelecimento é universalidade de direito. No caso, o enunciado refere DUAS vezes à “vontade da pessoa” e “vontade do empresário”, ligando-se ao conceito de universalidade de FATO. 116 74. De acordo com a legislação em vigor, determinada sociedade empresária brasileira que pretende implantar um sistema de franquia empresarial para atuação no território nacional deverá fornecer ao interessado em tornar-se franqueado uma (A) proposta de contrato de franquia, por escrito e em linguagem clara e acessível, que deverá ser entregue em qualquer momento antes do pagamento de qualquer tipo de taxa pelo interessa ao franqueador ou à empresa ou a pessoa ligada a ele. (B) circular de oferta de franquia, na forma verbal ou escrita, em linguagem clara e acessível, que deverá ser instrumentalizada no momento da assinatura do contrato de franquia, ou do pré-contrato, ou, ainda, antes do pagamento de qualquer tipo de taxa pelo franqueado ao franqueador ou à empresa ligada a ele. (C) circular de oferta de franquia, por escrito e em linguagem clara e acessível, que deverá ser entregue em no mínimo dez dias antes da assinatura do contrato de franquia, ou do pré-contrato, ou, ainda, antes do pagamento de qualquer tipo de taxa pelo franqueado ao franqueador ou à empresa ou pessoa ligada a ele. (D) proposta de oferta de franquia, por escrito e em linguagem clara e acessível, que deverá ser entregue após o pagamento de taxa de reserva de franquia pelo futuro franqueado ao franqueador ou à empresa ligada a ele. (E) circular de oferta de franquia, por escrito e em linguagem clara e acessível, que deverá ser entregue antes de iniciadas as tratativas para a assinatura do contrato de franquia, ou do pré-contrato, ou, ainda, no momento de início das atividades empresariais do franqueado. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. “Art. 4º A circular oferta de franquia deverá ser entregue ao candidato a franqueado no mínimo 10 (dez) dias antes da assinatura do contrato ou pré-contrato de franquia ou ainda do pagamento de qualquer tipo de taxa pelo franqueado ao franqueador ou a empresa ou pessoa ligada a este” (Lei nº 8.955/1994). 117 75. A transferência de um título de crédito a outra pessoa significa a transferência da titularidade do crédito, de modo que a apresentação do documento é essencial para o exercício do direito de crédito. O negócio jurídico que deu origem ao título de crédito é irrelevante, isto é, questões relativas a esse negócio jurídico subjacente não afetam o cumprimento da obrigação do título de crédito. Esses dois conceitos dizem respeito, respectivamente, aos princípios cambiários (A) abstração e literalidade. (B) cartularidade e abstração. (C) abstração e autonomia. (D) literalidade e abstração. (E) cartularidade e autonomia. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. PRINCÍPIOS (CLAu): a) Cartularidade (incorporação) = o crédito deve estar materializado em um documento (título); para a transferência do crédito é necessária a transferência do documento; a exigibilidade do crédito pressupõe a apresentação do título. Exceções = (a) o título está anexo a investigação criminal (processo ou IP - STJ); (b) duplicata virtual; (c) em processo falimentar, é possível utilizar a cópia autenticada se o original estiver juntado em outro processo (art. 9º, parágrafo único, LRF). b) Literalidade = só têm validade para o direitocambiário as relações constantes do próprio título (ex: a quitação parcial deve ser aposta na própria nota promissória) – assegura certeza quanto à natureza, conteúdo e modalidade da prestação prometida ou ordenada, impedindo que meros ajustes verbais possam influir no exercício do 118 direito mencionado no título. c) AUtonomia = as relações jurídico-cambiais são autônomas e independentes entre si (ex: a invalidade de um endosso não prejudica os demais). Abstração = com a transferência do título a terceiro de boa-fé ocorre a desvinculação do negócio que lhe deu origem. Inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé (processual) = só se pode suscitar a causa debendi em face do credor primitivo ou do terceiro ciente dos vícios (má-fé). PERCEBA que, embora parecidas, autonomia e abstração NÃO são a mesma coisa. AUTONOMIA ABSTRAÇÃO Independência das relações cambiárias. Desvinculação do negócio à causa debendi. 76. No entendimento do STJ, a criação de subclasses entre os credores da recuperação judicial é: (A) impossível, em razão da incidência do princípio da paridade entre os credores. (B) possível, devendo cada subclasse abranger credores de classes diferentes, com interesses heterogêneos, desde que o valor total do crédito da subclasse não afete a temporalidade nos pagamentos descritos no plano de recuperação judicial. (C) possível, desde que estabelecido um critério objetivo, justificado no plano da recuperação judicial, devendo cada subclasse abranger credores com interesses homogêneos. (D) possível, desde que estabelecido um critério objetivo, justificado na decisão que concede a recuperação judicial, devendo cada subclasse abranger credores com interesses homogêneos e garantir a possibilidade de contestar o crédito de eventuais devedores, mesmo que isolados. (E) possível, desde que estabelecido um critério subjetivo, justificado no plano de recuperação judicial, devendo cada subclasse abranger credores com interesse homogêneos em razão de seus portes econômicos. 119 RESPOSTA: D COMENTÁRIOS No julgamento do REsp n. 1.634.844/SP, o STJ entendeu cabível a criação de subclasses de credores pelo Plano de Recuperação Judicial (PRJ), desde que mediante critério objetivo e alinhado aos fins do procedimento recuperacional, respeitados os direitos de eventuais credores isolados. Na hipótese, foi mantida subclasse que favorecia os “fornecedores essenciais” de empresa do ramo petroquímico. A criação da subclasse justificou-se pelo fato de que tais fornecedores foram responsáveis pelo fornecimento de aproximadamente 90% da demanda da recuperanda no triênio que antecedeu o procedimento recuperacional – 2011, 2012 e 2013. Dessa forma, a própria busca pela viabilidade de soerguimento do plano justificou a criação das subclasses. O entendimento da Corte Superior se mostra alinhado à prática na seara recuperacional, que frequentemente se vale de categorias de credores considerados estratégicos ou privilegiados para fins de satisfação de créditos em condições favorecidas. O julgado fez destaque à ressalva trazida pela Lei n. 11.101/05 quanto à concessão da recuperação judicial pelo juiz via “cram down”, de modo que o plano não pode implicar tratamento diferenciado entre os credores da classe que o houver rejeitado. DIREITO TRIBUTÁRIO 77. Segundo entendimento do STF, as espécies tributárias incluem (A) as contribuições, as taxas, as tarifas e os preços públicos. (B) os impostos, as taxas, as contribuições e os empréstimos compulsórios. (C) as contribuições, os empréstimos compulsórios, as tarifas e os preços públicos. (D) os impostos, as taxas, as tarifas e as contribuições. (E) os impostos, as taxas, os preços públicos e os empréstimos compulsórios. RESPOSTA: B 120 COMENTÁRIOS O STF adota a teoria pentapartida, que envolve: impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais. O enunciado da questão não apontou que apenas existiam as espécies contidas na alternativa, mas somente registrou que, no posicionamento do STF, incluíam-se as mencionadas espécies tributárias. A alternativa “B” é a única em que todos são espécies tributárias. 