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Jéssica N. Monte Turma 106 Semiologia EXAME FÍSICO DE CABEÇA E PESCOÇO CABEÇA TAMANHO E FORMA DO CRÂNIO: Na criança é necessário determinar o perímetro craniano, parâmetro do desenvolvimento do segmento cefálico. Nos idosos com doença de Paget, o tamanho do crânio pode aumentar. Quanto ao tamanho: MACROCEFALIA: crânio anormalmente grande. A causa mais frequente é a hidrocefalia. A acromegalia e o raquitismo são causas mais raras. MICROCEFALIA: crânio anormalmente pequeno. Pode ser congênita, hereditária, de causa desconhecida ou ser decorrente de uma doença cerebral. Quanto à forma: ACROCEFALIA: a cabeça é alongada para cima, pontuda. É a forma mais frequente de cranioestenose. “Crânio em torre”. ESCAFOCEFALIA: é o levantamento da parte mediana do crânio. DOLICOCEFALIA: é o aumento do diâmetro anteroposterior. BRAQUICEFALIA: é o aumento do diâmetro transverso. PLAGIOCEFALIA: é o crânio assimétrico, saliente anteriormente de um lado e posteriormente de outro. Pode estar relacionado à posição de dormir. POSIÇÃO E MOVIMENTOS: O desvio da posição mais frequente é o torcicolo, que é a inclinação lateral da cabeça Os movimentos anômalos mais comuns são os tiques, que são contrações repetidas, mais ou menos involuntárias, de um determinado grupo de músculos associados. Há também os movimentos coreicos, os tremores e os movimentos sincrônicos da cabeça com as pulsações na insuficiência aórtica (sinal de Musset). SUPERFÍCIE E COURO CABELUDO: A inspeção e a palpação do crânio permite a identificação de saliências (tumores, tumefações, bossas e hematomas), depressões (afundamentos) e pontos dolorosos. No exame físico das crianças, a fontanela anterior se hipertensa e saliente indica aumento da pressão intracraniana (meningite, hidrocefalia), se hipotensa e deprimida indica desidratação. A consistência ou rigidez da tábua óssea deve ser analisada. Na osteomalácia, no raquitismo e na sífilis é possível se conseguir um leve afundamento pela simples compressão digital atrás e acima do pavilhão auricular. EXAME GERAL DA FACE: Analisam-se a simetria, a expressão fisionômica ou mímica facial, a pele e os pelos. A perda da simetria instala-se em tumefações ou depressões unilaterais e também na paralisia facial. Na paralisia facial, perde-se completa ou parcialmente a motilidade voluntária e da mímica de um dos lados. EXAME DOS OLHOS E SUPERCÍLIOS: SUPERCÍLIOS: Podem sofrer queda (madarose) no mixedema (hipotireoidismo), na hanseníase, na esclerodermia, na quimioterapia, na senilidade e na desnutrição acentuada. PÁLPEBRAS: Deve-se verificar se há edema, retração palpebral, epicanto (aumento da prega do canto interno do olho), ectrópio (pálpebra invertida para fora), entrópio (pálpebra invertida para dentro), equimose (hematoma palpebral) e xantelasma (placas amareladas de gordura na pálpebra). A queda da pálpebra (ptose palpebral), uni ou bilateral, é um achado importante, a qual acontece na paralisia do III par, presente na síndrome de Claude-Bernard-Horner e na miastenia gravis. O não fechamento dos olhos por paralisia do músculo orbicular das pálpebras (lagoftalmia) aparece na paralisia facial periférica. FENDA PALPEBRAL: Pode estar normal, aumentada (exoftalmia), diminuída (endoftalmia), ausente (ptose palpebral) ou substituída por uma prega cutânea (epicanto). GLOBOS OCULARES: EXOFTALMIA: protusão do globo ocular, unilateral (tumores oculares e retro-oculares) ou bilateral (hipertireoidismo). ENOFTALMIA: globo ocular afundado com diminuição da fenda palpebral. Ocorre na síndrome de Claude-Bernard-Horner (unilateral) e na desidratação (bilateral). DESVIOS: são observados nos estrabismos. É divergente quando se desvia lateralmente (paralisia Jéssica N. Monte Turma 106 Semiologia do III nervo) e convergente quando se desvia medialmente (paralisia do VI