78. Conforme a Constituição Federal de 1988 e o entendimento do STF, é admissível a cobrança de taxa (A) para custeio do Poder Judiciário, desde que parte da receita seja destinada a entidades de classe. (B) para custeio do Poder Judiciário, desde que destine recursos das custas processuais para a OAB, por meio de lei estadual. (C) para o custeio de serviço de iluminação pública. (D) para o custeio de coleta de lixo, sendo proibida sua aplicação na destinação do lixo. (E) para o custeio de universidade pública, independentemente de prévia autorização orçamentária. RESPOSTA: PASSÍVEL DE RECURSO COMENTÁRIOS QUESTÃO QUE SERIA PASSÍVEL DE RECURSO. O assunto da questão foi abordado na questão 78 do 263º Simulado Mege (TJ-PA). (A) e (B) Incorretas. As custas, a taxa judiciária e os emolumentos constituem espécie tributária, são taxas, segundo a jurisprudência iterativa do STF. (...) Impossibilidade da destinação do produto 121 da arrecadação, ou de parte deste, a instituições privadas, entidades de classe e Caixa de Assistência dos Advogados. Permiti-lo importaria ofensa ao princípio da igualdade. Precedentes do STF. [ADI 1.145, rel. min. Carlos Velloso, j. 3-10-2002, P, DJ de 8-11- 2002.] (C) Incorreta. SV 41. O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. (D) Incorreta. Sv. 19 A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o art. 145, II, da CF. Outrossim, registre-se que a taxa, embora seja tributo vinculado, não é de arrecadação vinculada. Portanto, sua destinação não está vinculada à atividade objeto de contraprestação estatal ao contribuinte. (E) Incorreta. CF Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; Sv. 12. A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por universidades públicas de mensalidade em cursos de especialização. [Tese definida no RE 597.854, rel. min. Edson Fachin, P, j. 26-4-2017, DJE 214 de 21-9- 2017, Tema 535.] 79. A atribuição de alíquota zero do imposto sobre produtos industrializados (IPI) a determinado produto (A) é hipótese de não incidência do imposto. (B) consiste em isenção do crédito tributário. (C) constitui remissão do tributo. (D) pode ser determinada por decreto presidencial, atendidos os limites da lei. (E) implica a não ocorrência de fato gerador quando o produto sair do estabelecimento do produtor. http://redir.stf.jus.br/paginador/paginador.jsp?docTP=AC&docID=266675 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13642927 http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=2666225&numeroProcesso=597854&classeProcesso=RE&numeroTema=535 122 RESPOSTA: D COMENTÁRIOS O § 1º, do art. 153 da CF, possibilita a alteração de alíquota do IPI através de decreto, desde que respeitados os limites legais. Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: IV - produtos industrializados; § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. 80. Cada um dos itens a seguir apresenta crime de natureza tributária previsto na Lei nº8.137/1990. I – Empregar fraude para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo. II – Omitir informações às autoridades fazendárias III – Deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo descontado na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos. IV – Aplicar incentivo fiscal em desacordo com o estatuído. V – Utilizar programa informatizado que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária obter informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à fazenda pública. Desse crimes, o que tem maior potencial ofensivo, sendo, portanto, punido com pena mais severa, é o apresentando no item (A) I (B) II (C) III (D) IV (E) V RESPOSTA: B COMENTÁRIOS I – Art. 2º, I; II – Art. 1º, I; 123 III – Art. 2º, II; IV, Art. 2º, IV; V - Art. 2º, V; O art. 1º, da Lei nº 8.137/90 prevê a pena de reclusão de 2 a 5 anos e multa; já o art. 2º possui pena em abstrato de detenção de 6 meses a 2 anos e multa. Portanto, resposta letra B. 81. Em conformidade com o entendimento do STJ, a base de cálculo do ICMS para mercadoria adquirida em loja será o preço (A) livre do custo financeiro, no caso de venda a prazo. (B) acrescido das taxas cadastrais, no caso de financiamento. (C) acrescido do valor do IPI, quando a operação for realizada entre contribuintes do ICMS e a comercialização configurar fato gerador de ambos os impostos. (D) total, independentemente da forma de pagamento. (E) livre do custo financeiro, no caso de financiamento. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado na questão 80 do 263º Simulado Mege (TJ-PA) (A), (B), (D) Incorretas. (C) Incorreta. Art. 155. § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos; (E) Correta. STJ 124 TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. ICMS. ENCARGOS DECORRENTES DE FINANCIAMENTO. SÚMULA 237 DO STJ. ENCARGOS DECORRENTES DE "VENDA A PRAZO" PROPRIAMENTE DITA. INCIDÊNCIA. BASE DE CÁLCULO. VALOR TOTAL DA VENDA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356 DO C. STF. 1. A "venda financiada" e a "venda a prazo" são figuras distintas para o fim de encerrar a base de cálculo de incidência do ICMS, sendo certo que, sobre a venda a prazo, que ocorre sem a intermediação de instituição financeira, incide ICMS. 2. A "venda a prazo" revela modalidade de negócio jurídico único, cognominado compra e venda, no qual o vendedor oferece ao comprador o pagamento parcelado do produto, acrescendo-lhe um plus ao preço final, razão pela qual o valor desta operação integra a base de cálculo do ICMS, na qual se incorpora, assim, o preço "normal" da mercadoria (preço de venda à vista) e o acréscimo decorrente do parcelamento. (Precedentes desta Corte e do Eg. STF: AgR no RE n.º 228.242/SP, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 22/10/2004; REsp 1087230/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/06/2009, DJe 20/08/2009; AgRg no REsp 480.275/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/04/2008, DJe 04/03/2009; AgRg no REsp 743.717/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/03/2008, DJe 18/03/2008; EREsp 215.849/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/06/2008, DJe 12/08/2008; AgRg no REsp 848.723/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/10/2008, DJe 10/11/2008; REsp n.º 677.870/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 28/02/05). 3. A venda financiada, ao revés, depende de duas operações distintas para a efetiva "saída da mercadoria" do estabelecimento (art. 2º do DL 406/68), quais sejam, uma compra e venda e outra de financiamento, em que há a intermediação de instituição financeira, aplicando-se-lhe o enunciado da Súmula 237 do STJ: "Nas operações com cartão de crédito, os encargos relativos ao financiamento não são considerados no cálculo do ICMS." (...) (STJ - REsp 1106462/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/09/2009, DJe 13/10/2009) 82. Não havendo lei que disponha de forma diferente, caso um empregado de uma empresa infrinja a legislação tributária, a responsabilidade da empresa depende (A) da efetividade dos efeitos do ato. (B) da extensão dos efeitos do ato. (C) da prática de ato ou omissão contrários à legislação tributária. 125 (D) de o agente ser sócio da empresa. (E) da intenção do empregado. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final e na questão 83 do 263º Simulado Mege (TJ-PA) (A, B, E) Incorretas CTN Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. (C) Correta. De regra, a empresa responde. Contudo, pode o agente responder pessoalmente pela infração, caso se configure alguma das hipóteses do art. 137 do CTN. (D) Incorreta. Não precisa, necessariamente ser sócio, uma vez que a empresa pode responder por ato de empregado ou preposto. 83. Determinado estado da Federação criou, por meio de lei, gratificação salarial para os servidores de uma carreira específica. Mesmo sabendo que haverá aumento de despesas de pessoal, não foi elaborada uma estimativa de impacto orçamentário- financeiro para o exercício em que a lei entrar em vigor nem para os dois exercícios subsequentes. De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, essa lei (A) somente vigorará a partir do exercício financeiro seguinte ao de sua publicação. (B) será considerada anulável, enquanto não for elaborada a referida estimativa. (C) não sofrerá qualquer prejuízo em sua validade, uma vez que a exigência não atinge despesa de pessoal. (D) somente poderá entrar em vigor após a elaboração da referida estimativa. (E) será considerada nula de pleno direito. 126 RESPOSTA: E COMENTÁRIOS LC 101/2000 Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de: I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes; II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda: I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o disposto no inciso XIII do art. 37 e no § 1o do art. 169 da Constituição. DIREITO AMBIENTAL 84. Segundo a Lei Complementar nº. 140/2011, a competência constitucional para a proteção das paisagens naturais notáveis e do meio ambiente, para o combate à poluição em qualquer de suas formas e para a preservação das florestas, da fauna e da flora é (A) privativa dos municípios. (B) concorrente entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. (C) comum entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. (D) privativa da União. (E) privativa dos estados. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS 127 O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final e na aula de véspera. Art. 1º da LC 140/2011 - Esta Lei Complementar fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da ConstituiçãoFederal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora. 85. Determinado estado federado editou norma exigindo autorização prévia da assembleia legislativa para o licenciamento de atividades que utilizassem recursos ambientais e que fossem consideradas efetiva e potencialmente poluidores, bem como capazes de causar degradação ambiental sob qualquer forma. Nessa situação hipotética, a norma editada pelo referido estado é (A) inconstitucional, pois implica indevida interferência do Poder Legislativo local na atuação do Poder Executivo federal. (B) inconstitucional, pois as normas de licenciamento ambiental são de competência exclusiva do Conselho Nacional de Meio Ambiente. (C) inconstitucional, pois o licenciamento ambiental só será exigido para atividades efetivamente poluidores, não se aplicando àquelas potencialmente poluidoras. (D) constitucional, pois a definição administrativa sobre licenciamento ambiental está dentro da autonomia estadual. (E) constitucional, pois estados federados podem editar normas específicas sobre licenciamento ambiental. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final “Medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei n° 1.315/2004, do Estado de Rondônia, que exige autorização prévia da Assembleia Legislativa para o http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art23iii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art23iii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art23vi http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art23vii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art23p 128 licenciamento de atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetivas e potencialmente poluidoras, bem como capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental. 3. Condicionar a aprovação de licenciamento ambiental à prévia autorização da Assembleia Legislativa implica indevida interferência do Poder Legislativo na atuação do Poder Executivo, não autorizada pelo art. 2º da Constituição. Precedente: ADI n° 1.505. 4. Compete à União legislar sobre normas gerais em matéria de licenciamento ambiental (art. 24, VI, da Constituição. 5. Medida cautelar deferida” (ADI 3.252- MC/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes). 86. Segundo a jurisprudência do STF, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado constitui um direito fundamental de (A) quarta geração, pautado na igualdade. (B) quinta geração, pautado na igualdade. (C) primeira geração, pautado na liberdade. (D) segunda geração, pautado na coletividade. (E) terceira geração, pautado na solidariedade. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final e na aula de véspera. O professor Édis Milaré (FÜHRER, Maximilianus C. A.; MILARÉ, Édis. Manual de Direito Público e Privado. 