par). MOVIMENTOS INVOLUNTÁRIOS: o mais frequente é o nistagmo, que são abalos do globo ocular e oscilações rápidas e curtas de ambos os olhos. Pode ser horizontal, rotatório ou vertical. Apresenta as formas congênita (causa ocular) e adquirida (devido a doenças do labirinto, cerebelo, tronco encefálico ou intoxicação alcoólica). CONJUNTIVAS: Normalmente são róseas. Tornam-se pálidas nas anemias, amarelas nas icterícias e hiperemiadas nas conjuntivites. Deve-se atentar à presença de secreções. A vermelhidão ocular pode ter como causas traumatismos, infecções, alergias e aumento da pressão intraocular. As principais causas de hiperemia conjuntival são a conjuntivite, infecções da córnea, irite aguda e glaucoma agudo, além da hemorragia subconjuntival. ESCLERÓTICA, CÓRNEA E CRISTALINO: Alterações de cor: escleróticas amarelas na icterícia, arco senil e anel de Kayser-Fleischer na degeneração hepatolenticular. Não se deve confundir icterícia com a coloração amarelada que aparece na esclerótica de pessoas de cor negra. As cataratas tornam opaco o cristalino, aparecendo como áreas esbranquiçadas no interior das pupilas. O pterígio é um espessamento triangular da conjuntiva bulbar que cresce na superfície externa da córnea. PUPILAS: São geralmente arredondadas, centrais e de tamanho variável de acordo com a claridade do ambiente. Midríase é a pupila dilatada e miose é a pupila contraída. Anisocoria significa pupilas de tamanho desigual. Há os reflexos fotomotor (contração pupilar à luz), consensual (contração pupilar de um lado pela estimulação luminosa no outro olho) e de acomodação-convergência (contração das pupilas e convergência dos globos oculares à medida que se aproxima do nariz um foco luminoso). MOVIMENTAÇÃO OCULAR: Na paralisia supranuclear progressiva (PSP) o paciente tem dificuldade na movimentação ocular no sentido vertical. EXAME DO NARIZ: Através da inspeção externa é possível identificar deformidades não patológicas e alterações indicativas de lesões de diversas etiologias, como o rinofoma (espessamento da pele, que se torna brilhante e avermelhada, e desenvolvimento das glândulas sebáceas). A hipertrofia do nariz como um todo ocorre na acromegalia e no mixedema (hipotireoidismo). O nariz em sela é quase sempre congênito, oriundo de sífilis contraída intraútero. Pode-se observar lesões destrutivas de etiologia neoplásica ou inflamatória, como a blastomicose e a hanseníase. Em algumas doenças graves e afecções agudas pode-se constatar os “batimentos das asas do nariz”. Deve-se testar a permeabilidade de cada narina. A presença de dor na palpação sobre os seios paranasais frontal e maxilar levanta a suspeita de sinusite. EXAME DA REGIÃO BUCOMAXILOFACIAL: A região bucomaxilofacial compreende maxila, mandíbula, cavidade bucal, complexo dentoalveolar, articulação temporomandibular (ATM), músculos da mastigação, cavidades paranasais e glândulas salivares. As estruturas que compõe a região bucomaxilofacial localizam-se nos terços médio e inferior da face, e seu exame físico deve ser dividido em extra e intrabucal. O exame extrabucal requer uma avaliação da forma e simetria das estruturas da região bucomaxilofacial. Para o exame intrabucal deve-se utilizar a olfação, a inspeção, a palpação e a percussão. A sequência sugerida é: semimucosa labial superior e inferior, mucosa labial superior e inferior, mucosa jugal (bochecha) direita e esquerda, palato duro, palato mole, orofaringe, dorso da língua, lateral da língua, ventre da língua, assoalho da língua, reborda alveolar e função das glândulas salivares. ULCERAÇÕES: As úlceras aftosas muitas vezes não têm uma causa definida. Dentre as possíveis causas incluem-se alergias, predisposição genética, deficiências nutricionais, distúrbios hematológicos, influências hormonais, agentes infecciosos, trauma e estresse. Podem se apresentar como ulceração