17. ed. São Paulo: RT, 2009, p. 315) afirma que “os interesses difusos que expressivamente se revelam no tema de meio ambiente, porque a proteção deste não cabe a um titular exclusivo ou individuado, mas se espraia difusamente sobre toda coletividade e cada um de seus membros. A partir da tomada de consciência sobre este fenômeno, passou-se a vislumbrar, em relevantes ângulos da vida moderna, um interesse geral, coletivo não-individuado, de tutela de bens e valores, consagração, por certo, daquela terceira geração de direitos apregoados por Norberto Bobbio, em sequência aos direitos individuais da Revolução Francesa e aos direitos sociais emergentes da questão social”. 129 87. O prefeito de um município pretende criar uma estação ecológica municipal, com o objetivo de promover a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas. Nessa situação hipotética, a criação da estação ecológica municipal (A) isentará o município do pagamento de eventuais indenizações decorrentes de desapropriações de áreas de propriedade privada necessárias à instalação do empreendimento. (B) depende da realização de estudos técnicos, podendo-se dispensar a realização de estudos técnicos, podendo-se dispensar a realização de audiência pública. (C) depende da realização de audiência pública em que se forneçam informações adequadas e inteligíveis à população local. (D) deve ser prevista em lei aprovada pela câmara municipal. (E) pode ser determinada por decreto do prefeito, que poderá auferir recursos com a exploração do turismo ecológico no empreendimento. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final, na aula de véspera e no Vade Mege. Art. 22 da Lei 9.985/2000 - As unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público. § 2º A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento. § 3º No processo de consulta de que trata o § 2º, o Poder Público é obrigado a fornecer informações adequadas e inteligíveis à população local e a outras partes interessadas. § 4º Na criação de Estação Ecológica ou Reserva Biológica não é obrigatória a consulta de que trata o § 2º deste artigo. 130 88. Maria é proprietária de um terreno de 100 hectares no bioma cerrado, no estado do Pará, com sua vegetação original preservada. Ela pretende utilizar o imóvel para o plantio de soja. De acordo com as disposições do Código Florestal quanto à delimitação de área de reserva legal, assinale a opção que indica a área máxima da propriedade de Maria que poderá ser utilizada para o plantio de soja. (A) 80 hectares (B) 20 hectares (C) 35 hectares (D) 50 hectares (E) 65 hectares RESPOSTA: E COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material da turma de reta final. Art. 3º do Código Florestal - Para os efeitos desta Lei, entende-se por: I - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão; Art. 12 do Código Florestal - Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: I - localizado na Amazônia Legal: a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas; b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado; c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais; II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento). 89. Uma indústria com sede no município X do estado de Mato Grosso despejou minérios no rio Tapajós, que nasce nesse estado e banha parte do estado do Pará. Com 131 isso, o município X teve graves prejuízos, como a falta de abastecimento de água. A associação civil W, com sede no município Z do estado do Pará, também afetado, pretende propor ação civil pública contra a indústria mato-grossense, para deter e reparar o dano ambiental regional em curso. Nessa situação hipotética, segundo a jurisprudência do STJ, tem competência para o processamento e julgamento da ação civil públicapelos danos ao meio ambiente o juízo (A) de quaisquer dos foros atingidos, por ser o dano regional. (B) de Brasília, porque o dano atingiu mais de um estado. (C) do município Z, sede da associação civil W, proponente da ação. (D) do município X, sede da indústria poluidora e ente que sofreu os prejuízos mais graves. (E) de Cuiabá, capital do Mato Grosso, estado onde está localizada a indústria poluidora. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS Art. 2º da Lei da ACP - As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. Parágrafo único - A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. Art. 93 do CDC - Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local: I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local; II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente. AMBIENTAL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. NULIDADE DO DECRETO QUE CRIOU O PARQUE NACIONAL DE ILHA GRANDE. ÁREA QUE ABRANGE NOVE MUNICÍPIOS, ESTES DIVIDIDOS ENTRE DOIS ESTADOS-MEMBROS. CARÁTER NACIONAL DAS QUESTÕES RESULTANTES DO REFERIDO DIPLOMA LEGAL. COMPETÊNCIA TERRITORIAL DAS CAPITAIS DOS ESTADOS-MEMBROS OU DO DISTRITO FEDERAL. ARTS. 2º DA LEI N. 132 7.347/85 E 93, INC. II, DO CDC. 1. Tem-se aqui hipótese de ação civil pública ajuizada contra o decreto que criou o Parque Nacional de Ilha Grande – este abrangendo, como dito no acórdão da origem, nove municípios, divididos estes entre os Estados do Mato Grosso do Sul e do Paraná. 2. A partir dessa concisa descrição fática, fica fácil visualizar que a competência territorial para processar e julgar em primeira instância a presente ação é de uma das capitais dos referidos Estados ou do Distrito Federal, pois as questão resultantes da criação de parque nacional (criado pela União, na forma do art. 11, § 4º, da Lei n. 9.985/00, a contrario sensu) que abrange áreas de dois Estados-membros terá caráter nacional, na esteira do que dispõem os arts. 2º da Lei n. 7.347/85 e 93, inc. II, do CDC. 3. Recurso especial provido para reconhecer a incompetência da Subseção Judiciária de Umuarama/PR, ficando prejudicada a análise das demais questões suscitadas no especial. (res. 1018214/PR) 90. Nas proximidades da residência de João, uma siderúrgica será construída pela empresa X. Publicado o EIA/RIMA, João o leu e pretende exigir a realização de audiência pública no bojo do licenciamento ambiental, para sugerir ajustes nos estados. Nessa situação hipotética, a solicitação da audiência pública deverá ser feita (A) por João diretamente ao órgão de meio ambiente do município sede da empresa X. (B) pelo Ministério Público à empresa X, desde que provocado por João. (C) por, no mínimo, cem cidadãos residentes no município sede da futura siderúrgica e direcionada ao órgão de meio ambiente. (D) por, no mínimo, cinquenta cidadãos ao órgão de meio ambiente. (E) por João diretamente à empresa X. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS Art. 2º da RES. CONAMA 009/87 - Sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por 50 (cinquenta) ou mais cidadãos, o Órgão de Meio Ambiente promoverá a realização de audiência pública. 133 DIREITO ADMINISTRATIVO Texto 1 A 12-I A crise da lei administrativa é uma manifestação setorial e potencializada da crise da lei formal. Em nenhum outro segmente jurídico, como no direito administrativo, o papel da lei formal sofreu tantas transformações. [...] vivemos um momento em que as considerações dogmáticas sobre o direito administrativo ameaçam ruir diante daquilo que as discussões zetéticas afirmam que ele deve ser. Nesse sentido, Jacqueline Morand-Deviller anota que, embora o direito administrativo já tenha atravessado outras crises, a ameaça atual é mais grave, porquanto o que agora se encontra em xeque é a sua própria autonomia e os “poderosos pilares sobre os quais se assentava a catedral: poder público (as prerrogativas do poder estatal) e serviço público”. Gustavo Binenbojm. Uma teoria do direito administrativo: direitos fundamentais, democracia e constitucionalização. 3ª ed. Revista e atualizada. Rio de Janeiro: Renovar, 2014, p. 327-35 (com adaptações). 91. Considerando o fragmento de texto apresentado – texto 1 A 12-I -, julgue os itens a seguir. I - A dogmática administrativa se estruturou a partir de premissas teóricas comprometidas com a preservação do princípio da autoridade, e não com a promoção das conquistas liberais e democráticas. II - Com o passar do tempo, reafirma-se que a construção teórica do direito administrativo tem como razão o advento do Estado de direito e a premissa do princípio da separação dos poderes. III – Um dos problemas teóricos identificados em relação à tradicional concepção do interesse público encontra-se em sua concepção pluralista. Assinale a opção correta. (A) Apenas o item I está certo. (B) Apenas o item III está certo. (C) Apenas os itens I e I estão certos. (D) Apenas os itens II e III estão certos. (E) Todos os itens estão certos. 134 RESPOSTA: A COMENTÁRIOS (I) Correto. Segundo Gustavo Binenbojm, “a associação da gênese do direto administrativo ao advento do Estado de direito e do princípio da separação de poderes na França pós-revolucionária caracteriza erro histórico” reproduzidos por sucessivas gerações. Para o autor, o surgimento do direito administrativo e de seus instrumentos e princípios essenciais, como a supremacia do interesse público, se deu de forma a fundamentar e justificar a manutenção do poder e do status quo do Antigo Regime, conforme pontua acertadamente a assertiva I. (II) Incorreto. A afirmativa II, por sua vez, está incorreta, vez que, ao contrário do que propõe a alternativa, com o passar do tempo, a doutrina passou a se posicionar no sentido de que o princípio da separação de poderes foi apenas pretexto da Revolução Francesa, sendo que a introdução do contencioso administrativo, ao invés de consagrar tal princípio, na realidade, usurpa funções da alçada do Poder Judiciário, passando a Administração a julgar a si mesma. (III) Incorreto. Equivoca-se também a assertiva III ao afirmar que a concepção tradicional do interesse público se encontra em sua concepção pluralista, isto porque a concepção tradicional de interesse público, defendida por Celso Antônio Bandeira de Mello, é unitária. Segundo o referido administrativista, o princípio da supremacia do interesse público “trata-se de verdadeiro axioma reconhecível no moderno Direito público. Proclama a superioridade do interesse da coletividade, firmando prevalência dele sobre o particular, como condição até mesmo, da sobrevivência e asseguramento deste último. É pressuposto de uma ordem social estável, em que todos e cada um possam sentir-se garantidos e resguardados”. 92. Ainda tendo como referência o texto 1 A 12-I, julgue os próximos itens. I – O reconhecimento da centralidade dos direitos fundamentais viabiliza a determinação antecipada de uma regra de supremacia absoluta dos interesses públicos sobre os interesses privados. II – Sempre que a Constituição ou a lei não houver esgotado os juízos possíveis de ponderação entre interesse públicos e privados, caberá à administração se utilizar da juridicidade administrativa para ponderar os interesses em conflito. 135 III – A emergência de um modelo de ponderação como critério de racionalidade do direito serve deinstrumento para demonstrar a inconsistência da supremacia abstrata do público sobre o privado. Assinale a opção correta. (A) Apenas o item I está certo. (B) Apenas o item II está certo. (C) Apenas os itens I e III estão certos. (D) Apenas os itens II e III estão certos. (E) Todos os itens estão certos. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS (I) Incorreto. A questão, assim como a anterior, baseou-se na doutrina do Professor Gustavo Binenbojm. Segundo este autor, “o reconhecimento da centralidade do sistema dos direitos fundamentais instituído pela Constituição e a estrutura maleável dos princípios constitucionais inviabiliza a determinação a priori de uma regra de supremacia absoluta do coletivo sobre o individual”. (II) Correto. A Administração Pública deve aplicar um juízo de ponderação ao caso concreto, de acordo com suas peculiaridades, com vistas à formulação de “certos standards de decisão” e realização do melhor interesse, sempre que a Constituição ou a lei deixar margem de ponderação ao administrador. O juízo de ponderação serve como limitador à atuação discricionária do administrador, que deve guiar-se pelo princípio da proporcionalidade, além da moralidade e da impessoalidade. (III) Correto. Apenas na análise das peculiaridades do caso concreto e com base no postulado da ponderação será possível definir racionalmente qual interesse deve prevalecer, afastando-se uma regra de prevalência absoluta dos interesses da coletividade sobre o privado, inclusive porque o interesse público, em cada caso, poderá representar um interesse coletivo ou um interesse individual, visto que os direitos individuais constituem porção do próprio interesse público. 93. A respeito da revisão de atos administrativos, assinale a opção correta. 136 (A) Para pedido de pensão por morte, a revisão do ato de concessão está pautada na prescrição do fundo do direito daqueles que não requereram o benefício em cinco anos. (B) Se inexistente norma estadual sobre o prazo decadencial para a anulação de ato, deve o administrador considerar a razoabilidade para a fixação de limites temporais. (C) Se inexistente norma estadual sobre o prazo decadencial para a anulação de ato, pode o administrador, subsidiariamente, utilizar norma federal que trate do assunto. (D) Para atos de que decorram efeitos favoráveis aos seus destinatários, mesmo que eivados má-fé, o prazo para anulação é de cinco anos. (E) Nos atos autorizativos de acumulação de cargos públicos de profissionais de saúde, a revisão está pautada no limite de sessenta horas semanais de trabalho. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS (A) Incorreta. De acordo com o STJ, Em se tratando de relação de trato sucessivo e de natureza alimentar, a prescrição atinge apenas as parcelas vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação, nos termos de sua Súmula 85: “Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação” (REsp nº 1.589.867/SE, DJe 04/07/2017). (B) Incorreta. Ver comentários à alternativa “C” abaixo. (C) Correta. Conquanto os Estados, o Distrito Federal e os Municípios possam disciplinar, em seu âmbito, o processo administrativo, o STJ entende que a Lei Federal nº 9.784/1999 tem aplicação subsidiária aos processos administrativos estaduais, distritais e municipais, incidindo nas lacunas na lei e naquilo que não contrastar com a disciplina local. Ainda de acordo do STJ, caso a pessoa política não edite lei própria de processo administrativo, a Lei Federal nº 9.784/1999 terá aplicabilidade integral. Confira-se: RECURSO ESPECIAL. LEI N.º 9.784/99. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA. ESTADOS E MUNICÍPIOS. PRAZO DECADENCIAL. SUSPENSÃO. INTERRUPÇÃO. NÃO-OCORRÊNCIA. REVISÃO. FATOS. NÃO-CABIMENTO. SÚMULA 07/STJ. […] 10. A Lei 9.784/99 pode ser aplicada de forma subsidiária no âmbito dos demais Estados- Membros, se ausente lei própria regulando o processo administrativo no âmbito local. Precedentes do STJ. http://www.jusbrasil.com/legislacao/104076/lei-de-procedimento-administrativo-lei-9784-99 http://www.jusbrasil.com/legislacao/104076/lei-de-procedimento-administrativo-lei-9784-99 137 11. Recurso especial conhecido em parte e não provido. (REsp 1.148.460/PR, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe de 28.10.2010) (D) Incorreta. Art. 54, Lei Federal nº 9.784/1999: Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. (E) Incorreta. De acordo com o STF, não existe, em tese, carga horária semanal máxima para a cumulação, sendo suficiente que haja compatibilidade de horários. Confira-se a recente decisão, de agosto 2018: Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PARECER GQ 145/1998/AGU. LIMITE MÁXIMO DE 60 HORAS SEMANAIS EM CASOS DE ACUMULAÇÃO DE CARGOS OU EMPREGOS PÚBLICOS. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. COMPATIBILIDADE DAS JORNADAS DE TRABALHO DA IMPETRANTE. COMPROVAÇÃO. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO, COM APLICAÇÃO DE MULTA. I – A existência de norma infraconstitucional que estipula limitação de jornada semanal não constitui óbice ao reconhecimento do direito à acumulação prevista no art. 37, XVI, c, da Constituição, desde que haja compatibilidade de horários para o exercício dos cargos a serem acumulados. Precedentes. II - Agravo regimental a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4°, do CPC. (RMS, DJe 06/08/2018) 94. A expressão “direito administrativo do espetáculo” é utilizada para (A) identificar a especial preferência do direito administrativo por regras em detrimento de princípios. (B) indicar a proliferação de institutos e interpretações vinculados à produção de cenário imaginário destinado a produzir entretenimento dos indivíduos, antes da efetiva implantação de valores fundamentais. (C) diferenciar a função do direito administrativo contemporâneo do Estado de direito. (D) reafirmar a imagem de controle das ações do administrador, traduzindo-se em efetiva interferência nos atos administrativos praticados. (E) reafirmar a importância do ser humano como protagonista dos processos decisórios do administrador. RESPOSTA: B 138 COMENTÁRIOS A expressão “direito administrativo do espetáculo” foi desenvolvida por Marçal Justen Filho e refere-se a "um conjunto de manifestações estatais destinadas a criar imagens de progresso, dedicação dos governantes e promoção do interesse público. A atividade administrativa de Espetáculo consiste essencialmente na demonstração pública de grande azáfama governativa. Os administradores públicos produzem permanente informação à Plateia relativamente às ações imaginárias que desenvolvem.” Neste cenário, os administrados são mantidos como sujeitos passivos, criando-se a ilusão de que o administrador está guiando suas decisões de acordo com os interesses dos indivíduos e de que esses influem efetivamente na tomada de decisões. Segundo o doutrinador, o direito administrativo do espetáculo é “a proliferação de institutos e interpretações descolados da realidade, vinculados à produção de um cenário imaginário e destinado a produzir o entretenimento dos indivíduos antes do que a efetiva implantação dos valores fundamentais”, como corretamente dispõe a alternativa B. 95. Acerca do procedimento de manifestação de interesse social, assinale a opção correta. (A) É vedado condicionar a realização de chamamento público ou a celebração de parceria à realização prévia do referido procedimento. (B) A sua realização dispensa a convocaçãopor meio de chamamento público para a celebração de parceria. (C) Esse procedimento é obrigatório para a celebração de parcerias entre organizações da sociedade civil, movimentos sociais e cidadãos e o poder público. (D) A instauração desse procedimento implica na necessidade de execução do chamamento público correspondente. (E) A proposição ou a participação de organização da sociedade civil na sua instauração, a impede de participar de eventual chamamento público subsequente. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS (A) Correta. Art. 21, §3º, da Lei 13.019/2014 139 Art. 20 - § 3º É vedado condicionar a realização de chamamento público ou a celebração de parceria à prévia realização de Procedimento de Manifestação de Interesse Social. (B) Incorreta. Art. 21, §1º, da Lei 13.019/2014 § 1º A realização do Procedimento de Manifestação de Interesse Social não dispensa a convocação por meio de chamamento público para a celebração de parceria. (C) Incorreta. O procedimento de manifestação de interesse social não é obrigatório, mas, sim, é uma faculdade garantida às organizações da sociedade civil, aos movimentos sociais e aos cidadãos de apresentar propostas ao Poder Público para que este avalie a possibilidade de realização de um chamamento público objetivando a celebração de parceria, nos termos do art. 18 da Lei 13.019/2014 (D) Incorreta. Art. 21, caput, da Lei 13.019/2014 Art. 21. A realização do Procedimento de Manifestação de Interesse Social não implicará necessariamente na execução do chamamento público, que acontecerá de acordo com os interesses da administração. (E) Incorreta. Art. 21, §2º, da Lei 13.019/2014 § 2º A proposição ou a participação no Procedimento de Manifestação de Interesse Social não impede a organização da sociedade civil de participar no eventual chamamento público subsequente. 