aftosa menor, maior e herpetiforme. Existem doenças sistêmicas ou metabólicas subjacentesque precisam ser diagnosticadas, como o diabetes melito e o comprometimento do Jéssica N. Monte Turma 106 Semiologia sistema imune, os quais podem contribuir para a formação de úlceras da cavidade oral. As neoplasias mais comuns da região bucomaxilofacial que se manifestam como úlcera são o carcinoma epidermoide e o carcinoma basocelular. NÓDULOS: Os crescimentos teciduais benignos mais frequentes da cavidade bucal e que se apresentam como nódulos são os processos proliferativos não neoplásicos, as neoplasias benignas e as condições do desenvolvimento, tais como o toro ósseo palatino e mandibular. São lesões bem delimitadas, com superfície lisa e que podem ou não apresentar sinais de inflamação. VESÍCULAS E BOLHAS: São manifestações comuns de doenças de natureza infecciosa, traumática e autoimune. As lesões do herpes ocorrem na região perioral e se manifestam como vesículas e bolhas dolorosas. Doenças autoimunes como líquen plano e penfigoide se manifestam com bolhas na boca que se rompem facilmente, formando ulcerações acompanhadas de dor intensa. Traumas como o rompimento do ducto glandular podem provocar a formação de bolhas, como na mucocele e na rânula. MANCHAS E PLACAS: Manchas vermelhas ou eritematosas ocorrem devido a condições vasculares, traumáticas, infecciosas e distúrbios potencialmente malignos. A produção excessiva de melanina pode favorecer a formação de manchas de coloração acastanhada e enegrecida, tais como máculas e efélides. As manchas brancas ou leucoplásicas podem ser resultantes de condições do desenvolvimento, como o leucoedema na mucosa jugal. Agentes agressores podem estimular produção local de queratina com a formação de manchas ou placas leucoplásicas. A leucoplasia bucal é uma placa branca que não pode ser categorizada patologicamente como qualquer outra doença. É considerada uma lesão potencialmente maligna. EXAME DOS LÁBIOS: Os lábios devem ser inspecionados quanto à coloração, forma, textura e flexibilidade, assim como a presença de lesões. Pessoas negras tendem a ter os lábios mais grossos e largos do que as brancas. Os lábios são divididos em mucosa e semimucosa labial. SEMIMUCOSA LABIAL: É a parte da boca exposta diretamente ao meio externo. É também conhecida como o “vermelhão do lábio”. A semimucosa labial normal é simétrica, rosada, lisa, hidratada, com a presença de sulcos delicados. Quanto à cor, deve se investigar se há palidez ou cianose. A presença de uma linha fibrótica esbranquiçada pode ser um sinal da queilite actínica, que se manifesta no lábio inferior como áreas ulceradas e é considerada uma lesão potencialmente maligna. A anomalia congênita mais frequente é a fenda labial, com aspectos e localização variados. Deve-se pesquisar a presença de edema alérgico, herpes labial, lesões ulceradas, leucoplasias e neoplasias. MUCOSA LABIAL: A mucosa labial é a parte da mucosa bucal que reveste internamente os lábios superior e inferior. A mucosa labial normal é úmida, brilhante e de coloração rósea mais intensa que a semimucosa. A afecção mais encontrada no exame da mucosa labial é a estomatite (termo que abrange a maioria dos processos inflamatórios), sendo mais frequentes a estomatite aftosa e a herpetiforme. EXAME DA CAVIDADE BUCAL: Condição essencial para o exame da boca é uma boa iluminação. O exame da boca baseia-se na inspeção e na palpação, mas o olfato e a percussão têm papel importante. A mucosa que reveste a cavidade bucal pode ser dividida em: MUCOSA MASTIGATÓRIA: são regiões que sofrem o atrito da mastigação. É queratinizada, firmemente aderida às estruturas adjacentes e em geral de aspecto mais róseo pálido. Exemplos: gengiva, palato duro e dorso da língua. MUCOSA DE REVESTIMENTO: não é queratinizada e é mais frouxa, de modo a permitir mobilidade. Exemplo: mucosa jugal ou da bochecha, mucosa alveolar no fundo do vestíbulo e assoalho da boca. MUCOSA ESPECIALIZADA: contém papilas e botões gustativos que exercem funções especiais. Exemplo: língua. MUCOSA JUGAL: Em condições normais tem coloração róseo- avermelhada mais homogênea que a da língua. Principais estruturas: carúncula onde desemboca o ducto da glândula parótida (na altura do segundo molar superior), linha alba (associada ao nível de oclusão dos dentes), grânulos de Fordyce (glândulas sebáceas ectópicas apresentadas como Jéssica N. Monte Turma 106 Semiologia pápulas amareladas ou esbranquiçadas) e pigmentações melânicas. A afecção mais encontrada nessa região é a estomatite aftosa ou afta. Em crianças é frequente a estomatite por candidíase, o sapinho. Caracteriza-se por placas brancas que podem ser desprendidas facilmente da superfície dos tecidos, deixando uma superfície vermelha e dolorida. Placas brancas não raspáveis e que não apresentam associação com nenhuma outra causa caracterizam leucoplasias, lesões potencialmente malignas. Outra lesão branca é o líquen plano, uma doença autoimune. Pigmentações escurecidas estão presentes na melanose racial e na doença de Addison. As manchas de Koplik aparecem no sarampo e eclodem antes das lesões cutâneas. Na rubéola e na varicela também se encontram lesões na mucosa bucal. Fissuras nas comissuras labiais (queilite) têm como principal causa as deficiências do complexo B. Úlceras da mucosa jugal associadas a eritema grave e sufusão hemorrágica fazem parte da síndrome de Stevens-Johnson, de causa medicamentosa. PALATO DURO: Em condições normais se apresenta com coloração rosa-pálido, esbranquiçada e com uma textura firme. Principais estruturas: pregas palatinas transversais, papila incisiva, rafe do palato e fossetas palatinas. As lesões mais frequentes incluem ulcerações traumáticas, candidíase, estomatite nicotínica, neoplasias de glândulas salivares menores, fendas palatinas e sarcoma de Kaposi. PALATO MOLE: Apresenta coloração rósea mais intensa que o palato duro. Os músculos do palato mole desempenham papeis importantes na deglutição, respiração e fonação. Mudanças na coloração frequentemente refletem hábitos do indivíduo. As lesões aftosas, especialmente as aftas maiores, são extremamente dolorosas, podendo levar até à desidratação. LÍNGUA: Na língua analisa-se os parâmetros posição, tamanho, cor, umidade, superfície, textura, movimentos e existência de lesões. Tem uma coloração róseo-avermelhada, levemente úmida, superfície discretamente rugosa no dorso e na margem lateral, e lisa e brilhante na sua face anterior. As estruturas anatômicas da língua incluem as papilas filiformes, fungiformes, circunvaladas e a tonsila lingual no dorso, as papilas folhadas na borda lateral e veias e o frênulo da língua na face inferior. LÍNGUA SABURROSA: é o acúmulo de restos epiteliais, corantes, bactérias e fungos devido à má higiene, especialmente ao despertar, sendo mais intensa quando associada com redução do fluxo salivar. LÍNGUA SECA: indica alteração do fluxo salivar e/ou desidratação. Outras causas são a respiração pela boca e efeitos colaterais de medicamentos. Quando há febre, a secura da língua se torna mais acentuada. A ansiedade também acompanha boca seca. A coexistência de saburra é comum. LÍNGUA LISA: a atrofia das papilas fungiformes e filiformes é uma das principais causas dessa alteração, bem como anemia e desnutrição proteica. LÍNGUA PILOSA: os “pelos” correspondem às papilas filiformes alongadas. Podem ocorrer durante o uso de antibiótico, infecções e em tabagistas. LÍNGUA GEOGRÁFICA: áreas avermelhadas irregulares, nitidamente delimitadas por bordas esbranquiçadas que mudam de localização periodicamente. As manchas vermelhas correspondem à atrofia epitelial. Estresse emocional pode ser fator desencadeante ou de exacerbação. LÍNGUA