96. O juiz de determinada vara da fazenda pública recebeu mandado de segurança impetrado por dois candidatos aprovados em determinado concurso público. Um deles, aprovado dentro do número de vagas previsto no edital, alega que o concurso perderá a validade em seis meses e, por isso, teria direito subjetivo à imediata nomeação. O outro, aprovado, mas fora do número de vagas, alega que em razão da desistência de outro candidato aprovado dentro do número de vagas, passou a ter direito subjetivo à imediata nomeação. Na situação apresentada, de acordo com o posicionamento do STF, o magistrado competente para julgar o caso deverá (A) conceder a segurança ao impetrante aprovado dentro do número de vagas, e ao outro candidato, caso ele prova que há manifestação inequívoca da administração sobre a necessidade do provimento da vaga que ficará livre. (B) denegar a segurança a ambos os candidatos, haja vista não possuírem direito à nomeação no momento indicado. 140 (C) denegar a segurança a ambos os impetrantes; não há direito subjetivo à nomeação de candidatos aprovados em concursos públicos. (D) conceder a segurança ao candidato aprovado dentro do número de vagas, e denegar a segurança ao impetrante aprovado fora do número de vagas. (E) conceder a segurança a ambos os candidatos, considerando a proximidade do fim da validade do certame e o direito superveniente à nomeação do impetrante aprovado fora do número de vagas. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS Quanto ao candidato aprovado dentro do número de vagas previsto no edital, há direito subjetivo à nomeação (STF, RE 598.099, rel. min. Gilmar Mendes, P, j. 10-8- 2011, DJe 03/10/2011 – Tema 161). Sem prejuízo, segundo o Supremo, cabe à Administração escolher o momento no qual se realizará a nomeação dos aprovados dentro do número de vagas, desde que dentro do prazo de validade do concurso (RE nº 598.099/MS). Entretanto, em relação àquele aprovado fora do número de vagas, dentro do chamado “cadastro de reserva”, há que se confrontar a tese do STF estabelecida, em 2016, no RE 916.425 AgR, de relatoria do Ministro Roberto Barroso, com o entendimento firmado, também em 2016, agora em sede de repercussão geral, no RE 837.311/PI, de relatoria do Ministro Luiz Fux: no RE 916.425 AgR (DJe 09/08/2016), o Supremo definiu que “O direito à nomeação também se estende ao candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital, mas que passe a figurar entre as vagas em decorrência da desistência de candidatos classificados em colocação superior”; contudo, no RE 837.311/PI (DJe 18/04/2016) – Repercussão Geral – Tema 784, “O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato”. Nessa ordem de ideias, numa leitura direta da tese estabelecida em repercussão geral, o simples fato de candidatos aprovados dentro do número de vagas desistirem de assumir o cargo não implica direito à nomeação àqueles aprovados para o cadastro de reserva que passassem a compor o número de vagas com a desistência, por se tratar de simples surgimento de “novas vagas”. http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=628215 http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=2667158&numeroProcesso=598099&classeProcesso=RE&numeroTema=161 141 Todavia, no final de 2018, o Ministro Roberto Barroso concedeu liminar na Rcl nº 32.532 e suspendeu a decisão que negou seguimento ao RE interposto por candidatos que passaram a integrar o número de vagas com a desistência de seus respectivos ocupantes. Segundo o Ministro, a decisão recorrida parece ter destoado do entendimento do STF acerca da aplicação da tese firmada no Tema 784 da repercussão geral, pois “o Supremo Tribunal Federal, em casos análogos, tem concluído que constitui demonstração de ‘comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame’, nos termos da tese firmada no tema 784 da repercussão geral, a convocação de candidatos para nomeação, para além do número de vagas previstas em edital. Deste modo, o direito à nomeação acaba por se estender ao candidato aprovado fora do número de vagas inicialmente previsto, mas que passe a figurar entre as vagas da convocação efetiva, em decorrência da desistência de candidatos classificados em melhor colocação”. Ainda não há solução definitiva do caso. Voltando à questão da prova, a alternativa “A” parece ser a correta, pois, sem adentrar na discussão da Rcl 32.532 acima, reproduz textualmente a tese firmada no Tema 784, indicando caber ao candidato aprovado fora do número de vagas comprovar a necessidade de provimento da vaga que ficará livre com a desistência do candidato aprovado dentro do número de vagas do edital. Por fim, destaque-se que, quanto ao termo a quo da contagem do prazo decadencial do mandado de segurança contra a ausência de nomeação de candidato aprovado dentro do número de vagas, ainda não há posicionamento consolidado na jurisprudência quanto à possibilidade do ajuizamento do mandado de segurança após a expiração do prazo de validade do concurso, tendo o STF reconhecido a repercussão geral na matéria no RE 766304 RG/RS, ainda não julgado. No entanto, é pacífico o entendimento de que dentro do prazo de validade do concurso, é possível a impetração do mandado de segurança, vez que se trata de ato omissivo da Administração, que abrange uma relação de trato sucessivo, renovando-secontinuamente o prazo do mandado de segurança. "CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. NOMEAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL QUE TEM INÍCIO COM A EXPIRAÇÃO DA VALIDADE DO CERTAME. DECADÊNCIA CONFIGURADA. AGRAVO INTERNO DA PARTICULAR A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Em se tratando de Mandado de Segurança voltado contra a ausência de nomeação de candidato aprovado em concurso público, a questão referente à contagem do prazo decadencial deve ser abordada sob duas óticas: I) quando o candidato pretende sua nomeação em decorrência de vaga que surge ainda dentro do prazo de validade do certame; e II) quando o candidato postula a sua nomeação após o término do prazo de validade do concurso. 