FISSURADA: é a presença de sulcos irregulares, associada à deficiência de vitaminas do complexo B. Favorece o acúmulo de saburra, a ardência e a queimação relacionadasà ingestão de alimentos ácidos e condimentos. LÍNGUA CRENADA: apresenta margens marcadas pelo contorno dos dentes. Pode estar associada à língua de grandes dimensões em cavidade bucal pequena ou ao hábito de sucção da língua. MACROGLOSSIA: é o aumento global da língua. As principais causas são o hipotireoidismo, a acromegalia e a amiloidose. LÍNGUA TRÊMULA: é comum em indivíduos normais, mas deve levantar a possibilidade de hipertireoidismo, alcoolismo e parkinsonismo. DESVIO DA LÍNGUA DA LINHA MEDIANA: pode ser observada na hemiplegia e nas lesões do nervo hipoglosso. GLOSSITE: inflamação generalizada da língua que se caracteriza pela vermelhidão. Há dor espontânea ou desencadeada por alimentos quentes. ASSOALHO BUCAL: Os tecidos devem se apresentar hidratados e ricos em vascularização. As principais estruturas são a carúncula sublingual (pequena saliência na base do frênulo lingual, onde desembocam os ductos das glândulas salivares Jéssica N. Monte Turma 106 Semiologia submandibulares), as pregas sublinguais (duas elevações oblíquas que emergem lateralmente ao freio lingual) e o frênulo lingual (inserção muscular que se estende da superfície ventral anterior da língua ao assoalho da boca). REBORDA ALVEOLAR: É a porção óssea da maxila e da mandíbula que contém os dentes e os seus tecidos de suporte. A perda precoce dos dentes leva à reabsorção da reborda. O toro mandibular é a alteração óssea mais frequente, a dentária é a cárie e a dos tecidos de suporte é a doença periodontal. GENGIVAS: Deve-se analisar cor, consistência, forma, desenvolvimento e presença de lesões. As gengivas normais têm coloração róseo- avermelhada, são firmes e não apresentam lesões. A palidez pode ser encontrada em diferentes graus. A cor esbranquiçada acentuada é sinal de anemia. Cianose traduz aumento da hemoglobina reduzida no sangue. Na icterícia, as gengivas tornam-se amareladas. O local mais adequado para se evidenciar a coloração ictérica é nas proximidades do freio lingual. A hipertrofia das gengivas significa o crescimento exagerado desses tecidos. Na gengivite as gengivas tornam-se avermelhadas, esponjosas e facilmente sangráveis. As lesões que podem ser encontradas nas gengivas são manchas hemorrágicas, ulcerações, aftas, atrofias que fazem as gengivas se retraírem, pigmentação, abcessos alveolares e tumores formados por diferentes tecidos periodontais. A doença periodontal ou periodontite causa comprometimento inflamatório extenso não só das gengivas que circundam os dentes, mas também do osso de suporte, o qual sofre reabsorções em diferentes graus. As gengivas ficam vermelhas, intumescidas, perdem a forma e tendem a sangrar com facilidade. DENTES: Deve-se observar o número e o estado dos dentes, incluindo-se o reconhecimento de próteses dentárias porventura existentes. No caso de crianças, deve-se averiguar se a erupção dos dentes está ocorrendo dentro de uma cronologia normal. As lesões de cárie são muito frequentes e se caracterizam pela desmineralização do esmalte em decorrência da presença de bactérias aderidas na sua superfície. Lesões em esmalte não relacionadas à cárie aumentam a sensibilidade dos dentes pela exposição da dentina. GLÂNDULAS SALIVARES: Se dividem em menores e maiores. As menores estão espalhadas por toda a mucosa bucal, enquanto as maiores correspondem às glândulas parótidas, submandibulares e sublinguais. Em condições normais, as glândulas salivares não são visíveis. Nos processos inflamatórios e na obstrução dos ductos salivares, elas se apresentam intumescidas e doloridas, especialmente durante estímulo mastigatório. A drenagem de saliva com presença de grumos mucoides ou a redução/ausência de gota translúcida de saliva pode revelar doenças obstrutivas e/ou infecciosas. MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO: Os músculos da mastigação possibilitam levantar e abaixar a mandíbula, bem como realizar movimentos de lateralidade, protrusão e retrusão. São eles: masseter, temporal, pterigoideos medial e lateral e digástrico. ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (ATM): É a articulação entre a mandíbula e a base do crânio. Deve ser examinada pela inspeção, palpação e ausculta da região correspondente, em repouso e durante sua movimentação. Avaliam-se o grau de abertura da boca, desvios e sinais de tumefação, dor e ruídos. EXAME OTORRINOLARINGOLÓGICO: O exame dos ouvidos, do nariz, da garganta e da laringe é feito mediante inspeção e palpação. Deve-se atentar à existência ou não de ulcerações, abaulamentos, nódulos, variação de cor e modificações morfológicas. É importante a observação da postura e da fácies do paciente. Verificar as características dos abaulamentos, nódulos e modificações morfológicas. Pode haver alteração da temperatura da pele ou pulsação anômala. O pavilhão auricular pode ser sede de alterações congênitas ou adquiridas. Destacam-se as alterações de cor, pois nos lóbulos das orelhas pode-se constatar graus leves de cianose. Os tofos são pequenos nódulos localizados na cartilagem do hélix relacionados a distúrbios do metabolismo purínico, como a gota. Pode-se observar lesões inflamatórias e neoplásicas, com eczema e lesões micóticas, no conduto auditivo externo. Deve-se identificar as características das secreções, quando presentes. Jéssica N. Monte Turma 106 Semiologia OROFARINGOSCOPIA: é preciso uma boa iluminação feita com lanterna e abaixadores de língua de metal ou descartáveis. Visualiza-se inicialmente os lábios, dentes, gengivas, a face interna das bochechas, a língua, o assoalho da boca e os óstios das glândulas salivares. Posteriormente visualiza-se os pilares amigdalianos, o palato mole, a loja da amígdala palatina e seu conteúdo, a base da língua e a parede posterior da faringe. Deve-se atentar às características das mucosas, normalmente rosadas, brilhantes e úmidas. RINOSCOPIA: utiliza-se o espéculo nasal para visualização do vestíbulo nasal, o septo e os cornetos. A mucosa normal é úmida, rosada e de superfície lisa. OTOSCOPIA: deve-se observar o estado da pele que reveste o conduto auditivo, o estado dos pelos da porção inicial e a presença ou não de detritos ceruminosos e descamações. A membrana timpânica apresenta leve concavidade e tem cor perolada e brilhante, fixa ao cabo do martelo. Deve ser analisada a sua integridade, aspecto, cor, forma e contorno. Se estiver perfurada, deve-se analisar as características da lesão e as estruturas da orelha média. LARINGOSCOPIA: analisa-se a base da língua, a cartilagem epiglótica, a hipofaringe e o interior da laringe, no qual se destacam as pregas vocais, avaliando-se sua morfologia e mobilidade. As doenças mais frequentes dos ouvidos, do nariz e da garganta são as amigdalites, as rinites, as sinusites, as otites, a presença de cerume, as laringites, o câncer da laringe e os corpos estranhos. PESCOÇO O pescoço tem formato quase cilíndrico, de contorno regular, notando-se em sua face anterior duas leves saliências correspondentes aos músculos esternocleidomastóideos e uma proeminência central que corresponde à cartilagem tireoide (pomo de adão). Apresenta grande mobilidade (ativa e passiva), permitindo movimentos de flexão, extensão, rotação e lateralidade. Nos brevilíneos o pescoço é curto e grosso, enquanto nos longilíneos é alongado e fino. Destacam-se a pele, a tireoide, a musculatura, os vasos, os linfonodos e a coluna vertebral. O exame do pescoço é feito por meio da inspeção, palpação e da ausculta. PELE: Deve-se chamar atenção a possibilidade de sinais flogísticos (edema, calor, rubor e dor) e