2. No primeiro caso, enquanto vigente o prazo de validade do certame, este Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que não se opera a decadência, já que o ato de não nomear candidato aprovado é um ato omissivo, que 142 abrange uma relação de trato sucessivo, renovando-se continuamente. Na segunda hipótese - quando já expirado o prazo de validade do concurso -, não se pode falar em ato omissivo. Os efeitos da decadência passam a operar a partir do término do prazo de validade do concurso, por se tratar de um ato concreto. Precedentes: AgRg no RMS 46.941/SP, Rel. Min. SÉRGIO KUKINA, DJe 27.6.2016; AgRg no MS 22.297/DF, Rel. Min. ASSUSETE MAGALHÃES, DJe 25.4.2016. 3. No caso concreto, considerando que o concurso expirou sua validade em 10.10.2009 e a impetração deu-se somente em 4.2.2014, ou seja, após o prazo de 120 dias previsto no art. 23 da Lei 12.016/2009, operou-se a decadência para impetração, sendo de rigor a manutenção da decisão recorrida. 4. Agravo Interno da particular a que se nega provimento." (AgInt no RMS 50428 / MG, Relator Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJe de 01/12/2017). 97. A respeito da reintegração de posse de bem público, assinale a opção correta. (A) A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias. (B) A indenização por benfeitorias está condicionada à demonstração da inequívoca boa-fé do ocupante de bem público. (C) Ainda que não configure posse, será possível o reconhecimento do direito à indenização por benfeitorias, caso se comprove que a parte desconhecia a titularidade pública do bem ocupado. (D) Embora não seja possível o reconhecimento do direito à indenização por benfeitorias, admite-se o reconhecimento do direito à retenção do bem. (E) A ocupação indevida configura posse precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS Segundo disposto no art. 1.198 do CC/02, detenção é a situação em que alguém conserva a posse em nome de outrem. Ademais, o art. 1.208 do CC/02 dispõe que não induzem a posse os atos de mera permissão ou tolerância. Tendo em vista que, em face da Administração, não há que se falar em posse de bem público irregularmente ocupado, não se aplica ao caso o art. 1.219 do CC/02, que assegura o direito a indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis. Dessa forma, não 143 há que se falar em direito de indenização por benfeitorias úteis ou necessárias [muito menos em direito de levantamento das voluptuárias] em ocupação de bem público ainda que demonstrada a boa-fé. Nesse sentido: Súmula 619 do STJ - A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias. PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. ART. 535, II DO CPC. VIOLAÇÃO NÃO CONFIGURADA. BEM PÚBLICO. OCUPAÇÃO IRREGULAR. DIREITO DE INDENIZAÇÃO PELAS ACESSÕES. INEXISTÊNCIA. (...) 2. Restando configurada a ocupação indevida de bem público, não há falar em posse, mas em mera detenção, de natureza precária, o que afasta o direito de retenção por benfeitorias e o almejado pleito indenizatório à luz da alegada boa-fé. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1470182/RN, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 04/11/2014, DJe 10/11/2014) 98. Na discussão de contratos administrativos, a arbitragem (A) é possível, pois não há incompatibilidade entre o procedimento arbitral no edital de licitação. (B) é possível, desde que haja previsão de cláusula arbitral no edital de licitação. (C) é possível, desde que a convenção de arbitragem seja realizada por autoridade hierarquicamente superior à competente para realizar acordos ou transações. (D) é possível, desde que arbitragem seja direito. (E) é impossível, dada a indisponibilidade do interesse público. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS A Lei 13.129/2015 que alterou a Lei Brasileira de Arbitragem (Lei 9.307/1996), estabeleceu expressamente a licitude de procedimentos arbitrais envolvendo a Administração, conforme prevê o art. 1.º, §1.º: “§ 1o A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis”. Destaque-se ainda que, embora não conste da Lei Federal nº 8.666/1993, a arbitragem está prevista expressamente para as concessões e permissões de serviço público, comuns e PPP’s e para os contratos no âmbito do RDC. 144 99. Em se tratando de ação de improbidade administrativa ajuizada em razão de ato praticado por particular em conjunto com servidor público, a prescrição (A) terá como marco inicial a data do ato lesivo praticado contra a administração pública. (B) terá como marco inicial a data de desligamento do agente público do cargo em comissão que ocupa. (C) terá como marco inicial a data de desligamento do agente público do cargo que ocupa, desde que não se trata de mandado eletivo. (D) ocorrerá dentro do prazo previsto para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público quando o corréu ocupar cargo efetivo ou em comissão. (E) ocorrerá dentro de prazos distintos para o particular e o servidor público. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS O assunto da questão foi abordado no material de súmulas separadas por assunto. O prazo prescricional para ação de improbidade administrativa está relacionado ao vínculo estabelecido entre o agente público e a Administração, considerando-se que ao particular se aplica o mesmo regime prescricional previsto na Lei de Improbidade Administrativa para o agente público (Súmula 634). Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propostas: I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança; II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego; III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1º desta Lei. 100. Assinale a opção correta, a respeito da administração temporária de concessionária de serviço público por seus financiadores e garantidores. 145 (A) As hipóteses de transferência temporária de ações e cotas em razão de má prestação do serviço público configuram esse tipo de administração temporária. (B) Esse tipo de administração acarreta responsabilidade em relação à tributação e aos encargos da concessionária. (C) Esse tipo de administração vista promover sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação dos serviços. (D) Para que a administração temporária seja autorizada, deve-se manter o vínculo societário com os garantidores e financiadores da concessionária. (E) A autorização da assunçãodo controle temporário da concessionária pelo poder concedente independe das condições estabelecidas no contrato de concessão. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS Art. 27-A da Lei nº 8.987/95: Art. 27-A. Nas condições estabelecidas no contrato de concessão, o poder concedente autorizará a assunção do controle ou da administração temporária da concessionária por seus financiadores e garantidores com quem não mantenha vínculo societário direto, para promover sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação dos serviços.