fistulização nas áreas que recobrem os linfonodos e na linha média. Deve-se observar a presença de cicatrizes revelando traumas ou doenças anteriores. FORMA E VOLUME: Decorrem de aumentos da tireoide, dos linfonodos, das parótidas e da presença de tumorações. Quando se devem ao aumento da tireoide (bócio),localizam-se anteriormente. Os bócios são mais bem analisados pela palpação da glândula. As hipertrofias dos linfonodos provocam saliência lateralmente nas áreas em que estes se situam. As parótidas, quando crescidas, fazem proeminência na parte lateral alta, atingindo a parte lateral da face. As tumorações não têm posição específica e deformam de modo irregular o pescoço. POSIÇÃO: A posição normal é mediana, seguindo o eixo da coluna. A alteração mais característica é o torcicolo. As afecções da coluna cervical são acompanhadas de desvio do pescoço, quase sempre lateralmente. MOBILIDADE: Compreende a movimentação ativa e passiva. Analisa-se os movimentos de flexão, extensão, rotação e lateralidade, anotando-se a existência de contratura, resistência e dor. A rigidez da nuca é sinal importante da irritação meníngea. TURGÊNCIA OU INGURGITAMENTO DAS JUGULARES: A turgência das jugulares tem importância no diagnóstico da hipertensão venosa, um dos sinais da insuficiência ventricular direita. BATIMENTOS ARTERIAIS E VENOSOS: Os batimentos visíveis podem ser determinados pelo pulso carotídeo ou pelo pulso venoso. EXAME DA TIREOIDE: O volume pode ser normal ou aumentado, difuso ou segmentar. Qualquer aumento é designado bócio. A consistência pode ser normal, firme, endurecida ou pétrea. Quanto à mobilidade, é normal ou imóvel. A sua superfície pode ser lisa, nodular ou irregular. A temperatura da pele pode ser normal ou quente. Frêmitos e sopros podem estar ausentes ou presentes. Quanto à sensibilidade, pode ser dolorosa ou indolor. Jéssica N. Monte Turma 106 Semiologia A tireoide normal, quando palpável, é lisa, elástica, móvel, indolor, com temperatura da pele normal e com a ausência de frêmito. Se a tireoide estiver aumentada, deve-se fazer ausculta da região correspondente. A presença de frêmito e sopro indica fluxo sanguíneo aumentado e é bastante sugestiva de bócio tóxico. Os bócios se dividem em tóxicos (com hipertireoidismo) e não tóxicos (sem hipertireoidismo). TIREOIDITE AGUDA: É a inflamação da tireoide decorrente de infecção bacteriana. TIREOIDITE SUBAGUDA: Pode ser causada por vírus ou por agressão autoimune. TIREIOIDITE DE HASHIMOTO: É uma doença autoimune, decorrente da agressão do tecido tireoidiano por anticorpos. Inicialmente pode determinar hiperfunção tireoidiana, que frequentemente evolui para hipotireoidismo. CÂNCER DE TIREOIDE: Apresenta evolução lenta. Na maioria dos casos são sólidos à ultrassonografia. EXAME DOS VASOS DO PESCOÇO: A inspeção do pescoço permite identificar turgência ou ingurgitamento e pulsações venosas e arteriais. Por meio da palpação pode-se detectar frêmito no trajeto das artérias carótidas, quase sempre indicativo de estenose da valva aórtica ou da própria carótida. Faz-se a ausculta do pescoço na área correspondente à tireoide e no trajeto dos vasos cervicais (jugulares e carótidas). Em condições normais não se ouvem sopros, exceto o rumor venoso, relativamente comum em crianças. Os sopros podem ser decorrentes de lesões estenóticas das artérias carótidas ou das artérias vertebrais, de estados hipercinéticos, do aumento do fluxo arterial na tireoide nos casos de hiperfunção da glândula, e do turbilhamento do sangue nas jugulares. EXAME DAS ARTÉRIAS CARÓTIDAS: As pulsações das carótidas (pulso carotídeo) devem ser diferenciadas das pulsações venosas visíveis (pulso venoso) nas faces laterais do pescoço. Sopros intensos acompanham-se de frêmito. Alterações clínicas das carótidas só surgem em lesões avançadas.
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